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DA APLICAÇÃO
DA REDENÇÃO
SUMÁRIO
AULA 01 A Graça Comum - Quais são as bênçãos que Deus dá a todas
as pessoas, tanto a crentes como a incrédulos?
05
AULA 02 O Chamado do Evangelho e o Evangelho Eficaz - Qual é a
mensagem do evangelho? Como ela se torna eficaz? 11
AULA 03 Regeneração - O que significa nascer de novo?
15
AULA 04 Conversão (Fé e Arrependimento) - O que é o verdadeiro
arrependimento? Que é fé salvífica? Podem as pessoas aceitar
Jesus como Salvador, mas não como Senhor?
19
AULA 05 Justificação (Direito Legal de estar diante de Deus) -
Como e quando obtemos o direito legal
de estar diante de Deus?
25
AULA 06 Adoção (Filiação na Família de Deus) - Quais são os benefícios
de ser membro da família de Deus? 31
AULA 07 Santificação (Tornar-se Semelhante a Cristo) - Como avançamos
em direção à maturidade cristã? Quais são as bênçãos
do crescimento cristão?
37
AULA 08 A Perseverança dos Santos (Conservar-se Cristão) - Como saber
se realmente nascemos de novo? 43
AULA 09 A Morte e o Estado Intermediário - Qual o propósito da morte
na vida cristã? O que acontece com o nosso corpo e
com a nossa alma quando morremos?
49
AULA 10 Glorificação (Receber o Corpo Ressurreto) - Quando
receberemos o corpo ressurreto? Como será esse corpo? 57
AULA 11 A União com Cristo - Que significa
estar "em Cristo" ou "unido a Cristo"? 63
A DOUTRINA DA APLICAÇÃO DA REDENÇÃO | 05
AULA 01
A Graça Comum - Quais são as
bênçãos que Deus dá a todas as
pessoas, tanto a crentes como
a incrédulos?
Introdução:
Quando Adão e Eva pecaram, tornaram-se merecedores de punição e
separação eternas da parte de Deus (Gn 2.17). Do mesmo modo, quando seres
humanos hoje pecam tornam-se sujeitos à ira de Deus e à punição eterna: “O
salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Isso significa que um a vez que as
pessoas pequem, a justiça de Deus só pode requerer que sejam eternamente
separadas dele, impedidas totalmente de experimentar qualquer benefício
de sua parte, e que vivam para sempre no inferno apenas recebendo eterna-
mente sua ira.
Mas de fato Adão e Eva não morreram imediatamente. A execução total
da sentença de morte foi adiada por muitos anos. Além disso, até hoje milhões
de seus descendentes não morrem e vão para o inferno assim que pecam, mas
continuam a viver por muitos anos, usufruindo de incontáveis bênçãos neste
mundo. Como pode ser isso? A resposta a essas perguntas é que Deus outorga
a graça comum. Podemos definir graça comum da seguinte maneira: Graça
comum é a graça de Deus pela qual ele dá às pessoas inumeráveis bênçãos que
não fazem parte da salvação.
A graça comum é diferente da graça salvífica em seus resultados (ela não
conduz à salvação), em seus recebedores (ela é dada igualmente a crentes e
incrédulos), e em sua fonte (ela não flui diretamente da ação resgatadora de
06 | AULA 01
1) O domínio físico.
Os incrédulos continuam a viver neste mundo unicamente por causa da
graça comum de Deus - toda vez que alguém respira, isso se dá pela graça,
porque o salário do pecado é morte, não vida. Além disso, a terra não produz
somente cardos e abrolhos (Gn 3.18), nem permanece como um deserto resse-
cado, mas pela graça comum de Deus ela produz alimento e material para
roupa e abrigo, frequentemente em grande abundância e diversidade. Jesus
disse: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos
torneis filhos de vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus
e bons e vir chuvas sobre justos e injustos ” (Mt 5.44-45).
O Antigo Testamento também fala sobre a graça comum de Deus que
chega tanto aos incrédulos como aos crentes. Davi fala de uma maneira muito
abrangente a respeito de todas as criaturas que Deus fez: “O Senhor é bom
para todos, e suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras. [...]
Em ti esperam os olhos de todos, e tu, a seu tempo, lhes dás o alimento. Abres
a mão e satisfazes de benevolência a todo vivente” (SI 145.9, 15-16).
Vemos evidências da graça comum de Deus até na beleza do mundo
natural. A beleza das flores multicoloridas, dos gramados e florestas, dos rios,
lagos, montanhas e praias ainda permanece como um testemunho diário da
incessante graça comum de Deus. Os incrédulos não merecem usufruir dessa
beleza, mas pela graça de Deus eles podem usufrui-la por toda a vida.
