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EXPLORA - Definição de novos vetores de conhecimento geológico, geofísico e geoquímico para a região setentrional de Neves-Corvo View project
FRAME- WP3: Critical and Strategic Raw Materials Map of Europe View project
All content following this page was uploaded by Jorge Manuel Ferreira Carvalho on 04 February 2021.
RESUMO
O lítio é o elemento (metálico) mais leve que se conhece fazendo parte de cerca de 145 espécies minerais, sendo
as mais comuns a espodumena, a lepidolite, a petalite, a ambligonite-montebrasite e a trifilite-litiofilite. Estão
geralmente associados a estruturas filonianas aplitopegmatíticas ou hidrotermais, que se formam nos estágios finais
de consolidação de magmas graníticos.
As sucessivas novas medidas de redução de utilização de combustíveis fósseis anunciadas pelos fabricantes de automóveis
e descarbonização da economia anunciada pela Comissão Europeia, aumentou a procura deste elemento para as
novas baterias.
Em Portugal, são conhecidas 9 regiões litiníferas (tipo LCT – lítio, césio, tântalo) que se distribuem desde Caminha,
no Alto Minho, até Idanha-a-Nova, na Beira Baixa: Serra de Arga, Barroso – Alvão, Seixoso – Vieiros, Almendra,
Barca de Alva – Escalhão, Massueime, Guarda (incluindo Seixo Amarelo – Gonçalo, Gouveia, Sabugal, Bendada e
Mangualde), Argemela e Segura.
As estruturas mineralizadas estão encaixadas em rochas graníticas, como é o caso dos campos filonianos na região da
Guarda, ou em rochas metassedimentares de idade Neoproterozoico a Silúrico para os restantes casos. De um modo
geral correspondem a: A) Estruturas aplitopegmatíticas tabulares, dispostas de modo sub-horizontal (soleiras) ou
subvertical (diques); B) Em algumas situações particulares, correspondem a filões quartzosos de natureza hidrotermal,
(Argemela), ou de transição entre pegmatítica e hidrotermal (Massueime).
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Boletim de Minas, 52 - Edição Especial - Lítio - 2017-2018
FIGURA 1
Metas das diferentes marcas de automóveis para conversão, para veículos movidos a baterias
Fonte: https://www.teslarati.com/automakers-come-acceptance-ev-revolution-begun/
Os analistas preveem que a procura mundial para relativamente fácil se o financiamento e a movimentação
baterias de iões de lítio cresça entre 6 e 7 vezes até dos fabricantes de baterias existir, mas se e quando, esse
2026, o que exigirá uma produção de baterias de quase problema for resolvido, um problema ainda maior terá
o dobro da que temos hoje. Construir as fábricas é de ser enfrentado: fornecer as matérias-primas para
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alimentá-las e construir as cadeias de fornecimento para “Estratégia para o Lítio em Portugal” em janeiro de 2018
a revolução no armazenamento de energia no século XXI. (Diário da República n.º 22/2018, Série I de 2018-01-31),
Para a Europa, a produção de baterias é um imperativo suportada nos resultados obtidos por um grupo de traba-
estratégico na transição para a energia limpa e para a lho especificamente designado para o efeito (Despacho
competitividade do seu setor automotivo. Além disso, n.º 15040/2016 do Secretário de Estado da Energia,
o objetivo da “Nova Estratégia da Política Industrial” Diário da República, 2.ª série, n.º 237, de 13 de
da Comissão Europeia, é colocar a UE na liderança
dezembro). É também com base nesses resultados que
mundial em inovação, digitalização e descarbonização.
se apresenta este trabalho.
Por esse motivo, em outubro de 2017, a Comissão
lançou a European Battery Alliance (EBA). O objetivo
imediato desta aliança é criar uma cadeia de valor 2. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO REGIONAL
de produção competitiva na Europa, com células de
bateria sustentáveis no seu núcleo e, para evitar uma
Em Portugal, são conhecidas 9 regiões (Fig. 2) com
dependência tecnológica dos concorrentes não europeus
e capitalizar no emprego, crescimento e potencial de ocorrências de mineralizações de lítio. Distribuem-se
investimento das baterias, a Europa tem que avançar desde Caminha, no Alto Minho, até Idanha-a-Nova, na
rapidamente na corrida global. Beira Baixa: Serra de Arga, Barroso – Alvão, Seixoso –
Na sequência da constituição da EBA e dado o interesse – Vieiros, Almendra, Barca de Alva – Escalhão, Massueime,
que as empresas de prospeção têm demonstrado neste Guarda (incluindo Seixo Amarelo – Gonçalo, Gouveia,
metal em Portugal, o Governo Português aprovou a Sabugal, Bendada e Mangualde), Argemela e Segura.
FIGURA 2
Áreas potencias para mineralizações de lítio em Portugal
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Em temos metalogenéticos, a região norte e centro minerais de lítio, quando não pertencentes à paragénese
de Portugal enquadra-se na Província tungsteno- principal; D) frequentemente, os aplitopegmatitos
-estanífera do NW da Península Ibérica, mundialmente apresentam-se zonados, sendo possível distinguir
conhecida, caracterizada pela ocorrência de estruturas bandas em que a fácies aplítica ou a pegmatítica é
aplitopegmatíticas e hidrotermais que localmente, se predominante, verificando-se também zonamentos ao
apresentam enriquecidas em minerais daqueles metais, nível da concentração dos minerais de lítio.
bem como em minerais de lítio. Estas ocorrências estão
geneticamente associadas a intrusões graníticas sin a
3. OCORRÊNCIAS DE LÍTIO EM PORTUGAL
tardi-tectónicas, relativamente à 3ª fase de deformação
varisca e têm idades compreendidas entre os 320 e os
290 milhões de anos. 3.1 Campo aplito-pegmatítico da Serra de Arga
As estruturas mineralizadas estão encaixadas em rochas
graníticas, como é o caso dos campos filonianos na Enquadramento: Este campo (Fig. 2; nº 1) faz parte
região da Guarda, ou em rochas metassedimentares da Cintura Pegmatítica Centro - Ibérica da Província
de idade Neoproterozoico a Silúrico para os restantes Pegmatítica Varisca e tem afiliação na Província
casos, embora em alguns destes se verifiquem ambas as metalogénica tungsténio-estanífera do NW da Península
situações (Serra de Arga, Argemela e Massueime). Ibérica (Leal Gomes, 1994; Dias, 2012); genética e
De um modo geral correspondem a: A) Estruturas espacialmente está relacionado com a instalação de
aplitopegmatíticas tabulares, dispostas de modo granitos de duas micas; estruturalmente, é enquadrado
sub-horizontal (soleiras) ou subvertical (diques); a W pelo carreamento de Orbacém e pela zona de
B) Em algumas situações particulares, as estruturas cizalhamento Vigo – Régua, definindo uma faixa
mineralizadas correspondem a filões quartzosos de aproximadamente NW-SE, na zona paleogeográfica
natureza hidrotermal, caso de Argemela, ou de transição Galiza Média-Trás-os-Montes. Relaciona-se precocemente
entre pegmatítica e hidrotermal, caso de Massueime. com os granitos de Santo Ovídio e Serra de Antelas, e
A orientação destas estruturas é variável de região para tardiamente com o granito da Serra de Arga, todos de
região e mesmo dentro do mesmo campo filoniano, duas micas. As fácies aplito-pegmatíticas litiníferas são
onde é comum uma distribuição local sobre a forma de sin-tectónicas relativamente à 3ª fase de deformação
enxames de filões; o contacto com as rochas encaixantes Varisca (D3) e relacionam-se genética e espacialmente
é geralmente brusco, com uma orla de metassomatismo com o plutonito de Serra de Arga (Leal Gomes & Gaspar,
de contacto muito reduzida, centimétrica a decimétrica. 1993). Este apresenta configuração elíptica segundo
A espessura é muito variável, desde alguns centímetros a orientação NW-SE (eixo maior) e forma diapírica,
mais de uma dezena de metros, mas, em geral, rondando comportando uma fácies granítica de duas micas de
1 metro. A extensão dos afloramentos destas estruturas grão médio a grosseiro, com quimismo sílico-sódico, sin-
é também muito variável, desde algumas dezenas de -tectónica relativamente D3 (Leal Gomes & Gaspar, 1993).
