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13/03/2023, 21:56 Rússia e Ucrânia: entenda a questão energética por trás da guerra | Guia do Estudante

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Atualidades
Rússia e Ucrânia: entenda a questão energética por
trás da guerra
A dependência europeia do gás natural russo tem impactado as decisões de líderes mundiais e
os rumos do conflito
POR JULIA DI SPAGNA ATUALIZADO EM 24 FEV 2023, 13H09 - PUBLICADO EM 30 MAIO 2022, 12H46

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Instalações de armazenamento de gás natural próximo da Alemanha. O país é um dos que buscam alternativas ao gás russo, diante da
Guerra na Ucrânia (Stringer/Getty Images)

Em 24 de fevereiro de 2022, as tropas russas invadiram a Ucrânia, dando início a


uma guerra que, segundo estimativa do Alto Comissariadodas Nações Unidas para
os Direitos Humanos, já matou mais de 8 mil civis, além de mais de 13 mil pessoas
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feridas.
Pushnews Entre as causas mais comuns apontadas para o conflito estão a expansão da

Otan no Leste Europeu, as disputas separatistas no leste da Ucrânia e a própria
ambição expansionista do presidente russo Vladimir Putin.

As consequências sociais, políticas e econômicas da invasão são muitas, mas existe


um ponto específico que impacta diretamente os rumos do conflito e que pode ser
cobrado nos vestibulares: a questão energética por trás da guerra. 

Os combustíveis russos e a guerra


A Rússia se destaca no cenário mundial por conta da produção de petróleo e da
exportação de gás natural. A venda desses combustíveis fósseis tem contribuído
para a retomada da economia russa e para a reconstrução de seu poderio militar nas
últimas duas décadas, período no qual Putin se consolidou na presidência.

Os países europeus estão entre os maiores importadores de combustíveis fósseis


russos. O destaque é o gás natural, muito importante para geração de eletricidade,
funcionamento das fábricas e sistemas de calefação, fundamentais no inverno
rigoroso do continente. 

A Rússia já ameaçou interromper o fornecimento de energia para alguns países que


estariam ajudando o governo ucraniano durante a guerra.

“Embora efetivamente não tenha sido usado em grande escala, a estratégia da


energia como ‘arma de guerra’, vem aparecendo constantemente nos discursos e
ameaças de Vladimir Putin, que, inclusive, chegou a tomar uma medida recente
contra a Finlândia”, explica Daniel Simões, professor de Geografia do Curso Pré-
Vestibular da Oficina do Estudante de Campinas (SP). A Finlândia é um país que faz
divisa com a Rússia e não fazia parte da Otan, mas que formalizou o desejo de
participar do bloco. O posicionamento foi avaliado pela Rússia como uma provocação
e o governo decidiu interromper o fornecimento de gás para a região.

Os efeitos da dependência do gás russo


Em uma entrevista concedida à BBC News Mundo, Ángel Saz-Carranza, diretor do
Centro de Economia Global e Geopolítica da escola espanhola de negócios Esade e
professor visitante da Georgetown University, nos Estados Unidos, explicou que
cerca de 40% da demanda de gás na Europa depende da oferta do gás russo. “É o
calcanhar de Aquiles da Europa nesta guerra, sua grande vulnerabilidade, é isso que
permite à Rússia capitalizar e financiar essa aventura.”
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Por conta dessa dependência, a Rússia acaba tendo um poder de influência sobre o
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continente, limitando atitudes militares mais drásticas que países europeus poderiam
tomar em favor da Ucrânia, como a aplicação de sanções. Em um momento em que
as economias mundiais estão se recuperando, com a instabilidade e os danos
causados pela pandemia da covid-19, a situação fica ainda mais crítica. 

“Temos percebido altas na inflação, o crescimento econômico ocorre de forma lenta


e, se de repente ocorrer o encarecimento do gás ou a ausência dele, podem haver
paralisações nas indústrias e redução forçada do consumo de energia”, diz o
professor do Oficina do Estudante.  Segundo ele, isso tende a atrapalhar a retomada
econômica em um cenário que já não é favorável.

Além disso, em meio ao contexto de instabilidade política como este, o preço do gás
e do petróleo e, portanto, da energia em geral, já tende a apresentar uma alta,
elevando os custos dos processos produtivos e dos transportes. O resultado são
mais processos inflacionários e estagnação econômica.

Por essa razão, muitos líderes têm criticado a Rússia, mas hesitam de tomar posturas
mais efetivas. “Mesmo sendo contrários à invasão da Ucrânia, os países europeus
não têm como promover uma intervenção mais agressiva na situação. Pelo contrário,
acabam caindo na contradição e continuam financiando as ações militares russas, por
meio da compra de petróleo e gás natural”, explica Murilo Medici Navarro da Cruz,
coordenador e professor de Geografia e Atualidades do Poliedro Colégio São José
dos Campos.

