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Jaques Wagner
Secretário de Desenvolvimento Econômico
A Diretoria
APRESENTAÇÃO
E
m 2017, ano em que tivemos a grata satisfação de comemorar o 45º aniversário da Companhia
Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), registramos, através desta publicação técnica da Série Publicações
Especiais, a demonstração geológica de que o estado da Bahia tem um potencial de recursos em
minério de ferro com características propícias para suportar o seu ingresso na exclusiva mínero-indústria
da pesquisa, lavra e beneficiamento desse bem mineral, do ferro, como já preconizava Othon Leonardos,
em 1937.
Pioneiramente, esta publicação propõe a agregação de dezenas de depósitos ferríferos do estado da
Bahia em distritos potencialmente mineiros, considerando, além dos aspectos geológicos, a localização
espacial dos mesmos, bem como os aspectos logísticos, especialmente a infraestrutura ferro-portuária.
Dessa forma, são apresentados cinco possíveis distritos mineiros, cujos recursos foram estimados em
cerca de 20 bilhões de toneladas de minério de ferro. Esta constatação técnica, além de representar a
realização focal e objetiva do projeto executado pela CBPM (SANTANA et al., 2017), o qual é a base desta
publicação, permite-nos afirmar que essa expressiva disponibilidade em recursos minerais ferríferos impõe
aos planejadores do desenvolvimento da Bahia verificar que temos uma riqueza da mais alta importância
para alavancar o desenvolvimento econômico-social e sustentável de vastas regiões, cujas oportunidades
são escassas.
Assim sendo, se o ambiente geológico “fez a sua parte”, não nos é permitido continuar olvidando acerca
dessa possibilidade prenunciada há quase um século. Urge, pois, incentivar a implantação do sistema
logístico ferro-portuário, balizado pelo eixo da Ferrovia Oeste-Leste – FIOL e pelo Porto Sul, no litoral
de Ilhéus, ambos considerados os mais importantes requisitos de infraestrutura para que esse potencial de
recursos ferríferos se transforme, em curto prazo, em riquezas para o desenvolvimento sustentado da Bahia.
Espera-se, portanto, que a movimentação mínero-industrial desse elevado volume de recursos minerais
desencadeie um virtuoso e dinâmico processo de sinergias que permitam a verticalização, mediante a
instalação de unidades pelotizadoras e de usinas de gusa e/ou esponja, ferro de redução direta (DRI), com
a consequente implantação de uma longa cadeia de fornecedores de serviços variados e de supridores de
equipamentos, além das respectivas demandas por manutenção, substituição e a criação de unidades de
reciclagem e de reuso de resíduos e efluentes, bem como de ensino, formação e qualificação de milhares
de empregados da pesquisa e da tecnologia, entre outras.
Dessa forma, o cenário a ser germinado vai muito além daquele materializado nos limites da mínero-
-indústria do ferro, podendo, por conseguinte, elevar expressivamente o potencial do desenvolvimento do
estado da Bahia.
H
á cerca de pouco mais de 80 anos, o laureado geólogo Othon Henry Leonardos (1937) menciona que
as “jazidas de ferro do sudoeste da Bahia deviam ser pesquisadas, pois já naquela época, havia grande
interesse que se verificasse se, em seu conjunto, as mesmas constituiriam uma reserva apreciável”.
As investigações efetuadas recentemente pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral – CBPM a esse
respeito mostraram que aquela proposição do autor acima mencionado era procedente.
Nesta publicação, são feitas considerações técnicas de cunho geológico e exploratório, decorrente
de levantamentos de campo, inclusive em visitas aos sites dos projetos mais avançados em termos de
avaliação e desenvolvimento para lavra e beneficiamento do minério de ferro.
Nesse sentido, foram inspecionados e cadastrados 70 locais com mineralizações de ferro, os quais
constituem um banco de dados georreferenciado. Essas mineralizações ferríferas foram hierarquizadas
em ocorrências, depósitos, jazidas e minas, sendo, ao final, agrupadas regionalmente em cinco Distritos
Mineiros cuja caracterização geral e o potencial de recursos de cada um deles são apresentados no corpo
central dessa publicação, sendo um dos objetivos principais realizados pelo projeto executado pela CBPM.
Além disso, considerações sobre a infraestrutura rodo-ferro-portuária e energética associada a cada um
desses Distritos Mineiros encontram-se também registradas, especialmente aquelas vinculadas ao sistema
do sistema logístico (em construção) da Ferrovia Oeste – Leste e a estrutura portuária localizada na região
de Ilhéus.
Em consequência desse estudo técnico elaborado em doze meses por equipe técnica qualificada,
merece destaque a avaliação estimativa de um potencial em recursos de cerca de 20 bilhões de toneladas
em minério de ferro passíveis de sustentar a implantação, no estado da Bahia, de um novo complexo
mínero-industrial brasileiro ancorado no aproveitamento desse bem mineral.
ABSTRACT
O
ver 80 years ago, the honorable geologist Othon Henry Leonardos (1937) states, “the iron deposits
from southwestern of Bahia State should be researched, since at those time, would have a great interest
to see if the total amount of resources could represent economic reserves”.
The latest investigations carried out by Companhia Baiana de Pesquisa Mineral – CBPM has been shown
how the author’s proposal was relevant.
In this edition, technical considerations are made about geological and exploration results from the
surveys, including visits to sites of the most advanced projects in terms of evaluation and development for
mining and mineral dressing.
According to this, 70 sites with iron occurrences were registered and reviewed, which compose a
geo-referenced database. These iron mineralization’s were classified as occurrences, deposits and mines
and, at the end, were regionally grouped in five Mining Districts whose general characterization and
potential resources of each of them are presented in the central part of this publication, been one of the
main objectives realized by the project carried out by CBPM.
In addition, a consideration set about railroad, port and power infrastructure, associated with each of
these Mining Districts are also recorded, especially those related to the West-East Railroad System (under
construction) and the sea port structure, to be located in the Ilhéus region.
As a consequence of this technical study, carried out during twelve months by a qualified technical
team, it is worth mentioning that the potential resources estimation of about 20 billion tons in iron ore,
could support the implementation in the State of Bahia of a new Brazilian industrial-mining complex,
anchored in the exploitation of these mineral deposits.
SUMÁRIO
7. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................................. 91
ANEXOS
produtores de minério de ferro no Brasil, desde que publicação especial, objetiva, principalmente, fazer
a infraestrutura ferro-portuária necessária ao escoa- uma integração geológica e geográfica das ocor-
mento da produção seja implantada e se torne opera- rências, depósitos e jazidas de minério de ferro da
cionalmente competitiva ao lado de um mercado com Bahia e sumarizar as informações sobre as caracte-
preços minimamente atraentes. rísticas daquelas consideradas principais, bem como
Sem dúvida, a explosão de projetos de pesquisa discorrer sobre o desenvolvimento final de jazidas
mineral no período decorreu, principalmente, do ex- visando à implantação das minas e unidades de
pressivo aumento de preços das commodities na década beneficiamento.
passada, especialmente do minério de ferro, que se deve Ao lado disso, além de se registrar os desafios
principalmente ao crescimento da demanda asiática. que deverão ser enfrentados pelos empreendedores
Apesar desse elevado crescimento na pesquisa em termos de lavra e beneficiamento dos minérios
de minério de ferro na Bahia, o mais básico conhe- que serão aproveitados nas minas a eles tituladas,
cimento sobre esses depósitos se achava disperso, buscou-se, ao mesmo tempo, assinalar para o pla-
praticamente só disponível nas próprias empresas nejamento governamental a necessidade de via-
detentoras dos projetos. Isso levou a Companhia bilizar a implantação da infraestrutura requerida
Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) a desenvol- para a inserção dos produtos no mercado nacional
ver, no período 2015/2016, o Projeto Diagnóstico e internacional,
e Avaliação Estratégica dos Distritos de Minério de Espera-se também que esta publicação especial,
Ferro da Bahia (SANTANA et al., 2017), o qual na medida em que amplia o conhecimento integrado
contou com o forte apoio das empresas no que diz do potencial mínero-industrial do estado da Bahia
respeito ao acesso aos sites dos projetos, bem como em termos de minério de ferro, se torne também
do fornecimento de apresentações e relatórios os um veículo de atração dos potenciais mineradores e
quais foram da maior importância na formatação do industriais investidores, ambos notadamente habi-
cenário geral e sobre a potencialidade geoeconômica litados na promoção e incorporação de projetos de
do estoque de minério de ferro adstrito ao território médio-grande porte.