metros até mais de 1 km. Intrui unidades metassedimentares (principalmente,
Em termos metalogenéticos, as estruturas mineralizadas xistos andaluzíticos) do Silúrico incluídas nos terrenos
correspondem maioritariamente a pegmatitos com parautóctones (Unidade Minho Central). No bordo Este
elementos da família LCT (Li - lítio, Cs - césio, Ta - da Serra de Arga constituíram-se cone-sheets durante a
tântalo), subtipos espodumena, petalite e lepidolite: A) as ascensão do plutonito, que terão sido posteriormente
paragéneses são variáveis de região para região e mesmo reativados como estruturas de cisalhamento polifásicas
ao nível de cada um dos campos filonianos considerados; que confluem a Sul e em profundidade, na zona de
B) genericamente, os minerais principais correspondem cisalhamento mestra de Argas-Cerquido, organizando-se
a quartzo, ortóclase, albite, moscovite, biotite e minerais numa estrutura em flor positiva (duplex contracional)
de lítio (espodumena, petalite, ambligonite e lepidolite); (Leal Gomes, 1994).
C) também de modo muito genérico, como minerais A instalação dos filões estaria associada ao desenvolvi-
acessórios, conta-se a turmalina, berilo, granada, mento progressivo da fase D3. Considera-se que existe
columbite-tantalite, cassiterite, entre outros, incluindo uma compartimentação estrutural e paragenética e
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uma zonalidade cartográfica, aproximadamente con- abundante e responsável pelo enchimento principal
cêntrica, em relação ao plutonito de Arga. Verifica-se dos filões sub-horizontais, com estrutura pegmatoide
enriquecimento centrífugo do Li, com ápex intragraní- dominante que inclui petalite e/ou espodumena, que
tico nas porções SE e SW do plutonito e a sua irradiação passam gradualmente a estruturas aplitóides albíticas
pela geração de soleiras, segundo um eixo ENE-WSW. com ambligonite-montebrasite disseminada (Gomes &
Os filões mais precoces (geração dos filões cruzados) Nunes, 1990). Os corpos radiais nos setores proximais,
relacionam-se geneticamente com o granito de Santo precoces, possuem mais feldspato potássico e moscovite
Ovídeo (Leal Gomes, 1994). primária que as litologias nas soleiras, mais tardias, que
Tipo metalogenético: Família LCT em campo exo- são dominantemente albíticas.
-granítico. Os aplito-pegmatitos que por vezes ocorrem A paragénese secundária é constituída por micas
apresentando paragéneses das duas feições geoquímicas litiníferas (lepidolite) e mais raramente eucriptite+albite,
(LCT, NYF) como é o caso das bolsadas intragraníticas em f ilões tardios originados na dependência da
de morfologia irregular com grandes dimensões, não greisenização regional. Assim, a lepidolite constitui
têm ocorrências de minerais de lítio em combinações frequentemente, o mineral litinífero predominante nos
economicamente relevantes. filões tardios.
Morfologia dos corpos mineralizados: Ao nível do
maciço e campo aplito-pegmatítico, foram descritos
3.2 Campo aplito-pegmatítico Barroso – Alvão
diferentes setores de ocorrência (Gomes & Nunes, 1990;
Leal Gomes, 1994):
A) Setor proximal, com predominância de corpos radiais Enquadramento: O campo pegmatítico de Barroso -
e tipo soleira enraizados no granito; B) Setor dos antifor- - Alvão localiza-se no distrito de Vila Real, a norte desta
mas adjacentes, com poucos filões; C) Setor distal, onde cidade, ocupando parte dos concelhos de Montalegre,
se verificam caixas em filões entrecruzados e porções Boticas, Ribeira de Pena, Vila Pouca de Aguiar e
terminais do enxame de soleiras. As mineralizações de Cabeceiras de Basto (Fig. 2; nº 2). Geologicamente
lítio ocorrem preferencialmente nos enxames de soleiras integra-se na Zona Galiza Trás-os-Montes e abrange o
aplito-pegmatíticas enraizados no granito do plutonito carreamento que estabelece o extremo norte da Zona
de Arga, nos setores proximal e distal. Centro-Ibérica a oeste da Falha Régua – Verin.
Os filões aplito-pegmatíticos têm possança em geral de Este campo é caraterizado pela ocorrência de centenas de
0,2m a um máximo de 2m. corpos filonianos, alguns deles ricos em minerais de lítio.
Intruem, sobretudo, rochas metassedimentares afetadas
Estão descritos vários tipos de filões aplito-pegmatíticos
por metamorfismo regional de grau intermédio (zona
que compreendem filões radiais perigraníticos, filões
pegmatoides peraluminosos sódicos intragraníticos, da andaluzite – biotite) e que evidenciam três foliações
sills (soleiras) pegmatoides peraluminosos potássicos superimpostas denunciadoras das 3 principais fases de
litiníferos exograníticos com petalite, espodumena e deformação dúctil Varisca (Farinha et al, 2000; Lima,
ambligonite, sills (soleiras) pegmatoides sodolíticos 2000; Martins, 2011).
exograníticos com espodumena, ambligonite e elbaíte, Os metassedimentos são constituídos essencialmente
filões pegmatíticos hiperaluminosos lítico-potássicos por quartzofilitos e micaxistos do Ordovícico superior
exograníticos distais com ledpidolite, elbaíte e ao Devónico inferior que se apresentam muito dobrados
ambligonite. e silicificados. A instalação dos filões no seio destas
Paragéneses: Nas ocorrências litiníferas tipo, descritas unidades foi maioritariamente controlada pela foliação
na bibliografia (Formigoso, Pedras Frias, Picoto do S2 (Lima, 2000; Martins, 2011).
Carvalho, Verdes-Folgadoiro, Balouca), a paragénese As rochas graníticas que enquadram a norte e a su-
principal inclui, variando a importância relativa doeste os metassedimentos região de Barroso - Alvão
dos minerais com a localização, albite, feldspato são granitos de duas micas, grão médio a grosseiro e
potássico, quartzo, mica, espodumena, ambligonite, tendência porfiroide, sin-tectónicos (sin-D3). Apresen-
cassiterite, columbite-tantalite e petalite (significativa tam composição peraluminosa e o seu teor em Li e Sn
em Formigoso). A paragénese litinífera primária mais permite admitir que os corpos pegmatíticos ricos em
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lítio estão com eles relacionados. Silva (2014) sugere que ocorrem nas regiões noroeste do campo filoniano. Têm
a instalação dos pegmatitos estará controlada por zonas um zonamento interno simples, com turmalinização
de cizalhamento NNW-SSE. Os granitos situados a no- das rochas encaixantes. Para além destes, Martins
roeste e a sudeste são granitos biotíticos tardi-tectónicos (2009, 2011) distingue ainda pegmatitos intragranito e
(pós-D3) (Lima, 2000). pegmatitos estéreis.
Tipo metalogenético: Pegmatitos com elementos raros.
Estes são da família LCT, subtipos espodumena, petalite Paragénese principal: Relativamente à paragénese prin-
e lepidolite (Charoy et al., 1992; Charoy et al., 2001; Lima, cipal dos corpos mineralizados, distingue-se: a) feldspato
2000; Martins, 2011). potássico, quartzo, espodumena em quantidade variável
Morfologia dos corpos mineralizados: De acordo com e moscovite, para os pegmatitos espoduménicos, b) pe-
Martins (2009, 2011) que também se suportou nas talite, albite, quartzo, feldspato potássico e moscovite,
observações de Charoy et al. (2001) e de Lima et al. para os aplitopegmatitos petalíticos e c) albite, lepidolite
(2003), distinguem-se três tipos de filões mineralizados: e quartzo, para os corpos lepidolíticos.
