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GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA

SECRETARIA DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E MINERAÇÃO – SICM


COMPANHIA BAIANA DE PESQUISA MINERAL - CBPM

SÉRIE ARQUIVOS ABERTOS 28

Pegmatitos quartzofeldspáticos
de
Castro Alves, Bahia

Luiz Luna F. de Miranda


Gileno Amado de C. Lopes

2008
GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA
Jaques Wagner
Governador

SECRETARIA DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E MINERAÇÃO


Rafael Amoedo Amoedo
Secretário

COMPANHIA BAIANA DE PESQUISA MINERAL - CBPM


Nilton Silva Filho
Diretor Presidente

Rafael Avena Neto


Diretor Técnico

Juvenal Maynart Cunha


Diretor Administrativo e Financeiro

Gustavo Carneiro da Silva


Gerência de Publicações

Luiz Luna Freire de Miranda


Coordenador Série Arquivos Abertos

M644 Miranda, Luiz Luna F. de


Pegmatitos quartzofeldspáticos de Castro Alves, Bahia / Luiz
Luna F. de Miranda e Gileno Amado de C. Lopes.— Salvador:
CBPM, 2007.

72 p.; il..; 1 mapa Color. (Série Arquivos Abertos; 28)

ISBN 978-85-85680-29-9

1. Pegmatitos. 2. Quartzo. 3. Feldspato 4. Geologia Regional -


Bahia. I. Lopes, Gileno Amado de C. II. Companhia Baiana de
Pesquisa Mineral. III. Título. IV. Série.

CDU: 554
CDD: 550.552:553(558.1)
Arquivos Abertos 28 Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM

APRESENTAÇÃO

Os dois últimos volumes da Série Arquivos Abertos trataram de temas referentes a geologia básica. Como se
sabe, a geologia regional é da maior importância como base de apoio na pesquisa e exploração mineral. Este é o
procedimento de países de tecnologias avançadas neste ramo de atividade, a exemplo de Estados Unidos, Canadá,
Austrália e África do Sul.
A propósito, a publicação de número 26 (Região Central do Cinturão Bahia Oriental: geologia e recursos
minerais) abriga, entre outros, um segmento em que processos envolvidos na história geológica da região de Castro
Alves e Santa Terezinha acarretaram fenômenos de granitização que culminaram com a formação de um distrito
pegmatítico, delineado no final de todo um processo evolutivo. Foi neste segmento que se formaram os jazimentos
de quartzo e feldspato (tema secundário no SAA26), que, juntos, vieram a caracterizar o Distrito Pegmatítico da
Região de Castro Alves.
Enquanto as publicações SAA26 e SAA27 abordaram, como tema principal, a geologia regional de duas áreas
que englobam principalmente terrenos do embasamento cristalino do leste da Bahia, cada um com suas propensões
metalogênicas, o volume ora lançado focaliza, como tema principal, uma forma específica de jazimento mineral:
quartzo e feldspato em pegmatitos de composição granítica. O quartzo da região de Castro Alves tem sido usado
em siderurgia, enquanto o feldspato tem-se destinado às indústrias cerâmica e vidreira.
Neste distrito foram cadastrados, mapeados e avaliados, em cerca de 22.342 hectares de área investigada,
265 corpos de pegmatitos, com reservas estimadas em 3,23 milhões de toneladas de quartzo e 856 mil toneladas de
feldspato. Mas estes quantitativos podem ser bem maiores, diante do potencial aparente no contexto geológico da
região. Além desses recursos, há um depósito de quartzo secundário de alta pureza, numa faixa de quatro quilômetros
de comprimento por duzentos metros de largura, com teor de sílica da ordem de 99,5%.
Como se sabe, a Série Arquivos Abertos é destinada a um público eclético, cada tema com a preferência de
grupos afins a determinados assuntos do seu particular interesse. Alguns têm uma abordagem mais afeita a setores
acadêmicos, enquanto outros, como este volume, dão lugar à preferência de empresários da mineração.
Esta publicação, o 28o da série, trata da ocorrência e perspectiva econômica de “Pegmatitos quartzofeldspáticos
da região de Castro Alves, Bahia”, os quais fazem parte do portfólio das oportunidades minerais da CBPM para
2008. Desta forma, esperamos estar colaborando, uma vez mais, com o desenvolvimento da mineração neste
Estado.

Nilton Silva Filho


Diretor Presidente da CBPM

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ........................................................................................................ iii


ABSTRACT ................................................................................................................. vii
RESUMO ..................................................................................................................... ix
1 – INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1
1.1 – LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO .................................................................................. 1
1.2 – CLIMA, VEGETAÇÃO E HIDROGRAFIA ............................................................................ 1
2 – HISTÓRICO ........................................................................................................... 4
3 – METODOLOGIA DO PROJETO-BASE ................................................................... 4
4 – GEOLOGIA REGIONAL .......................................................................................... 5
4.1 – MESO A NEOARQUEANO .................................................................................................. 5
4.2 – NEOARQUEANO ................................................................................................................. 6
4.3 – PALEOPROTEROZÓICO ................................................................................................... 9
4.4 – CENOZÓICO / NEÓGENO ................................................................................................. 9

5 – PEGMATITOS: CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO ...............................................10


5.1 – FELDSPATO ..................................................................................................................... 12
5.1.1 – Aplicação industrial dos feldspatos ................................................................... 13
5.1.2 – Usos do feldspato no Brasil ............................................................................... 13
5.1.3 – Mercado futuro do feldspato ............................................................................. 14
5.1.4 – Alternativas ao feldspato pegmatítico ............................................................... 15
5.2 – QUARTZO INDUSTRIAL .................................................................................................. 15

6 – PEGMATITOS DA REGIÃO DE CASTRO ALVES ..................................................16


6.1 – ASPECTOS GEOLÓGICOS ............................................................................................ 16
6.1.1 – Mineralogia .......................................................................................................... 16
6.1.2 – Gênese ................................................................................................................. 18
6.2 – ESTRUTURA INTERNA DOS PEGMATITOS ................................................................ 18
6.3 – FORMAS DE PESQUISA E LAVRA ................................................................................. 19
6.4 – BENEFICIAMENTO ......................................................................................................... 20
6.5 – PRINCIPAIS GARIMPOS PRODUTIVOS ....................................................................... 22
6.5.1 – Garimpos de feldspato e quartzo...................................................................... 22
6.5.2 – Garimpos de quartzo .......................................................................................... 36

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6.5.3 – Depósito secundário de quartzo ....................................................................... 44


6.6 – ANÁLISES DE FELDSPATOS .......................................................................................... 44
6.6.1 – Análises mineralógicas ........................................................................................ 44
6.6.2 – Análises químicas ................................................................................................. 45
6.6.3 – Análises tecnológicas .......................................................................................... 45
6.7 – ANÁLISES QUÍMICAS DO QUARTZO ..................................................................45
7 – ESTIMATIVA DE RESERVA .................................................................................49
8 – POTENCIALIDADE ECONÔMICA DOS PEGMATITOS ........................................50
8.1 – PRODUÇÃO HISTÓRICA E SITUAÇÃO ATUAL ............................................................. 50
8.2 – PERSPECTIVA ECONÔMICA .......................................................................................... 51
8.3 – INFRA-ESTRUTURA E ASPECTOS SOCIAIS DA REGIÃO ........................................... 51
9 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...............................................................52
10 – BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ............................................................................54
APÊNDICE ..................................................................................................................57
A – PROJETO MINERAIS INDUSTRIAIS EM PEGMATITOS ........................................59
B – SÉRIE ARQUIVOS ABERTOS 28..........................................................................59
B1 – RELATÓRIO-BASE E DOCUMENTOS SOBRE PEGMATITOS DE CASTRO ALVES .... 59
B2 – VOLUMES JÁ PUBLICADOS DA SÉRIE ARQUIVOS ABERTOS ................................... 60

ANEXO – MAPA GEOLÓGICO DA REGIÃO DE CASTRO ALVES, BA

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ABSTRACT

Two geotectonic units encompass the Meso to Neo-Archean rocks of the Castro Alves region: the Jequié
Block, that encloses the Jequié Complex, and the Salvador-Curaçá Mobile Belt, that encloses the Caraíba Complex.
Intrusive granites have affected the two segments.
The Industrial Minerals in Pegmatites Project, carried out by CBPM, registered 265 pegmatites of granitic
composition in this region, associated to granites and hosted mainly in the Caraíba 3 (enderbites and charnockites),
and in the Caraíba 2 (migmatitic orthogneisses) informal units. Those pegmatites testify a final phase of the
granitization that affected the medium to high metamorphic terrains of the Salvador-Curaçá Mobile Belt in the end
of the Transamazonic tectonic cycle. The countless pegmatites of the region are grouped under denomination of
Castro Alves Pegmatitic District, in spite of some indeterminations for its more precise characterization.
The pegmatites, mostly heterogeneous, are simple in mineralogy. Quartz and feldspar are the essential minerals,
while biotite, columbite-tantalite, black tourmaline, muscovite beryl and spodumene are the accessory ones.
Only quartz and feldspar have been of economic interest up to now, but this situation can change with new
exploratory surveys. The quartz has been extracted for over 42 years, while the extraction of feldspar just began
about twelve years ago, in both cases by “garimpeiros”, that use primitive methods of exploitation.
But, in recent years, both quartz and feldspar have come to pass through extraction not only by “garimpeiros”,
but also by small mining companies. One of them, “Beneficiamento Minerais Ltda.”, gives the first steps for the
mineral dressing process of the feldspar in the region itself.
Among feldspars the potassic ones are predominant, but there are occurrences of albitite that are interesting to
porcelain industry. The milky quartz predominates in terms of industrial quartz, while the pink variety appears as
the second type.
The quartz has always been traded for the Sibra and Ferbasa steel making companies, while the feldspar is
destined to ceramic and glass industries of the Southeastern and Southern of the Country. In 2005 the Castro Alves
region produced an average around 130 thousand tons of quartz and nearly 25 thousand tons of feldspar. The
potential of the district is quite larger than the reserve until then estimated, in the order of 3,23 million tons of quartz
and of 856 thousand tons of feldspar. By the way, additional and more accurate searching and exploratory works
are recommended over the whole investigated area.
Quartz and feldspar of the Castro Alves Pegmatitic District are included in the portfolio 2008 of mineral
opportunities of investment offered by CBPM to private businesses by means of auction bidding and leasing. Some
national and international companies have been interested in mineral investment concerning to industrial minerals
of pegmatites in Bahia State.

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RESUMO

Duas unidades geotectônicas agrupam as rochas do Meso ao Neoarqueano da região de Castro Alves: o
Bloco Jequié, que engloba o Complexo Jequié, e o Cinturão Móvel Salvador-Curaçá, que engloba o Complexo
Caraíba. Granitos intrusivos afetaram os dois segmentos.
O Projeto Minerais Industriais em Pegmatitos, realizado pela CBPM, cadastrou 265 pegmatitos de composição
granítica nesta região, associados a granitos e alojados nas unidades informais Caraíba 3 (enderbitos-charnockitos),
principalmente, e Caraíba 2 (ortognaisses migmatíticos). Esses pegmatitos testemunham a fase final da granitização
que afetou os terrenos de médio a alto grau metamórfico do Cinturão Móvel Salvador-Curaçá, no final do
Transamazônico. Sob a denominação de Distrito Pegmatítico de Castro Alves agrupam-se os inúmeros pegmatitos
da região, ainda que haja pendências para a sua caracterização mais precisa.
Os pegmatitos, na sua maioria heterogêneos, são de mineralogia simples. Quartzo e feldspato como minerais
essenciais, e biotita, columbita-tantalita, turmalina preta, moscovita, berilo e espodumênio como acessórios.
Apenas quartzo e feldspato despertaram interesse econômico até o momento, quadro que poderá mudar com
novas investigações exploratórias. O quartzo é extraído há mais de 42 anos, enquanto a extração do feldspato só
começou há cerca de doze anos, ambos por garimpeiros e de forma primitiva.
Mas, tanto o quartzo como o feldspato, nos últimos anos, passaram a ser extraídos não só por garimpeiros, mas
também por pequenas empresas de mineração. Uma delas, a Beneficiamento Minerais Ltda., dá os primeiros
passos para o beneficiamento do feldspato na própria região.
Entre os feldspatos, predominam os potássicos, mas há ocorrências de albitito, que interessam à indústria de
porcelanatos. Em termos de quartzo predomina o leitoso, seguido da variedade rosa.
O quartzo sempre foi comercializado para as siderúrgicas Sibra e Ferbasa, enquanto o feldspato é destinado às
indústrias de cerâmica e de vidro do sudeste e sul do país. Em 2005 a região de Castro Alves produziu, em média,
cerca de 130 mil toneladas de quartzo e cerca de 25 mil toneladas de feldspato. O potencial do distrito é bem maior
que a reserva até então estimada, da ordem de 3,23 milhões de toneladas de quartzo e de 856 mil toneladas de
feldspato, motivo pelo qual são sugeridos trabalhos adicionais, mais acurados, de pesquisa e exploração em toda a
área investigada.
Quartzo e feldspato do Distrito Pegmatítico de Castro Alves integram o portfólio para 2008 de oportunidades
minerais de investimento oferecidas pela CBPM à iniciativa privada, por meio de licitação pública e arrendamento.
Algumas empresas, nacionais e internacionais, têm demonstrado interesse em investir em minerais industriais de
pegmatitos na Bahia.

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1 – INTRODUÇÃO

D
entre as referências antigas sobre pegmatitos A) 12o24’36,5"S 39o37’15,5"W
no Brasil destacam-se as de Paiva (1946) e B) 12°24’38,6"S 39°14’54,2"W
Suszczinsky (1975). O primeiro discorre sobre C) 12°54’26,8"S 39°37’19,9W
a Província Pegmatítica Oriental, enquanto o segundo D) 12°54’29"S 39°14’56"W
refere-se à denominada Província Pegmatítica
Atlântica. A evolução dos conhecimentos já não Castro Alves, situado a cerca de 180 quilômetros
permite incluir as principais regiões de pegmatitos da de Salvador, é o principal município da região, que
Bahia na ambiência generalista sugerida por esses também abrange Santa Terezinha, grande parte dos
autores. Distritos ou províncias pegmatíticas na Bahia municípios de Rafael Jambeiro e Santo Estevão, as
destacam-se nas regiões do Extremo-Sul, Itambé e extremidades oeste dos municípios de Cabaceiras do
Castro Alves. Paraguaçu e Sapeaçu, e as extremidades noroeste de
Foi para avaliar o potencial dos pegmatitos da região Conceição de Almeida e nordeste de Elísio Medrado
de Castro Alves que a CBPM concebeu e realizou o (figura 2). As figuras 1 e 2, assim como as demais
Projeto Minerais Industriais em Pegmatitos (Lopes, deste texto, foram importadas do Projeto Minipeg
2006), ora abreviado como “Projeto Minipeg” – sigla (Lopes, 2006).
informal adotada apenas neste Arquivo Aberto. O O acesso, a partir de Salvador pela BR-324, faz-
relatório do Projeto Minipeg serviu de base para esta se por estrada asfaltada até à cidade de Castro Alves,
via Santo Amaro e Cachoeira-São Felix. Numa outra
publicação, que corresponde ao vigésimo oitavo volume
opção, parte-se de Salvador também pela BR-324 e,
da Série.
após oitenta quilômetros, chega-se ao entroncamento
Além da prospecção de minerais industriais, o
com a BR-101, através da qual percorrem-se 59
Projeto Minipeg buscou caracterizar aspectos
quilômetros até Sapeaçu. Daí, são mais 32 quilômetros
litológicos e estruturais relacionados aos corpos
pela BA-493, até Castro Alves.
pegmatíticos, bem como a sua distribuição geográfica A parte meridional da área é cortada por uma
e seleção de alvos favoráveis a novas descobertas. estrada de ferro controlada pela Companhia Vale do
Mas a meta principal foi efetuar a caracterização Rio Doce. A rede vicinal de estradas não-pavimentadas
qualitativa e avaliação preliminar das reservas de é densa e de razoável condição de tráfego, mesmo na
feldspato e quartzo, imprescindíveis para organizar, época de chuvas.
estimular e otimizar a produção mineral na região.

1.2 – CLIMA, VEGETAÇÃO E HIDROGRAFIA


1.1 – LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO
A maior parte da área tem clima do tipo Aw, quente
A área do Projeto Minipeg faz parte do centro- e úmido, na classificação de Köppen. Apresenta duas
leste do estado da Bahia, e é integrante da região estações: uma seca, de maio a outubro, e outra chuvosa,
denominada Recôncavo Sul. Cobre quase toda a parte de novembro a abril, com pluviosidade anual superior
ocidental da folha Santo Antônio de Jesus (SD.24-V- a 750 milímetros. Já na parte sudeste o clima é do tipo
B-VI), a parte extremo oriental da folha Milagres Am, chuvoso, também quente e úmido, sem estação
(SD.24-V-B-V), a parte extremo sudeste da folha Ipirá seca definida, com precipitações mais elevadas e
(SD.24-V-B-II) e o extremo sudoeste da folha Santo máximas no período de março a agosto.
Estevão (SD.24-V-B-III), todas elaboradas pela A vegetação dominante na região é a caatinga de
Sudene na escala 1:100.000. Tem a forma de um tabuleiro, que corresponde a uma formação vegetal
retângulo (figura 1), com cerca de 54,96 quilômetros xerófila, composta por plantas de dois a quatro metros
de comprimento por 40,53 quilômetros de largura, cujos de altura. Também ocorre caatinga rala, na parte
vértices, A, B, C, e D, têm as seguintes coordenadas noroeste, com espécimes menores, onde predominam
geográficas: solos rasos e a precipitação é menor.

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Figura 1 – Mapa de situação da área do Projeto (Minipeg)


Figure 1 – Index map of the (Minipeg) Project area

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km

Figura 2 – Limites municipais na área do Projeto


Figure 2 – Municipality boundaries in the Project area

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2 – HISTÓRICO

A
s primeiras referências aos pegmatitos da revestimentos e da instalação de fábricas de cerâmica
região de Castro Alves provêm de relatórios sanitária na região metropolitana de Salvador (RMS).
da CBPM (1974) e da CPRM (Seixas, 1975). Segundo ele, as respectivas vendas médias anuais de
Doze anos mais tarde, Silva (1997) registrou 53 quartzo e feldspato giravam em torno de 150 mil e 18
ocorrências de pegmatitos e estimou reservas, nesta mil toneladas.
região, da ordem de 878.250 toneladas de quartzo e Griffon (2003), ao definir a potencialidade mineral
971.990 toneladas de feldspato. do município de Castro Alves, cadastrou 24 ocorrências
Aguiar (1999), pela Comin (Coordenação de conjuntas de quartzo e feldspato, e realizou ensaios
Mineração, da SICM), e Moreira (2000), pela CBPM, para a caracterização tecnológica dos dois minerais,
realizaram visitas breves ao município de Castro Alves. além de levantar informações de interesses comercial
O primeiro, além de referir-se aos corpos pegmatíticos, e econômico. Concluiu que os pegmatitos deste
mencionou um depósito de areia muito grossa município encerram uma importante reserva potencial
relacionada a um bolsão de quartzo cisalhado, enquanto de feldspato utilizável nas indústrias de vidro e
o segundo fez menções às formas de produção, cerâmica. Sugeriu que se procedesse a uma posterior
dimensões superficiais das cavas, profundidade média e criteriosa avaliação técnica e econômica sobre os
de extração, produção, mercado, e maiores dificuldades pegmatitos da região.
enfrentadas por microprodutores. Com base no grau Embasada nos dados de todos esses anos, a CBPM
de produtividade atual, fez previsões sobre a produção resolveu programar e executar, na região de Castro Alves,
a até quinze a vinte anos à frente e sobre novas o Projeto Minipeg, previsto para o período entre agosto
descobertas, além da possibilidade de explotação em de 2003 e agosto de 2004. Mas, diante dos resultados, as
profundidade média maior que a então atingida por atividades de campo prosseguiram, com a abertura de
garimpeiros da região. Moreira (op. cit.) discorreu novas trincheiras, sondagem e prospecção geofísica. As
ainda sobre a valorização desta atividade no Recôncavo, campanhas, que sofreram algumas interrupções,
em face da ampliação da indústria cerâmica de estenderam-se até julho de 2005 (Lopes, 2006).