do estado. Em razão da mais óbvia relevância, destaque-se
Complementarmente, uma análise das informa- ainda que esta publicação propõe também a carac-
ções existentes sobre os depósitos e ocorrências de terização de cinco distritos de minério de ferro na
minério de ferro, disponíveis em bases públicas e Bahia, inclusive com jazidas de classe mundial, que
na literatura técnico-geológica do estado da Bahia totalizam recursos potenciais de mais de 20 bilhões
(Capítulo 7 - Referências), aliada aos levantamentos de toneladas, merecendo o registro que algumas jazi-
e inspeções de campo, permitiu a elaboração de um das dispõem de certificação internacional. Da mesma
Relatório Final (SANTANA et al., 2017) com o in- forma, as necessidades de infraestrutura e logística
teiro teor dos registros do projeto ora referido, o qual ferro-portuária, as quais são consideradas como re-
consiste na base para a elaboração desta publicação da quisitos obrigatórios para que se consolide o fluxo
Série Publicações Especiais. mina-ferrovia-porto visando ao desenvolvimento
Ressalte-se que o projeto executado pela CBPM regional como base na implantação da mínero-indús-
(SANTANA et al., 2017), ora sintetizado nesta tria do ferro no estado.
19
cotações internacionais do minério de ferro, as quais Diamantina, e a identificação pela CBPM do depósi-
variaram de pouco mais de US$ 15/t para até US$ to de ferro de Paratinga, próximo à FIOL, a um teor
180/t, entre 2004 e 2011, muitas empresas e explorado- médio de 44% de Fe, bem como o plano para insta-
res desencadearam a execução de projetos com escopos lação, em Jequié, de uma siderurgia para produção de
de prospecção, pesquisa mineral e desenvolvimento em ferro gusa com capacidade anual de 270.000 t.
várias regiões do Brasil, especialmente na Bahia. De fato, é forçoso reconhecer que, estimulados
Esse comportamento conjuntural de elevação das pelo crescente consumo de minério de ferro, aliado
cotações no mercado internacional levou várias em- às cotações internacionais maximizadas ocorridas a
presas a executarem programas exploratórios voltados partir de 2004, se verificou um avanço significativo
à descoberta de mineralizações ferríferas. Muitas na maturação das atividades de exploração, pesquisa
delas lograram êxito alcançando avaliações de depó- e avaliação geoeconômica do minério de ferro na
sitos de classe mundial (> 1 Bt) na Bahia, a exemplo Bahia, conforme pode ser demonstrado pelos dados
da Mina de Pedra de Ferro, em Caetité, hoje sob o do Quadro 1, onde se observa o estágio avançado
controle da BAMIN – Bahia Mineração. desses projetos, alguns deles com certificação interna-
A esse respeito, o Quadro 1 apresenta uma síntese cional dos recursos.
dos principais projetos executados recentemente, os Note-se, ainda, que esse esforço empresarial na
quais quando cotejados de forma integrada, além de pesquisa e desenvolvimento mineral permite que o
constituir um importante núcleo da presente publica- estado da Bahia consolide um patrimônio mineral
ção, demonstram a relevância da potencialidade mineral de cerca de 20 bilhões de toneladas de recursos, os
desse recurso e o significado estratégico do seu aprovei- quais estão distribuídos em cinco distritos minerais
tamento para o desenvolvimento regional da Bahia. (Figura 1 e Anexo 2), sendo os mais importantes
Diversos outros projetos de menor porte foram aqueles localizados na região norte do estado ou no
executados entre 2005 e 2013, destacando-se, entre Médio São Francisco e na região do sudoeste, em
eles, a pesquisa e avaliação dos depósitos de ferro de torno das cidades de Brumado e Caetité, comentados
Urandi, a hematita compacta de Piatã, na Chapada em mais detalhes nos próximos capítulos.
Figura 1 - Mapa de localização dos distritos com depósitos de minério de ferro da Bahia associados às disposições das
logísticas rodo-porto-aero-ferroviárias e de energia elétrica (Anexo 2).
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TAKEHARA, 2013), aquele formado pelas bacias • Fácies silicato – presença de anfibólios (cum-
posicionadas nas plataformas oceânicas associadas mingtonita, actinolita) piroxênios e cloritas;
às margens continentais, onde se formam os depó- • Fácies carbonato – presença de ankerita e side-
sitos de minério de ferro do tipo “Lago Superior”, o rita; e,
qual é constituído por formações ferríferas bandadas • Fácies sulfeto – existência de pirita e pirrotita.
(banded iron formation), parece ser, de todos, o mais
importante, em razão da sua ampla distribuição Gross (1973) distingue as formações ferríferas ban-
mundial e das grandes dimensões volumétricas dos dadas dos ironstones por considerar que esses últimos
seus recursos. foram formados em ambientes diferentes e com o
As formações ferríferas do tipo Lago Superior se ferro de origem e fonte que não aquelas das iron for-
constituem na principal fonte de minério de ferro mations. Para esse autor, as formações ferríferas cor-
do mundo. Correspondem a uma rocha sedimentar, respondem a sedimentos quimicamente precipitados
frequentemente metamorfizada, com mais de 15% em ambiente oceânico, junto aos arcos vulcânicos e às
de teor médio de ferro. Essas rochas teriam origem a ridges meso-oceânicas.
partir de sedimentos químicos precipitados em bacias Outro tipo de depósito que merece destaque é o
do ambiente plataformal. Rapitan. Segundo Gross (1973), bons exemplos des-
Para James (1954), as formações ferríferas ban- ses depósitos são localizados nos distritos de Yakon
dadas caracterizam-se como rochas sedimentares e Mackenzie, no noroeste do Canadá, onde uma
finamente bandadas ou laminadas, com bandas de sucessão de camadas de jaspe e hematita azul ocorre
minério de ferro alternando-se com bandas de quart- próxima à base do conglomerado Rapitan, que jaz en-
zo, chert e/ou carbonatos. tre duas inconformidades angulares. Esse conglome-
Esse mesmo autor considera que essas formações rado contém em alguns locais grande quantidade de
ferríferas podem se apresentar em quatro fácies, que fragmentos de rochas vulcânicas e material tufáceo,
estariam condicionadas às variações de pH e Eh e à estando sobreposto a uma sequência de dolomitos,
profundidade onde os seus componentes se precipita- folhelhos, calcários e quartzitos. A formação ferrífera
ram. Essas fácies foram definidas, como: desse tipo tem em média 46% de ferro, com bandas
• Fácies óxido – caracterizada pela presença pre- bem segregadas de hematita azul e jaspe vermelho
dominante de magnetita e/ou hematita; (GROSS, 1973).
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Quadro 2 - Domínios geotectônicos e geológicos dos principais depósitos de ferro da Bahia. (continua)
Quadro 2 - Domínios geotectônicos e geológicos dos principais depósitos de ferro da Bahia. (conclusão)
Foto 1 - Frente de lavra da Mina de Pedra de Ferro. À direita, contato ondulado do hematitito friável a pulverulento
(67% de Fe) com lente de hematitito compacto.
Fonte: Santana et al., 2017.
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Figura 4 - Mapa geológico aulacógeno do Paramirim, destacando o Espinhaço Setentrional (ES), mostrando a distribuição e
alinhamento dos depósitos de minério de ferro. Destaque-se a Mina de Pedra de Ferro.
Fonte: Cruz (2004), modificado por Valter Mônaco da Conceição Filho, 2017.
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Figura 5 - Seção geológica Linha 16 e mapa geológico preliminar da Mina de Pedra de Ferro.
