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GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO – SDE


COMPANHIA BAIANA DE PESQUISA MINERAL – CBPM

POTENCIALIDADE DO MINÉRIO DE FERRO


NO ESTADO DA BAHIA

Adalberto de Figueiredo Ribeiro


Belarmino Braga de Melo
Valter Mônaco Conceição Filho

Washington Rydz Rebouças Santana (Coordenador)


Icalmar Antonio Vianna (Organizador)

Salvador – Bahia – 2017


R484 Ribeiro, Adalberto de Figueiredo.
Potencialidade do minério de ferro no estado da Bahia / Adalberto de
Figueiredo Ribeiro, Belarmino Braga de Melo, Valter Mônaco Conceição
Filho ; Washington Rydz Rebouças Santana, coordenador ; Icalmar Antonio
Vianna, organizador. – Salvador : CBPM, 2017.
102 p. : il. color. + 1 mapa. – (Série publicações especiais ; 20)

Inclui: Cadastros dos depósitos e ocorrência de minérios de ferro


da Bahia.
ISBN 978-85-85680-61-9

1. Geologia econômica – Bahia. 2. Minérios de ferro - Bahia. I. Melo,


Belarmino Braga de. II. Conceição Filho, Valter Mônaco. III. Santana,
Washington Rydz Rebouças. IV. Vianna, Icalmar Antonio. V. Companhia
Baiana de Pesquisa Mineral. VI. Série.
CDD 553.098142
CDU 553(813.8)

Capa: Frente de lavra da Mina Pedra de Ferro. Fotografia obtida em visita


técnica da equipe do projeto (Santana, W.R.R., 2017).
GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA

Rui Costa dos Santos


Governador

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO – SDE

Jaques Wagner
Secretário de Desenvolvimento Econômico

COMPANHIA BAIANA DE PESQUISA MINERAL – CBPM

Hari Alexandre Brust


Diretor Presidente

Rafael Avena Neto


Diretor Técnico

Wesley Soares Faustino


Diretor Administrativo e Financeiro

Ivanaldo V. Gomes da Costa


Gerência de Informação e Divulgação – GERID
“Não se diga, porém, que as jazidas de ferro (do sul) da Bahia
não devam ser pesquisadas. Grande interesse há, no contrário,
que ellas sejam cubadas para se verificar si, em conjuncto, não
se constituirão uma reserva apreciável.”
(LEONARDOS, 1937, p. 53).
AGRADECIMENTOS
Para elaboração desta publicação e do projeto técnico que lhe deu
base, a CBPM contou com atividades de uma equipe técnica própria,
experiente em pesquisa de minério de ferro e de serviços técnicos
contratados, a GT&M Geólogos Associados Ltda. Através de extensa
consulta bibliográfica e das atividades de campo para visita aos locais
dos depósitos ou jazidas minerais, foi possível a essa equipe obter
dados para publicar a presente edição da Série Publicações Especiais,
ora disponibilizada. Além disso, o importante apoio recebido de várias
empresas mineradoras, mediante a disponibilização de informações
e dados por multimeios, inclusive apresentações técnicas, e, especial-
mente, por meio de visitas técnicas assistidas aos respectivos “sites”,
associadas às discussões e esclarecimentos, se impõe um especial
agradecimento às empresas:

Bahia Mineração (BAMIN)


BA8/Bhamex
BioGold/Biominer
BrazIron
Colomi Iron
Ferrous Resources
Mineração Cruzeiro do Sul
Mineração Morro do Canela (Marcel Mineração)
Mumbai Ore
Santa Fé Mineração

A Diretoria
APRESENTAÇÃO

E
m 2017, ano em que tivemos a grata satisfação de comemorar o 45º aniversário da Companhia
Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), registramos, através desta publicação técnica da Série Publicações
Especiais, a demonstração geológica de que o estado da Bahia tem um potencial de recursos em
minério de ferro com características propícias para suportar o seu ingresso na exclusiva mínero-indústria
da pesquisa, lavra e beneficiamento desse bem mineral, do ferro, como já preconizava Othon Leonardos,
em 1937.
Pioneiramente, esta publicação propõe a agregação de dezenas de depósitos ferríferos do estado da
Bahia em distritos potencialmente mineiros, considerando, além dos aspectos geológicos, a localização
espacial dos mesmos, bem como os aspectos logísticos, especialmente a infraestrutura ferro-portuária.
Dessa forma, são apresentados cinco possíveis distritos mineiros, cujos recursos foram estimados em
cerca de 20 bilhões de toneladas de minério de ferro. Esta constatação técnica, além de representar a
realização focal e objetiva do projeto executado pela CBPM (SANTANA et al., 2017), o qual é a base desta
publicação, permite-nos afirmar que essa expressiva disponibilidade em recursos minerais ferríferos impõe
aos planejadores do desenvolvimento da Bahia verificar que temos uma riqueza da mais alta importância
para alavancar o desenvolvimento econômico-social e sustentável de vastas regiões, cujas oportunidades
são escassas.
Assim sendo, se o ambiente geológico “fez a sua parte”, não nos é permitido continuar olvidando acerca
dessa possibilidade prenunciada há quase um século. Urge, pois, incentivar a implantação do sistema
logístico ferro-portuário, balizado pelo eixo da Ferrovia Oeste-Leste – FIOL e pelo Porto Sul, no litoral
de Ilhéus, ambos considerados os mais importantes requisitos de infraestrutura para que esse potencial de
recursos ferríferos se transforme, em curto prazo, em riquezas para o desenvolvimento sustentado da Bahia.
Espera-se, portanto, que a movimentação mínero-industrial desse elevado volume de recursos minerais
desencadeie um virtuoso e dinâmico processo de sinergias que permitam a verticalização, mediante a
instalação de unidades pelotizadoras e de usinas de gusa e/ou esponja, ferro de redução direta (DRI), com
a consequente implantação de uma longa cadeia de fornecedores de serviços variados e de supridores de
equipamentos, além das respectivas demandas por manutenção, substituição e a criação de unidades de
reciclagem e de reuso de resíduos e efluentes, bem como de ensino, formação e qualificação de milhares
de empregados da pesquisa e da tecnologia, entre outras.
Dessa forma, o cenário a ser germinado vai muito além daquele materializado nos limites da mínero-
-indústria do ferro, podendo, por conseguinte, elevar expressivamente o potencial do desenvolvimento do
estado da Bahia.

Hari Alexandre Brust


Diretor Presidente
RESUMO

H
á cerca de pouco mais de 80 anos, o laureado geólogo Othon Henry Leonardos (1937) menciona que
as “jazidas de ferro do sudoeste da Bahia deviam ser pesquisadas, pois já naquela época, havia grande
interesse que se verificasse se, em seu conjunto, as mesmas constituiriam uma reserva apreciável”.
As investigações efetuadas recentemente pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral – CBPM a esse
respeito mostraram que aquela proposição do autor acima mencionado era procedente.
Nesta publicação, são feitas considerações técnicas de cunho geológico e exploratório, decorrente
de levantamentos de campo, inclusive em visitas aos sites dos projetos mais avançados em termos de
avaliação e desenvolvimento para lavra e beneficiamento do minério de ferro.
Nesse sentido, foram inspecionados e cadastrados 70 locais com mineralizações de ferro, os quais
constituem um banco de dados georreferenciado. Essas mineralizações ferríferas foram hierarquizadas
em ocorrências, depósitos, jazidas e minas, sendo, ao final, agrupadas regionalmente em cinco Distritos
Mineiros cuja caracterização geral e o potencial de recursos de cada um deles são apresentados no corpo
central dessa publicação, sendo um dos objetivos principais realizados pelo projeto executado pela CBPM.
Além disso, considerações sobre a infraestrutura rodo-ferro-portuária e energética associada a cada um
desses Distritos Mineiros encontram-se também registradas, especialmente aquelas vinculadas ao sistema
do sistema logístico (em construção) da Ferrovia Oeste – Leste e a estrutura portuária localizada na região
de Ilhéus.
Em consequência desse estudo técnico elaborado em doze meses por equipe técnica qualificada,
merece destaque a avaliação estimativa de um potencial em recursos de cerca de 20 bilhões de toneladas
em minério de ferro passíveis de sustentar a implantação, no estado da Bahia, de um novo complexo
mínero-industrial brasileiro ancorado no aproveitamento desse bem mineral.
ABSTRACT

O
ver 80 years ago, the honorable geologist Othon Henry Leonardos (1937) states, “the iron deposits
from southwestern of Bahia State should be researched, since at those time, would have a great interest
to see if the total amount of resources could represent economic reserves”.
The latest investigations carried out by Companhia Baiana de Pesquisa Mineral – CBPM has been shown
how the author’s proposal was relevant.
In this edition, technical considerations are made about geological and exploration results from the
surveys, including visits to sites of the most advanced projects in terms of evaluation and development for
mining and mineral dressing.
According to this, 70 sites with iron occurrences were registered and reviewed, which compose a
geo-referenced database. These iron mineralization’s were classified as occurrences, deposits and mines
and, at the end, were regionally grouped in five Mining Districts whose general characterization and
potential resources of each of them are presented in the central part of this publication, been one of the
main objectives realized by the project carried out by CBPM.
In addition, a consideration set about railroad, port and power infrastructure, associated with each of
these Mining Districts are also recorded, especially those related to the West-East Railroad System (under
construction) and the sea port structure, to be located in the Ilhéus region.
As a consequence of this technical study, carried out during twelve months by a qualified technical
team, it is worth mentioning that the potential resources estimation of about 20 billion tons in iron ore,
could support the implementation in the State of Bahia of a new Brazilian industrial-mining complex,
anchored in the exploitation of these mineral deposits.
SUMÁRIO

1. PREFÁCIO, INTRODUÇÃO E OBJETIVO ............................................................................................................. 17


1.1 Prefácio ......................................................................................................................................................................... 17
1.2 Introdução e Objetivo ............................................................................................................................................. 17

2. EXPLORAÇÃO E PESQUISA DO MINÉRIO DE FERRO NA BAHIA ............................................................ 19

3. GEOLogiA dos depósitos de MinÉrio de Ferro E Ambientes


Geotectônicos associados ...................................................................................................................... 22

4. POTENCIAL DE RECURSOS DOS DEPÓSITOS DE MINÉRIO DE FERRO DA BAHIA .......................... 24

4.1 Geologia e Aspectos Genéticos ........................................................................................................................... 24


4.2 Classificação Produtiva dos Minérios de Ferro ............................................................................................... 25

5. DISTRITOS FERRÍFEROS DA BAHIA .................................................................................................................... 26

5.1 Distrito Ferrífero do Sudoeste da Bahia (Caetité-Brumado) ...................................................................... 26

5.1.1 Depósitos de Ferro de Caetité .............................................................................................................................. 26


Mina de Pedra de Ferro ........................................................................................................................................... 27
Depósito de Jurema ................................................................................................................................................. 29
Depósito do Espírito Santo .................................................................................................................................... 31
Depósito Papa-Mel ................................................................................................................................................... 33

5.1.2 Depósitos de Ferro de Lagoa Real ...................................................................................................................... 33


Depósito de Gameleira e Depósitos Associados ........................................................................................... 35
Depósito Morro do Gergelim ............................................................................................................................... 36

5.1.3 Depósitos de Ferro de Brumado ......................................................................................................................... 36


Depósito de Serra da Mata .................................................................................................................................... 36
Depósito de Guajeru ................................................................................................................................................ 38

5.1.4 Depósito de Ferro de Urandi................................................................................................................................. 40

5.1.5 Depósitos Ferríferos de Boquira/Macaúbas/Botuporã ................................................................................ 42


Depósito de Ferro de Boquira .............................................................................................................................. 45
Depósito do Morro da Gameleira e Ocorrências Associadas .................................................................... 47
Depósito de Baixão (Botuporã) ............................................................................................................................ 51
Depósito do Morro do Pereira .............................................................................................................................. 51
Depósito do Açude .................................................................................................................................................. 52

5.1.6 Depósitos de Ferro de Paratinga/Bom Jesus da Lapa ................................................................................. 52


Depósito Paratinga (Fazenda Tanque) .............................................................................................................. 52
Depósito do Morro do Canela .............................................................................................................................. 56
Depósito do Silvestre .............................................................................................................................................. 58
5.2 Distrito Ferrífero do Norte da Bahia (Remanso-Sento Sé) .......................................................................... 58
5.2.1 Bloco Remanso (Colomi Norte) ............................................................................................................................ 61
5.2.2 Bloco Sento Sé (Colomi Sul) .................................................................................................................................. 64
Depósito Serra da Bicuda ....................................................................................................................................... 65
Depósito Serra da Melancia .................................................................................................................................. 66
Depósito de Xique-Xique ....................................................................................................................................... 66

5.3 Distrito Ferrífero do Sudeste da Bahia (Iguaí-Jequié) .................................................................................. 68


5.3.1 Depósitos de Ferro do Setor Sul do Distrito Sudeste da Bahia ................................................................ 68
Depósito da Jacutinga ou Serra do Ouro ......................................................................................................... 70
Depósitos de Água Bela, Fojo, Bagaço Grosso e Itororó ............................................................................. 73
Depósitos de Água Bela e Fojo............................................................................................................................. 74
Depósito de Bagaço Grosso .................................................................................................................................. 75
Depósito de Itororó .................................................................................................................................................. 76
Depósito de Ouricana e Ouricana I (Poções) .................................................................................................. 77
Depósito de Mata Quente (Boa Nova) .............................................................................................................. 77

5.3.2 Depósitos de Ferro do Setor Norte do Distrito Sudeste da Bahia ........................................................... 78


Depósito de Humaitá .............................................................................................................................................. 78
Depósito Torre ............................................................................................................................................................ 79

5.4 Distrito Ferrífero do Recôncavo (Coração de Maria) .................................................................................... 79

5.5 Distrito de Ferro, Titânio e Vanádio de Campo Alegre de Lourdes ......................................................... 84

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................................................... 87

7. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................................. 91

ANEXOS

I. CADASTROS DOS DEPÓSITOS E OCORRÊNCIA DE MINÉRIOS DE FERRO DA BAHIA

II. MAPA DOS DISTRITOS DE MINÉRIOS DE FERRO DA BAHIA – GEOLOGIA E INFRAESTRUTURA


17

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

1. PREFÁCIO, INTRODUÇÃO E OBJETIVO

1.1 PREFÁCIO maneira sucinta, mas as mesmas podem ser exami-


nadas com muito mais profundidade e extensão nas
Paralelamente à ascendente curva dos preços das informações sistematizadas em Barbosa J. S. F. et al.
commodities minerais, iniciada por volta de 2005, não (2012) e por Misi et al. (2012) e demais referências
se tinha uma clara percepção sobre o potencial dos bibliográficas relacionadas (Capítulo 7).
depósitos de minério de ferro da Bahia, não obstante Posto isso, questões como: localização e acesso aos
a recomendação técnica do laureado geólogo Leonar- principais depósitos de minério de ferro; caracteriza-
dos O. H. (1937), aqui referido nas páginas iniciais ção qualitativa dos recursos com base no estágio atual
deste opúsculo. do conhecimento técnico e dados disponibilizados;
Não sem alguma polêmica, a questão técnico-geo- o volume dos recursos avaliados; informações sobre
lógica sobre o potencial ferrífero da Bahia evoluiu ensaios tecnológicos; definições de rotas de processos;
progressivamente, a ponto desse assunto se tornar viabilidade proximal relativa ao uso da rede logística
objeto de extensa campanha exploratória no território em implantação; agregação de conjunto de depósitos
do estado, a qual pode ser aferida pela quantidade de em termos de distritos potencialmente mineiros, en-
áreas requeridas e tituladas junto ao Departamento tre outros aspectos relevantes, constitui o núcleo desta
Nacional da Produção Mineral (DNPM). publicação.
Na prática, exploradores de vários perfis e empre-
sas mineradoras de diversos portes corporativos var- 1.2 INTRODUÇÃO E OBJETIVO
reram literalmente a Bahia, cruzando-a em todas as
direções na busca dos depósitos para atender a então Segundo o Departamento Nacional da Produção
crescente demanda do almejado bem metálico. Mineral (2015), o Brasil destaca-se no cenário mun-
Uma vez consolidada a desafiadora perspectiva dial como um dos maiores produtores de minério de
proposta na primeira metade do século XX como ferro, com uma produção no período 2012-2014 de
acima referida, verificou-se que um só de vários 1,2 bilhão de toneladas. As reservas lavráveis, com
depósitos identificados (atualmente controlado pela teor médio de 49,0% de ferro, estão estimadas em
Bahia Mineração – BAMIN) mostrou, ao final da cerca de 22,5 bilhões de toneladas. Isso corresponde a
avaliação, dispor de características quali-quan- 11,9% das reservas mundiais. Essa expressiva reserva
titativas suficientes para mobilizar o sistema de encontra-se concentrada principalmente nos estados
planejamento estadual e nacional, para que provi- de: Minas Gerais (72,5% com teor médio de 46,3%
dências fossem desencadeadas, no sentido de prover de Fe); Mato Grosso do Sul (13,1% com teor médio
à Bahia um sistema logístico ferro-portuário, ainda de 55,3%); e Pará (10,7% com teor médio de 64,8%)
em implantação, capacitado para o escoamento da ( JESUS, 2016).
produção mineral na escala almejada de 20 milhões Ao lado disso, no período 2005-2014, importantes
de toneladas/ano. projetos de pesquisa e avaliação mineral para minério
Esta publicação não trata da história dessa recen- de ferro foram executados em diversas regiões do
te “epopeia” exploratória nem busca fazer a exegese estado da Bahia, permitindo gerar uma estimativa
geológica ou metalogenética do minério de ferro da de recursos (certificados e potenciais) totalizada em
Bahia. Trata-se aqui, notadamente, dos resultados cerca de 20 bilhões de toneladas, com teor médio
dessa intensa “campanha” exploratória (Anexo 1) variando entre 24% a 43% de Fe, podendo alcançar,
realizada especialmente por profissionais geólogos. excepcionalmente, teores de 50% a 67% de Fe.
Logo, as questões relativas à geologia e à metalogenia Certamente, tal potencialidade pode posicionar
da Bahia foram abordadas nesta publicação apenas de futuramente o estado como um dos importantes
18

