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CRIMINALÍSTICA

- IDENTIFICAÇÃO
VEICULAR
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CRIMINALÍSTICA - IDENTIFICAÇÃO VEICULAR


FRAUDES ENVOLVENDO O VIN
As principais alterações de identificação do veículo detectadas hoje envolvem o VIN. Podem
ser regravações, remoção da gravação original com posterior regravação, adulteração (alteração
do número, como por exemplo, transformação de um 3 em 8). As regravações muitas vezes envol-
vem o uso de soldas e placas metálicas semelhantes àquelas do carro. Até mesmo é constatado a
tentativa de regravação pelo uso de massas. Os famosos clones utilizam o mesmo teor do VIN de
um carro original.
A detecção de uma fraude envolvendo o VIN é feito de movo visual, pela inscrição trêmula
ou malfeita, ou por meio de equipamentos sofisticados. É o caso de um rastreador, o qual utiliza
um ímã em forma de U cujos polos terminam em duas extremidades ou contatos de medição. No
seu núcleo há um segundo ímã, móvel, ligado a um ponteiro, formando um segundo circuito. Esse
segundo ímã é móvel e desloca-se ao longo de uma região fora da suspeita fraude. O deslocamento,
se houver solda, estanho ou massa plástica altera o fluxo magnético, detectando assim a fraude,
inclusive sobre pinturas.

CLASSIFICAÇÃO DO VIN E FRAUDES


ͫ Original: gravado manual ou mecanicamente pelo fabricante;
ͫ Regravado legalmente: aquele equivalente ao verdadeiro, gravado quando o veículo for
danificado por corrosão, acidente ou fraude. A regravação deverá ser autorizada previa-
mente por autoridade competente;
ͫ Regravado ilegalmente: aquele que não equivale à verdadeira codificação, gravado fraud-
ulentamente para uso próprio ou para comercialização;
ͫ Adulterado: aquele decorrente de modificação da própria codificação original, com alter-
ação de letras ou números;
ͫ Enxertado ou implantado: sobreposição de gravação original ou não, que não seja própria
do veículo. Geralmente se utiliza uma placa metálica sobreposta.
ͫ Transplantado: código de VIN inserido no veículo em substituição à sua codificação orig-
inal. Geralmente é feito pelo desgaste ou arranchamento da placa metálica do carro,
colocando-se em seguida nova placa com numeração.
ATENÇÃO! Existem ainda outras classificações mais extensas, como a objetiva (o que é anali-
sado) ou subjetiva (quem analisa). No entanto, a classificação acima é a mais utilizada atualmente
em se falando de perícia.

Adulteração ilegal

Regravação ilegal
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Veículo com enxerto ou implante

Veículo transplantado

CLONAGEM DE VEÍCULOS (DUBLÊ)


O fenômeno da clonagem de veículos acontece há várias décadas e nunca parou de crescer.
Trata-se de um crime tipificado no Art. 311 do Código Penal Brasileiro (adulteração de sinal de
identificação de veículo automotor), mas dependendo dos casos podem ser aplicados, entre outros,
também os artigos 171 (estelionato), 180 (receptação) e 297 (falsificação de documento público),
sempre do CP.
Hoje em dia existem várias modalidades de clonagem (desde as mais refinadas até as grosserias)
e várias finalidades, para as quais cada tipo de clonagem é normalmente feita. São encontradas
normalmente 3 tipos de clonagem.

CLONAGEM COMPLETA OU PERFEITA


Trata-se de clonagem de um veículo com outro idêntico em todas suas características (modelo,
cor, interiores etc), que inclui a adulteração do número do chassi, da placa e muitas vezes também
de outros detalhes (números nos vidros, acessórios, rodas etc), além da documentação completa
do veículo.
Pode ocorrer essencialmente em duas modalidades:
ͫ Carro que sofreu acidente com PT (Perda Total), fato em que é clonado em novo veículo
idêntico, roubado, aproveitando a documentação original do carro danificado, o qual,
por sua vez, é parcialmente aproveitado em desmanche. O carro clonado é usado nor-
malmente e/ou revendido no mercado interno ou externo.
ͫ Carro, normalmente de categoria alta, roubado e clonado integralmente, aproveitando
informações obtidas (através de despachantes, concessionárias, cúmplices no DETRAN
etc) sobre carro com as mesmas características, para revenda no Brasil ou, mais provav-
elmente, no exterior (Paraguai). Neste caso a documentação é falsificada.

CLONAGEM PARCIAL
Trata-se de clonagem de veículos iguais em suas características principais (modelo, cor etc),
mas que não chega a adulterar o número do chassi, limitando-se a adulteração/clonagem da placa
e da documentação.
Esta modalidade é frequentemente adotada para carros roubados, de todas as categorias, que
são sucessivamente revendidos em outros estados ou, às vezes, no exterior. Em alguns casos é o
sistema usado por criminosos que querem se locomover em carros roubados sem correr grandes
riscos. Os documentos são falsificados por completo, ou, em alguns casos, falsificados adulterando
documentos originais roubados ou extraviados.
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CLONAGEM DE PLACA
Consiste na simples clonagem da placa de um veículo em funcionamento e regular em veícu-
los roubados ou com restrições. Em alguns casos, pode acontecer até em veículos sem problema
algum, com a única finalidade de evitar multas e pontuação na CNH.
Há vários graus de refino: pode ser uma simples troca de placa, sem atenção ao modelo e cor
do veículo, até a troca de placa em veículos com características similares ou iguais. Esse sistema é
usado sobretudo por criminosos para circular com mais facilidade em veículos roubados, além de
outras pessoas sem escrúpulos para evitar multas e pontuação.
ATENÇÃO! A título de curiosidade estatística, existem estimativas que calculam os carros
clonados como sendo aproximadamente 10% dos carros roubados.