3 – MET ODOL
METODOL OGIA DO PR
ODOLOGIA OJET
PROJET O-B
OJETO-B ASE
O-BASE

A
maior parte do Projeto Minipeg (Lopes, 2006) reconhecimento geológico e cadastro dos principais
– projeto-base para este Arquivo Aberto – pegmatitos quartzofeldspáticos permitiram a elaboração
desenvolveu-se em áreas de pesquisa da de um mapa geológico preliminar, baseado em imagem
CBPM. de satélite e no mapa geológico da Bahia ao milionésimo,
Para definir a geologia e estimar o potencial de no qual foram lançados os principais corpos
feldspato e quartzo foram realizadas seções geológicas pegmatíticos, todos georreferenciados.
regionais, cadastradas as ocorrências de pegmatitos e Para estimar reservas potenciais os corpos mais
veios de quartzo, e mapeados no detalhe os corpos expressivos foram objeto de levantamentos de detalhe
mais expressivos de pegmatitos. Amostras de rochas na escala 1:500. Foi também mapeada, mas em
foram submetidas a análise petrográfica e amostras semidetalhe, através de picadas com espaçamento de
de feldspato e quartzo a análises química e tecnológica, quinhentos metros, uma faixa de quartzitos, em parte
em laboratórios terceirizados. Todos os dados foram de composição calcissilicática, de mais de dez
integrados numa plataforma GIS por meio do software quilômetros de comprimento, também em área de
ArcView 3.2a. pesquisa da CBPM.
Após levantamentos preliminares de dados e Com os dados levantados na execução do Projeto
informações sobre a região, campanhas de Minipeg, com as informações cartográficas (folhas

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digitadas e bancos de dados) da SEI e com a imagem O relatório do Projeto Minipeg (Lopes, 2006), além
de satélite que recobre a área investigada foi elaborado do texto, contém os dados integrados e interpretados
o mapa geológico georreferenciado da área. Os mapas em todos os levantamentos, representados em mapas
de detalhe dos garimpos pesquisados não são e ilustrados em figuras, fotos, quadros e fichas de
apresentados nesta publicação, mas estão à disposição análises, que poderão ser consultados em arquivos e
para consulta na CBPM. bancos de dados digitais disponíveis na CBPM.

4 – GEOLOGIA REGIONAL

A
área do Projeto Minipeg está inserida na Jequié faz parte do Bloco Jequié, enquanto o Complexo
unidade geotectônica denominada Cráton do Caraíba integra o Cinturão Salvador-Curaçá.
São Francisco (Almeida,1977). É representada Um corpo de biotitagranito inserido no Complexo
por rochas metamórficas das fácies anfibolito alto e Jequié e quatro outros de hornblendagranito,
granulito, relacionadas ao Pré-Espinhaço, e de idades individualizados nos gnaisses migmatíticos do Complexo
meso a neoarqueana, intrudidas por granitos Caraíba, registram a granitogênese paleoproterozóica
paleoproterozóicos. relacionada à fase final do ciclo Transamazônico, nem
Três unidades litoestratigráficas sem conotação de sempre cartografada, mas de ocorrência generalizada
ordem cronológica foram individualizadas por Lopes na região.
(2006): Complexo Granulítico-Charnockítico, Complexo Parte da área acha-se recoberta por sedimentos
Gnáissico-Migmatítico e Complexo Caraíba. A primeira inconsolidados, neógenos.
está relacionada ao Domínio Jequié-Mutuípe e as duas
outras ao Cinturão Móvel Salvador-Curaçá (Silva,
1997). As três unidades foram submetidas a fases
tectônicas superimpostas, evidenciadas em
redobramentos complexos observados em afloramentos
(foto 1).
Mas, nesta publicação, além de basear-se em
Lopes (op. cit.), a descrição sumária do contexto
geológico regional levará em conta algumas proposições
de outros autores, como Nunes et al. (2006) e Barbosa
& Dominguez (1996). A principal delas é a divisão das
unidades em complexos Jequié e Caraíba. O primeiro,
mesoarqueano a neoarqueano, passa a englobar o
Complexo Granulítico-Charnockítico, e o segundo,
neoarqueano, abarca as demais unidades propostas no Foto 1 – Redobramento coaxial (padrão do tipo laço ou tipo
relatório de Lopes (op. cit.), postas agora, todas elas, 3 de Ramsey) em ortognaisse migmatítico, e enclaves de
no Complexo Caraíba. anfibolito (GA-65)
Permanece imprecisa a separação entre Photo 1 – Coaxial refolding (knot folding type, or
Complexo Jequié e Complexo Caraíba, nem sempre Ramsey´s type 3 pattern) in migmatitic orthogneiss, and
amphibolite enclaves GA-65)
diferenciáveis no terreno, uma vez que ambos são
constituídos por rochas ortognáissicas elevadas a um
alto grau metamórfico, com algumas nomenclaturas
litológicas que até se repetem. Ao que parece, o critério 4.1 – MESO A NEOARQUEANO
básico de diferenciação reside nas posições dos dois
complexos em relação aos domínios tectonoestruturais O Mesoarqueano-Neoarqueano é representado
da região. No mapa geológico da Bahia ao milionésimo pelo Complexo Jequié, ora dividido em duas unidades,
(SICM/CBPM-CPRM, 2003) consta que o Complexo com base no mapa geológico de Lopes (2006):

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‰ COMPLEXO JEQUIÉ ortognaisses granulíticos retrometamorfizados, unidade


Caraíba 2, por ortognaisses migmatíticos, e unidade
Corresponde ao Complexo Granulítico- Caraíba 3, por enderbitos e charnockitos.
Charnockítico de Lopes (2006), que aí diferenciou duas
subunidades informais: a dos ortognaisses granulíticos
Unidade Caraíba 1 - ortognaisses granulíticos
e a dos enderbitos-charnockitos. Entretanto, nesta
retrometamorfizados
publicação, a maior parte dos ortognaisses granulíticos
foi cartografada na parte oeste do Complexo Caraíba Associados a um relevo acidentado, os
(ver capítulo 4.2). A unidade dominante do Complexo ortognaisses granulíticos formam duas serras extensas:
Jequié passou então a constituir-se de enderbitos- uma, a sudoeste de Castro Alves (foto 2), que transpõe
charnockitos (unidade Jequié 1), enquanto a outra é o limite sul da área, e outra, a NNW de Santa Terezinha.
constituída por ortognaisses granulíticos (unidade Jequié São rochas plutônicas metamorfizadas na fácies
2). As denominações de Jequié 1 e Jequié 2 são granulito, mas em grande parte retrometamorfizadas à
informais, e registram a diferenciação litológica fácies anfibolito, fenômeno registrado na passagem
existente no Complexo Jequié. gradual da mesopertita ao microclínio. Foram definidas
como hornblendagranito e, em parte, leucogranito
gnaissificados. Sua composição dominante, em
Unidade Jequié 1 – enderbitos-charnockitos
percentuais, é a seguinte: mesopertita-microclínio (35-
60), quartzo (20-30), plagioclásio (10-30), hornblenda
Os enderbitos-charnockitos formam um relevo
(0-20), magnetita (tr.-10) e biotita (0-5), e traços de
caracterizado por suaves ondulações. São rochas de zircão, alanita, hiperstênio, titanita e apatita.
origem plutônica, cinza-claro a esverdeadas, de Na extremidade sul da área os ortognaisses alojam
granulação média, foliadas, entrecortadas por vênulas um pequeno corpo lentiforme de uma rocha gnáissica
e veios quartzofeldspáticos portadores de minerais cinza-claro, média a grossa, textura granoblástica,
máficos. Em lâminas delgadas foram descritas como semelhante, em afloramento, a uma calcissilicática, mas
charnockitos gnaissificados, com a seguinte composição classificada como albitito (%): albita (70), aegirina-
média (%): mesopertita-microclínio (30-40), plagioclásio augita (20), quartzo (5), tremolita (5) e traços de titanita,
(24-43), quartzo (20-25), hiperstênio (1-5) e biotita (5), e granada, magnetita, epidoto e clorita.
traços de magnetita, zircão e rara hornblenda.

Unidade Jequié 2 – ortognaisses granulíticos

Os ortognaisses granulíticos do Complexo Jequié


restringem-se a corpos entre os quais foram destacadas
duas serras alongadas segundo NNW-SSE, na parte
sudoeste do mapa geológico anexo. São de composição
mineralógica semelhante à dos ortognaisses granulíticos
que fazem parte do Complexo Caraíba: feldspato,
quartzo, plagioclásio, e hornblenda são os minerais Foto 2 – Ortognaisses granulíticos da Serra da Pioneira,
de relevo acidentado
dominantes, seguidos de magnetita e biotita, e traços Photo 2 – Granulitic orthogneisses of the Pioneira range,
de hiperstênio. with rough relief

4.2 – NEOARQUEANO Unidade Caraíba 2 – ortognaisses


migmatíticos
‰ COMPLEXO CARAÍBA
Esta unidade engloba ortognaisses migmatíticos
No mapa geológico anexo este complexo foi associados a um relevo arrasado, com suaves
dividido em unidade Caraíba 1, constituída por ondulações (foto 3), que ocorrem na parte central da

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área e em parte dos setores sudeste, leste e oeste, observadas estruturas dos tipos schlieren (foto 5) e
bem como na parte noroeste. São intrudidos por corpos nebulítica. Ao microscópio, os diatexitos, que
máfico-ultramáficos e por hornblendagranito, e predominam sobre os metatexitos, foram descritos
entrecortados pela maior parte dos pegmatitos da região. como ortognaisses de composição granítica, por vezes
Costumam ser intercalados por faixas estreitas de granodiorítica, constituídos por (%): microclínio (20-
rochas calcissilicáticas, metacalcários e quartzitos 65), plagioclásio (10-40), quartzo (20-35), biotita (tr-
calcissilicáticos, mas só alguns corpos puderam ser 15), hornblenda (0-19), e traços de zircão e magnetita.
individualizados na escala do mapa geológico anexo. Constituem a maioria dos afloramentos, de cor cinza-
róseo, granulação média, por vezes com cristais
ocelares (augen) de microclínio de até 2,5 centímetros
de diâmetro maior (foto 6).
Esta é a unidade com o maior número de corpos
pegmatíticos que interessam à economia mineral da
região.

Foto 3 – Relevo suave, relacionado ao domínio dos


ortognaisses migmatíticos e, ao fundo, a serra da Bocaina,
no domínio dos enderbitos-charnockitos (unidade Caraíba 3)
Photo 3 – Soft relief related to the migmatitic orthogneiss
domain and, background, the Bocaina range, in the
enderbite-charnockite domain (Caraíba 3 unit)
Foto 4 - Ortognaisse bandado e dobrado (GA-466)
Photo 4 – Banded and folded orthogneiss (GA-466)
Os ortognaisses migmatíticos são rochas de médio
a alto grau metamórfico, da fácies anfibolito, muitas vezes
anfibolito alto. As estruturas migmatíticas são de baixa
e alta mobilidade, respectivamente, metatexitos e
diatexitos, não individualizados no mapa geológico.
Os neossomas dos metatexitos são de composição
granítica a granodiorítica. Os paleossomas são
metabasitos e gnaisses tonalíticos. Algumas lâminas
destas rochas revelaram, em percentuais, a seguinte
composição: plagioclásio-oligoclásio (40-65), quartzo
(15-25), microclínio (0-10), biotita (5-10), hornblenda
(0-20), e traços de magnetita, epidoto, apatita e zircão.
A foto 4 é de um metatexito de estrutura estromática.
Metagabros ou metadiabásios encontrados entre os
ortognaisses migmatíticos não devem ser confundidos
com paleossomas. Foto 5 – Detalhe de um lajedo de ortognaisse migmatítico
Os diatexitos relacionam-se a uma ampla bastante granitizado, com estrutura do tipo schlieren
granitização regional, exposta em lajedos, como os da (GA-471)
estrada Cajueiro-Porto da Passagem, próximos à Photo 5 – Detail of a slab of quite granitized migmatitic
margem esquerda do rio Paraguaçu, onde foram orthogneiss with schlieren structure (GA-471)

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setores sudeste, extremo-leste e norte-nordeste da área


é uma unidade de ortognaisses granulíticos,
calcialcalinos, de baixo e médio potássio (Nunes et al.,
2006), constituída por enderbitos e charnockitos. O
relevo ondulado e movimentado desta unidade é um
diferencial morfológico em relação ao das rochas
contíguas. Aos ortognaisses associam-se também
faixas de rochas calcissilicáticas e um corpo
individualizado de quartzito.
Lajedos que ocorrem nos vales dos principais
cursos d´água do setor constituem as melhores
exposições dos ortognaisses granulíticos, a exemplo dos
situados a 4,8 quilômetros a SSE da fazenda Palmeira
e no rio Paratigi, na estrada da fazenda Cantinho ao
Foto 6 – Ortognaisse migmatítico com estrutura augen
(GA-446)
povoado de Paiaiá. São rochas cinza-claro a cinza-
Photo 6 –Migmatitic orthogneiss with augen structure esverdeado, de granulação média, quase sempre
(GA-446) cisalhadas, definidas como enderbitos e charnockitos,
em cuja composição predominam feldspato, quartzo e
hiperstênio. A estas litologias associam-se, com
Rochas calcissilicáticas – estas rochas ocorrem freqüência, bandas noríticas e gabronoríticas em cuja
freqüentemente neste complexo como blocos e composição predominam plagioclásio, hiperstênio e
matacões rolados, associados a um solo mais argiloso, magnetita, de provável derivação de basaltos
cinza-escuro. Constituem estreitas faixas, das quais três metamorfizados na fácies granulítica.
foram individualizadas com até cinco quilômetros de Ao microscópio, enderbitos e charnockitos,
comprimento por trezentos metros de largura máxima, d e textura granoblástica ou, raras vezes,
todas a NW de Castro Alves, e uma outra a NW de granonematoblástica, revelaram, em percentuais, a
Argoim, com mais de sete quilômetros de comprimento seguinte composição média: plagioclásio (10-65),
por setecentos metros de largura máxima, que vai além quartzo (20-30), mesopertita (0-45), hiperstênio (3-15),
do limite oeste da área mapeada. São rochas biotita (0-5), magnetita (tr.-10), granada (0-5), e, às
esverdeadas, de granulação média a grossa, ricas em vezes, traços de zircão. Os noritos e gabronoritos
diopsídio, às vezes com bandas milimétricas a possuem textura granoblástica, por vezes
centimétricas deste mineral, que se alternam com granonematoblástica, e, localmente, blastoinequi-
bandas mais ricas em quartzo e plagioclásio. Por vezes granular. São compostos, em percentuais, por
essas bandas são enriquecidas em microclínio de plagioclásio (45-60), clinopiroxênio (0-30), hiperstênio
granulação média a grossa. A composição ao (5-15), hornblenda (0-25), magnetita (tr.-10), biotita (0-
microscópio, em percentuais, é a seguinte: diopsídio 5), e traços de zircão.
(65-100), pertita-microclínio (0-65), e traços de clorita. Bandas centimétricas e níveis de poucos metros
Quartzito – no morro do Pantaleão, a NW de de noritos e gabronoritos associam-se aos enderbitos
Castro Alves, foi individualizado um expressivo corpo e charnockitos, aquelas (bandas) constituídas, ao
de quartzito, em parte calcissilicático, que se destaca microscópio, por (%) plagioclásio (45-60),
frente ao relevo arrasado dos ortognaisses migmatíticos clinopiroxênio (0-30), hiperstênio (5-15), hornblenda (0-
circundantes. Ao microscópio, revela textura
25), e – acessórios – magnetita (tr.-10), biotita (0-5) e
granoblástica, e constitui-se de 80% de quartzo e 20%
zircão (traços).
de tremolita.
A noroeste e sul de Castro Alves é grande a
ocorrência de pegmatitos alojados na unidade
Unidade Caraíba 3 – enderbitos-charnockitos Caraíba 3. Esta é a segunda unidade com maior
número de ocorrências de pegmatitos de interesse
A parte do Complexo Caraíba que ocorre nos econômico.

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Quartzitos – por vezes calcissilicáticos, estes uma cor cinza-médio, é de granulação média, com
quartzitos constituem uma faixa de mais de onze alguns cristais ocelares de feldspato de até dois
quilômetros de comprimento por quinhentos metros de centímetros de comprimento. É bastante cisalhada, com
largura máxima, individualizada próximo à extremidade vênulas quartzofeldspáticas, concordantes, constituídas
ocidental dos ortognaisses granulíticos da porção por feldspato, quartzo e biotita. Ao microscópio, foi
sudeste, onde constituem uma crista de direção NW/ descrita como magnetita-biotitagranito. Exibe textura
SE. No local denominado “cascalheira”, onde apresenta blastoinequigranular, composta por 30% de plagioclásio,
excelente exposição em extensa e profunda cava, o 20% de microclínio, 25% de quartzo, 20% de biotita,
quartzito é garimpado para produção de quartzo. Há 5% de magnetita e traços de apatita e zircão. Corpos
mais de 20 anos este material é usado na produção de de quarenta e noventa centímetros de largura desta
filtros para tratamento de água, para poços tubulares rocha cortam os ortognaisses granulíticos em lajedo
e, até há alguns anos atrás, como brita para construção da torre da Embratel, na serra da Pioneira.
civil. Hornblendagranito – foram individualizados
O quartzito é cinza-claro, poucas vezes com níveis quatro corpos granitóides, dois na parte sudeste e dois
esverdeados de tremolita. Por ser muito cisalhado, na parte centro-leste da área mapeada, todos intrudidos
desagrega-se com facilidade em fragmentos em rochas da unidade Caraíba 2. Trata-se de um
centimétricos. Ao microscópio, uma amostra com leitos hornblendagranito cinza a cinza-escuro, de granulação
esverdeados revelou textura granoblástica, granulação grossa, com cristais tabulares a ocelares de feldspato
média, constituída por quartzo (70), diopsídio (20) e de até 2,5 centímetros de comprimento, dispersos ou
tremolita-actinolita (10). orientados dentro de matriz média a grossa, constituída
por feldspato, quartzo, hornblenda e biotita. Em duas
lâminas foi descrita uma textura blastoinequigranular
e porfiroclástica, e a seguinte composição mineralógica,
4.3 – PALEOPROTEROZÓICO
em percentuais: ortoclásio pertítico (30-47), plagioclásio
(15-25), quartzo (25-30), hornblenda (5-10) e biotita
‰ GRANITÓIDES DO (5-6), e traços de titanita e zircão. Em locais restritos o
TRANSAMAZÔNICO hornblendagranito contém amebóides de metabasitos,
e é cortado por pequenos corpos de pegmatito, gabro
Granitóides de posicionamento duvidoso na e diabásio.
estratigrafia da região distribuem-se por toda a área Destaque para três corpos desses granitos,
mapeada, mas só os corpos maiores foram distribuídos segundo norte-sul entre o trecho da BA-
cartografados no mapa geológico anexo: um corpo de 493 que liga os povoados de Candeal e Jenipapo e a
biotitagranito, individualizado no Complexo Jequié, e margem direita do rio Paraguaçu (ver mapa geológico
quatro de hornblendagranito, individualizados na unidade anexo). Estes granitos são os mais afetados por corpos
Caraíba 2 (ortognaisses migmatíticos). São registros pegmatíticos.
de uma granitogênese atribuída ao final do Ciclo
Transamazônico, e que teria gerado, nas unidades
Caraíba 2 e Caraíba 3, a maioria dos pegmatitos da
4.4 – CENOZÓICO / NEÓGENO
região.
Biotitagranito – um corpo representativo desta ‰ SEDIMENTOS INCONSOLIDADOS
rocha intrusiva ácida foi mapeado na parte sudoeste
da área investigada. Situado a poucos quilômetros a Parte das litologias descritas acha-se recoberta
sudoeste de Santa Terezinha, tem um comprimento da por sedimentos inconsolidados, neogênicos. Foram
ordem de 9,5 quilômetros e largura máxima em torno cartografados a leste de Argoim, em Santo Estevão,
de 2,6 quilômetros. Suas melhores exposições estão Castro Alves, e em pequenas áreas nas extremidades
na margem leste dos quilômetros 4,2 e 8,3 da estrada leste e sudeste do mapa. São areias, argilas e cascalhos,
que liga esta cidade a Elísio Medrado. A rocha tem e, por vezes, laterita.