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

produtores de minério de ferro no Brasil, desde que publicação especial, objetiva, principalmente, fazer
a infraestrutura ferro-portuária necessária ao escoa- uma integração geológica e geográfica das ocor-
mento da produção seja implantada e se torne opera- rências, depósitos e jazidas de minério de ferro da
cionalmente competitiva ao lado de um mercado com Bahia e sumarizar as informações sobre as caracte-
preços minimamente atraentes. rísticas daquelas consideradas principais, bem como
Sem dúvida, a explosão de projetos de pesquisa discorrer sobre o desenvolvimento final de jazidas
mineral no período decorreu, principalmente, do ex- visando à implantação das minas e unidades de
pressivo aumento de preços das commodities na década beneficiamento.
passada, especialmente do minério de ferro, que se deve Ao lado disso, além de se registrar os desafios
principalmente ao crescimento da demanda asiática. que deverão ser enfrentados pelos empreendedores
Apesar desse elevado crescimento na pesquisa em termos de lavra e beneficiamento dos minérios
de minério de ferro na Bahia, o mais básico conhe- que serão aproveitados nas minas a eles tituladas,
cimento sobre esses depósitos se achava disperso, buscou-se, ao mesmo tempo, assinalar para o pla-
praticamente só disponível nas próprias empresas nejamento governamental a necessidade de via-
detentoras dos projetos. Isso levou a Companhia bilizar a implantação da infraestrutura requerida
Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) a desenvol- para a inserção dos produtos no mercado nacional
ver, no período 2015/2016, o Projeto Diagnóstico e internacional,
e Avaliação Estratégica dos Distritos de Minério de Espera-se também que esta publicação especial,
Ferro da Bahia (SANTANA et al., 2017), o qual na medida em que amplia o conhecimento integrado
contou com o forte apoio das empresas no que diz do potencial mínero-industrial do estado da Bahia
respeito ao acesso aos sites dos projetos, bem como em termos de minério de ferro, se torne também
do fornecimento de apresentações e relatórios os um veículo de atração dos potenciais mineradores e
quais foram da maior importância na formatação do industriais investidores, ambos notadamente habi-
cenário geral e sobre a potencialidade geoeconômica litados na promoção e incorporação de projetos de
do estoque de minério de ferro adstrito ao território médio-grande porte.
do estado. Em razão da mais óbvia relevância, destaque-se
Complementarmente, uma análise das informa- ainda que esta publicação propõe também a carac-
ções existentes sobre os depósitos e ocorrências de terização de cinco distritos de minério de ferro na
minério de ferro, disponíveis em bases públicas e Bahia, inclusive com jazidas de classe mundial, que
na literatura técnico-geológica do estado da Bahia totalizam recursos potenciais de mais de 20 bilhões
(Capítulo 7 - Referências), aliada aos levantamentos de toneladas, merecendo o registro que algumas jazi-
e inspeções de campo, permitiu a elaboração de um das dispõem de certificação internacional. Da mesma
Relatório Final (SANTANA et al., 2017) com o in- forma, as necessidades de infraestrutura e logística
teiro teor dos registros do projeto ora referido, o qual ferro-portuária, as quais são consideradas como re-
consiste na base para a elaboração desta publicação da quisitos obrigatórios para que se consolide o fluxo
Série Publicações Especiais. mina-ferrovia-porto visando ao desenvolvimento
Ressalte-se que o projeto executado pela CBPM regional como base na implantação da mínero-indús-
(SANTANA et al., 2017), ora sintetizado nesta tria do ferro no estado.
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Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

2. EXPLORAÇÃO E PESQUISA DO MINÉRIO DE FERRO NA BAHIA

S ão raros na literatura técnica os registros sobre de-


pósitos de minério de ferro na Bahia anteriores ao
ano de 2004. Assim é que as primeiras notícias sobre
sua execução, a qual foi liderada com esse fim pelo
governo federal, o que resultou na disponibilização de
vários e importantes marcos, dentre eles a implanta-
mineralizações de ferro no estado teriam ocorrido ção e/ou ampliação de diversas minas, especialmente
no período 1847 a 1937, com Benedicto Marques no quadrilátero ferrífero, na operação otimizada da
Acauã, Antônio Joaquim de Souza Carneiro e Othon ferrovia Vitória-Minas e na implantação do especia-
Henry Leonardos. Este último fez um levantamento lizado porto de Tubarão, no Espírito Santo. Com isso,
sobre os depósitos de ferro do estado da Bahia, cha- o Sistema Leste alavancou-se para produções que
mando atenção que os mais expressivos deles estavam alcançam algumas centenas de milhões de toneladas
no “NW do estado (Médio São Francisco) e no sul, na de minério, tornando o estado de Minas Gerais, até o
Bacia do Rio de Contas, registrando que esses depósi- presente, a principal unidade produtora e exportadora
tos não estariam sendo aproveitados devido à carência de ferro do Brasil.
de vias de acesso e da distância dos jazimentos aos Enquanto esse conjunto de macroações gover-
portos” (LEONARDOS, 1937). namentais e empresariais eram desencadeadas e
Este último autor registra ainda que Carneiro implantadas na região Sudeste, ao lado do compor-
(1908) considerava que as “jazidas de ferro de Brejo tamento praticamente linear das cotações dessa com-
Grande e Serra da Conceição, em Caetité, seriam as modity, verificou-se que as pesquisas geológicas para
mais importantes do estado”. o desenvolvimento de novos depósitos de minério de
Em 1931, o Relatório Anual do Diretor do Ser- ferro em outras regiões como aquelas do estado da
viço Geológico divulgou a existência de depósitos de Bahia foram praticamente paralisadas, salvo algumas
minério de ferro com amplas possibilidades de apro- iniciativas privadas e estatais, como o fantástico deli-
veitamento econômico na Bahia, fato corroborado neamento da Província Mineral de Carajás, no Pará
pelo Dr. Luciano Jacques de Morais em artigo pu- (TEIXEIRA et al., 2006).
blicado em 1932, na Revista Brasileira de Engenharia, No caso da Bahia, paralelamente a essa evolução do
no qual enfatizava a “possibilidade desses depósitos Sistema Leste, na década de 1970, o Projeto Colomi,
concorrerem com os de Minas Gerais, em face da executado pela então Companhia de Pesquisa de Re-
distância mina-porto”. cursos Minerais (SOUZA et al., 1979), individuali-
Desencadeado pelo esforço diplomático, que mo- zou extensas faixas de formações ferríferas no Médio
bilizou vários países no âmbito da Aliança Ocidental São Francisco, as quais mostram, localmente, altas
da II Guerra, visando assegurar o suprimento em concentrações de hematita e magnetita, com recursos
substâncias minerais para o enfrentamento bélico, o potenciais totais estimados pelo autor em 15 bilhões
sistema ferrífero do estado de Minas Gerais, moder- de toneladas (Bt) de minério de ferro localizadas na re-
namente referido como Sistema Leste, foi gradativa- gião de Remanso/Sento Sé, no Médio São Francisco.
mente estruturado envolvendo todas as atividades da Dessa forma, diante da fortíssima liderança regio-
cadeia produtiva – pesquisa, lavra e beneficiamento, nal na produção mínero-industrial de ferro no Brasil
infraestrutura ferro-portuária –, além da implantação sobre os dois macros e eficientes sistemas produtivos
da primeira unidade siderúrgica de grande porte em – o do Leste, ancorado em Minas Gerais/Espírito
Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro. Santo, e o do Norte, ancorado no Pará/Maranhão, a
A partir da década de 1970, esse sistema se re- pesquisa e o desenvolvimento desse setor nos demais
estrutura para atendimento ao mercado em grande estados brasileiros praticamente hibernaram.
escala no alvorecer da globalização mundial. Resu- Somente a partir de 2004, estimulados pela gran-
midamente, isso envolveu um macroplanejamento e de demanda mundial que provocou a elevação das
20

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

cotações internacionais do minério de ferro, as quais Diamantina, e a identificação pela CBPM do depósi-
variaram de pouco mais de US$ 15/t para até US$ to de ferro de Paratinga, próximo à FIOL, a um teor
180/t, entre 2004 e 2011, muitas empresas e explorado- médio de 44% de Fe, bem como o plano para insta-
res desencadearam a execução de projetos com escopos lação, em Jequié, de uma siderurgia para produção de
de prospecção, pesquisa mineral e desenvolvimento em ferro gusa com capacidade anual de 270.000 t.
várias regiões do Brasil, especialmente na Bahia. De fato, é forçoso reconhecer que, estimulados
Esse comportamento conjuntural de elevação das pelo crescente consumo de minério de ferro, aliado
cotações no mercado internacional levou várias em- às cotações internacionais maximizadas ocorridas a
presas a executarem programas exploratórios voltados partir de 2004, se verificou um avanço significativo
à descoberta de mineralizações ferríferas. Muitas na maturação das atividades de exploração, pesquisa
delas lograram êxito alcançando avaliações de depó- e avaliação geoeconômica do minério de ferro na
sitos de classe mundial (> 1 Bt) na Bahia, a exemplo Bahia, conforme pode ser demonstrado pelos dados
da Mina de Pedra de Ferro, em Caetité, hoje sob o do Quadro 1, onde se observa o estágio avançado
controle da BAMIN – Bahia Mineração. desses projetos, alguns deles com certificação interna-
A esse respeito, o Quadro 1 apresenta uma síntese cional dos recursos.
dos principais projetos executados recentemente, os Note-se, ainda, que esse esforço empresarial na
quais quando cotejados de forma integrada, além de pesquisa e desenvolvimento mineral permite que o
constituir um importante núcleo da presente publica- estado da Bahia consolide um patrimônio mineral
ção, demonstram a relevância da potencialidade mineral de cerca de 20 bilhões de toneladas de recursos, os
desse recurso e o significado estratégico do seu aprovei- quais estão distribuídos em cinco distritos minerais
tamento para o desenvolvimento regional da Bahia. (Figura 1 e Anexo 2), sendo os mais importantes
Diversos outros projetos de menor porte foram aqueles localizados na região norte do estado ou no
executados entre 2005 e 2013, destacando-se, entre Médio São Francisco e na região do sudoeste, em
eles, a pesquisa e avaliação dos depósitos de ferro de torno das cidades de Brumado e Caetité, comentados
Urandi, a hematita compacta de Piatã, na Chapada em mais detalhes nos próximos capítulos.

Quadro 1 - Pesquisa e avaliação do minério de ferro na Bahia – Principais projetos.

Empresa Projeto Localização Sondagens (m) Recursos Observações


BAMIN Pedra de Ferro Caetité 61.500 2,58 Bt Certificados: 948 Mt
MUMBAI ORE Ferro Brumado Dom Basílio/ 5.000 0,5 Mt Itabiritos: 30% de Fe
Brumado Hematititos: 50% a 62% de Fe
VALE/ITACOLOMI Ferro Colomi Iron Sento Sé/Remanso/ 22.975 5,0 Bt Certificado JORC
IRON Casa Nova
MINERAÇÃO Ferro Boquira Morro Cruzeiro 4.000 2,63 Bt Teor médio de 32,49% de Fe
CRUZEIRO DO SUL Boquira
BRAZIRON Morro do Urubu Xique-Xique 4.000 430 Mt Certificado JORC
Teor médio de 24,8%
SANTA FÉ Ferro de Lagoa Real Lagoa Real 10.000 1,8 Bt Teor médio de 32% a 34% de Fe
MINERAÇÃO
BA8/BHAMEX Colomi Remanso 2.000 3,2 Mt 2 Mt a 40% de Fe + 1,2 Mt a
Mandassaia 28% de Fe
FERROUS Jacuípe Coração de Maria 30.992 1,13 Bt Recursos totais a 27% de Fe
BIOGOLD/BIOMINER Ferro-Bahia Caetité 2.500 513 Mt Certificado JORC; Bloco Caetité:
Ibicuí 200 Mt a 29,62% de Fe. Bloco
Ibicuí: 313 Mt a 39,70% de Fe
CENTAURUS Serra da Lontra Ibicuí 8.087 47 Mt Certificado JORC
Teor médio de 32% de Fe
Fonte: Santana, 2017.
21

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Figura 1 - Mapa de localização dos distritos com depósitos de minério de ferro da Bahia associados às disposições das
logísticas rodo-porto-aero-ferroviárias e de energia elétrica (Anexo 2).
22

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

3. GEOLogiA dos depósitos de MinÉrio de Ferro E Ambientes


Geotectônicos associados

A o final desta publicação, pode-se verificar uma


listagem bibliográfica com inúmeros artigos ou
papers, nacionais e internacionais, sobre discussões
esclarece o formato geral da associação entre os do-
mínios geotectônicos e os principais depósitos de mi-
nério de ferro.
de natureza metalogenéticas ou de tipificação dos Conforme se verifica na referida Figura 2, para
modelos dos depósitos de minério de ferro. Assim, esse autor, os depósitos de ferro estão classificados em
no caso do leitor interessado no aprofundamento três tipos: a) Lago Superior; b) Algoma; e c) Rapitan.
dessa temática especializada, nos parece necessário Esses, de forma geral, são associados, respectivamen-
que se faça uma seleção e busca inicial de algumas te, a três tipos de ambientes geotectônicos: a) bacias
das indicações postadas na bibliografia que compõe plataformais das margens continentais; b) cinturões
esta publicação. tectônicos associados às fossas e aos arcos vulcânicos e
Por conseguinte, e em acordo com o objetivo às exalações vinculadas às ridges e aos rifts das cadeias
desta publicação, apresentamos neste tópico um meso-oceânicas; e c) aos vales e grabens continentais.
sumário sobre alguns conceitos técnicos e cientí- Conceitualmente, esse modelo esquemático
ficos observados por destacados autores referidos proposto por Gross (1980) vem sendo reconheci-
ao longo deste texto, visando apenas contextuali- do, no geral, como válido por vários autores, como
zar preliminarmente os ambientes geotectônicos recentemente mencionado por Chemale Junior
potencialmente geradores, no tempo e espaço, dos (2013), que introduz observações importantes no
depósitos de minério de ferro e as possíveis correla- depósito ferrífero do tipo Rapitan, referindo-o
ções desses ambientes com os depósitos ou distritos como associado a terreno glacial de regiões de alto
ferríferos delimitados na Bahia. relevo (Figura 3).
Nesse sentido, considera-se que a síntese esque- Dos ambientes geotectônicos acima configu-
mática apresentada por Gross (1980) (Figura 2) rados (GROSS, 1980; CHEMALE JUNIOR;

Figura 2 - Ambientes geotectônicos associados à gênese de depósitos de ferro (GROSS, 1980).


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Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Figura 3 - Ambientes tectônicos e os principais tipos de depósitos de ferro associados.


Fonte: Chemale Junior; Takehara, 2013; adaptado de Gross, 1980.

