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JMN – JUNTA DE MISSÕES NACIONAIS

CURSO DE CAPELANIA ESCOLAR

APOSTILA DE:
CAPELANIA ESCOLAR I

Prof.ª Márcia Alves Doneda Fagundes

1
GRADE CURRICULAR
CAPELANIA ESCOLAR - 200h - ON-LINE

Capelania Escolar I --------------------------------------------------------------------- 40h/a


UNIDADE I - NOÇÕES DE BASE:
Conceito histórico; Fundamento bíblico; Capelania Escolar; Campo de atuação; Possibilidade de adotar
uma escola; Igreja e escola uma parceria que funciona; 7 “P” da Capelania Escolar; Algumas Capelanias e
sua missão; Pedagogia da cadeira e a Capelania.

UNIDADE II – ÉTICA E A LEI:


A Formação do Capelão Escolar; Características do Capelão Escolar; Código de Ética do Capelão; O que a
Lei diz?

A Arte de Escutar ---------------------------------------------------------------------- 20h/a


Missão da Igreja ----------------------------------------------------------------------- 20h/a
Panorama da Educação -------------------------------------------------------------- 20h/a
Estágio Supervisionado I – Identificação de demandas; Elaboração de projeto de Capelania
Escolar; Execução dos projetos nas escolas --------------------------------------------------- 40h/a

Capelania Escolar II ------------------------------------------------------------------- 40h/a


UNIDADE I – Noções Básicas:
Resolução de conflitos; Conflitos com pessoas que não professam a mesma fé; Bullying e Cyberbullying; Violência
- e Enfrentamento ao abuso sexual de crianças e adolescentes; Transtornos mentais; Ansiedade; Depressão;
Suicídio.

Estágio Supervisionado II ----------------------------------------------------------- 20h/a


Apresentação dos portfólios e relatórios da execução dos projetos

TOTAL DE HORAS -------------------------------------------------200h/a

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Curso: Capelania Escolar
PLANO DE ENSINO

Disciplina: Turno:

Capelania Escolar I e II Noturno


Professor (a): Carga horária:
Márcia Alves Doneda Fagundes 200h/a
Ementa:

A disciplina tem como proposta despertá-los para enxergar a escola como um campo de
batalha na visão missionária e que através dessa capacitação ter uma atitude que considere
uma resposta para a escola. Que o capelão tenha condições de propiciar dentro do universo
escolar um momento de reflexão e apontamento de uma direção que poderá ser descoberta,
a fim de se encontrar consigo mesmo, com sua família, sua comunidade, com sua
espiritualidade e desenvolver suas potencialidades, focando suas energias em um estilo de
vida e tendo suas esperanças renovadas.

Aptidões e Competências/Habilidades a serem desenvolvidas pelos alunos:

 Compreender que o papel da educação não se resume somente em poder desenvolver


habilidades para o mercado de trabalho, mas também, dando a oportunidade de contribuir com sua
evolução como pessoa que será capaz de viver em harmonia consigo mesma, na família e no ambiente
de trabalho.

 Despertar para a formação continuada, sempre se atualizando nas tendências educacionais


para saber como orientar e se posicionar diante dos que estão sob seus cuidados.
 Entender que a capelania é um serviço de apoio espiritual comprometida com uma visão da
integralidade do ser humano: corpo, emoções, intelecto e espírito. Ela tem a função de orientar e
encorajar nos momentos de crise, buscando reavivar a fé e a esperança.
 Conhecer parte da História da Educação para compreender a realidade atual da educação no
Brasil.
 Saber como iniciou a Capelania Escolar no Brasil;

3
 Compreender o valor do ato de sentar e dar atenção a uma pessoa ferida ou desorientada;
 Conhecer leis que regem o Ensino Religioso, que dão abertura para o serviço de Capelania
Escolar e o que significa Estado Laico;
 Noções básicas das problemáticas que estamos vivendo dentro das escolas sejam públicas,
privadas confessionais ou não;
 Requisitos básicos para uma atuação na resolução de conflitos;
 Orientações para pais e responsáveis que tenham crianças ou adolescentes passando por
momentos de conflitos e comportamentos de risco.

Conteúdo Programático
CAPELANIA ESCOLAR I

UNIDADE I – Noções de Base:


 Conceitos, históricos da capela, capelania e capelão;
 Fundamentos bíblicos da capelania;
 Capelania Escolar;
 Campo de atuação da Capelania Escolar;
 A possibilidade de adotar uma escola;
 Os 7 “P’s da Capelania Escolar;
 Algumas capelanias e sua missão;
 Pedagogia da cadeira e a capelania.

UNIDADE II – Perfil do Capelão Escolar:


 A Formação profissional do Capelão Escolar;
 Características do Capelão Escolar;
 Código de Ética do Capelão.

UNIDADE III: A Lei:


 O que diz a Lei?
 Estado Laico.

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CAPELANIA ESCOLAR II

UNIDADE I - Resolução de Conflito


 4 Pré-requisitos para a resolução de conflitos;
 Conflitos com pessoas que não professam a mesma fé.

UNIDADE II - Noções Básicas:


 Bullying e Cyberbullying;
 Violência - e enfrentamento ao abuso sexual de crianças e adolescentes;
 Transtornos mentais;
 Ansiedade;
 Depressão;
 Suicídio.

Avaliações – Instrumentos e Critérios:


A avaliação acontecerá através de leituras, construções de textos, assistir filmes indicados e
vídeos, presença, participação e interesse nas atividades sugeridas.
OBS: As atividades de leituras serão realizadas fora do ambiente de sala de aula, objetivando
completar a formação.

Bibliografia Básica:
FERREIRA, Damy. Capelania Escolar Evangélica. 1ª ed. São Paulo: RTM – Rádio Trans
Mundial, 2008.
FERREIRA, Sérgio Rodrigues. Despertando a Igreja para a missão de Capelania Escolar.
1ª Ed. São Paulo: RTM – Rádio Trans Mundial, 2012.

Bibliografia Complementar:
AGUIAR, Ferreira. Cura Pela Palavra. 1ª edição 1998. Editora Betânia. Belo Horizonte-MG.
Constituição da República Federativa do Brasil, 05 de outubro de 1988 com alterações
adotadas pelas emendas constitucionais de 2010. Brasília-DF.
COLLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão- Edição século 21. 2ª edição. Ed. Vida Nova.
São Paulo, 2016.
CURY, Augusto. Manual para Jovens estressados, mas muito inteligentes! 3ª ed.
Academia, São Paulo, 2015.

5
CURY, Augusto. O Homem mais inteligente da História. Rio de Janeiro: Ed. Sextante, 2016.
ECA- Estatuto da Crianças e Adolescente. Dispositivos Constitucionais Pertinentes Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília-DF.
FERREIRA, Sérgio Rodrigues. Pedagogia da cadeira. 2ª ed. RTM – Rádio Trans Mundial,
2014.
FERREIRA, Sérgio. Violência Escolar. RTM – Rádio Trans Mundial, 2014.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Dispositivos Constitucionais Pertinentes Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, 4ª ed. Brasília -DF.
LOBO, Marisa Franco Ferreira Alves. A Ideologia de Gênero na Educação. 4ª edição. Marisa
Lobo Ministério. Curitiba- PR, 2017.
MELGOSA, Julian. O Poder da Esperança. 1ª edição. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí-SP,
2017.
PIPER, John. Alegrem-se os Povos. 1ª ed., São Paulo: Editora Cultura Cristã, 200
PRIOLO, Lou. Resolução de Conflitos. 1ª Edição 2017. Nutra Publicações. São Paulo -SP.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying Mentes perigosas nas Escolas. Editora Fontonar. Rio
de Janeiro- RJ.

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CAPELANIA ESCOLAR I

Professor (a): Márcia Alves Doneda Fagundes1

Carga horária: 200h/a

UNIDADE I - NOÇÕES DE BASE

CONCEITO HISTÓRICO DE CAPELA,


CAPELANIA E CAPELÃO

Por meio de Jesus, portanto, ofereçamos continuamente a


Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que
confessam o seu nome. Não se esqueçam de fazer o bem
e de repartir com os outros o que vocês têm, pois de tais
sacrifícios Deus se agrada. (Hb 13.15,16 - NVI)

O exercício da capelania não é algo novo, não é um termo moderno. A prática da


capelania nunca cresceu tanto na sua diversificação como nos dias atuais. Hoje, nos
mais variados lugares, a capelania está atuando, apresentando o amor e a esperança
em diversas instituições, seja nas áreas militar (que é a gênese de todas as capelanias),
escolar, carcerária, hospitalar, empresarial, parlamentar, esportiva, ambiental,
universitária, entre outras, ela vem alcançando resultados tão importantes que justificam
não só a continuidade de seu exercício, mas também, o aprimoramento na execução de
suas atribuições.

Mesmo que esse material esteja sob o tema de Capelania Escolar, é necessário
conhecer as origens da capelania, para que possamos ter uma visão melhor desse
assunto. Entende-se que lidar com pessoas é diferente de lidar com máquinas. As
máquinas não contestam, não discordam, não sentem dor, angústia, medo e nem se
expressam. São programadas para fazer o que pretendemos. A Capelania lida com
pessoas reais, de carne e osso. Elas sentem, se ressentem, sentem-se motivadas
quando elogiadas e magoadas quando rejeitadas. Lidar com pessoas envolve lidarmos
com problemas. É lidar com palavras. Por esse motivo precisamos ter muito
conhecimento, prontidão ao ouvir e sensibilidade ao falar.2

1 Mestre em Teologia Prática – Linha de Pesquisa: Educação, Espiritualidade e Docência; Psicopedagoga, Capelã
Escolar, Capelã Hospitalar, Coordenadora e Professora do Curso de Capelania Escolar pela JMN e Seminário Batista Sul Mato-
grossense; Pedagoga e Missionária da JMN – Junta de Missões Nacionais e da ACIBASM (Associação Centro das Igrejas Batista)
e da CBSM (Convenção Batista Sul-mato-grossense).
2 FERREIRA, Sérgio Rodrigues. Despertando a Igreja para a missão de Capelania Escolar. 1ª Ed. São Paulo: RTM –
Rádio Trans Mundial, 2012, p .31.

7
Embora sua importância já venha sendo reconhecida há algum tempo, nunca nos
deparamos com situações tão gritantes, no que diz respeito à necessidade de apoio
espiritual e emocional à sociedade, como acontece na atualidade. Não há precedentes
que tenham nos deixado tão horrorizados com os noticiários televisivos, como ficamos
neste tempo em que estamos vivendo.

A capelania, a partir de suas atividades, representa o cristianismo nos diversos


setores da sociedade, pois avança para além das paredes do templo, e alcança a
pessoa perdida, adoecida, desanimada, e sem esperança de receber apoio, e cuidado
necessários que possam favorecer a sua completa restauração.

A representatividade do cristianismo perante a sociedade exige do capelão o


preparo adequado para lidar com os desafios contemporâneos. Recentemente, a
psicologia contribuiu, sobremaneira, com o aprimoramento do cuidado das pessoas em
suas angústias internas. O cristianismo, que lida há séculos com o amparo das pessoas,
moveu-se no sentido de aprimorar o atendimento realizado por clérigos, capelães e
leigos.3

Para entender o significado do termo “capelania”, há uma história que a


fundamenta. Sua origem vem da expressão “capa pequena”. Parte da ideia de alguém
que empresta, compartilha ou cede sua capa, ou parte dela, para proteger e abrigar o
outro alguém das intempéries da vida.

Além de servir como fonte de explicação da origem e significado das palavras


capela, capelão e capelania, a história do Manto de Martinho de Tours é uma fonte de
inspiração para elaboração do conceito do serviço, também chamado ministério de
capelania que, em sua essência, possui um carregado sentido do cuidar do semelhante,
movido por um sentimento de compaixão e generosidade.

O nascimento de Martinho ocorreu no ano de 316 ou 317 d.C., oriundo da Sabária


das Panônias, próxima à fronteira de rio Danúbio, atualmente conhecida como
Szombathely, região ocidental da Hungria, porém Martinho foi educado na Itália de
Ticino.4
Seus pais não eram batizados; o seu genitor tornou-se um oficial sênior da
cavalaria do exército romano e pressionou o jovem para que também seguisse a carreira
militar. Apesar de demonstrar grande interesse pela vida eclesiástica, ingressou na
cavalaria quando estava com apenas 15 anos. Após iniciar a vida militar conservou em
sua alma a disposição em ser cristão e protagonizou o fato histórico ocorrido na entrada
da cidade de Amiens norte da França:

Um jovem Martinho de Tours, soldado romano que viveu na época de Constantino, no


século IV d.C., estava pensando em se tornar cristão, mas estava em conflito consigo
mesmo. Em uma noite fria, frio de “rachar” no inverno de 338, ele cavalgava de volta
para sua casa quando avistou um mendigo. Movido de compaixão, rasgou sua capa em

3 SANTOS, Ivanaldo Ferreira. Capelania Cristã: oportunidades, desafios e relevância social. A.D. Santos
Editora. Curitiba. 2017, p. 18.
4 ANTUNES, André. A vida de São Martinho: Estudo Introdutório, Tradução e Comentário. 2014.
Universidade de Coimbra. Portugal. Dissertação Mestrado. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10316/27980>. Acesso em
28 dez. 2018, p. 6.

8
duas partes e deu a metade para aquele homem que parecia não suportar mais a baixa
temperatura. Naquela mesma noite, teve um sonho. No sonho, Jesus Cristo aparecia
com a metade da capa que dera ao mendigo. Aquela experiência fez com que entregasse
sua vida a Jesus Cristo com objetivo de ajudar a todos os que sofriam. Quando contou
o sonho para outras pessoas, ele chamou à metade daquela capa de capa pequena ou
“capela”. Essa capa foi preservada, no sétimo século guardada em um oratório que por
isso, passou a chamar-se capella. Com o passar do tempo esse termo passou a designar
qualquer oratório e, com isso, o sacerdote que era encarregado desses oratórios passou
a ser chamado de cappellanus – capelão. Em torno do século XIV, a palavra capella
passou a designar generalizadamente qualquer pequeno templo destinado a acolher o
Cristo no acolhimento dos irmãos mais necessitados.5

A história de Martinho de Tours, de uma maneira significativa, ilustra e sintetiza o


trabalho de capelania. Ela se aplica em qualquer realidade onde a necessidade de uma
assistência espiritual, emocional ou material se fizer necessária. O sonho revela
semelhança com o texto em Mateus 25.406: “O Rei responderá: Digo a verdade: O que
vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram”.

O jovem soldado que fora batizado aos dezoito anos, desafiou o imperador César
Juliano, quando foi convocado para a batalha contra os bárbaros, declarando que não
pegaria em armas para combater e que participaria da batalha desarmado. Diante do
disparate movido pela recente experiência religiosa, o soldado Martinho foi recolhido à
prisão.

A guerra iminente não ocorreu; o exército oponente enviou emissários para


negociar a paz, e muitos atribuíram à fé do novo converso com essa rendição repentina
que evitou o transcurso de mais uma batalha. Martinho alcançou o licenciamento do
exército provavelmente aos 40 anos e apresentou-se ao Bispo Hilário, da cidade de
Poitiers, com quem comungou por algum tempo. Foram-lhe atribuídos dois milagres
antes de ser eleito Bispo de Tours, cidade Francesa, onde realizaria um profícuo
ministério eclesiástico.7

Segundo Santos, a capa compartilhada com o mendigo, naquela manhã gélida,


transformar-se-ia em relíquia após a morte do soldado e bispo Martinho de Tours; depois
passou a ser conduzida pelos reis Francos nos campos de batalha com o propósito de
ajudar nas vitórias, deixando como legado, a compaixão.

Para guardar essa relíquia foi construída uma cabana, denominada de capela,
pois acomodava a capa de eminente cristão. A fim de que recebesse um religioso como
seu guardião, o guardião da capela ficou conhecido como “capelão”. Desta forma, no
rústico ambiente militar da antiguidade, deu-se origem ao cargo de capelão.8
Na França, era costume transportar a relíquia religiosa, como o oratório de
Martinho de Tours, para os acampamentos militares em tempo de guerra. Montava-se

5 CORDEIRO, Rubens. O Trabalho de Capelania no Sistema Batista Mineiro de Educação. WORKSHOP. Belo
Horizonte. 11 de dez. 2008.
6 BÍBLIA SAGRADA, Nova Versão Internacional. NVI, Bíblica Brazil. Niterói. 2014.
7 ANTUNES, 2014. p. 36.
8 SANTOS, Ivanaldo Ferreira. Capelania Cristã: oportunidades, desafios e relevância social. A.D. Santos
Editora. Curitiba. 2017, p. 28.

9
uma tenda especial e a relíquia era posta ali, onde era mantido um sacerdote para ofícios
religiosos e aconselhamento. A tenda foi chamada de “capela”. A Capelania tem sua
origem no terreno militar, pelo menos com esse nome. Naturalmente, sempre houve, em
todos os tempos, pessoas que ministravam a outras em momentos de necessidades. 9

Ao longo da história, o significado da palavra “capela”


evoluiu. Atualmente, ela é empregada na denominação de um
templo cristão, onde se presta assistência religiosa a grupos
específicos de pessoas ou de organizações religiosas. Trata-se
de uma edificação de pequeno porte, sinônimo de capela é ermida
(templo cristão) - capela ou pequena igreja. Encontramos capelas
em colégios, universidades, presídios, hospitais e conventos.

Vemos que o ofício de capelão existe há muito tempo, e é desempenhado em


diversas áreas da sociedade, pautado em oferecer cuidados, compaixão às pessoas
que sofrem, independentemente de sua condição econômica, religiosa ou cultura étnica.
No entanto, ele está diante de novas oportunidades e desafios. Sobressai a necessidade
contemporânea de buscar o diálogo com outras áreas do saber para aprimorar o cuidado
e o aconselhamento pastoral, em especial no contexto atual da América Latina.10

É interessante ressaltar que o emprego da palavra capelania, no contexto


brasileiro, relaciona-se ao exercício do ofício de capelão e ainda ao tipo de órgão
responsável pelos serviços prestados pelos capelães, com estrutura e atribuições
peculiares às instituições a que pertencem militares ou civis e ao nível em que se
encontram dentro dela.

No Brasil, a capelania esteve presente provavelmente, desde o seu


descobrimento em 1500, visto que por meio do sacerdote católico Frei Henrique de
Coimbra, Capelão da Armada de Pedro Álvares Cabral, foi celebrada a Primeira Missa
em 26 de abril, logo após o desembarque no novo continente.

É no momento mais difícil da vida que as pessoas buscam a Deus com maior
intensidade. E é nesse momento, também, que um ombro amigo que cuida sem
julgamento, faz toda a diferença. Visando esses momentos, com pessoas qualificadas
para ajudar, foi instituída a Capelania que se apresenta hoje.

Depois desses relatos históricos fica fácil a compreensão do termo capelania e


capelão, que assim conceituamos:

9 CORDEIRO, Rubens. O Trabalho de Capelania no Sistema Batista Mineiro de Educação. WORKSHOP. Belo
Horizonte. 11 de dez. 2008, p. 6.
10 SANTOS, 2017, p. 19.

10
Capelania - uma atividade cuja missão é colaborar na formação do ser humano
na sua integralidade, seja física, emocional, espiritual. Oferecendo oportunidades de
conhecimento, de reflexão, desenvolvimento e aplicação dos valores e princípios ético-
cristãos e da revelação de Deus para o exercício saudável da cidadania. Através da
capelania tem-se a oportunidade de ministrar o amor de Deus, como também, de
descobrir os meios de auxiliar as pessoas que estão com problemas, a enfrentar
realisticamente as suas frustações, medos e desapontamentos.

Capelão - uma pessoa conhecedora e praticante da palavra de Deus e que se


prepara adequadamente para desempenhar a função de oferecer auxílio espiritual e
emocional às pessoas em situações de crise. Aquele que ouve sem julgar; reconhece a
dignidade, e o respeito, e o valor devido a cada ser humano sob seus cuidados;
comunica-se, responde com empatia e precisão; considera a cultura, crença e valores
de cada pessoa que cuida.

Quem faz deste preceito um estilo de vida cotidiano não merece reconhecimentos
especiais, pois está apenas atendendo a uma ordenança do Criador. As pessoas têm a
obrigação ética de velar por seus semelhantes, considerando-se como princípio básico
de humanidade que a solidariedade não é facultativa, mas uma missão. A Bíblia
prescreve que o homem deve amar o próximo como a si mesmo.

Assista este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=s5zpv-JyBAk


ENTREVISTA COM FRANCINE – FRANÇA.
Nós temos o “chocolate”, a mensagem de esperança que pode salvar
muitas vidas preciosas dentro de nossas escolas.
Nem sempre poderá ver o resultado, não desista dê o seu melhor!

ANEXO I – Ler a mensagem – Eu posso fazer mais que isso!

O sermão profético, em Mateus 25.31-46, trata do julgamento das nações, o


grande julgamento, que se refere ao desfecho da história, o julgamento final. O critério
do julgamento de Deus está baseado nas obras de compaixão que os seus eleitos,
arregimentados de todas as nações, praticaram para com os necessitados.

A Capelania Escolar, no Brasil, evidenciou-se muito nas escolas confessionais


evangélicas. Na verdade, essas escolas foram organizadas, muitas delas, ainda no
século XIX, com uma finalidade principal: evangelizar. E, para evangelizar, precisavam
alfabetizar e educar o povo. Entre os batistas, por exemplo, surgiram os grandes
colégios com os missionários americanos que vieram para cá. E então, inevitavelmente,

11
ao lado da educação, pastores faziam o trabalho de aconselhamento pastoral – isto era
a capelania em ação.11
A história do Colégio Batista Brasileiro, em Perdizes, bairro de São Paulo,
começou a partir da compra de uma escola de uma missionária Presbiteriana de
Campinas, que havia sido iniciada em 1890.
A grande iniciadora daquele Colégio Batista Brasileiro foi a missionária Anna
Luther Bagby, esposa do pioneiro Batista W.B. Bagby. Chegando ao Brasil, uma das
grandes dificuldades dos missionários era lidar com um povo de alto índice de
analfabetismo.
Era muito difícil evangelizar um povo que não podia ler sequer a Bíblia. Um dos
missionários da época conta que ao chegar a certo distrito no interior do Brasil para
pregar o Evangelho, não encontrou ninguém que soubesse ler.12 Não só os batistas, há
outras lindas histórias de dedicação e cuidado com pessoas, que evidenciam o serviço
de capelania nas escolas, tais como os presbiterianos, metodistas, luteranos, católicos
e outros. A mais conceituada universidade do mundo, a Universidade de Harvard, foi
iniciada com a finalidade de treinar pastores e congregacionais para a tarefa mais nobre
do mundo, comunicar a mensagem do Evangelho de forma a impactar a sociedade da
sua época.13
Apesar de o ensino contemporâneo priorizar a informação, a orientação, a
formação, e a interação, é evidente que as pessoas inseridas no ambiente escolar,
público ou privado, anseiam por cuidados da capelania.

Infelizmente, organizações ou pessoas a elas ligadas, seja pelo exacerbado


desejo do cumprimento do dever, lamentavelmente, muitas vezes, por intenções menos
nobres, acabam trazendo prejuízos ao processo de desenvolvimento do serviço de
capelania, especialmente no que diz respeito ao relacionamento com as diversas
instituições de ensino assistidas por capelães.