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5 – PEGMATIT
PEGMATIT OS: CONCEIT
TITOS: CONCEITOO E CARA CTERIZAÇÃO
CARACTERIZAÇÃO

P
egmatitos são rochas ígneas ou magmáticas de dimensões de 1.650m x 800m x 125m. Nos Estados
granulação muito grossa, que ocorrem quase Unidos a maioria dos corpos produtivos tem
sempre na forma de diques alojados em grandes comprimento variável entre trinta e trezentos metros,
massas de rochas plutônicas de granulação menor. Mais enquanto as larguras variam de 1,5 a trinta metros.
importante do que a diferença absoluta no tamanho Em Itambé, na Bahia, o pegmatito do Morro da Glória,
entre os cristais do pegmatito e os da rocha encaixante de comprimento da ordem de 1.310 metros por 130
é a diferença relativa entre os cristais de cada uma metros de largura, é registrado como o maior do Brasil.
das fases granulométricas. Os pegmatitos mais profundos atingem cerca de
Os de mineralogia pouco diversificada são setecentos metros da superfície, mas o nível das
classificados como pegmatitos simples. Em contraposição, explotações, no Brasil, costuma não ultrapassar oitenta
há os pegmatitos complexos, de mineralogia diversificada, metros de profundidade.
que costumam portar um alto conteúdo de metais raros. A estrutura interna dos pegmatitos permite
Ainda que haja uma tendência a um pegmatito homogêneo caracterizá-los como homogêneos e heterogêneos. Claro
ser de mineralogia simples, isto nem sempre é verdadeiro. que os primeiros não apresentam fases fisicamente
Do mesmo modo, o heterogêneo tanto pode ter mineralogia distintas. Já nos heterogêneos observam-se quatro zonas
simples como complexa. estruturais distintas (Johnston, 1945; Cameron, 1949;
Além dos minerais dominantes, quartzo e feldspato, Cerny, 1991), mas de limites nem sempre nítidos. Nas
de reconhecida importância industrial, os pegmatitos são situações ideais, da periferia ao núcleo, distinguem-se
portadores de outros minerais cujas concentrações as zonas externa ou marginal (zona 1), mural (zona 2),
também despertam interesse econômico: micas intermediária (zona 3) e núcleo (zona 4).
(moscovita, biotita, clorita), berilo (e/ou esmeralda), fluorita, A zona marginal corresponde à parte externa do
minerais de lítio (espodumênio, petalita, ambligonita e pegmatito, muitas vezes caracterizada pelo
lepidolita), minerais de bismuto, columbita-tantalita, desenvolvimento de micas no contato com a rocha
minerais de urânio, tório (samarskita, monazita), minerais encaixante.
de terras-raras, rubídio, gálio, césio, estanho (cassiterita), A zona mural é identificada pela mistura
caulim e gemas (água marinha, turmalina, etc.). Os setores homogênea de quartzo e feldspato, quase sempre de
industriais de maior destaque na aplicação de minerais de textura gráfica, mas à qual associa-se mica. Em
pegmatitos são o cerâmico, vidreiro, o de papel e celulose, condições de metodologia primitiva de extração, os
metalúrgico, eletrônico e químico. minerais desta zona deixam de ser aproveitados como
Aplitos, que também ocorrem na forma de diques, matéria-prima para uso industrial. São tratados como
podem ser considerados uma espécie de antítese rejeito.
granulométrica de pegmatitos. São rochas A zona intermediária é caraterizada pela existência
leucocráticas, constituídas, na maioria das vezes, por de cristais bem desenvolvidos de feldspato, em
quartzo e feldspato de granulometria fina. Na Virgínia, contraste com quantidades bem menores de quartzo e
Estados Unidos, são lavrados como variedade comercial
mica. Aí concentra-se a maioria do feldspato explotável.
de pegmatito – granulação muito fina, constituídos por
É também a zona preferencial para albitização e
albita, zoisita e sericita –, para uso na indústria de vidros.
ocorrência de fosfatos, além de berilo e columbita-
Em qualquer parte do globo terrestre a extensão
tantalita. No contato com o núcleo, podem-se
dos pegmatitos é bastante variável, de centimétrica a
desenvolver rosetas de mica.
mais de 1.500 metros de comprimento. Cerca de 80%
O núcleo é definido pelo amplo predomínio de
dos pegmatitos costumam ser inferiores a 150 metros.
quartzo, na maioria leitoso, mas pode ser hialino ou
Os de tamanho superior a quinhentos metros
rosa. Esta zona pode conter, em menor quantidade,
correspondem a apenas 5% deles, mas, na Austrália,
minerais como berilo, feldspato e biotita, os dois últimos
destaca-se o pegmatito de Greenbushes, dos maiores
mais raros.
do mundo, com 3.300 metros de comprimento,
quatrocentos metros de largura aflorante e quinhentos A estrutura interna de pegmatitos zonados é
metros de profundidade. Um outro exemplo de representada na figura 3, em seção esquemática
pegmatito grande é o do Tanco, no Canadá, com horizontal.

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Figura 3 – Estrutura interna de pegmatitos zonados em seção horizontal


A – Padrão concêntrico de zonas primárias, com controle zonal de distribuição da unidade de albita, e
mineralizações na margem do núcleo
B – Padrão concêntrico de zonas primárias cortadas por fraturas preenchidas, com controle
litológico, porém relacionado a fratura, com ação metassomática
Figure 3 – Internal structure of zoned pegmatites in horizontal section
A – Concentric pattern of primary zones, with zonal control of distribution of the albite unit, and
mineralizations on the core margin
B – Concentric pattern of primary zones cut by filled fractures, with lithologic control, but related to
fractures, with some metasomatism

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5.1 – FELDSPATO estabilidade química ao produto acabado, ao retardar o


processo de devitrificação. É também fonte de álcalis,
Griffon (2003) assinala que os feldspatos, na crosta que, assim como a alumina, atua como fundente.
terrestre, constituem um dos grupos minerais mais O uso do feldspato nas indústrias cerâmica e de
abundantes nas rochas de origem magmática, e vidro requer o controle do quimismo da matéria-prima
também metamórficas, e discorre sobre a conceituação com relação aos conteúdos de Al2O3, K2O, Na2O, SiO2
e algumas propriedades dos mesmos. Feldspatos são e Fe2O3 (ver quadro 1).
silicatos de alumínio combinados com potássio, sódio e Na indústria cerâmica são mais valorizados os
cálcio, e, com certa raridade, bário. Têm dureza feldspatos com alto teor em K2O. A razão K2O/Na2O
próxima de 6 na escala de Mohs, e densidade relativa pode variar entre 5:1 e 1:1, enquanto o teor em Fe2O3
de 2,55 a 2,76. dependerá do tipo de produto. Na produção de louças
São divididos em duas séries contínuas: a dos e de porcelanas branca e vítrea o teor deste óxido terá
feldspatos potássicos – KAlSi3O8 –, subdividida em que ser inferior a 0,1%, mas pode ser maior em
ortoclásio (sistema monoclínico) e microclínio cerâmicas estruturais.
(triclínico), e a dos plagioclásios (triclínicos), que variam Na fabricação de vidros dá-se preferência aos
de sódicos – NaAlSi3O8 – a cálcicos – CaAl2Si2O8 –, feldspatos ricos em Al2O3. Nesta indústria o teor em
cujos respectivos membros extremos são albita e ferro também dependerá do tipo de produto. Para
anortita, na seqüência seguinte: albita (Na), oligoclásio, cristais e vidros incolores o teor máximo de Fe2O3 terá
andesina, labradorita, bytownita e anortita (Ca). que ser de 0,1%, enquanto para vidros de forno e
O uso nas indústrias cerâmica e vidreira deve-se, esverdeados o teor poderá chegar a 0,5%.
principalmente, à fusibilidade, que reflete um elevado Para as indústrias supracitadas, além da
teor de álcalis, além de ser fonte de alumina, fusibilidade, outras propriedades dos feldspatos deverão
característica importante na indústria de vidros. O ser observadas em ensaios após a queima: tonalidade
feldspato é também utilizado como material de clara, alto brilho e ausência de impurezas e bolhas.
enchimento de borrachas e plásticos, bem como na Quanto à granulometria, no caso da indústria cerâmica
condição de veículo neutro em óleos, tintas e pastas, e o intervalo requerido insere-se na faixa entre 150 e
na indústria químico-farmacêutica, em cimentos 350 mesh, enquanto para a indústria de vidros a variação
refratários e na composição de rações para aves. oscila entre 20 e 30 mesh.
Ao atuar como fundente na indústria cerâmica, A produção mundial de feldspato cresce estimulada
cria uma fase vítrea, que promove a fusão da massa a principalmente pelo aumento do consumo no setor de
temperaturas mais baixas em maior intervalo de tempo, revestimentos cerâmicos, impulsionado pelos
o que acarreta um progressivo aumento de fluidez. porcelanatos, e no setor de colorifícios. Em 2004 a
Na indústria vidreira é a fonte principal de alumina, produção alcançou onze milhões de toneladas, pouco
que, além de facilitar o manuseio do vidro, dá maior abaixo do dobro da registrada em 1992 (5,9 milhões de

Quadro 1 – Características químicas dos feldspatos para uso industrial


Table 1 – Chemical characteristics of the feldspar for industrial use

Fonte/From: Projeto feldspato de Itambé (Cunha et al., 1980)

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toneladas). Os principais produtores de feldspato apenas 60 a 70 minutos – e à diminuição do consumo


beneficiado, naquele ano, foram Itália (22,7%), Turquia na indústria de vidro, devido ao uso de sucedâneos e
(17,3%), Estados Unidos (7,2%), Tailândia (7,1%) e ao aumento da utilização de material reciclável.
França (6,1%). Esses países detêm os maiores
depósitos comerciais de feldspato.
Revestimento Cerâmico

5.1.1 – Aplicação industrial dos feldspatos Segundo a Anfacer (2004), a produção brasileira
de revestimento cerâmico teve um aumento de 163%
Na prática, os feldspatos comerciais são entre 1992 e 2003. Foram cerca de 8,4% ao ano,
caracterizados pela composição química, com destaque passando de 202,7 milhões de metros quadrados para
para os seguintes tipos (Griffon, 2003): 533,7 milhões de metros quadrados, com relevante
ƒ feldspato potássico, com Na2O<4%; aplicação: contribuição das exportações, que aumentaram 346%
cerâmica branca; (de 21,1 milhões para 94,1 milhões de metros
ƒ feldspato sódico – essencialmente plagioclásio, quadrados), dos quais 53% foram correspondentes ao
com Na2O>4% e Ca<5% a 10%, incluindo albita processo de moagem via seca (semiporoso) e 47% ao
e anortoclásio –; aplicação: indústrias de vidro, de via úmida (porcelanato, grês, semigrês e poroso).
porcelana e esmaltação; Mas, entre 2001 e 2003, devido à quase estagnação
ƒ feldspato cálcio-sódico – plagioclásio nas da economia brasileira, a produção de placas cerâmicas
variedades oligoclásio, andesina e labradorita –; passou de 473,4 para 533,7 milhões de metros
aplicação: indústria de vidro e outras, desde que quadrados, com incremento de apenas 12,7% no
se enquadrem nas especificações de cada uma período (4,01%/ano), isto é, menos da metade do
delas; crescimento médio anual de 9,26% entre 1992 e 2000
ƒ feldspato cálcico – bytownita e anortita –, pouco (450 milhões de metros quadrados).
comercializado; Ainda de acordo com a Anfacer (2003), o destino
ƒ feldspato bárico – celsiana e hialofana –, com rara das exportações de placas cerâmicas em 2002 foi o
aplicação na indústria especializada de vidro, mas seguinte: Estados Unidos 51,3%, América Latina 24%,
não usado no Brasil. África 10,7%, Mercossul 5,3%, Oceania 2,3% e Ásia
Griffon (op. cit.) destaca ainda que na indústria 1,1%. O setor de cerâmica de revestimento conta com
do vidro são essenciais a alumina, que proporciona mais 97 empresas ativas, que operam 125 plantas industriais,
resistência à quebra, e os álcalis, que atuam como geram 22.170 empregos diretos, e, em 2003, tiveram
fundentes. O consumo do feldspato na preparação de um faturamento de R$3,9 bilhões, com exportações de
vidro é em média de 3% a 10% da carga total, com as US$251milhões.
seguintes características químicas: O porcelanato é um tipo de piso formado de argila,
SiO2 - 64 a 72%; Al2O3 - 15 a 20%; Fe2O3 <0,2% feldspato e corantes, com porosidade de zero a 0,5%,
ou FeO<0,18%. elevada resistência à abrasão, ao gelo, aos ácidos e
álcalis, cuja massa cerâmica exige uma participação
de feldspato de 20 a 40% no porcelanato esmaltado e
5.1.2 – Usos do feldspato no Brasil de 35 a 60% no porcelanato técnico. Mesmo que a
sua produção nos revestimentos cerâmicos ainda seja
As principais indústrias nacionais consumidoras de considerada pequena, tem tido crescimento significativo
feldspato de pegmatitos são as de cerâmica e vidro. nos últimos dez anos. Em 1996 era de apenas 1,08
Em 2000, 88% do feldspato beneficiado no Brasil para milhão de metros quadrados, cerca de 0,3% da
os setores de vidro, revestimentos e colorifícios vieram produção total desses revestimentos. Mas, em 2003,
de pegmatitos (Coelho, 2001). Os de revestimentos já alcançou 22,3 milhões de metros quadrados – o dobro
cerâmicos, de forma direta ou indireta, são responsáveis da estimativa feita por técnicos do Cetem/MCT em
por 45,7%, e o de vidro, por 42,5%. A tendência dos 2003 –, o equivalente a 4,2% dessa produção. Estes
últimos anos tem sido a de aumentar cada vez mais o dados revelam um aumento sensível da produção de
consumo de feldspato no segmento cerâmico, devido porcelanatos, da ordem de 1.964,8%. Corresponde a
ao desenvolvimento nas formulações dos porcelanatos um crescimento médio anual de 46% em oito anos.
– que reduziu o ciclo de queima, de 30 a 50 horas, para Mesmo em 2003, ano sem crescimento do PIB, o

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porcelanato foi o produto que mais cresceu, com 39,4% Rio de Janeiro, com 79%, seguida da região Nordeste,
em relação ao ano anterior, seguido de longe pelo em Pernambuco, com 13%, e da região Sul, no Rio
poroso (azulejo), com apenas 8,5%. Grande do Sul, com 8%.
Segundo relatório inédito do IPT, as empresas O setor vidreiro, em 2000, era responsável pelo
produtoras de porcelanato no Brasil – porcelanatos beneficiamento de 78 mil toneladas de feldspato,
técnico (55%) e esmaltado (45%) – estão correspondentes a 42,5% do total beneficiado, incluindo
concentradas na região Sul, todas em Santa Catarina a indústria cerâmica (Coelho, 2001).
(quatro), com 65% da produção, seguida da região A reciclagem, que em 1994 abrangia cerca de 33%,
Sudeste, com 26% – três em São Paulo (15%) e uma passou a ser de 45% em 2003, conforme a Abividro
em Minas Gerais (11%). Na região Nordeste há (2004). Neste período o segmento de embalagens, cuja
apenas uma fábrica na Paraíba, que responde por 9% capacidade de produção sofreu uma queda anual de
da produção nacional. 1,2%, foi o único de desempenho negativo. Entre 1999
e 2004, todos os outros tiveram crescimento
significativo, com destaque para vidros planos (18,1%
Colorifícios
ao ano) e vidros técnicos (12,1%). Já o crescimento
médio anual de vidros domésticos foi de 4,4%. Este
Correspondem às matérias-primas não-naturais
baixo desempenho e a queda no segmento de
utilizadas nos diversos segmentos cerâmicos
embalagens tornaram pífio o crescimento médio anual
denominados vidrados ou esmaltes, fritas e corantes.
da indústria vidreira, que entre 1999 e 2004 não passou
Os vidrados constituem uma cobertura vítrea, que
de insignificante 1,1%.
é aplicada ao corpo cerâmico cru, sendo fundidos
Por outro lado, o quadro, nesses mesmos seis anos,
conjuntamente e conferindo-lhe resistência à abrasão
foi diferente em termos de faturamento bruto: um
e às soluções químicas. São produzidos por 22
aumento de R$2,12 bilhões para R$ 3,7 bilhões, o que
empresas, das quais onze, associadas à Abracolor,
implica um crescimento anual da ordem de 9,7%. À
respondem por 85% da produção brasileira. As
exceção do segmento de embalagens, cujos 8,2% de
principais empresas do mercado são a Ferro Enamel
crescimento ficaram abaixo da média, todos passaram
do Brasil Indústria e Comércio Ltda, seguida da
um pouco dos 10% ao ano. Em 2004 a liderança do
Esmalglass do Brasil Fritas, Esmaltes e Corantes
faturamento ficou com vidros técnicos, com cerca de
Cerâmicos Ltda., e da brasileira Colorminas Colorifício
30,3%, seguidos de embalagens (29,9%), vidros planos
e Mineração S.A. Este segmento, em 2000, beneficiava
(26,9%) e vidros domésticos (12,9%). Entre 1999 e
48 mil toneladas de feldspato, equivalentes a 19,6% do
2004 o desempenho anual do crescimento do emprego
total beneficiado pelas indústrias cerâmica e vidreira
foi medíocre: na média de 0,78%.
(Coelho, 2001).
A produção de colorifícios em 1999 foi de 230 mil
toneladas, mas, segundo estudo do IPT (Mercado 5.1.3 – Mercado do feldspato no Brasil
Cerâmico, 2004), foi estimada, em 2003, uma produção
da ordem de 600 mil toneladas anuais, implicando um Enquanto entre 1999 e 2004 o crescimento médio
incremento da ordem de 161%, com crescimento médio anual da indústria vidreira não passou de 1,1%, a
anual de 27% de 1999 a 2003. indústria cerâmica cresceu, no mesmo período, cerca
de 5,3% ao ano. O incremento deveu-se, em primeiro
lugar, ao segmento de porcelanatos e, em menor
Vidros proporção, ao de colorifícios.
Segundo o MME – Ministério das Minas e Energia
Esta indústria abrange os segmentos de – (Brasil, 2001), sem considerar a forte influência
embalagem, vidros domésticos, vidros planos e vidros sobretudo do porcelanato, que cresceu na média anual
especiais, produzidos por trinta grandes empresas, mas de 46% entre 1999 e 2003, mas com base em
apenas dois grupos, o Saint-Gobain, francês, e o Cisper, parâmetros de crescimento da economia nacional, a
norte-americano, dominam cerca de 60% do mercado demanda do feldspato seria de 396 mil toneladas para
nacional. 2005 e de 680 mil toneladas para 2010. Para Coelho
Segundo dados da Abividro (2004), sua produção (2001), num cenário com igual crescimento nacional
está concentrada na região Sudeste, em São Paulo e do PIB e admitindo um modesto crescimento de 15%