EXAMES PERICIAIS EM CODIFICAÇÕES ADULTERADAS OU RE-


GRAVADAS
Basicamente, em se tratando de chassi, a marcação da placa metálica se dá por punção e
compressão. A perícia em marcações metálicas serve não apenas para veículos adulterados, mas
também vale para armas de fogo raspadas.

TÉCNICAS VISUAIS
Os peritos utilizam duas técnicas para realizar a identificação veicular, são elas:
DECALCAGEM - consiste em friccionar um o grafite de um lápis sobre uma superfície de papel
colocada sobre a codificação a ser representada;
EXAME ÓTICO - consiste em olhar e observar, cuidadosa e criteriosamente, os elementos de
identificação, bem como as peças em que estão inseridos.
O perito jamais deve considerar a decalcagem como sendo uma técnica melhor do que a cons-
tatação ótica. O decalque é um elemento importante no exame quando corretamente utilizado. A
decalcagem do VIN, localizado na estrutura do veículo e na plaqueta, sendo feita pelo examinador,
pode ajudá-lo na confecção de padrões e de relação para efeito cadastral. Entretanto, a validade
do decalque está relacionada com o examinador. Ele jamais deve aceitar um decalque feito por
terceiros, haja vista a possibilidade de montagens.
O decalque não elimina a necessidade do exame ótico. Mesmo quando feito criteriosamente
pelo examinador veicular, o decalque só mostrará algumas das características físicas da codificação:
forma, calibre, espaçamento e alinhamento dos caracteres. Dificilmente mostrará a profundidade
de gravação e detalhes de falsificação contidos nos sulcos.
O exame ótico, por outro lado, realizado criteriosamente, poderá identificar vestígios que,
embora não apareçam no decalque, são perceptíveis a olho nu ou com auxílio de equipamento
adequado.
ATENÇÃO! Tanto a decalcagem quanto a constatação ótica, são procedimentos que, corretamente utiliza-
dos, darão segurança ao exame e aos contribuintes.

TÉCNICAS DE REVELAÇÃO DE NUMERAÇÃO ORIGINAL


MÉTODO QUÍMICO-METALOGRÁFICO: o método químico aplicado a metais exige primeira-
mente que a superfície a ser tratada esteja limpa, por isso se sugere o uso de lavagem com
sabão neutro ou até mesmo a utilização de solventes orgânicos e para a retirada de sujidades.
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Após a limpeza, sugere-se o lixamento da região com lixas de nº 200 ou 400, e em seguida,
por lixas nº 600 até as lixas de ourives. Caso a área esteja pintada, é necessário a retirada e o
polimento com benzina, clorofórmio ou acetona.
Quando reagentes apropriados são aplicados sobre superfícies em que houve adulteração ou
regravação, a regeneração dos números é visível tornando-se temporariamente visíveis. O reagente
ataca toda a superfície do metal, mas ataca mais rapidamente a região do metal que não sofreu
os efeitos da alteração. É obvio que, havendo desgaste extremo, não há que se falar em revelação.
Em seguida, segue alguns reveladores citado pela literatura para a análise de ligas metálicas.

SUPERFÍCIE METÁLICA REAGENTE


1) Reagente de Keller (solução branca): 2mL
de ácido fluorídrico + 3 mL de ácido clorídrico
+ 5mL de ácido nítrico + 190mL de água
destilada.
2) Reagente de Tucker (solução agressiva):
Alumínio e ligas 15mL de ácido fluorídrico + 45 mL de ácido
clorídrico + 15mL de ácido nítrico + 75mL de
água destilada.
3) Reagente de Hume-Rothery (45-60 min):
500g de cloreto de cobre (II) + 5mL de ácido
clorídrico + 1000mL de água destilada.
Reagente de Hacher: 55mL de ácido clorídrico
concentrado (37%) + 4g de cloreto de cobre
(II) + 31mL de água destilada.
ATENÇÃO! A solução agressiva de Hacher é
Aço carbono e titânio
indicada para superfícies metálicas com alto
teor de ferrugem e consistem em 120mL de
ácido clorídrico concentrado, 90g de cloreto
de cobre (II) e 100mL de água destilada.
Reagente de Besseman & Haemers: consiste
em 120mL de ácido clorídrico concentrado,
130g de cloreto férrico, 80g de cloreto de
cobre (II) e 1000 mL de etanol anidro.
Aço inoxidável (liga de ferro e níquel)
ATENÇÃO! É considerado reagente agressivo
a mistura de 120mL de ácido clorídrico con-
centrado, 8g de cloreto férrico, 6g de cloreto
de cobre (II) e 100 mL de etanol anidro.
Reagente de Murakami: tal reativo é constituí-
do por uma solução aquosa alcalina de hexa-
cianoferrato de potássio, de coloração alar-
Ligas com ferro
anjada. Nos locais em que houve oxidação do
ferro, o hexacianoferrato gera uma coloração
azul, a qual revela a numeração.
MÉTODO DA REVELAÇÃO POR ULTRASSOM: Coloca-se a peça em que se deseja verificar em
um recipiente imerso em água. A área limada é atingida por milhares de microbolhas, as quais
removem partículas que impedem a leitura e restauram as marcas.

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