Fonte: Conceição, V. M. & Souza, S. L., 2006.
foliação milonítica, notando-se microdobras in- bem como as licenças ambientais de implantação e
trafoliais ou microdobras sem raiz. Possuem funcionamento.
teores de 40% a 55% de Fe, porém, para oeste, A BAMIN detém a outorga da ANA (Agência
gradam para itabiritos quartzosos compactos e Nacional de Águas), obtida em setembro de 2010, para
de baixo teor de ferro; captação e construção de uma adutora de 150 km de
• Itabiritos quartzosos, cinza claros, bandados, extensão, entre Malhada e a Mina de Pedra de Ferro.
semicompactos a compactos, que sustentam a A empresa, após a realização de 61,5 mil metros
crista do serrote da Pedra de Ferro. Predominam de furos de sonda, certificou recursos de 980 Mt de
na parte ocidental do corpo até o contato do foo- minério de ferro na Mina de Pedra de Ferro. Com
twall com os moscovitas quartzitos encaixantes. isso produziu, experimentalmente, entre 2013 e 2014,
Exibem teor médio de 27% de Fe. 700 mil toneladas de minério com teor mínimo de
64% de ferro cominuído numa granulometria menor
Os hematititos e itabiritos hematíticos apresentam que 12 mm (VIVEIROS, 2012).
uma espessura média de 60 m.
Os recursos totais da Mina de Pedra de Ferro • Depósito de Jurema
podem ser superiores a 1,1 Bt, com os minérios de
teores entre 50% e 67% de Fe. O aspecto pulverulento Situa-se a 8 km a noroeste da cidade de Caetité,
a friável representa 20% a 30% da jazida. formando uma serra alongada com 13 km de compri-
A BAMIN, detentora desse depósito, concluiu mento e mais de 200 m de desnível, que é sustentada
os projetos de engenharia básica da lavra, usina por quartzitos e formações ferríferas, onde ocorrem
de beneficiamento, adutora para captação de água níveis espessos de itabiritos predominantemente
no Rio São Francisco, transporte do minério via compactos e semicompactos.
FIOL, terminal privativo de onshore e offshore. Pos- Esses itabiritos, bandados ou laminados, são
sui concessão de lavra aprovada junto ao DNPM, de cores cinza claro a cinza médio, com bandas
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Foto 2 - Formação ferrífera superficial, com anfibólio Foto 3 - Formação ferrífera carbonática, com alternância
alterado para material argiloso de cor de bandas escuras de hematita e bandas claras de
amarronzado – Depósito do Espírito Santo. carbonato – Depósito do Espírito Santo.
Fonte: BioGold, 2013. Fonte: BioGold, 2013.
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Figura 8 - Seções geológicas com furos de sonda – Depósito do Espírito Santo. Observar a espessura da
formação ferrífera, em torno de 70 m.
Fonte: BioGold, 2013.
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A geologia regional (segundo BARBOSA; CRUZ, arqueano. Conforme a Santa Fé Mineração, nas
2011) é caracterizada por uma sequência supracrustal supracrustais polideformadas ocorrem corpos de
metassedimentar do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraça- formações ferríferas, alguns de grande magnitude, as-
ba, de idade neoarqueana, que contorna os ortognais- sociados a uma sequência de paragnaisses, mármores,
ses TTG do Domo do Tamboril a oeste, e a leste os quartzitos, anfibolitos, xistos ultramáficos e rochas
ortognaisses do embasamento gnáissico migmatítico calciossilicáticas (Figura 9).
Figura 9 – Mapa geológico da região de Lagoa Real, destacando-se os depósitos de formação ferrífera.
Fonte: Santa Fé Mineração, 2016.
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O minério primário tem cor cinza esverdeada, Proterozoico Inferior, e os domínios do Complexo
grã fina, com bandamento incipiente, apresentando Ibitira-Ubiraçaba.
intercalação de bandas milimétricas de magnetita, Na porção visitada do alvo, ocorre um corpo
martita e quartzo, e bandas subordinadas esverdeadas lenticular de itabirito compacto a semicompacto e
de actinolita e magnetita. Ao contrário do minério itabirito anfibolítico semicompacto com 150 m de
superficial, tem a magnetita dominando amplamente comprimento por 40 m de largura, encaixado no Gra-
sobre a martita e é marcante a presença do anfibólio nito Iguatemi. Em outras porções da área, os itabiritos
(actinolita). Sua susceptibilidade magnética é alta e ocorrem associados a uma sequência de mármores e
seu teor médio situa-se entre 28% e 32% de Fe. rochas ultramáficas.
O Depósito de Gameleira foi objeto de sondagem Os itabiritos têm coloração cinza escura, banda-
e nele foram avaliados recursos totais de 146,2 Mt dos, foliados ou com aspecto maciço, de granulação
de minério com 30% de Fe. Esse depósito está sendo fina e alta susceptibilidade magnética. Os itabiritos
planejado para o início da produção juntamente com anfibolíticos apresentam bandas amareladas de anfi-
aquele da Lagoa do Sérgio, o qual engloba recursos de bólios e argilominerais.
218,3 Mt, totalizando, em conjunto, 364,5 Mt para Dezesseis análises químicas realizadas exibiram
esse fim. teor de ferro total entre 18% e 40%, porém a maioria
Com esses mesmos tipos de minérios, a Santa Fé dos resultados é menor que 30% de Fe. Os teores de
Mineração possui mais 11 depósitos e/ou alvos na sílica são superiores a 60% de SiO2. Foram estimados
mesma faixa do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba. recursos da ordem de 230 Mt para esse alvo.
Para o conjunto desses depósitos e/ou prospectos
do Projeto Ferro Lagoa Real, a equipe técnica da 5.1.3 Depósitos de Ferro de Brumado
Santa Fé estima um total de recursos da ordem de
1,8 Bt de minério com 30% de Fe, podendo gerar até Na região de Brumado, próximo a Dom Basílio,
860 Mt de concentrados a 63% de Fe. ocorre o Depósito da Serra da Mata e outro conjun-
Os resultados dos ensaios de concentração reve- to de ocorrências de itabiritos na Serra de Guajeru,
laram a possibilidade de obtenção de concentrados no município homônimo, situado 45 km a SW de
dentro das especificações de mercado. A partir de uma Brumado.
amostra com 33,13% de Fe, as recuperações em mas-
sa e metalúrgica foram, respectivamente, de 46,09% • Depósito de Serra da Mata
e 91,03%, produzindo um concentrado com teor de
65,26% de Fe. Nesse caso, não há a necessidade de Desde 2006, o Projeto Serra da Mata ou Projeto
usar flotação na planta de recuperação, bastando uma Ferro Brumado vem sendo desenvolvido pela
pré-concentração e separação magnética a úmido no Mumbai Ore Mineração (RIWA). Esse depósito
WHIMS (Separador Magnético de Alta Intensida- está situado a 12 km do eixo da FIOL e a 30 km da
de), usando 11.000 a 16.000 Gauss. cidade de Brumado, onde existem vários projetos
importantes de mineração, com destaque para a
• Depósito Morro do Gergelim Magnesita S.A.
O prospecto foi alvo de avaliação geoeconômica
Esse depósito localiza-se apenas 4,5 km a WSW da de detalhe, com a realização de poços e cinco mil me-
vila de Iguatemi, município de Brumado. tros de sondagens rotativas, sendo a última campanha
Destacam-se no relevo suavemente ondulado da de sondagem realizada em 2015. Ensaios tecnológicos
região dois segmentos da Serra do Gergelim, alinha- e estudos de viabilidade econômica também foram
dos no sentido NS, com cerca de 4 km de compri- executados pela empresa.
mento e desnível em torno de 100 m. Regionalmente as formações ferríferas estão as-
A ocorrência de ferro situa-se na zona de sociadas a uma sequência superior metassedimentar
contato entre o granitoide de Iguatemi, do do Greenstone Belt de Brumado, considerado de idade
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neoarqueana, 2,7 a 3,15 Ga, com metamorfismo xisto mergulhos de 30º para NE ou invertido para SW,
verde a anfibolito (Figura 10). devido a dobramento.
As formações ferríferas ocorrem da meia en- No topo da serra, encontra-se hematititos compactos,
costa para o topo da serra, numa extensão de 6 km, semicompactos e friáveis, sendo esses últimos intensa-
aflorando numa diferença de cota de 330 m (topo e mente pesquisados por poços de até seis metros de pro-
base da Serra da Mata). Apresentam-se estruturadas fundidade e furos rasos de sonda. O hematitito compacto
(SN/SO) segundo a direção N20ºW a N40ºW, com a semicompacto atinge até 60 m nos furos de sonda.