****************************************************************************

11 FERREIRA, Damy. Capelania Escolar Evangélica. 1ª Ed. São Paulo: RTM – Rádio Trans Mundial, 2008. p.
30.
12 Centenário da Convenção Batista do Estado de São Paulo. Damy Ferreira, Edição da Convenção, São
Paulo. 2002, p. 91.
13 FERREIRA, Sérgio Rodrigues. Despertando a Igreja para a missão de Capelania Escolar. 1ª Ed. São Paulo:
RTM – Rádio Trans Mundial, 201, p. 37.

12
FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA CAPELANIA
"A Bíblia que está caindo aos pedaços, geralmente, pertence a alguém que não está”.
(C.H. Spurgeon)

Agora que vimos a origem da palavra capelania, veremos


alguns fundamentos bíblicos. As palavras capelão e capelania
não aparecem nos textos bíblicos, mas os fundamentos dos
diversos serviços prestados pela capelania são encontrados em
várias passagens das Sagradas Escrituras. Tal fato serve para
embasar e, ao mesmo tempo, autenticar e orientar esse tipo de
ministério cristão.

Jamais podemos perder de vista que a obra capelâmica inclui a dimensão básica
do cuidar. É claro que existem cursos de vários níveis e em áreas diversas, destinados
a capacitar profissionais que se dedicam à promoção do bem-estar do ser humano.

Entretanto, em se tratando de ministério cristão, o processo de capacitação para


capelão ou capelã, precisa incluir a questão dos dons concedidos por Deus, além de
estudos específicos direcionados à sua capacitação, exatamente porque se trata de um
tipo de serviço que pressupõe vocação cristã para atuar em situações que envolvem
dimensões e concepções da vida, em especial a espiritual, tanto da parte de quem
serve, quanto da parte da pessoa assistida.

Mais que isso, é um serviço que deve ser prestado sob uma perspectiva que reflita
a representação divina, a observância de valores e princípios bíblicos e cristãos, além
de métodos que expressem o amor compassivo de Deus. Trata-se, portanto, de um
serviço cujo executor, ou seja, o capelão precisa enriquecer sua capacitação com
ferramentas e experiências providas dessa fonte e de conhecimentos específicos das
problemáticas da atualidade.

Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, há várias passagens que podem


ser identificadas com os serviços de capelania, isto é, registros de áreas necessitadas
de atenção de natureza capelâmica, por causa do sentido do cuidar, que é a atuação
de natureza pastoral específica, bem como passagens relacionadas à motivação
e capacitação para esse tipo de prestação de serviço. Vejam alguns exemplos:

No Antigo Testamento, há várias passagens que podem ser identificadas com os


serviços de capelania. Em Gênesis 40.6-8, há o exemplo de José, quando estava na
prisão do Egito:

Quando José foi vê-los na manhã seguinte, notou que estavam abatidos. Por isso
perguntou aos oficiais do faraó que também estavam presos na casa do seu senhor:
“Por que hoje vocês estão com semblantes tristes”? Eles responderam: “Tivemos
sonhos, mas não há quem os interprete.” Disse-lhes José: “Não são de Deus as
interpretações? Contem-me os sonhos”.

13
José teve a sensibilidade de perceber que seus amigos não estavam bem, que
precisavam compartilhar suas inquietações e suas angústias. Ele ouviu atentamente,
sem julgamento cada um deles.

Em Juízes, capitulo 17,14 descreve a decisão de um homem chamado Mica que


contratou um levita como sacerdote particular. Inúmeros profetas no Antigo Testamento
foram convocados pelos governantes, a fim de consultarem a Deus sobre as situações
de batalhas iminentes ou em curso. Eram líderes que prestavam assistência espiritual a
exércitos, I Reis 22.

Em Deuteronômio 20.1-4, 1 Reis 22.1-28, no Novo Testamento em Lucas 2.14,


Lucas 7.1-10, Atos 10 e Filipenses 1.12-13, dentre outras referências, oferecem uma
sólida base bíblica para a capelania na área militar.

O evangelho de Mateus 25.31-46 registra a mensagem que Jesus proferiu com


relação ao grande julgamento. É nessa passagem que Ele faz referência ao trabalho de
assistência que seus seguidores devem prestar aos presos, enfermos, famintos,
desnudos e forasteiros. A ênfase aqui está no cuidar dos necessitados, de diversas
categorias.

No livro de Hebreus 13:3, retoma o tema da assistência ao preso. Há um precioso


detalhe que chama nossa atenção no evangelho de Mateus acima citado: Cristo assume
o lugar do necessitado alvo dos cuidados da Igreja.

A própria Grande Comissão delegada por nosso Senhor Jesus Cristo à sua igreja,
inclui espaços a serem contemplados pelos serviços ou atividades típicas de capelania.

Os onze discípulos foram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes
indicara. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. Então, Jesus
aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na
terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes
ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. (Mateus 28.16-20 - grifo
nosso)

Mais tarde Jesus apareceu aos onze enquanto eles comiam; censurou-lhes a
incredulidade e a dureza de coração, porque não acreditaram nos que o tinham visto
depois de ressurreto. E disse-lhes: "Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a
todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será
condenado. Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão
demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno
mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão
curados". (Marcos 16.14-18 – grifo nosso)

14 Juízes 17: 12 e 13;

14
Os apóstolos prestavam auxílio espiritual por onde passavam. Evidentemente, o
maior exemplo bíblico de todos é Jesus Cristo, cuja obra caracterizou-se por muitos atos
de capelania:
a) Abençoou as crianças – Mt 19.13-15;
b) Curou os enfermos – Mt 14.14;
c) Consolou os aflitos – Lc 7.12-13;
d) Tocou e limpou os leprosos – Mc 1.40-41;
e) Alimentou os famintos – Mt 14:15-16.

Por meio do exemplo, Jesus mostrou aquilo que espera que seus discípulos façam
na obra cristã: atos voluntários de capelania, levando a Palavra de Deus, a esperança, o
consolo e o amor de Deus. Ele nos afirma que podemos realizar conforme sua palavra
nos versículos abaixo:

João 17.18 – “Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”

Atos 1.8 – “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e
serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os
confins da terra"

É uma missão que possui limites dentro das quais, se bem cumprida, servirá de
meio para canalização da graça de Deus junto aos públicos assistidos, resultando em
benefícios para as pessoas que ali trabalham suas respectivas famílias, instituições e a
sociedade em geral.

Nesse sentido, urge que a Igreja esteja devidamente equipada para atender as
demandas apresentadas pelas escolas, hospitais, presídios, quartéis, empresas,
instituições parlamentares, palácios governamentais, organizações esportivas e assim
sucessivamente, pois todos esses espaços fazem parte do mundo a ser alcançado por
Cristo, por meio da igreja.

Uma das formas que a Igreja tem encontrado para cumprir sua missão nos
espaços institucionais sejam públicos ou privados, é por meio do serviço de capelania.

Nesses espaços, os métodos tradicionais de evangelização têm migrado para o


formato de capelania, uma vez que a evangelização tem exigido a inclusão da dimensão
do cuidar, cuja abrangência inclui as carências pessoais, familiares e institucionais.
Neste último caso, com direcionamento voltado, principalmente, ao cultivo da
espiritualidade e do emocional no ambiente de trabalho, consequentemente, melhora a
qualidade de vida dos funcionários, servidores, empregados e gestores de um modo
geral.

O serviço de cuidar de pessoas é bíblico. Nada impede que esse cuidado


aconteça dentro de instituições públicas ou privadas.

Requer do capelão um coração de pastor no sentido de cuidar, proteger, dar


segurança, que se coloca na posição daquele que chora, sentindo a dor do outro; que

15
se preocupa com o bem-estar do ser humano; que ama e o enxerga com olhos de
amor.15

Capelania é a arte de fazer bem ao outro. Fazer o bem é bíblico. “Aquele que sabe
que deve fazer o bem e não faz, nisso está pecando”.16 “E não cansemos de fazer o
bem, pois a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos”.17 “Por isso, enquanto
tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da
fé”.18

Textos bíblicos que evidenciam de quanto bem podemos fazer, especialmente,


pela liberdade religiosa que desfrutamos no Brasil. Mais uma característica que exalta
o serviço de capelania como uma prática biblicamente aprovada.

CAPELANIA ESCOLAR

“Os ensinos de nossa infância deixam


impressões definidas e distintas na mente,
que permanecem depois que setenta anos já
se passaram. Cuidemos que tais impressões
sejam feitas para os mais altos propósitos”.
(Charles H. Spurgeon)19
Educação é direito de todos, é preparação para o direito à cidadania, é preparar
as crianças e adolescentes de hoje para enfrentar, amanhã, o mercado de trabalho. Bem
sabemos que o papel da educação não se resume apenas em poder desenvolver essas
habilidades essenciais para o mercado de trabalho, mas também em contribuir com
sua evolução como pessoas, e pessoas capazes de viver em harmonia consigo
mesmo, na família, no ambiente de trabalho e na sociedade.
A Capelania é um serviço de apoio espiritual e emocional comprometido com a
visão da integralidade do ser humano: corpo, emoções, intelecto e espírito. Ela tem
a função de orientar e encorajar nos momentos de crise, buscando reavivar a fé e a
esperança.
No seio da escola, ou de um hospital, ou de um regimento do exército, de uma
empresa, no parlamento, ou mesmo no esporte e tantos outros locais, o serviço de
Capelania pretende promover acolhimento, suporte emocional, espiritual e
companheirismo. Para que o indivíduo tenha resiliência para superar as frustações e
as crises que surgirem, respeitando sua escolha religiosa.

15 FERREIRA, Sérgio Rodrigues. Despertando a Igreja para a missão de Capelania Escolar. 1ª Ed. São Paulo:
RTM – Rádio Trans Mundial,2012.
16 Tiago4:17;
17 Gálatas 6:9;
18 Gálatas 6:10.
19 Livro Pescadores de Crianças – Charles H. Spurgeon.

16
Anexo III – Ler o texto: Ensinando e Impactando Vidas!
Conforme LDBE20 - Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional.

Art. 33: O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da


formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das
escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade
cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.

O ensino religioso, reconhecido pelo Ministério da Educação como disciplina do


conjunto de outras áreas de conhecimento, visa, entre outros objetivos, proporcionar ao
educando o conhecimento dos elementos básicos que compõem o fenômeno religioso,
a partir das experiências religiosas percebidas no contexto em que vive. Desta forma,
através do reconhecimento de que o ensino religioso é parte integrante da formação
básica do cidadão, pode-se facilmente observar, também, o reconhecimento legal, ainda
que indireto, de que o ser humano precisa receber o devido apoio ao desempenho
de sua espiritualidade e desenvolvimento como pessoa qualificada, conforme
registrado no ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90): 21

Art. 3º: A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais


inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta
lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades
e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

Dar oportunidades e facilidades de desenvolvimento para crianças e adolescentes


em todas as áreas de sua vida, incluindo a espiritual, possibilita a formação de um
fundamento sólido para toda a vida. Como diz o provérbio: “Ensina o menino no caminho
do Senhor, e até quando envelhecer não se desviará dele”. (Provérbios 22:6 – grifo
nosso)

A criança que tem uma boa base espiritual, dificilmente caminha por caminhos de
perigos. Aprende a orar por agradecimento, por necessidade, por intercessão. Aprende
as histórias da Bíblia que podem ser aplicadas em sua vida, por meio de filmes,
desenhos que ensinam de maneira mais fácil, livros com figuras que facilitam o

20 LDBE- Leis de Diretrizes e Bases da Educação.


21 ECA- Estatuto da Crianças e Adolescente. Dispositivos Constitucionais Pertinentes Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990. Brasília-DF.

17
aprendizado. Aprende a louvar e a cantar. Há estudos os quais afirmam que a maioria
das crianças que frequentam igrejas, independente de qual for, apresentam melhor
desempenho na escola. Participa mais da aula, tem iniciativa, é mais inteligente e
criativa porque também, foi mais estimulada. Sabe se comportar em ambientes variados,
porque conhece os limites, dados por seus professores e líderes. Geralmente os pais
fornecem base educacional em seu lar.

A proteção integral, e a educação da criança, e do adolescente é responsabilidade


de todos, e para a garantia de um futuro digno, um mundo melhor para crianças,
adolescentes, jovens e famílias, não faltam leis.

Art. 70º. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos


direitos da criança e do adolescente.

Temos leis federais que dá base para assegurar as oportunidades de


desenvolvimento da criança e do adolescente em todas as áreas. A Constituição
Federal registra:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de
toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.

Ao reconhecer a criança e o adolescente como prioridade absoluta, estamos


assumindo o valor intrínseco, isto é imediato e o valor projetivo das novas gerações.

Para tal, numa atuação infinitamente maior do que a execução do ensino religioso,
surge o serviço da capelania escolar. A proposta deste serviço consiste numa
modalidade humanitária de apoio familiar aos estudantes e funcionários da educação
infantil, do ensino fundamental I e II, Ensino Médio e Modalidades de Ensino das redes
públicas e privadas.

A Capelania Escolar, pautada na lei, vem ao encontro das necessidades das


crianças e dos adolescentes. De forma clara e objetiva, também visa dar suporte aos
profissionais da educação e às famílias dos alunos. É um dos ramos da capelania
voltado para o público dentro das escolas, da Educação Infantil ao Ensino Médio, que
envolve também, os profissionais da educação e os pais/responsáveis, isto é, todo o
universo escolar.

É a fé, o amor, a compaixão e a esperança concretizando-se no dia-a-dia da


escola com atos solidários, na presença amiga, no compartilhar conforto e consolo
quando esse público enfrenta as dores da alma.

18
A atuação da Capelania Escolar trabalha o foco da
solidariedade humana na aproximação aos aflitos, na
promoção da verdadeira humanidade com orientação para a
vida, e no incentivo a uma espiritualidade saudável. Vai
exatamente ao encontro das necessidades emocionais,
espirituais e comportamentais das pessoas, sejam alunos e seus
familiares, profissionais da educação e funcionários da escola,
com ações práticas que visam atender suas necessidades.

Assista esse vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=sPmpRO60m30


Esse vídeo retrata a realidade da maioria dos alunos nas escolas. Passamos
para os pais e mães no encontro Família na Escola e foi um sucesso, comoveu a
todos.
A legislação dá respaldo à ação da Capelania Escolar não somente nas escolas
particulares, mas também públicas, desde que respeitadas as opções religiosas. As
leis corroboram com o serviço da capelania escolar - cuja missão é colaborar na
formação integral do ser humano, oferecendo oportunidades de conhecimento,
reflexão desenvolvimento e aplicação dos valores e princípios éticos para o
exercício saudável da cidadania.
Através da capelania escolar tem-se a oportunidade de ensinar temas que são
universais em todas as religiões, como: vida, morte, violência, amor, perdão, esperanç
e fé que fazem parte da vida de todo ser humano. Como também, descobrir os meios
de auxiliar as pessoas que estão enfrentando problemas, cooperando para a superação
das suas frustações, medos e desapontamentos. Fazendo conhecido aos
adolescentes, jovens e adultos que grandes vitórias surgem de grandes
problemas. Que a dor é uma força poderosa que pode nos construir ou nos
destruir.
Sobre a Capelania Escolar, tem sido colocada uma grande expectativa de buscar
caminhos para lidar adequadamente com situações que influenciam, de forma negativa,
o ambiente escolar e o desempenho dos estudantes, com vistas a promover a
formação integral do ser humano, oferecendo oportunidades de conhecimento,
reflexão, desenvolvimento e aplicação dos valores éticos e morais, no exercício
da cidadania.

A equipe da Capelania Escolar precisa estar apta para lidar com comportamentos
de conflitos, essas reações de violência que acontecem no ambiente escolar, e saber
trabalhar com uma equipe multidisciplinar (psicólogos, pedagogos, líderes religiosos,
médicos e outros) na busca de soluções. Não é um simples emprego é uma missão.
Milhares de jovens e seus familiares podem ser influenciados e ajudados por um
trabalho bem feito da capelania dentro das escolas públicas e privadas.

19
Tais interferências propiciam momentos de reflexão e o apontamento de uma
direção que poderá ser descoberta ao encontrar-se consigo mesmo, com sua família,
sua comunidade, com sua espiritualidade, levando o indivíduo a desenvolver suas
potencialidades, focando suas energias em um novo estilo de vida, por ter as suas
esperanças renovadas.

Pode trazer as marcas de uma ação libertadora - não alienadora, mas


conscientizadora; de uma ação radical - não somente reformista, mas transformadora;
de uma ação criadora - não apenas reiterativa, mas inovadora; e de uma ação reflexiva
- não exclusivamente espontânea, mas critica; Que poderá ser alcançado através de
uma assistência espiritual e emocional eficiente e um testemunho de fé eficaz. 22

Cordeiro destaca que a capelania escolar embora ajude a prevenir a indisciplina,


não é responsável por coibi-la ou puni-la; que não pode ser confundida como uma
inspetoria ou uma área disciplinar, embora participe de debates e contribua o máximo,
sob pena de que os alunos se antipatizem e seja inviabilizado seu espaço de influência.
Nem pode ser confundida com orientação pedagógica, embora esteja sempre
disposta a ajudar no que for necessário, para que não perca sua finalidade.

A capelania escolar é um tema pouco pesquisado no Brasil. Apesar de ser uma


área vasta e com muito potencial de abrangência, contudo a literatura escrita a respeito
é bastante escassa. Apesar da existência de instituições de ensino centenárias que
desde sua fundação têm utilizado essa ferramenta ainda que informalmente. 23 As
bibliografias encontradas atualmente acabam focando duas áreas mais exploradas,
como a capelania militar e a capelania hospitalar.

Essa é uma das grandes dificuldades encontradas nos documentos históricos dos
colégios confessionais ao se buscar a atuação dos primeiros capelães escolares.

A Capelania Escolar existe no Brasil há muitos anos, a partir das escolas


confessionais. Elas expandiram a evangelização ao objetivo educacional dos seus
alunos. O trabalho de evangelização tem sido feito por meio dos atendimentos pastorais,
no formato de capelania. Para VIEIRA (2011, p.18):

A capelania escolar é um dos ramos da capelania voltada para a ação pastoral dentro
das escolas (infantil, fundamental, média e universitária). É a fé se concretizando no dia
a dia da escola através dos atos solidários, na presença amiga quando se enfrentam as
dores da alma e no anúncio da mensagem de Cristo.

Segundo Ferreira (2008,p. 30,31), citando trecho de obra de sua autoria


"Centenário da Convenção Batista do Estado de São Paulo", diz:

22 CORDEIRO, Rubens. O Trabalho de Capelania no Sistema Batista Mineiro de Educação. WORKSHOP. Belo
Horizonte. 11 de dez. 2008.
23 CORDEIRO. 2008.

20
Chegando ao Brasil, uma das grandes dificuldades dos missionários era lidar com um
povo com alto índice de analfabetismo. Era muito difícil evangelizar um povo que não
podia ler sequer a Bíblia. Um dos nossos missionários da época conta que ao chegar a
certo distrito no interior do Brasil para pregar o Evangelho, não encontrou ninguém que
sabia ler. [...]

A Capelania Escolar possui uma atuação muito


mais abrangente do que se pode imaginar, inicialmente.
Embora, de um modo geral, ela seja exercida no âmbito
escolar, seus limites não se restringem somente a esse
espaço físico. Muito pelo contrário. Ela pode ser iniciada
na escola e acabar alcançando vários desdobramentos
no seio familiar do aluno.

Desta forma, a execução desse serviço terá como pano de fundo, muitas vezes,
não somente as salas de aula, os pátios escolares, auditórios ou a sala de atendimento
para aconselhamento, mas também, outro importante meio de convivência social do
aluno, ou seja, sua casa. Em alguns casos, fazer essa trajetória será, simplesmente,
inevitável.

Corresponde às atividades que promovam a interação dos alunos no grupo e na


família, o fortalecimento dos laços de amizade, lealdade, confiança, estabilidade do
relacionamento pessoal, bem como o despertamento do interesse de cada aluno pelo
outro mediante circunstâncias específicas criadas pela capelania.

Isso também tem em vista a diminuição do stress do homem urbano, a recreação


da alma, e a formação de uma mentalidade com vistas à necessidade de viver-se uma
vida digna de pessoa.

Quando olhamos para a sociedade, vemos sofrimentos, vícios, fome, ódio e


todo mal. Mas muitas vezes somos “santos demais” para chegar perto, somos
“importantes demais” para demonstrar compaixão através de atos. C.S. Lewis no
livro Cristianismo Puro e Simples diz:

Posso repetir “faça aos outros, o que gostaria que fizessem para você” até cansar, mas
não conseguirei viver assim se não amar o próximo como a mim mesmo; só poderei
aprender esse amor quando aprender a amar a Deus; e só aprenderei a amá-lo quando
aprender a obedecê-lo.

Sendo assim, será fácil entender que logo após o início da implantação da
capelania dentro da escola, problemas existentes e já detectados são trazidos ao
conhecimento deste serviço recém estabelecido. Isto porque as necessidades são
gritantes e os pedidos para solução são urgentes.

Podemos demonstrar nossa fé de forma visível quando se pratica os ensinos da


Bíblia. A fé vive no coração e na mente, mas é comprovada na vida em sociedade,
independente de onde esteja. Viver o cristianismo é algo muito prático. Saber textos

21
bíblicos de cor é útil, mas não o suficiente se as lições não forem praticadas. Dentro da
escola temos enormes oportunidades de praticar a fé, sem fazer proselitismo.

O escritor Philip Yancey, falando sobre a vida cristã na prática, diz que a principal
questão para o cristão é a forma como ele trata os outros, especialmente àqueles de
quem discorda totalmente, podemos dizer os que tem outras escolhas religiosas – que
é preciso tratá-los como amor e respeito. 24

A escola vive um período difícil em relação às demandas que se originam de


diversos fatores externos e que extrapolam a responsabilidade educacional da escola.
As drogas, a falta de estrutura familiar, a violência escolar, o bullying, cyberbullying, a
ideação suicida, o suicídio, abuso e exploração sexual, a agressão verbal e física dos
professores são alguns dos agravantes.

De acordo com o Art. 3º do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente - toda


criança e adolescente gozam dos direitos básicos de serem assistidos em suas
necessidades como um todo, para que esses de desenvolvam de forma integral e na
Constituição Federal de 1988:

Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;


II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o
saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.

Sinais de alerta, estão a todo tempo ao nosso redor:


Zygmunt Bauman - sociólogo polonês, classificou o tempo atual como uma
sociedade líquida. Ele aborda a fragilidade dos relacionamentos entre os seres
humanos neste mundo pós-moderno. A sociedade está vivendo um momento de
total inversão de valores. E ainda enfrenta o desafio do fato de todos estarem
ligados por inúmeras ferramentas tecnológicas, no entanto, sendo desconhecidos
uns dos outros.

24 Devocional Presente Diário – Momentos Devocionais. Rádio Trans Mundial 2018. V. 21. São Paulo-SP.

22
Francis Schiffer, “A morte da razão”. Cada geração defronta com este
problema de aprender como falar ao seu tempo de maneira comunicativa. É um
problema que não pode resolver sem uma compreensão da situação existencial,
em constante mudança, com que se defronta. ... temos que conhecer e entender
as formas de pensamento da nossa geração.

