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ACADEMIA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E TECNOLOGIAS – ACITE

RELATÓRIO:

A CONSTRUÇÃO DO NORD STREAM II


NOME DO MESTRANDO

FELICIANO PACHECO

Trabalho avaliativo apresentado como requisito parcial da disciplina de


Geoeconomia, do Curso de Mestrado em Economia e Finanças Internacionais

Luanda, 2023
Fevereiro 2023

A CONSTRUÇÃO DO NORD STREAM II

ELABORADO POR:

FP & FILHOS Lda.


NOSSA MISSÃO
A NOSSA MISSÃO consiste em esclarecer o interesse dos paises e da União
Europeia (EU) pela construção do NS2, visto que Os Estados-membros europeus são
os maiores compradores de energia a nível mundial. A crise energética que ocorreu
na Ucrânia reavivou a necessidade de existir uma segurança energética europeia,
assim como, uma União Energética Comum
ÍNDICE
NOSSA MISSÃO ................................................................................................................... 2

POLÍTICA ENERGÉTICA DA UNIÃO EUROPEIA ........................................................... 3

OBJECTIVOS DO NORD STREAM II ................................................................................ 4

NORD STREAM II - PROJECTO ......................................................................................... 4

INTERESSE DA ALEMANHA PELO NORD STREAM II ................................................ 6

NORD STREAM II E ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA ............................................... 7

NORD STREAM II E A UNIÃO EUROPEIA ...................................................................... 8

O INTERESSE DO NS2 PARA A RÚSSIA ........................................................................ 10

CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 11

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 12
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POLÍTICA ENERGÉTICA DA UNIÃO EUROPEIA

As questões energéticas representam um dos maiores desafios políticos na União


Europeia (UE). A Europa é um dos maiores compradores de energia do mundo, em
contrapartida, não produz energia suficiente para a sua capacidade industrial. Se por um lado a
UE é um actor internacional, por outro, a sua acção estratégica nem sempre tem consenso entre
os Estados-membros o que dificulta um posicionamento comum. As divergências internas entre
os Estados-membros em relação à política energética têm contribuído para o atraso da
implementação da política energética comum, em especial em relação ao gás natural. Avançar
com uma política energética comum eficaz está dependente das políticas internas de cada
Estado-membro.

A UE é dependente da importação de energia, especialmente do gás natural, sendo que o


seu maior fornecedor é a Rússia. A dependência existente
tem levado a que várias alternativas tenham sido debatidas
para que se procure cada vez mais diversificar as suas
fontes, fornecedores, origem ou transporte. Os Estados-
membros mais ocidentais têm condições que os do Leste
europeu não têm, exemplo disso é a Alemanha e a França
que têm gasodutos que lhes permite depender menos de gás
natural russo se assim o desejarem. Já os países do Leste
europeu estão mais dependentes do gás natural russo, sendo
eles, muitas vezes, países de trânsito. Os países do Sul,
como a Itália, Portugal, Espanha, são importantes para
entrar gás natural do Norte de África.

A grande dependência face ao gás natural pode ser definida em 2 pontos. Um é que o gás
natural é um dos principais combustíveis energéticos para o aquecimento e para gerar
eletricidade. Dois, é que numa altura de transição energética europeia, o gás natural pode ter
um papel de destaque para a redução dos combustíveis fósseis mais poluentes como o petróleo
ou o carvão. Por estas razões, a segurança e o aprovisionamento energético fazem parte da
agenda política europeia. Mas é errado pensar que as questões de segurança energéticas são
recentes. Na verdade, desde que se criou em 1952 a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço
(CECA), a segurança energética sempre foi um tema em cima da mesa nas altas instituições
europeias.
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OBJECTIVOS DO NORD STREAM II


A Rússia tem vindo a desenvolver um conjunto de ações de
forma a alavancar a energia e aumentar a sua posição no mundo
como maior produtor de energias fósseis. Desde 1999, que a
Rússia tem vindo a controlar os sectores energéticos do país de
maneira a conseguir ter acesso a lucros vindos dos sectores
energéticos que no passado iriam para os grupos privados na
Rússia.A iniciativa do Nord Stream 2 nasceu com o objetivo de
criar uma rota paralela ao projeto Nord Stream 1, que funciona
desde 2011 no fundo do Mar Báltico

NORD STREAM II - PROJECTO

O Nord Stream II é uma rota paralela ao Nord Stream I, se o primeiro já tinha causado
algum mal-estar na UE, o segundo trouxe discórdias não só na Europa, mas também junto do
seu aliado americano. De facto, o Nord Stream II tem estado sob duras críticas, recentemente
definido como não essencial para a segurança energética europeia e retirado assim o apoio, o
Nord Stream II tem estado no centro da discussão sobre política energética, segurança
energética, conflitos regionais e política internacional.