Todos os três tipos de hematititos citados apresen- A empresa estima os recursos desse depósito en-
tam coloração cinza escura a negra, granulação fina, tre 300 Mt a 500 Mt, predominando os minérios de
estrutura maciça, exibindo vacúolos com até 10 cm teores médios. Os hematíticos de altos teores repre-
de espessura, causados pela dissolução dos nódulos e sentam cerca de 10% da massa total.
vênulas de dolomito branco nele existentes (Foto 5). Análises químicas em amostras coletadas pela
CBPM durante a visita de campo revelaram teores
Foto 5 - Da esquerda para a direita: hematitito compacto; de 52,5% a 59,17% de Fe nos minérios hematíticos
itabirito silicoso semicompacto e itabirito anfibolítico
semicompacto. e de 26,8% nos itabiritos anfibolíticos encaixantes.
Fonte: Santana et al., 2017. No geral, os teores de P2O5 são menores de 0,06%
(Quadro 3).
• Depósito de Guajeru
Quadro 3 - Análises químicas de minérios de ferro do Projeto Serra da Mata da Mumbai Ore.
Método analítico
Coordenadas PHY01 CLA80 Tipos de
Amostra XRF79C Fe Total
E C minério
UTM N UTM E SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5 LOI FeO
BB-R-122A 220.058 8.454.852 8,36 5,13 75,1 0,04 0,047 3,59 0,054 52,52 IHSC
BB-R-124A 220.092 8.454.146 6,58 1,2 84,6 0,02 0,018 1,59 0,054 59,17 HC
Fonte: Santana et al., 2017
IHSC = itabirito hematítico semicompacto; HC = hematitito compacto; ISCA = itabirito anfibolítico semicompacto.
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Figura 13 - Mapa da Amplitude do Sinal Analítico mostrando os depósitos de minério de ferro de Paratinga-Urandi
cadastrados em campo – PAEDFB.
Fonte: LASA, 2005/2006, modificado por Belarmino Braga de Melo e Valter Mônaco Conceição Filho, 2017.
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500 m no corpo oeste (morros do Sobrado e Pelado) concentrado por métodos gravimétrico e magnético
e de 250 m no corpo oriental (Morro do Cruzeiro). combinados. Ensaios realizados por laboratório
Com o apoio dos furos de sonda e galerias da credenciado mostraram que numa amostra com teor
antiga mina de chumbo, foram construídas pela de 39,50% de Fe há uma recuperação em massa de
Mineração Cruzeiro 16 seções geológicas de deta- 43,57% e recuperação metalúrgica de 72% de Fe,
lhe (Figuras 16 e 17), utilizadas para as estimativas gerando um concentrado final de 65,37% de Fe.
dos recursos. Em algumas dessas seções, os corpos
de formação ferrífera chegam a espessuras reais de • Depósito do Morro da Gameleira e Ocorrências
450 m, porém com intercalações de clorita biotita Associadas
xistos.
De acordo com dados fornecidos pelos controla- O Depósito Gameleira está situado a 5,4 km a NNW
dores, a Mineração Cruzeiro definiu os seus recursos da cidade de Macaúbas e alinhado no sentido NNE
(Quadro 7) nesse depósito como: com as ocorrências de Catolés, Morro do Maxixe,
a) Recursos Geológicos – situados acima de uma João Mendes e Araçás, todas contidas num trend N-S
superfície definida como a base das interseções com 7,5 km de comprimento, onde ocorrem dezenas
mais profundas da FF, em sondagens e galerias. de corpos de formações ferríferas de altos teores (Fo-
b) Recursos Potenciais – situados abaixo dessa tos 7 e 8).
superfície, até a cota de 350 m, usada como É evidente a correlação desse trend de ocor-
referência de base. rências de ferro com a anomalia aeromagnética de
campo magnético total, muito bem configurada a N
A partir das 16 seções (Figura 16), foram estimados da cidade de Macaúbas (Figura 18). Vale salientar
recursos totais de 2,63 Bt de toneladas de minério que um dipolo bem definido na parte sul da anomalia
com um teor médio de 32,49% de Fe. está relacionado a essa ocorrência do Morro da Ga-
Os recursos do Depósito Boquira têm alta sus- meleira, principal depósito de minério de alto teor de
ceptibilidade magnética, podendo ser facilmente Macaúbas.
Cut-off (% Fe) Minério (Mt) Fe (%) SiO2 (%) Al2O3 (%) Mn (%) P (%)
15 2.637 32,49 45,62 0,26 0,71 0,06
20 2.637 32,49 45,62 0,26 0,71 0,06
25 2.612 32,58 45,47 0,27 0,72 0,06
30 2.577 32,64 45,49 0,26 0,72 0,06
35 26 41,59 33,33 0,23 2,00 0,06
40 13,00 44,21 32,51 0,25 0,75 0,06
45 4 50,49 22,14 0,44 1,81 0,06
50 0,57 52,00 17,90 0,14 0,05 0,17
Fonte: Relatório da Mineração Cruzeiro - Depósito Boquira.
48
Figura 18 - Mapa do Campo Magnético Total, associado aos depósitos de ferro ao norte de Macaúbas.
Fonte: LASA (2006), modificado por Belarmino Braga de Melo e Valter Mônaco Conceição Filho, 2017.
51
Foto 7 - Ocorrência João Mendes – afloramento de itabirito Uma importante anomalia de Campo Magnético
magnetítico com intercalações de magnetitito.
Total (CMT), de direção NE e de configuração bipo-
Fonte: Santana et al., 2017.
lar, baliza, por cerca de 7 km, o flanco ocidental dos
corpos de formação ferrífera, abrindo assim a possi-
bilidade de detecção de novos corpos entre aqueles já
descobertos.
Observam-se aí dois tipos de itabirito:
1) Itabirito semicompacto, de cor cinza escura, fo-
liado a bandado, composto de quartzo martita
e magnetita com susceptibilidade magnética
média e teor de ferro em torno de 40%; e
2) Itabirito anfibolítico semicompacto a compacto,
de cor cinza esverdeada a cinza rosada quando
Foto 8 - Detalhe do itabirito maciço semicompacto do oxidado, estrutura bandada ou foliada, compos-
Serrote do Araçás. to de quartzo, magnetita, martita e anfibólio,
Fonte: Santana et al., 2017.
com teores entre 30% a 33% de Fe.
Foto 10 - Itabirito semicompacto (ISC), bandado, Não há dúvidas de que essa faixa ferrífera tem
polideformado e com alto teor de Fe – Morro do Pereira, em elevado potencial, todavia é necessária a realização de
Ibipitanga.
Fonte: Santana et al., 2017. investimentos adicionais em pesquisas e desenvolvi-
mento dos depósitos de minério de ferro ora comen-
tados e de suas extensões. Certamente a implantação
do sistema logístico da FIOL-Porto Sul será fator de
relevante motivação.
ISC, ISCA e
2. Botuporã/Baixão 190 Mt 33
ICA
• Depósito do Açude
5.1.6 Depósitos de Ferro de Paratinga/Bom Jesus
Situa-se a cerca de 1,6 km de Macaúbas, na estrada da Lapa
para Ibipitanga, próximo ao Açude de Barauninha.
Nesse depósito, ocorrem grandes afloramentos de A sede do município de Paratinga está situada na
itabirito semicompacto cinza escuro, silicoso com região do vale do Médio São Francisco, distando
granulação fina, estrutura bem laminada, com suscep- 749 km de Salvador por estradas asfaltadas.
tibilidade magnética média e teor médio estimado em A economia da região está principalmente centra-
40% de Fe. da na agropecuária, sendo que Bom Jesus da Lapa,
O corpo ferrífero do Açude é de pequeno porte principal polo econômico da região, conta com um
apesar da boa qualidade e homogeneidade do seu mi- razoável setor de serviços em função do turismo
nério. O potencial de recurso foi estimado em 26 Mt. religioso.