A) Aplitopegmatitos espoduménicos – geralmente de
Paragénese acessória: é mais complexa e inclui:
forma tabular, dispondo-se de modo sub-horizontal a
a) fluorapatite, montebrasite, trifilite, petalite, columbo-
bastante inclinados, com orientação acompanhando a
-tantalite, uraninite, turmalina, eucriptite, entre outros,
foliação S2, ou seja, WNW-ESE. Espessura variável, desde
para os pegamatitos espoduménicos, b) montebrasite,
alguns centímetros a mais de 10 m; os mais espessos
espodumena, fluorapatite, cassiterite, berilo e columbo-
desenvolvem estrutura pinch & swell, em acomodamento
-tantalite, entre outros, para os petalíticos e c) moscovite,
às variações reológicas das rochas que atravessam; os
cassiterite, apatite e berilo, entre outros, para os
contactos com os metassedimentos encaixantes são
pegmatitos lepidolíticos (Lima, 2000, Lima et al. 2003,
bruscos e sem evidências de metassomatização, à exceção
Martins, 2009, 2011).
de ligeira turmalinização dos metassedimentos junto ao
contacto. Estes aplitopegmatitos espoduménicos ocorrem
na unidade metassedimentar SDp, geralmente em 3.3 Região de Seixoso – Vieiros
concordância com as estruturas de D2. Têm distribuição
irregular formando enxames locais, que incluem
Enquadramento: O campo filoniano aplito-pegmatítico
corpos mineralizados de vários tamanhos, com alguma
de Seixoso-Vieiros distribui-se pelo concelho de Ama-
tendência para ocorrerem nas regiões mais a norte
e nordeste do campo filoniano. B) Aplitopegmatitos rante, Felgueiras (Porto) e Celorico de Basto (Braga).
petalíticos – dispostos de modo subvertical (?) com A região de Seixoso-Vieiros enquadra-se na Zona da
orientações compreendidas entre os azimutes N130° e Galiza Trás-os-Montes (Lima et al., 2009, 2013) onde
N150°; apresentam forma irregular, lenticular, alongada dominam as rochas granitóides Variscas e os Complexos
ou pinch & swell; a espessura varia desde 1 m a 30 m e o Alóctones, aflorando ainda rochas metassedimentares
comprimento pode alcançar os 500 m. O contacto com Paleozóicas (e.g. Roda-Robles et al., 2016). Os depósitos
os metassedimentos encaixantes é semelhante ao das de Seixoso-Vieiros enquadram-se na Província metalogé-
estruturas ricas em espodumena. Estes aplitopegmatitos nica tungsténio-estanífera do NW da Península Ibérica
intruem as unidades metassedimentares SDp e ODp (SIORMINP), na Cintura Pegmatítica Centro-Ibérica
geralmente em concordância com as de estruturas (Roda-Robles et al., 2016); estes depósitos foram alvo
D2. Estão espacialmente associados com as inúmeras de exploração subterrânea e a céu aberto de cassiterite
estruturas aplíticas com cassiterite (< 3 kg/t) que, e columbo-tantalite (Sn, Nb-Ta) no século passado, nas
por se apresentarem bastante caulinizadas, durante concessões denominadas por Couto Mineiro de Seixo-
o período da II Grande Guerra foram explorados so e Couto Mineiro de Vieiros (Rodrigues, 2008). Em
artesanalmente. C) Aplitopegmatitos lepidolíticos – Seixoso, na Mina do Outeiro, filões aplito-pegmatíticos
apenas estão identificadas duas ocorrências filonianas têm vindo a ser explorados (quartzo e feldspato), mais
deste tipo. Correspondem às descritas por Charoy et al. recentemente, para indústria cerâmica (Rodigues, 2008).
(1992), com as referências CHN26 e CHN27. Intruem a Além destes, entre o maciço granodiorítico de Felgueiras
unidade SDp em concordância com estruturas de D2 e e o maciço granítico de Celorico de Basto, existem outros
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coutos mineiros associados aos enxames de filões aplito- subtipo petalite (Lima et al., 2009). Em Seixoso, os filões
-pegmatíticos mineralizados em Sn-Nb-Ta-Li-Be, nome- estão associados a cúpula granítica (Lima et al., 2009,
adamente Vilares - Gontães e Fontão (Rodrigues, 2008). 2013);
O campo aplito-pegmatítico de Seixoso-Vieiros ocorre Paragénese principal: A) Filões aplito-pegmatíticos
entre o granodiorito de Felgueiras (ante/sin-D3), a sudo- (Seixoso): Quartzo – Albite – Feldspato (K); B) Filões
este, e maciço granítico (sin a tardi-D3) de Celorico de aplito-pegmatíticos (Vieiros): Albite – Moscovite –
Basto, a norte (Lima et al., 2009, 2013). Na zona central, – Quartzo - Feldspato K (e.g. Neiva et al., 2011);
afloram as rochas de duas formações metassedimentares
Paragénese acessória: A) Filões aplito-pegmatíticos
de idade silúrica (Lima et al., 2009, 2013). A intrusão do
(Seixoso): (Ambligonite- Montebrasite) - Petalite - Cookite -
maciço de Celorico de Basto nas rochas metassedimen-
- Berilo – Crisoberilo - Turmalina - Sekaninaite -
tares promoveu o desenvolvimento de uma auréola de
- Lepidolite – Zinvaldite- Espodumena – Topázio (Lima et al.,
metamorfismo de contacto (Lima et al., 2009, 2013). Em
2009); B) Granito de Outeiro (Seixoso): (Ambligonite -
Seixoso, duas pequenas cúpulas graníticas, i.e. Seixoso
- Montebrasite) - Berilo - Crisoberilo – Turmalina -
e Outeiro (301 ± 5 Ma/ 316 ± 9 Ma, respetivamente)
- Sekaninaite (Lima et al., 2013); C) Segregações
heterogéneas, afloram na zona central do campo pegma-
pegmatíticas do Granito de Outeiros (Seixoso): Petalite -
títico (Lima et al., 2013). O granito de Outeiro evidencia
- Espodumena (Lima et al., 2009, 2013); D) Filões aplito-
segregações pegmatíticas, com ocorrência de minerais -pegmatíticos (Vieiros; Geossitios): Silimanite - Andaluzite -
enriquecidos em Li (Lima et al., 2013). De acordo com - Columbite-Tantalite - Zinvaldite - Zircão - Rútilo -
Rodrigues (2008), o maciço de Celorico de Basto, bem - Nigerite - Gahnite - Crisoberilo -Espodumena - Petalite -
como as rochas encaixantes são intersetados por vários - Turmalina - Cassiterite - Berilo - Clorite - Apatite -
sistemas de falhas tardi-Variscas, segundo as seguintes (Ambligonite-Montebrasite) - (Eosforite-Childrenite) -
direções: A) N100° a N120°, correspondente a D3 e segun- - Goiazite - Apatite – Augelite - Lazulite - Vivianite;
do a qual terá decorrido a instalação do enxame de filões Arsenopirite - Pirite - Esfalerite - Galena - Bismutinite -
aplito-pegmatíticos de Seixoso e os stocks graníticos de - Calcopirite - Pirrotite - Ouro - Cobre - Bismuto;
Seixoso e Outeiro; B) NE-SW e NW-SE correspondente Escorodite - Covelite - Limonite - Metatorbernite -
a 2 sistemas de falhas conjugadas; C) N-S. - Quartzo - Vivianite - Magnetite - Hematite - Ilmenite -
Em Seixoso, segundo Rodrigues (2008), distinguem-se - Rútilo - Microlite.
dois tipos de filões:
Tipo 1: filões subverticais, geralmente retilíneos (alguns
3.4 Região de Almendra
apresentam apófises), com possanças que atingem os
12 m e extensões até 450 m;
Tipo 2: filões concordantes com o encaixante; o filão Enquadramento: O campo pegmatítico de Almendra
aplito-pegmatito principal possui uma possança superior localiza-se no concelho de Vila Nova de Foz Côa
a 10 m, a inclinação varia entre 0 e 30°. (Guarda), enquadra-se na Zona Centro-Ibérica (ZCI)
e pertence a um grupo de centenas de filões aplito-
Em Seixoso, ocorrem ainda massas aplito-pegmatíticos,
-pegmatíticos que afloram até Fregeneda (Salamanca-
associadas a segregações pegmatíticas no Granito de
-Espanha), estando incluído na Cintura Pegmatítica
Outeiro (Rodrigues, 2008).