Falamos com muitos, mas raramente falamos com alguém, sempre digo que:
uma conversa pode salvar a vida de uma pessoa, um diálogo sem apontamento e
sem julgamento.

Sem entrar no mérito da questão individual, estamos


conectados com o mundo e desconectados de nós mesmos. Segundo
pesquisas o brasileiro passa em média, mais de três horas por dia
mexendo no celular, o que dá um total de 21 horas por semana. Não
apenas drogas como cocaína e crack viciam, mas também o excesso de informação, o
uso de celular, de trabalho intelectual, de preocupação. Augusto Cury diz que
“Infelizmente sabemos falar do mundo em que estamos, mas nos calamos no mundo
que somos”.25

Dentro das escolas brasileiras nos deparamos que essas situações que é uma
realidade:

Dor, sofrimento, crise, frustação, vícios, rejeição, automutilação, ideação suicida,


suicídio, ansiedade, depressão, abuso e exploração sexual, violação de vulnerável,
sexualidade exacerbada, ódio, bullying, cyberbullying, discriminação e violência em
todas as áreas: física, emocional, psicológica, sexual e social e tantas outras.

Os alunos que passam por esses problemas normalmente apresentam baixo


rendimento escolar, desinteresse pelos estudos, debilita e bloqueia a inteligência,
baixa autoestima, desânimo, indisciplina, revolta, comportamentos violentos e
atos de tendência criminosa.

Perigos que se revelam todos os dias dentro das escolas. As consequências


são dolorosas, imensuráveis, uma dor gigantesca que pode trocar de papel se não for
cuidada, assistida e tratada – A vítima passa a ser agressora.

Aliados a tudo isso, percebemos que até mesmo os funcionários e profissionais


da educação encontram-se submersos em situações semelhantes dos alunos, e estes
muitas vezes, sentem-se inoperantes e imobilizados para ajudar seus alunos a transpor
essa dura realidade, pois eles mesmos lidam também com expectativas, conflitos,
crises e dúvidas na vida, e, portanto, se tornam também alvos do serviço de
capelania escolar.

Violência é um comportamento aprendido. Nossa proposta é oportunizar à


comunidade escolar, condições e espaço de escolha mediante conhecimentos dos
fatos. Orientando os que podem mudar a quebrar esse ciclo de violência e rejeição,

25 CURY. Augusto. Academia da Gestão – Curso – Online. Em busca do Autocontrole.

23
escolhendo viver de maneira que possam dar uma oportunidade ao arrependimento e
ao perdão.

Por meio de um trabalho comprometido e persistente da capelania escolar,


podemos orientar que o verdadeiro arrependimento devolve a alegria, a vontade de viver
e de trabalhar, trocando os maus pensamentos e a vingança por novas e saudáveis
atitudes. Muitos confundem arrependimento com remorso, este leva à tristeza que
envergonha e pode ser perigoso para a saúde mental. O remorso não transforma a vida,
e não deve ser confundido com arrependimento.

Há um exemplo bem claro sobre a diferença entre


arrependimento e remorso, registrado na Bíblia: O apóstolo Pedro
negou Jesus, arrependeu-se e ganhou vida. Judas Iscariotes traiu
Jesus, ficou com remorso e acabou suicidando-se. O remorso só
lamenta o erro; o arrependimento possibilita dar meia-volta para
repará-lo. 26
Veja o que o dicionário diz dessas palavras:

Arrependimento é uma reação emocional para atos passados pessoais e


comportamentais. Arrependimento é muitas das vezes expressado pelo termo
"desculpa". A palavra arrependimento é de origem grega (μετάνοια, metanoia) e
significa conversão (tanto espiritual, bem como intelectual), mudança de direção
e mudança de mente; mudança de atitudes, temperamentos, caráter, trabalho,
geralmente conotando uma evolução. Então arrependimento quer dizer
mudança de atitude, ou seja, atitude contrária, ou oposta, àquela tomada
anteriormente em determinado assunto específico.27

Remorso é um sentimento experimentado por aqueles que acreditam que


cometeram uma ação que infringe um código moral que
obedecem. Pessoa que o sofre não se sensibilizou verdadeiramente do
mal que possa haver causado a outros, e que, pensando apenas no próprio
bem, é capaz até de infligir a si mesmo algum tipo de castigo (como
uma auto-flagelação por exemplo) apenas para tentar se esquivar de sofrer
uma punição ainda mais severa por causa do erro que cometeu (punição
que pode realmente, ou não, vir a penar). A palavra remorso tem origem
latina, vem de remorsus, particípio passado de remordere, que significa
tornar a morder. Liga-se, portanto, a dilacerar, atacar, satirizar, ferir,
torturar, atormentar. A etimologia da palavra dá a ideia de que esse
sentimento é doloroso, angustiante e provoca vergonha.28

Anexo IV – Leia o Texto: Construindo pontes!

26 Devocional Presente Diário – Momentos Devocionais. Rádio Trans Mundial 2018. V. 21. São Paulo-SP.
27 https://pt.wikipedia.org/wiki/Arrependimento. Acessado dia 31 de janeiro de 2019, as 21:56m.
28 https://pt.wikipedia.org/wiki/Remorso. Acesso dia 31 de janeiro de 2019. As 22:03m.

24
Esses e outros temas, a Capelania escolar tem condições
de atuar cooperando com a escola, que tem a função de formar
cidadãos saudáveis, já que ela é um lugar privilegiado para
tomada de ações preventivas, diante do tripé que fundamenta
sua existência:

1º - Papel da escola: Educação integral, preparo pessoal e relacional.

2º - Objetivo da escola: Que cada pessoa seja capaz de fazer uma escolha
para melhorar.

3º - Missão da escola: Estabelecer um justo equilíbrio entre as exigências


sociais e os direitos do indivíduo.

O serviço de capelania escolar nas escolas públicas, em que se realiza alguma


atividade nessa modalidade, decorre de autorização obtida junto à direção dos
respectivos estabelecimentos. É realizado a título de colaboração, portanto,
voluntariado. Já as escolas particulares e confessionais ou, não confessionais, são livres
para criar seu próprio serviço de capelania inclusive com remuneração.

Assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=3ZxlAphZYOc


Não é tragédia! Precisamos ensinar verdadeiros valores para nossa geração!
Anexo V – Leia o texto: A Caderneta Vermelha!

CAMPO DE ATUAÇÃO DA CAPELANIA ESCOLAR

“Tenho encontrado por vezes uma experiência espiritual mais profunda em crianças de
10 e 12 anos do que em muitas pessoas de 50 e 60 anos.” (Charles H. Spurgeon)29

Capelania Escolar é um dos ramos da capelania, voltada para o público dentro


das escolas:
- Educação Infantil I e II;
- Fundamental I e II;
- Ensino Médio;
- Outras modalidades de ensino: AJA, EJA, PROJOVEM e outros;
- Pais (Famílias);
- Profissionais da educação (todos);

29 Livro Pescadores de Crianças – Charles H. Spurgeon.

25
É um serviço de apoio espiritual comprometido com uma visão da integralidade
do ser humano: corpo, emoções, intelecto e espírito. Ela tem a função de orientar e
encorajar nos momentos de crise, buscando reavivar a fé e a esperança. Faz-se
presente nos momentos em que as crises da vida são compartilhadas nos
aconselhamentos, nas visitas, nas conversas informais, consolando e ouvindo.

A fé, o amor, a compaixão, a esperança concretiza-se no dia-a-dia da escola


com atos solidários de conforto e consolo na presença amiga, no compartilhar as
dores da alma, quando esse público as enfrenta.

A capelania escolar precisa estar apta para lidar com comportamentos de


conflitos, reações de violência que acontecem no ambiente escolar e, também, saber
trabalhar com uma equipe multidisciplinar (psicólogos, pedagogos, líderes religiosos,
médicos e outros) na busca de soluções.
É uma missão. É um privilégio servir! É uma batalha! É necessário estar
preparado! Ter persistência! Milhares de jovens e seus familiares poderão ser
influenciados, ajudados e cuidados por um trabalho bem feito de capelania escolar.

“Ensinar é a mais complexa atividade humana”.


Dr. C.B. Eavey
Ensinar, o mais complexo, intrigante e sutil empreendimento humano. Se isso é
dito a respeito de lidar com o ensino geral, imagine quão maior não é a
responsabilidade de lidar com o ensino da Bíblia. Tal atividade exige de nós
comprometimento, adaptação contextual e vida exemplar. Para isso precisará do
método certo para chegar ao coração dos alunos.

Antes de conquistar os ouvidos do aluno, devemos conquistar seus olhos,


fazendo-o olhar para seu exemplo e ver que sua vida autentica o seu ensino.
Precisamos ser a Bíblia, ninguém resiste à Bíblia na prática, sem o livro na mão, mas
com seu efeito no coração. Antes de “dizer”, devemos “ser” pois, o que somos tem maior
poder de influência do que aquilo que falamos.
Uma das formas que a Igreja tem encontrado para cumprir sua missão nos
espaços institucionais sejam públicos ou privados, é por meio do serviço de
capelania.

Uma grande necessidade, hoje, é: De que forma, como igrejas, poderemos cuidar
e discipular os alunos que estão dentro de nossos templos, para que possam ser
bênçãos nas escolas que estão matriculados?

Algumas atividades de Capelania Escolar:


 Alcançar a família do estudante em crise e com baixo rendimento escolar, para
fortalecer suas relações em família, na escola, e no meio onde vive, redirecionando seu
interesse e suas perspectivas para a vida estudantil;

26
 Fornecer diretrizes às pessoas atendidas para viverem a verdadeira humanidade,
com vistas a um melhor relacionamento com Deus, com ela mesma, e com o próximo;
 Ser o elo entre a escola (mestres e funcionários) e alunos/pais;
 Ser um espaço de aconselhamento e de despertamento de consciência e vocação
 Participar dos eventos e datas comemorativas da escola;
 Fazer visitas as residências, hospitais e outros logradouros para atender
necessidades de membros da comunidade escolar;
 Promover a socialização dos funcionários;
 Ser um lugar de ministração de palavras de consolo, exortação e conforto para
quem esteja passando por momentos de tensão e necessidade;
 Ser um espaço de encorajamento de alunos, família e funcionários, ajudando-os
a se fortalecerem nos momentos de crise;
 Promover o desenvolvimento psicossocial e da autoestima, diminuindo o stress
do homem, e despertando vias para a realização pessoal;
 Colaborar no processo de disciplina dos alunos em parceria com os serviços de
orientação educacional quando for necessário;
 Participar das campanhas sociais da escola (sensibilização, arrecadação,
distribuição, divulgação e avaliação);
 Estabelecer parcerias com grupos externos para o bom funcionamento deste
projeto, respeitando a filosofia do mesmo;
 Participar, via interdisciplinaridade e transversalidade, das atividades
pedagógicas da escola;
 Respeitar o direito do indivíduo quando este não quer ajuda;
 Estimular o desejo da pessoa de se relacionar com Deus;
 Encaminhar o estudante ou pessoa que faça parte da comunidade escolar, a uma
igreja à disposição da escola, para atendimento necessário desde que a instituição
religiosa seja estruturada, em nível de pessoal e espaço, e de assistência somente, no
que estiver ao seu alcance, mantendo sempre o respeito às individualidades religiosas,
isto é, com o consentimento daqueles que necessitam de ajuda;
 Transmitir para os pais, líderes e mestres princípios de autoridade responsável,
sábia e influenciadora;
 Ser um lugar de auxílio amoroso, sempre que necessário, dando orientação ao
aluno sobre o procedimento inadequado que teve, levando a uma reflexão sobre seus
atos;
 Ouvir pessoas aflitas, muitas só querem ser ouvidas;
 Ser um canal de mediação de conflitos e tensões, principalmente quando eles
podem ser resolvidos por uma boa conversa ou aconselhamento;
 Programar a apresentação de palestras com embasamentos educativos,
preventivos, reflexivos, espirituais e emocionais;
 Programar atividades recreativas para maior interação dos alunos, como
apresentações de teatros, coreografias, músicas, coral, banda, recitais, histórias,
palestras e dinâmicas;
 Intervalo lúdico – Atividades mobilizando a igreja para ações dentro das escolas
na hora do intervalo com: banda de música (ministério de louvor) – crianças,
adolescentes, jovens/adultos; grupos de dança (coreografia); grupos de teatro;
brincadeiras; dinâmicas e outras ações.

27
DEPOIMENTOS:

 Depoimentos de diretores, coordenadores e professores da Escola


Municipal Dr. Eduardo Olímpio Machado com 2.400 alunos- Campo Grande-MS30:

 Coordenadora: Rosemary – 6º ao 9º ano -


“A Capelania Escolar é uma grande estratégia para a transformação do ser
humano”.
 Diretor Adjunto- Paulo Alberto –
“Falam de Deus, da família, da natureza, dos relacionamentos
interpessoais, do amor, do perdão, da boa conduta, respeitando a religião de cada
um, de forma que todos aceitam sem problemas”.
 Coordenadora Kleyva – Ed. Infantil ao 5º ano-
“Capelania escolar tem nos ajudado no comportamento e aprendizagem
dos alunos, no apoio dos familiares. Presta um atendimento que vai de encontro
com suas necessidades”.
 Coordenadora de Projetos – Cristiane Lhado -
“Como numa verdadeira teia de cooperação, a Capelania Escolar,
alunos maiores dos 9° anos de forma bem comprometida se uniram para criar um
grupo de voluntários chamado "Legião de Honra" com o objetivo de tornar a hora
do recreio um momento de colaboração e sem violência. Os pais contaram que
isso aumentou a responsabilidade dos filhos, a noção da importância de cuidar
do outro e assim eles vão crescendo com valores de boa convivência. Boa parte
dos alunos aderiram às opções de diversão (jogos, gincanas e outros) e assim
espera-se a diminuição dos conflitos entre eles”.

 Prof.ª Maira – 2º ano Ens. Fundamental I –


“Percebi que os comportamentos dos alunos melhoraram, e tem pais
que vieram me relatar que teve mudanças até em casa, obedecendo e respeitando
os irmãos”.

VEJA ALGUNS RESULTADOS:


- Alunos melhoram o rendimento escolar;
- Sentem-se mais valorizados;
- Aumento da autoestima;
- Abandonam pensamentos suicidas;
- Conscientização e reflexão em suas atitudes;
- Maior participação efetiva nas aulas;
- Diminui faltas e a deserção escolar;
- Professores satisfeitos com a melhora dos alunos;

30 Escola Municipal Dr. Eduardo Olímpio Machado, estabelecido


o serviço de Capelania Escolar desde setembro de 2016. Hoje está na condução da Capelania Escolar dessa escolar a Capelã
Escolar Nilma G. Nunes Batista com uma equipe de capelães formados pelo Seminário Batista Sul-mato-grossense.

28
- Professores fazendo parte do processo de transformação dos alunos;
- Famílias buscando e recebendo ajuda;
- Pais e familiares mais esperançosos;
- Cooperação da comunidade escolar nas ações preventivas ligadas a problemas
como bullying, ideação suicida, autolesão, violência, drogas e outros vícios.
- Leva a criança e o adolescente a relacionar-se com Deus em sua essência,
alcançando suas famílias!

Nosso maior desejo é capacitar pessoas que possam ir para a escolas e


serem, ali, um canal de transformação.

Além do trabalho realizado pelas próprias Igrejas junto aos estudantes, há


organizações interdenominacionais que atuam nessa área também, a exemplo da
Cruzada Estudantil (CRU) e Profissional para Cristo, Aliança Bíblica Universitária,
Sociedade Bíblica do Brasil, MPC (Mocidade para Cristo), Rádio Trans Mundial e outras,
somando-se, ainda, os trabalhos realizados autonomamente por pessoas dedicadas a
esse ministério.

A Constituição Federal, art. 210, e a Lei Federal nº 9.394, de 20/12/1996, Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu artigo 33, trata sobre o ensino
religioso nas escolas no Brasil. Não se trata de dispositivo legal que cria a capelania
escolar.
Nada impede, porém, que capelães devidamente preparados se candidatem para
atuar como professores do ensino religioso previsto na lei acima ou como um serviço de
Capelania Escolar.

A POSSIBILIDADE DE ADOTAR UMA ESCOLA


Oh, mestres, vejam o que podem fazer!
Em suas escolas bíblicas estão sentados nossos futuros evangelistas. Naquela classe dos menorzinhos está
sentado um apóstolo para alguma terra distante. Poderá vir sob sua mão de treinamento, minha irmã, um futuro
pai em Israel. Virão sob seu ensino, meu irmão, aqueles que carregarão as bandeiras do Senhor no grosso da
batalha. (Charles H. SPURGEON)

Segundo estatísticas, o número de Igrejas no Brasil equipara-se ao de escolas.


Esse é um número de um equilíbrio providencial para despertar as igrejas a abraçar a
missão de capelania escolar, conforme registro da Rádio Trans Mundial que tem a visão
e o desejo de que cada escola seja adota por uma igreja.31
Pensando nesta necessidade líderes cristãos, relacionam a atuação missionária
nas escolas brasileiras com os religiosos encontrados na parábola do bom samaritano.

31 FERREIRA, Sérgio Rodrigues. Despertando a Igreja para a missão de Capelania Escolar. 1ª Ed. São Paulo:
RTM – Rádio Trans Mundial, 2012, p. 33.

29
A Parábola do Bom Samaritano aparece unicamente em Lucas 10. 30-37. A qual
poderia ser contada assim, segundo FERREIRA:

A Escola desceu de Jerusalém para


Jericó. A estrada era íngreme e perigosa. No
caminho apareceram três salteadores: Drogas,
Violência e Sexualidade. Elas atacaram
impiedosamente a Escola, a qual ficou caída,
sem esperança, semimorta. Passou pelo
caminho um religioso, e vendo a escola em má
situação, desviou-se por outro caminho
pensando: - “Não tenho que envolver com os
problemas da Escola, pois a Igreja já tem problemas demais! Pelo mesmo
caminho, veio também um representante das agências missionárias, homem de
gabinete, o qual viu a Escola desfalecendo e muito ferida, mas preocupado com
as muitas burocracias que o aguardavam passou sem oferecer ajuda. Depois
disso, veio pelo mesmo trajeto um homem de Deus, consciente de seu chamado.
Homem de visão espiritual e amável. Vendo a Escola naquela situação
deplorável, tomou-a nos braços, entendendo que aproximar a Escola da Igreja
poderia ser um ato terapêutico. Ele mobilizou a Igreja para levantar recursos,
treinou um capelão capaz de coordenar uma equipe de múltiplos talentos e
adotou a escola. Além disso, criou projetos para orientar outras vítimas das
Drogas, da Violência e da Sexualidade exacerbada.

Ao adotar uma escola, a Igreja precisa entender algumas etapas:

1º - Ao adotar uma escola a igreja precisa - Fazer o


diagnóstico.
O Bom Samaritano foi obrigado pelo seu coração a parar.
Como ele soube que a vítima dos assaltantes ainda respirava?

- Foi preciso aproximação. Aproximar para servir.

Se a Igreja não se aproximar da Escola será impossível perceber as


oportunidades de assistência espiritual, emocional e física que surgem a cada instante
na comunidade escolar. Sem saber o diagnóstico, a Igreja jamais se sentirá capaz de
intervir no caso.

Aproximação – é uma atitude corajosa por parte de quem tem, bem claro em
sua mente e coração, a sua verdadeira vocação – Somos chamados para servir.

Um dos exemplos do ministério de Cristo, ocorrido após o término do Sermão do


Monte, nos relembra a razão de termos sido salvos. “Quando Jesus acabou de dizer
essas coisas, as multidões estavam maravilhadas com o seu ensino, porque ele as
ensinava como quem tem autoridade, e não como os mestres da lei”. (Mateus 7.28,29).

Deve ter sido extremamente agradável passar horas ouvindo o Mestre na


montanha. Ele tinha muito a ensinar, e as multidões pareciam dispostas a aprender. Mas
todo esse momento agradável de comodidade e aprendizagem teórica chegaria ao fim.
Era hora de descer do monte.

30
Semelhantemente os cultos de louvor, os eventos missionários e a comunhão
dentro do ambiente de celebração, traz à reflexão que desfrutar aquele delicioso
momento de edificação e compartilhamento, tem fim e muitas vezes, vamos para nossas
casas e nos acomodamos no sofá.

O que aconteceu com o que ouvimos?


O que fizemos com o desafio que ardia no nosso coração?
É hora de descermos do monte. No capítulo 8 do Evangelho de Mateus em diante,
Jesus vive essa realidade.

Ao descer do Monte, Jesus deparou-se com um leproso, o qual ainda no pé do


Monte exclamou: “Senhor, se queres podes purificar-me. E Jesus respondeu-lhe: Quero.
Fica limpo”. 32
Disso aprendemos que a primeira coisa que precisamos fazer ao descermos do
monte é ficarmos limpos. Fomos salvos para a santidade. Entretanto essa santidade
não é para ficar guardada para nós mesmos. Precisamos conviver com o mundo, entrar
nas escolas, sem palavras vivermos vidas santas, as quais testemunharão que temos
estado com o Senhor. Isso é uma responsabilidade inerente a toda a Igreja de Cristo.

A Bíblia, num contraste total, é apaixonadamente preocupada com o tipo de


pessoa que aqueles que alegam ser o povo de Deus são. Se nossa missão é
compartilhar as boas-novas, precisamos ser pessoas de boas-novas. Se pregamos um
evangelho de transformação, precisamos demonstrar alguma evidência de como é essa
transformação. Tem a ver com integridade, justiça, unidade, inclusão e semelhança a
Cristo, isto é santidade. Ela é parte da nossa identidade missional quanto a nossa
santificação pessoal.33 Quando tocamos em algo, deixamos as nossas impressões
digitais. Quando tocamos as vidas das pessoas, deixamos nossa identidade.

A segunda experiência depois de descer do monte, registrada em Mateus 8.5-15,


foi a cura o servo do centurião e depois a cura da sogra de Pedro: “tomando-a pela mão,
a febre a deixou, e ela se levantou e começou a servi-lo”.34

Nesses dois casos as pessoas estavam impossibilitadas de servir, mas o encontro


com Cristo devolve a elas a energia e a motivação para servir. Fomos salvos para servir.
Esta é uma decisão que deve permear toda a vida, em todos os lugares por onde
passarmos. Fomos transformados para transformar outros.

Dentro dessa visão, não é exagero dizer que temos uma vocação para o serviço
a favor do reino pelo outro. A vida é boa quando você está feliz; mas a vida é muito
melhor quando os outros estão felizes por sua causa. Feliz aquele que consegue
enxergar, no outro, o resultado de suas realizações.

Por que não servir na escola?

32 Mt. 8:1-3.
33 WRIGHT, Christopher J.H. A Missão do Povo de Deus. 1ª ed., 1ª reimpressão. São Paulo: Vida Nova, 2015.
34 Mt. 8:15.

31
O apelo aos nossos corações é demasiadamente simples:
- Fomos salvos para ser santos;
- Fomos salvos para servir;
E para isso, não podemos passar de largo, diante das necessidades da escola
ferida.