2) O domínio intelectual:
Os seres humanos no mundo atual, mesmo incrédulos, não são total-
mente inclinados para a mentira, para a irracionalidade e para a ignorância.
A DOUTRINA DA APLICAÇÃO DA REDENÇÃO | 07
3) O domínio moral:
Deus também, por meio da graça comum, limita as pessoas para que não
sejam tão más quanto poderiam ser. No caso da maioria dos seres humanos
eles não caem até as profundezas onde seu pecado os levaria porque Deus
intervém e põe freios sobre sua conduta. Uma das mais eficazes restrições é a
força da consciência. Paulo diz: “Quando, pois, os gentios, que não têm lei,
procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem
eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no seu
coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamen-
tos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se” (Rm 2.14-15).
Essa percepção interna do certo e do errado, que Deus dá a todas as
pessoas, significa que elas normalmente aprovarão os padrões morais que
refletem muitos dos padrões morais das Escrituras. As pessoas frequentemen-
te estabelecem leis ou têm costumes que respeitam a santidade do matrimô-
nio e da família, protegem a vida humana e proíbem o roubo e a falsidade no
08 | AULA 01
falar. Por causa disso, as pessoas com frequência vivem de maneira correta e
estão exteriormente de acordo com os padrões morais encontrados na Palavra
de Deus. Apesar de sua conduta moral, não podem merecer recompensa da
parte de Deus (visto que as Escrituras claramente dizem que “pela lei, ninguém
é justificado diante de Deus”, G1 3.11, e “Todos se extraviaram, à uma se fizeram
inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer”, (Rm 3.12).
Naturalmente, nas áreas onde o evangelho teve grande influência e a
igreja é forte, haverá na sociedade uma influência moral mais forte do que nos
lugares onde o evangelho nunca chegou, ou onde tem influência limitada (por
exemplo, em sociedades canibalescas - ou até mesmo na moderna sociedade
ocidental onde tanto a crença no evangelho como os absolutos morais têm
sido abandonados pela cultura dominante).
4) O domínio criativo:
Deus tem permitido medidas significativas de talento nas áreas artísticas
e musicais, bem como em outras esferas nas quais a criatividade e o talento
podem ser expressos, tais como atividades atléticas, arte culinária, literatura e
assim por diante. E nessa área, bem como nos domínios físico e intelectual, as
bênçãos da graça comum são às vezes derramadas sobre os incrédulos até
mais abundantemente do que sobre os crentes. Contudo, em todos os casos é o
resultado da graça de Deus.
5) O domínio social:
A graça de Deus também é evidente na existência de várias organizações
e estruturas na sociedade humana. Vemos isso primeiramente na família
humana, atestada pelo fato de que Adão e Eva permaneceram como marido e
mulher depois da queda e então tiveram descendentes, tanto filhos como
filhas (Gn 5.4). A família perdura hoje não simplesmente como uma instituição
para crentes, mas para todas as pessoas.
O governo humano também é resultado da graça comum. Ele foi instituí-
do por Deus como um princípio depois do dilúvio (veja Gn 9.6), e se diz clara-
mente que é concedido por Deus em Romanos 13.1: “Não há autoridade que
não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituí-
A DOUTRINA DA APLICAÇÃO DA REDENÇÃO | 09
das”. Um dos principais expedientes que Deus usa para restringir o mal no
mundo é o governo humano. As leis humanas, as forças policiais e os sistemas
judiciais proporcionam um poderoso restringente às ações do mal, e essas
coisas são necessárias porque existe no mundo muito mal irracional que só
pode ser restringido pela força e não pela razão ou educação.
6) O domínio religioso:
Até mesmo no domínio da religião humana, a graça comum de Deus
produz algumas bênçãos para pessoas incrédulas. Jesus nos ordena: “Amai os
vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5.44).
Quando visamos o bem dos incrédulos, isso está em harmonia com a
prática do próprio Deus de conceder luz solar e chuva “sobre justos e injustos”
(Mt 5.45) e se harmoniza com a prática de Jesus durante seu ministério terres-
tre, quando ele curou todas as pessoas que eram levadas até ele (Lc 4.40). Não
há indicação de que ele exigisse que elas acreditassem nele ou concordassem
que ele era o Messias antes de lhes conceder a cura física. Será que Deus respon-
de às orações dos incrédulos? Embora Deus não tenha prometido responder às
orações deles (como prometeu responder às dos que oram em nome de Jesus)
e embora não tenha a obrigação de respondê-las, ainda assim ele pode, por
causa da sua graça comum, ouvir e atender as orações deles, demonstrando
assim sua misericórdia e sua bondade também dessa maneira.