Centro-Ibérica (Almeida, 2003; Roda et al., 2007). No
Em Vieiros, os filões são geralmente discordantes setor português considera-se o campo filoniano com
(diques) com as rochas metassedimentares encaixantes, dezenas de filões aplito-pegmatíticos compreendidos
com comprimento de algumas centenas de metros e entre Almendra e Barca de Alva (Figueira de Castelo
espessura variável de 0.4-4 m (Neiva et al., 2011); por Rodrigo; Almeida, 2003); este campo localiza-se a Norte
vezes aparentam disposição em echelon (Geossitios). Um do Complexo granítico de Mêda-Penedono-Lumbrales e
dos filões possui 300 m de comprimento e possança é intrusivo em rochas metassedimentares do Complexo
média de 5 m (Lima et al., 2013). Xisto-Grauváquico (CXG), mais especificamente do
Tip o met a logenét ico: A f lor a m f i lõ es apl ito - Super-Grupo do Douro (Precâmbrico-Câmbrico;
-pegmatíticos correspondentes a pegmatitos com Almeida, 2003). Os estudos de detalhe de Vieira (2010)
elementos raros, da família LCT, do tipo complexo, permitiram a caraterização de centenas de filões do
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Paragénese acessória: No que diz respeito à Mina da Varisco a sul. Ocorrem ainda falhas tardi-Variscas,
Bajoca, no filão aplito-pegmatítico petalítico (fácies predominantemente de direção NNE-SSW, esquerdas
pegmatítica) ocorre ainda a cassiterite, como fase (Silva & Ribeiro, 1994; Gaspar & Inverno, 2000).
acessória (Almeida, 2003). O metamorfismo regional, iniciado durante D1 e
terminado após D3, torna-se na região de maior grau,
3.5 Região de Barca de Alva – Escalhão de norte para sul, desde a zona da clorite, passando pela
zona (mais extensa) da biotite da fácies de xistos verdes
(na área das minas de Riba de Alva e de Feli), até à fácies
Enquadramento: A região de Barca da Alva – Escalhão, da cordierite – feldspato potássico junto ao Complexo
no NE de Portugal junto à fronteira (ver Fig. 2; nº 5), Granítico Varisco (Gaspar & Inverno, 2000).
contém como mineralizações mais significativas, as da
O Complexo Granítico Varisco (300±8 Ma, Rb/Sr rocha
Mina de Riba de Alva e como que a sua extensão na
total) intruíu, durante a fase D3 Varisca no núcleo dum
outra margem do Douro, a Mina de Feli (Espanha).
anticlinal de 1ª ordem, WNW-ESE (passando pela
Localizam-se, a sul das formações ordovícicas, no
povoação de Escalhão), da D1 Varisca, produzindo a D3
Grupo do Douro dos Xistos das Beiras ou Complexo
Varisca no Complexo Granítico, uma foliação subvertical
Xisto-Grauváquico (CXG), de idade Neoproterozóica-
(Gaspar e Inverno, 2000). O Complexo Granítico é
Câmbrica. Na região em foco o CXG é constituído de
constituído por seis fácies diferentes, cinco das quais na
baixo para cima por:
parte sul desta região: granito de Escalhão (GEs), a fácies
− Formação de Rio de Pinhão, com xistos pelíticos escuros, dominante, estendendo-se para sul; granito porfirítico
metagrauvaques delgados, níveis calcossilicatados (GP); granito grosseiro (GG); granito de Escalhão
e alguns calcários, tendo esta formação constituído cisalhado (GC), faixa estreita de fácies granítica granular
manchas e retalhos em miscelânea no Complexo fina, moscovítica, no contacto do Complexo Granítico
Granítico que fica a sul, o que levou a que Viegas (1983) com o CXG, desenvolvida presumivelmente devido à
designasse o conjunto, por complexo xisto-granítico. zona de cisalhamento WSW-ENE aí ocorrente, apesar
− Formação de Pinhão, constituída por alternâncias de de também haver muitos corredores de cisalhamento
xistos pelíticos e psamíticos, com intercalações de níveis paralelos a esta zona numa faixa de 2 km de largura
calcossilicatados (por vezes skarnitizados), mas estando para sul dentro do GEs; pórfiro granítico (PO), estrutura
ausentes os xistos cloríticos com magnetite, que tipificam filoniana E-W a ENE-WSW, com 8-20 m de possança
esta formação noutras áreas do Grupo do Douro do CXG. e extensão de > 4 km, intruindo o CXG sempre nas
- Formação de Desejosa, constituída por xistos listrados proximidades do contacto com o Complexo Granítico.
(alternâncias de níveis metapelíticos e metapsamíticos), Pertence ainda a este Complexo Granítico, o granito de
com intercalações de grauvaques, rochas calcossilicatadas Saucelle, no extremo NE da região, junto à fronteira com
e esporadicamente microconglomerados. É nesta Espanha (Gaspar & Inverno, 1998a).
formação que se encaixam as mineralizações das minas Quanto à petrografia, GP e GG são algo semelhantes,
de Riba de Alva e de Feli, assim como as mineralizações ambos granitos deformados, de duas micas e com
do Pombal (Silva et al., 1990; Silva & Ribeiro, 1994; domínios restíticos do CXG. Quanto a GEs, é um granito
Gaspar, 1997). de grão médio, de duas micas, menos deformado do
As rochas do CXG, entre outras, foram afetadas pela D1 que GP e GG, e transitando gradualmente para GP, GG
Varisca, com dobras WNW-ESE de eixo subhorizontal e GC. O granito SA é mais albítico e essencialmente
e xistosidade de plano axial subvertical. Na região, o moscovítico, e ainda menos deformado. PO é um dique
sinclinal de 1ª ordem deste dobramento ocorre nas que apresenta textura afanítica porfirítica (fenocristais
formações ordovícicas, a norte, e a Mina de Riba de Alva de quartzo e feldspato), mais fina junto às paredes
localiza-se num anticlinal de 2ª ordem do flanco sul desse (Gaspar & Inverno, 1998a).
sinclinal principal. A fase D3 Varisca foi coaxial com D1, Do ponto de vista químico, todas estas seis fácies
produzindo uma clivagem de crenulação subvertical e graníticas são de leucogranitos peraluminosos (com
uma expressiva zona de cisalhamento dúctil WSW-ENE índice de saturação em alumina – ASI = Al/(K+Na+Ca)
afetando o contacto entre o CXG e o Complexo Granítico ≈ 1,30; e corindo normativo > 4%), siliciosos (71-76%
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SiO2) e reduzidos [Fe2O3/(Fe2O3+FeO) < 0,4, com exceção região, as mineralizações scheelíticas da Mina de Riba
de PO c/ 0,5 – oxidado], enriquecidos em P2O5 (≈ 0,35%), de Alva correspondem a skarns estratiformes de W,
Rb, Li, Cs e Sn e deficientes em CaO (< 1%), FeOt, cálcicos, reduzidos e distais (relativamente a granitos em
MgO (< 1%), Sr, Ba, Zr, Y, V, Nb, W e B relativamente profundidade). Existem ainda outras mineralizações - os
a um granito médio “normal” (Gaspar e Inverno, filões quartzo-cassiteríticos das minas de Riba de Alva e
1998a). São granitos do tipo S, altamente evoluídos e de Feli e os filões de quartzo com cassiterite e scheelite
metalogeneticamente especializados, resultantes da das cercanias da Ribeira do Mosteiro, são depósitos
fusão parcial das rochas metassedimentares do CXG hidrotermais de filiação granítica (Gaspar, 1997; Gaspar
(Gaspar & Inverno, 1998a, 1998c). & Inverno, 1998b).