Projectado para duplicar a capacidade do gasoduto


submerso Nord Stream I, que actualmente é de 55 bilhões de
metros cúbicos (bmc). O Nord Stream II significará que mais
de metade das exportações energéticas russas vão para a UE.
A conclusão do Nord Stream II está prevista para setembro de
2021, estando já 90% concluído. O gasoduto atravessa várias
zonas econômicas exclusivas (ZEE) de 5 países, Rússia,
Alemanha, Dinamarca, Finlandia e Suécia. O Nord Stream II
é um projecto que tem de um lado a Gazprom e do outro
empresas europeias como a ENGIE da França, OMV da
Áustria, Royal Dutch Shell Anglo-Holandesa, Uniper e a
Wintershall ambas da Alemanha. Estas empresas detêm no seu
conjunto 50% do investimento do projecto e a Gazprom o
restante, num total de 10.5 mil milhões de euros
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O Nord Stream II, se concluído, irá fornecer gás natural à


Alemanha mais barato, numa altura em que o país se encontra na
transição energética de carvão e nuclear para fontes de energia
renováveis, ter acesso a gás natural directamente do maior
fornecedor, dará uma larga vantagem à Alemanha para atingir os
seus compromissos na UE. Com interesses estratégicos de
potência regional e capacidade de influenciar e condicionar as
decisões na UE, beneficiando das ligações directas que já tem, a
Alemanha tem todo o interesse em estar numa posição
privilegiada no que concerne a questões energéticas.

Os outros Estados-membros que fazem parte do projecto, têm vantagens comerciais no


projecto, aumentam o fluxo de gás natural para a EU, beneficiam do lucro e conseguem ter
acordos sob o preço do gás natural mais vantajosos. No caso da Alemanha, também consegue
ser um dos centros energéticos no centro na Europa, o que torna as suas motivações para a
conclusão do Nord Stream II bastante válidas.

De um modo geral, a conclusão do Nord Stream II terá um


impacto significativo no fluxo de gás natural europeu. A
Alemanha será o país de trânsito mais beneficiado tanto na
entrada de gás natural como na distribuição do mesmo. De facto,
a Alemanha, tem todo o interesse em se tornar um país de
trânsito, é o maior consumidor de gás natural, é o maior
importador de gás e como país de trânsito de gás, será ainda mais
influente perante os países vizinhos. As questões comerciais que
envolvem diversas empresas europeias num projecto
megalómano e as questões de alterações climáticas têm tido um
papel relevante na condução de todo o projecto.

A Rússia com um único projecto, consegue alcançar todos os seus objectivos. Com a
conclusão do Nord Stream II, a Rússia acentua o seu domínio energético na
Europa, por outro lado, a questão da Ucrânia fica resolvida. Envolvido em
diversas polémicas, principalmente geopolíticas, o Nord Stream II tem dividido
a UE, alguns Estados-membros olham para este projecto como uma forma de
afectar a economia ucraniana e aumentar o domínio de gás natural russo na UE.
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INTERESSE DA ALEMANHA PELO NORD STREAM II

Para a Alemanha, a conclusão do Nord Stream II significa parar com a produção a carvão,
significa conseguir cumprir com a redução de emissões de dióxido de carbono. Outro
argumento utilizado pelos políticos alemães que apoiam o projecto, está relacionado com a
energia que provem das centrais nucleares, com o objectivo de encerrar grande parte das
centrais até 2022 o Nord Stream II, poderá fornecer a energia equiparada às actuais produzidas
pelas centrais nucleares. O governo alemão, desde início que afirmar que se trata de um projecto
comercial.