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para a produção de porcelanato, a demanda de feldspato 5.2 – QUARTZO INDUSTRIAL


seria de 541 mil toneladas para 2005 e de 1.088 mil
toneladas para 2010. Estes valores superam em 36,6% O quartzo é a principal das três variações
e 60,0%, respectivamente, as projeções do MME para polimorfas do óxido de silício (SiO2). As duas outras
2005 e 2010. são a tridimita e cristobalita.
Por outro lado, considerando que a produção oficial O mineral quartzo é diversificado nas seguintes
de feldspato bruto em 2004 foi de 280.293 toneladas, variedades: hialino ou cristal-de-rocha, leitoso,
admitindo-se que a produção oriunda dos garimpos é esfumaçado (ou enfumaçado), amarelo (citrino), rosa,
pelo menos 80% superior a esta, e adicionando o roxo (ametista), negro (mórion) e verde (prásio). À
incremento de 15% em relação à produção de 2004, exceção do quartzo leitoso, todas são usadas como
teríamos, em 2005, uma provável demanda em torno gemas ou peças de ornamentação.
de 606 mil toneladas. Portanto, ainda maior do que a A utilização industrial do quartzo depende do teor
previsão sugerida por Coelho (op. cit.). A propósito da de impurezas e das imperfeições dos cristais nas mais
defasagem entre a produção registrada pelo DNPM e diversas especificações. O quartzo de melhor qualidade
a produção nas lavras e garimpos, no ano 2000 a é destinado às indústrias eletro-eletrônica e de
produção de feldspato beneficiado pelas empresas foi instrumentação, enquanto o de qualidade inferior o é
88% superior ao registro de produção do DNPM na nas indústrias metalúrgica, cerâmica, vidreira, de
atividade extrativa. abrasivos e refratários, e outras.
Não há informações oficiais sobre a produção A partir dos anos 70, com o desenvolvimento
de feldspato nos últimos anos na Bahia. tecnológico, sobretudo nos Estados Unidos, e com o
aumento significativo dos preços do cristal-de-rocha e
das lascas de quartzo, tornou-se possível o uso do
5.1.4 – Alternativas ao feldspato pegmatítico quartzo inferior na produção de quartzo fundido, após
beneficiamento, na forma de pó. Este é um material
A carência de reservas de feldspato pegmatítico transparente, não cristalino, que guarda todas as
ou mesmo a sua inexistência em áreas próximas às propriedades do quartzo, à exceção da
indústrias têm, como conseqüência imediata, a busca piezoeletricidade. É empregado nas indústrias óptica,
de outras fontes de obtenção desta matéria-prima em de equipamentos elétricos, química de base, de fibra
outras rochas, ou a busca de sucedâneos para a mesma óptica, etc. Este quartzo de menor qualidade tanto pode
aplicação industrial. Granitóides, aplitos, alasquitos, provir de pegmatitos e veios de quartzo como de outras
leucogranitos, albititos e areias feldspáticas são alguns rochas, como alasquito e quartzito.
exemplos de rochas que podem substituir ou No final da década de 80 surgiu um novo e
complementar o pegmatito como fornecedor de promissor mercado para o quartzo, que passou a ser
feldspato, enquanto o nefelinassienito é um sucedâneo usado na produção de blocos e placas do tipo caesar
usado na mesma aplicação industrial. stone e okite, produzidos, respectivamente, pelas
Os nefelinassienitos, que encerram até 20% de empresas Caesar Stone e Seieffe. Estas especificações
álcalis, destacam-se como o principal concorrente dos correspondem, no Brasil, às denominadas pedras
feldspatos em quase todos os seus usos. Todavia, outras compostas.
rochas, como os albititos, que ocorrem em Castro Alves, Os blocos ou placas especiais são fabricados com
com mais de 70% de albita (variedade de plagioclásio), base em tecnologia desenvolvida há quase quarenta
são usadas como complementos dos feldspatos anos pela multinacional italiana Breton S.p.A. Essa
potássicos, dando mais eficiência aos processos tecnologia consiste na vibrocompactação, no vácuo,
industriais cerâmico e vidreiro. Algumas dessas da mistura de agregados de quartzo (91% a 96%) de
matérias-primas são usadas em plantas de Sorocaba e 0,01 milímetro a até quatro milímetros, pigmentos de
Itupeva (São Paulo) e de Forquilinha (Santa Catarina). cores diversas (4% a 9%), às vezes com adição de
Ainda como fontes alternativas, são usados filitos outros materiais (vidro, espelhos coloridos, madrepérola,
e filonitos como fundentes na indústria cerâmica, etc.), numa massa ligante (resina poliéster não
respectivamente nas cidades paulistas de Itapeva e saturada). Os produtos são obtidos em blocos (depois
Piedade. serrados na espessura desejada) de até 3,08m x 1,25m

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x 0,88 m, e também em placas de até 3,08m x 1,25m, Estima-se que milhões de metros quadrados de
com espessuras que podem variar de oito a trinta placas lapidadas de agregados de quartzo são usados
milímetros. em mais de cinqüenta países em pisos e revestimentos
Em decorrência das suas características técnicas interiores e exteriores de casas e edifícios, aeroportos,
– elevada dureza (7,5), baixa porosidade (0,002%), igrejas, centros residenciais e centros comerciais. Essas
dimensões diversas, alta resistência mecânica a placas são também aplicadas em outras formas de
ataque químico e a raios UV – e estéticas – produtos decoração, como tampos de mesas e móveis, bancadas
personalizados em quase uma centena de cores –, para cozinha, lavabo, banheiro, bares, laboratórios, etc.
suas qualidades podem ser superiores àquelas do Presume-se, nos Estados Unidos, um crescimento anual
mármore, do granito e de outras superfícies da ordem de 8% na demanda desse material, lá
manufaturadas. introduzido no início dos anos 90.

6 – PEGMATIT
PEGMATIT OS D
TITOS DAA REGIÃO DE CASTR
CASTROO ALVES
ALVES

F
oram cadastradas, na região de Castro Alves, N15°W e N30°W. Esta zona, que passa por Castro
265 ocorrências de pegmatitos Alves, afetada e balizada por falhas, tem cerca de
quartzofeldspáticos. Biotita é o principal mineral vinte quilômetros de extensão por treze de largura.
acessório. Com menor freqüência, ocorrem columbita- A maior concentração de corpos pegmatíticos ocorre
tantalita e, menos ainda, berilo, turmalina negra, no trecho a dez quilômetros a N e NW desta cidade
moscovita, granada e andaluzita. (figura 4).
A maioria dos corpos pegmatíticos é lentiforme.
Cerca de 164 (quase 62%) são de pequeno porte, com
6.1 – ASPECTOS GEOLÓGICOS
cinco a cinqüenta metros de comprimento. Trinta e sete
(14%) têm comprimento superior a cem metros. Em 51
Os pegmatitos de Castro Alves alojam-se
corpos pequenos (cerca de 19%) a largura é inferior a
principalmente em rochas do Complexo Caraíba, das
cinco metros. Em 177 de porte médio (cerca de 67%) a
unidades informais Caraíba 2 e Caraíba 3. Com base
largura varia entre cinco e quinze metros. Em 36 corpos
no condicionamento litoestrutural, na estrutura interna
grandes (cerca de 13,5%) a largura varia de dezesseis
e na variedade mineralógica, Lopes (2006) sugere a
a cinqüenta metros e, em apenas um muito grande
denominação de Distrito Pegmatítico de Castro Alves,
(0,5%), a largura ultrapassa cinqüenta metros.
constituído por três campos pegmatíticos. O mais
Como as técnicas de extração dos minerais de
importante é associado aos ortognaisses migmatíticos
pegmatito da região são operadas em cavas rasas, não
(unidade Caraíba 2), com 76% dos corpos cadastrados
há aferição da profundidade. Mesmo na cava mais
(201 corpos), seguido pelos campos pegmatíticos
profunda, a do garimpo de Serrinha, de 13,5 metros, o
relacionados aos ortognaisses granulíticos (unidade
nível atual do piso não chegou a atravessar a zona
Caraíba 3), com 18% (48 corpos), e ao
intermediária do pegmatito.
hornblendagranito, com 6% (16 corpos).
Os pegmatitos preenchem zonas de extensão
decorrentes de falhas alinhadas na direção NNW-SSE, 6.1.1 – Mineralogia
entre N15°W a N30°W, em geral discordantes da
foliação das rochas encaixantes. Os contatos são O conteúdo mineralógico essencial dos pegmatitos
sempre bruscos, sem zona de alteração de borda. de Castro Alves permite enquadrá-los, do ponto de
Muitas vezes o pegmatito contém enclaves, ou vista petrográfico, como uma rocha de composição
xenólitos, da rocha encaixante. Isto sugere que os granítica. A maioria deles é de mineralogia simples,
pegmatitos são produto da cristalização de resíduos isto é, pouco diversificada, o que permite qualificá-los
silicatados de granitos intrusivos tardi a pós-tectônicos. entre os chamados pegmatitos simples, ainda que, na
Na sua maioria, os pegmatitos estão distribuídos maioria, heterogêneos. Quartzo e feldspato são os
numa zona de cisalhamento de direção NW-SE, entre minerais essenciais. Os acessórios mais freqüentes são

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km

Figura 4 – Mapa dos principais pegmatitos alinhados segundo falhamentos NW/SE


Figure 4 – Map of the main pegmatites lined after NW/SE fault system

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biotita, por vezes columbita-tantalita e, com menor 6.2 – ESTRUTURA INTERNA DOS
ocorrência, berilo, turmalina preta, moscovita, granada PEGMATITOS
e andaluzita.
Análises químico-mineralógicas demonstraram que Em quase todos os corpos pegmatíticos
é amplo o domínio dos feldspatos potássicos sobre os cadastrados na região de Castro Alves, sobretudo os
demais. Algumas seções delgadas revelaram tratar-se relacionados aos ortognaisses migmatíticos da unidade
de microclínio, mas há registro de substituição por Caraíba 3, em geral os mais preservados, é possível
albita, apenas nas bordas dos cristais. Ressalve-se, distinguir as quatro zonas estruturais que caracterizam
porém, que um corpo de albitito foi individualizado a um pegmatito heterogêneo típico: marginal, mural,
doze quilômetros a SSW da cidade de Castro Alves, intermediária e núcleo, estas duas de limites nem
alojado nos ortognaisses granulíticos da unidade sempre nítidos.
Caraíba 1. Zona marginal – costuma aflorar nas bordas das
Na área do Projeto Minipeg o quartzo ocorre na cavas dos garimpos, com espessuras que variam de
variedade quartzo leitoso, ao qual, por vezes, associa- poucos centímetros a até 4,5 metros. É constituída por
se quartzo rosa, principalmente em pegmatitos alojados cristais milimétricos de feldspato e quartzo, com textura
nos enderbitos-charnockitos da unidade Carnaíba 3. A equigranular. Em alguns pegmatitos a magnetita é o
variedade quartzo esfumaçado é a menos freqüente. principal acessório desta zona, e sua alteração transmite
à rocha uma coloração rósea, com exemplo no garimpo
de Raimundo Belo.
6.1.2 – Gênese Zona mural – sua exposição é freqüente nas
paredes das cavas, com espessuras variáveis entre
A caracterização da região de Castro Alves como trinta centímetros e 2,3 metros. É constituída por um
distrito pegmatítico (Lopes, 2006) é indiscutível, mas agregado homogêneo de cristais centimétricos, por
persistem algumas dúvidas quanto a essa vezes milimétricos, de quartzo e feldspato, em
caracterização. Por outro lado, a condição de os intercrescimento gráfico, com concentração local de
pegmatitos envolverem-se em terrenos de alto grau columbita-tantalita. Nesta zona, denominada de granito
metamórfico, pouco comum na maioria dos distritos pelos garimpeiros, por não haver qualquer
citados na literatura – nacional e internacional –, pode aproveitamento comercial da rocha, todo o material
ser interpretada como uma característica própria deste retirado é incorporado ao acervo estéril. Entretanto,
distrito. Nesta região, a maior parte dos terrenos ainda que o volume disponível seja inferior a 10% de
granulíticos é permeada por uma ampla migmatização todo o pegmatito, há uma expectativa de
e granitização em meio às litologias de alto grau aproveitamento a partir da recente instalação de uma
metamórfico. A abundância de megacristais de pequena moageira em Castro Alves.
feldspato em muitos desses granitos – intrusivos em Zona intermediária – em geral é de exposição
granulitos e envoltórios de pegmatitos – parece antever parcial nos pegmatitos cadastrados, tanto nas paredes
como na parte central das cavas, com larguras variáveis
processos atuantes na geração de pegmatitos.
entre dois e 47 metros, máximo constatado no garimpo
É sabido que os pegmatitos de Castro Alves têm
de Serrinha. Esta zona é caracterizada pela existência
uma mineralogia pouco diversificada, e não se deve
de cristais que variam de muito grossos a uma ordem
esperar que esta característica seja modificada com o
de tamanho que alcança alguns metros. Feições
aprofundamento das investigações, a não ser que sejam primárias são em geral preservadas em cristais bem
detectadas faixas ou bolsões de retrometamorfismo. desenvolvidos de feldspato róseo, mas com porções
Nesta circunstância seria de se esperar maior cinza-claro, devido à albitização. Quando em parte
envolvimento de fluidos geradores de uma mineralogia alterados, mostram-se caulinizados. No contexto dos
mais complexa, em níveis crustais com características enderbitos-charnockitos da parte meridional da área
de ambiência menos profunda. De qualquer modo, à mapeada (unidade Caraíba 3) a caulinização se deve à
granitização que afetou os terrenos de médio a alto umidade climática. Já no campo dos ortognaisses
grau metamórfico do Cinturão Móvel Salvador-Curaçá migmatíticos (unidade Caraíba 2) ela é facilitada pela
no final do Transamazônico deve ser relacionada a proximidade do nível freático. É o caso dos pegmatitos
gênese dos pegmatitos que constituem o Distrito das proximidades do rio Paraguaçu e de outros cursos
Pegmatítico de Castro Alves. d´água.

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Muitas vezes ao feldspato desta zona associam- metros, na parte meridional. Alguns serviços utilizam-
se veios e bolsões centimétricos a métricos de quartzo se de pás carregadeiras para decapar e limpar o local
emanado da zona nuclear. Isto dificulta a percepção de extração. Pequenos compressores são também
do limite entre estas zonas. Na zona intermediária usados para desmonte do pegmatito com explosivo
ocorrem também biotita em placas desenvolvidas, granulado. Este explosivo, produzido pela Heringer
desde decimétricas a até um metro, e aglomerados Ltda., é previamente umedecido com óleo diesel e
irregulares de cristais por vezes bem formados de secado, antes da detonação, com estopim e espoleta.
columbita-tantalita. Raras vezes cristais azulados de Conforme análise química realizada por Griffon (2003),
berilo pouco translúcido aí ocorrem, com pouco mais a composição básica do explosivo, que é um fertilizante
de um metro de comprimento. agrícola, é a seguinte: N (0,128%), P2O5 (0,068%) e
Núcleo – esta zona é constituída por quartzo K2O (4,2%).
maciço e leitoso, mas, também, por quartzo róseo, em
geral bastante fraturado, em pegmatitos relacionados
aos enderbitos-charnockitos (unidade Caraíba 3). Esta
zona é exposta de forma integral no interior das cavas
abertas em pegmatitos de pequeno a médio porte, onde
as espessuras variam de decimétrica a métrica, valores
que se mantêm nos corpos maiores, em que o quartzo
do núcleo associa-se ao feldspato da zona intermediária.
Já nos pegmatitos de grande porte, como os ainda
inexplorados de Melancia e Alto Paulista, a espessura
do núcleo quartzoso pode ir além dos vinte metros de
largura. Segundo Griffon (2003), o quartzo do núcleo
pode corresponder a um intervalo de 60% a 90% do
volume de todo o pegmatito.
Foto 7 – Extração de quartzo e feldspato após desmonte na
parede SW do garimpo de Nezinho
6.3 – FORMAS DE PESQUISA E LAVRA Photo 7 – Quartz and feldspar exploitation after
dismantling on the SW wall of the Nezinho garimpo
As extrações de quartzo e feldspato na região de
Castro Alves ocorrem há mais de quatro décadas. Mas,
em todo este período, nenhum trabalho de pesquisa Quartzo e feldspato são separados por meio de
sistemática foi realizado nos pegmatitos. À exceção marretas, pás e ancinho, fragmentado em pedaços
de uma breve pesquisa para quartzo, que incluiu de cinco a treze centímetros de diâmetro. A
sondagem e lavra experimental, por parte da Mineração classificação do quartzo divide-se em superespecial,
Vale do Jacurici, todas as atividades foram operadas especial e rolado, enquanto o feldspato é separado
por garimpeiros, que vendiam o quartzo às siderúrgicas como de primeira e segunda. De acordo com os
Ferbasa – Ferroligas da Bahia S. A. –, em Pojuca, e próprios garimpeiros, cerca de duzentos deles são
Sibra – Siderúrgica da Bahia S. A., em Simões Filho. responsáveis por uma produção média de quartzo e
A maior parte da produção atual de quartzo e feldspato da ordem de três toneladas por homem/
feldspato é oriunda de pegmatitos das fazendas dia. O transporte do local de extração (foto 8) até o
Independência, Macambira, Pirapora, Raimundo Belo pátio de carregamento é feito com carrinho de mão.
(Gavião), Rancho Alegre, Serrinha, Vila Nova, No pátio, o carregamento de caçambas ou carretas
Melancia e da região de Salgado-Petim, quase todos se faz tanto manual como via pás carregadeiras. O
relacionados a corpos de grande porte. Toda a extração quartzo, em caçambas de até 22 toneladas, é
é manual, a partir das cavas que acompanham os corpos transportado para as siderúrgicas Ferbasa e Sibra,
pegmatíticos (foto 7). enquanto o feldspato, posto em carretas de até
A espessura do solo que recobre os pegmatitos quarenta toneladas, é conduzido ao Sudeste e Sul
varia entre um, na parte setentrional da área, e cinco do país.

