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Crise Asmatica Ebook
Crise Asmatica Ebook
Quem nunca teve receio de atender uma crise de asma que atire a primeira pedra! Ainda
mais quando a crise envolve a população pediátrica, o que acontece na grande maioria dos
casos.
A asma vem aumentando sua prevalência nos últimos anos e é de extrema importância
que médicos e estudantes de medicina saibam manejar a crise asmática. Isso porque
existem graus variados de gravidade e o paciente pode correr risco de vida.
Este material é um guia prático e atualizado para ajudar você a diagnosticar e manejar
essa condição tanto na população adulta, quanto na população pediátrica.
Boa leitura!
Equipe Medway
ÍNDICE
Quem somos................................................................................................................................................................. 4
O que é..............................................................................................................................................................................6
Fatores desencadeantes.........................................................................................................................................6
Quadro clínico...............................................................................................................................................................6
Tratamento.....................................................................................................................................................................8
Olhar do pediatra...................................................................................................................................................... 12
Consulta rápida.......................................................................................................................................................... 15
Referências bibliográficas.................................................................................................................................... 16
Conclusão...................................................................................................................................................................... 17
Anexos.............................................................................................................................................................................18
Sobre a Medway.............................................................................................................................................................. 18
Nossos cursos................................................................................................................................................................... 20
Acesse gratuitamente.................................................................................................................................................22
Depois de muito estudo, trabalho duro e dedicação total, desenvolvemos cursos exclusivos
e que nos enchem de orgulho. Isso porque, na prática, temos visto esses cursos serem a
chave do sucesso na aprovação de milhares de alunos de Medicina em todo o país.
Em quatro anos de existência, impactamos 16 mil alunos com uma metodologia diferente
da convencional. Leve, objetiva e verdadeira. Sem dúvidas, essa última característica é o
nosso maior diferencial.
Não te enrolamos e nem falamos o que você quer ouvir. Não generalizamos. Te tratamos
com respeito, da forma como gostaríamos de ser tratados.
Muitos nos veem como professores ou mentores. Nós gostamos de nos enxergar como
aqueles veteranos que você admira pelo conhecimento técnico, mas também pela
didática e pelo lado humano.
Se você chegou até aqui, saiba que já nos orgulhamos muito de você ter se conectado com
a Medway. Estamos e estaremos ao seu lado para sermos parceiros em toda a sua jornada
como profissional de Medicina. Até a prova de residência e depois dela. Vamos juntos até
o final!
Boa leitura!
O QUE NOSSOS ALUNOS
ESTÃO FALANDO?
Crise asmática: o que é?
A exacerbação da asma ou crise asmática é a piora progressiva dos sintomas respiratórios
associada à piora da função pulmonar. Calma, pessoal, veremos mais detalhes na seção
de quadro clínico.
Fatores desencadeantes
O fator precipitante mais comum é a infecção viral, responsável por 80% das exacerbações.
Outros desencadeantes muito comuns são os alérgenos, a mudança climática e o exercício
físico. Temos sempre que checar a técnica dos dispositivos de tratamento e adesão
medicamentosa.
Vale lembrar que estresse emocional, poluição ambiental, infecções bacterianas e
até mesmo algumas medicações (beta-bloqueador, por exemplo) podem ser fatores
precipitantes.
Quadro clínico
O diagnóstico da exacerbação é clínico! Comumente, encontramos um paciente adulto
com história prévia de asma, referindo sibilância (chiado no peito) e falta de ar. Porém,
aqui, temos níveis de gravidades diferentes (Quadro 1). O paciente pode se apresentar
com uma discreta falta de ar, conversando, ou até mesmo em insuficiência respiratória
aguda e com tórax silente.
Lembrando que nem todos os parâmetros precisam estar presentes para classificarmos.
À medida que se somam critérios de gravidade, já enquadramos o paciente nas medidas
condizentes com o espectro mais grave (isso não é um jogo, é a vida de alguém que está
em risco).
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6
NÍVEL DE GRAVIDADE SINAIS E SINTOMAS
Completa frases
Prefere sentar a ficar deitado
Não está agitado
Aumento da frequência respiratória
LEVE A MODERADA
Não há uso de musculatura acessória
Pulso 100 a 120 bpm
Saturação de 02 90 a 95%
PFE > 50% do previsto
Sonolência
MUITO GRAVE
Confusão mental
(AMEAÇA À VIDA)
Ausculta silenciosa
O declínio do fluxo expiratório pode ser quantificado pelo pico de fluxo expiratório
(peak-flow ou PFE). Esse valor é comparado com o basal do paciente para determinar a
gravidade da exacerbação. Os sintomas, por si só, não são um bom indicador da gravidade.
O peak-flow está indicado para todos os pacientes (> 5 anos) com exacerbação aguda
de asma que se apresentam no PS.
Índice
7
PARA SABER MAIS!
Outros exames não estão rotineiramente indicados, mas podem ser úteis em alguns casos.
Por exemplo, a radiografia de tórax deve ser solicitada quando houver indicação clínica
secundária, como na suspeita de pneumonia, pneumotórax ou naqueles pacientes sem
melhora esperada com o tratamento.