O Nord Stream II representa o consolidar da aliança energética entre a Rússia e a


Alemanha, aliada à capacidade de transformar a Alemanha na maior plataforma de trânsito de
gás natural na Europa, o gás russo faz parte dos planos energéticos da Alemanha a médio e
longo prazo. Assim, quando a construção do Nord Stream II foi anunciada no Fórum
Económico Internacional, que se realizou em São Petersburgo em 2015, aumentou e consolidou
a parceria entre a Rússia e a Alemanha. A Alemanha sempre considerou que o Nord Stream II
não era uma questão política, mas sim comercial.

No entanto, em 2018, após reunir com o ex-presidente


ucraniano Poroshenko, a Chanceler alemã Angela Merkel alterou o
seu discurso sobre se o Nord Stream II seria ou não um projecto
político. A Alemanha acabou por afirmar que a Ucrânia não poderia
ser privada ou prejudicada na sua política energética devido a um
“projecto puramente económico

Estas afirmações, comprometeram a Alemanha a defender os interesses da Ucrânia.


Surgiram também, na mesma altura em que o ex-presidente ucraniano afirmou que o Nord
Stream II iria permitir um bloqueio económico e energético contra a Ucrânia e que a Rússia é
um parceiro não confiável. Poroshenko também afirmou que utilizar a rede de dutos na Ucrânia
era uma forma mais económica de transitar gás para a UE, apesar de necessitar de modernizar
as infraestruturas.
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NORD STREAM II E ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA


O GNL tem tido um papel importante para a diversificação de abastecimento energético
na Europa. Tido como preferencial na relação entre a UE e os Estado Unidos, o aumento do
GNL americano significa menos importação de gás natural da Rússia. Enfraquecendo a posição
da Rússia, o GNL vai de encontra ao que a UE tanto procura em termos de segurança energética
e diversificação de fornecedores. A pressão internacional que tem sido feita para o bloqueio da
conclusão do Nord Stream II tem levado a diversas reacções por parte da Alemanha,
recentemente o Ministro da Economia alemão disse que os EUA querem ter mais mercado
energético europeu para exportar o GNL, como respostas à ameaça das sanções dos EUA aos
envolvidos no projecto.

Contudo, a posição americana tem sido desde o início do projecto


a mesma, defendem que a conclusão do Nord Stream II não contribuí
para a segurança energética europeia e que não é uma diversificação de
energia nem de fornecedores. Ainda na administração Trump, este
referiu-se ao gás americano na Europa como o “gás da Liberdade”, já
que o objectivo é enfraquecer a posição russa no mercado energético
europeu e de facto, em 2019, a Europa importou mais gás americano
que alguma vez o tinha feito. Os dados de 2019 são os principais
indicadores que o GNL americano está a ganhar cada vez mais
vantagem na Europa. Analisar as importações de gás em 2020 podem
não corresponder à verdadeira necessidade devido à pandemia.

A questão do GNL pouco está relacionada com o Nord Stream II, já que a posição dos
EUA se tem mantido mesmo antes de exportar GNL para a Europa. Apesar do mercado europeu
ser forte para a exportação de GNL por parte dos americanos, não existe uma dependência da
UE pelo GNL como tem com o gás natural vindo da Rússia. O mercado alvo americano
concentra-se na Ásia e na América do Sul. Desta forma, a posição dos EUA tem mais a ver com
questões de segurança que propriamente o comércio de energia, apesar de este também ser
importante a nível interno.

É possível encontrar um posicionamento implacável em relação ao Nord Stream II por


parte dos EUA. Exemplo disso são os diversos avisos que as empresas envolvidas no projecto
têm tido e que correm o risco de ser sancionadas. As sanções ao projecto surgiram numa reunião
da NATO, em que o principal alvo era a Alemanha, ao mesmo tempo, mostrou a posição da
NATO em relação à Rússia.
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O secretário de Estado dos EUA, Blinken, num encontro com o Secretário-Geral da


NATO Jens Stoltenberg disse que o gasoduto “...é uma má ideia para a Europa, para os Estados
Unidos e contra os objectivos de segurança energética da UE...” e que pode ir contra os
interesses de aliados.

Os EUA olham para o Nord Stream II como uma forma da Rússia enfraquecer os países
da UE e ao mesmo tempo, privar a Ucrânia das taxas de trânsito. O isolamento da Ucrânia
perante a UE é outra das preocupações que os EUA têm tido, já que desde a anexação da
Crimeia e da invasão a Leste da Ucrânia a Rússia tem feito os seus projectos energéticos
contornando a Ucrânia e evitando que esta seja o país de trânsito que sempre foi às portas da
UE. Como referido anteriormente, as taxas de trânsito representam uma fatia orçamental para
o governo ucraniano, ao deixar de receber taxas, significa que o governo ucraniano pode
facilmente ser destabilizado. A Ucrânia deixa de ter relevância como país de negociação e
torna-se um alvo das investidas russas.

