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Ferroressonância é um fenômeno ressonante não linear que pode afetar redes de energia. Taxas
anormais de harmônicas e transientes ou sobretensões estacionárias e sobrecorrentes que
freqüentemente causam danos a equipamentos elétricos. Algumas paradas inexplicáveis podem ser
atribuídas a este raro, fenômeno não linear.
1. Introdução
O termo “Ferroressonância”, que apareceu na literatura pela primeira vez em 1920, refere-se a
todos os fenômenos de oscilações que ocorre num circuito elétrico e que necessariamente possui
os seguintes componentes:
- baixas perdas;
A característica principal deste fenômeno é que mais do que uma resposta de estado estacionário
estável é possível para o mesmos parâmetros de ajuste de rede. Transientes, descargas
atmosféricas, manobra para energização e desenergização de transformadores ou cargas,
ocorrência ou remoção de faltas, trabalho em linha viva, etc.. pode iniciar uma ferroressonância. A
resposta pode de repente saltar de uma resposta de estado estacionário normal (senoidal na
mesma freqüência que a fonte) a uma outra resposta de estado estacionário ferroresonante
caracterizado por altas sobretensões e níveis de harmônicos que podem levar a sérios danos aos
equipamentos conectados na rede.
Um exemplo prático de tal comportamento (supondo que ele não tenha sido iniciado) é a
desenergização de um TP pela abertura de um disjuntor. Como o TP ainda está alimentado pelos
capacitores através do disjuntor, este pode conduzir à tensão zero no terminal do TP ou à uma
tensão altamente distorcida de uma amplitude bem acima da tensão normal.
- Prever-lo;
- identificar-lo e;
- evitar ou eliminá-lo.
Pouco é conhecido sobre este complexo fenômeno, assim como ele é raro também não se pode
analisar-lo ou prever-lo através de métodos computacionais (baseado em aproximações)
normalmente usados em engenharia elétrica. Esta falta de conhecimento é a real responsável por
um grande número de destruições e mau funcionamento de equipamentos.
Um estudo com característica de previsão deve ser empreendido por especialistas se as dúvidas
persistirem a respeito destes limites e configurações inevitáveis. As ferramentas de análise
numérica apropriadas permitem a previsão e a avaliação do risco de ferroressonância em um
sistema de energia para todos os valores possíveis destes parâmetros de sistema, tanto em
circunstâncias normais quanto em circunstância degradadas. Soluções práticas são disponíveis
para prevenir ou prover proteções contra a ferroressonância.
2. Ilustração do Fenômeno:
Um estudo de oscilações livres do circuito da figura 2a, ilustra este comportamento específico. As
perdas são desprezíveis e uma simplificação das curvas de magnetização Φ(i) do núcleo de aço
silício está representado na figura 2b.
A pesar dessas simplificações assumidas, as formas de ondas mostradas na figura 2c, representa
o típico período de oscilação da ferroressonância:
Figura 2 – Oscilações livres de um circuito ferroressonante em série:
Há diferenças básicas entre um circuito “ferroressonante” e um circuito ressonante normal (onde a
indutância é linear e não provem de um núcleo ferromagnético saturável):
• Num circuito ferroressonante, esse fenômeno pode ocorrer para uma larga faixa de
diferentes parâmetros (Capacitivos”C” e Indutivos “L”) ao invés de uma combinação
específica de indutância e capacitância.
Principais características
Graças aos métodos apropriados hoje existentes, um estudo deste fenômeno feito sobre um circuito
conforme representado na figura 3a (próxima página), é possível se gerar os gráficos que estão
representados nas figuras 3b e 3c ilustrando as principais características da ferroressonância.
A curva da figura 3b descreve o pico de tensão VL nos terminais na indutância não linear como
função da tensão senoidal da fonte de alimentação do circuito “E”.
Gradualmente o pico da tensão “E” vai sendo incrementado a partir de zero, a curva na figura 3b
mostra que há três diferentes tipos possíveis de comportamento conforme o valor da tensão E,
assim como um salto para a condição de ferroressonância:
Para E=E1, a solução (M1n) é única, e corresponde ao estado normal de operação (obtido
assumindo-se uma condição linear).
Para E=E2, há três soluções (M2n; M2i e M2f), duas delas são estáveis (M2n e M2f). M2n
corresponde ao estado normal de operação, considerando que M2f corresponda ao estado de
ferroressonância. A parte pontilhada da curva (a qual não consegue-se obter na prática) a um
estado instável.
Para E=E’2, a tensão VL move-se repentinamente do ponto M2 para o ponto M’2 (salto para a
condição de ferroressonância). O ponto M2 é conhecido como “ponto limite”.
Quando o valor de “E” diminui a partir de E3, a tensão VL move-se repentinamente do ponto M1
(“segundo ponto limite”) para o ponto M’1.