TAKEHARA, 2013), aquele formado pelas bacias • Fácies silicato – presença de anfibólios (cum-
posicionadas nas plataformas oceânicas associadas mingtonita, actinolita) piroxênios e cloritas;
às margens continentais, onde se formam os depó- • Fácies carbonato – presença de ankerita e side-
sitos de minério de ferro do tipo “Lago Superior”, o rita; e,
qual é constituído por formações ferríferas bandadas • Fácies sulfeto – existência de pirita e pirrotita.
(banded iron formation), parece ser, de todos, o mais
importante, em razão da sua ampla distribuição Gross (1973) distingue as formações ferríferas ban-
mundial e das grandes dimensões volumétricas dos dadas dos ironstones por considerar que esses últimos
seus recursos. foram formados em ambientes diferentes e com o
As formações ferríferas do tipo Lago Superior se ferro de origem e fonte que não aquelas das iron for-
constituem na principal fonte de minério de ferro mations. Para esse autor, as formações ferríferas cor-
do mundo. Correspondem a uma rocha sedimentar, respondem a sedimentos quimicamente precipitados
frequentemente metamorfizada, com mais de 15% em ambiente oceânico, junto aos arcos vulcânicos e às
de teor médio de ferro. Essas rochas teriam origem a ridges meso-oceânicas.
partir de sedimentos químicos precipitados em bacias Outro tipo de depósito que merece destaque é o
do ambiente plataformal. Rapitan. Segundo Gross (1973), bons exemplos des-
Para James (1954), as formações ferríferas ban- ses depósitos são localizados nos distritos de Yakon
dadas caracterizam-se como rochas sedimentares e Mackenzie, no noroeste do Canadá, onde uma
finamente bandadas ou laminadas, com bandas de sucessão de camadas de jaspe e hematita azul ocorre
minério de ferro alternando-se com bandas de quart- próxima à base do conglomerado Rapitan, que jaz en-
zo, chert e/ou carbonatos. tre duas inconformidades angulares. Esse conglome-
Esse mesmo autor considera que essas formações rado contém em alguns locais grande quantidade de
ferríferas podem se apresentar em quatro fácies, que fragmentos de rochas vulcânicas e material tufáceo,
estariam condicionadas às variações de pH e Eh e à estando sobreposto a uma sequência de dolomitos,
profundidade onde os seus componentes se precipita- folhelhos, calcários e quartzitos. A formação ferrífera
ram. Essas fácies foram definidas, como: desse tipo tem em média 46% de ferro, com bandas
• Fácies óxido – caracterizada pela presença pre- bem segregadas de hematita azul e jaspe vermelho
dominante de magnetita e/ou hematita; (GROSS, 1973).
24

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

4. POTENCIAL DE RECURSOS DOS DEPÓSITOS DE FERRO DA BAHIA

O s levantamentos executados no Projeto de Ava-


liação e Diagnóstico Estratégico dos Distritos
de Ferro da Bahia (SANTANA et al., 2017) delimi-
• Distrito Ferrífero do Recôncavo (Coração de
Maria-Conceição do Jacuípe); e
• Distrito Ferrífero Noroeste da Bahia (Campo
taram preliminarmente cinco distritos ferríferos no Alegre de Lourdes).
estado, levando em conta a proximidade espacial das
ocorrências e dos depósitos e a possível correlação com 4.1 GEOLOGIA E ASPECTOS GENÉTICOS
os ambientes geotectônicos referidos anteriormente.
Verifica-se, pois, que as mineralizações ferríferas es- Do ponto de vista geotectônico, esses distritos es-
tão distribuídas largamente em várias regiões do estado, tão situados nos domínios dos blocos Gavião Sul,
com agrupamentos importantes em algumas delas. Gavião Norte, Jequié e Serrinha, principalmente
Em alguns desses distritos, os recursos estimados em ambientes geológicos de idades neoarqueana a
são superiores a cinco bilhões de toneladas, e os teo- paleoproterozoica, predominantemente do tipo gre-
res médios estão geralmente entre 35% a 45% de Fe, enstone belt.
podendo alcançar, excepcionalmente, teores de 50% a As suas formações ferríferas podem, ainda,
67% de Fe. ocorrer associadas às sequências paleoproterozoicas
Esses distritos, que terão suas características me- metassedimentares, a exemplo do Grupo Colomi, no
lhor detalhadas no próximo capítulo, são: Distrito Norte, localizado no Médio São Francisco,
• Distrito Ferrífero do Sudoeste da Bahia e da Sequência Metavulcanossedimentar de Licínio
(Caetité-Brumado); de Almeida-Caetité e Urandi. Também ocorrem no
• Distrito Ferrífero do Norte da Bahia (Reman- Distrito do Sudeste da Bahia, encaixadas em faixas
so-Sento Sé); restritas de associações supracrustais, nos terrenos
• Distrito Ferrífero do Sudeste da Bahia granulíticos meso a neoarqueanos do Bloco Jequié
(Iguaí-Jequié); (Quadro 2).

Quadro 2 - Domínios geotectônicos e geológicos dos principais depósitos de ferro da Bahia. (continua)

I. DISTRITO FERRÍFERO DO SUDOESTE DA BAHIA ou CAETITÉ-BRUMADO

Depósitos/ocorrências Bloco Ambiente geológico Idade


I.1 Caetité Gavião Sul Sequência Metavulcanossedimentar Caetité- NA/PP
Licínio de Almeida

I.2 Lagoa Real Gavião Sul Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba NA/PP

I.3 Brumado Gavião Sul Greenstone Belt Brumado NA/PP

I.4 Macaúbas/Boquira Gavião Central Greenstone Belt Boquira NA/PP

l.5 Urandi Gavião Oeste Sequência Metavulcanossedimentar Urandi NA/PP

l.6 Paratinga Gavião Oeste Greenstone Belt Riacho Santana NA/PP

l.7 Guajeru Gavião Sul Greenstone Belt Guajeru NA/PP

l.8 Piatã/Abaíra Gavião Sul Grupo Paraguaçu PP


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Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Quadro 2 - Domínios geotectônicos e geológicos dos principais depósitos de ferro da Bahia. (conclusão)

II. DISTRITO FERRÍFERO DO NORTE DA BAHIA ou SENTO SÉ-REMANSO

Depósitos/ocorrências Bloco Ambiente geológico Idade


II.1 Colomi Norte Gavião Norte Sequência Metassedimentar do Grupo Colomi/ PP/NA
Greenstone Belt Lagoa do Alegre

II.2 Colomi Sul Gavião Norte Sequência Metassedimentar do Grupo Colomi PP

II.3 Xique-Xique Gavião Norte Sequência Metassedimentar Xique-Xique PP

III. DISTRITO FERRÍFERO DO SUDESTE DA BAHIA ou IGUAÍ/JEQUIÉ

Depósitos/ocorrências Bloco Ambiente geológico Idade


III.1 Iguaí/Boa Nova/Jequié Jequié Complexo Granulítico Jequié e Banda de Ipiaú NA/MA

IV. DISTRITO FERRÍFERO DO RECÔNCAVO ou CORAÇÃO DE MARIA

Depósitos/ocorrências Bloco Ambiente geológico Idade


IV.1 Coração de Maria Serrinha Complexo Santa Luz MA

V. DISTRITO FERRÍFERO DE CAMPO ALEGRE DE LOURDES

Depósitos/ocorrências Bloco Ambiente geológico Idade


V.1 Campo Alegre de Lourdes Gavião Norte Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Alegre PP
de Lourdes
Obs.: MA Mesoarqueano; NA Neoarqueano; e PP Paleoproterozoico.

Os depósitos de ferro mais expressivos, considerados químicos distais de plataforma. Normalmente


aqueles com recursos superiores a 200 Mt, chegando a são semicompactas a friáveis e seus teores mé-
mais de 1 Bt, estão invariavelmente associados a sequ- dios situam-se entre 30% e 45% de Fe.
ências metassedimentares de idade paleoproterozoica 2. Itabirito Dolomítico – são formações ferríferas
ou às unidades sedimentares e/ou vulcanogênicas dos bandadas formadas por bandas dolomíticas inter-
greenstone belts arqueanos. caladas, ritmicamente, com bandas de óxido de
ferro e interpretadas como sedimentos químicos
4.2 CLASSIFICAÇÃO PRODUTIVA DOS distais de plataforma. Normalmente são semi-
MINÉRIOS DE FERRO compactos, com teores médios entre 30% e 35%
de Fe.
As principais tipologias de minérios observadas pelo 3. Itabirito Anfibolítico – formações ferríferas
projeto de Avaliação Estratégica e Diagnóstico dos bandadas ou com bandamento pouco pronun-
Distritos de Minério de Ferro na Bahia (SANTANA ciado, intercaladas e intimamente associadas a
et al., 2017), observadas durante as visitas técnicas, rochas metabásicas, consideradas como oriundas
estão a seguir apresentadas de forma simplificada. de basaltos proximais da fonte do vulcanismo
Essa classificação se baseia nas denominações práti- submarino com circulação hidrotermal associa-
cas adotadas tanto nos trabalhos de exploração como da. Normalmente são pouco alteradas, compac-
nas frentes de lavras das minas brasileiras. tas e seus teores em média, no geral, variam de
25% a 32% de Fe.
1. Itabirito Silicioso – corresponde a uma forma- 4. Magnetitito, Hematitito e Itabiritos Magne-
ção ferrífera bandada com bandas quartzosas títicos/Hematíticos – ocorrem associados a ní-
intercaladas, ritmicamente, com bandas de óxi- veis ou bancos de formações ferríferas que foram
do de ferro. São considerados como sedimentos submetidos a uma forte percolação de fluidos
26

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

hidrotermais segundo as estruturas mais perme- 5. Minério Supergênico – depósitos superficiais


áveis (charneiras de dobras, fraturas, falhas, es- originados pela ação das águas meteóricas sobre
tratificações, zonas de cisalhamentos, etc.) com formações ferríferas, apresentando consequente
o tamponamento do ferro e remoção parcial ou enriquecimento supergênico em ferro, com a
quase total da sílica das formações ferríferas lixiviação da sílica, carbonato, anfibólios, micas e
bandadas. São os minérios do tipo DSO (Direct outros minerais de ganga e maior concentração
Shipping Ore), os quais, normalmente, se apre- dos óxidos de ferro. Chegam a alcançar 70 m
sentam pouco alterados, compactos e com teores de profundidade, sendo normalmente semicom-
variando de 50% a 67% de Fe. Eventualmente, pactos a friáveis, oxidados, com teores na faixa
podem estar oxidados e apresentar compacida- de 30% a 50% de Fe.
des entre semicompacto a friável.

5. DISTRITOS FERRíFEROS DA BAHIA

C onforme verificado no Item 4, o potencial de


minério de ferro do estado está agrupado em
cinco distritos propostos nesta publicação, conforme
de aerogeradores, boa parte já instalados ou em fase
de implantação.
Esse distrito é composto pelos agrupamentos dos
detalhado a seguir. seguintes depósitos de minério de ferro:
Faz-se necessário ressaltar e reconhecer aqui o apoio
consignado por muitas empresas à equipe que elaborou 5.1.1 Depósitos de Ferro de Caetité
o relatório base desta publicação (Santana et al.,
2017). Os depósitos de formações ferríferas de Caetité são
Dentre os cinco distritos com formações ferrí- os mais importantes desse distrito, não somente pela
feras, destacam-se o Distrito Ferrífero do Sudoeste sua potencialidade geoeconômica, bem como por
(Caetité-Brumado) e o Distrito Ferrífero do Norte contarem com razoável infraestrutura e logística.
(Remanso-Sento Sé), notadamente pela expressi- Alguns já contam com estudos de viabilidade econô-
vidade volumétrica de seus recursos estimados para mica e mesmo processos de concentração e lavra em
acima de 5 bilhões de toneladas e teores médios entre desenvolvimento.
35% e 45%, atingindo até 67% de Fe. As formações ferríferas desses depósitos estão
intercaladas na sequência metavulcanossedimentar
5.1 DISTRITO FERRÍFERO DO SUDOESTE de Licínio de Almeida e alinhados segundo um
DA BAHIA (CAETITÉ-BRUMADO) trend NNE a NNW de aproximadamente 150 km
de comprimento, bordejando o flanco oriental da
Situado na mesorregião centro-sul do estado da Serra do Espinhaço (Figura 2). Por suas caracterís-
Bahia, está contido, parcialmente, na cordilheira ticas geotectônicas e extensões de seis até dez qui-
do Espinhaço Setentrional, que margeia os depó- lômetros de comprimento e, localmente, espessuras
sitos e jazidas do Distrito Ferrífero de Caetité e superiores a 120 m, são consideradas como do tipo
do Distrito Manganesífero de Urandi-Licínio de Lago Superior.
Almeida, distando 630 km de Salvador por estra- As referidas formações ferríferas encontram-se
das asfaltadas. encaixadas em uma sequência metassedimentar,
Destaca-se na região um grande parque de gera- composta de quartzitos, xistos e metapelitos ricos
ção de energia eólica, projetado para mais de milhares em biotita, quartzo, moscovita, calcita, estaurolita,
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Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

cianita, almandina, clorita e epidoto (CRUZ, 2010). • Mina de Pedra de Ferro


Na Sequência Licínio de Almeida, foram também
identificados: anfibolitos (rochas subvulcânicas), Na Mina de Pedra de Ferro, ocorre um corpo de forma
rochas calciosilicáticas e mármores com hornblen- tabular, com 5,7 km de comprimento por até 400 m
da e calcita. A presença nesses xistos e metapelitos de largura, aflorante, e espessura média de 100 m,
de cianita e estaurolita em equilíbrio indica meta- apresentando direção geral N-S, mergulhando entre
morfismo da fácies anfibolito baixo (BARBOSA; 45º a 60º para E. Exibe dobras isoclinais apertadas,
CRUZ, 2011). algumas sem raiz e rompidas nos flancos. O corpo
A Sequência Licínio de Almeida sofreu uma em subsuperfície se comporta como uma homoclinal,
deformação progressiva de idade neoproterozoica, re- com algumas ondulações (Foto 1 e Figuras 5 e 6).
fletindo um campo de encurtamento crustal segundo Os minérios encontrados nessa mina apresentam
direção WSW-ENE, responsável pela justaposição as seguintes características:
das rochas do embasamento sobre as da sequência • Hematititos compactos com goethita, com teores de
vulcanossedimentar (CRUZ et al., 2010). ferro normalmente acima de 60% e de fósforo
Ao longo das cristas das serras modeladas pelos em torno de 0,1%. Trata-se de um minério su-
quartzitos e formações ferríferas dessa sequência, ali- pergênico, sem grande participação no total dos
nham-se os principais depósitos ferríferos da região recursos;
(Pedra de Ferro, Jurema, Espírito Santo e Papa-Mel), • Hematititos friáveis a pulverulentos, com textura
bordejando o flanco oriental da Serra do Espinhaço lepdoblástica conferida por palhetas de especu-
(Figura 4). larita (dust blue). Apresenta teores de até 67%
A mais expressiva ocorrência de formação ferrífera de Fe, menos de 0,08% de P e 4,5% de SiO2.
desse distrito é a Mina de Pedra de Ferro, não só pelas Foi detectado em sondagens em profundidade
suas reservas, mas também pelos teores elevados de de até 490 m;
seus minérios. • Itabiritos hematíticos, laminados do tipo chapi-
nha ou bandado fino, apresentando uma forte

Foto 1 - Frente de lavra da Mina de Pedra de Ferro. À direita, contato ondulado do hematitito friável a pulverulento
(67% de Fe) com lente de hematitito compacto.
Fonte: Santana et al., 2017.
28

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Figura 4 - Mapa geológico aulacógeno do Paramirim, destacando o Espinhaço Setentrional (ES), mostrando a distribuição e
alinhamento dos depósitos de minério de ferro. Destaque-se a Mina de Pedra de Ferro.
Fonte: Cruz (2004), modificado por Valter Mônaco da Conceição Filho, 2017.
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Figura 5 - Seção geológica Linha 16 e mapa geológico preliminar da Mina de Pedra de Ferro.
Fonte: Conceição, V. M. & Souza, S. L., 2006.

foliação milonítica, notando-se microdobras in- bem como as licenças ambientais de implantação e
trafoliais ou microdobras sem raiz. Possuem funcionamento.
teores de 40% a 55% de Fe, porém, para oeste, A BAMIN detém a outorga da ANA (Agência
gradam para itabiritos quartzosos compactos e Nacional de Águas), obtida em setembro de 2010, para
de baixo teor de ferro; captação e construção de uma adutora de 150 km de
• Itabiritos quartzosos, cinza claros, bandados, extensão, entre Malhada e a Mina de Pedra de Ferro.
semicompactos a compactos, que sustentam a A empresa, após a realização de 61,5 mil metros
crista do serrote da Pedra de Ferro. Predominam de furos de sonda, certificou recursos de 980 Mt de
na parte ocidental do corpo até o contato do foo- minério de ferro na Mina de Pedra de Ferro. Com
twall com os moscovitas quartzitos encaixantes. isso produziu, experimentalmente, entre 2013 e 2014,
Exibem teor médio de 27% de Fe. 700 mil toneladas de minério com teor mínimo de
64% de ferro cominuído numa granulometria menor
Os hematititos e itabiritos hematíticos apresentam que 12 mm (VIVEIROS, 2012).
uma espessura média de 60 m.
Os recursos totais da Mina de Pedra de Ferro • Depósito de Jurema
podem ser superiores a 1,1 Bt, com os minérios de
teores entre 50% e 67% de Fe. O aspecto pulverulento Situa-se a 8 km a noroeste da cidade de Caetité,
a friável representa 20% a 30% da jazida. formando uma serra alongada com 13 km de compri-
A BAMIN, detentora desse depósito, concluiu mento e mais de 200 m de desnível, que é sustentada
os projetos de engenharia básica da lavra, usina por quartzitos e formações ferríferas, onde ocorrem
de beneficiamento, adutora para captação de água níveis espessos de itabiritos predominantemente
no Rio São Francisco, transporte do minério via compactos e semicompactos.
FIOL, terminal privativo de onshore e offshore. Pos- Esses itabiritos, bandados ou laminados, são
sui concessão de lavra aprovada junto ao DNPM, de cores cinza claro a cinza médio, com bandas
30

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Figura 6 - Mapa geológico de detalhe da Mina de Pedra de Ferro.