“Vocês não dizem: ‘Daqui a quatro meses haverá a colheita’? Eu lhes digo: Abram
os olhos e vejam os campos! Eles estão maduros para a colheita”. (João 4:35 – NVI).
“Erguei os vossos olhos, e vede o campus, pois a escola está branca para a ceifa!”
(Pr. Marcelo Gualberto). O campus das universidades e das escolas estão brancos
para a ceifa!

O homem de Deus, da nossa parábola parafraseada, teve tempo de parar, e fazer


um breve diagnóstico da situação da escola atacada, e febril, Deus quer usar o seu
potencial, e de sua Igreja nesse campo.

2º - Ao adotar uma escola, a igreja precisa estar na mesma posição - Sem


julgamento, disposta a estender a mão.

A atitude do bom samaritano foi reativa. Ele viu a necessidade, mas ele também
reagiu como que dizendo: - Eis- me aqui! Ele tomou a vítima em seus braços e prestou
assistência.

Isso significa que ele pegou o paciente no colo, sem se preocupar


com seu terno engomado, e com o perigo de também ser atacado. Ele
criou uma abertura para dialogar com a escola. Da mesma forma, ele não
pensou nos serviços burocráticos do gabinete.

Ele simplesmente se abaixou no mesmo nível onde estava o


necessitado, e tomou-o nos braços.
Jesus também estendeu a mão em vários momentos para curar, salvar, para
levantar o homem, independente das situações e condições espirituais e emocionais
que a pessoa estava; sem julgamento.

“A mão do Senhor não está encolhida para que não possa salvar”. (Isaías 59.1)

Seria muito bom que a Igreja refletisse nos seus atos, a personalidade e os
interesses de Deus em socorrer os pecadores. É bom lembrar que tais pecadores cheios
de deficiência e dificuldades podem ser encontrados bem perto de nós, na nossa
comunidade, dentro do ambiente escolar.
Os problemas enfrentados na escola são idênticos aos problemas da sociedade.
A questão presente é: “o que pode ser feito para que a educação resulte em pessoas

32
melhores, em famílias melhores e numa sociedade melhor”?35 Os graves problemas
sociais que enfrentamos estão muitos ligados à falta de princípios que possam orientar
a vida pessoal e social. A Igreja pode ser a resposta diante desses problemas quando
for despertada e tomar essa atitude.

Cabe à Igreja estender a mão e envolver-se na maior de todas as tarefas: Dar


testemunho do amor de Deus!
Comunicar o seu perdão, anunciar boas notícias, o perdão de Deus. Esse é o
departamento que cabe aos seus discípulos, não convém o julgamento para esses. O
julgamento é departamento de Deus e o convencimento é do Espírito Santo.

Podemos comunicar esse amor de várias maneiras, pode ser em um abraço. A


Irmã Silvia que era chamada “Bruxa da Cracolândia” ouviu o amor de Deus quando se
sentiu amada por meio do abraço de uma missionária da JMN – Junta de Missões
Nacionais. É preciso abraçar com aquele abraço que enxuga as lágrimas.

Um diálogo, ouvir, pode ser uma mão estendida e canal dessa comunicação,
sempre digo que podemos salvar a vida de uma pessoa simplesmente conversando com
ela, acreditando nela – não conhecemos sua dor, o que essas pessoas menos precisam
é de julgamento, isso não tem idade, tem validade para todas as gerações.

Assista o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Xmk6YlYVFNw

Você fará a diferença em dez, para as crianças e adolescentes que estão nas
escolas?

Muitas famílias estão sentindo na pele o desastre de


perceber que estão perdendo seus filhos adolescentes ou
jovens. Eles ficaram muito tempo em cima do muro, duvidosos
entre valores cristãos e a rebeldia que dá popularidade. Eles
caíram e sofreram consequências drásticas e estão sendo
mortos pelas drogas, pela violência, pela fala de limites e
desobediência.

É preciso descer ao nível deles. Salvar vidas, e auxiliá-las a evitar os caminhos


de morte é vocação e missão da Igreja. Tornou-se imperativo descer para atender essa
demanda.

35 SEIBERT. Erni Walter. A Bíblia na Escola – O Livros dos Livros na Comunidade Escolar. Sociedade Bíblica
do Brasil, SP 2000, p. 5.

33
Ter humildade para descer como Paulo teve, quando o jovem Êutico estava
precisando de um abraço para salvar sua vida. Registrado em Atos 20, o jovem Êutico
caiu da janela e foi levantado morto. Paulo parou suas atividades eclesiásticas para
atender o moço no chão: “Paulo desceu, inclinou-se para o rapaz e o abraçou...” (v.10).
Isso fala de humildade para descer ao mesmo nível do outro. Abaixar-se para socorrer
tem se tornado uma atitude rara.

O maior homem que já pisou na terra declarou sua missão, resumindo-a em


poucas palavras: “O filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida em resgate de muitos”36, ele sendo Deus, inclinou-se a nosso favor. Assim,
também deveríamos nos inclinar para socorrer os perdidos.

No ambiente escolar, o capelão é como quem serve. Ele se inclina para atender
o caído, o necessitado, o ferido e o decepcionado. Isso é um chamado para a Igreja. Ele
deve se inclinar para levantar o fraco, ministrando a ele o amor restaurador de Deus.

Quando recorremos à saúde, ao bem-estar do corpo, a palavra bem conhecida é


“clínica”, que vem do grego Klíno, que significa: inclinar-se, deitar-se. Ela é usada no ato
de inclinar-se para ouvir. Assim, o capelão é aquele que inclina os ouvidos às pessoas
que passam por momentos difíceis e ministra a elas, palavras de conforto e apoio
espiritual. Também inclina a alma, condoído pelo sofrimento humano, oferece o auxílio
necessário.

Ao inclinar-se para ajudar o moço, Paulo demonstrou sua


submissão ao chamado de Deus para sua vida. Ele aceitou sua
responsabilidade individual de servir o outro como o próprio Senhor
o fez. Esse também é o chamado da Igreja, a qual, ao olhar para as
mazelas vividas pela sociedade e refletidas no ambiente escolar, ela
deve sentir-se impulsionada a inclinar-se em serviço sincero a todos
os envolvidos na educação.37

3º - Ao adotar uma escola, a igreja precisa estar no lugar certo e na hora


certa.

O que teria acontecido, se o bom samaritano deixasse sua viagem para outro dia?
Ele jamais teria sido útil para aquele que carecia tanto de sua ajuda.

Assim, a Igreja que quer adotar uma escola, precisa estar no lugar certo e na hora
certa. Ela precisa estar no caminho que vai para a escola, precisa transpor seus muros,
encontrar as oportunidades de oferecer ombro para os que choram.

Mas quem está representando a Igreja dentro da escola? Eis uma ótima pergunta.
Temos constatado que um capelão escolar, treinado, e que tenha um coração na obra

36 Mt.20.28
37 FERREIRA, Sérgio Rodrigues. Despertando a Igreja para a missão de Capelania Escolar. 1ª Ed. São Paulo:
RTM – Rádio Trans Mundial, 2012. P. 70 e 71.

34
de Deus, pode ser aquele que desce pelo caminho de Jericó levando remédio e todos
os suprimentos de uma caixinha de primeiros socorros.

O preparo do capelão faz diferença, tanto no momento em que se apresenta na


escola, quanto no atendimento diário. A Igreja não somente deve se preocupar com o
envio e o sustento do capelão escolar, mas deve oferecer suporte para que ele participe
de simpósios, congressos, cursos, relacionados à sua área, a fim de que ele esteja
sempre atualizado e capacitado para o desafio de atender às demandas das escolas.

Quanto aos capelães, o que eles sabem, funciona como um fator de credibilidade
a mais nas suas abordagens. Isso demonstra que ele precisa ter conteúdo bíblico, mas
também deve ter um conhecimento amplo da cultura, da sociedade, da história e da
legislação.

É muito importante verificar que a linguagem excessivamente formal, herdada dos


seminários e das academias educacionais, pode ser um obstáculo quando seu público é
a comunidade escolar. A escola não é igreja.

Ao ensinar, o capelão deve ser prático, com habilidade para contextualizar a lição
à realidade dos seus alunos. Vale lembrar que no ambiente escolar desfilam diversas
linhas religiosas, confissões e filosofias, que precisam ser todas respeitadas, isso não
significa concordar com elas em tudo, mas significa que, ao discordar, se for necessário,
é preciso fazê-lo com ética, amor e respeito.38

Assim, haverá um interesse muito grande dos gestores, funcionários, alunos e


pais a respeito da capacidade produtiva da capelania escolar. Será preciso conquistar
e convencer a escola da competência que possui e colocar-se à disposição de Deus
para ser bênção neste campo missionário urbano, o ambiente escolar.

******************************************************************************

Igreja e Escola - Uma parceria que funciona:


A Igreja, que tem crescido em sua visão missionária,
enxergará a escola como um campo de batalha urbano, e enviará
seus soldados capelães treinados, para fazer diferença naquele
ambiente e salvar crianças, adolescentes, jovens e milhares de
famílias.
A mais conceituada universidade do mundo, a Universidade de Harvard, foi
iniciada com a finalidade de treinar pastores e congregacionais para a tarefa mais nobre
do mundo: comunicar a mensagem do Evangelho de forma a impactar a sociedade
da sua época.

38 FERREIRA, Sérgio Rodrigues. Violência Escolar – A Bíblia e as alternativas de enfrentamento desse mal.
São Paulo, Rádio Trans Mundial, 2014, p. 15.

35
Entre as igrejas históricas, no último século, os luteranos também investiram na
educação, e a ULBRA- Universidade Luterana do Brasil, conta hoje com quase 200 mil
alunos e é mais um exemplo de que a escola é uma forma revolucionária de cumprir a
missão de transformar uma geração. Estão presentes nos estados do Rio Grande do
Sul em várias cidades, Rondônia, Amazonas, Palmas, Tocantins, São Paulo, Goiás e
Pará.
Também no século XIX, visionários da Igreja Presbiteriana iniciaram atividades
voltadas para o ensino da engenharia. Despertado por essa visão, o engenheiro
americano Jonh Theron Mackenzie destinou em seu testamento uma vultosa quantia
para a construção de uma faculdade de engenharia em São Paulo. Como fruto desse
investimento, o Sistema Mackenzie de Ensino, em sua configuração de hoje dispensa
comentários.

Já no início do século XX, uma missionária americana chamada Ephigênia Roe


Maddox, que também era professora, inicia com apoio da Igreja uma pequena escola
em sua casa, com treze alunos. Não demorou muito em 1918 nascia o Colégio Batista
Mineiro, o qual cresceu e ganhou credibilidade em todo o Estado de Minas Gerais,
motivando mais tarde a existência do Sistema Batista Mineiro de Educação. Colégio
Batista Mineiro começou na casa da Professora Ephigênia Roe Maddox, onde não havia
nenhum trabalho batista. Em 1918 em Minas Gerais eram 7 igrejas, 42 pontos de
pregação, 700 membros, 3 missionários, 5 pastores, para alcançar 5 milhões e meio de
mineiros em 178 municípios. Depois de 100 anos existem 753 igrejas, 423
congregações, distribuídas em 18 Associações com 517 cidades e mais de 90 mil
membros, 70 famílias de missionários, 1.095 pastores para alcançar cerca de 22 milhões
e meio de mineiros em 853 municípios, ainda precisam chegar a 336 cidades, Minas
Gerais ainda é um desafio.39

A Igreja Metodista já investia em ensino na Inglaterra desde 1748. Este chamado


também influenciou os metodistas do Brasil e, como exemplo disso, podemos citar a
fundação da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista de São Paulo, em São Bernardo
do Campo no ano de 1938, que se tornou mais tarde num complexo universitário de
grande influência e confiabilidade.

Por que não investir na escola?

AO ADOTAR UMA ESCOLA, VAMOS NOS DEPARAR COM 7 P’s:

39 Dados da Assembleia da Convenção Batista Brasileira de 2018 em Poços de Caldas – MG, em


comemoração de 100 anos do Colégio Batista Mineiro.

36
1º P – PESSOAS - Mateus 25: 34 a 46. “Tive fome e me deste de comer, tive
sede...”
• Quais as necessidades (escola/pessoas);
• Acolher (ouvir sem julgar, estamos juntos);
• Aconselhamento;
• Visitas (alunos, famílias, profissionais da educação);
• Aplicar princípios que vem de Deus (cuidar em momentos de dor, tristeza,
necessidade de ser ouvido);
• Ministério de oração (dentro e fora da escola – Ex.: Filme desafiando gigantes –
capelão orando nos armários);
• Mediador (uma ponte diante de uma situação que não domina);
• Compaixão (misericórdia);
• Cuidado (empatia, amor);
• Servir (abraçar, o outro na sua necessidade);
• Projeto Socioeducativo (drogas, violência e outros);
• Ganhar pessoas para você (confiança);
• Valorizar os sonhos das pessoas (reavivar a fé e a esperança).

2º P – PALAVRAS –
• Departamento de Comunicação (você e eu);
• Julgamento = Deus e Convencimento = Espírito Santo);
• Saber comunicar de forma clara;
• Estou aqui para servir a escola;
• Apresentar um projeto (o que posso oferecer);
• Encontro com os professores (deixar bem claro sua função de capelania – ombro,
apoio);
• Compartilhar sobre Deus a partir de 3 histórias
• A minha história;
• A história do outro;
• A história de Deus.
• Palavra branda (leve, macia, meiga) acalma o furor. “A resposta branda desvia o
furor, mas a palavra dura suscita a ira”. (Provérbios 15.1).

3º P – PROJETO - Projeto é o desejo de fazer ou realizar algo no futuro:


• Descrição detalhada de empreendimento a ser realizado;
• Nunca perca de vista que o ambiente de capelania escolar é um ambiente de
educação e formação;
• Todo projeto vem a existir diante de um problema;
• Fazer um levantamento do problema da escola;
• O que posso oferecer nesse projeto (minha área de conhecimento); fazer uma
pesquisa de campo (quantos alunos, quantos professores, pessoal administrativo,
quais os períodos, qual o perfil da comunidade e outros);
• Podem ser mini projetos (curta duração);

37
• Deixar bem claro no projeto o problema, como resolver, qual a contribuição, a
metodologia, recursos necessários e esperados.

4º P – PARCEIROS - Mobilização de recursos: (dinheiro, material e pessoas):


• Mediante o princípio bíblico Deus é um doador, a doação faz parte da essência
de Deus:
• Deus deu seu Filho;
• Jesus deu sua vida;
• Espírito Santo está em nós.
• Ter sempre em mente: a Deus pertence todas as coisas;
• Mordomia cristã: é o mesmo que manejo responsável dos recursos do Reino de
Deus que nos foi confiado;
• Alguns parceiros que temos aqui:
• SBB- Sociedade Bíblica do Brasil – Projeto ECAB – Cidadania - Resgatando
valores dentro das Escolas;
• Projeto Nova – FHUNASP – Prevenção e assistência com crianças a
adolescentes vítimas de abuso e exploração sexual;
• Justiça Restaurativa–Tribunal de Justiça Poder Judiciário do MS- conversa de
roda, resolução de conflitos para que não chegar nos tribunais, processos que
podem gerar uma economia enorme dos cofres públicos;
• Médicos e enfermeiros;
• Contação de histórias – Para alunos, pais e professores; - fantoches, Power point,
cartaz, teatros, narradas;
• Equipes de bandas e solo;
• Equipes de dança;
• Pintura facial;
• Psicólogos – com projetos de resiliência emocional (MENTE PLENA);
• Conselho tutelar.

5º P – PODER – Poder significa possuir força física ou moral, ter influência:


• Poder maligno;
• Poder político;
• Poder do “sistema”;
• Poder paradigma (padrão, modelo);
• Poder de Deus: “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre
vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria,
e até os confins da terra” (Atos 1.8).

6º P – PROBLEMA – Questão social que traz transtornos e que exige grande


esforço e determinação para ser solucionado:

• Oportunidade de crescimento;
• Uma oportunidade para trabalhar valores, princípios, valores e outras virtudes;

38
• Sempre teremos diante de nós para que possamos resolver;
• Com sabedoria e conhecimento transformará em grandes oportunidades para o
exercício da capelania;
• Diante dos atendimentos não focar no problema, ter no início sempre uma
abordagem positiva, falando coisas boas e solicitando para falar
de coisas boas;
• Não utilizar termos tais como: mas, contudo, entretanto...
• Não converter as pessoas;
• Buscar em Deus sempre soluções para os problemas;
• Procure desarmar as pessoas diante dos problemas;
• Se não tiver conhecimento na área, busque ajuda;
• Estratégias: oportunizar a entrada dos Gideões, pois têm dificuldade para entrar
nas escolas - Problema: a escola é carente de alunos que tem uma pessoa masculina
como referência e com desempenho profissional – os gideões são homens de negócios
com tempo flexível para a entrega dos Novos Testamentos - Solução: Sugerir que um
desses venha a escola para relatar sua vida e sua trajetória de vida e de sucesso, com
isso ganha confiança da instituição e aí fica mais fácil para realizar seu trabalho;

Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo
conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. (Filipenses 4.6)

7º P – PLANO – Passos do Projeto:


• Persistência: “Se for para contar história e não voltar, nem vai à minha sala”. Fala
de uma diretora preocupada, pois muitos projetos bons começaram e não
continuaram;
• Plano para cada dia, metas;
• Plano para estudar, se preparar;
• Plano para enfrentar o desafio do universo escolar;
• Plano de oração;
• Plano de estudo bíblico (Pai que não queria jogar vídeo game com o filho, se você
faz tantas coisas difíceis porque não jogar com seu filho – Naamã).

PEDAGOGIA DA CADEIRA E A CAPELANIA:


Pedagogia da Cadeira se refere ao ato de assentar-se e ensinar. Consiste em dar
atenção personalizada a pessoas com necessidades diversas. É o tipo de trabalho que
a capelania desenvolve.
A palavra “pedagogia” pode dar a impressão de que sempre atua na área da
educação, ou ainda, que ela contenha linguagem técnica que dificulta o entendimento
de pessoas que não atuam na área da educação.

39
Respire aliviado, não é assim! Pedagogia da Cadeira
significa sentar e ouvir alguém, sentar e conquistar a sua
confiança, sentar e ensinar, consolar, cuidar e auxiliar ao que
passa pela dor.
“Sempre terá uma cadeira vazia à sua espera para te
ouvir”.
A ideia é demonstrar o valor do ato de sentar e dar atenção
a uma alma ferida ou desorientada. E, embora a experiência do autor de “Pedagogia da
Cadeira” seja a sua atenção no ambiente escolar, as informações contidas neste
trabalho podem ajudar a qualquer pessoa que queira ajudar o outro. Serve para o amigo,
o pai, a mãe, o pastor, a professora, o padre, o psicólogo ou o terapeuta, principalmente
porque exalta a prática da abordagem individual, coisa que está em falta, hoje em dia.
Pode se dizer que “pedagogia da cadeira” é o conceito teórico da prática do
atendimento espiritual e que a capelania é parte da prática.
Vale lembrar como vimos nas leis mencionadas anteriormente, que a Constituição
Federal em seu artigo 5º, inciso VII, assegura a prestação de assistência religiosa em
entidades civis ou militares de internação coletiva, aos que se interessam em praticar a
Pedagogia da Cadeira como capelães, tal prática é assegurada pelos termos da lei.

Ao cristão também se abre uma oportunidade de aprender e ouvir, de seguir o


exemplo do Mestre e atender as pessoas em um ministério que forneça ajuda moral,
espiritual, emocional e familiar àqueles que estão com os olhos marejados, com uma
das mãos estendidas a pedir encarecidamente: “Sente comigo, me ajude, por favor”!
Pode sentar com o coordenador, e com o aluno, com sua família. Basta que haja
necessidade espiritual e emocional. Este gesto, de sentar e ouvir pode auxiliar a escola
na busca de soluções do alto, de Deus, para os problemas.
Essa ferramenta é: “Pedagogia da Cadeira”, você disponível para assentar-se
com as pessoas, sejam elas docentes, alunos ou seus familiares. Uma metodologia
usada pelo maior dos Mestres - Jesus Cristo - e por muitos capelães, que doam seu
tempo voluntariamente para diversas instituições públicas ou privadas levando a
mensagem de amor e o saber ouvir sem julgamento e apontamento, o que tantas
pessoas muito precisam. O que pode intervir na vida das pessoas de modo
produtivo e útil.
Entre as docências, alguns choram no ombro, como a pedir socorro, dando-nos a
oportunidade de sentar com eles aconselhando a falando da minha esperança em um
Deus que está no controle de todas as coisas.
No meio de alunos considerados problemáticos, descobri que na maioria dos
casos, eles só precisam de um pouco de atenção, de alguém que sente para ouvi-los e
dar-lhes orientação clara e amigável. Também houve casos de pais e mães que não
sabiam mais que fazer com seus filhos, e muitas vezes não têm com quem e onde
buscar um ombro amigo, a aproximação, o conselho, o amor próprio, talvez ninguém
sentou com eles.40

40 FERREIRA, Sérgio Rodrigues. Pedagogia da Cadeira. 1ª Edição,


Rádio Trans Mundial. São Paulo, 2010.

40
ALGUMAS CAPELANIAS E SUA MISSÃO:

1 - Capelania Militar

No Brasil, as Forças Armadas foram assistidas por sacerdotes católicos, desde


quando éramos colônia de Portugal. A partir da proclamação da República, pastores
evangélicos também têm oferecido sua contribuição a esse ministério.
Realizar instruções ou palestras que visem à elevação do moral da tropa e a
educação moral do pessoal das unidades que lhe forem designadas; visitar e assistir os
presos, enfermos e demais necessitados; participar do levantamento do censo religioso
em sua capelania; colaborar em campanhas contra o uso de substâncias que causem
dependência química e em campanhas preventivas das doenças sexualmente
transmissíveis; atender à família militar e aos servidores civis lotados nos quartéis;
realizar cultos de ação de graças em datas especiais; celebrar cerimônias de
casamento; realizar exéquias (cultos fúnebres) e acompanhar familiares enlutados;
entre outros.
As atividades compreendidas pela Capelania Militar ficam sob a responsabilidade
de um órgão próprio, um serviço específico dentro da estrutura militar, cuja
nomenclatura sofreu modificações ao longo de sua história no Brasil.
As principais atividades realizadas pelos capelães militares, padres e
pastores são:
- Prestar assistência religiosa e espiritual;
- Visitar os enfermos e os presos da Corporação;
- Assessorar o Comando nos assuntos de natureza ético-moral;
- Apoiar pastoralmente famílias enlutadas;
- Atuar pastoralmente nas situações de crises pessoais e familiares, de
catástrofes, auxiliar nas ações de enfrentamento ao alcoolismo e uso indevido de
substâncias químicas, na construção e fortalecimento da espiritualidade no
ambiente de trabalho;
- Atuar pastoralmente na formação ética dos integrantes da corporação;
- Colaborar com o comando na realização de atividades festivas, com o comando
na criação e fortalecimento de laços entre a corporação e a sociedade civil
organizada;

2 - Capelania Prisional

O Brasil possui a quarta maior população carcerária do mundo. Acesse o site do


Ministério da Justiça e conheça mais a respeito!
Seguindo sempre as normas internas de cada instituição de internação coletiva,
a assistência ao presidiário poderá ser desenvolvida por meio de cultos inspirativos,
estudos bíblicos, reuniões de oração, terapias ocupacionais, atendimentos psicológicos
por profissionais da área, palestras motivacionais, e de prevenção ao uso de
substâncias químicas, e demais atividades desenvolvidas por equipes multidisciplinares.