AULA 02
O Chamado do Evangelho e o
Evangelho Eficaz - Qual é a
mensagem do evangelho?
Como ela se torna eficaz?
Introdução:
“Aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a
esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou”.
(Rm 8.30)
O chamado eficaz:
Quando Paulo diz “Aos que predestinou, a esses também chamou; e aos
que chamou, a esses também justificou” (Rm 8.30), indica que o chamado é
um ato de Deus. Outros versículos descrevem mais plenamente o que é esse
chamado. Quando Deus chama as pessoas dessa maneira poderosa, ele as
chama “das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9); ele as chama “à
comunhão de seu Filho” (1Co 1.9; cf. At 2.39) e “para o seu reino e glória” (1Ts
2.12; cf. 1Pe 5.10, 2Pe 1.3).
12 | AULA 02
Entretanto, entender esses fatos e mesmo concordar que eles são verda-
deiros não é suficiente para uma pessoa ser salva.
tenha a vida eterna” (Jo 3.16). E também Pedro ao pregar o evangelho diz:
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos
pecados” (A.t 3.19; cf. 2.38). Aliada à promessa de perdão e vida eterna deve
estar a garantia de que Cristo aceitará todo aquele que se achega a ele com
arrependimento sincero e fé buscando a salvação: “E o que vem a mim, de
modo nenhum o lançarei fora” (Jo 6.37).
A DOUTRINA DA APLICAÇÃO DA REDENÇÃO | 15
AULA 03
Regeneração -
O que significa nascer de novo?
Satanás, João nos tranquiliza ao dizer que “aquele que está em vocês é maior
do que aquele que está no mundo” (1Jo 4.4), e esse poder maior do Espírito
Santo dentro de nós mantém-nos a salvo do mal espiritual definitivo da parte
do Maligno.
Outros resultados da regeneração são listados por Paulo quando ele fala
do “fruto do Espírito”, isto é, o resultado na vida produzido pelo poder do
Espírito Santo trabalhando no interior de todo crente: “Mas o fruto do Espírito
é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão, domínio próprio” (G1 5.22-23). Se houver verdadeira regeneração,
então esses elementos do fruto do Espírito estarão cada vez mais evidentes
na vida da pessoa.
Jesus nos adverte que no dia do juízo muitos lhe dirão: “Senhor, Senhor!
Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não
expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes
direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a
iniquidade” (Mt 7.22-23). Profecia, exorcismo, muitos milagres e obras podero-
sas no nome de Jesus (sem falar dos outros tipos de atividade eclesiástica
intensiva na força da carne no decorrer de décadas da vida de uma pessoa) não
fornecem evidência convincente de que uma pessoa é verdadeiramente nasci-
da de novo. Mas o genuíno amor por Deus e seu povo, obediência sincera a seus
mandamentos e traços de caráter semelhantes aos de Cristo, os quais Paulo
chama de fruto do Espírito, demonstrados sistematicamente no decorrer de
um período de tempo na vida de uma pessoa, simplesmente não podem ser
produzidos por Satanás ou pela obra do homem ou da mulher natural em sua
própria força. Isso só pode acontecer pela obra do Espírito de Deus em nosso
interior, concedendo-nos vida nova.
A DOUTRINA DA APLICAÇÃO DA REDENÇÃO | 19
AULA 04
Conversão (Fé e Arrependimento) -
O que é o verdadeiro arrependimento?
Que é fé salvífica? Podem as pessoas aceitar
Jesus como Salvador, mas não como Senhor?
Deus e os fatos a respeito da vida e das obras salvíficas de Jesus, porque Tiago
diz: “Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem”
(Tg 2.19). Mas esse conhecimento certamente não significa que os demônios
são salvos.
AULA 05
Justificação
(Direito Legal de estar diante de Deus) -
Como e quando obtemos o direito legal
de estar diante de Deus?
é assim que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui
justiça, independentemente de obras” (Rm 4.5-6). Desse modo, a justiça de
Cristo tomou-se nossa. Paulo diz que somos os que recebemos “o dom da
justiça” (Rm 5.17).
Esta é a terceira vez ao estudar as doutrinas das Escrituras que depara-
mos com a ideia de imputar culpa ou justiça a outra pessoa. Primeiro, quan-
do Adão pecou, sua culpa foi imputada a nós; Deus Pai a viu como pertencen-
te a nós, e, portanto, assim se deu. Segundo, quando Cristo sofreu e morreu
pelos nossos pecados, nosso pecado foi imputado a Cristo; Deus o conside-
rou como pertencente a ele, que então pagou a pena do pecado. Agora, na
doutrina da justificação, vemos a imputação pela terceira vez. A justiça de
Cristo é imputada a nós, e, portanto, Deus a considera pertencente a nós. Não
se trata de nossa própria justiça, mas da justiça de Cristo generosamente
concedida a nós. Paulo diz que seu alvo é ser achado em Cristo, “não tendo
justiça própria, que procede da lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a
justiça que procede de Deus, baseada na fé” (Fp 3.9).