Fonte: Conceição Filho et al., 2006.
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Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

centimétricas a milimétricas de quartzo alternadas A formação ferrífera é composta de bandas finas


com bandas de hematitas e/ou hematitas mais quart- escuras de martita, magnetita e hematita e bandas
zo, imprimindo um aspecto listrado. claras de quartzo e grunerita. Na parte superficial, o
Em superfície, os teores desses itabiritos, em parte minério encontra-se bastante alterado, com os cristais
anfibolíticos, variam de 25% a 45% de ferro. de anfibólio completamente transformados para ma-
Após a realização de 24,6 mil metros de son- terial argiloso.
dagens nesse depósito, foram avaliados recursos de O bandamento/foliação dos itabiritos mergulha
1,2 Mt de minérios itabiríticos, com teor médio de de 15º a 30º para NE, assim como os eixos das dobras
29% de ferro. intrafoliais ali verificadas. A exemplo da Mina de
Pedra de Ferro e do Alvo Jurema, as formações ferrí-
• Depósito do Espírito Santo feras estão estruturadas conforme um corpo tabular,
ondulado do tipo homoclinal, com espessura média
Situado 22 km a noroeste da cidade de Caetité e a de 60 m.
apenas 18 km a NNW do Depósito de Jurema, esse Segundo o trabalho desenvolvido pela equipe da
corpo de formações ferríferas também está associado BioGold/BioMiner, ocorrem três tipologias de mi-
à sequência de xistos, metapelitos, quartzitos, rochas nérios: i) Formação Ferrífera Silicosa, com anfibólio
básicas subvulcânicas e mármores do Complexo Li- alterado que chega a 90 m de profundidade (Foto 2);
cínio de Almeida. ii) Formação Ferrífera Anfibolítica, com bandas finas,
O corpo de itabirito sustenta um serrote em forma amareladas, devido à concentração dos anfibólios; e
de “cuesta” de 600 m de comprimento e de direção iii) Formação Ferrífera Carbonática, com microban-
NW-SE que se estende para áreas planas, mormente das de hematita alternadas por bandas de carbonato
para NE, com comprimento total de 1,2 mil metros (Foto 3).
(Figura 7 na próxima página).

Foto 2 - Formação ferrífera superficial, com anfibólio Foto 3 - Formação ferrífera carbonática, com alternância
alterado para material argiloso de cor de bandas escuras de hematita e bandas claras de
amarronzado – Depósito do Espírito Santo. carbonato – Depósito do Espírito Santo.
Fonte: BioGold, 2013. Fonte: BioGold, 2013.
32

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Figura 7 - Pesquisa geológica de detalhe e locação da sondagem – Depósito do Espírito Santo.


Fonte: BioGold, 2013. A BioGold/BioMiner elaborou uma estimativa de recursos totais de cerca de 400 Mt de minério de ferro, considerando
parcialmente a metodologia JORC.
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A Figura 8 apresenta perfis de furos de sonda às do Depósito do Espírito Santo, estimando-se


utilizado para cálculo das reservas/recursos desse 70 Mt para o mesmo.
depósito.
5.1.2 Depósitos de Ferro de Lagoa Real
• Depósito Papa-Mel
Os depósitos de Lagoa Real, situados na região cen-
Ainda na região de Caetité, registra-se a existência tro-sul do estado da Bahia, distam cerca de 760 km de
do Depósito Papa-Mel, situado no mesmo trend dos Salvador por rodovias asfaltadas.
depósitos de Jurema e do Espírito Santo, distando 14 Destaca-se nessa região a mina de urânio de La-
km desse último. goa Real, um dos sustentáculos da economia local.
O corpo itabirítico de Papa-Mel tem cerca de O relevo da região é marcado por terrenos planos
2.000 m de comprimento por 150 m de largura, apre- com serrotes alongados e com cristas orientadas, com
senta uma direção geral N20ºW (ARCANJO et al., até 100 m de altura, sustentadas por formações ferrí-
2000), com características macroscópicas semelhantes feras, quartzitos, mármores e gnaisses.

Figura 8 - Seções geológicas com furos de sonda – Depósito do Espírito Santo. Observar a espessura da
formação ferrífera, em torno de 70 m.
Fonte: BioGold, 2013.
34

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

A geologia regional (segundo BARBOSA; CRUZ, arqueano. Conforme a Santa Fé Mineração, nas
2011) é caracterizada por uma sequência supracrustal supracrustais polideformadas ocorrem corpos de
metassedimentar do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraça- formações ferríferas, alguns de grande magnitude, as-
ba, de idade neoarqueana, que contorna os ortognais- sociados a uma sequência de paragnaisses, mármores,
ses TTG do Domo do Tamboril a oeste, e a leste os quartzitos, anfibolitos, xistos ultramáficos e rochas
ortognaisses do embasamento gnáissico migmatítico calciossilicáticas (Figura 9).

Figura 9 – Mapa geológico da região de Lagoa Real, destacando-se os depósitos de formação ferrífera.
Fonte: Santa Fé Mineração, 2016.
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Os corpos de formação ferrífera ocorrem em uma • Depósito de Gameleira e Depósitos Associados


faixa de rochas supracrustais intensamente defor-
madas, e contidas num cinturão de dobramentos de Considerado o mais importante depósito do Projeto
35 km de comprimento por 2 km de largura, apre- da Santa Fé Mineração, está situado 18 km a ENE
sentando direção NE na sua parte sul, mostrando da cidade de Lagoa Real e a 8 km a N dos trilhos da
uma inflexão para NW a WNW, respectivamente nas FIOL.
partes central e norte. As formações ferríferas desse depósito estão em
A Santa Fé Mineração vem desde 2008 desenvol- contato basal com paragnaisses e quartzitos do Gre-
vendo o Projeto de Ferro Lagoa Real, com execução enstone Belt Ibitira-Ubiraçaba, constituindo um corpo
de avaliação geológica de detalhe, incluindo litogeo- polideformado de itabirito com 2 km de comprimen-
química, geofísica terrestre e sondagens. A empresa to, direção NS e espessuras reais entre 30 m e 60 m,
conta com Relatório Final de Pesquisa e Plano de apresentando normalmente mergulhos fortes da sua
Aproveitamento Econômico, ambos aprovados pelo foliação/bandamento.
DNPM, e encontrava-se, à época da visita “in loco” Apresenta um minério superficial de enrique-
pela equipe desse projeto (SANTANA et al., 2017), cimento supergênico com teor em torno de 5%
com um Scope Study em fase de conclusão, incluindo acima do minério primário subjacente, composto
ensaios tecnológicos para concentração e testes meta- por itabiritos semicompactos a compactos, silicosos,
lúrgicos, estudos de viabilidade econômica e logística. de granulação média a grossa, magnético e cor cinza
Nesse contexto geológico regional, destacam-se avermelhada conferida pela oxidação e alteração dos
os depósitos de itabiritos de Gameleira, Morro de anfibólios para argilominerais (Foto 4). Exibe banda-
Gergelim, Suçuarana, Boi Morto e Lebre. Importan- mento milimétrico composto por martita e magnetita
te destacar que há um trecho implantado da ferrovia e seu teor médio é da ordem de 37% de Fe, formando
FIOL passando próximo a esses depósitos e a apenas uma carapaça de alteração que se prolonga em subsu-
8 km do Depósito de Gameleira. perfície por até 60 m.

Foto 4 - Minério superficial do Depósito de Gameleira – Projeto Lagoa Real.


Fonte: Santana et al., 2017.
36

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

O minério primário tem cor cinza esverdeada, Proterozoico Inferior, e os domínios do Complexo
grã fina, com bandamento incipiente, apresentando Ibitira-Ubiraçaba.
intercalação de bandas milimétricas de magnetita, Na porção visitada do alvo, ocorre um corpo
martita e quartzo, e bandas subordinadas esverdeadas lenticular de itabirito compacto a semicompacto e
de actinolita e magnetita. Ao contrário do minério itabirito anfibolítico semicompacto com 150 m de
superficial, tem a magnetita dominando amplamente comprimento por 40 m de largura, encaixado no Gra-
sobre a martita e é marcante a presença do anfibólio nito Iguatemi. Em outras porções da área, os itabiritos
(actinolita). Sua susceptibilidade magnética é alta e ocorrem associados a uma sequência de mármores e
seu teor médio situa-se entre 28% e 32% de Fe. rochas ultramáficas.
O Depósito de Gameleira foi objeto de sondagem Os itabiritos têm coloração cinza escura, banda-
e nele foram avaliados recursos totais de 146,2 Mt dos, foliados ou com aspecto maciço, de granulação
de minério com 30% de Fe. Esse depósito está sendo fina e alta susceptibilidade magnética. Os itabiritos
planejado para o início da produção juntamente com anfibolíticos apresentam bandas amareladas de anfi-
aquele da Lagoa do Sérgio, o qual engloba recursos de bólios e argilominerais.
218,3 Mt, totalizando, em conjunto, 364,5 Mt para Dezesseis análises químicas realizadas exibiram
esse fim. teor de ferro total entre 18% e 40%, porém a maioria
Com esses mesmos tipos de minérios, a Santa Fé dos resultados é menor que 30% de Fe. Os teores de
Mineração possui mais 11 depósitos e/ou alvos na sílica são superiores a 60% de SiO2. Foram estimados
mesma faixa do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba. recursos da ordem de 230 Mt para esse alvo.
Para o conjunto desses depósitos e/ou prospectos
do Projeto Ferro Lagoa Real, a equipe técnica da 5.1.3 Depósitos de Ferro de Brumado
Santa Fé estima um total de recursos da ordem de
1,8 Bt de minério com 30% de Fe, podendo gerar até Na região de Brumado, próximo a Dom Basílio,
860 Mt de concentrados a 63% de Fe. ocorre o Depósito da Serra da Mata e outro conjun-
Os resultados dos ensaios de concentração reve- to de ocorrências de itabiritos na Serra de Guajeru,
laram a possibilidade de obtenção de concentrados no município homônimo, situado 45 km a SW de
dentro das especificações de mercado. A partir de uma Brumado.
amostra com 33,13% de Fe, as recuperações em mas-
sa e metalúrgica foram, respectivamente, de 46,09% • Depósito de Serra da Mata
e 91,03%, produzindo um concentrado com teor de
65,26% de Fe. Nesse caso, não há a necessidade de Desde 2006, o Projeto Serra da Mata ou Projeto
usar flotação na planta de recuperação, bastando uma Ferro Brumado vem sendo desenvolvido pela
pré-concentração e separação magnética a úmido no Mumbai Ore Mineração (RIWA). Esse depósito
WHIMS (Separador Magnético de Alta Intensida- está situado a 12 km do eixo da FIOL e a 30 km da
de), usando 11.000 a 16.000 Gauss. cidade de Brumado, onde existem vários projetos
importantes de mineração, com destaque para a
• Depósito Morro do Gergelim Magnesita S.A.
O prospecto foi alvo de avaliação geoeconômica
Esse depósito localiza-se apenas 4,5 km a WSW da de detalhe, com a realização de poços e cinco mil me-
vila de Iguatemi, município de Brumado. tros de sondagens rotativas, sendo a última campanha
Destacam-se no relevo suavemente ondulado da de sondagem realizada em 2015. Ensaios tecnológicos
região dois segmentos da Serra do Gergelim, alinha- e estudos de viabilidade econômica também foram
dos no sentido NS, com cerca de 4 km de compri- executados pela empresa.
mento e desnível em torno de 100 m. Regionalmente as formações ferríferas estão as-
A ocorrência de ferro situa-se na zona de sociadas a uma sequência superior metassedimentar
contato entre o granitoide de Iguatemi, do do Greenstone Belt de Brumado, considerado de idade
37

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

neoarqueana, 2,7 a 3,15 Ga, com metamorfismo xisto mergulhos de 30º para NE ou invertido para SW,
verde a anfibolito (Figura 10). devido a dobramento.
As formações ferríferas ocorrem da meia en- No topo da serra, encontra-se hematititos compactos,
costa para o topo da serra, numa extensão de 6 km, semicompactos e friáveis, sendo esses últimos intensa-
aflorando numa diferença de cota de 330 m (topo e mente pesquisados por poços de até seis metros de pro-
base da Serra da Mata). Apresentam-se estruturadas fundidade e furos rasos de sonda. O hematitito compacto
(SN/SO) segundo a direção N20ºW a N40ºW, com a semicompacto atinge até 60 m nos furos de sonda.

Figura 10 - Mapa geológico simplificado do Greenstone Belt de Brumado.


Fonte: Cunha; Fróes, 1994).
38

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Todos os três tipos de hematititos citados apresen- A empresa estima os recursos desse depósito en-
tam coloração cinza escura a negra, granulação fina, tre 300 Mt a 500 Mt, predominando os minérios de
estrutura maciça, exibindo vacúolos com até 10 cm teores médios. Os hematíticos de altos teores repre-
de espessura, causados pela dissolução dos nódulos e sentam cerca de 10% da massa total.
vênulas de dolomito branco nele existentes (Foto 5). Análises químicas em amostras coletadas pela
CBPM durante a visita de campo revelaram teores
Foto 5 - Da esquerda para a direita: hematitito compacto; de 52,5% a 59,17% de Fe nos minérios hematíticos
itabirito silicoso semicompacto e itabirito anfibolítico
semicompacto. e de 26,8% nos itabiritos anfibolíticos encaixantes.
Fonte: Santana et al., 2017. No geral, os teores de P2O5 são menores de 0,06%
(Quadro 3).

• Depósito de Guajeru

Cerca de 5 km a ENE da cidade de Guajeru, na serra


homônima, ocorre uma sequência de metacalcários,
formações ferríferas bandadas e quartzitos com inter-
calações de micaxistos, relacionada ao Greenstone Belt
Guajeru (Figura 11).
Essa sequência, e especialmente as formações fer-
ríferas, delineiam uma estrutura sinformal redobrada
em forma de S, direção geral NNE, com aproximada-
mente 7 km de comprimento.
Itabiritos silicosos semicompactos são ex- A equipe da CBPM visitou apenas a ocorrência de
pressivos no depósito. Exibem cor cinza escura, ferro localizada na região de Serra Linda, com cerca
granulação fina, com estrutura bandada ou lami- de 200 m de largura, constituída por pequenos e raros
nada, textura granoblástica e baixa susceptibilidade afloramentos e matacões, além de blocos eluviais. O
magnética. Associados ou não a esses itabiritos, minério mostra-se com magnetismo marcante e tem
observa-se itabirito anfibolítico semicompacto de anfibólio distribuído em finos níveis. Por vezes, exibe
cor cinza amarronzada, estrutura bandada (bandas bandas de até 10 cm de espessura de hematita com-
escuras de martita e quartzo e subordinadamente pacta e intercalações de itabirito anfibolítico semi-
bandas marrons de anfibólio) e alta susceptibilida- compacto, subordinado. Matacões de jaspe ou chert
de magnética. ferruginoso também são observados (Quadro 4).

Quadro 3 - Análises químicas de minérios de ferro do Projeto Serra da Mata da Mumbai Ore.
Método analítico
Coordenadas PHY01 CLA80 Tipos de
Amostra XRF79C Fe Total
E C minério
UTM N UTM E SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5 LOI FeO
BB-R-122A 220.058 8.454.852 8,36 5,13 75,1 0,04 0,047 3,59 0,054 52,52 IHSC
BB-R-124A 220.092 8.454.146 6,58 1,2 84,6 0,02 0,018 1,59 0,054 59,17 HC
Fonte: Santana et al., 2017
IHSC = itabirito hematítico semicompacto; HC = hematitito compacto; ISCA = itabirito anfibolítico semicompacto.
39

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Figura 11 - Mapa do Greenstone Belt de Guajeru.


Fonte: Modificado de Lopes, Garrido e Oliveira (2002), adaptado por Valter Mônaco Conceição Filho, 2017.

Quadro 4 - Análises químicas de itabiritos de Guajeru.


