Você está na página 1de 118

CURSO E MANUAL DE

INVESTIGADOR DE VEÍCULOS

FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE
INVESTIGAÇÕES
SINDICATO NACIONAL DOS
DETETIVES

22ª Edição
Atualizado em Setembro de 2.012

1ª Apostila

Nota: Inicialmente daremos algumas informações


importantes referentes à veículos roubados e furtados
Inclusão de Alerta

O Sistema de Alerta do DPRF tem por objetivo divulgar informações de ocorrências


ocorridas nas últimas 72 horas.

Caso o furto ou roubo de seu veículo tenha ocorrido há mais de 72 horas, verifique junto a
Delegacia onde registrou a ocorrência se os dados já estão no RENAVAM.
O sistema aceitará ocorrências com mais de 72 horas, entretanto não serão listadas como
Alerta e estarão na base somente para consultas.

1
Ao se registrar um alerta, as informações são enviadas automaticamente para as viaturas
equipadas com computador de bordo que estejam no Estado onde aconteceu o fato e para as
viaturas dos Estados vizinhos. As informações também podem ser visualizadas na página
de Alertas, acessível em mais de 400 Postos da PRF.

O registro também pode ser feito por telefone. Basta ligar para a Central de Operações da
PRF do seu Estado.

O registro de Alerta não dispensa o registro na Polícia Civil. Este registro deve ser feito o
quanto antes. Não deixe de informar também à Polícia Militar.

O furto: caracterizado pela ausência de ameaça ou violência. O roubo caracteriza-se pelo


uso de violência ou ameaça de uso para a obtenção do veículo.

- Em ambos os casos o notificante deve registrar a ocorrência na Polícia Civil.

Ao preencher o formulário é importante constar informações sobre o veículo e informações


básicas sobre como aconteceu o fato. Evite textos longos, seja objetivo.

MODELO DO FORMULÁRIO
Inclusão de Alerta – constante no site da DPRF

:.Dados do veículo

Marca:
Placa: UF:
*
* {escolha uma opção}
*

Tipo do Veículo:
Ano Fabricação: Cor:
AUTOMOVEL
* (aaaa) *
*

Modelo: Proprietário:

:.Dados do notificante

Nome do Notificante: Telefone: E-mail:

* (00) 000-0000 *

2
Nº da
Endereço: Bairro: Município:
Residência:

Nº Documento: Órgão Emissor:


Tipo de Documento:

:.Dados do Alerta

Delito: Município do Delito:


{escolha uma opção}
* *

UF de Ocorrência:
Data de Ocorrência: Hora:

{escolha uma opção} * 00:00


* hh:mm
*

Descrição do Fato e detalhes do veículo: (amassados, adesivos, etc..)

MINISTÉRIO DAS CIDADES


CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO

RESOLUÇAO No 212 DE 13 DE NOVEMBRO DE 2006.

Dispõe sobre a implantação do Sistema de


Identificação Automática de Veículos – SINIAV em
todo o território nacional

O CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO – CONTRAN, no uso das


atribuições que lhe são conferidas pelo art. 12, da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997,
que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro – CTB, e conforme o Decreto nº 4.711, de 29
de maio de 2003, que trata da coordenação do Sistema Nacional de Trânsito;

Considerando o disposto no art. 114, do CTB, que atribui ao CONTRAN


dispor sobre a identificação de veículos;

3
Considerando as atribuições conferidas ao CONTRAN pela Lei
Complementar nº 121, de 9 de fevereiro de 2006, que cria o Sistema Nacional de
Prevenção, Fiscalização e Repressão ao Furto e Roubo de Veículos e Cargas e dá outras
providências;

Considerando a necessidade de empreender a modernização e a adequação


tecnológica dos equipamentos e procedimentos empregados nas atividades de prevenção,
fiscalização e repressão ao furto e roubo de veículos e cargas;

Considerando a necessidade de dotar os órgãos executivos de trânsito de


instrumentos modernos e interoperáveis para planejamento, fiscalização e gestão do trânsito
e da frota de veículos;

Considerando as conclusões do Grupo de Trabalho instituído pela Portaria nº


379, de 28 de julho de 2006, do Ministro de Estado das Cidades, publicada no D.O.U. nº
145, seção 2, de 31 de julho de 2006, e o que consta no processo 80000.014980/2006-61

RESOLVE:

Art. 1º Fica instituído em todo o território Nacional o Sistema Nacional de


Identificação Automática de Veículos - SINIAV, baseado em tecnologia de identificação
por rádio-freqüência, cujas características estão definidas no anexo II desta Resolução.
Parágrafo único. O SINIAV é composto por placas eletrônicas instaladas nos
veículos, antenas leitoras, centrais de processamento e sistemas informatizados.

Art. 2º Nenhum veículo automotor, elétrico, reboque e semi-reboque poderá


ser licenciado e transitar pelas vias terrestres abertas à circulação sem estar equipado com a
placa eletrônica de que trata esta Resolução.
§1º A placa eletrônica será individualizada e terá um número de série único e
inalterável para cada veículo.
§2º Os veículos de uso bélico estão isentos desta obrigatoriedade.

Art. 3º Cada placa eletrônica deverá conter, obrigatoriamente, as seguintes


informações que, uma vez gravadas, não poderão ser alteradas:

I - Número serial único;


II - Número da placa do veículo;
III - Número do chassi; e
IV - Código RENAVAM.

Parágrafo único – A placa eletrônica de que trata este artigo deverá obedecer
também o mapa de utilização de memória constante do Anexo II desta Resolução.

Art. 4º O SINIAV deverá estar implantado em todo o território nacional


conforme o cronograma constante do Anexo I desta Resolução.

4
Art. 5º Cabe aos Órgãos Executivos de Trânsito dos Estados e do Distrito
Federal a responsabilidade pela implantação e operação do SINIAV no âmbito do seu
território.

Parágrafo único. Fica facultado aos Órgãos Executivos de Trânsito dos


Estados estabelecerem convênios com os Municípios visando à implantação do SINIAV.

Art. 6º - As antenas leitoras e as placas eletrônicas deverão ser homologadas


pelo DENATRAN, de acordo com as características técnicas especificadas no Anexo II
desta Resolução.

Art. 7º As informações obtidas através do SINIAV e que requeiram sigilo


serão preservadas nos termos da Constituição Federal e das leis que regulamentam a
matéria.

Art. 8º O descumprimento do disposto no artigo 2º desta Resolução sujeitará


o infrator à aplicação das sanções previstas no Art. 237, do Código de Trânsito Brasileiro .

Art. 9º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, observado o


cronograma fixado no artigo 4º .

Alfredo Peres da Silva


Presidente

Fernando Marques de Freitas


Ministério da Defesa – Suplente

Rodrigo Lamego de Teixeira Soares


Ministério da Educação – Titular

Carlos Alberto Ferreira dos Santos


Ministério do Meio Ambiente – Suplente

Valter Chaves Costa


Ministério da Saúde – Titular

5
Edson Dias Gonçalves
Ministério dos Transportes – Titular

Anexo I – Cronograma de implantação do SINIAV

1. O processo de implantação do Sistema Nacional de Identificação Automática de


Veículos – SINIAV deverá estar iniciado em todo o território Nacional, dentro do prazo
de até 18 (dezoito) meses da publicação desta Resolução e ser concluído no prazo de até
42 (quarenta e dois) meses, após o inicio da implantação.
1.1. Findo o prazo determinado neste item, nenhum veículo poderá circular se não
forem atendidas as condições fixadas nesta Resolução e em seus Anexos.
2. Para efeito do cumprimento desta Resolução, será considerada que a implantação do
SINIAV estará iniciada em determinado Estado ou no Distrito Federal quando forem
cumpridas, as três condições abaixo:
2.1. Quando somente ocorrer o primeiro licenciamento de veículos novos com a
colocação do equipamento descrito no artigo 2º desta Resolução.
2.2. Quando ocorrer novo registro ou licenciamento dos veículos em circulação com a
colocação do equipamento descrito no artigo 2º desta Resolução.
2.3. Quando existir, no mínimo, uma antena leitora instalada em cada unidade do
DETRAN ou Circunscrição Regional onde seja realizada a vistoria de que trata a
Resolução n° 05/98 do CONTRAN;
3. Para efeito do cumprimento desta Resolução, será considerado que a implantação do
SINIAV estará concluída em determinado Estado ou no Distrito Federal quando:
3.1. Todos os veículos registrados no Estado ou no Distrito Federal só puderem ser
licenciados se efetuada a colocação do equipamento descrito no artigo 2º desta
Resolução;
3.2. Existirem, no mínimo, antenas leitoras instaladas, operantes e conectadas a um
sistema informatizado de registro dos dados da placa eletrônica, por sua vez
conectado ao Sistema RENAVAM, em todas as unidades do DETRAN ou
Circunscrição Regional onde seja realizada a vistoria de que trata a Resolução n°
05/98 do CONTRAN;

ANEXO II – Especificações Técnicas

1. O Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos - SINIAV, baseado em


tecnologia de identificação por rádio-freqüência (RFID), é composto por placas
eletrônicas instaladas nos veículos, antenas que recebem e transmitem dados às placas
eletrônicas instaladas nos veículos no momento da passagem dos mesmos pela área de