As caraterísticas petrográficas e químicas das diferentes Morfologia dos corpos mineralizados: Seguindo a
fácies graníticas mostram que GEs, SA e GC são mais ordem de formação, primeiro geraram-se os skarns de
evoluídos e menos deformados do que GG e GP. Por W da Mina de Riba de Alva, estratiformes e boudinados,
outro lado, GEs apresenta maior afinidade para GP e concordantes com a estrutura, em três níveis principais
GG do que SA e GC, o último sujeito à circulação de (cotas de 122, 151 e 180 m), sempre com orientação de
fluidos hidrotermais na zona de cisalhamento WSW- azimute 290° e inclinações moderadas para NNE ou
-ENE citada. A fácies PO representa um diferenciado SSW, espessuras entre 0,25 e 2,5 m e extensões até pelo
magmático tardio. Foi possível estabelecer uma sequência menos 400 m (Gaspar, 1997; Gaspar & Inverno, 2000).
de intrusão destes granitos: GG/GP => GEs => SA/GC Estes skarns são cortados na M. Riba de Alva por filões
=> PO (Gaspar & Inverno, 1998a). quartzo-cassiteríticos, os últimos também ocorrentes na
Do ponto de vista genético, dum processo de fusão Mina de Feli. Estes filões, originalmente em stockwork
parcial diacrónica do CXG na região, devido à migração (M. Riba de Alva) ou em “sheeted veins” (M. Feli),
vertical do nível de anatexia durante a fase F3 Varisca, foram dobrados pela F3 Varisca e apresentam direção
resultaria que os granitos mais antigos, GG/GP estariam de azimute variável (M. R. Alva) ou 20 – 40 (M. Feli),
relacionados com a formação dos skarns de W (M. Riba inclinações variáveis e possanças de 15 – 30 cm (Gaspar,
de Alva), enquanto, após novo incremento de fusão 1997).
parcial, granitos posteriores, do tipo GEs – SA, seriam Os filões de quartzo com cassiterite e scheelite das
responsáveis pelas mineralizações filonianas de quartzo- cercanias da Ribeira do Mosteiro, com possança até 25
-cassiterite (minas de Riba de Alva e de Feli) e nova cm, apresentam-se com várias orientações, localmente
pulsação magmática destes últimos granitos ligada a em stockwork (Gaspar, 1997).
um novo incremento de fusão parcial seria responsável Cortando os skarns de W da Mina Riba de Alva e os
pela génese dos pegmatitos litiníferos (minas de Riba de filões quartzo-cassiteríticos, tanto desta mina como da
Alva e de Feli) e pelos aplo-pegmatitos (com ± Li) do Mina de Feli, ocorrem os filões pegmatíticos litiníferos,
Pombal. Assim as mineralizações citadas de W, Sn e Li discordantes. Na M. Riba de Alva são subverticais,
estariam associadas a diferentes cúpulas graníticas em com azimute de 20° – 40° e possanças de <30 cm até
profundidade. Efetivamente é sabido que uma sondagem 5 m (Gaspar, 1997). Tal possança é atingida por um
na Mina de Feli intersetou em profundidade, um granito filão pegmatítico litinífero que interseta, cortando, o
de duas micas semelhante a GEs (Gaspar, 1997; Gaspar nível 1 (inferior) de skarn nos trabalhos subterrâneos
& Inverno, 1998a, 1998c). (Metamerque, 1976) e que af lora mesmo junto ao
Tipo metalogenético: Sendo o lítio aqui o tema principal, Rio Douro, tendo continuação imediata na margem
é de realçar primeiro que os pegmatitos litiníferos da espanhola na M. Feli. Nesta última mina, estes filões
Mina de Alva e da Mina de Feli são pegmatitos complexos, pegmatíticos litiníferos (com algumas porções aplíticas)
de elementos raros, do tipo LCT, sub-tipo lepidolite. Os têm uma orientação geral de 10, 80°E e possanças de
aplo-pegmatitos (e pegmatitos) do Pombal, contendo 1- 8 m, atingindo aqui o pegmatito principal, já atrás
alguma lepidolite e acessoriamente ambligonite- referido, 1,5 km de extensão (Mangas & Arribas, 1988).
-montebrasite, são intermédios entre pegmatitos simples Os filões aplo-pegmatíticos (e pegmatíticos – estes apenas
e pegmatitos complexos, de elementos raros (do tipo os dois filões mais a oeste) do Pombal, também discordantes
LCT). Quanto aos outros tipos de mineralizações na em relação à estrutura, são 8 corpos subverticais, com
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orientações de azimute 320° a 30°, possanças de 0,5-6 m (Trancoso, Guarda; Viana, 1927; Sousa, 1944), a cerca
e extensões até 250 m (Gaspar, 1997). de 13 km de Pinhel (Bonito, 1999). Esta região faz
Paragénese principal: Não pormenorizando as para- parte da Zona Centro-Ibérica e, aos referidos filões
géneses das primeiras mineralizações significativas na estão associadas as mineralizações integrantes da
região, representadas pelos skarns estratiformes (WNW- Província metalogénica tungsténio-estanífera do NW
-ESE) de scheelite da Mina de Riba de Alva – sucessão da Península Ibérica, Faixa de Trancoso - Figueira de
de skarns piroxénicos, skarns anfibólicos, skarns epido- Castelo Rodrigo (SIORMINP). Na região do campo
síticos, skarns filonianos (com scheelite) e veios tardios mineiro de Massueime afloram rochas granitóides de
(Gaspar & Inverno, 2000). Importa no entanto, destacar, composição tonalítica a granítica, geradas em diferentes
para além das paragéneses dos pegmatitos citados, as fases da orogenia Varisca: sin-tectónicos relativamente
paragéneses dos filões quartzo-cassiteríticos gerados à primeira fase (sin-F1); sin-tectónicos de segunda fase
antes dos filões pegmatíticos litiníferos, mas que se en- (sin-F2); tardi-tectónicos e pós-tectónicos (Bonito, 1999).