Método analítico
Coordenadas Fe Tipos de
Amostra XRF79C PHY01E CLA80C
total minério
UTM N UTM E SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5 LOI FeO
ISCA e
BB-R-131ª 187.613 8.392.176 53,5 0,05 41,7 0,03 0,105 2,41 1,77 29,16
ICA
ISCA e
BB-R-132ª 187.654 8.392.123 58,9 0,05 36,9 0,005 0,046 2,97 1,21 25,81
ICA
Fonte: Santana et al., 2017. Obs.: ISCA = itabirito anfibolítico semicompacto e ICA = itabirito anfibolítico compacto.
40

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

5.1.4 Depósitos de Ferro de Urandi • Itabiritos semicompactos, predominantemente lami-


nados e secundariamente bandados, com alternân-
Esses depósitos situam-se nas imediações da cidade cia rítmica de bandas e lâminas plano-paralelas de
de Urandi, na mesorregião centro-sul do estado da hematita/martita e quartzo, ambos de granulação
Bahia, em terrenos onde foi lavrado manganês pela fina. Localmente, esses itabiritos encontram-se
Mineração Urandi na mina exaurida de Barreiro dos bastante estirados, constituindo verdadeiras faixas
Campos. A estrada de Ferro FCA, em operação, cor- miloníticas.
ta o depósito, que se localiza a 739 km de Salvador • Itabiritos compactos, estrutural e texturalmente as-
(Figura 12). semelhados aos anteriores, mais duros e resistentes
Trata-se de faixas extensas de itabiritos com inter- ao choque do martelo, porém com ocorrência me-
calações de magnetitito compacto, somando mais de nos comum na área.
13 km de comprimento e 150 m de largura aflorante. • Itabiritos hematíticos compactos, ricos em ferro, com
Estão contidas nos domínios do Complexo Vulcanos- alternâncias de bandas centimétricas hematíticas/
sedimentar de Urandi, considerado de idade arqueana. martíticas e bandas de quartzo fino. As bandas
Essas faixas, de direção geral N-S, recobrem uma hematíticas são predominantes.
área de 20 km de comprimento por 4 km de largura, • Hematitas martíticas, aspecto compacto, negras
modelando um conjunto de serras com altitudes em e maciças. Localmente, guardam alguns relictos
torno de 850 m e desníveis entre 150 m e 200 m. As da estrutura laminada itabirítica primária. Esse
formações ferríferas bandadas sustentam, em parte, as minério, com altos teores de ferro, é originário
cristas das serras. de processos tectônicos e hidrotermais que pro-
A sequência vulcanossedimentar foi submetida moveram a remoção do quartzo dos itabiritos e
a processos tectônicos bastante vigorosos e de alto o consequente enriquecimento em ferro. Ocorrem
strain, que mascaram as relações estratigráficas e na forma de corpos lenticulares de espessuras cen-
mesmo as noções de topo e base. Está constituída de: timétricas ou métricas (Foto 6).
clorita biotita xistos; formações ferríferas bandadas;
metacherts; rochas miloníticas félsicas (meta tufos?), De uma forma geral, os itabiritos semicompactos
meta arenitos; rochas metabásicas, metaultrabásicas predominam amplamente nos depósitos de minério
e rochas calcossilicáticas; além de biotita hornblen- de ferro de Urandi.
da gnaisses com intercalações de calcossilicáticas e Análises químicas de 12 amostras (SANTANA et
mármores. al., 2017) mostraram que os teores de Fe variam de
As formações ferríferas ocorrem, preferencial- 67,79% a 36,85%, enquanto que os teores de fósforo
mente, nas partes mais altas das cristas da Serra de estão contidos numa faixa abaixo de 0,031% de P,
Urandi, associadas a litofácies de xistos, com inter- embora uma amostra de hematita martítica compacta
calações de rochas metabásicas, calciossilicáticas e exiba teor de 0,092% de P. Todos os demais contami-
quartzitos. Têm forma lenticular, algumas com até nantes apresentam teores aceitáveis para a utilização
4,5 quilômetros de comprimento e larguras aflorantes siderúrgica.
variando entre 50 m e 400 m, com espessura média As nove amostras de itabiritos semicompactos
em torno de 150 m. analisadas revelaram teores de ferro total entre 36%
O comprimento total integrado do trend de for- e 41%, com baixos teores de contaminantes (fósforo
mações ferríferas bandadas e hematititos compactos normalmente abaixo de 0,03%).
associados atinge 13 km lineares, revelando o grande Três amostras de hematitas martíticas compac-
potencial de reservas de minérios de ferro desse am- tas apresentaram teores entre 64,71% a 67,79%
biente geológico. de ferro total e teores muito baixos dos elementos
No distrito de Urandi, foram reconhecidas as contaminantes.
seguintes tipologias de minérios, ao longo de toda Existe, portanto, a possibilidade dos depósitos
extensão do complexo: ferríferos do distrito de Urandi se transformarem no
41

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Figura 12 - Geologia do Complexo Brumado-Urandi.


Fonte: Figueiredo (2009), modificado por Valter Mônaco da Conceição Filho, 2017.
42

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

futuro em um polo de mineração e de produção de O trend de formações ferríferas está associado à


concentrados de ferro (pellet feed e secundariamente sequência superior da Unidade Boquira e pode esten-
DSO), haja vista a qualidade dos seus minérios, a der-se para 100 km, se consideradas as ocorrências do
infraestrutura disponível (FCA e eixo da FIOL pró- Baixão ou Patos, em Botuporã ao sul, e as da Fazenda
ximos) e estimativas de recursos em torno de 400 Mt. Mandassaia ao norte, próximas de Oliveira dos Breji-
Ensaios granuloquímicos e de rotas tecnológicas nhos (Figura 13).
para a concentração desses minérios tornam-se ne- Segundo Rocha (1985), a Formação Boquira,
cessários para a definição das suas potencialidades considerada como de idade paleoproterozoica inferior,
metalúrgicas, principalmente na definição da quali- é constituída por um conjunto de rochas metassedi-
dade dos produtos a serem obtidos na mineração e mentares (xistos, quartzitos, carbonatos e formações
processamento em larga escala. ferríferas). Esse autor dividiu as formações ferríferas
em quatro fácies: quartzo-hematita; quartzo-magne-
Foto 6 - Hematita martítica compacta de Urandi (67% de Fe). tita; silicato magnetita; e carbonato magnetita, com
Fonte: Santana et al., 2017.
mármores e carbonatos associados a essa última fácies.
O Greenstone Belt de Boquira foi pesquisado
pela CPRM (Figura 14 - Arcanjo et al., 2000),
que propôs uma subdivisão estratigráfica para esse
ambiente vulcanossedimentar (plutonossedimentar)
com três unidades básicas:
• Sequência Inferior - denominada Unidade Botu-
porã, constituída predominantemente por rochas
ultrabásicas komatiíticas.
• Sequência Média - denominada Unidade Cristais,
formada por metabasaltos e sedimentos químicos
e clásticos associados.
5.1.5 Depósitos Ferríferos de Boquira/Macaúbas/ • Sequência Superior - denominada Unidade Bo-
Botuporã quira, constituída por formações ferríferas, além
de xistos, quartzitos e carbonatos.
Situados na mesorregião centro-oeste do estado da
Bahia, esses depósitos e ocorrências de ferro distam O metamorfismo dessa sequência é da fácies xisto
667 km de Salvador por estradas asfaltadas. Bordejam verde a anfibolito e sua idade é considera neoarque-
o flanco ocidental da cordilheira Espinhaço Seten- ana, com datações Pb-Pb de galena da fácies sulfe-
trional (Figura 13), onde em tempos pretéritos foram to, que indicam idades variando entre 2,5 e 2,7 Ga
lavrados minérios de chumbo, zinco e prata pela Mi- (CARVALHO et al.,1997).
neração Boquira (mina paralisada em 1991). Nas verificações de campo realizadas pela equipe
Atualmente, a principal atividade econômica da CBPM (SANTANA et al., 2017), constatou-se,
mineral da região é a extração de blocos de dumor- na região de Macaúbas/Boquira, um trend de pelo
tierita-quartzito azul (rocha ornamental conhecida menos 42 km, de direção NNW, ao longo do qual
como Azul Imperial) e quartzito branco, associados à se distribuem mais de 20 ocorrências de formações
Formação Veredas, da base do Grupo Sítio Novo, do ferríferas com teores de 34% a 40% de Fe, com inter-
Supergrupo Espinhaço. calações métricas a decamétricas de magnetititos com
Essas ocorrências de ferro estão associadas ao teores superiores a 60% de Fe.
Greenstone Belt de Boquira, (Santana et al., 2017) Em algumas dessas ocorrências, pelo aspecto
que se distribui na direção NNW-SSE por cerca de macroscópico, o minério parece ser de alto teor, tais
130 km de extensão e 25 km de largura, no domínio como os magnetititos e hematititos encaixados nos
ocidental do Vale do Paramirim. itabiritos hematíticos ou magnetitíticos. Dentre essas
43

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Figura 13 - Mapa da Amplitude do Sinal Analítico mostrando os depósitos de minério de ferro de Paratinga-Urandi
cadastrados em campo – PAEDFB.
Fonte: LASA, 2005/2006, modificado por Belarmino Braga de Melo e Valter Mônaco Conceição Filho, 2017.
44

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Figura 14 - Mapa geológico simplificado do Greenstone Belt de Boquira.


Fonte: Modificado de Arcanjo et al., 2000).
45

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

ocorrências, destacam-se o Morro da Gameleira, João • Depósito de Ferro de Boquira


Mendes, Serrote de Araçás, Catolés e Queimadas, esse
último um antigo garimpo de hematitito explorado por A Mina Boquira está situada no centro-oeste da
volta de 1980 para atender a demanda por minérios de Bahia, a uma distância de 654 km de Salvador.
altos teores de usinas de ferro gusa de Minas Gerais. Anteriormente, na lavra de minérios de Pb, Zn e
Com exceção do Serrote de Araçás, Morro da Ag, a Mineração Boquira realizou, de 1957 a 1992,
Gameleira e do Morro Mandassaia, as demais ocor- 65 mil metros de sondagens e 180 km de travagens
rências de altos teores de Macaúbas não formam na mina (galerias, rampas, chaminés, corta-bancos,
relevos destacados. Elas estão dispostas em terrenos gavetas e planos inclinados (MINERAÇÃO CRU-
planos a ondulados, formando extensas manchas de ZEIRO, 2009).
solos vermelhos escuros argiloarenosos e magnéticos, Trabalhos de mapeamento geológico de detalhe
pobres em afloramentos. efetuados pela Mineração Cruzeiro, entre 2007 e
Embora algumas ocorrências tenham dimensões 2010, mostraram que em dois agrupamentos minei-
de pouco mais de 1 km de comprimento, as faixas de ros com concessões de lavra sob seu domínio ocor-
solos residuais escuros são extensas, sendo necessária rem dois grandes corpos de formação ferrífera que
a realização de trabalhos de geofísica terrestre, escava- sustentam os serrotes de Cruzeiro, Sobrado e Pelado
ções rasas e sondagens para a definição das extensões (Figura 15).
laterais desses corpos. Análises executadas por Rocha (1985) nas
No contexto da Mina Boquira, objeto de programa formações ferríferas da Mina Boquira mostraram
de sondagens executadas pela Mineração Cruzeiro os seguintes teores, para todas as fácies ferríferas
Ltda. na década passada, ocorre um depósito expres- (Quadro 6).
sivo de minério de ferro, com recursos da ordem de Evidentemente, somente as fácies quartzo he-
2,6 Bt de itabiritos anfibolíticos com teor médio de matita e quartzo magnetita podem ser consideradas
32% de ferro. como minérios de ferro (teor médio de 34% de Fe).
Em Botuporã, os corpos de minério apresentam Segundo Rocha (op. cit.), as formações ferríferas
mais de 4 km de comprimento, onde se observa itabi- da fácies quartzo magnetita predominam em Boqui-
ritos silicosos de teores médios de ferro, associados a ra, apresentando estrutura bandada, granulometria
itabiritos anfibolíticos e silicificados de baixos teores. média a fina, passando gradativamente para a fácies
Somando-se os recursos do Depósito Boquira quartzo magnetita anfibólio com até 20% de anfibó-
aos demais depósitos de médio e pequeno porte do lios (cummingtonita e actinolita). A fácies mais pura,
domínio Macaúbas-Boquira, pode-se inferir recursos quartzo hematita, aflora em toda extensão da Mina
totais da ordem de 3 Bt de minério de ferro, com teo- Boquira, possuindo espessura máxima de 100 m no
res variando de 30% a 68% de ferro total. Morro Pelado.
Análises químicas executadas pela CBPM em Esses corpos, mapeados e amostrados em detalhe,
alguns minérios da região de Macaúbas revelaram os têm a forma aproximada de um “V”, direção geral
teores apresentados no Quadro 5. NNW, comprimento de 4 km e largura média de

Quadro 5 - Análises químicas de minério de ferro do distrito de Macaúbas.

Método analítico (%) XRF79C CLA80C Tipos de


Fe total Depósito/município
Amostra UTM N UTM E SiO2 Al2O3 Fe2O3 P2O5 FeO minério
BB-R-31 745.161 8.358.440 0,48 0,43 98,1 0,064 21,58 68,60 MHC Maxixe (Macaúbas)
BB-R-63 749.555 8.572.047 42,4 2,01 45,8 0,081 0,36 32,03 ISC João Mendes (Macaúbas)
BB-R-65 749.648 8.572.673 46,4 0,36 53,7 0,081 3,41 37,55 ISC João Mendes (Macaúbas)
BB-R-66 749.405 8.571.044 52,5 0,18 48,8 0,022 2,15 34,13 ISC Maxixe (Macaúbas)
BB-R-68 749.153 8.565.827 43,1 0,38 55,4 0,04 3,03 38,74 ISC e IF Gameleira (Macaúbas)
Fonte: Santana et. al. 2017.
MHC = hematitito martítico compacto; ISC = itabirito semicompacto; IF = itabirito friável.
46

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Figura 15 - Mapa geológico da Mina Boquira.


Fonte: Mineração Cruzeiro (2009).
47

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Quadro 6 - Análises químicas médias das fácies ferríferas da Mina Boquira.

Fácies SiO2 Al2O3 Fe2O3 P2O5 LOI FeO Fe


Quartzo Hematita 38,03 0,57 49,81 0,14 2,82 2,34 38,35
Quartzo Magnetita 35,52 0,53 39,56 0,17 2,04 12,2 30,46
Silicato Magnetita 48,1 0,54 18,71 0,13 1,5 18,54 14,40
Carbonato Magnetita 27,99 2,2 17,63 0,09 18,75 6,45 13,57
Fonte: Rocha (1985).

500 m no corpo oeste (morros do Sobrado e Pelado) concentrado por métodos gravimétrico e magnético
e de 250 m no corpo oriental (Morro do Cruzeiro). combinados. Ensaios realizados por laboratório
Com o apoio dos furos de sonda e galerias da credenciado mostraram que numa amostra com teor
antiga mina de chumbo, foram construídas pela de 39,50% de Fe há uma recuperação em massa de
Mineração Cruzeiro 16 seções geológicas de deta- 43,57% e recuperação metalúrgica de 72% de Fe,
lhe (Figuras 16 e 17), utilizadas para as estimativas gerando um concentrado final de 65,37% de Fe.
dos recursos. Em algumas dessas seções, os corpos
de formação ferrífera chegam a espessuras reais de • Depósito do Morro da Gameleira e Ocorrências
450 m, porém com intercalações de clorita biotita Associadas
xistos.
De acordo com dados fornecidos pelos controla- O Depósito Gameleira está situado a 5,4 km a NNW
dores, a Mineração Cruzeiro definiu os seus recursos da cidade de Macaúbas e alinhado no sentido NNE
(Quadro 7) nesse depósito como: com as ocorrências de Catolés, Morro do Maxixe,
a) Recursos Geológicos – situados acima de uma João Mendes e Araçás, todas contidas num trend N-S
superfície definida como a base das interseções com 7,5 km de comprimento, onde ocorrem dezenas
mais profundas da FF, em sondagens e galerias. de corpos de formações ferríferas de altos teores (Fo-
b) Recursos Potenciais – situados abaixo dessa tos 7 e 8).
superfície, até a cota de 350 m, usada como É evidente a correlação desse trend de ocor-
referência de base. rências de ferro com a anomalia aeromagnética de
campo magnético total, muito bem configurada a N
A partir das 16 seções (Figura 16), foram estimados da cidade de Macaúbas (Figura 18). Vale salientar
recursos totais de 2,63 Bt de toneladas de minério que um dipolo bem definido na parte sul da anomalia
com um teor médio de 32,49% de Fe. está relacionado a essa ocorrência do Morro da Ga-
Os recursos do Depósito Boquira têm alta sus- meleira, principal depósito de minério de alto teor de
ceptibilidade magnética, podendo ser facilmente Macaúbas.