6
abrangência das antenas e por sistemas de apoio como transmissão e processamento de
dados.
2. Entende-se por antena, para fins desta Resolução, o dispositivo responsável e capaz de
ler e escrever informações na placa eletrônica com as seguintes características:
2.1. Deve possibilitar a operação integrada com outros equipamentos de campo, através
de interface aberta e conhecida como interface serial, paralela, USB ou ethernet.
2.2. Deve ter desempenho de leitura de pelo menos 99,90% (noventa e nove vírgula
noventa por cento) das passagens dos veículos equipados com as placas eletrônicas.
2.3. Deve ter capacidade de leitura e gravação de dados nas placas eletrônicas a uma
distância mínima de 5 metros.
2.4. Deve permitir a leitura de dados nas placas instaladas em veículos que estejam
trafegando até 160 km/h, no mínimo.
2.5. Deve permitir a gravação de dados nas placas instaladas em veículos que estejam
trafegando até 80 km/h, no mínimo.
2.6. Deve resistir a intempéries climáticas e poder funcionar a céu aberto, com proteção
física mínima de IP 65 conforme a norma NBR 9883 da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas).
3. Características das Placas Eletrônicas:
3.1. Devem ter capacidade mínima de armazenamento de 1024 bits de informação, sem
limite máximo de memória;
3.2. Devem possibilitar sua fixação nos veículos de tal forma que se tornem fisicamente
inoperantes quando removidas da sua localização original;
3.3. Devem ser fixadas no lado interno do pára-brisa dianteiro dos veículos, conforme
janela de comunicação de dados informada pelo fabricante do veiculo;
3.3.1. Na ausência desta informação, deverão ser fixadas no lado interno do pára-
brisa dianteiro dos veículos, conforme determinações do órgão executivo de
trânsito do Estado, ou do Distrito Federal, onde estiver registrado o veículo;
3.3.2. No caso de veículos que não possuam pára-brisa, a placa eletrônica deverá
ser fixada em local que garanta o seu pleno funcionamento.
3.4. Devem ter capacidade de serem lidas em qualquer condição climática, sem prejuízo
da confiabilidade de 99,90% (noventa e nove vírgula noventa cento) de
identificação do veículo;
3.5. A unicidade numérica das placas eletrônicas fornecidas deve ser garantida através
de processo controlado pelo DENATRAN;
3.6. Devem ter capacidade de atender, no mínimo, aos requisitos do mapa de memória
constante da tabela 1 a seguir:
3.7. TABELA 1 – Mapa de Utilização de Memória

APLICAÇÃO DADO BITS

BASE\FABRICANTE NUMERO SERIAL ÚNICO Tag 64


CONTROLE DE MANUFATURA Tag 32

7
MEMÓRIA PROGRAMÁVEL Tag 928
TOTAL (MÍNIMO) 1024

APLICAÇÃO DADO TAG BITS


PLACA ELETRONICA
IDENTIFICAÇÃO DO EMISSOR
PLACA ELETRONICA (Pais,Estado) Tag 64
NUMERO DE MATRICULA DO
AGENTE Tag 32
DATA HORA DA APLICAÇÃO Tag 16
PLACA Tag 88
NÚMERO DO CHASSI Tag 128
RENAVAM Tag 36
CODIGO DA MARCA MODELO DO
VEICULO Tag 16
Aplicações Governamentais Tag 164
Sub Total 544

Bloco 1
CONTROLE DO
VEICULO Uso pela Iniciativa Privada Tag 64

Bloco 2
CONTROLE DO
VEICULO Uso pela Iniciativa Privada Tag 64

Bloco 3
CONTROLE DO
VEICULO Uso pela Iniciativa Privada Tag 64

Bloco 4
CONTROLE DO
VEICULO Uso pela Iniciativa Privada Tag 64

Bloco 5
CONTROLE DO
VEICULO Uso pela Iniciativa Privada Tag 64

Bloco 6
CONTROLE DO
VEICULO Uso pela Iniciativa Privada Tag 64

SUB TOTAL 2 384

8
4. O SINIAV terá as seguintes características de segurança:

4.1. Segurança de integridade de dados da placa eletrônica: os dados de identificação da


placa eletrônica nela gravados por seu fabricante, bem como os dados de
identificação do veículo gravados pelo órgão executivo de trânsito do Estado ou do
Distrito Federal, onde estiver registrado o veículo, conforme determina o Artigo 3º
desta Resolução, devem possuir características de gravação tais que seja impossível
alterá-los.
4.2. Segurança dos dados entre a placa eletrônica e antena leitora: devem ser utilizadas
chaves de criptografia para autenticação da comunicação entre as placas eletrônicas
e as antenas leitoras, ou outro meio que garanta a segurança necessária destes
dados.
4.3. A arquitetura do SINIAV deve garantir a segurança das informações protegidas
pelo sigilo de dados, nos termos da Constituição Federal e das leis que
regulamentam a matéria.

5. O SINIAV terá as seguintes características gerais:

5.1. A faixa de potência e a freqüência utilizada pelas antenas leitoras e placas


eletrônicas, devem estar de acordo com a regulamentação brasileira descrita no
plano de canalização da ANATEL.
5.2. As características técnicas de funcionamento das placas eletrônicas e antenas
leitoras devem garantir a interoperabilidade dos diversos equipamentos integrantes
do sistema.
5.3. O protocolo utilizado para comunicação entre as placas eletrônicas e as antenas
deve ser aberto e de domínio público, a fim de atender ao disposto no artigo 6°
desta Resolução e garantir a interoperabilidade do Sistema em todo Território
Nacional.
5.4. O sistema a ser adotado pelo SINIAV deve ter aproveitamento nas operações de
leitura e/ou gravação de, pelo menos, 99,85% (noventa e nove vírgula oitenta e
cinco por cento) dos veículos equipados com a placa eletrônica que passarem sobre
a área de abrangência das antenas.
5.5. Os dados contidos no SINIAV, assim como as formas de comunicação para leitura
e/ou gravação de dados, devem ser garantidos através de códigos criptográficos que
possibilitem a integridade, sigilo e confiabilidade das informações nele
armazenadas.

A FBI-FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE INVESTIGAÇÕES recomenda


que, em caso de roubo ou furto de carga e/ou veículos de carga, as vítimas
deverão adotar o seguinte procedimento:

9
1º - Ligar imediatamente para o telefone 190.
Trata-se do telefone para comunicar “situações de emergência” aos
Centros de Operações da Polícia Militar – COPOM, nas diferentes áreas
territoriais.
Ao receber a comunicação, o COPOM, de imediato, dá início a dois
procedimentos:
1) Cadastra a ocorrência no Sistema Operacional da Polícia Militar –
SIOPM, sistema informatizado que hoje permite, num tempo de até 30
minutos, a integração de todas as comunicações cadastradas no Sistema.
(Não há mais hoje a necessidade de ligação para os COPOM’s de outras
áreas, como forma de agilizar a comunicação da ocorrência; ao contrário,
ligações desnecessárias servirão apenas para congestionar e tornar lento o
tráfego de mensagens);
2)Transmite via rádio um “alerta geral” às viaturas policiais que realizam
o policiamento ostensivo, de modo a possibilitar a “pronta-resposta” e a
localização do veículo.
2º - Cadastrar no ALERTA, da Polícia Rodoviária Federal e na
Polícia Militar Rodoviária Estadual.
3ª Cadastrar na Delegacia/DIVECAR (Delegacia de Combate ao Roubo/
Furto de Cargas)
4º Serviço de Inteligência do Comando da PMESP (PM/ 2)
5º Comparecer ao Distrito Policial mais próximo e registrar a ocorrência
(“Boletim de Ocorrência” - B.O.).
O registro da ocorrência poderá ser feito na “Divisão de Investigações
sobre Furto e Roubo de Veículos e Cargas”- No caso de São Paulo, a
DIVECAR (Av. Zaki Narchi, 152 – Carandiru), cuja 2º Delegacia é
especializada no combate ao roubo/ furto de cargas e autocargas.
O B.O. é o documento que oficialmente comprova que ocorreu o sinistro.
É documento necessário para procedimentos legais, particularmente
quanto a indenizações de seguro.
Em algumas Delegacias, policiais negam-se a fazer o registro da
ocorrência, sob alegação de que o sinistro ocorreu em área sob jurisdição
de outro D.P., e orientam a vítima a que dirija-se para esse local. Para
esclarecer a questão e possibilitar que qualquer cidadão possa exigir os
seus direitos, apresentamos a redação do item I do Art. 13º da Portaria
DGP 18, de 25/11/98, da Delegacia Geral de Polícia, publicada no DOE de
26/Nov/98:
“Art. 13º - Impende, ainda, às autoridades policiais, de modo prevalente,
e aos demais servidores da Polícia Civil, no exercício de suas respectivas
competências”:

10
I - registrar a ocorrência e dar início ao respectivo atendimento, com a
adoção de todas as providências ao caso momentaneamente cabíveis e
possíveis, ainda que os fatos noticiados não tenham, no todo ou em parte,
ocorrido na circunscrição da unidade policial procurada ou que, por essa
ou outra razão legal, não seja a responsável pela realização das
respectivas medidas de polícia judiciária, caso em que a autoridade
titular, após o registro da ocorrência e da ultimação das providências que
se lhe apresentarem imediatas, deverá encaminhar todas as peças
elaboradas à unidade competente para prosseguir no caso”.

ROUBO DE CARGAS
O número de ocorrências cresce 17,4%
em São Paulo
A Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da
Justiça, com o objetivo de combater o alto índice de roubo de carga,
pretende instalar, até julho deste ano, um banco de dados de roubo de
cargas nas rodovias federais e estaduais. Com o sistema instalado os
governos estaduais poderão identificar a carga, as vítimas e o local do
assalto. De acordo com o assessor da Secretaria Nacional de Segurança
Pública, Luis Mauro Gomes Ferreira, o programa vai permitir que as
delegacias especializadas identifiquem as rodovias com maior
incidências de crimes, o que reforça o policiamento no local. O crime de
roubo de carga causa um prejuízo de R$ 500 milhões por ano.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, com o
objetivo de combater o alto índice de roubo de carga, pretende instalar, até julho
deste ano, um banco de dados de roubo de cargas nas rodovias federais e
estaduais. Com o sistema instalado os governos estaduais poderão identificar a
carga, as vítimas e o local do assalto. De acordo com o assessor da Secretaria
Nacional de Segurança Pública, Luis Mauro Gomes Ferreira, o programa vai
permitir que as delegacias especializadas identifiquem as rodovias com maior
incidências de crimes, o que reforça o policiamento no local.

*Relatamos abaixo um artigo de autoria de Luiz Carlos Magalhães, Agente de


Polícia Federal, lotado na SR/DPF/DF - Pesquisador integrante do Núcleo de

11
Estudos sobre Segurança Pública e Defesa Social (NUSP) de Brasília, Distrito
Federal.

Luiz Carlos Magalhães*

Resumo - O objetivo desse artigo é demonstrar que a inteligência policial deve ser
utilizada para a produção do conhecimento que possibilitará ao Estado realizar o
enfrentamento do fenômeno criminal do roubo de cargas, comprovando que o setor
vitimizado diretamente pelo crime, apesar de ser específico, possui uma profunda
intercomunicação com outros setores da economia, o que torna o problema global,
ocasionando a formação de obstáculos para o crescimento do Brasil. Faremos uma
abordagem com dados sobre o fenômeno de fontes extra-oficiais disponíveis, além dos
dados oficiais da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça.