Isso é o que Martinho Lutero viu tão claramente e deu tão grande motiva-
ção à Reforma. Quando as boas novas do evangelho verdadeiramente se torna-
ram as boas novas da salvação totalmente gratuita em Jesus Cristo, então se
espalharam rapidamente por todo o mundo civilizado. Mas isso foi simples-
mente um restabelecimento do evangelho original, que declara que “o salário
do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é vida eterna em Cristo Jesus,
nosso Senhor” (Rm 6.23), e insiste que “agora, pois, já nenhuma condenação há
para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).
de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9; cf. Tt
3.7). A graça, claramente contrastada com as obras ou os méritos, é a razão pela
qual Deus deseja justificar-nos. Deus não tem obrigação alguma de imputar
nossos pecados a Cristo ou de imputar a justiça de Cristo a nós; foi unicamente
por causa de seu favor imerecido que ele fez isso. Lutero e os outros reformado-
res insistiram que a justificação vem somente pela graça, não pela graça mais
algum mérito de nossa parte.
AULA 06
Adoção (Filiação na Família de Deus) -
Quais são os benefícios de ser
membro da família de Deus?
estávamos sob a tutela da lei [...] a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo,
a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não perma-
necemos subordinados ao aio. Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a
fé em Cristo Jesus” (Gl 3:23-26). Isso não quer dizer que o Antigo Testamento
omitiu completamente que Deus é nosso Pai, porque Deus chamou a si
mesmo Pai dos filhos de Israel e chamou-os seus filhos em diversos lugares
(Sl 103:13; Is 43:6-7; Ml 1:6; 2:10). Mas ainda que houvesse uma consciência de
Deus como Pai de todo o povo de Israel, os plenos benefícios e privilégios de
ser membro da família de Deus e a plena realização desse processo de filia-
ção não ocorreu até que Cristo viesse e o Espírito do Filho de Deus fosse derra-
mado em nosso coração, dando testemunho com nosso espírito de que
somos filhos de Deus.
Que evidência vemos em nossa vida de que somos filhos de Deus? Paulo
vê clara evidência no fato de que o Espírito Santo dá testemunho em nosso
coração de que somos filhos de Deus: “Vindo, porém, a plenitude do tempo,
Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os
que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque
vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama:
Aba, Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também
herdeiro por Deus” (Gl 4:4-7).
A primeira epístola de João enfatiza nossa condição de filhos de Deus:
“Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chama-
dos filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus [...]. Amados, agora, somos
filhos de Deus” (I Jo 3:1-2; João várias vezes dirige-se a seus leitores como
“filhos” ou “filhinhos”).
Embora o Novo Testamento diga que agora somos filhos de Deus (I Jo
3:2), devemos notar que há outro sentido no qual nossa adoção é ainda futura
porque não receberemos os plenos benefícios e privilégios da adoção até
que Cristo retome e nós ressuscitemos. Paulo fala sobre esse sentido mais
pleno e posterior da adoção quando diz: “Porque sabemos que toda a cria-
ção, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. E não somente ela,
mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos
em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo”
(Rm 8:23 – Grifo Nosso).
A DOUTRINA DA APLICAÇÃO DA REDENÇÃO | 33
Os Privilégios da Adoção:
Os benefícios ou privilégios que acompanham a adoção são vistos primei-
ramente no modo como Deus se refere a nós e também no modo como nós
nos referimos uns aos outros como irmãos e irmãs na família de Deus.
a) A possibilidade de falar com Deus e de nos referirmos a Ele como um
Pai Bom e Amoroso:
Nós oramos: “Pai nosso, que estás nos céus” (Mt 6:9), e compreendemos
que “já não somos escravos, porém filhos” (Gl 6:7). Portanto, agora nos dirigi-
mos a Deus não como um escravo se dirige ao senhor de escravos, mas como
um filho se dirige ao pai. De fato, Deus nos dá um testemunho interno oriun-
do do Espírito Santo que faz com que instintivamente chamemos Deus de
nosso Pai. “Mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos:
Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de
Deus” (Rm 8:15-16).
Certamente é verdade que Deus é nosso Criador, nosso Juiz, nosso Senhor
e Mestre, nosso Instrutor, Provedor e Protetor, aquele que por meio de seu
cuidado providencial sustenta nossa existência. Contudo, o papel mais íntimo
e que transmite os mais altos privilégios de associação com Deus pela eternida-
de é o seu papel como nosso Pai celestial.