Quadro 7 - Recursos de minério de ferro in situ, por classes – Depósito Boquira.

Cut-off (% Fe) Minério (Mt) Fe (%) SiO2 (%) Al2O3 (%) Mn (%) P (%)
15 2.637 32,49 45,62 0,26 0,71 0,06
20 2.637 32,49 45,62 0,26 0,71 0,06
25 2.612 32,58 45,47 0,27 0,72 0,06
30 2.577 32,64 45,49 0,26 0,72 0,06
35 26 41,59 33,33 0,23 2,00 0,06
40 13,00 44,21 32,51 0,25 0,75 0,06
45 4 50,49 22,14 0,44 1,81 0,06
50 0,57 52,00 17,90 0,14 0,05 0,17
Fonte: Relatório da Mineração Cruzeiro - Depósito Boquira.
48

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Figura 16 - Mapa com as seções geológicas estimadas – Mina Boquira.


Fonte: Mineração Cruzeiro (2009).
49

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Figura 17 - Seção Geológica 1700Y.


Fonte: Relatório da Mineração Cruzeiro (2009). O Quadro 8 sintetiza as in-
formações disponíveis sobre o
Depósito Gameleira e ocorrên-
cias associadas.
Os recursos estimados para
a região de Macaúbas, da or-
dem de 100 Mt, podem estar
subavaliados, desde quando
esses depósitos não foram ain-
da objeto de pesquisa mineral
de detalhe compatível com as
potencialidades de extensão do
trend, conforme assinalado pela
geofísica regional.
Possivelmente a implantação
do sistema logístico ferro-por-
tuário FIOL-Porto Sul será o
fato motivador do avanço dessas
pesquisas minerais.

Quadro 8 - Características dos corpos de minério de ferro do entorno de Macaúbas.


Ocorrência/depósito
Descrição geral Dimensões do corpo de minério
(distância de Macaúbas)
Serra da Gameleira Itabirito hematítico magnetítico semicompacto, 1.000 m x 100 m
(5,4 km) bandado, média susceptibilidade magnética, com
lentes subordinadas de hematita magnetita compacta.
Possíveis produtos: pellet feed, sinter feed e granulado
(DSO).
Morro do Maxixe Itabirito semicompacto com bandamento fino e baixa 800 m x 80 m
5,4 km de Serra da Gameleira susceptibilidade magnética, associado a itabirito
(10 km) hematítico magnetítico compacto bandado, com
prováveis altos teores de ferro.
João Mendes Itabirito magnetítico semicompacto e lentes de 1.200 m de comprimento com
6 km de Serra da Gameleira hematita magnetítica semicompacta. Possíveis 40 m de largura aflorante
(12 km) produtos; pellet fedd, sinter feed e granulado (DSO).
Araçás Itabiritos bandados cinza escuros compactos a 200 m x 40 m
20 km NNE da Serra da Gameleira semicompactos, com intercalações de itabirito
magnetítico semicompacto, atingindo até 10 m de
largura.
Mandassaia Itabirito semicompacto cinza rosado com alta 1.500 m x 150 m
NNW de Boquira susceptibilidade magnética.
Queimadas Antigo garimpo onde foram explorados blocos e Não
(7 km a SW) matacões com teores de até 67% de Fe para usinas de
ferro gusa.
Fonte: Santana et al., 2017.
50

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Figura 18 - Mapa do Campo Magnético Total, associado aos depósitos de ferro ao norte de Macaúbas.
Fonte: LASA (2006), modificado por Belarmino Braga de Melo e Valter Mônaco Conceição Filho, 2017.
51

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Foto 7 - Ocorrência João Mendes – afloramento de itabirito Uma importante anomalia de Campo Magnético
magnetítico com intercalações de magnetitito.
Total (CMT), de direção NE e de configuração bipo-
Fonte: Santana et al., 2017.
lar, baliza, por cerca de 7 km, o flanco ocidental dos
corpos de formação ferrífera, abrindo assim a possi-
bilidade de detecção de novos corpos entre aqueles já
descobertos.
Observam-se aí dois tipos de itabirito:
1) Itabirito semicompacto, de cor cinza escura, fo-
liado a bandado, composto de quartzo martita
e magnetita com susceptibilidade magnética
média e teor de ferro em torno de 40%; e
2) Itabirito anfibolítico semicompacto a compacto,
de cor cinza esverdeada a cinza rosada quando
Foto 8 - Detalhe do itabirito maciço semicompacto do oxidado, estrutura bandada ou foliada, compos-
Serrote do Araçás. to de quartzo, magnetita, martita e anfibólio,
Fonte: Santana et al., 2017.
com teores entre 30% a 33% de Fe.

Foi estimado um potencial de recursos da ordem de


190 Mt de minérios de ferro, considerando-se uma
profundidade de lavra de 100 m.

• Depósito do Morro do Pereira

Esse depósito está a cerca de 30 km a NNE da cida-


de de Ibipitanga. Observam-se itabiritos compactos
a semicompactos, de cor cinza escura, granulação
fina e estrutura bandada, apresentando alta suscep-
tibilidade magnética e teor estimado em 40% de Fe,
(Fotos 9 e 10).

• Depósito de Baixão (Botuporã) Foto 9 - Hematitito compacto do garimpo Queimadas.


Fonte: Santana et al., 2017; CBPM.

Situado no Povoado de Patos, 10 km a NNW de


Botuporã e a 34 km a SE de Macaúbas, esse depósito
acha-se inserido no Greenstone Belt de Boquira.
Nos domínios do depósito, ocorre uma associação
indivisa de quartzito ferruginoso, formações ferríferas
bandadas (fácies óxido e silicato), xistos, diopsiditos,
mármores e rochas metaultrabásicas, encaixados nos
ortognaisses migmatíticos do Complexo Paramirim.
Mapeamento geológico básico realizado pela
CBPM/CPRM (ARCANJO et al., 2000) indica a
ocorrência de três grandes corpos de formações ferrífe-
ras, com dimensões de: 2.170 m x 130 m; 1.500 m x 220
m; e 850 m x 440 m, num total de 4.520 m de extensão
linear, além de outros corpos menores (Figura 17).
52

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Foto 10 - Itabirito semicompacto (ISC), bandado, Não há dúvidas de que essa faixa ferrífera tem
polideformado e com alto teor de Fe – Morro do Pereira, em elevado potencial, todavia é necessária a realização de
Ibipitanga.
Fonte: Santana et al., 2017. investimentos adicionais em pesquisas e desenvolvi-
mento dos depósitos de minério de ferro ora comen-
tados e de suas extensões. Certamente a implantação
do sistema logístico da FIOL-Porto Sul será fator de
relevante motivação.

Quadro 9 - Principais depósitos de ferro da região de


Boquira/Macaúbas/Botuporã.
Teor Fe
Depósito Recursos Minério
(%)
1. Mina Boquira 2,6 Bt ISC e ICA 32

ISC, ISCA e
2. Botuporã/Baixão 190 Mt 33
ICA

3. Morro do Pereira 100 Mt ISC e ICA 39


Considerando-se que a extensão do corpo do Morro 4. Morro da Gameleira 50 Mt ISC e HMC 39 a 61
do Pereira, somada à de outro na sua continuidade
5. Açude 26 Mt ISC e ICA 40
sul, totaliza 3.000 m, e adotando-se uma espessura
de 60 m e profundidade de 150 m vezes a densidade 6. João Mendes 20 Mt ISC e HMSC 37 a 63
Fonte: Santana et al., 2017.
de 3,5 g/cm³, pode-se inferir recursos da ordem de
ISC = itabirito semicompacto; ICA = itabirito anfibolítico compacto;
100 Mt para esse depósito. ISCA = itabirito anfibolítico semicompacto; HMC = hematita
magnetitito compacto; HMSC = hematita magnetitito semicompacto.

• Depósito do Açude
5.1.6 Depósitos de Ferro de Paratinga/Bom Jesus
Situa-se a cerca de 1,6 km de Macaúbas, na estrada da Lapa
para Ibipitanga, próximo ao Açude de Barauninha.
Nesse depósito, ocorrem grandes afloramentos de A sede do município de Paratinga está situada na
itabirito semicompacto cinza escuro, silicoso com região do vale do Médio São Francisco, distando
granulação fina, estrutura bem laminada, com suscep- 749 km de Salvador por estradas asfaltadas.
tibilidade magnética média e teor médio estimado em A economia da região está principalmente centra-
40% de Fe. da na agropecuária, sendo que Bom Jesus da Lapa,
O corpo ferrífero do Açude é de pequeno porte principal polo econômico da região, conta com um
apesar da boa qualidade e homogeneidade do seu mi- razoável setor de serviços em função do turismo
nério. O potencial de recurso foi estimado em 26 Mt. religioso.
O Quadro 9 apresenta os recursos estimados A região tem relevo plano a suavemente ondulado,
para os depósitos do subdistrito ferrífero de Boqui- apresentando amplas coberturas arenosas quaterná-
ra/Macaúbas/Botuporã que podem atingir 3,0 Bt rias e aluviais, onde se destacam os serrotes do Tan-
de minérios com teor e qualidade variadas. Esse que, Silvestre e da Canela, que se acham sustentados
número pode ser ampliado tendo em vista que na por formações ferríferas (Figura 19).
região ocorrem outros depósitos com afloramentos
de itabiritos hematíticos e hematititos como aque- • Depósito Paratinga (Fazenda Tanque)
les de Catolés, Garimpo Queimada e Serrote do
Araçá, cujos recursos não foram avaliados devido às Está situado na Fazenda Tanque, 19 km a E da cidade
extensas coberturas de solos vermelhos argilosos e de Paratinga. Esse depósito dista 20 km do Rio São
arenosos. Francisco e está a cerca de 100 km do eixo da Ferrovia
53

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Figura 19 - Mapa da Amplitude do Sinal Analítico (ASA) mostrando os depósitos de minério de ferro de Paratinga (Fazenda
Tanque) e da localidade Silvestre.
Fonte: LASA, 2006.

de Integração Oeste-Leste (FIOL). A região tem rasas. Está planejada a execução de um programa de
uma boa infraestrutura instalada, com energia e es- sondagem exploratória inicial (Figura 20).
tradas asfaltadas. A CBPM detém análises de amostras superficiais
Essa área foi pesquisada em detalhe pela CBPM de minério com um teor médio de 42,45% de Fe e
em 2013/2014, que ali realizou: mapeamento de 0,06% de fósforo. Essa estimativa de recursos será
detalhe (1:5.000); levantamento geofísico terrestre melhor definida a partir da sondagem planejada.
(MAG) de detalhe; litogeoquímica do minério de fer- No depósito existem seis corpos de minérios que
ro (101 amostras); análises petrográficas; e escavações somam cerca de 3,5 km de extensão linear de formação
54

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Figura 20 - Mapa geológico com distribuição dos teores de Fe total – Depósito Paratinga.
Fonte: Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, 2014.

ferrífera, sendo que o maior deles apresenta 1,5 km de que podem provocar uma elevação no teor de ferro do
comprimento e 200 m de largura aparente. O itabiri- corpo de minério. A característica física do minério
to é predominantemente compacto e mais raramente indica a possibilidade de boa taxa de liberação dos
semicompacto, de granulação média a grossa, com óxidos de ferro, o que permitiria, além da produção
lentes milimétricas de agregados de grãos grossos dos concentrados finos do tipo pellet feed, a produção
de magnetita. Ocorrem, ainda, veios lenticulares de de concentrados mais grossos, dos tipos sinter feed e
10 a 40 cm de espessura de magnetititos compactos, granulado (DSO).
concordantes com a foliação (Fotos 11 e 12). Os itabiritos compactos exibem teor médio de
O itabirito é constituído de: quartzo (35% a 50%); 42,45% de Fe e seus teores de elementos contami-
magnetita (20% a 40%); hematita/martita (10%); e nantes, principalmente o fósforo (0,063% de P), estão
eventualmente anfibólio (5%). Ocorrem níveis cen- dentro da faixa tolerada pelo mercado de concentra-
timétricos a métricos de hematita grossa (> 5 mm) dos de ferro (Quadros 10 e 11).
55

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Foto 11 - Afloramento de minério de ferro da Fazenda Foto 12 - Detalhe do aspecto textural do itabirito foliado
Tanque, em Paratinga. semicompacto de Paratinga (48,3 % Fe).
Fonte: Santana et al., 2017. Fonte: Santana et al., 2017.

Quadro 10 - Histogramas com teores de ferro e fósforo.


Fonte: Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, 2014.

Quadro 11 - Análises químicas do Depósito Paratinga.

FeO P SiO2 Al2O3 Fe Mn Fe2O3 LOI


Amostra
%

PA-VM-RO-2078 2,87 0,14 29,1 0,52 48,3 0,23 65,8 0,54

PA-VM-RO-2079 3,02 0,41 39,6 0,43 41,7 0,03 56,3 1,03

PA-VM-RO-2080 3,61 0,1 37,7 0,27 43,9 0,03 58,8 0,43

PA-VM-RO-2081 3,62 0,06 39,6 0,21 42,7 0,03 57,1 0,57


Fonte: BioGold, 2013.
56

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Os teores entre 50% e 55% de Fe mostrados no • Depósito do Morro do Canela


histograma correspondem a zonas centimétricas a
métricas, de enriquecimento hidrotermal, com ní- Esse prospecto, situado a 41 km a NE da cidade de
veis de hematita compacta com resíduos do quartzo Bom Jesus da Lapa, dista 40 km do Rio São Francisco
lixiviado. e 60 km do eixo da ferrovia FIOL (Figura 21).

Figura 21- Mapa geológico de semidetalhe do Morro do Canela.


Fonte: Mineração Morro do Canela, 2012.
57

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

O Morro do Canela é sustentado por uma asso- de xisto básico com aspecto de rocha vulcânica com
ciação de formações ferríferas bandadas, quartzitos e 20 m de espessura; da meia encosta para o topo, outro
xistos (alguns com evidências de origem vulcânica) corpo de itabirito, com espessura estimada em 100 m.
do Greenstone Belt de Riacho Santana. A geologia de detalhe executada pela Marcel Mi-
Em uma trincheira aberta no flanco oeste do mor- neração, sobreposta à aerogeofísica da amplitude do
ro, observou-se um corpo itabirítico na base, com cer- sinal analítico LASA (2005-2006), mostra a perfeita
ca de 80 m de espessura e uma intercalação mediana integração geologia-geofísica (Figura 22).

Figura 22 - Mapa integrado, mostrando a geologia de detalhe sobre a amplitude do sinal analítico.
Fonte: Marcel Mineração/2012 e LASA, 2005/2006. Modificado por Santana, 2017.
58

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Predominam no Morro do Canela itabiritos Foto 13 - Serrote da Pedra de Fogo sustentado por
semicompactos, cinza escuros, bandados a lamina- itabiritos. Aspecto vermelho do solo – Depósito Silvestre.
Fonte: Santana et al., 2017.
dos, composto essencialmente de quartzo, martita e
magnetita.
Cinco análises químicas de amostras representati-
vas do minério feitas pela Marcel Mineração revela-
ram resultados no intervalo 38,04% a 49,48% de Fe
(teor médio de 42,39% Fe).
A 2,2 km para sul, ocorre o Alvo Aquiles, continui-
dade do corpo principal do Morro do Canela, onde a
unidade itabirítica exibe largura aflorante de 50 m.
Foram estimados pela equipe do projeto recursos da
ordem de 120 Mt para o Depósito do Morro do Canela.