1. Introdução

O crescente do fenômeno da violência no Brasil torna a vida cotidiana mais


assustadora e cara. A sensação de insegurança que a sociedade brasileira é obrigada a
enfrentar reflete suas mazelas no que os economistas chamam de "Custo Brasil" (1),
prejudicando o desenvolvimento social e econômico do país.

Quando um empresário brasileiro do setor de produção realiza uma análise de riscos


da sua atividade, em geral, consegue diagnosticar que o ponto mais sensível para seus
produtos é o momento que a produção sai da sua fábrica em direção a rede de
distribuição do atacado e do varejo. Nesse itinerário, as atuações das organizações
criminosas especializadas em roubo de cargas são quase sempre cirúrgicas e
implacáveis.

O consumidor, por conseqüência, é obrigado a pagar preços exorbitantes nas


aquisições de produtos que incorporam no preço final as pesadas despesas oriundas de
fretes e seguros contra roubo de cargas. O que torna mais grave o problema é que os
receptadores de cargas roubadas, elo mais forte dessa corrente criminosa, possuem a
vantagem da legislação ser muito benevolente e pouco eficaz para reprimir essas
práticas. Os prejuízos causados ao setor econômico brasileiro pelo fenômeno criminal
ora estudado girou em torno de setecentos milhões de reais no ano de 2004 (2).
Diante deste quadro, não podemos cair no erro de tratar o roubo de carga como
simples crime contra o patrimônio particular.

As organizações criminosas que atuam no setor de transporte de cargas não o


fazem baseados no princípio da oportunidade ou aproveitando descuidos casuais das
vitimas. As estatísticas comprovam que as cargas mais visadas pelas Organizações
criminosas são aquelas com alto valor agregado e na maioria das vezes com um
mercado consumidor específico como no caso dos eletro/eletrônicos e medicamentos
(3).

2. Desenvolvimento

2.1. Transportes rodoviários de cargas

Apesar de o Brasil ser um país continental e dos estudos estratégicos demonstrarem


que o transporte de cargas é mais viável economicamente quando realizado por

12
modais de transportes como as ferrovias ou navegação de cabotagem, os gestores
públicos brasileiros na década de 50 começaram a deixar bem clara a preferência
nacional pelo transporte de cargas realizado através das rodovias. Com a chegada das
indústrias automobilísticas no Brasil na década de sessenta e com os programas de
subsídios de combustíveis, a preferência pelo modal rodoviário tornou-se uma política
pública defendida pelos gestores públicos e adotada pela iniciativa privada nacional.

Dados extra-oficiais indicam que o transporte rodoviário responde por


aproximadamente 61 % das cargas transportadas no Brasil.

No caso do estado de São Paulo, membro mais rico da Federação, onde os


percentuais estatísticos indicam que 33,4% do PIB nacional é oriundo da economia
paulista, a matriz de transporte demonstra que 93,3% do total dessa riqueza é
transportada pelas rodovias. Fica claro que a concentração no modal rodoviário
favorece o acumulo de problemas num setor que está no limite do seu esgotamento.

Dentre outros, podemos citar como principais problemas que atingem o setor:

A. Má conservação das estradas - O problema de infra-estrutura das rodovias


aumentam os custos operacionais do transporte rodoviário e torna o setor suscetível às
mazelas da "insegurança pública".

B. Idade da frota dos veículos de transporte - Segundo dados das empresas do


setor, a frota nacional possui aproximadamente 1.850.000 veículos e, dentre esses,
cerca de 800.000 caminhões com mais de 20 anos de uso. A média de idade dos
veículos do setor no Brasil gira em torno de 18 anos, o que é um índice considerado
muito alto em relação a outros paises.

C. Carga tributária elevada - Segundo dados das empresas do setor, a carga


tributária consome 30% do faturamento das empresas de transporte. Se analisarmos
os números de outros setores como, por exemplo, o sistema financeiro, nós podemos
notar que esse setor paga cerca de 55% menos impostos que o setor de cargas, o que
demonstra um desequilíbrio da incidência de tributos no setor de transportes de cargas
em relação a outros setores da economia.

D. Roubo de cargas - Esse fenômeno criminal é indiscutivelmente o fator


responsável pelo maior aumento dos custos operacionais das empresas do setor,
conforme será abordado nesse artigo.

E. Preço dos seguros elevados - Esse item possui relação direta com o anterior, já
que o gerenciamento de risco das empresas passou de 5% para 15% da receita bruta
do setor, o que corresponde um valor de aproximadamente R$ 1,5 bilhões por ano.
Segundo dados da FENASEG (Federação Nacional de Empresas de Seguros e
Resseguros do Brasil), o mercado de seguros, que em um passado próximo possuía 15
empresas de seguros atuando no setor de transporte de cargas, com o aumento da
incidência do roubo, hoje só opera no setor com praticamente 4 empresas
seguradoras, o que ocasionou um aumento astronômico no preço de seguros. Para
algumas cargas específicas de alto risco as seguradoras simplesmente não realizam a
cobertura.

F. Tempo elevado de espera para operacionalização do procedimento de carga e


descarga - O Brasil vem batendo todos os seus recordes de produção, principalmente

13
na agroindústria. A produção para exportação do país está cada fez mais incentivada
pelas políticas públicas, mas o Brasil possui um problema sério que é o gargalo do
escoamento da produção para o exterior, ocasionado pelo sistema precário dos nossos
portos. As cargas chegam dos locais de produção e ficam aguardando em filas
quilométricas o momento de descarga no porto. Esse fenômeno é denominado pelos
especialistas do setor como a silagem móvel. A falta de estrutura de armazenamento
no Brasil obriga as empresas a colocarem suas mercadorias nos caminhões para
aguardar o escoamento pelos portos, aumentando o índice de roubo de cargas, já que
as rodovias não possuem estrutura de vigilância para inibir a ação criminosa.

2.2. Inteligência policial e análise criminal, aplicadas ao roubo de cargas.

Nesse item, realizaremos uma rápida abordagem conceitual sobre o tema


inteligência policial, passando a explicar a ferramenta da análise criminal, para
demonstrar ao final do artigo que as duas vertentes podem ser uma excelente solução
para o combate e prevenção dos roubos de cargas no Brasil.

Atualmente, a palavra inteligência vem sendo utilizada com várias interpretações


no mundo. Na língua portuguesa, segundo o dicionário do professor Dr. Soares Amora:
"Inteligência é - Faculdade de entender, de conhecer;".

Para os ingleses, Intelligence é um serviço de produção de conhecimento sensível


de interesse do Estado.

Legalmente, no Brasil, "inteligência" está conceituada no artigo 1º, parágrafo 2º,


da lei 9.883 de 07 de dezembro de 1999.

Se a palavra inteligência possui esses significados citados, o que seria


"Inteligência policial"?

Considerando que a palavra inteligência é a faculdade de entender algo, aliada à


idéia inglesa de um serviço de produção de conhecimento sensível, incluída a base
legal brasileira, podemos concluir que inteligência policial é:

- Uma atividade de Estado que visa obter, produzir e analisar


conhecimentos relacionados de forma direta ou indireta às atividades de
segurança pública e defesa social.

Para o professor Celso Ferro:

"A inteligência policial é a atividade que objetiva a obtenção, análise e


produção de conhecimentos de interesse da segurança pública no território
nacional, sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência da
criminalidade, atuação de organizações criminosas, controle de delitos
sociais, assessorando as ações de polícia judiciária e ostensiva por intermédio
da análise, compartilhamento e difusão de informações."

Verificamos que no Brasil o conceito de Inteligência Policial ou de Inteligência de


Segurança Pública (ISP) é relativamente novo. Tanto é assim que atualmente a
Coordenação-Geral de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública está,
através de um grupo de estudos composto por representantes dos Chefes de

14
Inteligência de todas a Regiões do país, além dos consultores da SENASP: Dr. George
Felipe de Lima Dantas e a professora Dra. Priscila Antunes, elaborando em um texto
consensual da Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública e Defesa Social,
documento que deverá até julho de 2006 ser apresentado ao conselho do Subsistema
de Inteligência de Segurança Pública (SISP). O SISP é coordenado pela SENASP e faz
parte do Sistema Brasileiro de Inteligência que é dirigido pela Agencia Brasileira de
Inteligência - ABIN.

A análise criminal é uma ferramenta moderna que possibilita os operadores de


segurança pública entenderem o fenômeno da criminalidade, estudando seus efeitos e
conseqüências, possibilitando um diagnóstico preciso, capaz de produzir um
conhecimento necessário e indispensável aos gestores de segurança pública.

Para o professor Christopher W. Bruce: Análise Criminal é:

"The individual or unit in a police department charged with processing data


and providing information that the agency can use to reduce, prevent, and
solve crime, disorder, and quality of life issues."

Quem teve a brilhante idéia de criar o que chamamos de Análise criminal?

Segundo o professor Dr. George Felipe de Lima Dantas, por volta do ano de 1920, a
Associação Internacional de Chefes de Polícia (International Association of Chiefs of
Police - IACP), através de seus associados, criou bases administrativas de dados para
agregar de forma nacional as informações acerca da criminalidade norte-americana. A
operacionalização dessa idéia ficou conhecida nos Estados Unidos como: "Uniform
Crime Report System" - Sistema de Relatórios Padronizados da Criminalidade
(UCRS).