41
3 - Capelania Policial

Trata-se de uma assistência religiosa, prestada por ministro religioso, garantida


por lei em entidades civis e militares de internação coletiva como dispositivo previsto na
Constituição Brasileira de 1988 nos seguintes termos: “é assegurada, nos termos da lei,
a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação
coletiva”. (CF art. 5º, VII). O trabalho do policial é citado como envolvendo riscos
diferenciados, que abrangem desde quesitos físicos como psicológicos.
Ficar muito tempo de pé, em ambiente frequentemente poluído ou muito tempo
sentado em viaturas, causa desgaste físico, bem como o não estabelecimento de horário
regular para alimentação e as convocações para participar de operações policiais nas
horas de folga. O desgaste psicológico advém das incompreensões dos superiores, do
público, dos cidadãos tensos ou em profundo sofrimento, das ameaças nos encontros
com criminosos e, ultimamente, com a possibilidade de ser emboscado por vingança
que pode alcançar até os familiares - a pior fonte de tensão de todas.

4- Capelania Ambiental

O Capelão elabora e monitora projetos sustentáveis a fim de promover melhor


qualidade de vida no planeta. Desenvolve projetos visando à propagação de uma
visão sustentável do uso de nossos recursos naturais, assim como uma utilização
mais consciente de nosso planeta.
ECO CAPELANIA - Capelania Ambiental - Desenvolve projetos visando à
propagação de uma visão sustentável do uso de nossos recursos naturais, assim como
uma utilização mais consciente de nosso planeta. Dia 21 de setembro foi criado pela
organização não governamental norte-americana The Ocean Conservancy, com o
objetivo de estabelecer uma data que fizesse parte do calendário anual e de
conscientizar as pessoas em relação ao lixo descartado inadequadamente e à poluição
que gera nos recursos hídricos. O lixo na areia à beira das praias também é uma
poluição que pode causar danos a todos em volta.
O intuito maior é gerar a conscientização e, em seguida, distribuição de material
simultaneamente nas praias e rios. O evento é promovido por diversas organizações
internacionais, quando acontece um grande mutirão com voluntários para despoluir rios,
lagoas, praias e oceanos.41

5 - Capelania Parlamentar

Embora seja uma das áreas mais novas do serviço de capelania, a participação
do capelão é de extrema importância. Dentro do parlamento, seja Federal, Estadual ou
Municipal, por força da função, o capelão estará bem próximo àqueles que definem o
dia a dia da sociedade, por meio das Leis. Pelo que, ações espirituais bem elaboradas

41 Manual do Capelão - Edição Internacional (H. Kennedy Passos)1ª


Edição 2009

42
do capelão ou de sua equipe, poderão, sem dúvida, ressaltar valores morais e espirituais
indispensáveis para a felicidade geral da nação.
No Brasil, mais precisamente, em Brasília – DF existe um trabalho de capelania
parlamentar desenvolvido sob a responsabilidade da Frente Parlamentar Evangélica do
Congresso Nacional. Denomina-se Capelania da Frente Parlamentar Evangélica (FPE),
iniciada em 2003. A finalidade da capelania é prestar assistência religiosa e espiritual a
deputados, senadores, funcionários e seus familiares por meio de atos e atividades que
expressem amor, conforto e esperança.

Segundo Freire (2013)

[...] o fato de cada parlamentar iniciar o dia adorando a Deus e


entregar a Ele a direção de todas as ações do dia a dia tem feito
da Frente Parlamentar Evangélica uma frente vitoriosa nos
grandes embates políticos que decidem a vida nacional sem
perder de vista os preceitos bíblicos para o povo
brasileiro[...] (Cap. Paulo Freire)

De acordo com Benedito Dias, integrante da equipe do Pastor e Capelão Paulo


Freire, as atividades previstas incluem: “visitas a gabinetes parlamentares,
acompanhamento de situações, cultos, vigílias e almoço de evangelização”. Informou,
ainda, que as principais atividades desenvolvidas têm sido:
- Assistência religiosa – aconselhamento e orientação espiritual a parlamentares
e assessores de gabinetes.
- Evangelização parlamentar.
- Celebração de cultos semanalmente.
- Desenvolve projeto de evangelização de políticos, empresários, promotores,
magistrados, ministros de estado, frequentadores da Casa em geral, em conjunto
com a ADHONEP (Associação de Homens de Negócio do Evangelho Pleno).
- Atendimento livre a servidores, terceirizados nas suas necessidades espirituais
e religiosas.
-Coordenação de vigílias (orações) pela aprovação dos projetos (matéria
legislativa) considerados benéficos, e rejeição de proposições nocivas à
sociedade brasileira.
Ainda, segundo Benedito, a equipe de capelania da FPE compõe-se de quatro
integrantes, atualmente. A realização de cultos, vigílias e almoço de evangelização
acontecem sob autorização da Direção da Casa (Câmara Federal). O Capelão é sempre
um pastor no exercício do seu mandato parlamentar.

6 - Capelania Empresarial

Reconhecendo a integralidade do ser humano, muitas empresas vêm abrindo


suas portas para a atuação do serviço de Capelania Empresarial. Dentre muitas
atividades que poderão ser desenvolvidas, ganham evidência as mesmas que se
realizariam em outras instituições públicas ou privadas, como: aconselhamento
individual; visitas aos enfermos, enlutados ou com problemas familiares; palavras de
bênção ou cultos em ação de graças em datas especiais; realização de cultos diários ou

43
semanais em horários de almoço; organização de conjunto coral; participação em
encontros sociais, passeios, exibição de filmes.
Capelania empresarial, também chamada de corporativa é o nome que tem sido
dado ao trabalho de assistência religiosa e espiritual realizado em empresas. O
funcionamento da Capelania Empresarial ocorre de acordo com os entendimentos
estabelecidos com a direção de cada empresa. O trabalho realizado é de natureza
interdenominacional. A metodologia de trabalho inclui a utilização dos pequenos grupos
que se dedicam ao estudo de temas do interesse comum e à oração.
Os capelães empresariais podem exercer suas atividades com ônus para as
respectivas igrejas ou empresas interessadas. O alvo principal da capelania
empresarial, proposto pelo Capelão Edilaney, é: “A Capelania Empresarial é um serviço
proativo de apoio, assistência espiritual e aconselhamento voltado ao que é mais
importante dentro de uma empresa, os seus funcionários”.

7 - Capelania Esportiva

Especialmente por causa dos grandes deslocamentos dos períodos de


concentração, das exigências de autocontrole e de perseverança física e emocional a
que são submetidos os jogadores, a presença do capelão esportivo tem-se tornado uma
necessidade constante no meio esportivo. Isso acontece por meio de aconselhamentos,
exortações, palestras motivacionais, momentos de oração de intercessão e de gratidão,
a participação do capelão na vida dos jogadores ou de toda a equipe pode se tornar
imprescindível. A capelania esportiva é o meio pelo qual o obreiro cristão se coloca à
disposição para prestar assistência religiosa e espiritual ao atleta. Os anseios criados
pelas competições, a constante preparação física e psicológica, às vezes, o
distanciamento da família e outras situações estressantes fazem com que o atleta venha
necessitar de um cuidado de natureza capelâmica.
O pleno êxito da capelania esportiva depende, dentre outros fatores, da maneira
como os dirigentes esportivos concebem o trabalho dos capelães. O bom desempenho
dos atletas serve de indicador quanto à melhoria de sua qualidade de vida como
consequência da assistência capelâmica recebida. Não nos esqueçamos de que o
exercício da capelania esportiva, dentro dos espaços oficiais, está sujeito às normas
estabelecidas pelos dirigentes esportivos ou comitês em comum acordo com as
entidades dos capelães visando à cooperação mútua.

8 - Capelania Hospitalar

Em virtude da grande rotatividade dos enfermos, nos leitos dos hospitais, haverá
sempre a necessidade da identificação apropriada do capelão. Além disso, realizar
visitas em todos os leitos; estar apto para utilizar os meios de conforto e restauração
física, emocional e espiritual, tais como a oração, a Bíblia, guias de estudos devocionais,
folhetos, livretos evangelísticos; quando permitido, utilizar-se da capela do hospital para
a realização de cultos regulares; incluir, sempre que possível, a assistência inclusive
aos profissionais lotados no ambiente visitado.

O CONHECIMENTO ABRE PORTAS, MAS A FALTA DELE PODE FECHAR!

44
CAPELANIA ESCOLAR I

Professora: Márcia Alves Doneda Fagundes42

Carga horária: 200h/a

UNIDADE II - O CAPELÃO ESCOLAR, ÉTICA E A LEI

A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO CAPELÃO ESCOLAR:


Para o exercício da capelania escolar é desejável que tenham pessoas
com formação em alguma área das ciências humanas, a saber: teologia,
direito, filosofia, história, letras, ciências sociais, serviço social, estudos
literários, geografia, arqueologia, relações internacionais, psicologia,
pedagogia e outras nessa área para que sirvam com o ofício de
capelão. Devem ser pessoas que gostem da leitura de livros sobre
aconselhamento e sobre interação e relacionamento. Também devem ser
atualizadas, que leiam jornais, revistas e se interessem pelos mais variados
assuntos e temas com os quais tenham que lidar.

Espera-se também que o capelão tenha uma formação mínima na área ministerial
de aconselhamento e visitação, ou que tenha em seu currículo cursos ou
especializações em capelania. O capelão escolar é aquela pessoa de maior idade, de
ambos os sexos, com perspectivas voltadas para a fraternidade universal e com
experiência em relações pessoais.

A pedagogia é muito necessária nesse contexto, uma vez que no caso do ensino
da educação religiosa, esta matéria é muito relevante. Entende-se que, o desafio é onde
quer que esteja inserido o ser humano, seja criança, adolescente, jovem ou adulto, a
parte espiritual precisa ter tratamento diferenciado e especializado.

Capelão é o sacerdote, pastor, padre ou líder religioso a quem se confia de modo


estável o cuidado de uma comunidade específica ou grupo particular de pessoas, mas
não uma igreja. É o encarregado dos ofícios religiosos e o apoio espiritual do grupo. A
seguir algumas características esperadas em um capelão escolar:

- Ter uma postura irrepreensível, como líder cristão;


- Ser respeitado e aceito no meio em que vive;
- Ter um bom relacionamento com todos os que atuam na escola;
- Ser capaz de trabalhar em equipe;

42 Mestranda em Teologia Prática, Psicopedagoga, Capelã Escolar, Pedagoga e Missionária da JMN – Junta de Missões
Nacionais e da ACIBASM (Associação Centro das Igrejas Batista) e da CBSM (Convenção Batista Sul-mato-grossense).

45
- Ser parte do corpo, interessado no progresso, sustentação e na boa imagem da
instituição onde trabalha;
- Ter um comportamento irrepreensível no relacionamento dos alunos. Não
permitir excesso de intimidade e de liberdade com sua pessoa e vice-versa;
- Ser íntegro. Não usar de sua posição para oferecer vantagens e obter favores
dos alunos ou pais;
- Privilegiar a competência. Não se sustentar apenas pela simpatia e o bom
relacionamento com os alunos, mas, principalmente, pela sua habilidade pedagógica,
fundamentada no conhecimento;
- Ter maturidade para aceitar e reagir às críticas, fazendo delas parte da base
para seu próprio crescimento;
- Não discutir descontroladamente para defender a Bíblia, mas ensiná-la e divulgá-
la com sabedoria e através de um testemunho de vida saudável;
- Ter uma linguagem que comunique com clareza às faixas etárias com as quais
vai trabalhar;
- Ter formação na área de capelania e ou aconselhamento;
- Procurar sempre se atualizar, através de cursos que contribuam para seu
aprimoramento;
- Vestir-se adequadamente, evitando roupas indiscretas ou inadequadas à sua
condição;
- Cuidar da saúde e apresentar-se bem-disposto física e emocionalmente;
- Zelar pelo seu corpo, exercitando-o, lutando contra a má postura e o uso
inadequado da voz.

É impossível a qualquer capelão ou auxiliar conseguir reunir em si todas as


características esperadas de um capelão ideal. Cabe a cada capelão perseguir este
perfil e procurar estar mais próximo dele possível, pois serve de inspiração e de objetivo,
sem deixar de verificar as áreas em que se pode melhorar.

Apresentamos alguns suplementos que devem compor o currículo de um


capelão, além de sua formação nas áreas da teologia, da pedagogia ou da
psicopedagogia:

1 – VIDA ESPIRITUAL – Além da formação acadêmica um capelão precisa de


reforço espiritual, isto é, de uma manutenção intensa e sadia das condições espirituais.
Esse preparo começa a partir de sua convivência com a Bíblia. Oração não deve
ser a última solução, mas a primeira atitude. A religião fornece diretrizes para uma
melhor qualidade de vida neste mundo, estabelece princípios que regulam a convivência
social e estimula o interesse do homem pelo seu próximo.

2 – ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL – Ele pode estar preparado para o ensino


religioso ou de religião, mas precisa saber o que é a assistência espiritual. Isto é, além
de passar informações e conhecimentos sobre religião para um grupo de alunos ou um
grupo do universo escolar, deverá acima de tudo, orientá-los a terem um relacionamento
com Deus.
.
3 – ACONSELHAMENTO - Como regra geral, tanto o aconselhamento cristão
quanto o aconselhamento secular compartilham o mesmo desejo de ajudar as pessoas

46
a superar seus problemas, encontrar significado e alegria na vida e tornar-se indivíduos
saudáveis e bem ajustados, tanto mentalmente quanto emocionalmente. A maioria dos
conselheiros possui pós-graduação e tem passado anos aprendendo o seu ofício. A
palavra "aconselhamento" pode ter significados múltiplos, incluindo oferecer conselhos
e encorajamento, compartilhar sabedoria e habilidades, definir objetivos, resolver
conflitos entre outros conceitos. Os conselheiros normalmente sondam o passado (quer
o problema tenha acontecido há uma semana ou durante a infância) numa tentativa de
reparar o presente. Às vezes, eles exploram os possíveis efeitos de desequilíbrios
físicos e químicos que podem causar problemas fisiológicos. Uma parte importante do
aconselhamento é resolver e restaurar os conflitos entre as pessoas.

4 – CONHECIMENTO BÁSICO DE SITUAÇÕES DE RISCO – Em nossos dias


há diversos problemas que estão afligindo e destruindo as esperanças dos alunos dentro
das escolas. Vamos nos deparar com várias situações que estão ainda sendo
estudadas, mas já vivenciadas pelos alunos. Como conselheiros, precisamos ter uma
noção básica para encaminharmos para o devido tratamento e ajuda. Temas como:
homossexualismo, ideologia de gênero, drogas, suicídio, autolesão, depressão,
violência, exploração sexual de crianças e adolescentes, sexualidade exacerbada,
divórcio, bullying, gravidez precoce, e outros.

5 – CALENDÁRIO ESCOLAR – Algumas celebrações nas escolas dentro do


calendário escolar são bastante discutidas e contravertidas para os conceitos cristãos.
Isto pesa muito, principalmente nas escolas chamadas confessionais. Quando não
confessionais é necessário ter todo conhecimento de qual data se trata para saber se
convém.
Assista este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ihB3_GWSKuk

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CARACTERÍSTICAS DO CAPELÃO ESCOLAR:


As características a seguir são ideais esperadas de um líder cristão e um
capelão com algumas adaptações ao universo da escola. Como foi dito
anteriormente trata-se de um perfil a ser perseguido.

Vocação – Atividades realizadas por um capelão exigem mais do que


simplesmente formação profissional. O capelão deve se sentir chamado por Deus para
a realização de uma tarefa que sem dúvida, é uma tarefa preciosa. A vocação do
capelão é considerada pelo projeto como um ponto fundamental para o êxito do trabalho.
O capelão deverá ser aquela pessoa que sinta prazer em ajudar a aliviar o sofrimento
do próximo, para isto, todo capelão deverá sentir gosto pela visitação, conversação e
interação humana. Ele é aquela pessoa que não se sente incomodado por ser

47
procurado, nem desconfortável em ter que se relacionar com pessoas que nunca viu.
Seu maior desejo é conseguir chegar perto dos aflitos, adquirir sua confiança, e ser-lhe
um ajudador.

A satisfação e a alegria que o capelão demonstra ao realizar sua tarefa é uma


das credenciais mais importantes de sua vocação. Outro fator que referenda a vocação
do capelão é seu dinamismo e sua curiosidade. O capelão deve ser aquela pessoa
criativa, empolgada, que sempre tem novas ideias e sempre está em busca de realizar
algo novo no seu trabalho. Para isto, ele estuda, investiga, pensa, consulta e tenta
colocar em prática novas modalidades de serviços de capelania. O capelão sempre está
interessado em saber dos problemas, em fazer novas amizades, em conhecer as várias
situações nas quais as pessoas se encontram, e não descansa enquanto não encontrar
uma forma de ajudar.

Bom ouvinte – Trata-se de uma habilidade que é pré-requisito do capelão


escolar. Saber ouvir é ser empático, ser capaz de deslocar do seu mundo, em direção
ao mundo do outro, de tal modo que entenda suas dores, suas dúvidas e suas angústias.
Ser paciente para entender a problemática que o aconselhamento traz. É preciso ter
paciência diante das incompreensões geradas por sua ação na escola, incompreensão
ou má-fé, desqualificam seu trabalho e/ou menosprezam sua ação.

Assista este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=COZzF4dJaXU

Perrengues Pedagógicos.
Para entendermos a realidade de um professor!

Personalidade - Capelão escolar é uma figura amável e idônea, que ama a vida
e o próximo. Ele é uma pessoa humilde, honesta e educada, disposta a ouvir mais do
que falar. Deve ser alguém sempre misericordioso e bondoso com aqueles a quem
serve. Tem sempre uma palavra de ânimo e estímulo para os abatidos. É uma pessoa
de muita esperança e muitas perspectivas para o futuro. Sua pessoa transmite paz,
estabilidade, alegria, e muita disposição para viver e ajudar o próximo.

Apresentação - A apresentação do capelão é um fator muito considerado por


este projeto. Todo capelão deverá estar uniformizado ou identificado devidamente com
crachá. É fundamental para a sua boa apresentação que ele saiba, educadamente, se
apresentar a pessoas estranhas, saiba começar um diálogo e, com facilidade, abordar
uma família de aluno em sua residência. É necessário possuir uma mente aberta, ainda
mais no ambiente da escola, onde lida com pessoas oriundas dos mais diversos
ambientes, das mais diversas estruturas familiares e com pessoas de meio cultural
distinto. Seu modo de ser e de agir deve revelar uma compreensão mais aguda de toda
essa diversidade. Além disso, é necessário ter abertura para dialogar com as chamadas
ciências contemporâneas e ser capaz de locomover em um mundo mais acadêmico.

Ser conciliador – Isso implica perceber o outro como pessoa digna de


consideração e respeito. Implica ser atencioso e prestativo. Demonstrar a sua
preocupação pelo bem-estar do outro através das orações e da disponibilidade em ouvir
e ajudar. Deve ser por natureza um pacificador. Diante dos tumultos do cotidiano precisa

48
serenidade para falar palavras que sejam realmente “bem-ditas”, que tragam paz e
reflexão, que promovam mudanças, não pela força da imposição, mas pela coerência
dos seus argumentos respaldados por uma ação que faça sentido.

Sua missão dentro do projeto - A missão do capelão neste projeto é realizar


três tarefas na escola para as quais foram designados:

1 - Realizar um trabalho de orientação pessoal em local próprio para


aconselhamento ou em grupo através de palestras;
2 - Realizar um trabalho de visitação às famílias de alunos e aos alunos faltosos
na escola. O total de horas de trabalho deve ser estabelecido de acordo com as
necessidades;
3 - Realizar eventos recreativos que tenha como objetivo fazer uma interação
entre os alunos, bem como a apresentação da pessoa do capelão na escola. Isto pode
ser desdobrado em passeios, viagens turísticas, filmes, apresentação de bandas
musicais gospel, teatro e outros. Este trabalho também pode ser utilizado em datas
comemorativas, especiais e feriados nacionais;

Suas ferramentas, acessórios e horários de trabalho- As ferramentas de


trabalho do capelão devem ser a Bíblia (pessoal), livros sobre aconselhamento e
orientação familiar, folhetos informativos sobre qualidade de vida (drogas, sexo, saúde
e outros). Seus acessórios indispensáveis são fichas de acompanhamento de casos,
uniforme da capelania ou crachá, pastas, canetas, blocos de anotações e fichas de
relatório.

*******************************************************************************

CÓDIGO DE ÉTICA DO CAPELÃO43

Para que possamos adentrar na consideração do Código de ética do Capelão


Escolar, vamos recordar que a palavra ética vem do grego “ethos” e significa costumes
e práticas que são aprovadas por uma cultura. A ética é a ciência da moral. Considera-
se como uma ciência normativa, sem contraste com as ciências exatas, tais como
matemática, a biologia, a física e outras. A ética tem a ver com as normas sob as quais
homem e sociedades vivem.
Falando em termos de profissão, ética pode ser definida como o “conjunto de
princípios morais pelos quais o indivíduo deve orientar o seu procedimento na profissão
que exerce”. E para completar, moral é a ciência que regula à vontade na direção do
bem.

CAPÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

43 FERREIRA, Damy. Capelania Escolar Evangélica. 1ª Ed. São Paulo: RTM – Rádio Trans Mundial, 2008.

49
Art. 1º. – A Capelania Escolar é uma atividade religiosa de cunho espiritual que
lida com indivíduos em formação física, mental e espiritual, que frequentam escolas
públicas e particulares, procurando dar-lhes orientação religiosa e espiritual, dentro do
respeito à liberdade religiosa de cada pessoa e de cada família.
Art. 2ª. – O Capelão deve inteirar-se do regimento interno da escola em que atua
e das normas disciplinares dos alunos, professores e funcionários, respeitando-os
plenamente.
Art. 3ª - A atuação do capelão não deve contrariar o trabalho de professores,
pedagogos, psicólogos e diretores, nem lhes embarcar os programas, mas sim,
cooperar para o bom desempenho dos alunos.
Art. 4º. – Os programas do capelão devem ser elaborados dentro de uma visão
integrada aos programas educacionais da escola para que possa contribuir para o
aproveitamento dos estudantes.
Art. 5º. – O trabalho do capelão com os alunos não deve contrariar orientações
das famílias. Quando alguma família não permitir que seu filho participe dos programas
da capelania, isto deve ser respeitado.
Art. 6º. – A área de educação a ser trabalhada pelo capelão é apenas a educação
religiosa e o aconselhamento pastoral. Não deverá ele entrar na área dos pedagogos
nem dos psicólogos da Escola, mesmo que tenha habilitação profissional na área. Se
na sua atividade surgirem casos desta área, ele deverá encaminhar os alunos para
aqueles profissionais.
Art. 7º. – Assuntos de disciplina não deverão ser acolhidos pelo capelão, a menos
que seja solicitado pela direção da Escola.
Art. 8º. – Igualmente, casos de avaliação pedagógica, em que alunos se julguem
injustiçados por professores e educadores, não devem ser acolhidos ou tratados pelo
capelão, especialmente quando exercerem suas atividades em Escola Pública ou
Particular não confessional.