• Depósito do Silvestre

Esse depósito, que dista cerca de 80 km do eixo da


FIOL, foi detalhado e avaliado em 2011 pela Bhamex.
Foto 14 - Aspecto do itabirito semicompacto de alto
Durante a avaliação desse depósito, verificou-se teor – Depósito Silvestre.
que o Morro da Pedra de Fogo é sustentado por ita- Fonte: Santana et al., 2017.
biritos e que no seu entorno ocorre um solo vermelho
intenso (Foto 13).
No topo desse serrote foi escavada a trincheira
T1, com 110 m de comprimento, na qual se obser-
va itabirito semicompacto, com largura aflorante de
110 m, cor cinza escuro, estrutura bandada pouco
pronunciada (Foto 14), com baixa a média suscep-
tibilidade magnética. Esse itabirito exibe teores de
ferro, variando de 45% a 52%, SiO2 em 20% e teor de
contaminante baixo, com menos de 0,03% de fósforo.
Na parte sul do depósito do Morro da Pedra de
Fogo, ocorre um amplo domínio de solo marrom
avermelhado escuro, com areia fina magnética de
óxidos de ferro e com marcante presença de canga
ferruginosa goethítica, indicando a possibilidade de
continuidade do corpo em subsuperfície para SE, o 5.2 DISTRITO FERRÍFERO DO NORTE DA
que poderá ampliar o potencial avaliado de 36 Mt. BAHIA (REMANSO-SENTO SÉ)
Embora os depósitos de Fazenda Tanque, Mor-
ro do Canela e Silvestre sejam individualmente de Está situado no norte da Bahia, no vale do Médio
pequeno porte, no somatório podem atingir mais de São Francisco, cerca de 150 km a WSW da Barragem
300 Mt de minério de alto teor e em boas condições de Sobradinho e 200 km da cidade de Juazeiro. As
logísticas, desde quando estão a 40 km do Rio São principais cidades nos domínios desse distrito são
Francisco, 41 km de Bom Jesus da Lapa, e no máximo Remanso e Sento Sé, respectivamente nas margens
a 100 km do eixo da ferrovia FIOL. Com a ampliação norte e sul do Lago de Sobradinho.
das pesquisas, esses depósitos poderão vir a consolidar O acesso ao distrito, a partir de Salvador, pode
um novo subdistrito ferrífero na Bahia. ser feito por via aérea, utilizando-se o aeroporto de
59

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Petrolina/Juazeiro com voos regulares. Também de associações de rochas supracrustais. Ao sul do


por estradas asfaltadas, atingindo-se Juazeiro após Lago de Sobradinho (município de Sento Sé-BA),
505 km. De Juazeiro, percorre-se mais 192 km até as rochas desse complexo apresentam assembleias
Sento Sé pela BR-210, na margem sul do Lago de da fácies xisto verde, ao passo que, na parte norte do
Sobradinho, ou 207 km até Remanso pela BR-235, lago, mais próximo da faixa Riacho do Pontal, essas
situada na margem norte do lago. litologias foram metamorfizadas na fácies anfibolito.
Com a implantação da Barragem de Sobradinho, Dalton de Souza et al. (1979) dividiram o Com-
a economia regional, que era de subsistência, passou plexo Colomi em quatro unidades, conforme regis-
a contar com projetos de irrigação e implantação de trado na Figura 34.
algumas agroindústrias. As formações ferríferas do Complexo Colomi,
Com o impacto da implantação de campos de das fácies óxido e carbonato, apresentam feições ge-
aerogeradores, principalmente nas escarpas da borda rais que permitem enquadrá-las como do tipo Lago
norte da Chapada Diamantina, abrem-se novas ex- Superior (GROSS, 1965), tais como: a) existência
pectativas de desenvolvimento regional. de camadas espessas que ultrapassam a ordem dos
A topografia da região é de pediplano, com 100 m; b) existência nessas camadas de continuidade
superfícies onduladas e aplainadas, com altitudes e extensão lateral marcantes; c) ausência ou presença
em torno de 370 a 500 m, limitadas a sul pelas es- insignificante de detritos terrígenos nas formações
carpas da cordilheira da Chapada Diamantina. No ferríferas; d) ausência de vulcanismo diretamente
pediplano, destacam-se cristas alinhadas, a exemplo associado; e) inexistência de fácies sulfeto; e f ) pre-
das serras dos Colomis, Bicuda, Jacobina, Melancia, sença de associação sedimentar (quartzitos, arcóseos,
Choro, Castela e outras, normalmente sustentadas arenitos e dolomitos) de água rasa, tipo de plataforma
por quartzitos, mármores e formações ferríferas do continental estável ou bacia intracratônica restrita.
Complexo Colomi. Os primeiros registros de grandes recursos de
O Complexo Colomi, onde se localizam os depó- minério de ferro no Complexo Colomi foram feitos
sitos de formação ferrífera, situa-se na borda norte do por Dalton de Souza (SOUZA et al., 1979), que
Cráton do São Francisco, formando faixas extensas os associou à Unidade Serra da Capivara do Grupo
Quadro 12 - Estratigrafia do Grupo Colomi.
60

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Colomi e inferiu um potencial de recursos da ordem Tendo em vista que os depósitos de minério de
de 14,25 Bt de minérios de ferro, predominantemen- ferro do distrito Médio São Francisco, estão sepa-
te de baixo teor em relação ao teor de ferro praticado rados pelo Lago de Sobradinho, como também as
pelo mercado, à época. Atualmente, a partir de vários características gerais das suas litofácies ferríferas, fo-
trabalhos de pesquisas, os recursos do Bloco Colomi ram considerados dois subdistritos, respectivamente,
Norte são estimados em 5,6 bilhões de toneladas Bloco Remanso, ou Colomi Norte, e Bloco Sento Sé,
(Quadro 13). ou Colomi Sul (Figura 23).

Figura 23 - Mapa da Amplitude do Sinal Analítico mostrando corpos ferríferos dos blocos Remanso e Sento Sé.
Fonte: LASA (2009), modificado por Belarmino Braga de Melo e Valter Mônaco da Conceição Filho, 2017.
61

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

5.2.1 Bloco Remanso (Colomi Norte) teores e qualidade do minério os depósitos de: 1)
Serra dos Colomis (Foto 15 - Colomi Norte); 2)
Nesse bloco, a equipe do projeto de avaliação e Serra do Choro (Pau a Pique); 3) Lagoa do Duarte;
diagnóstico dos distritos de minério de ferro (SAN- 4) Barreirinho; e 5) Serra do Facheiro. As caracte-
TANA et al., 2017) – Figuras 24 a 26 – selecionou rísticas principais desses depósitos estão registradas
para visitas, em função dos seus respectivos recursos, no Quadro 13.

Foto 15 - Serra dos Colomis. Foto tomada do Bloco Sul (Sento Sé) para o Bloco Norte (Remanso), englobando o Lago de
Sobradinho.
Fonte: Santana et al., 2017.

Quadro 13 - Principais características dos depósitos do Bloco Remanso e Colomi Norte.


Fonte: Santana et al., 2017.

Depósito Tipos litológicos Recursos estimados


Serra dos Colomis Itabiritos anfibolíticos compactos, finos, bandados a laminados: Reservas avaliadas nas áreas
17 km a NE de martita, quartzo e anfibólio. Alternância de bandas marrons a da Colomi Iron e Bhamex
Remanso alaranjadas de calcedônia, limonita/goethita (alteração de anfibólio) e superiores a 4,6 Bt. Minério
bandas cinza escuras de magnetita e quartzo. com teor médio de 26% de Fe.
Intercalações subordinadas de níveis métricos de silexitos
ferruginosos.
Serra do Choro Itabirito anfibolítico compacto, fino, associado a itabirito compacto Teor do minério 27 % de Fe
(Pau a Pique) cinza escuro, silicoso, laminado a bandado, ambos com pouco anfibólio. 0,13% de P.
Lagoa do Duarte Itabiritos anfibolíticos bandados, com espessura média de 25 m, Estimativa fornecida à CBPM
intercalados em sequências de quartzitos (Figura 23). por parceiros. Sujeito a
auditoria: 487 Mt a 26% de Fe.
Barreirinho Três corpos de itabirito anfibolítico compacto, com níveis de jaspelito Recursos fornecidos à CBPM
30 km a NW de Pilão e bandas subordinadas negras de magnetita, alta susceptibilidade por parceiros. Sujeito a
Arcado magnética, sobreposta por itabirito anfibolítico semicompacto, auditoria: 356 Mt a um teor
laminado, com bandas vermelho amareladas de jaspelitos. (Figura 24) médio de 26% de Fe.
Serra do Facheiro Itabirito anfibolítico compacto cinza amarronzado, granulação fina, Recursos fornecidos à CBPM
7,5 km a WSW do bandas marrons de anfibólio e bandas escuras de óxido de ferro. por parceiros. Sujeito a
distrito de Lagoa (Figuras 25 e 26) auditoria: 222 Mt a um teor
Alegre. médio de 26% de Fe.
Mandassaia Itabiritos anfibolíticos compactos, finos, bandados a laminados: 1,2 Mt estimados em 26% a
martita, quartzo e anfibólio. Alternância de bandas marrom a 30% de Fe.
alaranjadas de calcedônia, limonita/goethita.
62

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Foto 16 - Itabirito compacto e anfibolítico da Serra dos Colomis.


No Bloco Remanso-Colomi Fonte: Santana et al., 2017.
Norte predominam itabiritos
anfibolíticos (Foto 16) com teor
de Fe na faixa de 26%. Porém,
análises químicas realizadas
em amostras coletadas pela
CBPM na parte sul da Serra
dos Colomis revelou teores de
ferro total na faixa de 32,5% a
34,6%, indicando uma possível
melhoria do teor do minério
para sul (Quadro 14).

Figura 24 - Mapa geológico de detalhe do Alvo Lagoa do Duarte.

Quadro 14 - Análises químicas dos itabiritos da parte sul da Serra dos Colomis.
Método analítico XRF79C PHY01E CLA80C Fe Tipos de
Depósito
Amostra UTM N UTM E SiO2 Al2O3 P2O5 LOI FeO total minério
BB-R-111A 8.939.369 188.926 51,7 0,12 0,05 0,72 2,85 32,52 ICA Serra dos Colomis
BB-R-114A 8.934.789 208.082 50,9 0,21 0,06 0,89 1,67 33,71 ICA Serra dos Colomis
BB-R-115A 8.928.728 210.881 49,1 0,05 0,13 0,62 2,01 34,62 IC Serra do Choro
Fonte: Santana et al., 2017.
Teores em % - Geosol.
ICA = itabirito anfibolítico compacto; IC = itabirito compacto.
63

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Figura 25 - Mapa geológico de detalhe do Alvo Barreirinho.

Informações coligidas pela CBPM, cujas pesquisas es- no Bloco Colomi Norte (depósitos: Lagoa do Duarte,
tão sujeitas à auditoria e maior detalhamento, apontam Barreirinho e Facheiro) com um potencial de recursos
recursos de minério de ferro em depósitos posicionados da ordem de 1,1 Bt a um teor médio de 26% de Fe.
64

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Figura 26 - Mapa geológico de detalhe do Alvo Facheiro, com quadro exibindo metragem dos furos de sonda.

5.2.2 Bloco Sento Sé (Colomi Sul) Esses depósitos se enquadram geneticamente


como do tipo Lago Superior, apresentando faixas de
As formações ferríferas desse bloco estão associadas formações ferríferas bandadas, variando de 3 km a
à Unidade Serra da Capivara, constituindo-se nos 15 km de extensão.
depósitos mais importantes do Distrito Ferrífero Segundo a Colomi Iron, as suas concessões no
Colomi, não só pela expressão das suas reservas, mas, Bloco Sento Sé detêm reservas certificadas ( JORC)
principalmente, pela qualidade dos seus minérios. de 1,4 Bt, das quais 748 Mt no Alvo Serra da Bicuda
65

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

onde ocorrem minérios itabiríticos com teor médio Essas faixas enriquecidas em minérios de altos
entre 34% e 39% Fe e, subordinadamente, lentes mé- teores da Serra da Bicuda estão possivelmente ligadas
tricas de hematititos compactos com 66,71% de Fe. à ação de fluidos hidrotermais, que tamponam o ferro
A BA8/Bhamex também realizou pesquisas em e lixiviam a sílica e os carbonatos.
depósitos de ferro nas serras da Pedra Preta e da Além de altos teores de ferro, esses minérios pos-
Capela, tendo avaliado, preliminarmente, recursos da suem boas características mineralógicas e tecnológi-
ordem de 250 Mt, com teor médio de 40% de Fe em cas para a sua concentração, com poucas intercalações
itabiritos silicosos semicompactos. deletérias, tendo como mineral de ganga, exclusiva-
A equipe do projeto de avaliação estratégica dos mente, quartzo e limonita.
distritos ferríferos da Bahia, executado pela CBPM A Colomi Iron estimou para esse depósito um
(SANTANA et al., 2017), realizou verificações de total de 784 Mt de minério de ferro.
campo nos seguintes depósitos e/ou jazidas desse
bloco: Foto 17 - Corpo de hematitito compacto – Serra da Bicuda
Norte. Ao fundo, Lago de Sobradinho.
Fonte: Santana et al., 2017.
• Depósito Serra da Bicuda

Está localizado nas proximidades da vila de Aldeia,


21 km a WSW da cidade de Sento Sé, na margem
direita do Rio São Francisco, sentido jusante da
Barragem de Sobradinho. A Serra da Bicuda tem
comprimento da ordem de 15 km, ao longo dos quais
ocorrem extensos afloramentos de itabirito dolomíti-
co, itabirito silicoso e hematitito.
Na Serra da Bicuda Norte, o corpo de itabirito
tem 6 km de comprimento, apresentando direção NS,
com mergulhos de 30º para E. Na Serra da Bicuda
Sul, os itabiritos formam corpos descontínuos de
500 m a 1.500 m, com atitudes subverticais.
Furos de sonda realizados pela Colomi Iron atra-
Foto 18 - Detalhe do hematitito compacto (HC) > 65% de
vessaram 100 m de itabiritos dolomíticos (29,76% Fe – Serra da Bicuda, em Sento Sé.
de Fe) sobrepostos por corpos de itabiritos silicosos Fonte: Santana et al., 2017.
bandados (32,25% de Fe) com até 80 m de espessura.
Na parte setentrional dessa serra, da base para o
topo, ocorre um pacote de itabiritos silicosos semi-
compactos, com faixas mais escuras enriquecidas em
itabirito hematítico semicompacto e níveis métricos
a decamétricos de hematititos compactos associados
com mais de 80 m de espessura (Fotos 17 e 18).
Na parte basal, observa-se um grande afloramen-
to de hematitito negro a cinza escuro e com brilho
metálico puro (> 65% de Fe), com mais de 10 m de
largura aflorante, passando para um pacote de itabi-
rito semicompacto a itabirito friável, silicoso, cinza
escuro, de granulação fina, estrutura laminada a fina-
mente bandada, apresentando baixa susceptibilidade
magnética.
66

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Testes de caracterização tecnológica em amostras Foi estimado para a área um potencial de recursos
desse depósito efetuados pela Colomi Iron indicaram da ordem de 300 Mt de minério (itabiritos silicosos
recuperação em massa de 82% e recuperação metalúr- e hematíticos com níveis de hematitito compacto
gica entre 71% e 66%. subordinados) de altos teores de ferro e com boas
características mineralógicas e tecnológicas, com
• Depósito Serra da Melancia poucas intercalações deletérias e tendo como mi-
neral de ganga, exclusivamente, quartzo e limonita
Esse depósito está localizado na Serra da Melancia, a (Foto 19).
9,5 km da cidade de Sento Sé, à margem da estrada Amostras do minério coletadas pela CBPM nesse
para a vila de Aldeia, distando 5 km da margem sul depósito revelaram os teores exibidos no Quadro 15,
do Lago de Sobradinho. confirmando o alto teor de ferro.
Com aproximadamente 6 km de comprimento
e direção geral NW/SE, essa serra possui 100 m de • Depósito de Xique-Xique
desnível em relação à planície do vale do São Fran-
cisco. Da sua meia encosta para o topo, ocorrem Situado na região do Médio São Francisco, esse de-
extensos afloramentos de itabirito semicompacto e pósito, com recursos totais estimados em 830 Mt e
itabirito friável, cinza escuros, silicosos, com alternân- teor médio de 24,8% de ferro, está localizado a 65 km
cia rítmica de bandas claras de quartzo e escuras de a N da cidade de Xique-Xique e a 615 km de Sal-
martita/hematita. Esses itabiritos apresentam baixa vador, por estradas asfaltadas. Existem quatro pros-
susceptibilidade magnética. pectos compondo o Projeto da BrazIron, merecendo
destaque o Projeto Urubu, onde a referida empresa
Foto 19 - Itabiritos silicosos semicompactos e hematíticos concentrou suas atividades.
da Serra da Melancia.
Fonte: Santana et al., 2017. Desde 2008, a BrazIron, empresa australiana, atra-
vés da sua subsidiária BR Ferro Mineração Ltda., de-
senvolveu pesquisas no Projeto Urubu, que alcançou
recursos JORC de 430 Mt, com teor médio de 24,8%
de Fe, com todos os procedimentos e modelagens
feitas pela CSA Global (Perth, Austrália).
Dentre as atividades executadas por esse projeto,
destacam-se: quatro mil metros de sondagens dia-
mantadas e rotopercussivas de circulação reversa,
distribuídas em 45 furos; magnetometria terrestre;
geoquímica de rochas (testemunhos e chips da circu-
lação reversa; testes metalúrgicos; medidas de densi-
dade volumétrica; validação dos dados, interpretação
e modelagem).

Quadro 15 - Resultados analíticos de amostras dos depósitos Sento Sé-BA, 2017.