O Quadro 9 apresenta os recursos estimados A região tem relevo plano a suavemente ondulado,
para os depósitos do subdistrito ferrífero de Boqui- apresentando amplas coberturas arenosas quaterná-
ra/Macaúbas/Botuporã que podem atingir 3,0 Bt rias e aluviais, onde se destacam os serrotes do Tan-
de minérios com teor e qualidade variadas. Esse que, Silvestre e da Canela, que se acham sustentados
número pode ser ampliado tendo em vista que na por formações ferríferas (Figura 19).
região ocorrem outros depósitos com afloramentos
de itabiritos hematíticos e hematititos como aque- • Depósito Paratinga (Fazenda Tanque)
les de Catolés, Garimpo Queimada e Serrote do
Araçá, cujos recursos não foram avaliados devido às Está situado na Fazenda Tanque, 19 km a E da cidade
extensas coberturas de solos vermelhos argilosos e de Paratinga. Esse depósito dista 20 km do Rio São
arenosos. Francisco e está a cerca de 100 km do eixo da Ferrovia
53
Figura 19 - Mapa da Amplitude do Sinal Analítico (ASA) mostrando os depósitos de minério de ferro de Paratinga (Fazenda
Tanque) e da localidade Silvestre.
Fonte: LASA, 2006.
de Integração Oeste-Leste (FIOL). A região tem rasas. Está planejada a execução de um programa de
uma boa infraestrutura instalada, com energia e es- sondagem exploratória inicial (Figura 20).
tradas asfaltadas. A CBPM detém análises de amostras superficiais
Essa área foi pesquisada em detalhe pela CBPM de minério com um teor médio de 42,45% de Fe e
em 2013/2014, que ali realizou: mapeamento de 0,06% de fósforo. Essa estimativa de recursos será
detalhe (1:5.000); levantamento geofísico terrestre melhor definida a partir da sondagem planejada.
(MAG) de detalhe; litogeoquímica do minério de fer- No depósito existem seis corpos de minérios que
ro (101 amostras); análises petrográficas; e escavações somam cerca de 3,5 km de extensão linear de formação
54
Figura 20 - Mapa geológico com distribuição dos teores de Fe total – Depósito Paratinga.
Fonte: Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, 2014.
ferrífera, sendo que o maior deles apresenta 1,5 km de que podem provocar uma elevação no teor de ferro do
comprimento e 200 m de largura aparente. O itabiri- corpo de minério. A característica física do minério
to é predominantemente compacto e mais raramente indica a possibilidade de boa taxa de liberação dos
semicompacto, de granulação média a grossa, com óxidos de ferro, o que permitiria, além da produção
lentes milimétricas de agregados de grãos grossos dos concentrados finos do tipo pellet feed, a produção
de magnetita. Ocorrem, ainda, veios lenticulares de de concentrados mais grossos, dos tipos sinter feed e
10 a 40 cm de espessura de magnetititos compactos, granulado (DSO).
concordantes com a foliação (Fotos 11 e 12). Os itabiritos compactos exibem teor médio de
O itabirito é constituído de: quartzo (35% a 50%); 42,45% de Fe e seus teores de elementos contami-
magnetita (20% a 40%); hematita/martita (10%); e nantes, principalmente o fósforo (0,063% de P), estão
eventualmente anfibólio (5%). Ocorrem níveis cen- dentro da faixa tolerada pelo mercado de concentra-
timétricos a métricos de hematita grossa (> 5 mm) dos de ferro (Quadros 10 e 11).
55
Foto 11 - Afloramento de minério de ferro da Fazenda Foto 12 - Detalhe do aspecto textural do itabirito foliado
Tanque, em Paratinga. semicompacto de Paratinga (48,3 % Fe).
Fonte: Santana et al., 2017. Fonte: Santana et al., 2017.
O Morro do Canela é sustentado por uma asso- de xisto básico com aspecto de rocha vulcânica com
ciação de formações ferríferas bandadas, quartzitos e 20 m de espessura; da meia encosta para o topo, outro
xistos (alguns com evidências de origem vulcânica) corpo de itabirito, com espessura estimada em 100 m.
do Greenstone Belt de Riacho Santana. A geologia de detalhe executada pela Marcel Mi-
Em uma trincheira aberta no flanco oeste do mor- neração, sobreposta à aerogeofísica da amplitude do
ro, observou-se um corpo itabirítico na base, com cer- sinal analítico LASA (2005-2006), mostra a perfeita
ca de 80 m de espessura e uma intercalação mediana integração geologia-geofísica (Figura 22).
Figura 22 - Mapa integrado, mostrando a geologia de detalhe sobre a amplitude do sinal analítico.
Fonte: Marcel Mineração/2012 e LASA, 2005/2006. Modificado por Santana, 2017.
58
Predominam no Morro do Canela itabiritos Foto 13 - Serrote da Pedra de Fogo sustentado por
semicompactos, cinza escuros, bandados a lamina- itabiritos. Aspecto vermelho do solo – Depósito Silvestre.
Fonte: Santana et al., 2017.
dos, composto essencialmente de quartzo, martita e
magnetita.
Cinco análises químicas de amostras representati-
vas do minério feitas pela Marcel Mineração revela-
ram resultados no intervalo 38,04% a 49,48% de Fe
(teor médio de 42,39% Fe).
A 2,2 km para sul, ocorre o Alvo Aquiles, continui-
dade do corpo principal do Morro do Canela, onde a
unidade itabirítica exibe largura aflorante de 50 m.
Foram estimados pela equipe do projeto recursos da
ordem de 120 Mt para o Depósito do Morro do Canela.
• Depósito do Silvestre
Colomi e inferiu um potencial de recursos da ordem Tendo em vista que os depósitos de minério de
de 14,25 Bt de minérios de ferro, predominantemen- ferro do distrito Médio São Francisco, estão sepa-
te de baixo teor em relação ao teor de ferro praticado rados pelo Lago de Sobradinho, como também as
pelo mercado, à época. Atualmente, a partir de vários características gerais das suas litofácies ferríferas, fo-
trabalhos de pesquisas, os recursos do Bloco Colomi ram considerados dois subdistritos, respectivamente,
Norte são estimados em 5,6 bilhões de toneladas Bloco Remanso, ou Colomi Norte, e Bloco Sento Sé,
(Quadro 13). ou Colomi Sul (Figura 23).
Figura 23 - Mapa da Amplitude do Sinal Analítico mostrando corpos ferríferos dos blocos Remanso e Sento Sé.
Fonte: LASA (2009), modificado por Belarmino Braga de Melo e Valter Mônaco da Conceição Filho, 2017.
61
5.2.1 Bloco Remanso (Colomi Norte) teores e qualidade do minério os depósitos de: 1)
Serra dos Colomis (Foto 15 - Colomi Norte); 2)
Nesse bloco, a equipe do projeto de avaliação e Serra do Choro (Pau a Pique); 3) Lagoa do Duarte;
diagnóstico dos distritos de minério de ferro (SAN- 4) Barreirinho; e 5) Serra do Facheiro. As caracte-
TANA et al., 2017) – Figuras 24 a 26 – selecionou rísticas principais desses depósitos estão registradas
para visitas, em função dos seus respectivos recursos, no Quadro 13.
Foto 15 - Serra dos Colomis. Foto tomada do Bloco Sul (Sento Sé) para o Bloco Norte (Remanso), englobando o Lago de
Sobradinho.
Fonte: Santana et al., 2017.
Quadro 14 - Análises químicas dos itabiritos da parte sul da Serra dos Colomis.
Método analítico XRF79C PHY01E CLA80C Fe Tipos de
Depósito
Amostra UTM N UTM E SiO2 Al2O3 P2O5 LOI FeO total minério
BB-R-111A 8.939.369 188.926 51,7 0,12 0,05 0,72 2,85 32,52 ICA Serra dos Colomis
BB-R-114A 8.934.789 208.082 50,9 0,21 0,06 0,89 1,67 33,71 ICA Serra dos Colomis
BB-R-115A 8.928.728 210.881 49,1 0,05 0,13 0,62 2,01 34,62 IC Serra do Choro
Fonte: Santana et al., 2017.
Teores em % - Geosol.
ICA = itabirito anfibolítico compacto; IC = itabirito compacto.