NORD STREAM II E A UNIÃO EUROPEIA


Como analisado até agora, o Nord Stream II trouxe divisões na UE, criou divergências
com os EUA e por consequência aumentou as tensões com a Rússia. Neste momento o gasoduto
encontra-se na recta final, o que tem levado ao aumento da pressão dos opositores à sua
conclusão, mas também dos seus apoiantes para que seja concluído.

O custo político e de segurança têm tido peso suficiente para que se apele à anulação do
gasoduto. Por sua vez, o custo económico e a importância comercial que este pode ter para os
seus investidores directos tem acelerado a necessidade da sua conclusão.

Apesar de a UE importar maioritariamente gás da


Rússia, representa 40% das importações de gás natural para
a UE, as restantes importações estão divididas entre outros
países fornecedores. Mas não quer dizer que a UE seja
totalmente dependente da Rússia, de facto, a dependência é
bastante relativa, já que a Gazprom depende mais da UE e
do volume de receitas que provêem da UE do que
propriamente a UE da Rússia, existe uma relação de
dependência mútua como já identificado.

Se no passado fazia sentido a dependência energética, hoje existem várias alternativas à


energia convencional. Actualmente a questão da segurança energética europeia passou a ser
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tópico obrigatório na agenda da UE. No fundo, a estratégia europeia não passa por se tornar
dependente do maior exportador de gás natural, como já revisto no capítulo I, mas sim
diversificar as suas fontes de abastecimento.

Do lado russo, a estratégia, como indicado no capítulo II, é aumentar a sua esfera de
influência na Europa, e para isso é necessário tornar dependentes os países chave da UE,
condicionando e influenciando as tomadas de decisão no bloco europeu, ao mesmo tempo, o
lucro gerado através da exportação de energia, são importantes para a economia russa. No caso
da UE em particular o Nord Stream II tem sido cada vez mais rejeitado.

Apesar de existir um grande movimento europeu contra o Nord Stream II, a questão é até
que ponto este afecta realmente a segurança energética, já que não vai afectar as rotas existentes
ou eliminá-las. Assim, o Nord Stream II é uma vantagem para a Alemanha, que passa a ter
fornecimento de gás natural melhorado e os países de trânsito terão mais competição pelo gás
russo. Já analisando na vertente do mercado único, é um mercado totalmente integrado pelo que
não terá problemas, já que o gás natural neste momento pode entrar num ponto da UE e ser
transportado até outro ponto. Isto deve-se ao constante desenvolvimento de infraestruturas para
transporte de gás natural.

A resposta de vários Estados à investida russa de criar mais uma ligação directa para a
Alemanha contornando os países de trânsito, foi eles próprios investirem de forma a colmatar
a perca de receitas provenientes das taxas. A Polónia, investiu em instalações de importação de
GNL no Báltico, avançou com um gasoduto juntamente com a Noruega. Desta forma, a Polónia
conseguiu-se distanciar da influência russa e da sua política energética234. Mateusz
Morawieck, Primeiro-Ministro da Polónia mantém uma clara posição contra o gasoduto
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O INTERESSE DO NS2 PARA A RÚSSIA

A construção do NS2 poderá trazer grandes benefícios à Rússia, uma vez que permite
aumentar as suas vendas de gás natural e garantir contratos a médio e longo prazo, justificando
os investimentos feitos no upstream do gás, nomeadamente no Ártico. Desde 2011, que a Rússia
possui uma estratégia oficial para o Ártico, a qual foi revista e estendida em 2020 para durar
até 2035. Esta foi projetada para a exploração de recursos naturais, bem como a ampliação da
logística – já ambas complementares e não excludentes aos aspetos de segurança, considerada
fundamental para potenciar a Rússia no cenário internacional.