A DOUTRINA DA APLICAÇÃO DA REDENÇÃO | 35
AULA 07
Santificação (Tornar-se Semelhante a Cristo) -
Como avançamos em direção à maturidade
cristã? Quais são as bênçãos
do crescimento cristão?
JUSTIFICAÇÃO SANTIFICAÇÃO
Posição Legal Condição interna
De uma vez por todas Continua por toda a vida
Obra inteiramente de Deus Nós cooperamos
Perfeita nesta vida Não perfeita nesta vida
A mesma em todos os cristãos Maior em alguns do que em outros
Santidade
Perfeita
3 Morte
Crescimento
em
Santidade
2 Vida Cristã
Primeiro, aquele que pode ser chamado papel “passivo” que desempe-
nhamos na santificação é visto em textos que nos encorajam a confiar em
Deus ou a orar pedindo que ele nos santifique. Paulo compreende que
somos dependentes da obra do Espírito Santo para crescer na santificação,
porque ele diz: “Se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamen-
te, vivereis” (Rm 8:13).
Esse papel ativo que devemos desempenhar é indicado quando Paulo
fala aos filipenses: “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não
só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvol-
vei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós o
querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.12-13). Paulo os incen-
tiva a obedecer até mesmo mais do que faziam quando ele estava presente. Ele
diz que a obediência é o modo pelo qual eles “desenvolvem a [própria] salva-
ção”, querendo dizer que eles “desenvolvem” a concretização dos benefícios da
salvação na vida cristã.
Muitas passagens específicas do Novo Testamento incentivam atenção
detalhada a vários aspectos da santidade e da piedade na vida (veja Rm 12:1-
14; Ef 4:17; 6:20; Fp 4:4-9; Cl 3:5; 4:6; I Pe 2:11; 5:11). Devemos desenvolver conti-
nuamente padrões e hábitos de santidade, porque essa medida de maturi-
dade é que faz com que os cristãos maduros tenham “as suas faculdades
exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal” (Hb 5:14).
O Novo Testamento não sugere quaisquer atalhos pelos quais possamos
crescer na santificação, mas simplesmente nos encoraja repetidamente a
dedicar-nos à “antiga” e consagrada fórmula de leitura da Bíblia e meditação
(SI 1:2; Mt 4:4; 17:17), oração (Ef 6:18; Fp 4:6), adoração (Ef 5:18-20), testemunho
(Mt 28:19-20), comunhão cristã (Hb 10:24-25) e autodisciplina ou domínio
próprio (Gl 5:23; Tt 1:8).
AULA 08
A Perseverança dos Santos
(Conservar-se Cristão) - Como saber se
realmente nascemos de novo?
Aqui diz Jesus que todos os que creem nele terão vida eterna. Diz que irá
ressuscitar essa pessoa no último dia - o que, nesse contexto de crer no Filho e
ter vida eterna, significa claramente que Jesus ressuscitará essa pessoa para a
vida eterna ao lado dele (não somente a ressuscitará para juízo e condenação).
Parece difícil evitar a conclusão de que todos os que verdadeiramente creem
em Cristo permanecerão cristãos até o dia da ressurreição final para as bênçãos
da vida na presença de Deus. Além disso, esse texto enfatiza que Jesus faz a
vontade do Pai, ou seja, “que nenhum eu perca de todos os que me deu” (Jo
6:39). Reafirma-se então: os que foram dados ao Filho pelo Pai não se perderão.
Os textos de Paulo e outras epístolas do Novo Testamento também trazem
elementos que indicam que os que verdadeiramente nascem de novo perseve-
rarão até o fim. “Já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”
(Rm 8:1); portanto, seria injusto que Deus reservasse algum tipo de castigo
eterno para os cristãos - nenhuma condenação há para eles, pois a penalidade
dos seus pecados já foi expiada integralmente.
Outras provas de que Deus guarda os que nascem de novo para a eterni-
dade é o “selo” que Deus coloca em nós. Tal “selo” é o Espírito Santo que habita
em nós, que também funciona como “penhor” divino de que receberemos a
herança que nos foi prometida: “Em quem também vós, depois que ouvistes a
palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido,
fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa
herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (Ef 1:13-14).
A palavra grega traduzida como “penhor” nessa passagem (arrabõn) é um
termo legal e comercial que significa “primeira prestação, depósito, entrada,
caução” e representa “um pagamento que obriga a parte contratante a fazer
novos pagamentos”. Quando Deus nos concedeu o Espírito Santo, ele se com-
prometeu a dar as outras bênçãos da vida eterna e uma grande recompensa no
céu ao lado dele.