CAPÍTULO II – DA RESPONSABILIDADE QUANTO À ORIENTAÇÃO DE CASOS


ESPECIAIS
Art. 9º. – No contexto de uma escola surgem problemas de droga, de alcoolismo,
de gravidez de adolescente e outros casos especiais. O capelão pode ser a primeira
pessoa a detectar tais problemas em crianças, adolescentes e jovens. Ele não deve se
omitir em trabalhar esses problemas, buscando a melhor orientação para a solução de
cada caso.
Art. 10. – Ao detectar tais casos, o capelão averiguará primeiro, se pertencem a
outras áreas profissionais da Escola, antes de tomar qualquer atitude.
Art. 11. – Ao convencer-se de que o caso pertence à sua área, o capelão iniciará
seu trabalho respeitando, evidentemente, o indivíduo e sua família.
Art. 12 – Igualmente, ao tratar de problemas especiais com estudantes, o capelão
deverá avaliar o momento certo de comunicar o fato aos pais. E quando o fizer, deverá
ser com bastante cuidado para não criar recuo do jovem que está sendo ajudado e nem
provocar reações extremadas dos pais.
Art. 13 – Casos de grande gravidade ocorridos com estudantes maiores de idade,
só serão relatados aos pais, caso eles concordem ou julguem que necessitam daquela
ajuda.

50
Art. 14 – Casos de gravidade ocorridos com estudantes menores de idade
deverão ser relatados aos pais, naturalmente dentro dos cuidados que exige cada
questão.
Art. 15 – A gravidez de adolescente é um caso especial de grande gravidade,
porque envolve corrupção de menores, que exige os seguintes cuidados:
a) Esperar que o caso lhe venha ao conhecimento, ou pela própria pessoa ou
pela direção da escola, ou, ainda, pelos pais;
b) Averiguar se os pais estão sabendo do fato e qual a atitude deles;
c) Jamais ser drástico com a adolescente, mas tratá-la como pessoa e com muito
cuidado, sem, contudo, aprovar a sua atitude errada;
d) Uma vez que o caso aconteceu, jamais incentivar o aborto, em nenhuma
hipótese; Ver Estatuto da Criança e do Adolescente e Código Penal.
e) Levar a adolescente a valorizar a vida que tem dentro dela e prepará-la para
encarar esse desafio;
f) Não procurar resolver o problema do parceiro, a menos que seja solicitado e
principalmente se for também da escola;
g) Manter o equilíbrio de tratamento: nem a privilegiar pelo feito, nem a
menosprezar pelo erro.
Art. 16 – Todo o procedimento que envolver esses problemas especiais com
estudantes deverá ser relatado à direção da escola, a quem de direito, uma vez que a
primeira responsabilidade sobre o aluno é dela.

CAPÍTULO III – DO RESPEITO À CONSCIÊNCIA RELIGIOSA INDIVIDUAL


Art. 17 – Todo o trabalho de ensino religioso, de capelão e sua equipe devem
levar em conta os direitos à consciência religiosa de cada indivíduo. Isto deve ser feito
mesmo em escolas confessionais em que os pais que aceitam ali matricularem seus
filhos já sabem da posição religiosa da instituição.
Art. 18 – O capelão fará o seu trabalho religioso e espiritual sem conotação
sectária, mesmo porque numa escola confessional, haverá alunos pertencentes a
diversas linhas de doutrina cristã.
Art. 19 – Este respeito à consciência religiosa do indivíduo fica mais exigente
quando a escola for pública ou particular não confessional.

CAPÍTULO IV – DO RESPEITO À CONSCIÊNCIA RELIGIOSA INDIVIDUAL


CAPELÃO E AUXILIARES.
Art. 20 – A capelania adotará para si uma linha de doutrina e ensinos, bem assim
de procedimentos no atendimento individual de alunos, professores e funcionários da
escola.
Art. 21 – Os auxiliares não poderão discrepar, em termos de ensino e doutrina,
das linhas adotadas pela capelania; todos deverão falar uma mesma língua.
Art. 22 – Capelão e auxiliares, não poderão discordar de doutrina, ensino ou
metodologia perto de alunos e professores. Casos dessa ordem serão tratados em
particular pelo capelão-chefe.
Art. 23 – Capelães auxiliares não deverão ser chamados a atenção diante de
alunos, professores e funcionários. Esses casos devem ser tratados em particular, na
sala da capelania.

51
Art. 24 – Também a capelania não poderá discrepar da disciplina geral adotada
pela escola. Capelania e direção da escola deverão, também, falar a mesma língua.

CAPÍTULO V – DOS ASSUNTOS CONFIDENCIAIS


Art. 25 – Ao atender pessoas, sejam alunos, funcionários ou professores, o
capelão e seus auxiliares manterão absoluto sigilo dos casos tratados.
Art. 26 – Assuntos tratados na sala da capelania ou mesmo no aconchego dos
lares de alunos, jamais serão mencionados de público, nem mesmo a título de ilustração
ou exemplo didático, e nem passados para outras pessoas.
Art. 27 – Igualmente, se tiver conhecimento de doença grave de alunos ou
familiares, jamais passar para outros a informação, ou mencionar o fato em público.
Art. 28 – O capelão jamais fará qualquer tipo de discriminação ou diferenciação
no tratamento de pessoa que esteja sendo tratada em assunto moral grave.

CAPÍTULO VI – DA ÉTICA DO CAPELÃO EM ESCOLAS PÚBLICAS


Art. 29 – Em escolas públicas, caso haja permissão para a atividade de capelania,
todo o trabalho do capelão deve ser posto em prévia programação que será submetida
à direção da escola.
Art. 30 – A metodologia do ensino religioso deverá ser colocada de modo a não
provocar reclamações por parte de alunos, pois isto significará o fim da oportunidade.
Art. 31 - Se tiver de tratar de algum problema especial com algum estudante com
os pais, isto deverá ser feito com expressa permissão da direção da escola, depois de
dar-lhe pleno conhecimento do problema.

CAPÍTULO VII – DO RELACIONAMENTO DOS CAPELÃES COM O SEXO OPOSTO


Art. 32 – Um capelão deverá agir com cuidado com pessoas do sexo oposto,
evitando aproximação íntima demais que possa provocar suspeitas diversas.
Art. 33 – O capelão não deverá sair para programações especiais a sós com
estudantes do sexo oposto, e até mesmo com professores ou funcionários, quando as
circunstâncias possam ser interpretadas para um lado ou sentido negativo.
Art. 34 – Capelães solteiros ou divorciados, não deverão entrar em relação de
namoro com pessoas que fazem parte da sua assistência de capelania, seja aluno,
funcionário ou professor.
Art. 35 – Do mesmo modo, capelão não deve entrar em relação de intimidade com
membros da família de estudantes.

CAPÍTULO VIII – DA VIDA PARTICULAR DO CAPELÃO


Art. 36 - O capelão não deverá expor sua vida particular diante de alunos,
professores ou funcionários, seja em conversação comum, seja em palestras.
Art. 37 – O capelão nunca deverá confessar suas fraquezas ou pecados, nem
mesmo a título de ilustração ou exemplo, em hipótese alguma.
Art. 38 – Não deverá também falar de suas dificuldades financeiras a alunos,
professores ou mesmo familiares de estudantes.
Art. 39 – Igualmente, não deverá reclamar problemas de salários ou vantagens ou
desvantagens empregatícias diante de alunos, professores ou funcionários da escola.
Art. 40 – Se tiver problemas em casa, com esposa, esposo, filhos, o capelão
jamais deverá mencionar este fato a alunos, professores ou funcionários da escola, nem
mesmo a título de ilustração ou exemplo didático.

52
Art. 41 – Se o capelão for também psicólogo e exercer essa atividade fora da
escola, não deverá encaminhar para o seu consultório particular alunos da escola com
problemas da área, para não configurar vantagem econômica auferida através da sua
condição de capelão.

CAPÍTULO IX – DAS QUESTÕES DE DISCRIMINAÇÃO


Art. 42 – O capelão e seus auxiliares jamais tratarão com discriminação racial,
estrangeiras, de religião diferente, portadoras de deficiências ou praticar qualquer outro
tipo de discriminação.
Art. 43 – Igualmente, o capelão e seus auxiliares jamais tratarão com
discriminação alunos de classes sociais mais pobres ou mesmo alunos que tenham
bolsa e não podem pagar a mensalidade ou alunos inadimplentes.
Art. 44 - Do mesmo modo, o capelão e seus auxiliares, jamais tratarão com
discriminação alunos menos dotados, menos inteligentes, em relação aos mais dotados
e mais inteligentes.

CAPÍTULO X – DO CONSELHO DE ÉTICA DE CAPELANIA E DOS CASOS OMISSOS


Art. 45 – O capelão-chefe e todos os seus capelães auxiliares em cada Escola
formarão o Conselho de Ética de Capelania, sendo o capelão-chefe o seu relator.
Art. 46 – Casos éticos não previstos neste Código que surgirem no contexto das
atividades de capelania de uma Escola serão discutidos e definidos pelo Conselho.
Art. 47 – A decisão tomada por um Conselho poderá incorporar-se ao Código de
Ética daquela Capelania.44

*******************************************************************************

O QUE DIZ A LEI?


O uso da Bíblia na Capelania em Instituições
Públicas:
O Capelão pode e deve utilizar-se da Bíblia durante os
momentos de meditação pessoal, ao proferir um sermão, dar
palestras educativas, prestar assistência a presos e
enfermos, atuar em situações de crise existencial, facilitar momentos de reflexão,
exercer o ministério de aconselhamento, celebrar ofícios pastorais, entre outros. Ele
deve tomar a Palavra de Deus como sua fonte de verdade, inspiração moral, sabedoria
e orientação.
Dentro das escolas privadas e confessionais tem total liberdade para tal
procedimento, mas, para que os serviços de capelania escolar possam se
estabelecer dentro das escolas públicas, necessário ter sabedoria ao uso da
bíblia.

44 FERREIRA, Damy. Capelania Escolar Evangélica. 1ª Ed. São Paulo: RTM – Rádio Trans Mundial, 2008.

53
O Estado brasileiro é laico e não laicista. Isto é, ele assume que as instituições
e as políticas públicas não devem sofrer ingerência direta de um credo religioso
específico. Como laico entende que o Estado deve orientar suas ações no diálogo
com o interesse dos cidadãos, independente das orientações religiosas dos
assistidos. Apesar de laico, o Estado não ignora que um percentual considerável
de sua população seja religioso.
A origem do pensamento laico - a partir do Iluminismo no século XVIII alguns
filósofos começaram a analisar a convivência entre o poder político e o poder religioso
ao longo da história. Filósofos como Voltaire e Kant afirmaram que a estreita relação
entre política e religião levou inevitavelmente a posturas dogmáticas e totalitárias. Desta
maneira, o laicismo pretendia que o estado como instituição que representa toda a
coletividade não dependesse dos critérios morais de ordem religiosa.
Significado de laico – que ou aquele que não pertence ao clero nem a uma
ordem religiosa; leigo, que ou aquele que é hostil à influência, ao controle da Igreja e
do clero sobre a vida intelectual e moral, sobre as instituições e os serviços públicos.
O Estado Laico é o Estado onde cada cidadão pode professar a religião que
melhor lhe convir. Estado laico – Brasil adota esse sistema.

É importante para o capelão escolar conhecer:


O Estado se tornou laico, vale dizer sem assumir uma religião como religião
oficial. A laicidade, ao condizer com a liberdade de expressão, de consciência e de
culto, não pode conviver com um Estado portador de uma confissão. Por outro lado, o
Estado laico não adota a religião da irreligião ou da anti-religiosidade. Ao respeitar todos
os cultos e não adotar nenhuma, o Estado libera as igrejas de um controle no que toca
à especificidade do religioso e se libera do controle religioso. Isso quer dizer, ao mesmo
tempo, o deslocamento do religioso do estatal para o privado e a assunção da laicidade
como um conceito referido ao poder de Estado. (CURY, 2004, p. 183).
Por isso, conclui-se que, o serviço de capelania, realizado dentro das instituições
públicas, deve salientar pelo rigoroso respeito à crença alheia e pelo
desenvolvimento de ações e atividades consideradas de interesse público. Este é
o caminho que o Estado Laico oferece às organizações religiosas que desejam com ele
cooperar nos assuntos de comum interesse. Nesse nível e espaço, a Igreja cumpre sua
missão sem finalidade proselitista ou catequética; sua presença e missão farão sentir
por meio principalmente das ações de natureza pastoral, profética, social e
docente.
Significado de laicista - substantivo masculino e feminino - quem segue ou
defende o laicismo, doutrina ou ideologia que prega a não intervenção das
organizações religiões em instituições políticas e sociais. Adjetivo relativo ao laicismo,
à oposição da intervenção da religião em organizações políticas e sociais. O laicismo
não pretende ser uma corrente contrária à religião, mas nesta abordagem se enfatiza a
separação que deveria existir entre a religião e outras áreas, como a política ou a
educação. O laicismo é uma doutrina filosófica que defende e promove a separação do
Estado das igrejas e comunidades religiosas, assim como a neutralidade do Estado em
54
matéria religiosa. Não deve ser confundida com o ateísmo de Estado. O ateu nega a
existência de Deus, enquanto que o laico acredita que o poder político deve representar
a população como um todo, independentemente qual seja a religião majoritária no
conjunto da sociedade.

Os valores primaciais do laicismo são a liberdade de consciência, a igualdade


entre cidadãos em matéria religiosa, e a origem humana e democraticamente
estabelecida das leis do Estado.45

A legislação brasileira não defende o laicismo, tão pouco o ateísmo; pelo


contrário, ela reconhece que a religião é elemento constituinte da sociedade
brasileira. Mais e mais gestores públicos e legisladores têm reconhecido a
relevante contribuição que diversos projetos, programas, ações ou serviços
religiosos oferecem à sociedade, atendendo ao verdadeiro interesse público, pois
o cultivo da espiritualidade fortalece valores morais e sociais imprescindíveis ao
fortalecimento da família e da vida em sociedade.

O que é Estado teocrático: é um país ou nação que possui um sistema de governo


que se submete às normas de uma religião específica. As regras que gerem as ações
políticas, jurídicas, de conduta moral e ética, além da força policial deste modelo de
governo estão baseadas em doutrinas religiosas.

Aos Estados teocráticos podem ser atribuídos os conceitos dos Estados


confessionais, ou seja, que assim como a teocracia possuem uma religião oficial ou
privilegiam um grupo religioso em comparação com outras doutrinas que podem existir
na mesma sociedade. O privilégio pode ser econômico, político ou mesmo judicial.

Etimologicamente, o conceito de teocracia (que forma o Estado teocrático) surgiu


do grego, em que teo significa "deus" e cracia quer dizer "governo", ou seja, teocracia
significa "Governo de Deus" ou "governo divino".

Na maioria dos Estados teocráticos, os representantes estão ligados diretamente


ou indiretamente ao clero (igreja ou doutrina religiosa), sendo considerados "porta-
vozes" do deus ou deuses que "governam" e "protegem" aquela nação.

Nos países que não são laicos (teocráticos), a religião exerce o seu controle
político na definição das ações governativas. Nos países teocráticos, o sistema de
governo está sujeito a uma religião oficial. Alguns exemplos de nações teocráticas são:
Vaticano (Igreja Católica), Irã (República Islâmica).

Existe também o conceito de Estado confessional, em que o Estado reconhece


uma determinada religião como sendo a oficial da nação. Apesar disso, não se deve
confundir Estado teocrático com Estado confessional, porque no primeiro caso é a
religião que define o rumo do país, enquanto que no segundo, a religião não é tão

45 Via conceitos.com: https://conceitos.com/laicismo/

55
importante como no primeiro, mas ainda assim tem bastante e mais influência do que
em um Estado laico.46

Constituição Federal de 1988

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional


Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício
dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na
ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos,
sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA
DO BRASIL.

No Brasil, ainda não existe uma lei federal que versa sobre
a capelania escolar. Mas existe a lei a seguir que dá condições para
a regulamentação dessa atividade; uma vez o ensino religioso não
preenche a natureza da Capelania pelo que tem a contribuir no
universo escolar.

O Estado se tornou laico, vale dizer tornou-se equidistante, isto


é paralelo, dos cultos religiosos sem assumir um deles como religião
oficial. A laicidade, ao condizer com a liberdade de expressão, de consciência e de culto,
não pode conviver com um Estado portador de uma confissão.
Por outro lado, o Estado laico não adota a religião da irreligião ou da anti-
religiosidade. Ao respeitar todos os cultos e não adotar nenhum, o Estado libera as
igrejas de um controle no que toca à especificidade do religioso e se libera do controle
religioso.
Isso quer dizer, ao mesmo tempo, o deslocamento do religioso do estatal para o
privado e a assunção da laicidade como um conceito referido ao poder de Estado.
(CURY, 2004, p. 183).
LDBE - Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional. Art. 33:
O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante
da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos
horários normais das escolas públicas de ensino fundamental,
assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do

46 O significado de Estado Laico está na categoria: https://www.significados.com.br/estado-teocratico/

56
Brasil, vedadas quais quer formas de proselitismo. (Redação
dada pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997)
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os
procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino
religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e
admissão dos professores.
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão a entidade civil,
constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a
definição dos conteúdos do ensino religioso.

Constituição Federal - Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado


e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania
e sua qualificação para o trabalho.

Constituição Federal - Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado


assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.

Quanto à liberdade de consciência e de crença, que encontra perfeito


enquadramento constitucional, também no ambiente escolar:

Constituição Federal - Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre


exercício dos cultos religiosos e garantia, na forma da lei, a proteção aos locais de culto
e suas liturgias.

Constituição Federal - Art. 22

ECA – Art. 4º. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança


e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade
e à convivência familiar e comunitária.

57
ECA – Art. 70º. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação
dos direitos da criança e do adolescente.

ECA – Art. 71º. A criança e o adolescente têm direito à informação, cultura, lazer,
esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitam sua condição
peculiar de pessoa em desenvolvimento.

ECA – Art. 75º. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e


espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa etária.

Uma grande conquista no Estado do Mato Grosso do Sul, onde no dia 21 de março
de 2019, foi sancionada uma Lei Estadual que autoriza os serviços voluntários de
Capelania Escolar nas escolas públicas e privadas no estado. Mas ainda neste momento
está em fase de normatização para a atuação da Capelania escolar nessas referidas
escolas. Tempo ainda de preparação de mais capelães escolares comprometidos e com
persistência.

LEI Nº 5.326, DE 21 DE MARÇO DE 2019.

Autoriza a realização de atividades


do Serviço Voluntário de Capelania
Escolar, na Rede de Ensino do
Estado de Mato Grosso do Sul, e dá
outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL.


Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Fica autorizada a realização de atividades do Serviço Voluntário de Capelania Escolar,


nas Redes de Ensino Pública e Privada do Estado de Mato Grosso do Sul.
Art. 2º Os serviços de Capelania Escolar compreendem:
I - assistência emocional e espiritual;
II - aconselhamento e orientações;
III - fortalecimento de princípios e de valores éticos e morais;
IV - integração entre alunos, professores e demais funcionários da Instituição de Ensino.
Art. 3º É garantida a participação do corpo discente e docente, a todas as atividades oferecidas
pelo Serviço Voluntário de Capelania Escolar, que será disponibilizado sem nenhum ônus às escolas.

58
Art. 4º Os Serviços Voluntários de Capelania só poderão ser ministrados se houver
manifestação dos interessados nesse sentido, não sendo obrigatória a participação de alunos,
professores e demais funcionários, em nenhuma das atividades oferecidas.
Art. 5º A assistência emocional e espiritual de que trata a presente Lei será exercida pelos
Serviços de Capelania Escolar, reconhecidos pelo Conselho Estadual de Capelania.
§ 1º O acesso às dependências dos estabelecimentos de ensino, na conformidade do caput
deste artigo, fica condicionado à apresentação, pelo Capelão, de credencial específica.
§ 2º A credencial mencionada no § 1º, deverá conter, além da identificação pessoal, foto
recente e terá validade não superior a um ano.
Art. 6º São requisitos indispensáveis de credenciamento dos Capelães interessados:
I - idade igual ou maior a 2l (vinte e um) anos;
II - estar no pleno exercício de seus direitos políticos, se brasileiro, e em situação regularizada
no País, se estrangeiro;
III - possuir conduta moral e profissional ilibadas;
IV - possuir habilitação de entidade devidamente registrada no Conselho Estadual de Capelania;
Art. 7º O Serviço Voluntário de Capelania Escolar poderá ser exercido por representantes de
todas as vertentes religiosas, vedada qualquer distinção entre elas e o proselitismo.
Parágrafo único. A instituição que prestar o Serviço mencionado no caput deste artigo, deverá
ser legalmente constituída, obedecidos os requisitos e os limites de atuação impostos pela legislação
vigente.
Art. 8º Os locais e os horários para prestação do Serviço Voluntário de Capelania Escolar, serão
estabelecidos pela direção das Instituições de Ensino, ouvidos os representantes das instituições
credenciadas no Conselho Estadual de Capelania.
Art. 9º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Campo Grande, 21 de março de 2019.

REINALDO AZAMBUJA SILVA


Governador do Estado.

Ao reconhecer a criança e o adolescente como prioridades absolutas,


estamos assumindo o valor intrínseco (valor imediato) e o valor
projetivo das novas gerações.

Proteção integral e a educação da criança e do adolescente é


responsabilidade de todos! Para ter um futuro melhor um mundo

59
melhor para nossas crianças e jovens, não faltam leis! Elas precisam ser conhecidas,
para desenvolver projetos para encaminhar as crianças e adolescentes ao
conhecimento de princípios, valores, perdão e a graça de Deus!

A Capelania Escolar poder ser exercida em no mínimo três categorias de escolas:


 Públicas (Federal, Estadual e Municipal);
 Privadas confessionais;
 Privadas não confessionais;
Nas instituições não confessionais, públicas ou privadas
não confessionais, a atividade capelâmica precisa ser
divulgada e conquistada. Como diz Damy Ferreira, autor do
livro ― Capelania Escolar Evangélica: A entrada deste
profissional vai depender da direção da escola.
Para tanto, um Capelão - terá de aproximar-se da
direção da escola e apresentar um programa de trabalho, no sentido de melhorar
a visão da juventude quanto aos valores da vida e ajudando na profilaxia contra
drogas, alcoolismo e criminalidade através de um ensinamento sadio com
princípios e valores!
É uma missão que possui limites dentro dos quais, se bem cumprida, servirá de
meio para canalização da graça de Deus junto aos públicos assistidos, resultando em
benefícios para as pessoas que ali trabalham suas respectivas famílias, instituições e a
sociedade em geral.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, Ferreira. Cura Pela Palavra. 1ª ed. Editora Betânia: Belo Horizonte, 1998
BÍBLIA SAGRADA, Nova Versão Internacional. NVI, Bíblica Brazil. Niterói. 2014.

