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RELATÓRIO:
FELICIANO PACHECO
Luanda, 2023
Fevereiro 2023
ELABORADO POR:
CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 11
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 12
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A grande dependência face ao gás natural pode ser definida em 2 pontos. Um é que o gás
natural é um dos principais combustíveis energéticos para o aquecimento e para gerar
eletricidade. Dois, é que numa altura de transição energética europeia, o gás natural pode ter
um papel de destaque para a redução dos combustíveis fósseis mais poluentes como o petróleo
ou o carvão. Por estas razões, a segurança e o aprovisionamento energético fazem parte da
agenda política europeia. Mas é errado pensar que as questões de segurança energéticas são
recentes. Na verdade, desde que se criou em 1952 a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço
(CECA), a segurança energética sempre foi um tema em cima da mesa nas altas instituições
europeias.
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O Nord Stream II é uma rota paralela ao Nord Stream I, se o primeiro já tinha causado
algum mal-estar na UE, o segundo trouxe discórdias não só na Europa, mas também junto do
seu aliado americano. De facto, o Nord Stream II tem estado sob duras críticas, recentemente
definido como não essencial para a segurança energética europeia e retirado assim o apoio, o
Nord Stream II tem estado no centro da discussão sobre política energética, segurança
energética, conflitos regionais e política internacional.
A Rússia com um único projecto, consegue alcançar todos os seus objectivos. Com a
conclusão do Nord Stream II, a Rússia acentua o seu domínio energético na
Europa, por outro lado, a questão da Ucrânia fica resolvida. Envolvido em
diversas polémicas, principalmente geopolíticas, o Nord Stream II tem dividido
a UE, alguns Estados-membros olham para este projecto como uma forma de
afectar a economia ucraniana e aumentar o domínio de gás natural russo na UE.
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Para a Alemanha, a conclusão do Nord Stream II significa parar com a produção a carvão,
significa conseguir cumprir com a redução de emissões de dióxido de carbono. Outro
argumento utilizado pelos políticos alemães que apoiam o projecto, está relacionado com a
energia que provem das centrais nucleares, com o objectivo de encerrar grande parte das
centrais até 2022 o Nord Stream II, poderá fornecer a energia equiparada às actuais produzidas
pelas centrais nucleares. O governo alemão, desde início que afirmar que se trata de um projecto
comercial.
A questão do GNL pouco está relacionada com o Nord Stream II, já que a posição dos
EUA se tem mantido mesmo antes de exportar GNL para a Europa. Apesar do mercado europeu
ser forte para a exportação de GNL por parte dos americanos, não existe uma dependência da
UE pelo GNL como tem com o gás natural vindo da Rússia. O mercado alvo americano
concentra-se na Ásia e na América do Sul. Desta forma, a posição dos EUA tem mais a ver com
questões de segurança que propriamente o comércio de energia, apesar de este também ser
importante a nível interno.
Os EUA olham para o Nord Stream II como uma forma da Rússia enfraquecer os países
da UE e ao mesmo tempo, privar a Ucrânia das taxas de trânsito. O isolamento da Ucrânia
perante a UE é outra das preocupações que os EUA têm tido, já que desde a anexação da
Crimeia e da invasão a Leste da Ucrânia a Rússia tem feito os seus projectos energéticos
contornando a Ucrânia e evitando que esta seja o país de trânsito que sempre foi às portas da
UE. Como referido anteriormente, as taxas de trânsito representam uma fatia orçamental para
o governo ucraniano, ao deixar de receber taxas, significa que o governo ucraniano pode
facilmente ser destabilizado. A Ucrânia deixa de ter relevância como país de negociação e
torna-se um alvo das investidas russas.
O custo político e de segurança têm tido peso suficiente para que se apele à anulação do
gasoduto. Por sua vez, o custo económico e a importância comercial que este pode ter para os
seus investidores directos tem acelerado a necessidade da sua conclusão.
tópico obrigatório na agenda da UE. No fundo, a estratégia europeia não passa por se tornar
dependente do maior exportador de gás natural, como já revisto no capítulo I, mas sim
diversificar as suas fontes de abastecimento.
Do lado russo, a estratégia, como indicado no capítulo II, é aumentar a sua esfera de
influência na Europa, e para isso é necessário tornar dependentes os países chave da UE,
condicionando e influenciando as tomadas de decisão no bloco europeu, ao mesmo tempo, o
lucro gerado através da exportação de energia, são importantes para a economia russa. No caso
da UE em particular o Nord Stream II tem sido cada vez mais rejeitado.