Outro exemplo da garantia de que os crentes perseverarão até o fim se
encontra na declaração de Paulo aos filipenses: “Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de
Cristo Jesus” (Fp 1.6). O plural “vós” (gr. hymas) indica que Paulo se refere aos
cristãos da igreja filipense em geral, mas mesmo assim ele fala dos crentes aos
quais escreve e diz que a boa obra que Deus começou neles continuará e será
completada no dia da volta de Cristo.
A DOUTRINA DA APLICAÇÃO DA REDENÇÃO | 45
Pedro diz aos seus leitores que são eles os que são “guardados pelo poder de
Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tem-
po” (I Pe 1:5). A palavra “guardados” (gr. phroureõ) pode significar tanto “impedi-
dos de fugir” quanto “protegidos de ataque”, e talvez os dois sentidos estejam
implícitos aqui: Deus impede que os crentes fujam do seu reino, e os protege
de ataques externos. Assim podemos definir o sentido do versículo dizendo
que “Deus está continuamente usando o seu poder para guardar o seu povo
mediante a fé desse povo”, uma declaração que parece implicar que o poder
divino na verdade fortalece e continuamente sustenta a fé do indivíduo. No
entanto, o poder de Deus age continuamente “mediante” a sua fé. E se os cren-
tes quiserem saber se Deus os está guardando? Ora, se eles persistem na fé em
Deus por meio de Cristo, Deus atua para guardá-los e por isso merece reconhe-
cimento. Essa ênfase na proteção de Deus combinada à nossa fé proporciona
uma transição natural à segunda metade da doutrina da perseverança.
também diz: “Aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte
de Deus não nos ouve” (I Jo 4:6).
AULA 09
A Morte e o Estado Intermediário -
Qual o propósito da morte na vida cristã?
O que acontece com o nosso corpo e
com a nossa alma quando morremos?
morte que apavora a mente dos descrentes (Hb 2:15). Todavia, embora Deus
nos beneficie através do processo da morte, precisamos ainda lembrar que a
morte não é natural; é algo estranho, e em um mundo criado por Deus é algo
que não deveria existir. Trata-se de um inimigo, o qual Cristo finalmente
destruirá (I Co 15:26).
1) A nossa morte:
O Novo Testamento incentiva-nos a ver nossa própria morte não com
temor, mas com alegria na esperança de estar com Cristo. Paulo diz: “Preferin-
do deixar o corpo e habitar com o Senhor” (2 Co 5:8). Quando estava preso, sem
saber se iria morrer ou ser libertado, ele pôde afirmar:
Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto se o
viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher.
Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar
com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.
Os cristãos não precisam temer a morte, pois as Escrituras garantem-nos
repetidamente que nem mesmo a “morte poderá separar-nos do amor de
Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8:38-39). Na verdade, Jesus
morreu para que “livrasse a todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à
escravidão por toda a vida” (Hb 2:15). Esse versículo lembra-nos de que nossa
postura nítida de tranquilidade diante do medo da morte expressará um
tremendo testemunho para os cristãos em uma época em que se procura
evitar falar da morte e em que não há respostas para ela.
possível passar do inferno para o céu depois da morte, apesar de ter o rico
clamado no inferno: “Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro
que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou
atormentado nesta chama”. E Abraão respondeu: “E, além de tudo, está posto
um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui
para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós” (Lc 16:24-26).
O livro de Hebreus relaciona a morte com a consequência do juízo na
seguinte ordem: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só
vez, vindo, depois disto, o juízo...” (Hb 9:27). Além do mais, a Bíblia nunca apre-
senta o juízo final como dependente de algo feito depois da morte, mas
somente do que aconteceu nesta vida (Mt 25:31-46; Rm 2:5-10; cf. 2 Co 5:10). A
condenação não vem somente por causa de uma rejeição deliberada de Cristo,
mas também por causa dos pecados que cometemos e da rebelião contra
Deus, representada em tais pecados (veja Jo 3:18).
Ainda que os descrentes passem para um estado de castigo eterno imedi-
atamente depois da morte, o corpo deles não ressuscitará antes do dia do juízo
final. Naquele dia, o corpo deles será ressuscitado e reunido à alma, e eles
estarão de pé diante do trono de Deus para o juízo final, que será pronunciado
sobre eles, ressurretos em um corpo (veja Mt 25:31-46; Jo 5:28-29; At 24:15 e Ap
20:12,15).
56 | AULA 09
A DOUTRINA DA APLICAÇÃO DA REDENÇÃO | 57
AULA 10
Glorificação
(Receber o Corpo Ressurreto) - Quando
receberemos o corpo ressurreto?