BRANDÃO, Fernando. Igreja Multiplicadora – 5 Princípios Bíblicos para


Crescimento. 3ª ed. Rio de Janeiro, 2014.
Centenário da Convenção Batista do Estado de São Paulo. Damy Ferreira, Edição
da Convenção, São Paulo. 2002, p. 91.

COLLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão- Edição século 21. 2ª Edição. Ed. Vida
Nova. São Paulo, 2016.
Constituição da República Federativa do Brasil, 05 de outubro de 1988 com
alterações adotadas pelas emendas constitucionais de 2010. Brasília -DF.
CORDEIRO, Rubens. O Trabalho de Capelania no Sistema Batista Mineiro de
Educação. WORKSHOP. Belo Horizonte. 11 de dez. 2008.

60
CURY, Augusto. Manual para Jovens estressados, mas muito inteligentes! 3ª Ed.
Academia, São Paulo, 2015.
CURY, Augusto. O Homem mais inteligente da História. Rio de Janeiro: Ed. Sextante,
2016.
CURY. Augusto. Academia da Gestão – Curso – Online. Em busca do Autocontrole.

Devocional Presente Diário – Momentos Devocionais. Rádio Trans Mundial 2018. V.


21. São Paulo-SP.

ECA- Estatuto da Crianças e Adolescente. Dispositivos Constitucionais Pertinentes


Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília-DF.
FERREIRA, Damy. Capelania Escolar Evangélica. 1ª Ed. São Paulo: RTM – Rádio
Trans Mundial, 2008.
FERREIRA, Sérgio Rodrigues. Despertando a Igreja para a missão de Capelania
Escolar. 1ª Ed. São Paulo: RTM – Rádio Trans Mundial, 2012.
FERREIRA, Sérgio Rodrigues. Pedagogia da Cadeira. 1ª Edição, Rádio Trans
Mundial. São Paulo, 2010.
FERREIRA, Sérgio. Violência Escolar. RTM – Rádio Trans Mundial, 2014.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Dispositivos Constitucionais Pertinentes Lei
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, 4ª Ed. Brasília -DF.
LOBO, Marisa Franco Ferreira Alves. A Ideologia de Gênero na Educação. 4ª Edição.
Marisa Lobo Ministério. Curitiba- PR, 2017.
Manual do Capelão - Edição Internacional (H. Kennedy Passos)1ª Edição 2009.

MELGOSA, Julian. O Poder da Esperança. 1ª Edição. Casa Publicadora Brasileira.


Tatuí-SP, 2017.
PIPER, John. Alegrem-se os Povos. 1ª ed., São Paulo: Editora Cultura Cristã,200
PRIOLO, Lou. Resolução de Conflitos. 1ª Edição 2017. Nutra Publicações. São Paulo.
SANTOS, Ivanaldo Ferreira. Capelania Cristã: oportunidades, desafios e relevância
social. A.D. Santos Editora. Curitiba, 2017.

SEIBERT. Erni Walter. A Bíblia na Escola – O Livros dos Livros na Comunidade


Escolar. Sociedade Bíblica do Brasil, SP, 2000.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying Mentes perigosas nas Escolas. Editora
Fontonar. Rio de Janeiro- RJ.
SPURGEON. Charles H.- Pescadores de Crianças. Sheld Publicações. São Paulo,
2014.

61
WRIGHT, Christopher J.H. A Missão do Povo de Deus. 1ª ed. São Paulo: Vida Nova,
2015.

Links acessados:
ANTUNES, André. A vida de São Martinho: Estudo Introdutório, Tradução e
Comentário. 2014. Universidade de Coimbra. Portugal. Dissertação Mestrado.
Disponível em: <http://hdl.handle.net/10316/27980>. Acesso em 28/12/18. p.6.
Via conceitos.com: https://conceitos.com/laicismo/
O significado de Estado Laico está na categoria:
https://www.significados.com.br/estado-teocratico/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Arrependimento. Acessado dia 31/01/19, as 21:56m.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Remorso. Acesso dia 31 de janeiro de 2019, às 22:03m.

https://www.youtube.com/watch?v=ihB3_GWSKuk

https://www.youtube.com/watch?v=Xmk6YlYVFNw

https://www.youtube.com/watch?v=3ZxlAphZYOc

https://www.youtube.com/watch?v=sPmpRO60m30
https://www.youtube.com/watch?v=oUCKdRSD0Bs

https://www.youtube.com/watch?v=s5zpv-JyBAk

https://www.youtube.com/watch?v=tiFXElvvBK8

https://www.youtube.com/watch?v=COZzF4dJaXU

62
ANEXO I
Eu posso fazer mais que isso!

A mãe, com apenas 26 anos, parou ao lado do leito de seu filhinho de seis anos, que estava
morrendo de leucemia. Embora o coração dela estivesse pleno de tristeza e angústia, ela
também tinha um forte sentimento de determinação.
Como qualquer outra mãe, ela gostaria que seu filho crescesse e realizasse seus sonhos.
Agora, isso não seria mais possível, por causa da leucemia terminal. Mas, mesmo assim, ela
ainda queria que o sonho de seu filho se transformasse realidade.
Ela tomou a mão de seu filho e perguntou: "Billy, você alguma vez já pensou o que você
gostaria de ser quando crescer? Você já sonhou o que gostaria de fazer com sua vida?"
"Mamãe, eu sempre quis ser um bombeiro quando eu crescer."
A mãe sorriu e disse: " Vamos ver se podemos transformar esse sonho em realidade."
Mais tarde, naquele mesmo dia, ela foi ao corpo de bombeiros local, na cidade de Phoenix,
Arizona, onde se encontrou com um bombeiro de enorme coração, chamado Bob. Ela
explicou a situação de seu filho, seu último desejo e perguntou se seria possível dar ao seu
filhinho de seis anos uma volta no carro dos bombeiros em torno do quarteirão.
O bombeiro Bob disse: "Veja, NÓS PODEMOS FAZER MAIS QUE ISSO! Se você estiver com
seu filho pronto às sete horas da manhã, na próxima quarta-feira, nós o faremos um bombeiro
honorário por todo o dia. Ele poderá vir para o quartel, comer conosco, sair para atender as
chamadas de incêndio!" "E se você nos der as medidas dele, nós conseguiremos um uniforme
verdadeiro para ele, com chapéu, com o emblema de nosso batalhão, um casaco amarelo
igual ao que vestimos e botas também. Eles são todos confeccionados aqui mesmo na cidade
e conseguiremos rapidamente."
Três dias depois, o bombeiro Bob pegou o garoto, vestiu-o em seu uniforme de bombeiro e
escoltou-o do leito do hospital até o caminhão dos bombeiros. Billy ficou sentado na parte de
trás do caminhão, e foi levado até o quartel central.
Ele estava no céu. Ocorreram três chamados naquele dia na cidade de Phoenix e Billy
acompanhou todos os três. Em cada chamada ele foi em veículos diferentes: no caminhão
tanque, na van dos paramédicos e até no carro especial do chefe do corpo de bombeiros. Ele
também foi filmado pelo programa de televisão local.
Tendo seu sonho realizado, todo o amor e atenção que foram dispensadas a ele acabaram
por tocar Billy, tão profundamente que ele viveu três meses a mais que todos os médicos
haviam previsto.
Uma noite, todas as suas funções vitais começaram a cair dramaticamente e a enfermeira-
chefe, que acreditava no conceito de que ninguém deveria morrer sozinho, começou a
chamar ao hospital toda a família.
Então, ela lembrou-se do dia que Billy tinha passeado como um bombeiro, e ligou para o
chefe e perguntou se seria possível enviar algum bombeiro para o hospital naquele momento
de passagem, para ficar com Billy.
O chefe dos bombeiros respondeu: "NÓS PODEMOS FAZER MAIS QUE ISSO!" Nós
estaremos aí em cinco minutos. E faça-me um favor? Quando você ouvir as sirenes e ver as
luzes de nossos carros, avise no sistema de som que não se trata de um incêndio. É apenas
o corpo de bombeiros vindo visitar, mais uma vez, um de seus mais distintos integrantes.
E você poderia abrir a janela do quarto dele? Obrigado!" Cinco minutos depois, uma van e um
caminhão com escada Magirus chegaram ao hospital, estenderam a escada até o andar onde
estava o garoto e 16 bombeiros subiram pela escada até o quarto de Billy.
Com a permissão da mãe, eles o abraçaram e seguraram e falaram para ele o quanto eles o
amavam.
Com um sopro final, Billy olhou para o chefe e perguntou: "Chefe, eu sou mesmo um
bombeiro?" "Billy, você é um dos melhores"- disse o chefe. Com estas palavras, Billy sorriu e

63
fechou seus olhos pela última vez.
E você, diante do pedido de seus amigos, filhos e parentes, tem respondido: "EU POSSO
FAZER MAIS QUE ISSO!"?

(Esta história é verídica).

ANEXO II

A AUTORIDADE DO PROJETISTA

Nos primeiros dias do automóvel, um moço estava tendo


problemas com seu “FORD- bigode” (pois a partida era dada girando
uma manivela de ferro na frente do veículo). O carro havia parado na
beira da estrada e não queria pegar, apesar de todas as tentativas do
rapaz. Aproximou-se um senhor de idade, apoiado numa bengala, que
fazia sua caminhada diária. Parou e ofereceu ajuda. O jovem olhou
para ele e desprezou sua ajuda polidamente. O idoso insistiu, e deu uns
palpites sobre qual poderia ser o problema, a julgar pelo barulho que o
carro fazia, e prosseguiu sua caminhada.

O rapaz pensou: O que pode um velhinho como ele saber sobre


um invento tão moderno? Provavelmente, nunca sequer andou de
carro.
Mexeu mais um pouco, ficou irritado, falou uns palavrões. Então
se lembrou e mexeu onde o velhinho havia sugerido. Para sua surpresa,
o carro pegou imediatamente!

Logo alcançou o velhinho que continuava seu passo lento. Com


muito mais respeito, agradeceu ao homem por seus conselhos e então,
perguntou: Como é que o senhor sabia qual era o problema do carro?

O velhinho sorriu e respondeu: Pois é filho, meu nome é Henry


FORD. Foi eu quem projetou esse carro.

O Criador-inventor dos seres humanos sabe o que é melhor


para nós. Deus sabe como devemos funcionar. Nós somos “Fords-
64
bigodes” quebrados e sem forças para ser aquilo que deveríamos
ser. Então Ele chega até nós e dá “O manual do fabricante”, a
Bíblia, com instruções preciosas para o nosso conserto.
Busquemos nela a sabedoria, que começa temendo a Deus.

“O temor ao Senhor é o princípio de sabedoria...” (Pv. 9:10)

ANEXO III

ENSINANDO E IMPACTANDO VIDAS

Relata a Sra. Teresa, que no seu primeiro dia de aula parou em frente aos seus alunos da 5ª
série primária e, como todos os demais professores, lhes disse que gostava de todos por
igual. No entanto, ela sabia que isto era quase impossível, já que na primeira fila estava
sentado um pequeno garoto chamado Ricardo.
A professora havia observado que ele não se dava bem com os colegas de classe e muitas
vezes suas roupas estavam sujas e cheiravam mal. Houve até momentos em que ela sentia
prazer em lhe dar notas vermelhas ao corrigir suas provas e trabalhos.
Ao iniciar o ano letivo, era solicitado a cada professor que lesse com atenção a ficha escolar
dos alunos, para tomar conhecimento das anotações. Ela deixou a ficha de Ricardo por
último. Mas quando a leu foi grande a sua surpresa.
Ficha do 1º ano: "Ricardo é um menino brilhante e simpático. Seus trabalhos sempre estão
em ordem e muito nítidos. Tem bons modos e é muito agradável estar perto dele."
Ficha do 2º ano: "Ricardo é um aluno excelente e muito querido por seus colegas, mas tem
estado preocupado com sua mãe que está com uma doença grave e desenganada pelos
médicos. A vida em seu lar deve estar sendo muito difícil."
Ficha do 3º ano: "A morte de sua mãe foi um golpe muito duro para Ricardo. Ele procura fazer
o melhor, mas seu pai não tem nenhum interesse e logo sua vida será prejudicada se
ninguém tomar providências para ajuda-lo."
Ficha do 4º ano: "Ricardo anda muito distraído e não mostra interesse algum pelos estudos.
Tem poucos amigos e muitas vezes dorme na sala de aula."
Deu-se conta do problema e ficou terrivelmente envergonhada. Piorou quando lembrou dos
lindos presentes de Natal que os alunos lhe haviam dado, com papéis coloridos, exceto o de
Ricardo, que estava enrolado num papel de supermercado.
Lembrou que abriu o pacote com tristeza, enquanto os outros garotos riam ao ver uma
pulseira faltando algumas pedras e um vidro de perfume pela metade.
Apesar das piadas ela disse que o presente era precioso e pôs a pulseira no braço e um
pouco de perfume sobre a mão. Naquela ocasião Ricardo ficou um pouco mais de tempo na
escola do que o de costume. Relembra, ainda, que ele lhe disse que ela estava cheirosa
como sua mãe.
Naquele dia, depois que todos se foram, a professora chorou por longo tempo... Em seguida,
decidiu mudar sua maneira de ensinar e passou a dar mais atenção aos seus alunos,
especialmente a Ricardo.
Com o passar do tempo ela notou que o garoto só melhorava. E quanto mais ela lhe dava
carinho e atenção, mais ele se animava. Ao finalizar o ano letivo, Ricardo saiu como o melhor
da classe.
65
Seis anos depois, recebeu uma carta de Ricardo contando que havia concluído o segundo
grau e que ela continuava sendo a melhor professora que tivera.
As notícias se repetiram até que um dia ela recebeu uma carta assinada pelo Dr. Ricardo
Stoddard, seu antigo aluno, mais conhecido como Ricardo. Mas a história não terminou aqui.
Tempos depois recebeu o convite de casamento e a notificação do falecimento do pai de
Ricardo. Ela aceitou o convite e no dia do casamento estava usando a pulseira que ganhou
de Ricardo anos antes, e também o perfume.
Quando os dois se encontraram, abraçaram-se por longo tempo e Ricardo lhe disse ao
ouvido: "Obrigado por acreditar em mim e me fazer sentir importante, demonstrando-me que
posso fazer a diferença."
E com os olhos banhados em lágrimas sussurrou: "Engano seu! Depois que o conheci
aprendi a lecionar e a ouvir os apelos silenciosos que ecoam na alma do educando. Mais do
que avaliar as provas e dar notas, o importante é ensinar com amor mostrando que sempre é
possível fazer a diferença..."
(Autor Desconhecido)

ANEXO IV

Construindo Pontes
Os irmãos Júlio e João moravam em fazendas vizinhas, separadas
apenas por um riacho. Sempre trabalharam lado a lado, dividiam as
ferramentas e cuidavam um do outro. Um dia, tiveram um grande
desentendimento. Foi a primeira grande briga em toda a vida deles.
O que começou como um pequeno mal-entendido virou uma troca de
palavras desagradáveis, seguidas por semanas de total silêncio.
Numa manhã, Júlio, o irmão mais velho, foi atender a porta. Era um
homem segurando uma caixa de ferramentas de carpinteiro, que disse:
- Senhor, estou procurando trabalho! Sou carpinteiro e talvez o senhor
possa me dar algum serviço para fazer.
Júlio, pensativo, respondeu:
- Acho que tenho um serviço para o senhor, sim!
- Aquela fazenda do outro lado do riacho é de meu vizinho, na
realidade, meu irmão mais novo. Brigamos muito e não posso mais suportá-
lo. Construa uma cerca bem alta ao longo do rio para que eu não precise
mais vê-lo.
Disse isso e foi para a cidade fazer algumas compras. O carpinteiro,
então, foi fazer seu trabalho. No final do dia, Júlio voltava para casa,
exatamente no momento em que o carpinteiro terminava seu serviço.
Júlio, porém, não queria acreditar no que via. O carpinteiro não construiu
cerca alguma. Em seu lugar estava uma ponte ligando as duas fazendas.
Irritado e desapontado, Júlio gritou para o carpinteiro:
- Você é muito atrevido em construir esta ponte após tudo o que lhe
contei!
No entanto, as surpresas não terminaram.
66
Quando Júlio olhou para a ponte, viu seu irmão se aproximando do
outro lado, correndo com os braços abertos.
De repente, num impulso, Júlio e João já estavam abraçados, chorando
no meio da ponte. Finalmente tinham feito às pazes.
Emocionados, viram o carpinteiro arrumando suas ferramentas e indo
embora. Júlio, então falou:
- Não vá! Espere! Fique com a gente mais alguns dias, tenho muitos
outros projetos para você.
O carpinteiro sorriu e disse:
- Obrigado. Adoraria ficar, mas tenho muitas outras pontes para
construir.

Se porventura construímos muros de raiva e separação entre nós e os outros,


Deus está pronto para nos ajudar a começar a destruí-los!

A raiva levanta muros e cercas que somente


o amor e o perdão são capazes de derrubá-los!!!

ANEXO V

A CADERNETA VERMELHA

O carteiro entregou o telegrama.


José Roberto agradeceu e enquanto abria o envelope.
Uma expressão mais de surpresa do que dor lhe tomou conta do rosto. Palavras
breves e incisas.
- Seu pai faleceu. Enterro 18h mamãe:
José Roberto continuou parado olhando para o vazio.
Nenhuma lágrima lhe veio aos olhos nenhum aperto no coração. Nada.
Era como se houvesse morrido um estranho.
Por que nada sentia pela morte de seu velho?
Com um turbilhão de pensamentos confundindo-o, avisou a esposa, tomou o ônibus
e se foi vencendo os silenciosos quilômetros de estrada enquanto a cabeça girava a
mil.
No íntimo, não queria ir ao funeral e, se estava indo era apenas para que a
mãe não ficasse mais amargurada.
Ela sabia que pai e filho não se davam bem.
A coisa havia chegado ao final no dia em que, depois de mais uma chuva de
acusações, José Roberto havia feito as malas e partido prometendo nunca botar os
pés naquela casa.
67
Um emprego razoável, casamento, telefonemas à mãe pelo Natal, Ano Novo
ou Páscoa. Ele havia se desligado da família, não pensava no pai e a última coisa
na vida que desejava na vida era ser parecido com ele.
O velório poucas pessoas. A mãe está lá, pálida E chorosa. Quando reviu o
filho, as lágrimas correram silenciosas, foi um abraço de desesperado silêncio.
Depois, ele viu o corpo sereno envolto por um lençol de rosas vermelho como
as que o pai gostava de cultivar.
José Roberto não verteu uma única lágrima, o coração não pedia.
Era como estar diante de um desconhecido, um estranho, um... No funeral, o
sabiá cantando, o sol se pondo.
Ele ficou em casa com a mãe até a noite, beijo-a e prometeu que voltaria
trazendo netos e esposa para conhecê-la.
Agora, ele poderia voltar a casa, porque aquele que ele não amava, não estava
mais lá para dar-lhe conselhos ácidos nem o criticar.
Na hora da despedida a mãe colocou-lhe algo pequeno e retangular na mão.
- Há tempo você poderia ter recebido isto – disse A MÃE.
- Mas, infelizmente só depois que ele se foi, eu encontrei entre os guardados
mais importantes...
Foi um gesto mecânico que, minutos depois de começar a viagem, meteu a
mão no bolso e sentiu o presente. O foco da luz do bagageiro revelou uma pequena
caderneta vermelha. Abriu-a curioso.
Páginas amareladas. Na primeira, no alto reconheceu a caligrafia firme do pai:
“Nasceu hoje o José Roberto. Quase quatro quilos! O meu primeiro filho um garotão!
Estou orgulhoso de ser pai daquele que será a minha continuação na Terra!”.
À medida que folheava, devorando cada anotação, sentia um aperto na boca
do estômago, mistura de dor e perplexidade, pois as imagens do passado
ressurgiram firmes e atrevidas como se acabassem.
“Hoje, meu filho foi para a escola. Está um homenzinho!
Quando eu o vi de uniforme, fiquei emocionado e desejei-lhe
um futuro cheio de sabedoria. A vida dele será diferente da
minha, que não pude estudar por ter sido obrigado a ajudar
meu pai. Mas para meu filho desejo o melhor. Não permitirei
que a vida o castigue”.
Na outra página:
- “José Roberto me pediu uma bicicleta, meu salário não dá, mas ele merece
porque é estudioso e esforçado.
- Fiz um empréstimo que espero pagar com horas extras”.
José Roberto mordeu os lábios. Lembrava da sua intolerância das brigas feitas
para pagar a tão sonhada bicicleta. Se todos os amigos ricos tinham uma, porque
ele também não poderia ter a sua?
“É duro para um pai castigar um filho e bem sei que ele poderá me odiar por
isso: entretanto, devo educá-lo para seu próprio bem”.
“Foi assim que aprendi a ser um homem honrado e esse é o único modo que
sei de ensiná-lo”.
José Roberto fechou os olhos e viu toda a cena quando por causa de uma
bebedeira, tinha ido para a cadeia naquela noite, se o pai não tivesse aparecido para
impedi-lo de ir ao baile com os amigos...
Lembrava-se apenas do automóvel retorcido e manchado de sangue que tinha
batido contra uma árvore...

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Parecia ouvir sinos, o choro da cidade inteira enquanto quatro caixões seguiam
para o cemitério.
As páginas sucediam ora outras curtas, ora outras longas anotações, cheias
das respostas que revelam o quanto, em silêncio e amargura o pai havia amado.
O “velho” escrevia de madrugada. Momento da solidão, num grito de silêncio,
porque era desse jeito que ele era, ninguém o havia ensinado a chorar e a dividir
suas dores, o mundo esperava que fosse durão para que não o julgassem nem fraco
nem covarde.
E, no entanto, agora José Roberto estava tendo a prova que, debaixo daquela
fachada de fortaleza havia um coração tão terno e cheio de amor.
A última página. Aquele dia que em que havia partido:
-“Deus, o que fiz de errado para meu filho me odiar tanto? Por que sou
considerado culpado, se nada fiz, senão tentar transformá-lo em um homem de
bem?”
Meu Deus não permita que esta injustiça me atormente para sempre. Que um
dia ele possa me compreender e ME perdoar por eu não ter sabido ser o pai que ele
merecia ter.”
Depois não havia mais anotações e as folhas em branco davam a ideia de que
tinha morrido naquele momento, José Roberto fechou depressa a caderneta, o peito
doía.
O coração parecia haver crescido tanto, que lutava para escapar pela boca.
Nem viu o ônibus entrar na rodoviária, levantou aflito e saiu quase correndo porque
precisava de ar puro para respirar.
A aurora rompia no céu e mais um dia começava.
Uma lágrima brotou como orvalho, e erguendo os olhos para o céu dourado, de
repente, sorriu e desabafou-se numa confissão aliviadora:
-“Se Deus me mandasse escolher: Eu juro que não queria ter tido outro pai
que não fosse você meu velho!
- Obrigado por tanto amor, e me perdoe por haver sido tão cego!”

ANEXO VI

Tudo Muda quando você muda!