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6.4 – BENEFICIAMENTO

Quartzo e feldspato sempre foram separados por


processos manuais, o que implicava só aproveitar
fragmentos maiores dos dois minerais. Entretanto, há
cerca de três anos, por iniciativa de um pequeno
produtor da empresa Mineiro Beneficiamento
Minerais Ltda., de sigla IBML, iniciou-se o
aproveitamento de seixos centimétricos de quartzo e
feldspato que compunham o chamado bagaço, até
então abandonado e considerado estéril. Numa
pequena unidade de pré-beneficiamento, composta
Foto 8 - Parede meridional da cava do garimpo de Serrinha
por apenas dez mulheres e três homens, passaram a
Photo 8 – Meridional wall of the Serrinha garimpo pit ser beneficiados cerca de quinze toneladas diárias de
feldspato. Depois de lavado e secado (fotos 9 e 10),
o bagaço é levado a um pequeno britador de
Com base em informações de garimpeiros, estima- mandíbulas do tipo 2015-C, com abertura de 1½”.
se que, até 2005, mais de cinco milhões de toneladas Através de uma esteira rolante, passa por uma mesa
de quartzo industrial tenham sido extraídas em cerca vibratória suborizontal, com recuperação do retido>½”,
de 42 anos de atividade na região de Castro Alves. Já onde, por catação manual, são separados o quartzo e
a extração de feldspato, que só começou há apenas o feldspato (foto 13). A fração<½” é também
dez anos, teria sido de cerca de 225 mil toneladas. O comercializada com as moageiras do Sudeste e Sul
precário regime de trabalho e outras circunstâncias do país.
decorrentes de uso de métodos primários ocasionaram
formas predatórias de explotação, que acarretaram
feições evidentes de dilapidação das jazidas. Dos quase
183 corpos trabalhados em pouco mais de quarenta
anos cerca de 108 foram suspensos ou se acham
paralisados.
A partir de 2003, com a pesquisa e prospecção
iniciadas pela CBPM e gestões do DNPM junto aos
principais consumidores de quartzo industrial, micro e
pequenos produtores começaram a melhorar as
condições de trabalho da região, inclusive com o
registro de trabalhadores, que passaram a usar
equipamentos de autoproteção e observar regras de
conservação do meio ambiente. Para legalizar a
atividade de prospecção e lavra, algumas áreas
passaram a ser requeridas ao DNPM, fato que antes
não ocorria.
Por outro lado, alguns garimpeiros começaram a
organizar-se, e foi criada a Cooperativa de Produtores Foto 9 - Galpão da unidade de beneficiamento e moagem da
Mineiro Beneficiamento Minerais Ltda., em Castro Alves;
de Quartzo e Feldspato da Região de Castro Alves. A
e pátio com seixos de quartzo mais feldspato (“bagaço”),
organização em cooperativas ou associações poderá
objeto de beneficiamento
conseguir apoio gerencial, técnico e tecnológico por Photo 9 – Storage shed of the processing and milling unit
parte de órgãos ligados ao Governo do Estado, a of the Mineiro Beneficiamento Minerais Ltda., in Castro
exemplo da CBPM, no seu propósito de apoio social a Alves; and hall with pebbles of feldspar plus quartz
pequenos mineradores. (“bagaço”), for dressing

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Foto12 - Visão lateral da unidade de moagem Mineiro


Foto 10 - Galpão de lavagem do minério quartzofeldspático Beneficiamento Minerais Ltda, em Castro Alves
para separação do material argiloso na unidade de Photo 12 – Lateral view of the Mineiro Beneficiamento
beneficiamento da Mineiro Beneficiamento Minerais Ltda., Minerais Ltda milling unit, in Castro Alves
em Castro Alves
Photo 10 – Storage shed for washing of the quartz-feldspar
ore for separation of the clay material in the Mineiro
Beneficiamento Minerais Ltda. unit, in Castro Alves

Foto 13 – Visão lateral da unidade de moagem e da unidade


de beneficiamento da Mineiro Beneficiamento Minerais
Ltda, em Castro Alves
Photo 13 – Lateral view of the Mineiro Beneficiamento
Minerais Ltda. ore dressing unit and milling unit, in Castro
Alves

Foto 11 – Seleção manual do feldspato numa esteira rolante


após passagem pelo britador ao fundo
Photo 11 – Handle selection of feldspar on a belt conveyor
after passing through the crusher at the background

Em meados de 2005 o mesmo produtor da IBML


implantou uma pequena unidade de moagem, com um
moinho de bolas contínuo, com motor de 75CV (fotos
12, 13 e 14), com capacidade de produção para 1,5 a
duas toneladas horárias, em que 95%<200 mesh; e três
a 3,5 toneladas horárias em granulometria<100mesh.
Conforme análise granulométrica e ensaios tecnológicos
de amostras do feldspato moído nesta unidade (ver Foto 14 – Visão de frente da unidade de moagem da Mineiro
Beneficiamento Minerais Ltda, em Castro Alves
quadros 4 e 5, capítulo 6.6.3), o produto atende às
Photo 14 – Front view of the Mineiro Beneficiamento
especificações da indústria cerâmica. Minerais Ltda. milling unit in Castro Alves

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6.5 – PRINCIPAIS GARIMPOS


PRODUTIVOS

Os garimpos a serem descritos foram selecionados


como os mais produtivos dentre os cadastrados na
região de Castro Alves: Chico do Monzé, Didi, Nezinho,
Raimundo Belo, Rancho Alegre, Pirapora, Serrinha e
Serrinha SE. Todos eles foram levantados a teodolito
na escala 1:500. Os dados foram coletados em seções
perpendiculares às cavas, todos georreferenciados
através do software Topograph 3.13, a partir de
estações locadas com GPS Garmin Etrex Vista, cuja
altitude foi calibrada pelo marco do IBGE localizado Foto15 - Cava principal do garimpo de Chico Monzé, em
atividade. Ao fundo e à esquerda está o morro do Pantaleão
no centro da cidade de Sapeaçu. Foram descritos
Photo 15 – Chico Monzé garimpo main pit, operation.
pontos e feições na superfície do terreno e nas cavas
Background and to the left is the Pantaleão hill
– das bordas às paredes e piso. Dados sobre
mineralogia, textura, estrutura interna, além das falhas
e juntas, foram processados e disponibilizados no SIG, Descrição dos pegmatitos – são dois corpos
utilizando-se o software ArcView 3.2a. distintos de pegmatitos zonados, simples, e lentiformes,
Maiores detalhes sobre os pegmatitos da região ambos de direção NW-SE, relacionados a uma zona
de Castro Alves poderão ser consultados no relatório de cisalhamento sobre um ortognaisse com bandas
do Projeto Minipeg (Lopes, 2006), que contém uma centimétricas quartzofeldspáticas e níveis
ampla tabela com a relação de todos os pegmatitos submilimétricos de biotita. Os pegmatitos são
cadastrados na área. A sigla de cada garimpo, cuja associados a faixas centimétricas a métricas de
descrição resumida vem a seguir, é uma referência do anfibolito, cuja foliação dobrada (Sn) tem atitudes, em
Projeto Minipeg. estilo isoclinal, que variam em direções – N80°E a
N40°W – e mergulhos – 70o a 85o, ora para SE, ora
para SW. É possível que os dois corpos pegmatíticos
6.5.1 – Garimpos de feldspato e quartzo
tenham-se originado de um outro maior, que teria sofrido
budinagem, e os dois resultantes deslocaram-se um do
Garimpo de Chico Monzé (GA-165) outro de 26 metros, em decorrência de uma falha
dextral. O corpo principal tem comprimento e largura
Localização – fica a oitocentos metros a SW da máximos estimados em 120 e trinta metros,
fazenda Monzé, a 11,5 quilômetros a NNW da cidade respectivamente, e o outro, em oitenta e quatorze
de Castro Alves (figura 5). metros, respectivamente. Foram mapeadas, em parte,
as zonas marginal, mural, intermediária e núcleo.
Morfologia – a área é de relevo arrasado. O solo, • Zona marginal – ocorre em parte das bordas
que é característico daqueles que ocorrem no domínio das cavas, em estreitas faixas de dez a sessenta
dos ortognaisses migmatíticos, não chega a quarenta centímetros de largura, em contato com a rocha
centímetros de espessura encaixante (lapa do pegmatito) e com a zona mural.
Situação atual do garimpo – aberto há cerca de Sua composição corresponde à de um granito rosa,
três anos, o garimpo é constituído por duas cavas. A grosso, com cristais de magnetita (abaixo de 2%
maior (foto 15) tem as seguintes dimensões: da composição da rocha) de até dois centímetros
comprimento de 62 metros, largura de 28 metros e de comprimento.
profundidade máxima de três metros. A outra cava, • Zona mural – ocorre em quase toda a
que sofreu inundação parcial, acompanha o corpo extensão dos corpos pegmatíticos, próximo às
pegmatítico no sentido longitudinal. As dimensões do bordas das cavas e em contato nítido com a zona
corpo escavado são as seguintes: 68, quinze e 2,5 intermediária, com largura de vinte centímetros a
metros, respectivamente de comprimento, largura e um metro, esta constatada na extremidade SE da
profundidade máxima. cava, na sua parte mais rasa. Esta zona é

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km

Figura 5 – Mapa de localização dos pegmatitos de Nezinho, Chico Monzé, Pirapora e Rancho Alegre
Figure 5 – Localization map of the Nezinho, Chico Monzé, Pirapora and Rancho Alegre pegmatites

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constituída por cristais médios a grossos de quartzo a extração em suas terras. A cava para extração tem
e feldspato, em intercrescimento gráfico. 42 metros de comprimento e máximos de dezenove
• Zona intermediária – ocupa a maior parte metros de largura e seis metros de profundidade. Como
desenvolvidos dos pisos das duas cavas, mas, na cava a cava está em parte inundada, a exposição do
menor, abandonada, encontra-se em parte submersa. pegmatito é apenas parcial.
A largura passa dos dezessete metros, na cava maior, Descrição do pegmatito – o garimpo foi
a 10,5 metros na cava menor. Esta zona é constituída trabalhado sobre um pegmatito zonado, simples,
por cristais muito desenvolvidos de feldspato róseo assimétrico, lentiforme, com atitudes variáveis em
com porções claras e esverdeadas, nas quais direção – N15oE a N50oW –, e mergulhos – 40oNW a
registram-se cristais de berilo de até cinco centímetros 15oSW. O pegmatito é relacionado a uma zona de
e de columbita-tantalita de dois centímetros. É cisalhamento que corta um ortognaisse com bandas
cortada por veios centimétricos a métricos de quartzo centimétricas a milimétricas quartzofeldspáticas e
leitoso, por vezes associados a placas centimétricas tonalíticas. Foram mapeadas, em parte, as zonas
de biotita, relacionados a fraturas de preenchimento, marginal, mural e intermediária (ver anexo 4).
e encerram ainda bolsões também centimétricos • Zona marginal – é de ocorrência restrita. Foi
deste mineral. mapeada apenas uma estreita faixa de vinte metros
• Núcleo – o núcleo de quartzo está exposto, de largura, em contato com ortognaisse, no canto
em parte, apenas na extremidade noroeste da cava SW da cava. Corresponde a um granito grosso,
maior, com quinze metros de comprimento e cinco cinza-rosa – devido a traços de magnetita –, que,
metros de largura. Nas paredes da cava apresenta às vezes, está em contato direto com a zona
intermediária, feldspática.
apófises que cortam a zona intermediária,
• Zona mural – ocorre em alguns trechos da
feldspática. O quartzo é leitoso, e, em alguns locais,
parede NE da cava, em contato direto com o
exibe porções róseas e, com menor freqüência,
ortognaisse e com a zona intermediária, com
ocorre esfumaçado.
largura de 25 a oitenta centímetros. É constituída
Produção histórica – conforme informações
essencialmente por cristais médios a grossos de
locais e dados do levantamento topográfico das cavas,
quartzo e feldspato, em intercrescimento
já foram produzidas, neste garimpo, cerca de 4.740
gráfico.
toneladas de feldspato de primeira e 11.060 toneladas • Zona intermediária – ocupa todo o piso da
de quartzo. cava, em parte inundada, com largura maior que
Estimativa de reserva – as extensões em cinqüenta metros e profundidade maior que seis
profundidade e para leste do corpo principal permitem metros na parte mais profunda. Cristais de
estimar uma reserva da ordem de 5.360 toneladas de feldspato róseo, com porções claras, muito grossos,
feldspato e 12.495 toneladas de quartzo. Mas faz-se chegam a ultrapassar um metro de comprimento.
necessária uma investigação detalhada deste pegmatito São cortados por veios centimétricos a métricos
e de outros alinhados numa zona de cisalhamento de de quartzo leitoso, por vezes associado a placas
direção NW-SE, aí incluído o garimpo de Didi. centimétricas de biotita, que preenchem fraturas.
Outras vezes a biotita forma bolsões também
Garimpo de Didi (GA-129) centimétricos.
Produção histórica – com base em informações
Localização – este garimpo fica a 590 metros a locais e no levantamento topográfico, admite-se que
SSW da fazenda Florinda, a 9,6 quilômetros a NNW foram produzidas cerca de 1.200 toneladas de feldspato
da cidade de Castro Alves (figura 5). de primeira e 3.610 toneladas de quartzo.
Morfologia – a área é de relevo arrasado. O solo, Estimativa de reserva – calcula-se uma reserva
característico do domínio dos ortognaisses potencial em torno de 6.540 toneladas de feldspato e
migmatíticos, não chega a quarenta centímetros de cerca de 20.060 toneladas de quartzo, o que justifica
espessura. uma pesquisa complementar neste segmento. Sugere-
Situação atual do garimpo – aberto há se o emprego de métodos geofísicos
aproximadamente dois anos, o garimpo foi suspenso (eletrorresistividade, gamaespectrometria e/ou
na cerca da fazenda do Sr. Miranda, que não permite eletromagnetismo), seguidos de sondagem.

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Garimpo de Nezinho (GA-64) granulação média a grossa. Na parede SW,


próximo à extremidade SE da cava, em contato
Localização – este garimpo fica a 2,5 quilômetros com anfibolito, registrou-se uma alteração da
a WNW da fazenda Macambira (figura 5) e a nove encaixante metamáfica, com a biotita formando
quilômetros a NW da cidade de Castro Alves. placas centimétricas.
Morfologia – o relevo é arrasado, e o solo é raso, • Zona mural – está intercalada entre a zona
com espessura inferior a quarenta centímetros, marginal e a zona intermediária, em contatos
característico do domínio dos ortognaisses nítidos com as duas zonas. A largura da zona mural
migmatíticos. varia entre dez centímetros e dois metros. É
Situação atual do garimpo – aberto há cerca de constituída essencialmente por cristais médios a
sete anos, o garimpo consta de uma cava de 180 metros grossos de quartzo e feldspato, com
de comprimento, trinta de largura e doze de intercrescimento gráfico.
profundidade máxima, dentro da qual o corpo • Zona intermediária – está parcialmente
pegmatítico encontra-se parcialmente exposto (foto 17). exposta nas faixas laterais ao piso encascalhado
Descrição do pegmatito – este corpo e nas paredes da cava, e corresponde a massas
pegmatítico é um dos mais extensos da região: trezentos irregulares de cristais gigantes de feldspato cinza-
metros de comprimento por trinta de largura. A sua róseo, com porções locais esverdeadas
direção coincide com a de um cisalhamento de direção (albitizadas), de cerca de um metro, associadas
NW, ao qual se relacionam também, a noroeste, outros de forma irregular e caótica com bolsões e faixas
nove pegmatitos de pequeno porte, nas fazendas métricas de quartzo, provavelmente apófises do
Algodão e Saco do Capim. núcleo subjacente. Algumas vezes, tanto no interior
O pegmatito do garimpo do Nezinho está alojado, do feldspato como no contato deste mineral com
de forma discordante, em um ortognaisse com bandas o quartzo, ocorrem concentrações de até trinta
centimétricas quartzofeldspáticas, de granulação média, centímetros de diâmetro de agregados de cristais
com níveis submilimétricos de biotita fina, associada a de columbita-tantalita. De ocorrência mais restrita,
faixas centimétricas a métricas de rocha metamáfica foram também observados agregados de cristais
com traços de hiperstênio e, mais restritamente, de afrisita e de cristais verdes, aciculares, de
metaultramáfica. A foliação das rochas encaixantes espodumênio (identificado em microscópio). Na
(Sn) tem atitudes variáveis, devido a dobramentos:
extremidade NW da cava foram observados
N85oW a N10oE, com mergulhos de 35oNE a 80oSE,
enclaves de uma rocha ultramáfica.
respectivamente.
• Núcleo – o núcleo quartzoso ocorre, em parte,
Dobras isoclinais redobradas e lineações paralelas
na forma de emanações ou apófises dentro da zona
aos eixos dos redobramentos (12°N15°W) são
intermediária, mas, em algumas frentes do garimpo,
observadas na parede NE da cava, próxima à
o quartzo predomina em relação ao feldspato. O
extremidade SE, localmente exibindo uma estrutura que
sugere dobra em bainha. Também foi registrada na quartzo é bastante fraturado em um sistema bem
parede SE, próxima à extremidade NW da cava, uma irregular. O leitoso é a variedade dominante, mas
foliação (Sn) N20°W/40°NE, aparentemente há pequenas variações para quartzo róseo.
relacionada a um drag que sugere um movimento de Produção histórica – foram aí produzidas cerca
transempurrão para NW. O pegmatito é zonado, simples de 21.420 toneladas de feldspato e 32.130 toneladas
e lentiforme, com plunge paralelo às lineações de quartzo. Em meados de 2004 eram extraídas cerca
referidas acima, e contém todas as zonas de um corpo de quarenta toneladas diárias de pegmatito, das quais
heterogêneo, descritas a seguir. 65% de feldspato e 35% de quartzo, ambos de primeira
• Zona marginal – foi mapeada parcialmente qualidade.
nas extremidades da cava, com largura variável Estimativa de reserva – presume-se que este
entre vinte centímetros e um metro, em contato corpo pegmatítico possa atingir pelo menos o dobro da
brusco com a rocha encaixante, cuja atitude varia profundidade já atingida no garimpo, bem como alargar-
conforme a posição do corpo: N5°-30°W/30°-70° se, nas laterais, tanto para SW como para NE, e
SW, podendo, localmente, ser de N5°W/85°NE. prolongar-se por mais de cem metros no sentido do
A composição é a de um granito rosa, de suave plunge para NW. Com estas premissas, pode-

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se estimar uma reserva adicional da ordem de 38.240


toneladas de feldspato e 55.540 toneladas de quartzo.
Nestes cálculos foi admitida uma profundidade de lavra
a até vinte metros. Assim, é grande o presumível
potencial remanescente deste pegmatito, o que justifica,
neste sítio, uma pesquisa complementar com o emprego
de métodos geofísicos (eletrorresistividade,
gamaespectrometria e/ou eletromagnetismo), seguidos
de sondagem.

Garimpo de Pirapora (GA-302)

Localização – próximo à margem NE da estrada


Castro Alves-fazenda Saracura, a 1,3 quilômetro a NW
Foto 16 - Cava noroeste do garimpo da faz. Pirapora
da fazenda homônima e a 5,1 quilômetros a NW da
Photo 16 – Northwest pit of the Pirapora farm garimpo
cidade de Castro Alves (figura 5).
Morfologia – o relevo é arrasado, e o solo é raso,
com espessura abaixo de quarenta centímetros,
característico do domínio dos ortognaisses migmatíticos • Zona mural – ocorre de forma restrita nas
do Complexo Caraíba. paredes NE e SW das cavas do extremo
Situação atual do garimpo – aberto há cerca de sudeste e centro-sudeste, em nítido contato
dois anos, este garimpo permanece em franca atividade. com a zona intermediária, de direção variável
É constituído por cinco cavas, todas elas abertas no entre N25°W e N60°W, e mergulhos de 35° a
80°SW. A largura desta zona é superior a
segmento do corpo pegmatítico.
quatro metros, medida onde o mergulho é mais
A cava maior, que tem 32 metros de comprimento,
suave. A zona mural é constituída
vinte de largura e seis de profundidade, foi aberta na
essencialmente por cristais médios a grossos
porção centro-sul do corpo pegmatítico. As dimensões
de quartzo e feldspato, em intercrescimento
das cavas das extremidades NW (foto 16) e SE são
gráfico.
de 24 metros de comprimento por nove de largura e
• Zona intermediária – ocupa todos os pisos
quatro de profundidade, e de quarenta por seis por dois
das cavas, com largura máxima superior a
metros, respectivamente. As demais possuem
quinze metros e profundidade, no nível mais
dimensões próximas de quinze metros de comprimento,
profundo da cava, superior a 5,5 metros. Nesta
9,5 metros de largura e 2,5 metros de profundidade.
zona, o pegmatito é constituído por cristais
Descrição do pegmatito – trata-se de um corpo muito grossos a gigantes – de até um metro –
zonado, simples, lentiforme, de direção que varia de de feldspato róseo com porções escuras, por
N25°W a N60°W. Conquanto não detectada nas cavas, vezes com parcial caulinização, bastante
a litologia encaixante é constituída por ortognaisses fraturados. É cortado por inúmeros veios
migmatíticos, que afloram a seiscentos metros a SE, centimétricos a métricos, muitas vezes com
na margem NE da estrada entre Castro Alves e a mais de quatro metros de comprimento de
fazenda Saracura. Apresentam uma foliação de quartzo leitoso, que preenchem fraturas, ou
cisalhamento paralela à Sn N30°W/70°NE, ondulada, encerram grandes bolsões quartzosos de
devido a uma falha sinistral de atitude N30°E/70°NW. dimensões similares. Minerais acessórios não
Esta deformação explica a variação da direção do corpo foram constatados. O corpo pegmatítico, que
pegmatítico, que tem a forma de meia-lua, decorrente é de grande porte, só foi explotado
de um sistema de falhas, dextral a NW e sinistral a SE parcialmente.
(figura 6). O pegmatito tem comprimento e largura Produção histórica – a quantidade de material
estimados em mais de setecentos metros e cinqüenta extraído até o presente é estimada em 1.460 toneladas
metros, respectivamente. Apenas as zonas mural e de feldspato e 3.415 toneladas de quartzo.
intermediária (anexo 6) foram constatadas. Estimativa de reserva – a reserva potencial