Como será esse corpo?
dizendo que nem todos os cristãos morrerão, mas que alguns que permanece-
rem vivos quando Cristo voltar terão o corpo imediatamente transformado em
novo corpo ressurreto, que nunca poderá envelhecer, enfraquecer nem morrer:
Digo-vos um mistério. Nem todos dormiremos, mas todos seremos transfor-
mados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao soar da última trombe-
ta. Pois a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós sere-
mos transformados (I Co 15:51-52).
Paulo explica melhor em 1 Tessalonicenses que as almas dos que tiverem
morrido e partido para estar com Cristo voltarão e serão reunidos aos seus
corpos naquele dia, pois Cristo os trará consigo: “Se cremos que Jesus morreu e
ressuscitou, também, através de Jesus, Deus trará com ele os que tiverem
dormido” (I Ts 4:14). Assim esses cristãos que morreram com Cristo também são
ressuscitados para encontrar-se com Cristo (Paulo diz no v. 17: “Seremos arreba-
tados nas nuvens para o encontro com o Senhor nos ares”). Isso só faz sentido se
referir-se às almas dos cristãos que tiverem ido à presença de Cristo e que
voltarem com ele, e aos corpos deles ressuscitados dentre os mortos para
serem reunidos com suas almas, e assim subirem para estar com Cristo.
Além desses textos de 1 Coríntios 15 e 1 Tessalonicenses 4, vários outros
textos do Novo Testamento afirmam a realidade da doutrina da glorificação.
Jesus afirma: “A hora vem quando todos os que estiverem no túmulo ouvirão a
sua voz e sairão, os que tiverem feito o bem para a ressurreição da vida, e os que
tiverem feito o mal para a ressurreição do juízo” (Jo 5:28-29). Jesus também diz:
“Esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles
que ele me deu, mas ressuscite-os no último dia. Pois esta é a vontade de meu
Pai, que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e eu o ressus-
citarei no último dia” (Jo 6:39-40).
Paulo afirma: “Aquele que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivi
ficará os vossos corpos mortais através do seu Espírito que habita em vós” (Rm
8:11; cf. 2 Co 5:1-10). Ele deixa claro que os cristãos devem viver na expectativa
ansiosa da volta de Cristo e da transformação de nosso corpo, que se tomará
como o próprio corpo perfeito de Cristo. Ele afirma: “Mas a nossa pátria está no
céu, de onde aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará
nosso corpo vil à semelhança do seu corpo glorioso, pelo poder que o capacita
a sujeitar todas as coisas a si mesmo” (Fp 3:20).
nar. Em primeiro lugar, mesmo antes de Jesus ressuscitar dos mortos, o Novo
Testamento indica que muitos judeus da época de Cristo tinham alguma
esperança de uma futura ressurreição do corpo. Quando Jesus foi à casa de
Lázaro, depois da morte deste, e disse à Marta: “Teu irmão vai ressuscitar”, Marta
responde: “Eu sei que ele há de ressuscitar na ressurreição do último dia (Jo
11:23-24). Além disso, quando Paulo estava no tribunal, disse a Félix que ele
tinha uma “esperança em Deus que estes mesmos [seus acusadores judeus]
aceitam, que haverá uma ressurreição de justos e de injustos” (At 24:15).
Também lemos que muitos santos do Antigo Testamento “todos morre-
ram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudan-
do-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra [...] Mas,
agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial Por isso, Deus não se
envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma
cidade” (Hb 11:13-16). O autor chega até a dizer que Abraão “considerou que
Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos” (Hb 11:19).
Quando olhamos para os próprios ensinos do Antigo Testamento, há
indicações de que seus autores tinham forte expectativa da ressurreição futura.
Embora os salvos do Antigo Testamento de certo não tivessem muitos detalhes
sobre a natureza da ressurreição ou sobre o modo que ela aconteceria por meio
do Messias, e ainda que não tivessem uma base tão clara para a confiança na
ressurreição como nós temos no evento real da ressurreição corporal de Cristo,
ainda assim, como pudemos ver, havia com certeza uma expectativa do dia
futuro da ressurreição corporal.
doença. Será para sempre um corpo plenamente saudável e forte. Além disso,
visto que o envelhecimento gradual faz parte do processo pelo qual o nosso
corpo está agora sujeito à “corrupção”, é certo pensar que o corpo da ressurrei-
ção não terá sinais de envelhecimento, mas terá perpetuamente as caracterís-
ticas da juventude acompanhadas de maturidade como homens e mulheres.