Em meados de outubro de 2018, após uma palestra sobre Respeito ministrado a todas as
turmas do 5º ao 9º ano por mim e juntamente com outra Capelã, pude perceber pela
participação durante a palestra que um aluno do 5º ano apresentava comportamentos que
desagradava tanto os professores quanto os colegas. Houve reclamações de ambas as partes
desse aluno que supostamente apresentava os sintomas de depressão.

69
Após a palestra o chamei para uma conversa em particular e sugeri a ele que viesse me
procurar na biblioteca da escola, onde temporariamente me encontro readaptada, sempre que
pudesse ou se sentisse deprimido, precisando de um ombro amigo para desabafar ou ouvir um
conselho. Eu disse a ele que poderia ajudá-lo.
Como professora, psicopedagoga e Capelã, pude utilizar dos meus conhecimentos para ajudá-
lo a sair da zona de conflito na qual ele estava passando.
A palestra foi muito importante para identificar e resgatar essa vida. Vamos usar um nome
fictício, Bruno. Nos primeiros atendimentos ele sempre chegava reclamando de tudo e de todos,
dizendo que as aulas eram chatas, que professores e colegas não gostavam dele. Que todos
o perturbavam e o deixavam muito irritado. Estava totalmente desanimado, desmotivado, sem
alegria. Era visível em sua expressão.
Logo na primeira semana após a palestra, ele me procurou. Nessa primeira conversa mais ouvi
as queixas dele do que falei, intervi com poucos conselhos para que ele pudesse se acalmar.
Como ele estava no horário de uma aula que não poderia ficar mais tempo sendo atendido,
conversamos por dez minutos.
Para que eu pudesse entender melhor a problemática, resolvi investigar a situação, procurando
a professora regente para me explicar quem era o Bruno dentro de sala aula, expor para mim
como era o comportamento dele, as atitudes diante dos colegas e até mesmo qual era a
reclamação de outros professores.
A professora já cansada de tanto reclamar dele na coordenação e tentar ajudá-lo, me disse que
ele já era caso perdido. Que tumultuava a sala, ficava o tempo todo entregando os colegas para
professores, era fofoqueiro, cuidava da vida de todos, ficava julgando o comportamento dos
outros colegas querendo ser juiz na situação, discutia com professores e ficava argumentando,
discutia também com os colegas porque dizia que não levava desaforo para casa, usava
apelidos pesados para os colegas com os quais não se dava muito bem, demonstrava muita
irritabilidade e por vezes ameaçava agredir colegas de sala. A professora não me deu
esperança! Mas claro, como uma pessoa que não perde a esperança e a fé em Deus que tudo
pode, eu disse para ela que tudo poderia mudar, tínhamos que acreditar na esperança de
mudança para Bruno.
Todas as vezes que Bruno sentia vontade, me procurava durante as aulas que eram mais
tranquilas para os professores liberar. Eu o deixava livre, não tínhamos uma agenda. Foram
em torno de quinze atendimentos de outubro até início de dezembro.
Durante os aconselhamentos, ele sempre parecia angustiado e sua fala demonstrava sempre
baixa autoestima. Ao longo das conversas fui orientando-o a mudar o comportamento, mesmo
que ele considerasse estar sempre certo (o que muitas vezes não era o caso, mas nesse
momento era a estratégia a ser usada até que ele percebesse isso), pois eu dizia a ele que
mais valia usar da sabedoria para evitar discussões e desgastes do que provar que estava
certo. E então começamos o trabalho de mudança de comportamento, pensamentos, de
posicionamento diante das investidas dos colegas e tudo mais.
No início Bruno teve muita dificuldade, pois dizia que não conseguia se controlar, não conseguia
pensar em tudo que conversávamos para agir de forma pacífica. Mas no decorrer dos dias, fui
incentivando-o e dizendo o que devia fazer para cada momento que ele reclamava. Ao mesmo
tempo percebia uma carência, pois não tinha o pai presente e a mãe dispunha de pouco tempo,

70
pois trabalhava muito. Fui aos poucos ganhando a confiança dele e demonstrando o quanto ele
tinha importância para mim.
Em alguns aconselhamentos eu utilizava histórias reais de vida de pessoas que mudaram seu
modo de viver, de ver a vida e de se relacionar e obtiveram sucesso. Então, eu disse para ele
a frase que é título desse relatório, “Tudo muda quando você muda”. E todas as vezes que ele
reclamava de alguma situação eu perguntava para ele: e o que você está fazendo para que a
situação mude? Onde você acha que precisa mudar para que tudo mude? Aos poucos ele foi
entendendo que as atitudes dele na maioria das vezes causavam os conflitos. E sempre que
eu o encontrava no recreio, aproveitava a oportunidade para lembra-lo e logo dizia, tudo muda
quando você muda e ele com um sorriso me acompanhava na frase.
Um mês depois, já na segunda quinzena de novembro tivemos resultados positivos, ele mesmo
vinha me contar como havia se comportado em determinados momentos, como estava se
sentindo melhor, estava mais calmo, não se irritava tanto, e quando se irritava lembrava que
tudo mudaria se ele mudasse. Eu sempre o aplaudia e elogiava, e ele ficava todo feliz.
Houveram dias em que Bruno chegava dizendo que o mundo estava desabando sobre a cabeça
dele, que não queria mais viver, tinha vontade de mudar de escola, que a vida não fazia mais
sentido porque ninguém gostava dele mesmo. Mas fui ensinando a linguagem do amor de Deus,
eu disse a ele o quanto Deus o amava e se importava com ele, que estava cuidando dele o
tempo todo, e fui mostrando detalhes do cuidado de Deus sobre a vida dele.
Já no início de dezembro, finalizando o ano letivo para sair de férias, Bruno estava com outro
semblante, era outro menino, mais alegre, tinha novas amizades, conseguiu ser aprovado para
o ano seguinte. E ele mesmo dizia para mim: viu, tudo muda quando você muda!
No ano seguinte em 2019, já no 6º ano com 11 anos, sempre passava na minha sala para me
dar um abraço. Todo feliz, pois não havia reclamação de professores e estava bem com os
colegas, só havia um que ainda ele se estranhava, mas evitava. Chegou a fazer três visitas na
igreja onde congrego, se sentiu bem, mas não permaneceu pois já fazia parte de outra
denominação.
Enfim, aquele garoto que estava totalmente desanimado, querendo desistir de tudo e de sua
vida, hoje é uma pessoa feliz, animado, participativo e cheio de vida.
Sinto que cumpri minha missão por meio do Espirito Santo que me dava todas as dicas de
aconselhamento e por isso tivemos um resultado abençoado! Grata a Deus pela oportunidade
de ser instrumento na vida de Bruno, fazer a diferença e mostrar que ele também pode fazer
diferença na vida de outros.
Adriana Gonçalves Silva de Andrade
Professora, Capelã Escolar, Coordenadora da Capelania Escolar MS, graduada no Curso
Normal Superior, Habilitação no Magistério da Educação Infantil e Anos iniciais do Ensino
Fundamental pela UEMS, pós-graduada em Psicopedagogia Institucional, Clínica e Hospitalar
pela UNIASSELVI, pós-graduanda em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica pela
NOVOESTE. adrigsa@bol.com.br

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IGREJA E ESCOLA, UMA PARCERIA QUE FUNCIONA

Um exemplo vivo, de que Escola e Igreja uma parceria que funciona, aconteceu
no Estado do Mato Grosso do Sul, na cidade de Japorã mais precisamente em uma
comunidade indígena chamada Aldeia Porto Lindo da etnia guarani, a 480 km da Capital,
na região Sul do Estado. A Escola Municipal José de Alencar – Extensão Dr. Nelson de
Araújo deu início no ano de 1962 na Aldeia Porto Lindo com a chegada de dois casais
de missionários enviados pela Missão Evangélica Caiuá com sua sede em Dourados.
Ao chegar nesta comunidade começaram a trabalhar na área de saúde e de
assistência familiar. Como eles falavam o idioma, no contato com os líderes da aldeia,
foram abrindo caminho para o desenvolvimento cultural. A alfabetização aconteceu a
partir do contato dos missionários com as famílias. Que tinha literatura em guarani,
inclusive parte da bíblia que era lida e explicada no idioma. Muitos se converteram a
Cristo sentindo vontade de aprender a ler a bíblia e os cânticos. O povo recebeu com
muito entusiasmo e interesse de aprender a ler e escrever, que pediram para ensinarem
no seu próprio idioma.
Os missionários vendo que isso era uma necessidade e que fazia parte de
seu trabalho começaram a planejar e procurar uma maneira de começar esse
processo de ensino. Havia muita dificuldade de espaço físico, pois tudo era mato e
não havia recursos pedagógicos. Querendo ver o progresso daquele povo, os
missionários começaram embaixo das árvores o trabalho de alfabetização, onde
cadeiras era o chão, a mesa as próprias pernas e o quadro era um tambor de 200 litros
cheio de água, para não tombar. Ali os indígenas adultos se reuniam todos os dias para
receberem as lições, nas quais incluía a leitura da bíblia para o crescimento espiritual
dos mesmos. Posteriormente, surgiu a primeira sala de aula feita de pau-a-pique e
coberta de tabuinhas, dando oportunidade para as crianças menores.
Os objetivos eram ensinar a ler e escrever em seu próprio idioma, para isso, era
usada uma coleção de oito cartilhas em português, que eram traduzidas para o guarani.
Para não perder seu próprio idioma, tudo que era ensinado eram nos dois idiomas já
citados. As pessoas que ensinavam eram leigas, vendo a necessidade e continuação
dessas crianças, sete anos depois chegou ao campo missionário uma professora. No
ano de 1969, com sua chegada, deu início ao curso primário, com a professora Maria
Aparecida da Silva. Com recursos próprios, ela confeccionava o material pedagógico
que era utilizado na sala de aula. Como aumentava o número de alunos, houve
necessidade de fazer parceria com o município, para adquirir recursos financeiros e
auxiliar na merenda e pagar a cozinheira.
Em 1982, a escola passou a ser conveniada com a prefeitura de Mundo Novo-
MS, recebendo assim ajuda de recursos pedagógicos, podendo contar com mais uma
professora missionária, chamada Eva Maria dos Santos, aumentando mais salas de aula
dando melhor educação aos indígenas. Seu sistema era diferenciado, porém
construtivista, dando liberdade aos povos indígenas criarem e estabelecerem sua
própria política pedagógica para não ferirem seus conceitos habitual e cultural.
A escola passou a se chamar Extensão Dr. Nelson de Araújo, em homenagem ao
primeiro médico missionário que viera trabalhar com os índios Kaioá na região de
Dourados, na sede da Missão Evangélica Caiuá. O resultado dessa alfabetização ao ar
livre, contam hoje com mais de 350 professores indígenas na região, dando
continuidade à educação diferenciada bilíngue.
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Em 1993 foi firmado um convênio com a prefeitura de Japorã-MS que até hoje
está ativo essa parceria, recebendo da mesma os recursos pedagógicos, merenda
escolar, folha de pagamento para todos os profissionais da educação da escola, que
conta com mais de 25 funcionários, mais de 300 alunos matriculados. Hoje dentro da
aldeia tem mais de quatr escolas organizadas com milhares de alunos.
Foi organizada uma biblioteca com mais de 4.000 livros em seu acervo que está
à disposição da comunidade estudantil. Tem o nome de Biblioteca Missª Olinda Cordeiro
de Oliveira, missionária que trabalhou como coordenadora e se esforçou bravamente
para que estes livros chegassem na escola. Desde o seu início a Escola mantém uma
educação diferenciada que trabalha com uma metodologia para alcançar as crianças
levando uma mensagem de amor, paz e esperança através da Palavra de Deus. Usando
vários métodos, como histórias ilustradas nas salas para que os alunos possam imitar
as atitudes corretas dos personagens mencionados.
No início de cada período se faz um devocional com a equipe para iniciar as
atividades pedindo a bênção e a proteção de Deus. Todas as quartas-feiras, e até hoje
realizam atividades em grupos, culto no templo com todos os alunos e funcionários em
cada período. Tem inúmeros relatos de crianças que foram alcançadas pela graça de
Deus, e hoje são líderes em sua comunidade que servem a Deus com suas famílias.
O conhecimento de princípios e valores transformam pessoas que transformam a
realidade onde estão inseridos.
Em 2015 essa comunidade acreditou na educação e se tornou a primeira aldeia
do país a receber uma faculdade com o curso de pedagogia. Foi recebida com festa
pela comunidade indígena onde o líder declara Roberto Carlos comenta com alegria:
“Nossa raiz era a natureza e ela sumiu, agora temos que seguir a trilha da educação
para conquistar novos caminhos. Ser um professor. Hoje nasce o futuro dos povos
guarani de Porto Lindo. Sinto orgulho de fazer parte dessa história. É a primeira
faculdade dentro de aldeia no Brasil”. O capitão da Aldeia Miguel Cáceres declara:
“Estamos muito felizes hoje. Nosso povo vai poder ter futuro melhor. Aprender para ser
professor é um sonho”47.
Acredito no meu coração que esse foi o legado deixado pelos missionários
professores que foram conduzidos por Deus a iniciar um processo de
alfabetização em 1962. Igreja e Escola uma parceria que funciona!
E foi nessa mesma escola que tive o privilégio de trabalhar como coordenadora
por seis anos, de 2007 a 2013. E foi lá que recebi de Deus o chamado para ver a escola
como um campo missionário. Durante esses anos aprendi a amar aquele povo e me
apaixonar pela educação, tivemos muitas experiências maravilhosas da ação do poder
de salvar e do amor de Deus naquele lugar. Recentemente recebi uma mensagem de
gratidão de um irmão indígena: -“Obrigada missionária por acreditar e nos ajudar a
estudar. Hoje sou um mestre da educação, para melhor atender meu povo”.
Logo que chegamos neste campo missionário, tivemos uma experiência marcante
de um jovem com 15 anos de idade chamado Fred que cresceu estudando nesta referida
escola. Sua vida também não era muito fácil, ele ajudava seus pais, cortava lenha,
ajudava nas plantações e nas colheitas, era um menino muito obediente. Seus pais eram
caciques (feiticeiros) invocavam espíritos, e não acreditavam nos ensinos que eram

47 https://www.campograndenews.com.br/cidades/interior/indios-apostam-na-educacao-e-aldeia-de-ms-tem-
primeira-faculdade-do-pais. Acessado em 25 de junho de 2020.

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ministrados pelos professores missionários. Porém esse jovem fez uma linda escolha
em sua vida.
Quando ele completou 15 anos de idade, fora acometido por um tumor em seu
braço, mas seus pais não o levaram para o médico, somente com rezas e feitiçarias
queriam curar o jovem rapaz. O tumor foi evoluindo cada vez mais, e esse moço já
estava quase sem forças de tanta dor e a infecção tomava por todo o corpo. Neste
estágio bem fraco tomou seu caderno, com muitas dores ele escreveu assim: Jesus é
a única solução para o meu povo! Mostrava essas palavras para todos de sua casa,
ali em seu leito. Esse jovem morreu em sua casa, seus pais acreditavam que os espíritos
iam curar o seu filho.
Sua casa era bem perto da sede da Missão onde nós morávamos, ficamos
sabendo e fomos ao velório com os professores da escola, ao chegarmos lá vimos o
altar de invocação dos espíritos montado no chão, e os caciques no fundo da casa.
Entramos e vimos o seu corpo estendido em um caixão, sem flores somente coberto
com um lençol. Foi então que sua cunhada nos mostrou o que ele havia escrito antes
de morrer. Nesse momento entendemos porque os caciques estão longe e não havia
danças e invocação naquele recinto. Ele era de Deus e foi para Ele. Esse rapaz havia
feito a escolha de entregar a sua vida para Deus. Naquele momento tivemos a grande
oportunidade de pregar a Palavra de Deus, que liberta, que salva e renova esperança
para seus familiares e em seguida oramos pela família.
Todos os velórios na aldeia são feitos com invocações de espíritos, danças,
muitos bêbados e muitas outras coisas abomináveis diante de Deus. Passam a noite
com uma batida de rezas que escutávamos de muito longe. Mas nesse velório foi
diferente, parecia que os caciques e os feiticeiros não tinham forças para se levantar,
pois Deus estava ali. A noite foi tranquila, não se teve barulho de nada. No outro dia o
Missº. Marcos Antônio meu esposo foi chamado pela família para levar o corpo do rapaz
no cemitério da Aldeia. E quando no cemitério o irmão desse rapaz disse o seguinte:
Missionário Marcos: temos o costume de enterrar todos os pertences quando uma
pessoa de nosso povo morre. Mas essa aqui a Bíblia do meu irmão vai ficar comigo, eu
quero conhecê-la como o meu irmão conhecia. Essa bíblia ele havia ganho dos Gideões
Internacionais na escola onde estudava. Esse jovem havia feito a melhor escolha em
sua vida.

Porque não investir na escola?

Márcia Alves Doneda Fagundes


Mestre em Teologia Prática, Psicopedagoga, Capelã Escolar, Pedagoga e
Missionária da JMN – Junta de Missões Nacionais em parceria com a ACIBASM
(Associação Centro das Igrejas Batista) e da CBSM (Convenção Batista Sul-mato-
grossense).

74
QUAL SEU LIMITE?

Está com dificuldade de aceitar a missão?


Que Deus abençoe sua vida abundantemente e que aquilo que o limita seja só o
instrumento para o milagre de Deus na sua vida.
Não olhe para o problema como o fim, mas como a oportunidade para te preparar
para a missão.
Se você estiver DESANIMADO, DESMOTIVADO NO ministério, NO TRABALHO QUE
DEUS LHE CONFIOU, NO serviço, que desculpa tem dado?
Veja se identifica com algumas dessas limitações humanas:
Abraão era velho, Jacó era inseguro, Lia não tinha atrativos, José foi maltratado, Moisés
gaguejava, Gideão era pobre.
Sansão era codependente, Raabe era imoral, Davi teve uma amante e todo tipo de
problemas familiares.
Elias tinha tendências suicidas, Jeremias era depressivo, Jonas era relutante, Noemi
era viúva, João Batista era no mínimo excêntrico.
Pedro era impulsivo e temperamental, Marta se preocupava demais, a samaritana teve
vários casamentos fracassados, Zaqueu era indesejado.
Tomé tinha dúvidas, Paulo tinha saúde fraca e Timóteo era tímido.
Aí está uma boa variedade de pessoas desajustadas, mas Deus usou cada uma dela em
sua obra. Ele também o usará, se você parar de apresentar desculpas.

Não importa a sua idade. Da mesma forma que Deus rejeitou as desculpas de Sara,
quando ela disse estar muito velha para que o Senhor a usasse, ele também rejeitou as
objeções de Jeremias, quando este alegou ser muito jovem.

TIMIDEZ ME INGESSAVA:

Aos 16 anos ouvindo um programa de rádio chamado Novo Caminho com o Diácono
Arão Salgado e Irmã Elzi, senti Deus falar claramente ao meu coração: - Seja você o primeiro
a tomar uma decisão ao lado de Cristo. Não resisti e entreguei naquele momento meu coração
para Jesus, que a partir de então, Ele encheu meu coração de seu amor e pelas pessoas,
principalmente as que ainda não tinha feito uma decisão por Cristo incluindo minha família,
familiares e todos que faziam parte da minha vida.
Procurei uma igreja Batista na cidade de Vicentina-MS onde morava, e encontrei um
casal de Seminarista Pedrinho Novask e Dilza que me recebeu com carinho, me preparando
para o batismo. Certo de meu chamado por compartilhar esse amor que estava no meu coração,
a partir desse momento em minha vida fui despertada para ler a sua Palavra, me lembro que
as vezes dormia abraçada com minha Bíblia.
Casei-me com 20 anos com Marcos Antônio, hoje pastor batista, e o chamado ardendo
no meu coração, sempre participava de congressos, assembleias, seminários, treinamentos, e
como esses eventos me realizava.
No fundo desejava algo mais, em 1995 conclui minha primeira faculdade, mas a vontade
fazer um curso ministerial era enorme. Porém a timidez era um grande desafio, optei com um
curso técnico em contabilidade e minha primeira faculdade foi ciências contábeis por aversão
de estar à frente de um público.
Logo após minha conversão essa situação foi sendo gradativamente transformada. Ao
chegar na igreja me entregaram uma revista e comecei a ministrar aulas para os adultos na
classe da Escola Bíblica. Desde o dia que me apresentei na igreja até hoje não parei de
trabalhar no ministério, faz 30 anos.

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Em 2001 Deus me permitiu iniciar meu primeiro curso na área ministerial, Licenciatura
em Educação Religiosa, agora com nossos dois filhos Felipe e Denyse.
Louvo a Deus pela minha infância, adolescência e juventude pois foi um treinamento de
Deus em minha vida para saber lidar com tantas atividades e no cuidado com as pessoas. Deus
estava me preparando.
Louvo a Deus pelas experiências missionárias, formação ministerial e profissional que
tive o privilégio de realizar e que no momento faço. Ouvi recentemente: Se você atende a
vários chamados em sua vida, um dia receberá um chamado específico.

Aprendi muito com lida da lavoura e na expectativa da colheita em minha formação.


Plantávamos algodão, quantas vezes vi meu pai acordado a noite toda, preocupado, pois não
havia trabalhadores e a nossa roça de algodão pronta para a colheita, branca como a neve até
perder de vista, e ele dizia: - Se não tiver trabalhadores que nos ajude, vamos perder a colheita.
E hoje vejo assim nas cidades, nas escolas, nos hospitais em todos os lugares onde há
pessoas, um campo branco para ser colhido, e faltam trabalhadores. Não só minha expectativa
como já tenho feito, despertar pessoas, igrejas que levantem os olhos e vejam os campos
(CAMPUS DAS ESCOLAS/FACULDADES) prontos para a colheita ESPIRITUAL, que se
preparem, que se coloquem a disposição para o trabalho, pois o maior resultado se dará quando
tivermos o maior número de trabalhadores.

Eu era uma improvável, Deus transformou minha vida por completo, encheu meu
coração com seu amor e levantou meus olhos para ver o campo branco para a ceifa. Jesus
disse: “Orai ao Senhor da seara que envie trabalhadores para sua colheita”. Essa tem sido
minha oração, e como resposta estou indo, me preparando a cada dia para cumprir a missão
recebida do Senhor e trabalhando na multiplicação de líderes capacitados para a sua seara.

No início do ano passado tive o privilégio de participar do período de colheita no sítio dos
meus pais, agora na colheita de soja. Vendo o sonho dos meus pais e meus irmãos realizados
em terem colhedeiras e maquinários para que a colheita possa ser feita com rapidez e agilidade.

Me faz pensar e sonhar na multiplicação de trabalhadores preparados e motivados para


a colheita espiritual de Deus.

Em Colossenses 3:14 diz: Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo
perfeito. Tudo que Deus faz está baseado no amor.

O amor é o recurso mais abundante no universo, porque Deus é amor. Ele é a fonte.
Não existe falta de amor no universo e sim a manifestação desse amor.
Nós fomos criados para ser um canal da entrega desse amor, para multiplicar e
frutificar o amor de Deus.

Márcia Alves Doneda Fagundes


Mestre em Teologia Prática, Psicopedagoga, Capelã Escolar, Pedagoga e
Missionária da JMN – Junta de Missões Nacionais em parceria com a ACIBASM
(Associação Centro das Igrejas Batista) e da CBSM (Convenção Batista Sul-mato-
grossense).

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