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deste pegmatito é da ordem de 6.020 toneladas de • Zona mural – está em contato nítido com as
feldspato e 10.630 toneladas de quartzo, o que justifica zonas marginal e intermediária, com largura de
uma pesquisa complementar com emprego de métodos trinta centímetros a 2,3 metros. É constituída
geofísicos, seguidos de sondagem. essencialmente por cristais médios a grossos de
quartzo e feldspato, em intercrescimento gráfico.
Garimpo de Raimundo Belo (GA-72) • Zona intermediária – ocupa a maior parte
dos pisos das três cavas, com largura variável de
Localização – este garimpo situa-se a cinco dois a dez metros. É formada por cristais muito
quilômetros a NW do povoado de Jenipapo, a doze grossos a gigantescos – podem ultrapassar um
quilômetros a NE da cidade de Castro Alves (figura 7) metro – de feldspato róseo, cortado por veios
. centimétricos a métricos de quartzo leitoso, por
Morfologia – o relevo local é arrasado, e o solo vezes associado a placas centimétricas de biotita
tem uma espessura que não chega a quarenta e relacionados a fraturas de preenchimento. O
centímetros, característico do domínio dos ortognaisses quartzo encerra bolsões desenvolvidos de biotita.
migmatíticos, relacionados a uma zona de cisalhamento • Núcleo – o núcleo quartzoso está
de direção NW-SE e que se estende além dos limites parcialmente exposto ao longo de grande parte dos
norte e sudeste de toda a área de ocorrência dos centros das cavas, com largura que varia de
pegmatitos de Castro Alves. setenta centímetros a 6,3 metros. O quartzo é
Situação atual do garimpo – aberto há cerca de leitoso e bastante fraturado.
nove anos, compõe-se de três cavas que tornaram o Produção histórica – o levantamento topográfico
corpo pegmatítico parcialmente exposto. A cava das cavas permite estimar, em nove anos de
noroeste tem 142 metros de comprimento, quatorze de atividade, uma produção da ordem de 14.270
largura e 4,4 de profundidade máxima. A central tem toneladas de feldspato de primeira e 33.300
52 metros de comprimento, quinze de largura e seis de toneladas de quartzo.
profundidade máxima, enquanto a cava sudeste tem Estimativa de reserva – o aprofundamento do
215 metros de comprimento, 24 de largura e dez de corpo pegmatítico e sua extensão para SW e,
profundidade máxima. principalmente, NW, uma vez que foi registrado, a 350
Descrição do pegmatito – é o mais extenso de metros deste corpo, um outro pegmatito aflorante por
todos os pegmatitos cadastrados na região, com mais mais de 150 metros (GA-135), permite estimar uma
de quinhentos metros de comprimento e quinze metros reserva superior a 50.520 toneladas de feldspato e
de largura máxima. É cortado por um sistema de falhas 117.890 toneladas de quartzo.
paralelas, de direção NE-SW.
O pegmatito é zonado, simples e lentiforme, Garimpo de Rancho Alegre (GA-317)
relacionado a uma zona de cisalhamento sobre um
ortognaisse com bandas centimétricas Localização – o pegmatito situa-se a 880 metros
quartzofeldspáticas e níveis submilimétricos de biotita, a sul da fazenda homônima, a 5,5 quilômetros a norte
associados a faixas centimétricas a métricas de da cidade de Castro Alves (figura 5).
anfibolito, cuja foliação (Sn) varia de N80°W a N20°E, Morfologia – a área é de relevo arrasado,
com mergulhos de 70° a 85° para NE ou SE. Foi característico do domínio dos ortognaisses
mapeado todo o zoneamento deste pegmatito. migmatíticos, na zona de interseção de duas fraturas
• Zona marginal – ocorre nas proximidades das de direções NE e N.
bordas NE das cavas norte, central e sul. Na cava Situação atual do garimpo – em meados da
sul ocorre também na borda SW, em estreitas década de 70, a Mineração Vale do Jacurici já havia
faixas de vinte centímetros a 4,5 metros de largura, extraído quartzo em pequenas cavas a apenas cinqüenta
cujo contato com a encaixante varia de N5°E a metros a norte do garimpo atual, que, a partir de junho
N65°W, com mergulhos variáveis, de 15° a 88º de 2004, passou a ser tocado pelo Sr. Carlos David
para leste e oeste. A composição é a de um granito Guimarães.
cinza-róseo, médio a grosso, constituído por Descrição do pegmatito – é composto por três
quartzo, feldspato e magnetita (acessório). corpos subparalelos, encaixados em ortognaisses

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Figura 6 – Deformação do pegmatito da fazenda Pirapora


Figure 6 – Strain of the Pirapora farm pegmatite

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Arquivos Abertos 28 Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM

km

Figura 7 – Mapa de localização dos pegmatitos de Serrinha, Serrinha SE e Raimundo Belo


Figure 7 – Localization map of the Serrinha, Serrinha SE and Raimundo Belo pegmatites

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Figura 8 – Mapa do pegmatito da fazenda Rancho Alegre


Figure 8 – Map of the Rancho Alegre farm pegmatite

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migmatíticos (figura 8). No maior deles, parcialmente intercrescimento gráfico e alongados da periferia
exposto numa cava de 63 metros de comprimento, 27 para o centro.
metros de largura e seis metros de profundidade (foto • Zona intermediária – ocupa todo o piso e as
17), ocorreu a maior parte da extração. Os corpos paredes da cava, com largura de mais de 25 metros
menores ocorrem a trinta metros a NW e a cinqüenta e profundidade maior que seis metros, no nível mais
metros a norte. O último está exposto em duas cavas profundo da cava, onde não foi ainda alcançado o
alinhadas na direção NW-SE. A maior com 28 metros núcleo de quartzo. Esta zona é constituída por
de comprimento, 16,5 de largura e quatro metros de cristais muito grossos a gigantes de feldspato róseo,
profundidade, e a menor com nove metros por seis por com porções claras e escuras, bastante fraturados,
dois. A outra cava, com 29 metros por doze por quatro, cortados por inúmeros veios centimétricos a
respectivamente de comprimento, largura e altura, está métricos, muitas vezes com mais de cinco metros
quase totalmente entulhada, sendo registrado apenas de comprimento, de quartzo leitoso, relacionados
um ponto na parede leste com uma faixa de pegmatito a fraturas de preenchimento, encerrando ainda
gráfico. A 150 metros a N50°W da cava maior estava bolsões de dimensões similares deste mineral.
sendo aberta com retroescavadeira, em outubro de Localmente apresentam, no contato com o veio
2004, uma outra cava de dez metros por seis, que expôs de quartzo, biotita em placas de até setenta por
matacões de quartzo leitoso e uma faixa da zona quarenta por três centímetros. A análise
intermediária feldspática (GA-395), provavelmente uma mineralógica de uma amostra de feldspato róseo
extensão NW do corpo principal. com manchas cinza revela que o mesmo é um
ortoclásio microclinizado. As análises química e
tecnológica da mesma amostra revelaram que o
feldspato atende plenamente às exigências da
indústria cerâmica e vidreira.
Produção histórica – segundo o Sr. Guimarães,
de julho a agosto de 2004 foram produzidas 880
toneladas de feldspato de primeira e 840 toneladas de
quartzo. Em agosto de 2005, com dezessete
trabalhadores, foram produzidas 440 toneladas de
feldspato de primeira e 160 toneladas de quartzo.
Estima-se que, até o momento, foram produzidas 4.900
toneladas de feldspato e 5.900 toneladas de quartzo.
Estimativa de reserva – o aprofundamento do
corpo pegmatítico principal por pelo menos o triplo da
Foto 17 – Visão parcial da cava principal do garimpo de profundidade atual, o seu alargamento para SW e o
Rancho Alegre, mostrando na parede oriental a zona prolongamento para NW por mais de 150 metros
intermediária do pegmatito permitem estimar uma reserva da ordem de 75.000
Photo 17 – Partial view of the main pit of the Rancho toneladas de feldspato e 114.000 toneladas de quartzo.
Alegre garimpo, showing, on the eastern wall, the middle
zone of the pegmatite
Garimpo Serrinha (GA-55)

O corpo principal está em parte exposto nas cavas, Localização – o garimpo está localizado a sudeste
representados basicamente pelas zonas mural e da fazenda homônima, a 9,5 quilômetros a NW da
intermediária (figura 8). cidade de Castro Alves e a 3,4 quilômetros a NW do
povoado de Candeal (figura 7).
• Zona Mural – ocorre, de forma restrita, em Morfologia – o local é de relevo arrasado,
contato nítido com a zona intermediária e com o característico do domínio dos ortognaisses
biotitaortognaisse cisalhado, com largura máxima migmatíticos.
de 1,5 metro. É constituída essencialmente por Situação atual do garimpo – é um dos mais
cristais grossos de quartzo e feldspato, em antigos da região, produzindo quartzo e feldspato há

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mais de uma década. Nos últimos dois anos está sendo outro falhamento, também sinistral, de direção NE
garimpado por Roberto Mineiro, que abriu um acesso (figura 9), com rejeito da ordem de quarenta
para caçamba até ao fundo da cava (fotos 18 e 19). metros.
O pegmatito é exposto numa cava arredondada,
com 87 metros de comprimento, 57 metros de largura
e doze metros de profundidade máxima, aliás, a maior
da região. A forma do corpo (figura 10), mapeado em
detalhe, indica esforços geradores de um movimento
sinistral. Não só este como também o corpo menor
(Serrinha SE) e outros alinhados nesse falhamento
sugerem que esses pegmatitos sofreram boudinage.
A segmentação por eles sofrida durante as
deformações tectônicas classificam-nos como
pegmatitos sintectônicos. Quatro zonas primárias
compõem o pegmatito de Serrinha.
• Zona marginal – foi mapeada parcialmente
por quase toda a borda interna da cava, com largura
Foto 18 – Vista parcial do garimpo de Serrinha (GA-55) variável entre trinta centímetros e um metro, em
mostrando um xenólito de anfibolito da encaixante contato brusco com a rocha encaixante. As atitudes
Photo 18 - Partial view from the Serrinha garimpo (GA- variam de N55°W a N50°E de direção, e mergulho
55) showing a xenolith of amphibolite host
de 15° a subvertical para SW ou NW, conforme o
strike. A composição corresponde à de um granito
cinza-claro de granulação média a grossa,
constituído por feldspato e quartzo minerais
essenciais – e magnetita – acessório que às vezes
dá uma coloração rósea ao pegmatito. Localmente,
foram observados a apófise de um granito que
corta a encaixante e um xenólito desta encaixante.
Esta rocha corresponde a um ortognaisse
migmatítico, com bandas quartzofeldspáticas
centimétricas e bandas escuras anfibolíticas, de
granulação fina a média, cisalhada. Em alguns
locais contém enclaves de anfibolito e um corpo
centimétrico de gabro que preenche uma fratura.
Sua foliação (Sn) varia de N10°E a N25°E, com
mergulhos de 50° a 70° para SE, cortada
Foto 19 – Vista parcial do garimpo de Serrinha (GA-55), claramente por uma foliação de cisalhamento,
com acesso atual ao fundo da cava coincidente com a direção principal do corpo, que
Photo 19 – Partial view of the Serrinha garimpo (GA-55), varia de N10°E a N15°W, com mergulhos de 50 a
with the present-day access to the bottom of the pit 80° para NW ou SW.
• Zona mural – está em íntima associação com
a zona marginal e, em grande parte da borda interna
Descrição do pegmatito – trata-se de um corpo da cava, em contato nítido com a zona
simples, zonado, com cerca de 210 metros de intermediária, com largura variável entre trinta
comprimento e largura que varia de cinqüenta a 5,5 centímetros e 1,4 metro. É constituída por cristais
metros, encaixado em ortognaisse migmatítico. O grossos de quartzo e feldspato, em
pegmatito está relacionado a um falhamento sinistral intercrescimento gráfico, alongados da periferia
de direção NW-SE, que corta toda a área do Projeto para o centro.
Minipeg e aloja outros corpos a NW e a SE, além do • Zona intermediária – ocupa quase todo o
corpo Serrinha SE, que é aparentemente deslocado por piso da cava, com largura menor do que 4,5 metros

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Figura 9 – Mapa dos pegmatitos de Serrinha e Serrinha SE


Figure 9 – Map of the Serrinha and Serrinha SE pegmatites

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Figura 10 – Mapa geológico do pegmatito de Serrinha


Figure 10 – Geologic map of the Serrinha pegmatite

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na parte SE da cava, próximo à extremidade do estimativa, admitiu-se, com base nos garimpeiros,
corpo, e maior do que 47 metros no centro da cava. um aproveitamento de 75% do material extraído,
Na extremidade NW esta zona é recoberta pelas sendo 55% de quartzo e 45% de feldspato. Em
zonas anteriores. No ponto PP-S-05E constata- novembro de 2003, com dezessete garimpeiros,
se que a zona marginal , de atitude N45°E/20°NW, foram produzidas 240 toneladas mensais de
está em contato com gnaisse cisalhado, de atitude feldspato de primeira e sessenta toneladas mensais
N10°E/70°NW. Este fato e uma pequena cava a de feldspato de segunda, e 320 toneladas mensais
10,5 metros a N, que expõe o contato leste do de quartzo superespecial.
corpo pegmatítico com a encaixante, além da forma Estimativa de reserva – o aprofundamento do
do pegmatito, que faz lembrar um augen gigante, corpo pegmatítico por pelo menos o dobro da
não deixam dúvidas de que o corpo se prolonga profundidade atual e o seu provável prolongamento para
para NE, tendo sido lavrada apenas a sua parte NW por mais de 115 metros, onde está intacto, permite
meridional. Corresponde a cristais muito grossos estimar uma reserva da ordem de 54.940 toneladas de
a gigantes (métricos) de feldspato róseo, com feldspato e 81.410 toneladas de quartzo. Tendo em vista
porções cinza-claro, em parte esbranquiçadas, o grande potencial remanescente deste corpo, justifica-
devido à albitização, bastante fraturados, cortados se a realização de uma pesquisa por meio de método
por inúmeros veios centimétricos a métricos de geofísico e posterior sondagem, para investigar o seu
quartzo leitoso, muitas vezes com mais de dez prolongamento para NW e o seu comportamento em
metros de comprimento, relacionados a fraturas subsuperfície.
preenchidas. Às vezes são confundidos com o
núcleo de quartzo, mas o aprofundamento da cava
revela que são apenas apófises do núcleo Garimpo Serrinha SE (GA-440)
subjacente (foto 21). Por vezes, apresentam
fraturas no contato com o veio de quartzo, com Localização – como sugerem as figuras 7 e 9,
biotita, em placas com mais de um metro de o Serrinha SE é o prolongamento, para sudeste, do
comprimento e alguns centímetros de espessura. garimpo Serrinha (GA-55).
Segundo informações de garimpeiros, ocorrem Relevo – o local é de relevo arrasado,
também nesta zona pequenas concentrações de característico do domínio dos ortognaisses
alguns centímetros de diâmetro de columbita- migmatíticos.
tantalita. Situação atual do garimpo – é um corpo
A análise mineralógica de uma amostra de pegmatítico simples, zonado, com 208 metros de
feldspato róseo com manchas cinza revela que o comprimento e largura superior a vinte metros, também
mesmo é um ortoclásio microclinizado. Análises encaixado em ortognaisse migmatítico. Está exposto
química e tecnológica realizadas por Griffon (2003) numa cava alongada, com 120 metros de comprimento,
mostram que o feldspato róseo de Serrinha atende 24 metros de largura e 11,5 metros de profundidade
plenamente às exigências das indústrias cerâmica máxima.
e vidreira. Descrição do pegmatito – É lentiforme e
• Núcleo – o núcleo quartzoso, a despeito de constituído pelas quatro zonas (figura 9) a seguir
ser esta a cava mais profunda do distrito descritas.
pegmatítico, ainda não foi exposto, estando apenas Zona marginal – foi mapeada principalmente
representado por veios já constatados. O quartzo em algumas faixas da borda externa e interna oeste
é leitoso, bastante fraturado, em grande parte da cava, com espessura que varia de vinte a 45
aproveitado como superespecial. No final de 2003 centímetros, em contato brusco com a rocha
este quartzo respondeu por pouco mais de 50% encaixante (foto 20). Sua atitude é variável,
da produção desta cava. conforme a posição do corpo, de N20°W a N30°E,
Produção histórica – de acordo com informações e mergulhos de 60° a 80° para SW ou NW. Tem a
locais, e com base no levantamento topográfico composição de um granito e, assim como a
deste garimpo, ano de 2004, estima-se que até o encaixante, apresenta as mesmas características
presente foram produzidas 17.400 toneladas de descritivas observadas no corpo pegmatítico de
feldspato e 26.100 toneladas de quartzo. Nesta Serrinha.