63
Informações coligidas pela CBPM, cujas pesquisas es- no Bloco Colomi Norte (depósitos: Lagoa do Duarte,
tão sujeitas à auditoria e maior detalhamento, apontam Barreirinho e Facheiro) com um potencial de recursos
recursos de minério de ferro em depósitos posicionados da ordem de 1,1 Bt a um teor médio de 26% de Fe.
64
Figura 26 - Mapa geológico de detalhe do Alvo Facheiro, com quadro exibindo metragem dos furos de sonda.
onde ocorrem minérios itabiríticos com teor médio Essas faixas enriquecidas em minérios de altos
entre 34% e 39% Fe e, subordinadamente, lentes mé- teores da Serra da Bicuda estão possivelmente ligadas
tricas de hematititos compactos com 66,71% de Fe. à ação de fluidos hidrotermais, que tamponam o ferro
A BA8/Bhamex também realizou pesquisas em e lixiviam a sílica e os carbonatos.
depósitos de ferro nas serras da Pedra Preta e da Além de altos teores de ferro, esses minérios pos-
Capela, tendo avaliado, preliminarmente, recursos da suem boas características mineralógicas e tecnológi-
ordem de 250 Mt, com teor médio de 40% de Fe em cas para a sua concentração, com poucas intercalações
itabiritos silicosos semicompactos. deletérias, tendo como mineral de ganga, exclusiva-
A equipe do projeto de avaliação estratégica dos mente, quartzo e limonita.
distritos ferríferos da Bahia, executado pela CBPM A Colomi Iron estimou para esse depósito um
(SANTANA et al., 2017), realizou verificações de total de 784 Mt de minério de ferro.
campo nos seguintes depósitos e/ou jazidas desse
bloco: Foto 17 - Corpo de hematitito compacto – Serra da Bicuda
Norte. Ao fundo, Lago de Sobradinho.
Fonte: Santana et al., 2017.
• Depósito Serra da Bicuda
Testes de caracterização tecnológica em amostras Foi estimado para a área um potencial de recursos
desse depósito efetuados pela Colomi Iron indicaram da ordem de 300 Mt de minério (itabiritos silicosos
recuperação em massa de 82% e recuperação metalúr- e hematíticos com níveis de hematitito compacto
gica entre 71% e 66%. subordinados) de altos teores de ferro e com boas
características mineralógicas e tecnológicas, com
• Depósito Serra da Melancia poucas intercalações deletérias e tendo como mi-
neral de ganga, exclusivamente, quartzo e limonita
Esse depósito está localizado na Serra da Melancia, a (Foto 19).
9,5 km da cidade de Sento Sé, à margem da estrada Amostras do minério coletadas pela CBPM nesse
para a vila de Aldeia, distando 5 km da margem sul depósito revelaram os teores exibidos no Quadro 15,
do Lago de Sobradinho. confirmando o alto teor de ferro.
Com aproximadamente 6 km de comprimento
e direção geral NW/SE, essa serra possui 100 m de • Depósito de Xique-Xique
desnível em relação à planície do vale do São Fran-
cisco. Da sua meia encosta para o topo, ocorrem Situado na região do Médio São Francisco, esse de-
extensos afloramentos de itabirito semicompacto e pósito, com recursos totais estimados em 830 Mt e
itabirito friável, cinza escuros, silicosos, com alternân- teor médio de 24,8% de ferro, está localizado a 65 km
cia rítmica de bandas claras de quartzo e escuras de a N da cidade de Xique-Xique e a 615 km de Sal-
martita/hematita. Esses itabiritos apresentam baixa vador, por estradas asfaltadas. Existem quatro pros-
susceptibilidade magnética. pectos compondo o Projeto da BrazIron, merecendo
destaque o Projeto Urubu, onde a referida empresa
Foto 19 - Itabiritos silicosos semicompactos e hematíticos concentrou suas atividades.
da Serra da Melancia.
Fonte: Santana et al., 2017. Desde 2008, a BrazIron, empresa australiana, atra-
vés da sua subsidiária BR Ferro Mineração Ltda., de-
senvolveu pesquisas no Projeto Urubu, que alcançou
recursos JORC de 430 Mt, com teor médio de 24,8%
de Fe, com todos os procedimentos e modelagens
feitas pela CSA Global (Perth, Austrália).
Dentre as atividades executadas por esse projeto,
destacam-se: quatro mil metros de sondagens dia-
mantadas e rotopercussivas de circulação reversa,
distribuídas em 45 furos; magnetometria terrestre;
geoquímica de rochas (testemunhos e chips da circu-
lação reversa; testes metalúrgicos; medidas de densi-
dade volumétrica; validação dos dados, interpretação
e modelagem).
As formações ferríferas bandadas desse depósito enriquecimento supergênico, com 40% de ferro. Para
estão encaixadas em quartzitos ferruginosos e asso- norte do prospecto, os teores são mais baixos devido
ciados a uma sequência metassedimentar do Com- às presenças de itabiritos anfibolíticos, goethíticos e
plexo Xique-Xique (Figura 25 e Foto 20). jaspelitos associados aos itabiritos semicompactos.
Os itabiritos são silicosos, semicompactos, banda- Os corpos itabiríticos apresentam, normalmente,
dos, de cores cinza a cinza escuro e de granulação fina, mergulhos baixos e direção meridiana; estrutural-
compostos de hematita, martita e quartzo, e encerram mente foram interpretados como sinclinal aberto e/
teores de ferro entre 25% e 32% (Fotos 21 e 22). ou em uma estrutura homoclinal truncada por falhas
Localmente, principalmente na parte sul do Pro- transversais (Figura 27).
jeto Urubu, ocorrem níveis subordinados de até 60 cm
de espessura de magnetita/hematita compacta, com Figura 27 - Mapa geológico e seção de detalhe do Projeto Urubu.
Fonte: BrazIron, 2016.
68% de ferro, e também itabirito semicompacto, com
Figura 29 - Mapa Amplitude do Sinal Analítico com ocorrências/depósitos do Distrito do Sudeste da Bahia.
Fonte: Microsurvey (2011) e LASA (2006), modificado pela BioGold (2013).
Mostra uma forte correlação com uma grande de corpos lenticulares ou bolsões de itabiritos mag-
anomalia de ASA (Amplitude do Sinal Analítico) e netíticos escuros e magnetititos, que formam lentes
de CMT (Campo Magnético Total), de direção geral centimétricas a bancos métricos.
nordeste (NE), de 30 km de comprimento (Figura 29). O itabirito silicoso é predominantemente semi-
Apresenta-se como extensos afloramentos de compacto, de coloração cinza escura, com tons amare-
itabiritos silicosos, com intercalações, subordinadas, lados e avermelhados devido à oxidação, granulometria
72
média a predominantemente grossa. Exibe estrutura foliação pouco pronunciada (Foto 24). Apresenta, em
foliada a bandada, com os agregados de grãos grossos seu interior, restos de quartzo grosseiro, mostrando
de magnetita e martita estirados, por vezes formando que a sua substituição total pela magnetita não se
lentes, alternadas a bandas claras de quartzo grosso, efetivou. Essa substituição parcial forma um itabirito
também estirado, e magnetita mais fina (Foto 23). magnetítico semicompacto (com > 50% de Fe).
O magnetitito, composto predominantemente por O Quadro 16 registra resultados de análises
magnetita martitizada, é semicompacto a compacto, químicas efetuadas pela Geosol em amostras repre-
de coloração cinza escura a negra, com tons amarela- sentativas do magnetitito compacto e dos itabiritos
dos e avermelhados devido à oxidação, maciço ou com magnetíticos semicompactos.
Foto 23 - Itabirito semicompacto, silicoso, característico da Foto 24 - Amostra de magnetita compacta que ocorre no
área de Jacutinga – Distrito do Sudeste da Bahia. Depósito de Jacutinga – Distrito do Sudeste da Bahia.
Fonte: Santana et al., 2017. Fonte: Santana et al., 2017.
BB-R-07A 375.183 8.377.510 16,3 0,58 0,022 -0,07 8,53 58,25 IMSC
BB-R-12 375.850 8.378.554 21,6 0,2 0,087 0,93 2,71 54,13 IMSC
Na maior parte do depósito predomina minério vocação para a produção de sinter feed e granulados
com teor superior a 40% de ferro total, a exemplo da (DSO) e também pellet feed.