trecruzam e entrelaçam com estes, tanto na M. Riba de Complexo Xisto-Grauváquico (CXG) ante-Ordovícico
Alva como na M. Feli: (Grupo do Douro) e uma sequência de quartzitos,
filádios, micaxistos e xistos grafitosos do Ordovícico
A) Os filões quartzo-cassiteríticos destas duas minas
Inferior estão dispostos segundo uma estrutura em
têm como paragénese principal: Quartzo (parte central) -
sinclinal de direção EW a N80ºE (Meireles et al., 2006)
- moscovite – feldspato (feldspato K e albite) – cassiterite
que definem o alinhamento montanhoso da Serra da
(os 3 últimos nas salbandas) – turmalina (no encosto dos
Marofa-Serra de São Pedro (Bonito, 1999). O campo
xistos encaixantes);
mineiro de Massueime localiza-se no extremo oeste deste
B) Os filões pegmatíticos litiníferos das minas de Riba
alinhamento (e.g. Sousa, 1944). Os filões pegmatíticos
de Alva e de Feli apresentam como paragénese principal:
e quartzosos são tardi a pós-F3 e localizam-se na zona
Quartzo – feldspato K (ortose) – albite (substituindo a
de contacto entre o CXG e os quartzitos Ordovícicos
ortose) – lepidolite;
(i.e. exograníticos), havendo ainda referências a filões
C) Os filões aplo-pegmatíticos (e pegmatíticos) do aplitopegmatíticos que correm intruídos nas rochas
Pombal têm como paragénese principal: Feldspato K – graníticas (i.e. endograníticos) (e.g. Sousa, 1944; Viegas
quartzo – albite – moscovite ± lepidolite (Gaspar, 1997). et al., 2012). Na região envolvente do campo mineiro
Paragénese acessória: Apatite – columbite-tantalite – de Massueime, A a Zona de Cisalhamento de Juzbado-
– ilmenite – rútilo (os 3 últimos em inclusões na cassiterite) -Penalva do Castelo (e.g. Meireles et al., 2006; Pereira et al.,
– berilo – pirite – minerais de argila – “sericite” [Filões 2014a, b), que corresponde a um desligamento Varisco
quartzo-cassiteríticos das minas de Riba de Alva e semidúctil esquerdo, subvertical que se dispõe segundo
de Feli]. Referidos ainda para estes filões na M. Feli a direção N70ºE, com influência não só nas rochas do
(Mangas & Arribas, 1988). estão a estanite – esfalerite – Ordovícico, mas também do CXG e granitóides, que
– molibdenite – calcopirite – bismutinite – tetraedrite – ocorrem compreendidas numa faixa 13 km de largura
– calcocite e covelite. (Bonito, 1999; Meireles et al., 2006; Pereira et al., 2014a,
− Ambligonite-montebrasite – espodumena (apenas na b). De acordo com Sousa (1944) foram definidos 6 tipos
M. Feli) – cassiterite – apatite – rútilo – berilo – minerais de ocorrências de minério: 1) Filão do Rio e filão do
de argila – “sericite” - turmalina (no encosto dos xistos Alto das Tinhosas; 2) Filões dos níveis de Santa Bárbara,
encaixantes) [Filões pegmatíticos litiníferos das minas de São Jerónimo e Barroco; 3) Scheelite do Cabeço da
Riba de Alva e de Feli]. Armada; 4) Filões de volframite de Ervedosa e filonetes
de Ervedosa e do Castelo; 5) Cassiterite do Seixo; e
− Ambligonite-montebrasite – cassiterite – apatite –
6) Aluviões e eluviões de cassiterite do Massueime, Freixial
– minerais de argila – sericite – óxidos de Fe [Filões aplo-
e Raza. Segundo esta classificação a mineralização de
-pegmatíticos (e pegmatíticos) do Pombal] (Gaspar, 1997).
lítio apenas ocorre nos Tipos 1 e 2, englobando a
ocorrência de ambligonite em filões pegmatíticos e
3.6 Região de Massueime
pegmatíticos ou granulíticos, respetivamente (Sousa,
1944). Nas minas de Massueime os trabalhos decorreram
Enquadramento: Os filões com mineralização de lítio desde 1921 e por 30 anos, após os quais se considerou o
das Minas de Massueime localizam-se em Cótimos esgotamento da mina (Bonito, 1999).
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Tipo metalogenético: Os filões de Massueime são metais raros, com particular destaque para o lítio. Estes
enriquecidos em quartzo e lítio, estão associados a filões ocorrem em clusters que se distribuem por uma
granitos, enquadrando-se num tipo intermédio entre área com mais de 100 km2, entre Gouveia, Fornos de
pegmatitos e veios hidrotermais (Roda-Robles et al., Algodres, Belmonte e Sabugal. Maioritariamente estão
2011). encaixados nas rochas graníticas e compartimentados
Morfologia dos corpos mineralizados: (de acordo com pela rede de fraturas NNE-SSW (Ramos, 2000, Silva,
Sousa, 1944): Diques pegmatíticos, subverticais (Tipo 1): 2014).
A) Filão do Rio (direção W 20º N – E 20º S, inclinação 70º Nesta região existem 5 campos filonianos geneticamente
a 80º para SW; limitado a NW por falha, desaparece a SE distintos:
junto da margem ao rio Massueime); Foram registadas 1) Região de Seixo Amarelo – Gonçalo: soleiras
possanças de 0,8 a 1 m, com comprimento de 300 m, aplitopegmatíticas com lepidolite, ambligonite e
sendo identificado até uma profundidade média de zinnvaldite. É o campo filoniano mais enriquecido
30 m; B) Filão do Alto das Tinhosas: W 20º S – E 20ºN, em lítio.
inclinação 70º a 80º para SE; possança média do filão 2) Região de Gouveia: soleiras aplitopegmatíticas
é de 0,3 m, tendo o seu afloramento uma extensão de com ambligonite e alguma lepidolite.
150 m. Existem ainda um conjunto de filões granulíticos
3) Região do Sabugal: soleiras aplitopegmatíticas
ou pegmatíticos, subhorizontais (Tipo 2): A) Filões
com berilo e columbo-tantalite, soleiras
dos níveis de Santa Bárbara, São Jerónimo e Barroco: aplitopegmatíticas com ambligonite e lepidolite
possança média 0,30 m. e filões subverticais com moscovite, berilo,
Paragénese: Para além do quartzo e feldspato, a minera- zinnvaldite e rara lepidolite.
lização dos filões mineralizados é constituída predomi- 4) Região de Bendada: estruturas aplitopegmatíticas,
nantemente por cassiterite, estanite, pirite, calcopirite, ricas em minerais fosfatados, com litiofilite,
scheelite e ambligonite (Sousa, 1944; Bonito, 1999); lepidolite e berilo
ocorre ainda lepidolite e volframite. Em particular no
5) Região de Mangualde: filões subverticais ricos em
Tipo 2, salienta-se a abundância de cassiterite e a ocor-
berilo e fosfatos de manganês e lítio, com destaque
rência rara de ambligonite (Sousa, 1944).
para a litiofilite.
Tipo metalogenético: Li-Cs-Ta do tipo complexo, subtipo
3.7 Aplito-Pegmatitos da Guarda-Mangualde com lepidolite e petalite.
Morfologia dos corpos mineralizados: Apresentam
Enquadramento geológico regional: A região da Guarda, filões sub-horizontais (soleiras), tabulares, com espessura
no centro leste de Portugal (Fig. 2; nº 7), enquadra- centimétrica a métrica, em geral inferior a 3,5 m (Ramos,
-se na Zona Centro Ibérica sendo caraterizada pela 2000); contudo, na região de Sabugal há ocorrência
abundante presença de rochas graníticas sin-orogénicas. de filões subverticais (Silva, 2014). O encaixante são
Estas intruem metassedimentos do Grupo das Beiras maioritariamente granitos tardi-D3, peraluminosos, com
(Complexo Xisto-Grauváquico; Neoproterozoico – duas micas, por vezes bastante moscovíticos.
– Câmbrico). A intrusão destes granitos produziu uma Paragénese: Em termos da paragénese principal,
auréola de metamorfismo de contacto com 1 a 7 km de ocorrem quartzo, ortóclase, albite, moscovite, enquanto
largura, constituída por xistos mosqueados e corneanas que na paragénese acessória existem, em abundância e
pelíticas. A região é atravessada por acidentes regionais variedade variável, lepidolite, espodumena, turmalina,
principais com direção NNE-SSW, a que se associam topázio, cassiterite, berilo, tantalite, columbite, zircão,
filões de quartzo paralelos e uma rede de fraturas uranite, apatite, ambligonite, entre outros (Silva, 2014).
subparalelas (Ramos, 2000, Silva, 2014). 3.7. a. Região de Seixo Amarelo – Gonçalo
Em termos metalogénicos, a região da Guarda faz parte Morfologia dos corpos mineralizados e Paragénese:
da Província Aplitopegmatítica Varisca e prova disso Este campo filoniano foi alvo de estudo de pormenor
são as abundantes ocorrências aí existentes de filões (Ramos, 1998), tendo sido reconhecidos 3 tipos de
aplitopegmatíticos mais ou menos enriquecidos em soleiras:
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− Soleiras estaníferas que ocupam posições estruturais de Seixo-Amarelo-Gonçalo como fonte de feldspato
e topográficas inferiores. Apresentam cor bege clara, lítinífero para a indústria cerâmica e do vidro (Ramos,
estrutura simples (não bandada) e mineralogia simples 2000).