Ainda segundo o professor Felipe Dantas, Análise Criminal pode ser entendida
como: "É um processo analítico e sistemático de produção de conhecimento,
orientado segundo os princípios da pertinência e da oportunidade, sendo
realizado a partir do estabelecimento de correlações entre conjuntos de fatos
delituosos ocorridos ("ocorrências policiais") e os padrões e tendências da
"história" da criminalidade de um determinado local ou região. Sempre que
possível, as atividades de análise devem buscar englobar, territorialmente,
locais ou regiões dos quais estejam disponíveis, também, indicadores
demográficos e sócio-econômicos, de tal sorte que a criminalidade possa ser
contextualizada. No caso brasileiro, é importante ter em conta a produção de
dados locais disponibilizada pelo "Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística" (IBGE)." (10)

Dentro da análise criminal "lato sensu", podemos encontrar as técnicas de análise:


Análise e Inteligência da Segurança Pública; Análise de vínculos; Análise investigativa
visual e mapeamento de eventos temporais; Análise e fluxograma de registros de
chamadas telefônicas; Análise de fenômenos da segurança pública; Estatística aplicada
ao estudo dos fenômenos da segurança pública; Análise de fenômenos da segurança
pública através dos chamados "Sistemas Geográficos de Informação" (GIS).

Através dessas técnicas, é possível realizar um diagnóstico preciso da criminalidade


no tempo e no espaço, possibilitado uma polícia investigativa competente e uma
polícia preventiva ágil e eficiente. O mais importante é conscientizar a sociedade que

15
não existe fórmula mágica para o combate a criminalidade, e que instrumentos como
as bolas de cristal, só nos filmes de Hollywood. A única fórmula que possibilita uma
atuação eficiente dos operadores de segurança pública é a correta produção do
conhecimento para nutrir as decisões estratégicas, táticas e operacionais.

No Brasil, um passo importante para a operacionalização dessa ciência é a


introdução, no país, de uma ferramenta que está sendo implantada pela SENASP, em
conjunto com a FENASEG, cognominado Projeto Fronteiras.

O Projeto Fronteiras já está possibilitando a análise e monitoramento das principais


rodovias do Brasil, produzindo um conhecimento estratégico e tático acerca da
movimentação de veículos com irregularidades administrativas ou registro de
ocorrência de roubo ou furto. Após a total implantação do sistema, esperamos que a
capacidade de resposta do poder público ao combate do roubo de cargas se torne mais
efetivo. O projeto prevê o monitoramento constante das principais vias de escoamento
da produção brasileira, além das rodovias que dão acesso aos países fronteiriços com o
Brasil. A ferramenta possibilita também uma análise da conjuntura, viabilizando o
conhecimento, tanto para ser utilizado a favor da realização do policiamento
preventivo e do policiamento repressivo/investigativo.

2.3. Análise do Fenômeno Criminal do Roubo de Cargas

2.3.1. Dados Gráficos Analisados:

Tabela 01

16
2.006

Tabela 02

17
Tabela 03 (11)

Tabela 04 (12)

2.3.2. Análise do objeto-alvo / Localidade:

As cargas mais visadas pelas organizações criminosas são aquelas com alto valor
agregado e de fácil distribuição no mercado ilícito da receptação. A afirmação é
comprovada através dos dados extra-oficiais que realizaram o diagnóstico das
empresas do setor de cargas. (Tabela 01).

Conforme demonstram os registros do Sindicato das Empresas de Transporte de


Cargas de São Paulo e Região (SETCESP), o objeto-alvo mais comum são os produtos
eletro/eletrônicos com o percentual de 26% das ocorrências registradas entre os
meses de janeiro e junho de 2005. Nos mesmos parâmetros, em segundo lugar
aparecem os medicamentos com o percentual de 16,40%.

Analisando os dados contidos na Tabela 01 e as informações da Tabela 04,


podemos traçar uma correlação entre as prioridades das organizações criminosas por
produto e o comportamento do mercado varejista nacional.

A lógica do crime ensina que as mercadorias objetos-alvo das organizações


criminosas já possuem destino certo e receptadores predefinidos. Quanto mais rápida
a distribuição das mercadorias roubadas para os receptadores e desses para os

18
consumidores finais (normalmente terceiros de boa-fé), mais eficiente e segura será a
operação criminosa.

Quando fazemos o comparativo entre o mercado lícito de produtos e os produtos


que são objetos-alvo das organizações, a leitura lógica é tendente a comprovar que as
mercadorias que obtiveram um maior crescimento nas vendas no ano de 2005
comparado com o ano anterior são também as mais visadas pelas organizações
criminosas. Conforme já explicado, considerando a necessidade operacional dos
criminosos de efetuarem uma rápida distribuição dos produtos roubados, podemos
afirmar que quanto mais capilarizada a distribuição do produto maior será o risco dos
produtos serem interceptados no seu trajeto até o consumidor final.

Os dados oficiais e extra-oficiais do ano de 2005 comprovam essa tese, os


indicadores de desempenho do comércio varejista apontam que o ramo que obteve o
maior crescimento no volume de vendas no ano 2005 foi o setor de móveis e
eletrodomésticos com taxas de 26,24% de aumento no volume de vendas.
Coincidentemente, quando verificamos os índices que indicam o objeto-alvo predileto
das Organizações Criminosas, no mesmo período, verificamos que o setor é
contemplado com 26% de todas as ocorrências de roubo de cargas. Além da mera
coincidência numérica dos índices de 26%, na verdade o que ocorre nesse caso é um
conjunto de fatores que transformam os eletrodomésticos nos produtos mais visados
do crime organizado, senão vejamos:

1. A primeira característica é a fácil distribuição dos eletrodomésticos roubados em


diversos estabelecimentos varejistas de pequeno, médio e grande porte, já que os
produtos são encontrados em lojas dos mais variados modelos de comércio formal e
informal;

2. A segunda característica é a grande procura pelos consumidores por esse tipo de


produto e o crescimento estável desse setor do comércio.

3. A terceira característica que consideramos importante no setor de


eletrodomésticos, e que torna o setor atraente para as organizações criminosas, são as
facilidades que as financeiras e consórcios nacionais apresentam ao consumidor para a
aquisição financiada desses produtos.

Ressalta-se que, segundo o que comprovou a CPMI do Roubo de Cargas (2000) o


crime no Brasil possui a peculiaridade de realizar a distribuição dos produtos roubados
através de uma rede de receptadores com envolvimento de células-componentes de
grandes lojas atacadistas e varejistas do país. (13)

Quanto ao segundo colocado no ranking dos objetos-alvo, os medicamentos, nós


podemos afirmar que o cunho da preferência está baseado em duas características do
mercado farmacêutico. A primeira consideração seria os pequenos volumes desse tipo
de carga com valores muito elevados. A segunda consideração está no foco do
consumidor final que, via de regra, está em uma situação fragilizada pela presença de
uma doença em si ou em um ente querido, fato esse, que obriga o consumidor a
buscar soluções alternativas "mais rentáveis", alimentando o mercado ilícito dos
produtos. Os consumidores finais dos medicamentos, quase que cobertos pelo manto
do estado de necessidade, muitas vezes não exigem, nem se preocupam com a origem
dos medicamentos que estão adquirindo, fato que facilita a atuação do crime
organizado.

19
Apesar de o setor de medicamentos ter crescido em percentuais bem mais baixos
que o de eletrodomésticos, com o valor de 0,26% em relação ao ano de 2004, em
volume de vendas, podemos afirmar que as necessidades extremas do consumidor
final na aquisição dos produtos medicamentosos tornam o mercado tentador para as
organizações criminosas. Para os economistas, "demanda" (compra ou procura) é um
reflexo do consumo. Esse reflexo, em regra, possui um nexo causal com enfermidades
que precisam de tratamentos urgentes. Isso transforma o consumidor final do setor
em um ser fiel à necessidade de suas demandas. Não é caso, por exemplo, do que
ocorre como o setor de hortifrutigranjeiros, onde o consumidor final substitui um
produto por outro quando o preço está muito elevado. O consumidor final do setor de
medicamentos apresenta uma relativa garantia de demanda, importante para a
rápida distribuição dos produtos roubados. Uma carga de antibióticos roubados será
facilmente dissolvida no mercado ilícito que distribuirá os produtos com descontos
tentadores para as farmácias e drogarias.

Realizando uma análise dos dados extra-oficiais da Compsur/NTC (Tabela 2), que
traça as características do fenômeno com relação às localidades afetadas podemos
notar que a maior concentração do roubo de cargas está instalada no eixo Rio / São
Paulo. De posse dessa informação, quando confrontada com os dados oficiais da
Secretaria Nacional de Segurança Pública - SENASP /MJ, (Tabela 3), baseada nas
ocorrências das polícias civis de todo país, verificamos que são praticamente
coincidentes, tendo uma pequena variação, dentro do limite de margem de erro
estatístico. Portanto, tanto os dados oficiais quanto os extra-oficiais produzem o
mesmo conhecimento, que demonstra o fenômeno do roubo de cargas como uma
situação endêmica na região Sudeste.

No ano de 2004, a Região Norte acumulou um prejuízo aproximado em torno de 43


milhões de reais; a Região Nordeste, 61 milhões de reais; o Centro-Oeste, 46 milhões
de reais; na Região Sul, os prejuízos ficaram em torno 83 milhões de reais; já na
Região Sudeste, esses números são astronômicos, com um prejuízo calculado em 467
milhões de reais, ou seja, 77,52% do total de prejuízos do setor provenientes do roubo
de cargas ocorreram nessa região econômica.

2.3.3. Análise da Legislação Brasileira:

No Brasil, a legislação penal que trata do roubo de cargas não possibilita uma
"coercitividade mais contundente" contra os receptadores de cargas roubadas. O
enquadramento do tipo penal fica restrito ao artigo 180 do Código Penal Brasileiro e
seus parágrafos. Vale ressaltar que esse diagnóstico no Brasil é antigo. No próprio
relatório final da CPMI do roubo de cargas do ano de 2003, sob a presidência do
Senador Romeu Tuma, no seu título: RECOMENDAÇÕES, item 07, o problema da
receptação já era tratado como o ápice da estrutura criminosa do setor. (14)

Receptação - CPB 9.426, de 24.12.1996)


Art. 180 - Adquirir, receber, transportar,
conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou Receptação qualificada
alheio, coisa que sabe ser produto de crime, § 1º - Adquirir, receber, transportar,
ou influir para que terceiro, de boa-fé, a conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,
adquira, receba ou oculte: (Redação dada montar, remontar, vender, expor à venda, ou
pela Lei nº 9.426, de 24.12.1996) de qualquer forma utilizar, em proveito próprio
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) ou alheio, no exercício de atividade comercial
anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº ou industrial, coisa que deve saber ser
produto de crime: (Redação dada pela Lei

20
nº 9.426, de 24.12.1996).
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos,
e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426,
de 24.12.1996)

O que chamaríamos de "coercitividade mais contundente"? É unanimidade no setor


de que a forma mais eficiente de se combater o fenômeno é focar esforços nos
principais coordenadores dessas organizações criminosas, atacando o que eles
possuem de mais importante, o lucro fácil. As estruturas criminosas estão voltadas
para viabilizar a vantagem de colocar no mercado produtos com um alto retorno
lucrativo, aliado a um baixo risco de obter prejuízos oriundos da repressão policial e
fiscal.