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Foto 21 – Detalhe da zona intermediária feldspática no


garimpo de Serrinha SE (GA-440)
Photo 21 – Detail of the feldspatic middle zone in the
Serrinha SE garimpo (GA-440)

• Núcleo – O núcleo de quartzo está


parcialmente exposto apenas na extremidade
norte da cava, a uma profundidade de 11,6 metros,
com largura de 2,6 a 5,8 metros, apresentando
Foto 20 - Extremidade NW do garimpo de Serrinha SE inúmeras apófises que cortam a zona
(GA-440). intermediária feldspática ao longo das paredes
O homem, no alto, indica o contato da zona marginal
da cava. Apresenta as mesmas características
granítica com a encaixante
registradas no corpo descrito anteriormente.
Photo 20 – Extreme NW of the Serrinha SE garimpo (GA-
440). The man aboveground indicates the contact between Produção histórica – a partir de levantamento
granitic marginal zone and the enclosing rock topográfico realizado em 2004 no Serrinha SE, estima-
se que foram daí extraídas cerca de 6.690 toneladas
de feldspato e 15.610 toneladas de quartzo.
• Zona mural – intercalada entre as zonas Estimativa de reserva – o aprofundamento do
marginal e intermediária, com largura variável corpo pegmatítico, a pelo menos o dobro da
de trinta centímetros a um metro, possui as profundidade atual e seu alargamento para SW
mesmas características registradas no corpo de permitem estimar uma reserva da ordem de 25.180
Serrinha. toneladas de feldspato e 58.790 toneladas de quartzo.
• Zona intermediária – ocupa quase todo o Diante do grande potencial mineral remanescente deste
piso da cava, em grande parte recoberta por corpo, adjacente ao descrito anteriormente, justifica-
rejeito, mostrando ainda boas exposições nas se o estudo mais detalhado do mesmo, em conjunto
paredes subverticais, com larguras que variam com o anterior.
de 4,5 metros, na extremidade NW, a cerca de
25 metros no centro da cava, onde está 6.5.2 – Garimpos de quartzo
parcialmente exposta. O feldspato apresenta as
mesmas características registradas no contíguo O quartzo da região de Castro Alves ocorre na
garimpo de Serrinha, (foto 21), inclusive cortado variedade quartzo leitoso, por vezes associado a quartzo
por muitos veios centimétricos a métricos de rosa – freqüente nos pegmatitos alojados em
quartzo leitoso. Foi explotada apenas na parte ortognaisses granulíticos – e, raras vezes, esfumaçado.
situada acima do núcleo de quartzo. Serão descritos, neste capítulo, garimpos em que

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o quartzo abarca 80% a 100% do pegmatito. Os quilômetros a NE da cidade de Castro Alves, junto a
principais são os das fazendas Alto Paulista, Melancia, uma estrada de terra em boa condição de tráfego,
Salgado, Serrote e Morro. que liga os povoados de Candeal e Porto da Passagem,
na parte centro-nordeste de uma área de pesquisa
onde foram cadastrados outros sete corpos
Fazenda Alto Paulista (GA-206)
pegmatíticos, dos quais um é de médio a grande porte
(GA-409) (figura 12).
O corpo pegmatítico da fazenda Alto Paulista
O núcleo aflorante do corpo pegmatítico da
localiza-se a quatro quilômetros a SSE da cidade de
fazenda Melancia, de direção N15°W, tem cerca de
Castro Alves, próximo a uma estrada de terra em boa
112 metros de comprimento contínuo, e uma largura
condição de tráfego, na parte centro-norte de uma área
de pesquisa, onde foram cadastrados outros seis da ordem de 25 metros. Em determinados locais foram
corpos, dos quais, três estão no mesmo alinhamento, observados seixos de feldspato. A 35 metros a leste do
relacionados a um falhamento de direção NW/SE. núcleo de quartzo foi encontrado um bloco de pegmatito
Esses três aparentam constituir um outro corpo, em gráfico.
relação aos demais (figura 10). O quartzo é leitoso, fraturado, e uma amostra
O pegmatito da fazenda Alto Paulista tem direção analisada (GA-M-435), do tipo especial (ver quadro
N40°W, e aparenta ser lentiforme. O núcleo de quartzo 10, capítulo 6.7), revelou teores altos de Fe e Al, por se
aflorante forma um morro, que se destaca no suave tratar de material superficial, com fraturas preenchidas
relevo ondulado, relacionado aos ortognaisses por películas de óxido de ferro.
granulíticos. Em algumas encostas onde ocorrem Estimativa de reserva – o corpo da fazenda
inúmeros blocos e matacões de quartzo, foram Melancia ainda não foi pesquisado, mas, a partir de
observados, em alguns desses matacões, bolsões de uma cava de 25 metros de profundidade, estima-se
feldspato em cristais grossos, em parte caulinizados. uma reserva de 111 mil toneladas de quartzo e 22,20
O núcleo de quartzo apresenta várias porções de mil toneladas de feldspato.
quartzo rosa, cor que aparenta ser mais intensa em
profundidade. Fazenda Salgado (GA-437, GA-438 e GA-439)
Estimativa de reserva – conquanto ainda não
pesquisado, o pegmatito da fazenda Alto Paulista Neste local, são três corpos pegmatíticos
aparenta ser de grande porte, com prováveis mais de localizados a 4,8 quilômetros a WNW da cidade de
150 metros de comprimento por trinta de largura. Castro Alves, a 1,1 quilômetro a norte da BA-493, no
Admitindo-se uma cava de extração até à profundidade trecho Castro Alves-Santa Terezinha, na parte oeste
de trinta metros, estima-se uma reserva potencial de de uma área de pesquisa onde foram cadastrados outros
210 mil toneladas de quartzo de excelente qualidade, e 22 corpos pegmatíticos, quase todos de médio a pequeno
de 21 mil toneladas de feldspato. porte, alguns alinhados entre si (figura 13).
O outro corpo a sudeste, indicado pelas ocorrências Os pegmatitos estão expostos em cavas
GA-498, GA-499 e GA-159 (figura 11), tem as mesmas superficiais, com pouco mais de três metros de
características geológicas, estruturais e mineralógicas profundidade. A exposição da zona intermediária é
do anterior, inclusive quartzo rosa, com cerca de
apenas parcial, com feldspato em cristais gigantes
novecentos metros de comprimento e cerca de vinte
associado a veios e bolsões métricos de quartzo
metros de largura. Entre as ocorrências extremas (GA-
leitoso. Parece tratar-se de um único corpo que
458 e GA-159) foi registrado um desnível próximo de
sofreu boudinage, de direção N35°W, com
cinqüenta metros. Se confirmada a continuidade deste
seiscentos metros de comprimento e quatorze de
corpo, pode-se presumir uma reserva potencial superior
largura média.
a 500 mil toneladas de quartzo e 100 mil toneladas de
Estimativa de reserva – com a premissa de
feldspato.
poder-se lavrar a até dez metros de profundidade, pode-
se estimar reservas da ordem de 120 mil toneladas de
Fazenda Melancia (GA-435) quartzo e quarenta mil toneladas de feldspato.
Deve-se registrar ainda, na extremidade SE desta
Trata-se de um pegmatito localizado a dezoito área de pesquisa, um outro corpo pegmatítico de

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km

Figura 11 – Mapa de localização do pegmatito da fazenda Alto Paulista (GA-206) e de outros situados nas proximidades
Figure 11 – Localization map of the Alto Paulista farm pegmatite (GA-206) and other ones situated in the surroundings

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km

Figura 12 – Mapa de localização dos pegmatitos da fazenda Melancia (GA-409/GA-435) e de outros situados nas proximidades
Figure 12 – Localization map of the Melancia farm pegmatites (GA-409/GA-435) and other ones situated in the surroundings

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direção N80°W, localizado nas imediações da sede da Estimativa de reserva – para uma cava de
fazenda Salgado, a 1,5 quilômetro a NW de Castro extração de até cinqüenta metros de profundidade,
Alves, com cerca de trezentos metros de comprimento estima-se uma reserva de mais de 140 milhões de
e quinze de largura. Se for possível extrair o pegmatito toneladas de quartzo industrial. O enorme potencial e
até à profundidade de doze metros, pode-se estimar o baixo custo da extração, em desnível de cem metros,
uma reserva em torno de 80 mil toneladas de quartzo e justificam a investigação para o aproveitamento desta
28 mil toneladas de feldspato. matéria-prima para produção de quartzo fundido.
De início, foram analisadas três amostras deste
quartzito, sem qualquer beneficiamento. Foram
Fazenda Serrote (GA-68)
revelados altos teores de SiO 2 (99,49-99,56%),
baixos teores de Ca (44-59ppm), Cr (4-6ppm),
No veio de quartzo deste sítio não foi constatada
Mg (20-39 ppm), Na (34-74ppm), K (87-244ppm) e Ti
a existência de feldspato. O quartzo (localização na
(193-311 ppm). Foram considerados um pouco elevados
figura 14) é relacionado a uma falha de direção NW-
os teores de Al (416-885ppm) e Fe (518-1.052ppm).
SE. A ocorrência faz parte de um morro com desnível
Todavia, estes teores, para atenderem às
de vinte metros. O comprimento do veio, que corta
especificações industriais exigidas, poderão sofrer uma
ortognaisses migmatíticos, é da ordem de duzentos
redução significativa, após beneficiamento a baixo
metros por vinte de largura. Foi lavrado nos anos de
custo, por meio de lavagem rápida com água bruta. Os
2003 e 2004, quando a extração foi suspensa por
resultados de análises químicas de cinco amostras do
intervenção do proprietário superficiário.
mesmo quartzito, sem moagem, após lavagem durante
Estimativa de reserva – a reserva potencial,
vinte segundos, revelaram as reduções dos teores de
considerando a extração até à profundidade de trinta
Fe para 76 e 70ppm e do Al para 282 e 261ppm,
metros, pode ser estimada em torno de 318 mil
respectivamente nas amostras GA-M-32 (submetida
toneladas de quartzo.
a apenas uma lavagem) e GA-M-32-I (submetida a
outras cinco lavagens). Esses resultados não só
Fazenda Morro (GA-32) demonstram essa possibilidade, como evidenciam que
os resultados analíticos da primeira e últimas lavagens
Entre as ocorrências portadoras de quartzo, esta são bastante próximos (ver quadro 2).
se destaca por uma particularidade própria. É que se A Indústria de Materiais Filtrantes da Bahia, até
trata, na realidade, de um serrote de quartzito, localizado 1991, beneficiava o quartzito desagregado através de
a 9,7 quilômetros a SSW da cidade de Castro Alves peneiramento, recuperando apenas o quartzo na
(figura 15). Este local tem sido explotado desde o início granulometria de um a quatro milímetros, comercializado
da década de 70. O quartzo foi usado na construção principalmente como material filtrante. O rejeito era
civil, em lajes, pisos, etc, em todas as localidades vendido para a construção civil. A partir de 1991 foi
próximas, até em Santo Antônio de Jesus, onde tinha introduzida uma unidade de moagem com um silo fixo
preço inferior ao da brita. Desde 1982 tem sido também de alimentação, um britador com capacidade de
usado pela Indústria de Materiais Filtrantes da Bahia produção de 2,5m³/h, um moinho de martelos e um
Ltda., localizada na periferia de Castro Alves. sistema de peneiramento, que produz quartzo nas
O quartzito é, em parte, calcissilicático, bastante frações granulométricas: <0,59mm, 1 a 2mm e 3,5mm.
recristalizado e, em alguns trechos, cisalhado em três A maior parte do produto é consumida pela Embasa
direções principais. Esta condição, ao impacto de para estações de tratamento de água e, em menor
marreta e picareta, o torna de fácil desagregação em proporção, pela Cerb (filtros) e Cetrel (tratamento de
fragmentos milimétricos a centimétricos – até três efluentes). A Ferbasa também compra cerca de
centímetros – de quartzito misturado com alguma quarenta toneladas mensais para uso do quartzo no
tremolita alterada, e passa a constituir uma espécie de processo de metalurgia. A Petrobras também usa esse
cascalho. produto na perfuração de poços, e consome cerca de
O levantamento geológico do quartzito, realizado cem toneladas anuais. Do início da produção até 1997,
em picadas espaçadas de quinhentos metros, revelou, também eram vendidas cerca de trezentas toneladas
na área percorrida, um comprimento de 9,3 quilômetros mensais para uma indústria de Rezende, para a
e largura média de 290 metros. fabricação de um composto utilizado na produção de

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km

Figura 13 – Mapa de localização dos pegmatitos da fazenda Salgado (GA-82/GA-90/GA-111/GA-455)


e de outros situados nas proximidades
Figure 13 – Localization map of the Salgado farm pegmatites (GA-82/GA-90/GA-111/GA-455) and
other ones situated in the surroundings

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km

Figura 14 – Lolalização do veio de quartzo (GA-68) da fazenda Serrote


Figure 14 – Localization of the quartz vein (GA-68) of the Serrote farm

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0,5 0,5 1,5km

Figura 15 – Serrote de quartzito da fazenda Morro


Figure 15 – Quartzite hill of the Morro farm

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Quadro 2 – Resultados de análises químicas de quartzito, após lavagem,


da região do Morro, em Castro Alves
Table 2 – Results of chemical analyses of quartzite after washing from Morro region, in Castro Alves

aço em Volta Redonda. A unidade tem capacidade de proximidades da fazenda Massagano, tendo alcançado
produção de seiscentas toneladas mensais, mas a produção mensal de até 1.500 toneladas. O minério
atualmente produz quatrocentas toneladas. O preço rolado é utilizado pela Ferbasa, junto com o quartzo
pago pelo “cascalho” na usina é de 25 reais. O quartzo, primário, na produção de ligas, na proporção de até
moído de acordo com a granulometria, é comercializado 50%, mas, dessa época até o presente, a maior parte
por cem a 180 reais a tonelada. do mesmo é oriunda de Olindina.
Estimativa de reserva – estima-se, neste
6.5.3 – Depósito secundário de quartzo depósito, uma reserva superior a 1,5 milhão de
toneladas de quartzo, que pode ser recuperada
Além dos jazimentos primários, que constituem as comercialmente, admitindo-se uma profundidade média
principais fontes de quartzo industrial na região, foi de quarenta centímetros.
identificado um depósito secundário de quartzo de alta
pureza a 9,7 quilômetros a WNW do cruzamento da
BR-116 com o rio Paraguaçu. Trata-se de um terraço 6.6 – ANÁLISES DE FELDSPATOS
fluvial, que se prolonga além do limite ocidental do mapa
do Projeto Minipeg. Esta faixa detrítica recobre uma 6.6.1 – Análises mineralógicas
área de mais de quinhentos hectares, entre o rio
Paraguaçu e o rio do Peixe, afluente da sua margem O feldspato da região de Castro Alves é na maior
esquerda. parte potássico, conforme resultados de análises
O depósito é formado por uma camada de seixos mineralógicas e químicas realizadas por Lopes (2006)
rolados de quartzo, arredondados e subarredondados, e Griffon (2003). Só em alguns locais, como em
e, em menor proporção, de silexito, misturados ao solo pegmatitos das fazendas Aroeira e de Nezinho,
areno-siltoso, com espessura variável entre vinte observam-se porções albíticas um pouco mais
centímetros e um metro. É como se fora um extenso desenvolvidas, em substituição ao microclínio, mas a
tapete de cascalho de quatro quilômetros de maior parte desses garimpos ainda é de feldspato
comprimento por duzentos metros de largura, com teor potássico.
de sílica superior a 99,5% e potencial para uma reserva Seções delgadas de cinco amostras (quadro 3)
da ordem de 140 milhões de toneladas. revelaram que o microclínio é o tipo predominante de
A partir do final da década passada, estes seixos feldspato potássico, em cujas bordas observa-se uma
foram extraídos por cerca de três anos, nas substituição por albita.

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Quadro 3 – Resultados de análises mineralógicas do feldspato de Castro Alves


Table 3 – Results of mineralogical analyses of the feldspar from Castro Alves

* Griffon (2003)

6.6.2 – Análises químicas região de Castro Alves apresentam características que


atendem às exigências das indústrias cerâmica e
Análises químicas de 41 amostras (quadro 4) vidreira.
revelaram que os feldspatos atendem às especificações
das indústrias cerâmica e vidreira, com teores médios
de 67,37% de SiO2, 18,52% de Al2O3, 9,60% de K2O, 6.7 – ANÁLISES QUÍMICAS DO QUARTZO
e 4,02 de Na2O. O Fe2O3 está em grande parte abaixo
de 0,02%. A relação K2O/Na2O é de 2,3, enquanto Análises químicas de seis amostras de quartzo do
K2O+Na2O variam de 9,3% a 15,4%. Apenas cinco tipo superespecial e seis de quartzo especial (quadro
amostras revelaram teores acima de 0,1% de Fe2O3, 9) revelaram não haver diferenciação significativa
mas quase todos inferiores a 0,71%. A única amostra entre os teores de ambos os lotes (Griffon, 2003)
com 2,6% de Fe2O3 contém cristais finos de columbita- No Projeto Minipeg (Lopes, 2006) foram
tantalita. analisadas cinco amostras de quartzo, sendo três de
quartzo superespecial e duas de quartzo especial, cujos
6.6.3 – Análises tecnológicas resultados encontram-se no quadro 10.
Ainda que as amostras analisadas por Griffon
Para determinar a retração linear, cor de queima, (2003) não revelassem diferenças significativas, as
grau de alvura, brilho, coeficiente de dilatação térmica análises realizadas por Lopes (2006) revelaram que
linear, fusibilidade e formação de bolhas, seis amostras o quartzo especial tem teores de Fe e Al maiores
foram analisadas no laboratório do Senai de Santa do que no quartzo superespecial, compatíveis,
Catarina. Os resultados destes ensaios e de outros portanto, com aquele tipo que contém impregnações
quatro realizados por Griffon (2003), visualizados nos de ferro e argila em microfraturas e nas superfícies
quadros 5, 6, 7 e 8, demonstram que os feldspatos da dos seixos.

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Quadro 4 – Resultados das análises químicas dos feldspatos da região de Castro Alves
Table 4 – Results of the chemical analyses of feldspars from the Castro Alves region

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Quadro 5 – Ensaios tecnológicos realizados no Projeto Minipeg


Table 5 – Technological tests accomplished by Minipeg Project

Fonte/From: Senai-SC/CTCmat

Quadro 6 – Grau de alvura determinado em feldspatos do Projeto Minipeg


Table 6 – Whiteness grade determined in feldspars by Minipeg Project

Quadro 7 – Grau de alvura dos feldspatos de Castro Alves (2002)


Table 7 - Whiteness grade of the feldspars from Castro Alves (2002)

Fonte/From: Senai-SC/CTC.

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Quadro 8 – Resultados de ensaios tecnológicos de feldspato realizado em 2002


Table 8 – Results of technological tests of feldspar carried out in 2002

Fonte/From: Senai - SC/CTC – Griffon (2003)

Quadro 9 – Resultados de análises químicas do quartzo de Castro Alves


Table 9 - Results of chemical analyses of quartz from Castro Alves

Fonte/From: Griffon (2003)

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Quadro 10 - Resultados de análises químicas do quartzo de Castro Alves


realizadas no Projeto Minipeg
Table 10 – Results of chemical analyses of quartz from Castro Alves
carried out by Minipeg Project

* Quartzo especial

7 – ESTIMATIV
ESTIMATIVA DE RESER
TIVA RESERVVA

P
ara os pegmatitos em lavra (ativa ou desativada) cálculo dos corpos mapeados.
as reservas estimadas são indicadas e inferidas, Na estimativa sobre toda a extração de pegmatitos
enquanto para os apenas cadastrados (não até 2004, com base nesses estudos, admitiu-se uma
explorados) as reservas são só inferidas. As estimativas quantidade da ordem de 367.120 toneladas de quartzo
foram feitas em função do condicionamento geológico, e 146.340 toneladas de feldspato. Estes números estão
dados estruturais, geometria, forma, estrutura interna, abaixo dos dados de produção fornecidos por produtores
mineralogia, dimensões medidas nas cavas e dimensões e consumidores, principalmente de quartzo. Uma das
superficiais dos corpos pegmatíticos, obtidos nos corpos hipóteses é que essa diferença se deva à grandeza
objeto de lavra (lato sensu), sobretudo aqueles volumétrica do minério rolado, que foi significativa, mas
mapeados no Projeto Minipeg. Foram também baseadas jamais quantificada na região. Uma outra hipótese é a
nos dados de produção obtidos com garimpeiros e impossibilidade de estimar-se a altura original dos corpos
produtores, ou através do cálculo do volume do material pegmatíticos, cujo desnível é representado basicamente
extraído das cavas, além de levar em conta o relevo. pelo núcleo de quartzo, mais resistente.
Para avaliar a quantidade até hoje extraída de Reservas indicadas, correspondentes às reservas
quartzo e feldspato nas cavas foi feito o cálculo do remanescentes, foram avaliadas pela multiplicação da
volume escavado ao longo do pegmatito da cava, área da boca de cada cava pelas profundidades (1x a
mapeado em detalhe por meio do software 3x aquelas obtidas na garimpagem), de acordo com as
Topograph e admitido um índice de aproveitamento dimensões obtidas na cava e com a posição topográfica
do pegmatito equivalente a 80% do material retirado. dos corpos. Foram estimadas cerca de 634.265
Considerou-se, no cálculo, a densidade média de 2,65. toneladas de quartzo e cerca de 228.955 toneladas de
Nos pegmatitos mais preservados, da parte feldspato. Reservas inferidas foram estimadas em cerca
setentrional da área, foram admitidas proporções de de 2.595.475 toneladas de quartzo e cerca de 627.220
70% de quartzo e 30% de feldspato, e, na parte toneladas de feldspato.
meridional, de 80% de quartzo e 20% de feldspato. Reservas indicadas e inferidas totalizaram
Nos pegmatitos apenas cadastrados, a mesma 3.229.740 toneladas de quartzo e 856.175 toneladas de
avaliação foi feita multiplicando-se a área da boca feldispato. São números pouco precisos, que terão de
da cava – obtida com uso do GPS eTrex da Garmin ser melhor avaliados. Maiores detalhes sobre a
– pelo valor da profundidade média. Foram metodologia dos cálculos constam do relatório do
considerados os mesmos parâmetros usados no Projeto Minipeg (Lopes, 2006).

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8 – PO TENCIALID
POTENCIALID ADE ECONÔMICA DOS PEGMA
TENCIALIDADE TIT
PEGMATIT OS
TITOS

8.1 – PRODUÇÃO HISTÓRICA E ordem de 183.600 toneladas, ou seja, cerca de 88%


SITUAÇÃO ATUAL maior do que a quantidade da extração registrada no
DNPM.