de quartzo, feldspato potássico, albite, moscovite, 3.7. b. Região de Gouveia
ambligonite-montebrasite, rara lepidolite, apatite,
São poucos os estudos realizados nesta região, particular-
topázio, cassiterite, columbo-tantalite, zircão, entre
mente no que respeita às potencialidades económicas dos
outros.
corpos mineralizados aí existentes. De acordo com Neiva
− Soleiras litiníferas que ocupam posições estruturais e et al. (2008), na região de Arcozelo da Serra ocorrem
topográficas mais elevadas. Apresentam cor arroxeada a soleiras aplitopegmatíticas com inclinação inferior a 300
rosada, estrutura bandada complexa e mineralogia com- e orientações várias, 50 a 700 m de comprimento, 0,2 m
plexa de quartzo, feldspato potássico, albite, moscovite, a 2,5 m de espessura em que ocorrem minerais litinífe-
lepidolite, ambligonite-montebrasite, petalite, zinnwal- ros representados por rara espodumena, montebrasite,
dite, topázio, apatite, cassiterite, columbo-tantalite, zinvaldite e moscovite rica em Li. Nesta região também
microlite, zircão, entre outros. ocorrem filões e massas pegmatíticas e aplitopegma-
− Soleiras Mistas que fazem transição entre os dois tipos títicas do tipo moscovite e berilo (“Aplitopegmatítos
anteriores. Cerâmicos”) que formam pequenos batólitos.
No entender de Ramos (1998, 2000), as mineralizações de Ainda na região de Gouveia, propriamente no chamado
metais raros estão espacial e geneticamente relacionadas setor de Gravanho, ocorrem duas gerações de filões
com maciços graníticos de duas minas da série tardia, aplito-pegmatíticos, sendo a primeira representada por
em especial com o plutonito de Fráguas-Pena Lobo, o pegmatitos de tipo cerâmico (B-Be), com escorlite e
qual, além de ser o granito mais altamente diferenciado e berilo como principais fases acessórias, e a mais tardia,
enriquecido em elementos raros, revela maior densidade com mineralização de F-Li, caracterizada pela presença
de filões na zona do endo e exocontacto. Contudo esse de minerais como a lepidolite e o topázio (SILVA et al.,
autor sublinha que as zonas mais enriquecidas em 2006).
lítio estão quase exclusivamente circunscritas à região 3.7. c. Região de Sabugal
de Seixo Amarelo-Gonçalo, apontando como fator Nesta região ocorrem soleiras e filões aplitopegmatíticos
relevante para esta ocorrência a influência da grande intrusivos num granito de grão grosseiro, porfiroide,
falha NE-SW que aflora entre a região da Vela e a biotítico e moscovítico.
região de SE de Gonçalo, observando-se que a oeste da
Silva (2014) distingue 3 tipos fundamentais de filões
ribeira da Gaia e até essa falha ocorrem apenas soleiras
aplitopegmatíticos:
estaníferas; a ocidente dessa falha e à medida que se sobe
na topografia, há passagens sucessivas para soleiras de − Filões de tipo berilífero, inclinados a subverticais,
tipo misto e mais para o topo de tipo litinífero; parece, orientados E-W a WNW-ESE, espessuras compreendidas
assim, que a referida falha coloca em contacto lateral dois entre 10 cm e 15 m, e uma extensão que chega a atingir
blocos, dos quais o mais ocidental está abatido em relação os 700 m de comprimento;
ao outro; mais para ocidente ainda o campo filoniano − Soleiras e massas aplito-pegmatíticas sub-horizontais
é cortado por outra fratura importante NNE-SSW, a de tipo berilífero com orientações NNE-SSW e pendores
ocidente da qual afloram apenas soleiras litiníferas, de 200SE, uma extensão máxima de 200 m e espessuras
significando que neste bloco estão preservados os níveis muito diversas, que não ultrapassam os 2.5 m;
estruturais superiores do campo aplito-pegmatítico. − Pouco frequentes soleiras e massas aplito-pegmatíticas
Morfologia dos corpos mineralizados: O campo de tipo lepidolítico com 20 a 30 cm de espessura.
filoniano é formado por soleiras aplito-pegmatíticas 3.7. d. Região da Bendada
predominantemente intrusivas do granito da Guarda, Trata-se do campo filoniano mais extenso mas menos
sub-horizontais e aflorando em flanco de encosta. estudado. Os aplitopegmatitos intruem granitos de
Estas estruturas, que apresentam espessura em geral 2 micas de diferente granularidade, formando redes
inferior a 3,5 m e afloram, por vezes, por mais de 1 km, de grande densidade filoniana (Alves e Mills, 2013).
vêm sendo exploradas desde há largos anos na região Apresentam-se bandados e de acordo com Ramos (1998),
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os aplitopegmatitos deverão ser semelhantes às soleiras Minas da Argemela, exploradas para Sn, tinham três
estaníferas do setor de Gonçalo. níveis em flanco de encosta, aos 522 m (galeria principal
Mais recentemente, refere-se que estes cor pos c/1,8 km), 546 e 599 m, e desmontes a céu aberto, o
pegmatíticos são irregulares e mal definidos, com uma maior com frente >300 m. O depósito de Sn-Li da
posição que varia de horizontal a subhorizontal (Alves Argemela, na Zona Centro-Ibérica, ocorre nos Xistos
e Mills, 2013). De acordo com estes autores e tendo das Beiras (sequência de flysch) do Neoproterozóico,
em conta a mineralogia observada (lepidolite, berilo, 2 km a oeste do plutão zonado de granitóides ante-
columbo-tantalite e fosfatos), o corpo aplitopegmatítico -Variscos do Fundão, rodeado de corneanas aluminosas
explorado na mina Fonte da Cal enquadra-se na classe e xistos mosqueados. A norte e sul deste plutão existem
REL (elementos raros), subclasse REL-Li, de tipo berilo os batólitos de granitos porfiríticos biotíticos da Covilhã
e subtipo berilo-columbite-fosfatos. e Vale Prazeres – Idanha-a-Nova, tardi- a pós-tectónicos
e sin- a pós-tectónicos Variscos, respetivamente. Cristas
Efetivamente, é comum os corpos filoneanos deste
quartzíticas ordovícicas ocorrem a 15 e 23 km a SW da
setor apresentarem-se ricos em minerais fosfatados, tal
Argemela (Inverno & Ribeiro, 1980).
como descrito por Correia Neves (1960). Alves e Mills
(2013) referem que os fosfatos primários correspondem Morfologia dos corpos mineralizados: A) Filões de
aos términos das séries triplite-zwiselite, litiofilite- quartzo c/ Sn-Li subverticais, em stockwork, com possança
de 5-30 cm e espaçamento de cerca de 1 m. Têm uma
-trifilite e fluorapatite. Como minerais litiníferos estão
disposição radial, apesar de com predominância em
identificados, para além dos anteriores, a lepidolite.
torno da orientação E-W (Minas da Argemela) (Inverno
3.7. e. Região de Mangualde
& Ribeiro, 1980). No Cabeço da Argemela, 500 m a SE
Neste setor as estruturas mineralizadas são filões da parte leste das mineralizações acima apontadas, aflora
subverticais com orientação NW-SE de espessura métrica em pequena extensão um corpo de microgranito albítico
podendo alcançar 40 m (caso do filão de Cubos – Chão modificado por fluidos pegmatóides posteriores à sua
Castanheiro, de acordo com Pereira, 1970). Também instalação (Inverno & Ribeiro, 1980; Charoy & Noronha,
ocorrem sob a forma de bolsadas irregulares de onde 1996; Inverno, 1998). Dada a presença de lítio anómalo
irrompem inúmeras apófises. As rochas encaixantes nesta rocha (0,2 – 0,5% Li) (Charoy e Noronha, 1996),
nesta zona são granitos sin-orogénicos de duas micas, a mesma é explorada numa pequena pedreira, com
granularidade média a grosseira. extensão >50 m, na parte NE do Cabeço da Argemela,
A paragénese principal corresponde a ortóclase, quartzo, para aplicações na indústria cerâmica.