O salto para a condição de ferroressonância, característica deste fenômeno, pode também ser
obtido considerando-se outro sistema de parâmetros (como por exemplo, resistência R ou
capacitância C).
Uma pequena variação nos valores dos parâmetros do sistema ou um transiente pode causar
repentinamente um salto entre os dois diferentes estados estáveis (operação normal ou
ferroressonância.
Sensibilidade às condições iniciais:
Qualquer que seja os pontos obtidos, M2n ou M2f, os mesmos dependerão das condições iniciais. A
Φ, Vc) como função do tempo para
figura 3c ilustra as trajetórias desses pares de transientes (Φ
diferentes condições iniciais (M01 e M02). A curva “C” descreve um limite, se as condições iniciais
(fluxo residual, tensão nos terminais do capacitor) estiverem de um determinado lado do limite, a
solução converge para M2n. Se as condições iniciais estiverem de outro lado do limite, a solução
convergirá para M2f. Como o ponto M2i pertence ao limite, as condições estacionárias (estáveis)
alcançadas ao redor deste ponto é extremamente sensível as condições iniciais.
Esta classificação corresponde à condição de estado estacionário, isto é, uma vez que o estado
transitório é instável, seria difícil para um circuito ferroressonante distinguir entre estado transitório
normal e estado transitório ferroressonante. Porém neste caminho verifica-se que o estado
transitório do fenômeno da ferroressonância não apresenta riscos elétricos ao equipamento.
Perigosas sobretensões transitórias podem ocorrer em diversos sistemas periódicos após um
determinado evento (por exemplo, na sequência de energização de um transformador sem carga) e
persiste por vários ciclos de energia do sistema.
Tensão e correntes são periódicos com um período T igual ao período do sistema e pode conter
uma taxa de variação de harmônicos. O espectro de sinal é um espectro descontínuo obtido da
freqüência fundamental f0 do sistema de potência e suas harmônicas (2f0, 3f0, ....). A Imagem
estroboscópica é reduzida a um ponto distante removido do ponto que representa o estado normal.
Os sinais são periódicos com um período nT, os qual é múltiplo do período da fonte. Este estado é
conhecido como sub-harmônico n ou harmônico 1/n. O estado de ferroressonância sub-harmônica é
normalmente de ordem ímpar. O espectro apresenta uma freqüência fundamental igual a f0/n (onde
f0 é a freqüência da fonte e “n” é uma integral) e suas harmônicas (a freqüência f0 é assim parte do
espectro). Uma extrapolação estroboscópica linear revela os “n” pontos.
O espectro correspondente é contínuo, isto é, não é cancelado por nenhuma freqüência. A imagem
estroboscópica é obtida de pontos completamente separados ocupando uma área no plano v,i
conhecida como “estranha atração”
Conclusões
O comportamento destes estados é altamente sensível aos valores dos parâmetros do sistema.
Pequenas variações nos valores dos parâmetros do sistema ou um transitório pode causar um
salto entre dois diferentes estados estacionários e iniciar um dos quatro tipos de
ferroressonância. Os modos mais comumente encontrados são os harmônicos e sub-
harmônicos.
3. Identificando a Ferroressonância:
Altas sobretensões permanentes tanto fase-fase como fase-terra (que é mais comum);
Danos em equipamentos elétricos (banco de capacitores, TP’s indutivos, TP’s capacitivos. Etc.)
devido a rompimentos da isolação por efeito térmico. Um sintoma característico da destruição
de TP’s pelo efeito da ferroressonância é a destruição do enrolamento primário, deixando
intacto o enrolamento secundário.
Um diagnóstico inicial é simplificado pela comparação das curvas dos registros obtidos com as
formas de onda específicas dos modos de ferroressonância exibidas na Figura 4.
Existência no sistema de pelo menos um ponto onde o potencial não esteja fixo (neutro isolado,
abertura de fusível em uma única fase ou chaveamento de uma única fase);
Se uma das condições acima não for verificada, é pouco provável a ocorrência de ferroressonância.
A comparação com sistemas típicos e conhecidos favoráveis a ocorrência de ferroressonância pode
identificar configurações de risco.
Considere na Figura 6 os TP’s conectados a um sistema de neutro isolado, Se por algum motivo
ocorrer um desbalanço desse neutro (falta), sobretensões e/ou sobrecorrentes transitórias devido
devido a operações de manobras no sistema de potência (rejeição de carga, falta p/ terra, etc.)
podem iniciar o fenômeno de ferroressonância devido a saturação do núcleo magnético de um ou
mais TP’s. A ferroressonância é então observada em ambas tensões, fase-terra e tensão do ponto
neutro (VN).