JC-VM-4, contendo intercalações subordinadas de Jacutinga representa o maior e melhor depósito de
magnetititos compactos de altos teores (59% a 66% ferro do distrito, uma vez que possui um potencial de
de Fe). Elementos deletérios como P, Mn e óxidos recursos da ordem de 260 Mt de minério com alto teor
de Ca, Mg e Al ocorrem em teores muito baixos e de ferro. Ademais, está situado relativamente próximo
perfeitamente aceitáveis no mercado. ao traçado da FIOL e a apenas 150 km do Porto Sul,
Além de encerrar minérios de ferro de altos teores ora em fase inicial de implantação em Ilhéus.
e de características físicas positivas (granulometria
grossa, mineralogia simples, alta susceptibilidade • Depósitos de Água Bela, Fojo, Bagaço Grosso e Itororó
magnética, média compacidade e aparentemente alto
grau de liberação), o Depósito de Jacutinga tem forte Os depósitos de Água Bela,
Fojo, Bagaço Grosso e Itororó
Figura 31 - Mapa Amplitude do Sinal Analítico (ASA) com trends ferríferos da são de pequenas dimensões.
região Iguaí/Ibicuí. Juntamente com os de Boa Es-
Obs.: 1 - Trend Jacutinga; 2 - Trend Boa Esperança-Água Bela; e 3 - Trend Itororó-Rio Novo.
Fonte: LASA, 2006; modificado por BioGold, 2013.
perança e Nenga, constituem
um trend mais centralizado
bem definido pelo mapa de
Amplitude do Sinal Analítico.
Esses trends (Figuras 31
e 32) englobam corpos de
itabiritos anfibolíticos, cujos
comprimentos variam de
100 m a pouco mais de 1.000
m, apresentando teores de ferro
em torno de 30% a 35%.
Na parte mais oriental,
ocorre o trend Itororó-Rio
Novo, com corpos de itabiritos
anfibolíticos medindo poucas
centenas de metros de com-
primento, com teores médios
normalmente abaixo de 30%
de ferro.
Os depósitos Água Bela,
Fojo e Bagaço Grosso situam-
se cerca de 8 km a NE da ci-
dade de Iguaí, numa região de
relevo ondulado a acidentado.
Estão alinhados na direção
NE, relacionados a uma faixa
anômala (ASA) (Figura 32),
com pequenos corpos de itabi-
ritos distribuídos ao longo de
6 km desse trend.
74
Figura 32 - Mapa Amplitude do Sinal Analítico (ASA) mostrando o Trend Aeromagnético de Boa Esperança-Água Bela.
Fonte: BioGold, 2013; modificado de Santana, et. al., 2017.
• Depósitos de Água Bela e Fojo provocando uma elevação dos teores de ferro do mi-
nério, superiores a 55% de Fe.
Em Água Bela, observa-se um grande afloramento de O minério de Água Bela é de boa qualidade, não só
formação ferrífera com 470 m de comprimento, largura por suas características físicas e mineralógicas, mas tam-
aflorante de 60 m, altura máxima de 20 m, compondo bém pelo seu teor médio de 43,7% de Fe e 0,06 % de P.
um corpo ferrífero de aproximadamente 600 m de No depósito da Fazenda Fojo, situado no mesmo
comprimento no qual predominam formações fer- trend, 2,7 km a NE de Água Bela, verificou-se um
ríferas bandadas de granulação grossa, com grãos de corpo com 540 m de comprimento que engloba um
magnetita martitizada (60%) e de quartzo (35%), afloramento de formação ferrífera com 315 m de ex-
segregado em bandas claras exibindo faixas métricas tensão por 20 m de largura aflorante.
protomiloníticas, subordinadas e enriquecidas em fer- Os minérios do corpo ferrífero do Fojo têm estru-
ro, normalmente com alta susceptibilidade magnética. tura bandada a protomilonítica, granulometria média
Na parte basal do corpo de Água Bela, ocorrem a grossa, apresentando características físicas e mine-
níveis centimétricos a métricos ricos em magnetita, ralógicas semelhantes àquelas do depósito de Água
75
Bela. Quatro amostras compostas, representativas do martita orientados, exibindo, pontualmente, níveis
depósito ferrífero do Fojo, revelaram teores médios de decimétricos ricos em óxidos de ferro e com pre-
42,8% de Fe e 0,06% de P. sença apenas residual de grãos de quartzo. Tem
Essas duas ocorrências estão entre as mais expres- susceptibilidade magnética média a alta, teor médio
sivas da região de Ibicuí e juntas podem compor um de 45,4% de ferro e 0,08% de P. Para esse depósito
único depósito com recursos da ordem de 23 Mt de foi inferido um potencial de recursos da ordem de
minérios de ferro de boa qualidade, com teor médio 38 Mt.
em torno de 40% de Fe e 0,06% de P, além de te- Os corpos ferríferos de Água Bela, Fojo e Baga-
ores aceitáveis pelo mercado dos demais elementos ço Grosso são formados por litofácies semelhantes,
contaminantes. podendo ser produtos de um único corpo que foi
boudinado após a vigorosa tectônica de cisalhamento
• Depósito de Bagaço Grosso que afetou o Complexo Ibicuí.
Para esse conjunto de itabiritos semicompactos
Situa-se no mesmo trend de Água Bela a apenas – Água Bela, Fojo e Bagaço Grosso – possuidor
1 km a NE do Alvo Fojo (Figura 33). Apresenta de altos teores de ferro, com texturas e estruturas
grandes afloramentos de itabirito semicompacto de semelhantes, a Biominer estimou um potencial de
granulação média a grossa, com grãos de magnetita/ recursos de 61 Mt.
Figura 33 - Mapa geológico regional com localização dos trends Itororó-Rio Novo e Rio Preto-Valentin e da Zona Boa
Esperança-Água Bela.
Fonte: BioGold, 2013; modificado por Conceição Filho, 2012.
76
5.3.2 Depósitos de Ferro do Setor Norte do Na área, existe extensa cobertura de canga limo-
Distrito do Sudeste da Bahia. nítica com seixos e grânulos de magnetitito, com
largura de 270 m e comprimento de 700 m.
Observa-se nas imediações da cidade de Jequié deze- Recobertos por essa canga limonítica, ocorrem
nas de ocorrências de formações ferríferas que formam magnetititos semicompactos, cinza escuros, maci-
um trend com 100 km de extensão nos domínios dos ços, de grã grossa. No extremo SW, observou-se um
granulitos e ortognaisses miloníticos do Complexo itabirito silicoso compacto a friável, médio a grosso,
Jequié, dentre as quais se destacam as ocorrências de em contato, no topo, com um nível de magnetitito
Fazenda Humaitá e do Castanhão. compacto a semicompacto (Foto 27).
Esse trend ferrífero encontra-se bem delineado,
entre Iguaí e Jequié, por um conjunto de anomalias Foto 27 - Magnetita compacta sob a canga ferruginosa.
Detalhe do afloramento na margem da estrada de Humaitá
geofísicas aeromagnéticas do sinal analítico total para Jequié.
(ASA), alongadas, amalgamadas e quase contínuas. Fonte: Santana et al., 2017.
Esse domínio ferrífero carece de trabalhos explo-
ratórios adicionais para a definição dos seus recursos,
haja vista que estão em sinergia com o traçado da
FIOL e localização próxima a Jequié, que conta com
ótima infraestrutura, inclusive com terminais de ga-
soduto da Petrobras.
• Depósito de Humaitá
Análises químicas realizadas pela SGS/Geosol, Foto 28 - Magnetitito compacto – ocorrência da torre da
de amostras representativas do depósito de Hu- Embratel, em Jequié.
Fonte: Santana et al., 2017.
maitá, exibem teores elevados de Fe (63% a 64%
de ferro total) para os magnetititos compactos
e de 54,73% para um banco métrico de itabiritos
semicompactos a friáveis, com nível de magnetitito
associado (Quadro 18).