O
quartzo da região de Castro Alves é consumido Na região de Castro Alves há um nítido predomínio
há mais de quarenta anos pela Ferbasa, em na produção de quartzo sobre feldspato, não só
Pojuca, e há 29 anos pela Sibra, em Simões impulsionado pela forte presença do quartzo no núcleo
Filho, para a produção de ferroligas. Segundo e também na zona intermediária, como devido à sua
informações de técnicos destas empresas, nesse supremacia histórica sobre a demanda do feldspato,
período já foram consumidas mais de cinco milhões de com reflexo direto na produção.
toneladas de quartzo industrial. Dados de produção dos pegmatitos relacionados
A Ferbasa, maior consumidora, faz uso do quartzo aos ortognaisses migmatíticos (unidade Caraíba 2) e
para a produção de ligas de Fe-Si (75%), Fe-Cr-Si aos granitóides, em geral os mais preservados, indicam
(40%) e Fe-Cr de alto carbono (30% de SiO 2 - uma relação de 70% de quartzo para 30% de feldspato,
fundente). Segundo informações de produtores de na parte setentrional da região. Por outro lado, nos
Castro Alves, no período entre 1963 e 2004, essa pegmatitos relacionados aos enderbitos-charmockitos
empresa consumiu cerca de 4,1 milhões de toneladas, (unidade Caraíba 3), que ocorrem na parte meridional,
equivalentes a um consumo médio anual da ordem de mais afetada por intemperismo, a incidência de quartzo
97,6 mil toneladas. é ainda maior, cerca de 80%, contra 20% de feldspato.
Segundo a mesma fonte, a Sibra consumiu, no A maior parte da produção atual de feldspato é
período de 1978 até dezembro de 2004, cerca de um oriunda dos pegmatitos das fazendas Independência,
milhão de toneladas para a produção de ligas de Fe- Macambira, Melancia, Pirapora, Raimundo Belo,
Si-Mn (30% de SiO2) e silício metálico. Entretanto, Rancho Alegre, Serrinha, e Vila Nova. Na maioria, são
com a desativação da unidade deste insumo metálico, relacionados a corpos com mais de cem metros de
devido à crise energética de 2001, o consumo mensal comprimento.
foi reduzido para cerca de três mil toneladas. Com base em informações de garimpeiros, estima-
Consta que, no passado, a produção de quartzo a se que mais de cinco milhões de toneladas de quartzo
partir de material rolado foi relevante, mas não há industrial tenham sido extraídas em cerca de 42 anos
registro sobre esta forma de extração. de atividade na região de Castro Alves. Já a extração
A partir do início da década de 70 a região de de feldspato, após dez anos de extração, teria somado
maior produção mineral em pegmatitos, na Bahia, era cerca de 225 mil toneladas (até 2005).
a de Itambé-Vitória da Conquista, mas, a partir de 1997, O precário regime de trabalho e outras
a região de Castro Alves passou à condição de líder. circunstâncias decorrentes de uso de métodos primários
Nas duas áreas a maior parte da extração, via ocasionaram formas predatórias de extração, que
garimpagem, é clandestina, quase toda não registrada acarretaram feições evidentes de dilapidação dos
no DNPM. Em 2004, segundo informações de depósitos. Dos quase 183 corpos trabalhados em pouco
produtores locais, Castro Alves extraiu cerca de 25 mais de quarenta anos cerca de 108 foram suspensos
mil toneladas de feldspato, contra apenas cinco mil da ou se acham paralisados.
região de Itambé. Em 2005 a região de Castro Alves atingiu uma
No anuário do DNPM de 2001 foram registradas produção média de 130 mil toneladas de quartzo e de
apenas 2.585 toneladas do feldspato produzido na Bahia 25 mil toneladas de feldspato. A produção de quartzo
no ano 2000. Nesse mesmo ano, a produção bruta foi totalmente consumida pelas siderúrgicas Ferbasa
nacional foi de 176.411 toneladas. Coelho (2001), em (94 mil) e Sibra (36 mil), a um preço médio de R$25,00
estudo minucioso sobre o feldspato no Brasil, ano 2000, a tonelada (Fob/mina). Já a de feldspato foi destinada
demonstrou que a produção de feldspato beneficiado a moageiras instaladas no Sul e Sudeste do país, ao
pelas empresas produtoras de vidro e cerâmica foi da preço de R$60,00 a tonelada (Fob/mina).

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8.2 – PERSPECTIVA ECONÔMICA Representantes deste grupo visitaram as áreas


produtoras de feldspato e argilas cauliníticas plásticas
Em 2000, 88% do feldspato beneficiado no Brasil das regiões de Castro Alves e Alagoinhas, e
para os setores de vidro, revestimentos e colorifícios confirmaram a intenção de instalar uma fábrica de
vieram de pegmatitos (Coelho, 2001). Os de porcelanatos no Estado, a segunda do Nordeste, com
revestimentos cerâmicos, de forma direta ou indireta, previsão de investimentos da ordem de R$55 milhões
são responsáveis por 45,7%, e o de vidro, por 42,5%. e a criação de mais de 75 empregos na produção, e de
A tendência dos últimos anos tem sido a de aumentar mais de 150 nas unidades de beneficiamento e
cada vez mais o consumo de feldspato no segmento industrial.
cerâmico, devido ao desenvolvimento nas formulações De acordo com os preços atuais, o quartzo e o
dos porcelanatos – que reduziu o ciclo de queima de feldspato produzidos na região de Castro Alves geram
30 a 50 horas para apenas 60 a 70 minutos – e à uma renda bruta anual de R$3,2 milhões e R$1,5 milhão,
diminuição do consumo na indústria de vidro, por causa respectivamente. A implantação dos projetos referidos
do uso de sucedâneos e do aumento da utilização de acima, com investimentos superiores a R$100 milhões,
material reciclável. somente na região de Castro Alves, poderá elevar essa
Na Bahia, no Brasil e no mundo as demandas de renda para mais de R$10 milhões anuais.
consumo de quartzo e feldspato estão em crescimento Além desses recursos, merece destaque uma faixa
constante, e são essencialmente dominadas por de quartzo secundário de alta pureza, com teor de sílica
segmentos das indústrias de vidro, revestimento acima de 99,5% e potencial para uma reserva estimada
cerâmico e colorifícios. No âmbito destes segmentos em 140 milhões de toneladas, a menos de dez
industriais estão assumindo grande projeção no quilômetros da ponte da BR-116 sobre o rio Paraguaçu.
mercado global os ramos de produção de pedras Merece também destaque o potencial existente no
compostas (ceaser stone e okite) e de porcelanatos. serrote de quartzito da fazenda Morro, que deve ser
O primeiro se apresenta como um promissor mercado investigado diante da possibilidade do aproveitamento
para o quartzo e o segundo, para o feldspato. desta matéria-prima na produção de quartzo fundido.
Pegmatitos quartzofeldspáticos da região de Castro
Alves fazem parte do portfólio de 2007 da CBPM de
8.3 – INFRA-ESTRUTURA E ASPECTOS
oportunidades de investimento mineral oferecidos à
SOCIAIS DA REGIÃO
iniciativa privada na Bahia. A propósito, grupos italianos
e nacionais já haviam demonstrado interesse em
A área do Projeto Minipeg, como parte da região
implantar unidades de produção de pedras compostas
econômica Recôncavo Sul, tem como centros urbanos
e de porcelanatos na Bahia. Representantes do grupo
as cidades de Santo Estevão, Santa Terezinha e Castro
italiano Seieffe Industrie visitaram as áreas produtoras
Alves. Esta, a mais importante, com cerca de 30 mil
de quartzo em Castro Alves, e confirmaram o interesse
habitantes, conta com razoável infra-estrutura. Dispõe
de instalar na Bahia uma unidade industrial de pedras
de agências bancárias e serviços da Empresa Brasileira
compostas, com investimentos previstos da ordem de
de Correios e Telégrafos, bem como estação de
R$60 milhões. A implantação desta unidade industrial
tratamento de água, hospital regional, e escolas de
provocará o aumento da produção de quartzo em mais
primeiro e segundo graus. O município conta ainda com
de 60 mil toneladas anuais, e a geração de duzentos
transporte rodoviário interurbano. Já o ferroviário, que
empregos diretos no circuito de produção,
não transporta passageiros, está desativado por falta de
beneficiamento e processo industrial deste insumo
demanda de carga. A rede de telefonia – fixa e móvel –,
mineral. Quanto ao ramo de produção de porcelanatos,
operada pela Oi, é integrada aos sistemas DDD e DDI.
há interesse expresso de um grupo nacional em instalar
As linhas de transmissão da rede elétrica são
uma fábrica na Bahia, atraído pelos incentivos e apoios
de média tensão (13,8 kV e 34,5 kV) e de alta tensão
logísticos oferecidos pelo Governo do Estado, bem
(69 kV). A nova linha de transmissão Sudeste-Nordeste
como pela disponibilidade de reservas de matéria-prima
(500 kV), de 1.062 quilômetros de extensão, que
cerâmica, como feldspato e argilas plásticas e
atravessa 26 municípios baianos, liga a Usina
cauliníticas. Muitas delas já foram dimensionadas e
Hidrelétrica da Serra da Mesa (Minaçu, Goiás) às
avaliadas pela CBPM, a exemplo das reservas de
subestações de Rio das Éguas (Correntina), Bom Jesus
feldspato, quartzo e albitito da região de Castro Alves.
da Lapa, Ibicoara e Sapeaçu, na Bahia. Esta rede

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atravessa a área central do município de Castro Alves, desta forma de atividade. Além do penoso espírito
a norte da cidade. aventureiro de quem atua nos garimpos, há casos de
Nas últimas décadas a região urbana tem passado empreendedores que contratam recursos humanos em
por uma tendência ao crescimento populacional, fruto condições de subemprego e até mesmo em regime
do êxodo rural, por conta da decadência da agricultura pouco condizente com a dignidade humana.
familiar, de subsistência, em face da expansão da Um atenuante para a baixa empregabilidade da
pecuária extensiva sobre propriedades cada vez região foi a abertura, no município de Castro Alves, de
maiores e de baixa absorção de mão-de-obra. Como uma fábrica de calçados para exportação. Como parte
atenuante desta situação surgiu a atividade de extração da política de descentralização industrial empreendida
mineral, principalmente na forma de garimpos, mas com pelo governo federal, esta fábrica já empregou cerca
os sérios problemas sociais e econômicos bem próprios de trezentos operários.

9 – CONCL USÕES E RECOMEND


CONCLUSÕES AÇÕES
RECOMENDAÇÕES

S
ob a denominação de Distrito Pegmatítico de de silício metálico ou quartzo fundido. Um outro
Castro Alves, Lopes (2006) agrupou os inúmeros exemplo importante é o do depósito secundário de
pegmatitos da região centrada neste município. quartzo de alta pureza, com teor de sílica superior a
Foram cartografadas, na área do Projeto Minipeg, 99,5%, próximo à ponte da BR-116 sobre o rio
rochas do Complexo Jequié – dividido em unidades Paraguaçu. Outros veios de quartzo não associados a
informais Jequié 1 e Jequié 2 – e do Complexo Caraíba feldspato foram constatados na região.
– dividido em unidades informais Caraíba 1, Caraíba 2 Feldspato – além do fedspato potássico, que
e Caraíba 3. Parte do Complexo Caraíba é amplamente predomina entre os feldspatos da região, rochas
permeado por granitos aos quais associam-se, na afins, como os albititos, com mais de 70% de albita
origem, os pegmatitos quartzofeldspáticos da região. (variedade de plagioclásio), ocorrem em Castro
Não há uma clara distinção entre as litologias dos Alves. A albita é importante como complemento ao
dois complexos, onde predominam rochas de uso do feldspato potássico. Dá mais eficiência aos
metamorfismo das fácies anfibolito alto a granulito, com processos industriais cerâmico e vidreiro. Sua
amplo predomínio de rochas granulíticas e de existência pode ser decisiva para a implantação de
ortognaisses migmatíticos, permeadas por granitos uma fábrica de porcelanatos. Um corpo alongado
intrusivos do final do Transamazônico. de albitito destaca-se a SSW de Castro Alves.
O principal fator de diferenciação entre os dois Estimativa de reserva – Recursos minerais
complexos é de ordem tectonoestrutural: o Complexo disponibilizados pela CBPM para licitação pública são
Jequié integra a unidade geotectônica denominada estimados em 856 mil toneladas de feldspato e 3,23
Bloco Jequié, enquanto o Complexo Caraíba faz parte milhões de toneladas de quartzo. Para o depósito
do Cinturão Móvel Salvador-Curaçá. secundário de quartzo de alta pureza estima-se uma
Pegmatitos quartzofeldspáticos da região de Castro reserva adicional da ordem de 140 milhões de toneladas.
Alves fazem parte do portfólio da CBPM de Minerais acessórios – biotita é o principal deles,
oportunidades de investimento em mineração na Bahia, seguido de columbita-tantalita e turmalina negra, e, em
a serem licitadas em 2008. menor quantidade, moscovita, berilo e espodumênio.
Quartzo – é o mineral dominante nos pegmatitos Até o momento, nenhuma concentração importante
quartzofeldspáticos, e o que mais recursos econômico- destes minerais foi constatada na região.
financeiros carreou para a região. Mas o quartzo Distrito Pegmatítico de Castro Alves – a
também ocorre não associado ao feldspato. Uma das existência deste distrito é algo já confirmado, mas a
ocorrências mais importantes é a do serrote quartzítico sua melhor caracterização – importante na prospecção
da região do Morro, que deve ser melhor investigado, mineral – ainda está por vir, pois há carência de mais
e do qual se pode extrair um produto com possibilidade dados específicos, que poderão ser obtidos em novos
de atender às exigências de mercado para a produção estudos, tais como:

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ƒ petrografia para identificar minerais e Para que os desempenhos do quartzo e do


identificar reações químico-mineralógicas feldspato tornem-se mais efetivos na economia
ocorridas na evolução dos processos de mineral do Estado, o ideal seria que empresas de
metamorfismo regional e granitização; micro a pequeno ou médio porte passassem a
ƒ litogeoquímica para determinar e interpretar assumir a lavra com tecnologias que pudessem
a composição em elementos maiores, avançar na busca de formas modernas de extração
elementos menores, elementos-traço e e, se for o caso, beneficiamento. O primeiro ganho
elementos de terras-raras; no uso de técnicas de lavra mais avançadas se
ƒ ainda com base na litogeoquímica, refletirá no respeito à preservação ambiental. Os
investigação do comportamento da métodos tradicionais de garimpagem ainda são
mobilidade de elementos ou compostos predadores do ecossistema, por serem primitivos e
químicos durante a evolução metamórfica,
desordenados, além de promoverem a dilapidação
o que poderá levar à definição do magma
dos jazimentos.
parental, suas fontes e grau de diferenciação
A participação de empresas ou mesmo de
na história geológica do terreno;
ƒ quimismo para determinar condições termo- cooperativas e associações legalizadas de pequenos
barométricas do metamorfismo; mineradores, além de gerar renda, traria benefícios em
ƒ estudo isotópico-geocronológico das rochas termos de arrecadação de impostos e taxas relativas à
pelos métodos Sm/Nd e U/Pb em zircão, atividade de extração mineral no Estado.
para obter idades de protólitos, do A atuação da CBPM no município de Castro
metamorfismo regional e das fases de Alves tem sido efetiva para disciplinar e orientar
deformação que afetaram a região; pequenos mineradores em técnicas de extração
ƒ identificação das feições associadas às racionais e condizentes com a necessidade de não
deformações rúpteis e às deformações depredar o ambiente em volta do garimpo. A
dúcteis das rochas; propósito, os trabalhos desta empresa nas áreas da
ƒ prospecção complementar sobre corredores esmeralda de Carnaíba, município de Pindobaçu,
de cisalhamento onde já se conhecem primeiro na década de 80 e, por último, no início da
ocorrências de pegmatitos, a fim de realizar década atual, foram promissores e efetivos em
novas descobertas. termos de apoio técnico e organizacional a micro e
ƒ Aplicação de métodos geofísicos, como pequenos empresários que atuavam em torno do
eletrorresitividade, gamaespectrometria e garimpo. Em Castro Alves o primeiro sinal de
eletromagnetismo, para auxiliar na disciplinamento na atividade de pesquisa e
modelagem dos parâmetros físicos dos exploração reflete-se no fomento indireto aos
pegmatitos. requerimentos de pesquisa ao DNPM, que se
ƒ estudo detalhado de pegmatitos em áreas- multiplicaram nos últimos anos.
piloto para definir alvos com maior potencial
para exploração mineral.

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Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM Arquivos Abertos 28

10 – BIBLIOGRAFIA CONSUL
CONSULTTAD
ADAA

ASSOCIAÇÃO TÉCNICA BRASILEIRA DAS ___________ Rare-element granitic pegmatites. Part


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Em Revisão.

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APÊNDICE
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APÊNDICE
A - PROJETO MINERAIS INDUSTRIAIS EM PEGMATITOS
Equipe técnica do Projeto
Supervisão técnica Geól. Juracy de Freitas Mascarenhas
Chefe do projeto Geól. Gileno Amado de C. Lopes
Estudos estratégicos Geól. Gileno Amado de C. Lopes
Téc. Min. Valfredo Galvão da Silva
Levantamento de detalhe Geól. Gileno Amado de C. Lopes
Téc. Min. Valfredo Galvão da Silva
Petrografia Geól. Antônio Marcos V. de Moraes
Integração de dados Geól. Gileno Amado de C. Lopes
Téc. Min. Valfredo Galvão da Silva
Elaboração relatório final Geól. Gileno Amado de C. Lopes
Consultores Geól. Leonardo M. B. de Freitas
Prof. Johildo S. Figueiredo Barbosa

B - SÉRIE ARQUIVOS ABERTOS 28


B1 - RELATÓRIO-BASE E DOCUMENTOS SOBRE PEGMATITOS DE CASTRO ALVES

A publicação SAA28 baseou-se no relatório do Projeto minerais industriais em pegmatitos (Projeto Minipeg),
abaixo referenciado:

LOPES, G. A. C. Minerais industriais em pegmatitos: relatório técnico. Salvador, CBPM, 2006. 77p.
ƒ Relatório que trata das ocorrências e jazimentos de pegmatitos da região de Castro Alves, desde a descrição sucinta
da geologia regional ao cadastro e descrição dos principais garimpos de toda a área, de onde extraem-se quartzo e
feldspato para usos, respectivamente, em indústrias de siderurgia e nas indústrias de cerâmica e vidro. O texto
contém dezessete figuras, 23 fotos, doze quadros, e duas tabelas – uma com a relação de todos os pegmatitos e outra
com resultados de 41 análises químicas de feldspatos –, e é acompanhado de apêndice e anexos.

Apêndice do texto do Projeto Minipeg


Apêndice 1 – Boletins de análises químicas das amostras de feldspato e quartzo
Apêndice 2 – Boletins das análises químicas das amostras de rocha
Apêndice 3 – Boletins de análises petrográficas

Anexos ao texto do projeto Minipeg


Anexo 1 – Mapa dos serviços executados na região de Castro Alves
Anexo 2 – Mapa geológico com os pegmatitos da região de Castro Alves
Anexo 3 – Mapa geológico do pegmatito de Chico Monzé
Anexo 4 – Mapa geológico do pegmatito de Didi
Anexo 5 – Mapa geológico do pegmatito de Nezinho
Anexo 6 – Mapa geológico da área de pesquisa de DNPM no 870.243/04 – Faixa quartzítica do Morro

Revisão do SAA28
Francisco Baptista Duarte (revisões de texto e gramatical) – Consultor
Enock Dias de Cerqueira (revisão final) – CBPM

Capa
Granito cinza cortado por granito rosa (com xenólito do cinza), com porção pegmatítica (branca), região de
Castro Alves (foto de arquivo do Projeto Minipeg).

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Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM Arquivos Abertos 28

B2 - VOLUMES JÁ PUBLICADOS DA SÉRIE ARQUIVOS ABERTOS

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ANEXO
MAPA GEOLÓGICO DA REGIÃO DE CASTRO ALVES, BA
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