A gasometria arterial está indicada apenas para os pacientes com desconforto respiratório
importante, VEF1 ou peak-flow (PFE) < 50% predito. O PCO2 costuma estar abaixo de
40 mmHg na exacerbação asmática (apesar de esses pacientes serem retentores pela
obstrução predominantemente expiratória, eles tendem a estar taquipneicos no momento
do diagnóstico, o que possibilita a lavagem de CO2).
Tratamento
A primeira coisa é ter em mente que o tratamento dependerá da gravidade da exacerbação.
Dessa forma, precisamos saber classificar nosso paciente em um quadro leve, moderado,
Índice
8
grave ou muito grave (iminência de PCR). Vale a pena dar uma olhada no Quadro 1, logo ali
em cima, para sedimentar a classificação de gravidade.
Como será feito esse tratamento? Trataremos com o tripé: oxigenoterapia, broncodilatação
e corticoide sistêmico.
NÃO SIM
• SABA 4-10 puffs, repetir a cada • SABA 4-10 puffs, repetir a cada
20 minutos, por 1 hora 20 minutos, por 1 hora
• Considerar brometo de ipratrópio • Brometo de ipratrópio
em casos refratários • Corticoide oral ou endovenoso
• Corticoide oral: Prednisona (40-50mg) • Oxigênio: manter Saturação
• Oxigênio: manter Saturação entre entre 93-95%
93-95% • Considerar altas doses de Corticoide
Inalatório
PIORA CLÍNICA
CONTINUE O TRATAMENTO
Com SABA conforme necessidade
Reavalie em 1 hora
Figura 2. Atendimento de pacientes com quadro de asma exacerbada na sala de emergência. Fonte: adaptada
do GINA (2021).
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Oxigênio suplementar só deve ser fornecido a pacientes hipoxêmicos, com alvo de
saturação maior que 92% e utilizando o menor fluxo possível, com o objetivo de manter a
saturação entre 93 e 95%.
Antibióticos não devem ser utilizados rotineiramente e são reservados para casos nos
quais infecção bacteriana esteja associada.
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10
Em caso de insuficiência respiratória, tórax silente ou rebaixamento do nível de consciência
secundário à obstrução, a intubação orotraqueal pode ser necessária.
INDICAÇÕES DE INTERNAÇÃO
VEF1 ou peak-flow < 25% na admissão
Paciente com resposta incompleta ao tratamento com história prévia de asma qua-
se fatal
Após algumas horas de atendimento inicial na emergência, os pacientes que têm resposta
ruim ou incompleta usualmente têm indicação de internação hospitalar. Pacientes com
PFE > 60%, com melhora sintomática significativa, saturação em ar ambiente > 94% e
que apresentam recursos suficientes em domicílio podem receber alta.
CUIDADOS NA ALTA
AVALIAÇÃO PARA ALTA
• Medicação de alívio: manter conforme
• Melhora dos sintomas, não necessidade
necessidade
de SABA
• Medicações de manutenção: Iniciar
• PFE em melhora e > 60% do predito
ou realizar "step up", checar técnica
ou do melhor resultado do paciente
e aderência.
• Saturação . 94% em ar ambiente
• Prednisona: continuar por 5-7 dias
• Recursos suficientes em domicílio
• Seguimento: Reavaliação em 2-7 dias
Figura 3. Avaliação de melhora clínica e condições de alta. Fonte: adaptada de GINA (2021).
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11
Na alta, deve ser prescrito corticoide via oral por 5 a 7 dias (tempo que geralmente dura
o processo inflamatório). A retirada da corticoterapia antes desse período está associada à
piora dos sintomas.
Não é necessário desmame de corticoide quando o tempo de utilização for menor que
três semanas. Adicionalmente, devemos introduzir corticoide inalatório ou ajustar a dose
caso o paciente já faça uso regular (aumentar a dose por 2 semanas a 3 meses dependendo
do panorama clínico pré-exacerbação), e programar uma consulta de seguimento
ambulatorial.
Pessoal, esperamos que esse assunto tenha ficado mais fácil agora!
Olhar do pediatra
No paciente pediátrico, os fatores de risco e o quadro clínico da crise asmática são muito
parecidos aos dos adultos. É importante ressaltarmos algumas diferenças entre crianças e
adultos.
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FALÊNCIA
LEVE MODERADA GRAVE RESPIRATÓRIA
IMINENTE
Ao falar;
lactente: Ao repouso:
Ausente; choro curto, para de se
Dispneia deambula; dificuldade alimentar, ---
pode deitar alimentar; posição
prefere semissentada
sentar
Frequência Frequentemente
Aumentada Aumentada ---
respiratória** > 30 mrpm
Moderada -
Ausência
Sibilância geralmente Ruidosa Mais ruidosa
de sibilância
fim da expiração
Ausência
Pode estar Frequentemente
Pulso Ausente sugere fadiga
presente: 10 presente 20 a 40
paradoxal (< 10 mmHg) da musculatura
a 25 mmHg mmHg
acessória
PEF Pós-
broncodilata- Inferior a 60% do
dor inicial (% Aproximada- previsto ou da
Acima de 80% ---
do previsto ou mente 60 a 80% melhor marca
% da melhor pessoal
marca pessoal)
Saturação
de O2 em ar > 95% 91 a 95% < 90% ---
ambiente
Normal
PaO2 (ar (geralmente < 60 mmHg -
> 60 mmHg ---
ambiente) teste não possível cianose
indicado)
* A presença de vários parâmetros, mas não necessariamente todos, indica a classificação geral da crise
aguda
** Frequência respiratória em crianças normais: <2m (< 60 mrpm); 2 a 12 m (< 50 mrpm); 1 a 5 anos (<40
mrpm); 6 a 8 anos (<30 mrpm).