A consolidação deste projeto, com o alargamento da rede interna de conexão de gás, irá
permitir beneficiar os países do Centro e Norte da Europa, possibilitando à Alemanha
reequilibrar o seu mix energético a prazo, após a prevista redução no carvão e no nuclear. Por
outro lado, ficam muito prejudicados, nesta fase, os países de trânsito como a Ucrânia, que
deixam de receber na mesma proporção, os respetivos dividendos financeiros (transit fees). Mas
ilude-se quem pensava, que este era um mero projeto comercial energético. Desde sempre que
a Alemanha e a Rússia, o sabiam, embora nunca o tivessem afirmado.

Na sequência da invasão russa à Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, a suspensão do NS2


afigurou-se como uma das sanções mais impactantes do ocidente à Rússia, apesar das
repercussões que teve para si a nível energético (Gomes, 2022).

O que se verifica é que existe uma clara estratégia russa e da Gazprom. Garantir a
colocação do seu gás na Europa, conquistando mercado e domínio económico sobre esta, numa
componente decisiva e muito vulnerável como é a energia, contornando o problema da
passagem do gás natural pela Ucrânia. O jogo geopolítico estende-se aos EUA, que procuram
também eles, ocupar o espaço do gás natural, com a sua política de expansão do GNL e do gás
de xisto e garantir a utilização dos muitos terminais de GNL existentes na Europa para o efeito.
A Europa muito dividida, percebe também, que podem existir hoje mais alternativas
energéticas, que em épocas passadas. A segurança energética, se já era uma preocupação da
Europa, passou a ser uma «obrigação estratégica», em face das novas realidades. Na verdade, a
segurança energética terá de ser sempre um objetivo estratégico da UE.
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CONCLUSÃO

A transição energética faz parte da agenda actual de qualquer Estado-membro como


forma de cumprir os compromissos climáticos a que o bloco europeu se comprometeu a atingir.
Sendo que o Nord Stream II, para o posicionamento europeu, não traz diversificação nem
corresponde à estratégia que se tem desenhado ao longo dos tempos pela UE. Contudo, da
perspectiva interna dos Estados-membros que fazem parte do projecto do gasoduto, o Nord
Stream II corresponde aos objectivos geoestratégicos que estes têm individualmente.

Para a Rússia, o Nord Stream II é geoestratégico pela aproximação que tem em negociar
com a Alemanha ao aumentar o domínio da Gazprom na UE e conseguirá influenciar as
políticas europeias, mesmo que indirectamente, não ceder a pressões por parte dos países de
trânsito o que dá liberdade ao governo russo para pressionar politicamente esses países, mas em
especial, a Ucrânia.

Questões como a segurança energética europeia e a União Energética Comum fazem parte
dos desafios que no futuro terão de ser discutidos com maior rigor. A necessidade crescente que
tem surgido para diversificar os abastecimentos de gás natural como forma de colmatar as
fragilidades e dependência de países terceiros, limitando assim, as vulnerabilidades e exposição
da UE a chantagens e a guerras híbridas estão no centro do debate europeu. Apesar da existência
de vários gasodutos em que os Estados-membros europeus fazem parte, o certo é que são
projectos levados a cabo individualmente por cada Estado e não pelo conjunto de todos os
Estados.

A grande problemática que se coloca nas decisões individuais de cada Estado-membro


são as vantagens que estes conseguem em termos de proximidade e investimento com países
terceiros que acabam por condicionar a posição do bloco europeu, por outro lado, a exposição
a que os Estados-membros ficam sujeitos, pode torná-los susceptíveis a possíveis pressões que
mais tarde podem influenciar as decisões nas altas instituições europeias, condicionando a
construção e aprofundamento da UE.
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BIBLIOGRAFIA

(online), P. (19 de Frevereiro de 2023). Ukraine continues to fight against Nord Stream 2 –.
Obtido de UKRINFORM: https://www.ukrinform.net/rubric-economy/2680014

CNN. (20 de Fevereiro de 2023). Nord Stream 2. Obtido de


https://cnnportugal.iol.pt/gazprom/vladimir-putin/russia-ucrania-o-que-e-o-nord-
stream-2-e-porque-e-que-importa-portugal-pode-ser-
afetado/20290729/62150d540cf21a10a420f664

UNIÃO, G. E. (s.d.). Ensinos lusofónas. Obtido de UE Ensino:


https://recil.ensinolusofona.pt/bitstream/10437/13404/1/VF_CRUZ_FRANCISCO_M
DRI_2022_1DE1.pdf

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