albite e moscovite com minerais acessórios de heterofilite, Na área mineralizada (antigas Minas da Argemela), os
berilo, turmalina, litiofilite, mangualdite, triplite, filões de quartzo c/ Sn-Li estão predominantemente
cassiterite, entre outros (Jesus, A. 1934). De acordo com encaixados nos Xistos das Beiras (xistos, grauvaques
Freitas et al. (2014) a litiofilite é o mineral de lítio mais finos e raros conglomerados intraformacionais), mas
importante num dos corpos mais relevantes da região – o também cortam vários tipos de diques, reconhecidos
pegamatito de Mesquitela. à superfície e em sondagens: diques de microgabro,
particularmente o chamado “Black Dike” (possança:
2 m), de direção WNW-ESE; dique (NNE-SSW) de
3.8 Região de Argemela
quartzo monzonito a lamprófiro; diques de microgranito
albítico (1,5-4 m) [particularmente o “White Dike”
Enquadramento geológico regional: O depósito de Sn-Li (3-4 m), orientado a NNE-SSW, cortando o “Black Dike”]
da Argemela (Fig. 2; nº 8), 10 km a oeste do Fundão, constituídos por fenocristais de quartzo (1cm) numa
faz parte do alinhamento mineiro W-E que inclui os matriz de albite dominante, mica branca e rara biotite,
depósitos de Góis – W (Sn), Panasqueira – W (Sn, Cu), tendo acessoriamente cassiterite, rútilo, ambligonite-
Argemela – Sn, Li, Mata da Rainha – W (Sn), Ceife – Pb -montebrasite e zircão (Inverno & Ribeiro, 1980; Inverno,
(Zn) – Segura – W, Sn, Li, Pb, Zn (Ba), encaixados nos 1998). O microgranito albítico destes diques tem uma
Xistos das Beiras e quase sempre nas proximidades de razão Na/K (atómica) alta, percentagem de SiO2 não
maciços graníticos geralmente (mas nem sempre) tardi- a muito elevada (≈ 70%) e valores baixos, mas um pouco
pós-tectónicos relativamente à fase Varisca D3. As antigas anómalos de P e F (Charoy & Noronha, 1996), sendo
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considerado uma rocha granítica especializada, evoluída. (grupo); a nível de minerais úteis, o Sn ocorre na
Um ou mais destes diques de microgranito albítico ter- cassiterite e minerais do grupo da estanite, o Li na
se-ão instalado no atual Cabeço da Argemela, a SE da ambligonite-montebrasite e o Rb essencialmente na
área de trabalhos mineiros. Após a sua instalação, o mica branca, de granularidade fina, pelo que muito
subsequente acréscimo de voláteis, elementos raros e K dificilmente recuperável na lavaria (Inverno et al., 2009;
no fluido magmático em porções mais profundas causou Ferraz et al., 2010).
a formação duma segunda paragénese no microgranito − Cabeço da Argemela: quartzo – albite – mica branca –
albítico do Cabeço da Argemela, com quartzo, albite, – lepidolite – ambligonite-montebrasite – cassiterite
lepidolite, ambligonite-montebrasite, berilo e outros (Charoy & Noronha, 1996).
minerais, com as características químicas, mas sem a Paragénese acessória:
granularidade própria dos pegmatitos de elementos
− Minas da Argemela: arsenopirite – columbite-tantalite –
raros (Charoy & Noronha, 1996; Inverno, 1998).
– clorite – fluorite – carbonato – apatite – trifilite –
Este microgranito albítico modificado do Cabeço da
– turmalina - rútilo – molibdenite – esfalerite – calcopirite
Argemela tem uma idade K-Ar de 303±6 Ma (Noronha
– pirite – calcocite (?) – covelite – vivianite – goethite/
et al., 2013).
/lepidocrocite (Inverno et al., 2009).
Alem dos xistos mosqueados do metamorfismo de
− Cabeço da Argemela: feldspato K – columbite-tantalite –
contacto do maciço do Fundão, ocorrem ainda à superfície
– berilo (Charoy & Noronha, 1996).
na área dos trabalhos mineiros (Minas da Argemela) duas
pequenas manchas de xistos ligeiramente mosqueados
(biotite), que se tornam muito mais expressivas para a 3.9 Região de Segura
profundidade, como as sondagens mais longas indicam.
É nesta vertical que foram cortados em profundidade
Enquadramento geológico regional: A região de Segura
diques e apóf ises de microgranito albítico, tudo
(Idanha-a-Nova, Castelo Branco) enquadra-se na Zona
apontando para a existência duma cúpula granítica
Centro-Ibérica (ZCI), onde predominam as rochas
(responsável pela mineralização) em profundidade, que
graníticas e metassedimentares (e.g. Antunes et al., 2010;
também é sugerida pela disposição sub-radial dos filões
Roda-Robles et al., 2016). O campo filoniano aplito-
de quartzo mineralizado (Sn-Li) (Inverno & Ribeiro,
-pegmatítico Varisco de Segura é uma das ocorrências da
1980; Inverno, 1998).
Cintura Pegmatítica Centro-Ibérica (Leal Gomes, 2006).
A fase sarda da orogenia Caledónica produziu regional- Os depósitos minerais de Segura integram alinhamento
mente dobras NE-SW sem clivagem de plano axial. Da mineiro W-E que inclui os depósitos de Góis - W (Sn),
sobreposição desta com a fase Varisca D3 (com estiramen- Panasqueira - W (Sn, Cu), Argemela - Sn, Li, Mata da
to em a) resultaram nos Xistos das Beiras dobras NW-SE Rainha - W (Sn), Ceife - Pb (Zn), Segura - W, Sn, Li, Pb,
com clivagem de plano axial e eixos muito mergulhantes; Zn (Ba) (Inverno e Ribeiro, 1980). Os depósitos de Sn-W
a D3 Varisca provocou ainda a forte deformação interna e Ba-Pb-Zn da região de Segura foram explorados para
de todos os diques, mas não gerou qualquer foliação Sn, W, Ba e Pb, entre 1942 e 1953 (Antunes et al., 2003).
interna nos mesmos. O metamorfismo regional Varisco
Na região aflora o plutão de Segura que corresponde a
é da zona da clorite da fácies de xistos verdes (Inverno
uma intrusão síncrona da 3ª fase de deformação Varisca
e Ribeiro, 1980; Inverno, 1998).
(D3), sendo composto por dois granitos: o granito de grão
De uma tectónica Varisca tardia (com possível reativação
médio a grosseiro de duas micas; e o granito de grão
Alpina) resultaram falhas de desligamento direitas,
médio a fino moscovítico (Antunes et al., 2003, 2010). A
NNE-SSW ou esquerdas, NE-SW a ENE-WSW, quer
intrusão ocorreu no Complexo Xisto-Grauváquico (CXG;
umas quer outras cortando o Black Dike, o White Dike
Câmbrico), promovendo a formação de uma auréola
e por vezes os filões de quartzo mineralizados (Sn-Li)
metamorfismo de contacto nas rochas deste complexo
(Inverno & Ribeiro, 1980).
(Antunes et al., 2010), com mais de 500 m de espessura
Paragénese principal: (Antunes et al., 2003). O CXG é composto por metapelitos
− Minas da A rgemela: quartzo – ambligonite – e metagrauvaques intercalados com metaconglomerados
– montebrasite – mica branca – cassiterite – estanite e mármores (Antunes et al., 2010). Atravessam este
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