Outros países, incluindo nossos vizinhos argentinos, perceberam que o caminho


correto para a repressão é inviabilizar o lucro final da operação ilegal comprometendo
assim toda a estrutura criminosa.

A Argentina aprovou legislação que trata o receptador de forma dura. O diploma


legal vizinho reza que no caso das autoridades encontrarem nos depósitos de uma
empresa algum produto fruto de roubo, automaticamente todas as mercadorias são
consideradas contaminadas e confiscadas. Os prejuízos advindos dessa determinação
legal para os receptadores são significativos. Estudos recentes naquele país indicam
que os índices do setor tiveram uma redução impressionante. Essa redução é explicada
porque ficou muito arriscado para um comerciante/receptador ilegal manter, em seus
estoques legais, produtos de receptação, já que um simples lote ilegal pode viabilizar o
confisco de toda mercadoria existente nos seus depósitos, uma troca certamente não
muito lucrativa.

No Brasil, em Janeiro desse ano (2006), foi aprovado no Senado Federal o Projeto
de Lei da Câmara nº 141 de 2005 que cria o Sistema Nacional de Prevenção,
Fiscalização e Repressão ao Furto e Roubo de Veículos e Cargas, aguardando agora a
sanção presidencial. Infelizmente, a legislação brasileira não trata o receptador com o
mesmo rigor dos argentinos, entretanto, temos que considerar que a Constituição
Brasileira no seu artigo 150, IV - CF/(88), adota o princípio do não-confisco. Segundo
Doutor Ives Gandra: "Não é fácil definir o que seja confisco. Entendo eu que sempre
que a tributação agregada retire a capacidade de o contribuinte se sustentar e se
desenvolver (ganhos para suas necessidades essenciais e ganhos a mais do que estas
necessidades para reinvestir ou se desenvolver), estaremos diante do confisco".
Baseado nessa tese é que os doutrinadores pátrios entendem que qualquer ato ou
norma com caráter confiscatório no Brasil é inconstitucional. Esperamos que a
criatividade dos juristas e operadores de segurança pública do Brasil possibilite
encontrar uma solução tão repressiva quanto à utilizada contra os receptadores na
Argentina, sem ter o caráter de confisco vedado no Brasil.

3. Conclusões

Infelizmente, no Brasil, temos de admitir que a inoperância dos sistemas públicos


relacionados, direta ou indiretamente, com a segurança nas rodovias é cristalina.

21
O governo vem anunciando investimentos na recuperação da malha rodoviária
brasileira, ato que irá repercutir diretamente na segurança das estradas. Os técnicos
do Ministério da Justiça estão, em conjunto com os técnicos do Ministério dos
Transportes, procurando soluções para o problema, inclusive com a elaboração do tão
sonhado banco de dados de roubo de cargas, pela via REDE INFOSEG (15), o que já
nos autoriza dizer que o tema está definitivamente na pauta do poder público atual.

Contudo, o mais importante é conseguir um nível de consciência que possibilite


transformar o tema, que atualmente é tratado como um problema de Governo, em um
problema de Estado. Os Operadores de Segurança Pública precisam se conscientizar
que os efeitos do roubo de cargas não são apenas os prejuízos econômicos dos
empresários do setor e que o combate deve ser sistêmico e constante.

Nos dias 05 e 06 de julho de 2005, ocorreu o I Encontro Nacional do Transporte


Rodoviário de Cargas, evento que dentre os diversos assuntos discutidos contemplou
um painel específico para o tema: Aumento da Segurança. Naquela ocasião, o senhor
José da Fonseca Lopes, Presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros
(ABICAM), com intuito de rebater os argumentos dos representantes do poder público
que estavam tentando amenizar o problema da segurança nas rodovias, apresentou
um folheto originário da Associação que representa, datado do ano de 1985, onde
informava aos seus integrantes que a classe trabalhadora do setor, naquele momento
histórico, aprovara em assembléia geral um indicativo de greve e, entre outras
reivindicações constantes no folheto, estava o AUMENTO DA SEGURANÇA NAS
RODOVIAS.

Esse fato, ocorrido no I Encontro Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas, e


ora narrado, comprova de forma inconteste que o problema do roubo de cargas está
afetando o setor há pelo menos 20 anos.

Com uma análise correta do fenômeno, aliada a vontade política de resolver o


problema da insegurança nas rodovias, o poder público poderá reescrever a história do
desenvolvimento brasileiro no que tange a viabilização estratégica e econômica do
setor de transporte de cargas. Conscientizar a sociedade que as repercussões
multidisciplinares dos prejuízos causados pelo fenômeno do roubo de cargas afetam
diretamente a credibilidade da Nação é um primeiro passo para a mudança de
comportamento. Ressalta-se que esse movimento já está ganhando muito espaço na
mídia e está na agenda permanente dos operadores de segurança pública. A realização
de uma série de seminários por todo território nacional nos anos de 2004 e 2005,
eventos organizados pela Confederação Nacional do Transporte em parceria com
Departamento de Polícia Federal, comprova a preocupação dos operadores de
segurança pública com o tema.

Os gestores públicos que operam a segurança pública no Brasil precisam sair da


esfera estratégica e utilizar a produção de conhecimento integralizado, que já existe
disponível, para incrementar os planos táticos e operacionais de combate ao Fenômeno
do Roubo de Cargas.

As soluções passam pelo aumento do efetivo das polícias especializadas, o que já


está ocorrendo, no caso da Divisão de Combate ao Crime do DPRF e seus setores
descentralizados, bem como a viabilização de monitoramentos tecnológicos dos
principais canais de fluxo de produção que são alvos dos criminosos, matéria tratada

22
pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) em convênio com a
Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (FENASEG).

Ressaltamos ainda que, tanto o Departamento de Polícia Federal (DPF) quanto o


Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF) estão realizando atualmente a
estruturação de um combate sistêmico, entretanto, falta a intercomunicação e
interoperabilidade com os integrantes das Policiais Estaduais que atuam de forma
concorrente na repressão ao roubo de cargas. A repressão ao fenômeno precisa ser
integralizada, homogênea, contínua e ininterrupta. Os Gestores Públicos Brasileiros
precisam viabilizar o combate antes que o crime organizado consiga inviabilizar o setor
de transportes, a ponto de transformá-lo em mera lembrança de um passado recente.

(1) Segundo o professor Otaviano Canuto da pós-graduação do Instituto de Economia da


Universidade Estadual de Campinas -Unicamp. "Custo Brasil" tem-se constituído uma expressão
genérica para alguns fatores desfavoráveis à competitividade de setores ou empresas da economia
brasileira que não dependem das próprias empresas, ou seja, da qualidade de seus produtos, de seus
custos etc.

Empresários fecham cerco ao roubo de cargas

Entidades representativas do setor de transporte de cargas estão


ampliando as medidas para combater com mais eficácia as
quadrilhas especializadas em roubo de cargas. Agora, os
receptadores terão sua licença e inscrição cassada.

Por José Marqueiz, de São Paulo, SP

A Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de


São Paulo (Fetcesp), o Sindicato das Empresas de Transporte de
Carga de São Paulo e Região (Setcesp), e a Associação Nacional do
Transporte de Carga e Logística (NTC) estão convencendo as
autoridades federais, estaduais e municipais, de que o roubo de
cargas não afeta apenas os empresários. Eles provam que a ação
desses marginais reduz a arrecadação de impostos e taxas, estimula a
sonegação fiscal e, ainda, provoca o aumento da criminalidade,
ameaçando a segurança não só dos motoristas, como também da
população e de policiais.

O coronel Paulo Roberto de Souza, assessor de segurança dessas


três entidades acredita que governo e empresários precisam se unir
cada vez mais para eliminar de vez a figura do receptador, “a força
motriz desses assaltos, principalmente de grandes volumes”.
Em sua opinião, “o receptador é sempre alguém do ramo, é um

23
comerciante legalmente estabelecido que, na ânsia de obter lucro fácil,
comercializa artigos regulares junto com os ilegais”, assegura.
Por isso, do ponto de vista institucional, a prioridade é o combate à
receptação porque, eliminando o receptador, os marginais perderão os
seus “clientes”.

LEIS MAIS SEVERAS

O coronel lembra que as autoridades vêm, nos últimos tempos,


mostrando mais empenho no combate a esses tipos de delitos. Sob
pressão do empresariado, o Congresso aprovou em fevereiro deste
ano, lei complementar que cria um sistema nacional de combate ao
roubo de carga e prevê a integração das polícias, com a criação de um
banco de dados. Essa lei também prevê a participação obrigatória dos
representantes de órgãos fiscais, tanto estadual como federal, quando
da denúncia da localização de carga roubada. Dessa forma, o fiscal
poderá atuar o comerciante infrator e, ao mesmo tempo, o policial
poderá indiciá-lo criminalmente. Aguarda-se, agora, que a Secretaria
Nacional de Segurança Pública, subordinada ao Ministério da Justiça,
e o Ministério da Fazenda, coloquem esse sistema para funcionar.
Outra medida que inibe a compra de mercadoria roubada é a cláusula
que obriga o fabricante a citar, na nota fiscal, número do lote de
produção e da série. “Antes, não havia numeração serial, o que
dificultava a localização da carga e facilitava a sonegação. Com uma
mesma nota, aquela quantidade de mercadoria podia ser transportada
várias vezes”, diz o assessor.
A mais nova conquista nessa área de combate ao receptador, embora
com abrangência apenas estadual, foi a aprovação pela Assembléia
Legislativa da lei 12.994, de 6 de março deste ano. Já em vigência,
essa lei prevê a cassação da inscrição e a perda do direito de emitir
nota fiscal do comerciante que for flagrado com carga roubada.