Ángel Saz-Carranza ressalta, no entanto, que a situação acaba equilibrada pela


dependência da Rússia do mercado europeu, ainda relevante. A capacidade do país
de transportar gás para o Oriente é residual. À exceção do gás natural liquefeito, que
pode ser exportado por meio de navios, quase todos os gasodutos da Rússia vão
para o Ocidente.

A Europa tem alternativas?


Não existe nenhuma opção rápida. Segundo os especialistas, uma alternativa seria a
importação via navio, em vez do bombeamento por gasodutos. Mas isso implicaria
em um aumento considerável no custo final da operação. 

Existe também a possibilidade de os países europeus aumentarem o uso de outras


fontes de energia, queimando carvão ou usando combustível nuclear. Há, inclusive,
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uma tentativa de expandir a construção de usinas ou fontes de energia renováveis,


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como a solar e a eólica.

Mas, apesar do investimento de vários países do continente nos últimos anos, suas
fontes de energia alternativa ainda representam uma parcela relativamente pequena
de suas matrizes energéticas. “A longo prazo, são boas opções. A questão é que esse
tipo de substituição não é feita da noite para o dia. O caminho de romper com o gás
russo não é o ideal. Mesmo havendo alternativas, não são simples”, diz Daniel
Simões, do Oficina do Estudante. 

Além da Rússia, Noruega (no Norte) e Argélia (no Sul) também são fornecedores de
gás para a Europa que já possuem gasodutos construídos e conectados. Mas ambos
os sistemas de produção e distribuição já estão no limite de suas capacidades,
exigindo obras para a ampliação do fornecimento, o que demoraria, pelo menos, mais
de um ano. 

Também é discutido importar o gás de regiões mais distantes, como os Estados


Unidos e o Catar. No entanto, por ter que atravessar longas distâncias, o gás precisa
ser pressurizado e transformado em líquido para ser colocado em navios.
Posteriormente, chegando aos portos europeus, é preciso que o combustível seja
desembarcado em terminais de estocagem e de regaseificação (transformação
novamente em gás) para só então ser distribuído para o interior do continente. Tais
terminais são escassos nos portos europeus e a construção e ampliação do setor
para garantir a substituição do combustível russo demoraria anos, segundo o
coordenador do Poliedro.

Como o tema pode aparecer nos vestibulares


Os professores afirmam que a chance do tema aparecer nas provas é grande. Por
isso, indicam alguns assuntos que merecem a atenção do vestibulando na hora dos
estudos.

Para começar, é preciso saber localizar Rússia e Ucrânia no mapa e, principalmente, o


Mar Cáspio, que é uma das maiores reservas de gás do mundo. É a partir dali que os
gasodutos vão em direção à Europa Ocidental. 

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(wikimedia commons/Reprodução/Guia do Estudante)

Já uma questão mais ampla pode abordar a matriz energética mundial, destacando
como ainda há uma dependência muito forte de combustíveis fósseis e que situações
como essa podem acelerar uma transição energética em vários países, tanto para
diminuir a dependência da Rússia, quanto para avançar no cumprimento de metas
ambientais. “É interessante o vestibulando revisar o Acordo de Paris, saber no que
ele consiste e o que propõe em linhas gerais. Essa dedicação em busca de energias
alternativas, em escala europeia, pode ser uma consequência positiva do conflito”,
afirma o coordenador do Oficina do Estudante.

Alguns países da Europa, como a Alemanha, preferiram abandonar o uso da energia


nuclear nos últimos anos, enquanto iniciam uma tentativa de transição para matrizes
energéticas mais limpas (solar e eólica). Mas é importante lembrar que essa
transição ainda deve demorar anos, ou mesmo décadas, para se realizar.

Ainda em relação à questão energética, é importante retomar o fato de que as


exportações russas de combustível vêm contribuindo de maneira fundamental para a

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retomada
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Soviética (1991). 

Por fim, vale revisar a questão dos sistemas de transporte. O transporte dutoviário é
um dos mais eficientes, em termos de custo/benefício. Mas, tende a tornar
compradores e vendedores mais dependentes, sendo um modelo menos flexível.
Após investir muitos recursos para a construção dos dutos, os agentes envolvidos
(empresas e países) precisam utilizar as mesmas rotas para o transporte dos
combustíveis. Já no caso dos sistemas fluviais, a desvantagem é que não basta que
haja portos, é preciso que estes sejam equipados com estruturas para o embarque ou
desembarque dos produtos. 

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