*** Frequência cardíaca em crianças normais: 2 a 12 m (< 160 bpm); 1 a 2 anos (< 120 bpm); 2 a 8 anos (< 110
bpm)
Classificação da crise de asma. Fonte: adaptado de Tratado de Pediatria Sociedade Brasileira de pediatria - 4ª
edição
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Não existe um número exato de critérios para estimarmos a gravidade. Não precisamos de
todos os critérios para definirmos uma crise como grave. Sempre nivelamos a crise para o
mais grave, uma vez que estamos lidando com uma situação potencialmente fatal.
Iniciamos com beta-2 agonista inalatório de curta duração (SABA) com 4 a 10 puffs a cada
20 minutos na primeira hora e associamos o corticoide sistêmico, oral (prednisolona 1 a 2
mg/kg/dia – dose máxima 40mg/dia) ou endovenoso (metilprednisolona 1-2 mg/kg/dia, de
6/6h), dependendo da condição clínica do paciente de deglutir.
Nas crises graves e nas com ameaça de vida, podemos utilizar o brometo de ipratrópio
durante o primeiro ciclo de inalação de beta-2 agonista. Conduto, não há evidências, na
pediatria, de que manter essa medicação durante toda a permanência hospitalar seja
mais eficiente que o B2 isoladamente; por isso, hoje essa medicação é utilizada quase
que exclusivamente no primeiro atendimento. Utiliza-se 0,125 mg (até 10 kg) ou 0,250 mg
(acima de 10 kg).
Temos ainda o sulfato de magnésio, uma medicação que age promovendo o relaxamento
da musculatura lisa. É uma medicação considerada segura na pediatria, exceto nos
pacientes com insuficiência renal, porém não é indicada rotineiramente na população
pediátrica. Pode ser considerada em crianças que não têm resposta à terapia inicial,
mantendo hipoxemia. Utiliza-se a dose de 25 a 75 mg/kg, com máximo de 2 g. Como
efeitos adversos, o paciente pode apresentar rubor cutâneo e náuseas durante a infusão e
– em níveis séricos mais elevados de magnésio – fraqueza muscular, arreflexia e depressão
respiratória.
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Consulta rápida
CRISE ASMÁTICA
LEVE -
GRAVE MUITO GRAVE
MODERADO
Falas Rebaixamento
Clinicamente
entrecortadas, do nível de
bem
agitação consciência
CLASSIFICAÇÃO:
FC > 120 bpm
SSVV pouco Acidose
FR > 30 irpm
alterados respiratória
SatO2 ≤ 90% AA
G.A.: normal
G.A.: alcalose
ou alcalose
respiratória
respiratória
Corticoide sistêmico
Prednisona 40 mg VO
Metilprednisolona 20-60 mg IV 6/6h até 12/12h
TRATAMENTO: SABA
Salbutamol 4-10 puffs a cada 20 min (até 3x em 1h)
Fenoterol 10-20 gotas em 3-5 mL SF 0,9%
Ipratrópio 40 gotas
Intubação
Quadro 3. Exacerbação da asma. Legenda: PFE (pico de fluxo expiratório); SSVV (sinais vitais); G.A. (gasometria
arterial); VO (via oral); IV (intravenoso). Fonte: Acervo Medway.
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Referências bibliográficas
1. GLOBAL INITIATIVE FOR ASTHMA. Pocket Guide for Asthma Management and
Prevention. Gina, Fontana, 2021. Disponível em: https://ginasthma.org/wp-content/
uploads/2021/05/GINA-Pocket-Guide-2021-V2-WMS.pdf. Acesso em: 11 nov. 2022.
2. LAZARUS, S. C. Emergency Treatment of Asthma. August 19, 2010. The New England
Journal of Medicine, v. 363, p. 755-764, 2010. Disponível em: https://www.nejm.org/
doi/full/10.1056/NEJMcp1003469?utm_medium=referral&utm_source=r360&utm_
campaign=pulmonology. Acesso em: 11 nov. 2022.
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CONCLUSÃO
Esperamos que agora você se sinta mais seguro para diagnosticar e manejar uma crise
asmática, seja em adultos, seja em crianças!
A gente sabe, é bastante informação. Mas lembre-se que você pode consultar este material
a qualquer momento, como se fosse um guia de bolso, onde quer que você esteja!
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FICOU ALGUMA DÚVIDA?
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