Apesar de existir um grande movimento europeu contra o Nord Stream II, a questão é até
que ponto este afecta realmente a segurança energética, já que não vai afectar as rotas existentes
ou eliminá-las. Assim, o Nord Stream II é uma vantagem para a Alemanha, que passa a ter
fornecimento de gás natural melhorado e os países de trânsito terão mais competição pelo gás
russo. Já analisando na vertente do mercado único, é um mercado totalmente integrado pelo que
não terá problemas, já que o gás natural neste momento pode entrar num ponto da UE e ser
transportado até outro ponto. Isto deve-se ao constante desenvolvimento de infraestruturas para
transporte de gás natural.
A resposta de vários Estados à investida russa de criar mais uma ligação directa para a
Alemanha contornando os países de trânsito, foi eles próprios investirem de forma a colmatar
a perca de receitas provenientes das taxas. A Polónia, investiu em instalações de importação de
GNL no Báltico, avançou com um gasoduto juntamente com a Noruega. Desta forma, a Polónia
conseguiu-se distanciar da influência russa e da sua política energética234. Mateusz
Morawieck, Primeiro-Ministro da Polónia mantém uma clara posição contra o gasoduto
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A construção do NS2 poderá trazer grandes benefícios à Rússia, uma vez que permite
aumentar as suas vendas de gás natural e garantir contratos a médio e longo prazo, justificando
os investimentos feitos no upstream do gás, nomeadamente no Ártico. Desde 2011, que a Rússia
possui uma estratégia oficial para o Ártico, a qual foi revista e estendida em 2020 para durar
até 2035. Esta foi projetada para a exploração de recursos naturais, bem como a ampliação da
logística – já ambas complementares e não excludentes aos aspetos de segurança, considerada
fundamental para potenciar a Rússia no cenário internacional.
A consolidação deste projeto, com o alargamento da rede interna de conexão de gás, irá
permitir beneficiar os países do Centro e Norte da Europa, possibilitando à Alemanha
reequilibrar o seu mix energético a prazo, após a prevista redução no carvão e no nuclear. Por
outro lado, ficam muito prejudicados, nesta fase, os países de trânsito como a Ucrânia, que
deixam de receber na mesma proporção, os respetivos dividendos financeiros (transit fees). Mas
ilude-se quem pensava, que este era um mero projeto comercial energético. Desde sempre que
a Alemanha e a Rússia, o sabiam, embora nunca o tivessem afirmado.
O que se verifica é que existe uma clara estratégia russa e da Gazprom. Garantir a
colocação do seu gás na Europa, conquistando mercado e domínio económico sobre esta, numa
componente decisiva e muito vulnerável como é a energia, contornando o problema da
passagem do gás natural pela Ucrânia. O jogo geopolítico estende-se aos EUA, que procuram
também eles, ocupar o espaço do gás natural, com a sua política de expansão do GNL e do gás
de xisto e garantir a utilização dos muitos terminais de GNL existentes na Europa para o efeito.
A Europa muito dividida, percebe também, que podem existir hoje mais alternativas
energéticas, que em épocas passadas. A segurança energética, se já era uma preocupação da
Europa, passou a ser uma «obrigação estratégica», em face das novas realidades. Na verdade, a
segurança energética terá de ser sempre um objetivo estratégico da UE.
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CONCLUSÃO
Para a Rússia, o Nord Stream II é geoestratégico pela aproximação que tem em negociar
com a Alemanha ao aumentar o domínio da Gazprom na UE e conseguirá influenciar as
políticas europeias, mesmo que indirectamente, não ceder a pressões por parte dos países de
trânsito o que dá liberdade ao governo russo para pressionar politicamente esses países, mas em
especial, a Ucrânia.
Questões como a segurança energética europeia e a União Energética Comum fazem parte
dos desafios que no futuro terão de ser discutidos com maior rigor. A necessidade crescente que
tem surgido para diversificar os abastecimentos de gás natural como forma de colmatar as
fragilidades e dependência de países terceiros, limitando assim, as vulnerabilidades e exposição
da UE a chantagens e a guerras híbridas estão no centro do debate europeu. Apesar da existência
de vários gasodutos em que os Estados-membros europeus fazem parte, o certo é que são
projectos levados a cabo individualmente por cada Estado e não pelo conjunto de todos os
Estados.
BIBLIOGRAFIA
(online), P. (19 de Frevereiro de 2023). Ukraine continues to fight against Nord Stream 2 –.
Obtido de UKRINFORM: https://www.ukrinform.net/rubric-economy/2680014