ESTATÍSTICAS

Levantamento estatístico feito pela assessoria de segurança da


Fetcesp e da Setcesp, revela que em 2005 foram registradas 2.592
ocorrências de roubos e furtos de cargas no Estado de São Paulo. Em
2004, esse número foi de 2.542.
A configuração geográfica das ocorrências no ano passado, em
comparação com as de 2004, mostra que houve aumento na Grande

24
São Paulo (3,25%) e no Interior (1,80%) e redução na Capital (2,07%),
nas rodovias (2,90%) e no Litoral (0,08%).
O prejuízo total das transportadoras, em 2005, foi de R$ 197,357
milhões, o equivalente à média mensal de R$ 16,446 milhões. Ainda
no ano passado, as cargas mais visadas pelos marginais foram as de
produtos alimentícios, seguidas por cigarros, produtos farmacêuticos,
eletro-eletrônicos e metalúrgicos. As rodovias com maior incidência
foram: Anhangüera, Presidente Dutra e Régis Bittencourt.

Rastreamento - Tecnologia contra o roubo de carga


PF descobre quadrilha de roubo de cargas coordenada
A Polícia Federal de Goiás fez uma operação gigantesca e descobriu uma quadrilha de
roubos de cargas e caminhões que agia em sete estados do país. Policiais de Goiás, de São
Paulo e de Mato Grosso eram os coordenadores dos roubos de cargas.
A Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos foi cercada por 50 policiais federais. A
operação, coordenada pela Polícia Federal de Goiás, investiga a participação de policiais
civis no esquema de roubo de cargas, carros e caminhões, além de fraudes no seguro
DPVAT. A operação surpresa provocou revolta em alguns funcionários da delegacia.
O superintendente da Polícia Federal em Goiânia, Lacerda de Carlos Júnior, declarou
encerrada a chamada “Operação Carga Pesada”, realizada. Vinte e oito pessoas foram
presas, 20 delas em Goiás. Entre os presos estão sete policiais civis que trabalhavam na
Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos Automotores. Os presos são suspeitos de roubo
de cargas e veículos, principalmente caminhões e carros de luxo, estelionato, clonagem de
veículos, corrupção ativa e passiva em todo o país.
Participaram da operação Goiânia 200 policiais federais de Brasília, Goiânia e outras
cidades. A Polícia Federal ocupou o prédio da delegacia para cumprir um mandado
judicial.Todos os funcionários foram detidos no local até que fossem feitas as averiguações
necessárias. A investigação está documentada no inquérito 609/02, dirigido pela delegada
federal Walkíria Souza Teixeira de Andrade.
Depois da operação, os cinco delegados-adjuntos da delegacia e cerca de 80 agentes
policiais colocaram seus cargos à disposição. O diretor-geral da Polícia Civil de Goiás,
delegado Marcos Martins, disse que não sabia da realização da operação.

25
Lei sancionada pelo governador paulista pune os receptadores de mercadorias roubadas
com a cassação da inscrição estadual de estabelecimentos comerciais e industriais,
transformando-se em nova arma no combate ao roubo de cargas no estado. Veja abaixo
a análise do assessor jurídico da NTC&Logística, Marcos Aurélio Ribeiro:
A Lei Estadual 12.294, de 6 de março de 2006, altera o artigo 20 da Lei 6.374, de 1º de
março de 1989, estabelecendo que a inscrição estadual poderá ser cassada ou suspensa
a qualquer momento em razão da prática de atos ilícitos que tenham repercussão no
âmbito tributário, dentre várias práticas arrola expressamente "a receptação de
mercadoria roubada ou furtada".

Temos agora dois importantes instrumentos para o combate ao roubo de carga,


envolvendo, finalmente, a atuação da Secretaria da Fazenda. O primeiro instrumento
criado pela Lei Federal, conhecida como Lei Negromonte que obriga os agentes fiscais a
comunicarem a autoridade policial todos os atos de fiscalização quando constatada a
existência de mercadoria em estoque e desacompanhada de nota fiscal a indicar a
possibilidade de se tratar de produto de receptação. Tal medida visa a instauração de
inquérito policial contra o receptador além do devido processo criminal pelo crime de
receptação.

Agora a Lei Estadual adiciona outra providência obrigatória a ser adotada pela
fiscalização estadual, estabelecendo o cancelamento da inscrição estadual do
estabelecimento comercial ou industrial quando houver nele a prática de ato ilícito que
caracterize a receptação de mercadoria.

Como se vê, as mudanças na legislação federal e estadual contribuem para o


fechamento do cerco aos receptadores. Agora é exigir da Secretaria da Fazenda a
imediata implementação das medidas legais aprovadas, e comunicação das autuações
que indicam a existência do crime e a aplicação da medida punitiva da cassação da
inscrição estadual contra o receptador. Assim, os estabelecimentos tradicionalmente
utilizados como fachada legal pelos criminosos passarão ser fechados, contribuindo para
o combate ao crime organizado.

Resta às entidades do setor voltar a insistir no Congresso Nacional para a aprovação do


que faltou na Lei Negromonte, principalmente o perdimento das mercadorias
apreendidas nos estabelecimentos utilizados para a receptação.

Polícia bandida
Rio de Janeiro, sexta-feira, 9h da manhã.
Policiais da delegacia de roubos e furtos de automóveis vão executar uma
missão difícil: prender um colega de profissão.
Com um mandado judicial, eles entram no edifício onde mora o policial
Ovídio Lorenzo, no centro da cidade. Ele ocupava um cargo de confiança,
no depósito de armas e munição da Polícia Civil.
Lorenzo era o sexto policial a ser preso. Além dele, foram presos o
sargento da Polícia Militar José Barcellos, o subtenente da PM Marcos
Aurélio Ferreira, e os policiais civis Jorge Luiz Rosa, Reinaldo Conde e
Hélio Brunet.
Durante 16 anos, Brunet foi o responsável pelo paiol de armas e munição
da polícia. E, segundo o inquérito, desviava a munição que acaba nas
mãos de traficantes das favelas cariocas.
No total, já foram presas 11 pessoas da quadrilha.
“Maus policiais não podem conviver na polícia. São bandidos travestidos
de policiais”, disse Marcelo Itagiba, então secretário de Segurança do Rio
de Janeiro.

26
Com autorização da justiça, foram feitas imagens e gravações telefônicas
dos envolvidos.
Cláudio Fontes, conhecido como Coroa. O homem que comprava a
munição dos policiais para repassar aos traficantes. Em um dos
telefonemas gravados, Cláudio fez uma encomenda ao sargento José
Barcellos. Eles falavam em códigos.
Cláudio: Tem alguma coisa de 62 aí?
José: Não, chegou aquele negócio que você tava querendo.
Cláudio: Que que é?
José: Aquele "garrafão de vinho". Chegou cinco "garrafão de vinho" de
quatro e meio.(calibre 45)
Cláudio: Estou indo aí.
As munições negociadas pelo sargento Barcellos eram para armas
utilizadas pelos traficantes do Rio, como o fuzil fal e a pistola calibre 45.
Em outra gravação o sargento José Barcellos conversa com um homem -
Nery Rossi. Ele é dono de uma loja de munição, que funciona em uma
sala, num prédio no centro do Rio. Nery faz negócios clandestinos.
José: Fala, meu filho!
Nery: Tô aqui.
José: Chegou o que aí?
Nery: É aquele "garrafão de vinho" de quatro litros e meio. E também
aquela "cenoura" de nove centavos.(calibre 9mm). E tem mais "óleo de
soja" de três e oitenta.(calibre 380)
José: Vem cá, quantas tem aí de cada?
Nery: O total dá pouca coisa, mixaria, dá R$ 820..
Durante as investigações os policiais descobriram que um segurança que
trabalhava em uma rua da Tijuca, Zona Norte do Rio também fazia parte
da quadrilha. Além de vender armas e munição, Fernando Santos tinha
outra tarefa: ele indicava aos criminosos qual o comerciante da região
deveria ser assaltado.
Em uma das ligações, Fernando orienta um bandido conhecido como
Andinho sobre uma loja que vai ser assaltada.
Andinho: É o Andinho, tranqüilo?
Fernando: Tranqüilo.
Andinho: Nós estamos indo para "trabalhar" já, hein?
Fernando: Mas tem que ver se está aberto, irmão.
Andinho: Tá, pô, fecha duas e meia.
Fernando: Então já é.
Andinho: Valeu, já tamos chegando aí.

27
Fernando: Olha só o que eu vou te dizer: não pára aqui no condomínio
não, escutou?
Andinho: Tá, "nós pára" um pouquinho pra frente?
Fernando: É, pára lá na frente do caô mesmo. Tá tranqüilo.
Logo após o telefonema, Andinho assalta a loja - e em seguida comemora.
Andinho: Trabalho bonito, gostou?
Fernando: Pô, profissional.
Andinho: Talento, você gosta de ver "nós trabalhar".
Nas imagens feitas pela polícia, a reunião de três integrantes da
quadrilha. O segurança Fernando e o comerciante de munição Nery Rossi
estão à espera do sargento José Barcellos.
Uma bolsa, trazida por Nery, está cheia de munição para ser passada ao
sargento. Mas ele acabou não aparecendo. Dias antes das primeiras
prisões, a quadrilha desconfiou que estava sendo monitorada. Isso fica
claro num telefonema entre o fornecedor Cláudio Coroa e o taxista
Roberto Conde.
Roberto: Alô, patrão. Deixa eu falar contigo: você marcou alguma coisa
de entregar carregador e balas?
Cláudio: Não.
Roberto: Olha, cuidado, não fala no telefone que grampearam o telefone
do cara que marcou o encontro pra entregar carregador e arma e
munição, entendeu? Cuidado, se "tu marcou" alguma coisa aborta
porque está tudo grampeado, até o meu.
Um outro encontro da quadrilha foi filmado no mesmo local - o posto de
segurança de Fernando. Ele e Cláudio estão esperando o sargento
Barcellos, para entregar-lhe mais munição.
Assim que Barcellos chega, ele e Cláudio vão direto para a garagem do
prédio, onde a munição está escondida. Logo depois, os dois saem.
Cláudio carrega uma sacola cheia de munição.
A grande surpresa para todos os policiais civis do Rio foi a prisão do
colega Hélio Brunet - o chefe do depósito de armas e munição. Somente
no mês passado, 10 mil munições sumiram do departamento. Na casa
dele, a polícia apreendeu R$ 23 mil e US$ 4 mil.