O ponto neutro estando deslocado, o potencial de uma ou duas fases aumentará em relação a terra,
o que pode dar a impressão de falta de uma das fases do sistema para terra.
Valores de sobretensões pode exceder o valor da tensão fase-fase normal acima de condições
estacionárias estáveis causando danos aos equipamentos elétricos.
Quando ocorre esta falta no lado de AT desse transformador, o neutro da AT aumenta para um
potencial muito alto. Por efeito capacitivo entre o primário e o secundário, sobretensões aparecem
no lado de BT e podem disparar o circuito de ferroressonância, feito por uma fonte de tensão E0, as
capacitâncias Ce e C0 e a indutância de magnetização do TP (veja a Fig. 8b).
Uma vez que a falta no lado da AT é removida, a tensão do neutro da AT, devido a um desbalanço
natural do sistema, pode ser o suficiente para sustentar o fenômeno. Neste caso o modo da
ferroressonância é fundamental.
4. Prevenindo ou Amortecendo a Ferroressonância:
Um número de medidas práticas pode ser adotado para prevenir a Ferroressonância e seus efeitos
de sobretensões, sobrecorrentes e distorção de forma de onda prejudiciais aos equipamentos
elétricos que gerando esforços térmicos e dielétricos reduzindo-se o desempenho e a vida útil dos
mesmos. Vários métodos podem ser usados para esta prevenção, em geral eles segue os seguintes
princípios básicos:
• Assegurar que valores de parâmetros do sistema não estão inclusos (mesmo que
temporariamente) nas áreas de risco (de ocorrência da ferroressonância) e se possível
providenciar uma margem de segurança com respeito a estas áreas de risco.
• Assegurar que a energia fornecida pela fonte não seja suficiente para sustentar o
fenômeno. Esta técnica normalmente consiste na introdução de perdas as quais possam
amortecer ou eliminar a ferroressonância quando a mesma ocorrer.
Soluções práticas:
A aplicação dos princípios acima nos conduz a algumas soluções práticas para alguns poucos
casos típicos de configurações suscetíveis ao aparecimento do fenômeno de ferroressonância.
Segue tais soluções:
No caso de TP’s monofásicos conectados entre fase e terra ao neutro isolado dos sistemas, onde
na prática são as configurações mais suscetíveis ao aparecimento de ferroressonância (causado
por exemplo por sobretensões entre fases sadias e a terra como resultado de falta de uma única
fase à terra). Fato esse que justifica a aplicação de medidas contra a ferroressonância.
No caso de TP’s plenos (dois pólos) conectados entre fases, pode também ser uma fonte de
ferroressonância quando um desses TP’s fornecer igualmente , mesmo que momentaneamente, a
energia para esse fenômeno. Isto pode ocorrer, por exemplo, durante a vida útil, durante operações
não simultâneas nas três fases, na abertura de um fusível somente em uma das fases, etc.
Em sistemas com neutro isolado, evite conexões estrela (Y) dos enrolamentos primários do TP com
neutro aterrado (no primário), deixando o neutro do TP desaterrado, ou utilize conexão delta no
primário do TP.
Se houver a necessidade de conectar o primário do TP em estrela (Y), como por exemplo para
medir a tensão de seqüência zero, num sistema com neutro isolado ou em uma situação onde o
aterramento não pode ser previsto, adote os seguintes critérios:
- Use projetos com núcleos magnéticos que trabalhem com baixa indutância (valores ao redor de
0,4 a 0,7 T) assim tais sobretensões não são capazes de iniciar a ferroressonância, com pelo
menos uma relação de fator 2 entre a tensão de saturação e a tensão nominal.
- Introduza perdas por meio de um ou mais resistores cujos valores sejam suficientemente baixos
para amortecer efetivamente o fenômeno, enquanto assegura-se ainda que a potência total
consumida cumpra com os requisitos de classe de precisão solicitados.
O seguinte método pode ser usado para calcular os valores destes resistores. Há necessidade de
ser aplicados em cada caso individualmente:
1-) TP’s com um (01) enrolamento secundário: O resistor de amortecimento “R” deve ser conectado
ao enrolamento secundário de cada TP (veja a Fig. 11), se houver potência suficiente para alimentá-
los, pois neste caso os resistores ficarão consumindo continuamente a partir da energização do TP.
R= 3√3*Us / Pe ,
2 2
PR = (3*Us) / R , onde:
A potência térmica nominal (in VA) é a potencia aparente que pode ser fornecida pelo enrolamento
secundário do TP sem ultrapassar os limites de elevação de temperatura. O resistor R deve ser
escolhido de tal forma que assegure a dissipação permanente da potência PR.
Por exemplo:
TP = 10000:√3 – 100:√3 – 100:3 (V)
Pe = 100 (VA), (Us = 100/3)