Esse depósito se constitui em um importante
prospecto e, como os demais da região, carece de um
trabalho sistemático de pesquisa para a definição de
suas reais potencialidades. Considerando-se os dados
obtidos em campo, foram estimados recursos de
60 Mt de minério.
• Depósito Torre
Esse depósito está situado nas proximidades da torre 5.4 Distrito Ferrífero Do
da Embratel, localizada no topo da Serra do Casta- Recôncavo (Coração De Maria).
nhão, a 5 km de Jequié, onde pequenos depósitos de
magnetititos foram lavrados até a exaustão. Descoberto pela Ferrous Resources, esse depósito
Nas proximidades da torre, ocorre uma faixa de está situado a apenas 115 km de Salvador e 80 km
400 m de comprimento com 30 m a 50 m de espes- do porto de Aratu. Foi pesquisado pela empresa entre
sura, orientados para direção NE, composta de blocos 2010 e 2013.
e matacões rolados de magnetitito compacto, de cor O depósito é formado predominantemente por ita-
cinza escura a negra, apresentando uma estrutura iso- biritos anfibolíticos, goethíticos e silicosos que formam
trópica, altas densidade e susceptibilidade magnética, corpos lenticulares de espessura variando de 20 m a
constituindo um minério de alto teor de ferro (> 60% 100 m, encaixados em uma sequência supracrustal e
de Fe), semelhante ao magnetitito compacto da Fa- vulcanossedimentar do Complexo Santa Luz.
zenda Humaitá (Foto 28). Como instrumento de interpretação, para o me-
Essa faixa de rolados representa a continuidade lhor conhecimento da geologia da área e do esboço
dos corpos NE, recomendando-se assim a realização da distribuição espacial das formações ferríferas de
de trabalhos de detalhamento geológico/geofísico, interesse na área do Projeto Jacuípe, foram realizados
com possível sondagem exploratória para a definição 320 km2 de levantamentos aerogeofísicos de magne-
dos seus recursos/reservas. tometria (MAG) e gamaespectrometria (GAMA)
entre 2009/2010. Levantamentos esses executados
pela Prospectors Aerolevantamentos e Sistemas Ltda.
BB-R-171A 8.467.457 398.909 1,16 2,86 91,6 1,48 0,074 0,04 -1,43 64,7
Humaitá
BB-R-171B 8.467.457 398.909 0,13 2,46 90,5 0,13 0,021 0,005 -2,04 63,3
BB-R-172 8.467.225 398.810 19,1 0,3 78,3 0,07 0,043 0,005 0,26 54,76
Fonte: Santana et al., 2017.
80
Figura 36 - Mapa geológico de detalhe da porção central, com localização dos furos de sonda – Morro do Zabelê.
Fonte: Ferrous Resources do Brasil, 2011.
82
Foto 30 - Testemunhos de sondagem – itabirito anfibolítico –, A previsão para o projeto era de uma produção de
profundidade de 51 m. 3,8 Mt/ano de concentrado a 62,5% de Fe, predo-
Fonte: Ferrous Resources do Brasil, 2011.
minantemente do tipo pellet feed, que seriam trans-
portados por mineroduto até o porto de Aratu, onde
seriam deslamados e embarcados para os mercados
externos.
Esse depósito, que foi avaliado e certificado pela
Ferrous, possui recursos estimados da ordem de
1,13 Bt, com teor médio de 27% de Fe (Quadro 19).
O Projeto da Ferrous Resources do Brasil teve suas
atividades paralisadas em 2014 em função da queda
dos preços da commodity, porém a empresa preservou
sua estrutura em Coração de Maria.
ISCA 15 6,94 2,92 20,26 26,54 2,50 0,90 1,89 0,35 1,90 2,17 0,07 0,17 0,04 0,08 54,23 0,12 38,56
ICG 15 1,96 2,58 5,05 30,93 1,40 0,20 1,17 0,08 2,66 0,94 0,05 0,08 0,03 0,03 50,55 0,06 51,80
IFG 15 43,84 2,26 99,08 32,41 3,46 0,10 0,61 0,14 5,58 0,43 0,12 0,07 0,07 0,07 43,56 0,17 67,36
Total 372,67 3,04 1.132,19 27,22 2,18 1,92 5,25 0,32 0,71 3,28 0,10 0,16 0,07 0,24 52,58 0,14 50,29
Obs.: ICA = itabirito compacto anfibolítico; ISCA = itabirito semicompacto anfibolítico; ICG = itabirito compacto goetítico; IFG = itabirito friável
goetítico.
85
Figura 39 - Mapa geológico da área dos depósitos de Fe, Ti e V de Campo Alegre de Lourdes.
Fonte: Sampaio, Lima e Moreira (1986).
87
a 180 km ao norte
Barreirinho 8.920.781 762.144 Pilão Arcado 356,00 Mt 26% de Fe ICA e IC A área do depósito está
a 70 km ao sul da FIOL
Serra do 8.991.413 196.850 Pilão Arcado 222, 00 Mt 26% de Fe ISC; IC; IF; A ferrovia
Facheiro IDSC e HC Transnordestina passa
a 180 km ao norte
89
Serra da 8.915.832 177.547 Sento Sé 300,00 Mt 32% a 65% ISC; IC; IF; Níveis de HC até
Sul
Essa última observação é facilmente demonstrável, também, ser alavancados, tornando-se objeto de lavra
haja vista a presença de eixo ferroviário que acessa o e beneficiamento com a entrada em operação do Sis-
Porto Sul, em Ilhéus, cuja implantação encontra-se tema FIOL-Porto Sul.
em curso. Ademais, a presença na vizinhança des- Além do sistema logístico ferro-portuário pen-
se eixo ferroviário de depósitos de minério de ferro dente de finalização, o Distrito Sudoeste (Caeti-
com desenvolvimento finalizado e/ou em fase pré- té-Brumado) conta com uma boa infraestrutura em
-operacional, entre os quais, merecem destaque: a Mina termos de energia elétrica, haja vista que a região de
de Pedra de Ferro (empresa BAMIN); o Projeto Bruma- Caetité, nas proximidades da Mina de Pedra de Ferro
do (Mumbai Ore/RIWA); o Projeto Lagoa Real (Santa e dos depósitos do Espírito Santo, Urandi, Macaú-
Fé Mineração), todos localizados nas vizinhanças ime- bas/Boquira existem dois projetos de usinas eólicas
diatas do eixo da Ferrovia Oeste-Leste/FIOL (ver mapa – Parque Eólico Baiano e Macaúbas – com potencial
anexo); e, ainda, os depósitos localizados no município de de geração de 4.450 Mw, sendo que as usinas já em
Urandi (Sul-Americana de Metais, Zamin e BAMIN), operação respondem por 642 Mw. Além disso, o
atravessados pelos trilhos da antiga linha férrea FCA, distrito é cortado no sentido E-W por uma linha de
conduz à constatação que estão apenas na dependência transmissão de 500 Kva.
da otimização do sistema logístico ferro-portuário para Espera-se, pois, que a síntese ora apresentada seja
entrar em operação imediata. Certamente, consideran- uma suficiente demonstração técnica que, se o estado
do que a FIOL, que se encontra atualmente com obras da Bahia ultrapassar o gargalo relativo à infraestru-
avançadas, e, considerando ainda o forte empenho do tura do sistema logístico ferro-portuário, tornando-o
governo do estado da Bahia que busca entendimentos, operacionalmente otimizado e competitivo, esse
inclusive com investidores internacionais, visando a fi- potencial ferrífero estimado em cerca de 20 bilhões
nalização da construção e operação do sistema logístico de toneladas de minério de ferro possa, brevemente,
ferro-portuário, se deve admitir que o mesmo torne-se introduzir um novo vetor significativamente positivo
operacional brevemente. no perfil econômico-industrial da Bahia, permitindo
Nesse caso, é certo que outros depósitos desse o seu ingresso e o usufruto, ambientalmente sustentá-
distrito, tais como aqueles posicionados no trend de vel, nos benefícios econômico-sociais da mínero-in-
Boquira/Macaúbas/Botuporã, nas faixas ferríferas dústria do ferro, uma base para a sua verticalização
de Urandi e Paratinga/Bom Jesus da Lapa devem, siderúrgica.
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7. REFERÊNCIAS
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