“Em casa eu tenho dinheiro disponível como aconteceu, trabalhei em


transporte de van durante muitos anos, dez ou onze anos como bico. Acho
que faltou um pouco de respeito com aquele que durante tantos anos deu
a sua vida, seu amor, sua dedicação à instituição policial que tanto ama”,
se defendeu o policial civil Helio Brunet.

28
“Eu acho que o papel dele é negar porque se ele confessar está assinando
a sentença dele”, disse o delegado Gilberto Ribeiro.
“Esse comportamento desses policiais causou indignação a toda a policia.
Todos nós estamos revoltados com o que descobrimos”, afirmou Álvaro
Lins, na época o chefe de polícia.
Nas investigações da polícia, ficou claro que a munição vendida para os
traficantes era usada contra os próprios policiais, como mostra um
telefonema entre o fornecedor Cláudio Coroa e um traficante de uma
favela da Zona Norte do Rio.
Traficante: Pô, véio, o clima hoje tava mais ou menos, meio sinistro aqui,
que tão falando que "os homens" tão andando tudo por aqui. "Tão tudo"
no pé do morro.
Cláudio: É mesmo?
Traficante: Graças a Deus não vieram não, tomara que nem "venha".
Cláudio: Tomara, né?
Traficante: É, porque senão "nós vai ter" que gastar mais bala neles.

PELO CELULAR
Presos comandam roubo de veículos
De dentro da penitenciárias, eles recrutam assaltantes e ainda negociam
com receptadores

Sem bloqueadores de celular, os presídios brasileiros se tornam um ponto


de comando para roubo de veículos.

De dentro das penitenciárias, os chefes de bando estão comandando o


roubo de veículos – principalmente caminhões e picapes importadas - .
Por mês, uma média de centenas de picapes são levadas de seus
proprietários. A polícia sabe que a ordem para os roubos sai via telefone
celular da Penitenciária Regional de Pascoal Ramos, como de várias
penitenciárias do país. Chefes de quadrilhas se “associaram” para
comandar os roubos e levar veículos até a Bolívia. Em 10 meses, a PM
apreendeu 173 celulares nas unidades prisionais da Grande Cuiabá - a
maior parte no Pascoal Ramos.

29
A prova maior ocorreu. Um caminhão Mercedes-Benz foi roubado na
região do posto fiscal Flávio Gomes, na BR-364. O motorista, que mora
no Rio Grande do Sul, recebeu vários telefonemas de bandidos que
queriam devolver o caminhão, mas por um “preço módico”. Exigiram R$
10 mil, mas não disseram onde iriam deixar o veículo, avaliado em R$ 130
mil.

O bandido, que se identificou como “Romeu”, forneceu vários números


de telefones celulares. Ao checar, a PM descobriu que são todos clonados
e as ligações partiram de dentro da Penitenciária de Pascoal Ramos. Uma
revista foi realizada, mas nada se encontrou.

Conforme as investigações realizadas pela Polícia Militar, enquanto um


cuida de localizar os receptadores, o outro recruta quem irá praticar o
roubo. Para isso, fornece armas e os ladrões devem apenas entregar o
veículo ainda na capital. Embora a polícia tenha informações seguras, as
provas não são suficientes para o indiciamento.

“O que temos é que um conhecido chefe de roubo de picapes que está


preso no Pascoal Ramos. E junto dele, um conhecido ladrão que comanda
roubos de dentro do presídio. Com essa associação, estão roubando
veículos e mandando para a Bolívia”, disse um policial.

O roubo comandado de dentro das penitenciárias aumentou a partir de


julho, período em que um dos maiores chefes de roubo foi preso e
recolhido em Pascoal Ramos.

Conforme as investigações, o esquema é simples. Através de um celular


clonado, um dos chefões contata os possíveis receptadores na Bolívia.
Combina o preço, a marca e modelo. Ainda de dentro da Penitenciária, o
outro chefe de bando liga para seus contatos do lado de fora. Este recruta
os ladrões apenas para fazer o roubo.

De imediato, o veículo é repassado para outras pessoas, ainda em Cuiabá.


Essas se encarregam de levá-las até a Bolívia. Com isso, deixa a polícia
sem saber quem planejou o roubo, pois os principais suspeitos já estão
atrás das grades.

30
O que chama a atenção é que a organização criminosa está aliciando
jovens que antes participavam de assaltos comuns – a pedestres,
estabelecimentos comerciais e na saída de bancos - e estão sendo treinados
para o roubar veículos.

O roubo da picape de um promotor de Justiça ocorrido há cerca de três


meses teria o dedo do crime organizado que age dentro dos presídios. O
veículo não foi localizado e a polícia tem informações de que chegou às
mãos de traficantes bolivianos.

Conforme policiais da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de


Veículos (Derrfva), há cerca de dois meses uma dupla de ladrões de
veículos foi presa. De início, apontaram os dois chefes presos no Pascoal
Ramos como responsáveis, mas na hora de assinar o depoimento,
recuaram e se reservaram no direito de falar somente em juízo.

Conforme o levantamento da PM, para diminuir o poder dessa


organização criminosa, bastaria evitar a entrada de telefones celulares
nos presídios, mas a própria polícia admite que essa meta está longe de
ser atingida.

Para se ter uma idéia do volume de celulares apreendidos, no final de


novembro, numa ala de 30 presos na cadeia pública do Carumbé, os
militares fizeram uma revista de rotina e localizaram oito celulares e três
carregadores.

VEÍCULOS MAIS ROUBADOS


São Paulo tem metade dos veículos roubados e furtados no País

Com um terço da frota de automóveis do País, São Paulo é o Estado onde mais carros e motos
são roubados e furtados, mas é no Rio de Janeiro que o dono de um veículo corre mais riscos de
perder seu bem – São Paulo vem logo a seguir.

Os dados são de pesquisa da CNSeg (Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais),
com base em informações do Denatran (Departamento Nacional do Trânsito).

Quase a metade (93.347) dos 191.347 roubos e furtos de veículos entre janeiro e junho deste ano
no País ocorreu em São Paulo.

O carro mais roubado/furtado no Brasil é o Gol, da Volkswagen (21.907 unidades), também o carro
que existe em maior quantidade no País (são 5,16 milhões), seguido de longe pela moto Honda
CG 125 (13.051 roubadas ou furtadas) e do Fiat Uno (11.592 no período).

Porém, proporcionalmente, o veículo mais visado é a moto Honda NX4. De cada cem unidades,
praticamente uma (0,9%) é alvo de roubo ou furto. O Fiat Stilo vem em seguida (0,76%), à frente

31
do Fiat Punto (0,65%).

Apesar de liderar a estatística negativa dos roubos e furtos de automóveis, São Paulo e Rio ficam
entre os dez piores no ranking estadual de recuperação de veículos. O estado do Mato Grosso do
Sul tem a melhor performance do País, encontrando 69,3% dos veículos roubados e furtados,
seguido do Distrito Federal e do Rio Grande do Sul, que recuperam dois terços desses
automóveis. É no Rio que é maior a chance de ter um automóvel roubado. Em seguida, vêm São
Paulo, Distrito Federal e Rio Grande do Sul.

Em todos os meses do primeiro semestre de 2010, caíram nacionalmente os roubos e furtos. A


maior queda foi em janeiro, quando houve redução de 11%. A média de diminuição no período foi
de 6,74%.

Dez veículos mais roubados/furtados no país


(entre janeiro e junho de 2010, em quantidade)

1. VW Gol 21.907
2. Honda CG 125 (moto) 13.051
3. Fiat Uno 11.592
4. Fiat Palio 10.104
5. Honda CG 150 (moto) 7.594
6. GM Corsa 6.024
7. GM Celta 4.208
8. Honda CBX (moto) 4.023
9. VW Fusca 3.581
10. VW Parati 3.159

Dez veículos mais roubados/furtados no país, entre janeiro e junho de 2010


(em frequência)

1. Honda NX4 (moto) 0,9% das existentes


2. Fiat Stilo 0,76% dos 90.419 existentes
3. Fiat Punto 0,65% dos 94.590 existentes
4. VW Crossfox 0,62%
5. VW Spacefox 0,61%
6. Honda CBX (moto) 0,6%
7. Peugeot 307 0,58%
8. Yamaha Fazer (moto) 0,55%
9. Fiat Fiorino 0,51%
10. VW Voyage 0,50%

Estatística de veículos roubados/furtados


(por estado, em quantidade)

1. SP 93.347
2. RJ 20.899
3. RS 13.401
4. PR 10.708
5. MG 8.208
6. SC 6.248
7. BA 5.451
8. DF 5.061
9. PE 4.219
10. GO 4.208
11. CE 3.552
12. ES 2.585

32
13. PA 2.333
14. MT 2.182
15. AM 1.443
16. MS 1.370
17. RN 1.187
18. RO 902
19. AL 891
20. MA 634
21. PB 596
22. SE 551
23. TO 486
24. PI 467
25. RR 229
26. AP 106
27. AC 83

Veículos Recuperados
(percentual por estado)

1. MS 69,3%
2. DF 66%
3. RS 65,9%
4. SC 61,7%
5. ES 60,2%

Os piores estados em desempenho na recuperação de veículos roubados/furtados

1. Acre (AC) 28,9%


2. MA 30,1%
3. BA 30,3%
4. SE 34,5%
5. PA 35,2%
6. RR 35,37%
7. AP 37,7%
8. TO 39,9%
9. RJ 40%
10. SP 40,5%

Roubos/furtos de veículos, em proporção à frota


(onde é mais provável você ter o seu roubado/furtado)

1. RJ 0,487%
2. SP 0,481%
3. DF 0,428%
4. RS 0,295%
5. AM 0,289%
6. PA 0,259%
7. PE 0,255%
8. BA 0,253%
9. CE 0,224%
10. PR 0,221%