Não haverá sinal de doença nem de dor, pois todos seremos perfeitos. O nosso
corpo ressurreto mostrará o cumprimento da plena sabedoria de Deus ao criar-
nos como seres humanos, ápice de sua criação, portadores adequados de sua
imagem e semelhança. Nesse corpo ressurreto veremos o que Deus pretendia
que fôssemos enquanto seres humanos.
Paulo também afirma que o nosso corpo será ressuscitado “em glória”.
Quando esse termo aparece em contraste com “desonra”, como é o caso aqui, há
uma sugestão de como seremos belos e atraentes no novo corpo. Não haverá
mais algo “desonroso” ou desprezível, mas o corpo parecerá “glorioso” em sua
beleza. Além disso, visto que a palavra “glória” é tantas vezes usada na Bíblia para
se referir ao brilho resplandecente e radiante que envolve a presença do próprio
Deus, esse termo sugere que haverá também um tipo de brilho ou resplendor à
volta de nosso corpo que será um sinal externo apropriado da nossa posição de
exaltação e domínio, dado a nós por Deus sobre toda a criação.
Finalmente, Paulo afirma que o corpo ressuscitará “corpo espiritual” (I Co
15:44). Nas epístolas paulinas, a palavra “espiritual” (gr. pneumatikon) nunca
tem o sentido “não físico”, mas sim “consonante com o caráter e a atividade do
Espírito Santo” (veja, por exemplo, Rm 1:11; 7:14; I Co 2:13, 15; 3:1; 14:37; Gl 6:1 [“vós,
que sois espirituais”]; Ef 5.:9). Uma paráfrase mais clara seria: “Semeia-se em
corpo natural sujeito às características e desejos dessa era, regido por sua pró-
pria vontade pecaminosa, mas ressuscita-se corpo espiritual, inteiramente
sujeito à vontade do Espírito Santo e sensível à direção desse Espírito”. Esse
corpo nada tem de “não físico”, mas é um corpo físico elevado ao grau de perfei-
ção que Deus originalmente pretendeu que tivéssemos.
Concluindo, quando Cristo voltar, Ele nos dará um novo corpo ressur-
reto para ser semelhante ao seu próprio corpo. “Quando ele se manifestar
seremos semelhantes a ele” (I Jo 3:2; essa afirmação é verdadeira não
somente no sentido ético mas também com referência ao corpo físico; cf. I
Co 15:49 e Rm 8:29).
AULA 11
A União com Cristo - Que significa
estar "em Cristo" ou "unido a Cristo"?
1. Estamos em Cristo.
2. Cristo está em nós.
3. Somos semelhantes a Cristo.
4. Estamos com Cristo.
Estamos em Cristo:
1) No plano eterno de Deus:
Efésios 1:4 nos diz que Deus nos escolheu em Cristo “antes da fundação do
mundo”. Foi “nele” (em Cristo) que fomos predestinados “para louvor da sua
64 | AULA 10
glória” (v. 1:11-12). Mais tarde ele “nos salvou e nos chamou” por causa da “sua
própria determinação” e por causa também da graça que nos deu “em Cristo
Jesus, antes dos tempos eternos” (2 Tm 1:9).
Como não existíamos antes da fundação do mundo, esses versículos
indicam que Deus, perscrutando o futuro e sabendo que iríamos existir, conce-
beu-nos numa relação especial com Cristo. Ele não nos escolheu primeiro para
só depois decidir nos relacionar com Cristo. Antes, ao nos escolher, ao mesmo
tempo nos concebeu pertencentes a Cristo de um modo especial, “em Cristo”.
Portanto, ele nos concebeu como titulares do direito de, no fim, partilhar das
bênçãos da obra de Cristo.
cristã. “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo
vive em mim” (Gl 2:19-20). O fator que determina se alguém é cristão ou não é se
Cristo está nele (Rm 8:10; 2 Co 13:5; Ap 3:20).
O sábio plano divino, oculto como mistério por gerações, era salvar
tanto os gentios como os judeus. Portanto, Paulo diz aos seus leitores genti-
os que o mistério de Deus é “Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1:27). A
lembrança disso destrói o nosso orgulho, nos dá um constante sentimento
de profunda dependência de Cristo e nos proporciona grande confiança,
não no ego, mas em Cristo que age em nós (Gl 2:20; Rm 15:18; Fp 4:13). Essa
permanência de Cristo em nós afeta o modo como reagimos aos necessita-
dos. Tudo o que fazemos para ajudar um irmão cristão, o fazemos a Cristo
(Mt 25:40). Se guardamos os mandamentos de Jesus, isso é uma indicação
de que ele está em nós, e o Espírito Santo também nos dá testemunho de
que Cristo está em nós (l Jo 3:24).