As dez cidades do país com maior quantidade de veículos roubados/furtados

1. SAO PAULO (SP) 45.691 (23,9% do total no país)


2. RIO DE JANEIRO (RJ) 11.934 (6,24% do total no país)

33
3. SALVADOR (BA) 5.445 (2,85%)
4. BRASILIA (DF) 5.061 (2,64%)
5. CAMPINAS (SP) 4.463 (2,33%)
6. PORTO ALEGRE (RS) 4.409 (2,30%)
7. CURITIBA (PR) 4.281 2,24%
8. BELO HORIZONTE (MG) 3.164 (1,65%)
9. FORTALEZA (CE) 3.051 (1,59%)
10. SAO BERNARDO DO CAMPO (SP) 2.830 (1,48%)

As cidades com a maior freqüência de veículos roubados/furtados

1. DIADEMA (SP) 1.629 (1,25% de sua frota)


2. ITAQUAQUECETUBA (SP) 503 (0,912%)
3. DUQUE DE CAXIAS (RJ) 1.415 (0,91%)
4. TABOÃO DA SERRA (SP) 643 (0,902%)
5. HORTOLANDIA (SP) 511 (0,9%)
6. SALVADOR (BA) 5.445 (0,88%)
7. PRAIA GRANDE (SP) 628 (0,85%)
8. EMBU (SP) 480 (0,82%)
9. NOVA IGUACU (RJ) 1.152 (0,82%)
10. VARZEA GRANDE (MT) 747 (0,81%)

Motocicletas roubadas/furtadas com maior freqüência (onde é mais provável você perder
sua moto)

1. HONDA CB 600F (1%)


2. HONDA NX-4 (0,93%)
3. HONDA CBR (0,82%)
4. HONDA CBX (0,6%)
5. HONDA CB 500 (0,56%)
6. YAMAHA FAZER (0,6%)
7. HONDA XR (0,46%)
8. YAMAHA XT (0,45%)
9. YAMAHA LANDER (0,43%)
10. SUNDOWN STX (0,40%)

Motocicletas mais roubadas/furtadas no Brasil (em quantidade)

1. HONDA CG125 13.051


2. HONDA CG150 7.594
3. HONDA CBX 4.023
4. HONDA C100 2.431
5. YAMAHA YBR 2.338
6. HONDA NXR150 1.459
7. HONDA BIZ 1.367
8. SUZUKI JTA 1.169
9. HONDA XR 1.154
10. HONDA NX-4 1.008

O número de furtos e roubos de carros no Brasil vem avançando de forma alarmante. No


ranking de ocorrências por 100 mil veículos em nove grandes capitais brasileiras, Rio de
Janeiro, São Paulo e Salvador ocupam, respectivamente, os três primeiros lugares.

Os números foram obtidos pela reportagem do UOL Notícias em consultas feitas às

34
secretarias estaduais de segurança pública, Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) e
Detran (Departamento Estadual de Trânsito) dos Estados cujas capitais entraram no ranking.

Segundo o levantamento, por dia 150 carros são roubados ou furtados no Rio de Janeiro, o
que representa 7,5 ocorrências para cada grupo de 100 mil veículos da frota carioca. Em
seguida vêm São Paulo, com quatro ocorrências/ 100 mil veículos, e Salvador, com 2,8
ocorrências/ 100 mil veículos [ver ranking completo abaixo].

Em Goiânia, que aparece em quarto lugar, chama a atenção o crescimento do número de


roubos (quando há abordagem de vítima e violência): 30,47% na comparação entre os dois
períodos, de 512 para 668.

Segundo dados da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, os períodos preferidos pelos


bandidos na capital goiana é o início da manhã e à noite, entre às 20h e 22h. Roubos são
mais comuns às quartas-feiras.

Presídios
Segundo a polícia de Goiás, os grupos que comandam o esquema de roubo e furto de
veículos em todo o Brasil articulam as ações de dentro dos presídios, com ramificações em
vários Estados.

Desses veículos roubados ou furtados, mais da metade é transformada nos chamados dublês
ou clones, que passam por adulterações nos chassis, placas e outros dados. Os carros são
copiados de veículos com condições regulares nos Detrans estaduais.

Ainda existe a figura do que a polícia chama de carros “salvados”. É quando um carro
sinistrado (batido e indenizado pela seguradora) é arrematado em leilão público, com
documentação regular, e tem apenas o chassi aproveitado.
Conheça o ranking de roubos e furtos em nove das maiores capitais brasileiras:
1ª. Rio de Janeiro – 150 roubos e furtos diários ou 7,5 ocorrências / 100 mil veículos.
Os proprietários tentam evitar a ação de bandidos com aquisição de sistemas de proteção,
como alarmes e equipamentos antifurto e rastreadores. Outros optam pela blindagem, que
ainda é o meio mais caro de segurança.

2ª. São Paulo – 288 roubos e furtos diários ou 4 ocorrências / 100 mil veículos.
Por hora, são roubados 12 carros. Os dados, referentes aos três primeiros meses do ano, são
da Secretaria Estadual de Segurança Pública. Os crimes são cometidos, principalmente, em
áreas nobres, como os bairros do Morumbi, Pinheiros, Perdizes, Vila Madalena, Vila Olímpia e
Sumaré.

3ª. Salvador – 15 roubos e furtos diários ou 2,8 ocorrências / 100 mil veículos.
A capital baiana é a que mais se aproxima da média de Goiânia em números diários, mas a
população é mais de duas vezes maior. No total, 462 carros foram furtados em abril passado.

35
4ª. Goiânia - 17 roubos e furtos diários ou 2,15 ocorrências / 100 mil veículos.
O maior avanço foi o número de roubos (quando há abordagem de vítima e violência) com
crescimento de 30,47% na comparação entre os dois períodos, de 512 para 668. Os furtos
(sem violência contra as vítimas) aumentaram 19,27%, de 467 para 557.

5ª. Brasília – 22 roubos e furtos diários ou 1,96 ocorrência / 100 mil veículos.
Os números na capital federal também são altos. Foram 1962 ocorrências no primeiro
trimestre do ano. Por dia são 22 veículos tomados dos donos com violência. Os roubos
correspondem a 566, enquanto os furtos são 1396.

6ª. Curitiba – 22 roubos e furtos diários ou 1,84 ocorrência / 100 mil veículos.
O número de carros roubados (levados mediante ameaça) aumentou 11%, passando de 767
para 854 no primeiro trimestre de 2011. Os furtos tiveram uma queda de 10%. De 1.270
veículos furtados no ano passado e 1.140 este ano. Nos três primeiros meses de 2010, foram
recuperados 887 carros, e no mesmo período deste ano 734 veículos voltaram aos seus
donos.

7ª. Porto Alegre – 11 roubos e furtos diários ou 1,63 ocorrência / 100 mil veículos.
De janeiro a março foram registrados 576 roubos de veículos. Os números da capital são
diferentes dos do Estado, com mais roubos do que furtos de veículos. A Delegacia
especializada de Roubo de Veículos apurou que a diferença ocorre porque a frota de carros
de Porto Alegre é mais nova do que as demais cidades gaúchas, com mais opcionais de
segurança, que dificultam o furto.

8ª. Campo Grande – 5 roubos e furtos diários ou 1,35 ocorrência / 100 mil veículos.
402 carros foram subtraídos nos primeiros 90 dias de 2011, uma média de cinco casos por
dia. O estudo da Secretaria de Segurança Pública afirma que, dos veículos roubados no
primeiro trimestre, a polícia recuperou 311 deles. Parte dos veículos passa pelas fronteiras
com a Bolívia e o Paraguai.

9ª. Belo Horizonte – 14 roubos e furtos diários ou 1,12 ocorrência / 100 mil veículos.
Dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) revelam que 47 veículos são
furtados ou roubados por dia em Minas Gerais, enquanto em Belo Horizonte esta média é de
13,8. Os dados são comparativos entre 2009 e 2010.

Procedência e antecedentes de Veículos Automotores, Técnicas de


Investigações e Fraudes em Seguros, Desvios, Localização e Recuperação
de Cargas.

36
TABELA NACIONAL IMPORTADO – ANO DE VEÍCULO

D = 1983
E = 1984
F = 1985
G = 1986
H = 1987
J = 1988
K = 1989
L = 1990
M = 1991
N = 1992
P = 1993
R = 1994
S = 1995
T = 1996
V = 1997
W = 1998
X = 1999
Y = 2000
1 = 2001
2 = 2002
3 = 2003
4 = 2004
5 = 2005
6 = 2006
7 = 2007
8 = 2008
9 = 2009
10=2010
11=2011
12=2012

37
INTRODUÇÃO

SISTEMA RENAVAM – REGISTRO NACIONAL DE


VEÍCULOS AUTOMOTORES

O Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) previa, desde 1966 a


implantação do Registro Nacional de Veículos Automotores (RENAVAM), que
não ocorreu até 1990 devido a problemas de ordem técnica.
Até 1982 o SERPRO (Serviço de Processamento de Dados) era o órgão
federal responsável pela inserção de dados referentes aos veículos dos
estados que estavam integrados. Ficou conhecido como PROJETO POLVO,
extinguindo-se por causa do Governo Federal, que passou a não mais
informar os dados para cadastro.
O novo sistema RENAVAN só não aproveitou as bases do antigo PROJETO
POLVO devido à incapacidade técnica do sistema.
O RENAVAN objetiva interligar os estados através de uma central única –
BIN (Base de Índice Nacional) – que permite agilizar as comunicações com
maior confiabilidade das informações e, funcionando como mecanismo de
combate à comercialização ilegal de veículos furtados/roubados.
Convém ressaltar que as consultas não são efetuadas diretamente de
sistema para sistema, e sim ao BIN, alimentada via estados via telex.
Os estados que hoje integram o novo sistema são: Acre, Alagoas, Amapá,
Amazonas, Bahia, Brasília, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia,
Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

O sistema está dividido em 5 (cinco) módulos que viabilizam sua operação, a


saber:

3
M U L TA S
4
roubo
FURTO

2
ATUALIZAÇÃO
CADASTRAL

5
1 OUTRAS
PrÉ FUNÇÕES
CADASTRA-
MENTO

38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
103
104
105
106
107
108
109
110
111
112
113
114
115
116
117
Prezado aluno, parabéns por ter aprendido todos os ensinamentos constants nesta
apostila nº01. Passe agora aos estudos da apostila nº02 e boa sorte.

118

Você também pode gostar