Método analítico (%) XRF79C PHY01E CLA80C Tipos de
Depósitos Fe total
Amostra UTM N UTM E SiO2 Al2O3 P2O5 LOI FeO minério
Serra da
BR-R-117A 177.501 8.915.859 42,1 0,23 0,053 0,5 1,73 40,5 ISC e IF
Melancia
Serra da BR-R-118A 823.033 8.909.843 36,2 0,29 0,078 0,05 1,29 43,57 IHSC
Bicuda BR-R-119A 823.251 8.909.359 43,1 0,12 0,005 -0,09 1,19 40,01 ISC
Fonte: Santana et al., 2017.
ISC = itabirito semicompacto; IF = itabirito friável; IHSC = itabirito hematítico semicompacto.
67

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

As formações ferríferas bandadas desse depósito enriquecimento supergênico, com 40% de ferro. Para
estão encaixadas em quartzitos ferruginosos e asso- norte do prospecto, os teores são mais baixos devido
ciados a uma sequência metassedimentar do Com- às presenças de itabiritos anfibolíticos, goethíticos e
plexo Xique-Xique (Figura 25 e Foto 20). jaspelitos associados aos itabiritos semicompactos.
Os itabiritos são silicosos, semicompactos, banda- Os corpos itabiríticos apresentam, normalmente,
dos, de cores cinza a cinza escuro e de granulação fina, mergulhos baixos e direção meridiana; estrutural-
compostos de hematita, martita e quartzo, e encerram mente foram interpretados como sinclinal aberto e/
teores de ferro entre 25% e 32% (Fotos 21 e 22). ou em uma estrutura homoclinal truncada por falhas
Localmente, principalmente na parte sul do Pro- transversais (Figura 27).
jeto Urubu, ocorrem níveis subordinados de até 60 cm
de espessura de magnetita/hematita compacta, com Figura 27 - Mapa geológico e seção de detalhe do Projeto Urubu.
Fonte: BrazIron, 2016.
68% de ferro, e também itabirito semicompacto, com

Foto 20 - Afloramentos, blocos e matacões eluvionares de


itabirito no topo do Morro do Urubu, em Xique-Xique.
Fonte: Santana et al., 2017.

Foto 21 - Detalhe do Itabirito silicoso semicompacto do


Projeto Urubu.
Fonte: Santana et al., 2017
68

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Foto 22 - Detalhe do itabirito silicoso do projeto Morro do Urubu.


Fonte: Santana et al., 2017.

5.3 DISTRITO FERRÍFERO DO SUDESTE Os corpos de formações ferríferas da região de


DA BAHIA (IGUAÍ-JEQUIÉ) Iguaí/Jequié encontram-se encaixados em sequências
supracrustais, encravadas tanto nos charnockitos e
Esse distrito, situado na região sudeste da Bahia, no enderbitos do Bloco Jequié como nos ortognaisses da
contexto das bacias hidrográficas dos rios Gongogi Banda Ibicuí-Ipiaú (Figura 28).
e de Contas, constitui uma faixa de orientação geral As formações ferríferas estão alinhadas segundo
N-S, onde se posicionam dezenas de ocorrências e um trend principal de direção NNE com 140 km de
depósitos de minério de ferro. comprimento, que se estende desde Itororó, a sul, até
O acesso principal a esse distrito é feito por estra- Jequié, na parte norte do distrito.
das asfaltadas (BR-116 e outras rodovias estaduais). Nesse projeto, o distrito foi dividido em dois seto-
A partir de Salvador, a cidade de Jequié dista 365 km, res: norte e sul. O primeiro engloba as ocorrências de
ou 497 km para Iguaí. magnetititos da Torre e Humaitá, próximas a Jequié;
Jequié está a 160 km em linha reta do porto de e o segundo, as ocorrências de Água Bela/Fojo/Tom-
Ilhéus, 190 km por estradas asfaltadas, enquanto Iguaí ba Morro, Ouricana e Mata Quente, nos municípios
situa-se a 150 km do mesmo porto e, em linha reta, a de Itororó, Iguaí, Poções e Boa Nova.
cerca de 70 km do eixo da estrada de ferro FIOL. O
trecho Jequié-Porto Sul da FIOL se encontra em fase 5.3.1 Depósitos de Ferro do Setor Sul do Distrito
de implantação. Esse trecho passa na periferia cidade do Sudeste da Bahia
de Jequié e será de importância fundamental para o
escoamento da produção mineral que venha a ocorrer As mineralizações ferríferas desse setor estão distri-
nessa região. buídas em três trends de direção geral NNE: a) Serra
A cidade de Jequié dispõe de uma boa infraestru- do Ouro (depósitos Jacutinga, Ouricana e Mata
tura, um setor de comércio e serviços bem estrutu- Quente), situado mais a oeste; b) Boa Esperança,
rado, além de algumas pequenas indústrias. Conta, Água Bela, Fojo e Bagaço Grosso; e c) Itororó-Rio
ainda, com um terminal de distribuição de combus- Novo, situado na parte mais oriental do distrito ferrí-
tíveis e gás (Poliduto Candeias-Jequié; e o Gasene), fero. Esses trends estão bem representados nos mapas
que atende às regiões oeste e sudoeste da Bahia, norte geofísicos da Amplitude do Sinal Analítico (ASA)
de Minas Gerais e parte do Espírito Santo. (Figura 29).
69

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Figura 28 - Mapa geotectônico do Bloco Jequié.


Fonte: Simplificado e compilado de Barbosa e Dominguez, 1996.
70

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Figura 29 - Mapa Amplitude do Sinal Analítico com ocorrências/depósitos do Distrito do Sudeste da Bahia.
Fonte: Microsurvey (2011) e LASA (2006), modificado pela BioGold (2013).

• Depósito de Jacutinga ou Serra do Ouro É um corpo expressivo de formações ferríferas


bandadas e/ou foliadas, com comprimento total em
É o depósito mais expressivo da região, situando-se torno de 2.500 m e larguras variando de 150 m a 350
no trend mais ocidental (Foto 23), a 12 km a NW m, largura média de 200 m, que se estrutura como um
da cidade de Iguaí, na Fazenda Rio Preto, região da anticlinal aberto com eixo de direção SW e mergulho
Serra do Ouro. de 15º com vergência para NW (Figura 30).
71

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Figura 30 - Esboço geológico do Depósito de Jacutinga-Iguaí.


Fonte: BioGold, 2013.

Mostra uma forte correlação com uma grande de corpos lenticulares ou bolsões de itabiritos mag-
anomalia de ASA (Amplitude do Sinal Analítico) e netíticos escuros e magnetititos, que formam lentes
de CMT (Campo Magnético Total), de direção geral centimétricas a bancos métricos.
nordeste (NE), de 30 km de comprimento (Figura 29). O itabirito silicoso é predominantemente semi-
Apresenta-se como extensos afloramentos de compacto, de coloração cinza escura, com tons amare-
itabiritos silicosos, com intercalações, subordinadas, lados e avermelhados devido à oxidação, granulometria
72

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

média a predominantemente grossa. Exibe estrutura foliação pouco pronunciada (Foto 24). Apresenta, em
foliada a bandada, com os agregados de grãos grossos seu interior, restos de quartzo grosseiro, mostrando
de magnetita e martita estirados, por vezes formando que a sua substituição total pela magnetita não se
lentes, alternadas a bandas claras de quartzo grosso, efetivou. Essa substituição parcial forma um itabirito
também estirado, e magnetita mais fina (Foto 23). magnetítico semicompacto (com > 50% de Fe).
O magnetitito, composto predominantemente por O Quadro 16 registra resultados de análises
magnetita martitizada, é semicompacto a compacto, químicas efetuadas pela Geosol em amostras repre-
de coloração cinza escura a negra, com tons amarela- sentativas do magnetitito compacto e dos itabiritos
dos e avermelhados devido à oxidação, maciço ou com magnetíticos semicompactos.
Foto 23 - Itabirito semicompacto, silicoso, característico da Foto 24 - Amostra de magnetita compacta que ocorre no
área de Jacutinga – Distrito do Sudeste da Bahia. Depósito de Jacutinga – Distrito do Sudeste da Bahia.
Fonte: Santana et al., 2017. Fonte: Santana et al., 2017.

Quadro 16 - Análises químicas do Depósito de Jacutinga.

Método analítico (%)


Coordenadas Tipos de
Amostra XRF79C PHY01E CLA80C Fe total
minério
UTM N UTM E SiO2 Al2O3 P2O5 LOI FeO
BB-R-01 375.319 8.377.459 0,97 0,94 0,94 -0,85 16,64 66,64 MC

BB-R-07A 375.183 8.377.510 16,3 0,58 0,022 -0,07 8,53 58,25 IMSC

BB-R-07B 375.183 8.377.510 3,79 4,68 0,057 -0,58 14,42 62,87 MC

BB-R-12 375.850 8.378.554 21,6 0,2 0,087 0,93 2,71 54,13 IMSC

JC-VM-01 375.349 8.377.527 13,3 0,58 0,022 X X 59,00 MC

JC-VM-03 375.349 8.377.527 15,8 0,5 0,019 X X 57,30 MC

JC-VM-04 375.664 8.378.182 24,2 4,85 0,021 X X 48,30 IMSC

JC-VM-05 375.837 8.378.228 1,25 12,1 0,034 X X 59,00 MC

JC-VM-06 375.901 8.378.629 51,1 0,16 0,022 X X 33,00 ISC


Fonte: Santana et al., 2017; BioGold, 2013.
Análises: MC = magnetitito compacto; IMSC = itabirito magnetítico semicompacto; ISC = itabirito semicompacto.
73

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Na maior parte do depósito predomina minério vocação para a produção de sinter feed e granulados
com teor superior a 40% de ferro total, a exemplo da (DSO) e também pellet feed.
JC-VM-4, contendo intercalações subordinadas de Jacutinga representa o maior e melhor depósito de
magnetititos compactos de altos teores (59% a 66% ferro do distrito, uma vez que possui um potencial de
de Fe). Elementos deletérios como P, Mn e óxidos recursos da ordem de 260 Mt de minério com alto teor
de Ca, Mg e Al ocorrem em teores muito baixos e de ferro. Ademais, está situado relativamente próximo
perfeitamente aceitáveis no mercado. ao traçado da FIOL e a apenas 150 km do Porto Sul,
Além de encerrar minérios de ferro de altos teores ora em fase inicial de implantação em Ilhéus.
e de características físicas positivas (granulometria
grossa, mineralogia simples, alta susceptibilidade • Depósitos de Água Bela, Fojo, Bagaço Grosso e Itororó
magnética, média compacidade e aparentemente alto
grau de liberação), o Depósito de Jacutinga tem forte Os depósitos de Água Bela,
Fojo, Bagaço Grosso e Itororó
Figura 31 - Mapa Amplitude do Sinal Analítico (ASA) com trends ferríferos da são de pequenas dimensões.
região Iguaí/Ibicuí. Juntamente com os de Boa Es-
Obs.: 1 - Trend Jacutinga; 2 - Trend Boa Esperança-Água Bela; e 3 - Trend Itororó-Rio Novo.
Fonte: LASA, 2006; modificado por BioGold, 2013.
perança e Nenga, constituem
um trend mais centralizado
bem definido pelo mapa de
Amplitude do Sinal Analítico.
Esses trends (Figuras 31
e 32) englobam corpos de
itabiritos anfibolíticos, cujos
comprimentos variam de
100 m a pouco mais de 1.000
m, apresentando teores de ferro
em torno de 30% a 35%.
Na parte mais oriental,
ocorre o trend Itororó-Rio
Novo, com corpos de itabiritos
anfibolíticos medindo poucas
centenas de metros de com-
primento, com teores médios
normalmente abaixo de 30%
de ferro.
Os depósitos Água Bela,
Fojo e Bagaço Grosso situam-
se cerca de 8 km a NE da ci-
dade de Iguaí, numa região de
relevo ondulado a acidentado.
Estão alinhados na direção
NE, relacionados a uma faixa
anômala (ASA) (Figura 32),
com pequenos corpos de itabi-
ritos distribuídos ao longo de
6 km desse trend.
74

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Figura 32 - Mapa Amplitude do Sinal Analítico (ASA) mostrando o Trend Aeromagnético de Boa Esperança-Água Bela.
Fonte: BioGold, 2013; modificado de Santana, et. al., 2017.

• Depósitos de Água Bela e Fojo provocando uma elevação dos teores de ferro do mi-
nério, superiores a 55% de Fe.
Em Água Bela, observa-se um grande afloramento de O minério de Água Bela é de boa qualidade, não só
formação ferrífera com 470 m de comprimento, largura por suas características físicas e mineralógicas, mas tam-
aflorante de 60 m, altura máxima de 20 m, compondo bém pelo seu teor médio de 43,7% de Fe e 0,06 % de P.
um corpo ferrífero de aproximadamente 600 m de No depósito da Fazenda Fojo, situado no mesmo
comprimento no qual predominam formações fer- trend, 2,7 km a NE de Água Bela, verificou-se um
ríferas bandadas de granulação grossa, com grãos de corpo com 540 m de comprimento que engloba um
magnetita martitizada (60%) e de quartzo (35%), afloramento de formação ferrífera com 315 m de ex-
segregado em bandas claras exibindo faixas métricas tensão por 20 m de largura aflorante.
protomiloníticas, subordinadas e enriquecidas em fer- Os minérios do corpo ferrífero do Fojo têm estru-
ro, normalmente com alta susceptibilidade magnética. tura bandada a protomilonítica, granulometria média
Na parte basal do corpo de Água Bela, ocorrem a grossa, apresentando características físicas e mine-
níveis centimétricos a métricos ricos em magnetita, ralógicas semelhantes àquelas do depósito de Água
75

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Bela. Quatro amostras compostas, representativas do martita orientados, exibindo, pontualmente, níveis
depósito ferrífero do Fojo, revelaram teores médios de decimétricos ricos em óxidos de ferro e com pre-
42,8% de Fe e 0,06% de P. sença apenas residual de grãos de quartzo. Tem
Essas duas ocorrências estão entre as mais expres- susceptibilidade magnética média a alta, teor médio
sivas da região de Ibicuí e juntas podem compor um de 45,4% de ferro e 0,08% de P. Para esse depósito
único depósito com recursos da ordem de 23 Mt de foi inferido um potencial de recursos da ordem de
minérios de ferro de boa qualidade, com teor médio 38 Mt.
em torno de 40% de Fe e 0,06% de P, além de te- Os corpos ferríferos de Água Bela, Fojo e Baga-
ores aceitáveis pelo mercado dos demais elementos ço Grosso são formados por litofácies semelhantes,
contaminantes. podendo ser produtos de um único corpo que foi
boudinado após a vigorosa tectônica de cisalhamento
• Depósito de Bagaço Grosso que afetou o Complexo Ibicuí.
Para esse conjunto de itabiritos semicompactos
Situa-se no mesmo trend de Água Bela a apenas – Água Bela, Fojo e Bagaço Grosso – possuidor
1 km a NE do Alvo Fojo (Figura 33). Apresenta de altos teores de ferro, com texturas e estruturas
grandes afloramentos de itabirito semicompacto de semelhantes, a Biominer estimou um potencial de
granulação média a grossa, com grãos de magnetita/ recursos de 61 Mt.

Figura 33 - Mapa geológico regional com localização dos trends Itororó-Rio Novo e Rio Preto-Valentin e da Zona Boa
Esperança-Água Bela.
Fonte: BioGold, 2013; modificado por Conceição Filho, 2012.
76

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

• Depósito de Itororó magnetita, anfibólio (> 10%) e sulfetos disseminados


(pirita e pirrotita) (Figura 34).
Situado a cerca de 9 km a NE da cidade de Itororó, Foram estimados para esse depósito recursos da
esse pequeno depósito está encaixado em rochas me- ordem de 25 Mt, conforme registrado no Quadro 17.
tabásicas, tendo comprimento de 1.500 m e espessura Para as 16 ocorrências da região Iguaí-Ibicuí,
real média de 25 m. dispersas em uma área com cerca de 21.600 km2,
É composto predominantemente por itabirito foram estimados recursos totais da ordem de 653 Mt
semicompacto e itabirito compacto, cinza escuro, de minérios de ferro, predominantemente de médio
foliado a laminado, constituído de quartzo, a alto teor.
magnetita/martita e algum anfibólio (< 10%), Dessas ocorrências, somente Nenga W (123 Mt) e
apresentando raros níveis centimétricos (até 10 cm Jacutinga (252 Mt) podem ser consideradas de médio
de espessura) ricos em magnetita, tendo alta suscep- a grande porte. Das 14 restantes, somente Rio Novo
tibilidade magnética. Subordinadamente, também (74 Mt) e Itororó (61 Mt) são superiores a 50 Mt.
ocorrem níveis métricos de um itabirito anfibolítico, As demais são pequenos depósitos, alguns inferiores
compacto, cinza esverdeado, constituído de quartzo, a 20 Mt.

Figura 34 – Furos de sondagem do Alvo Itororó.


Fonte: Mineração BioGold/Biominer.
77

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Quadro 17 - Estimativa de recursos do Depósito de Itororó.


DADOS DO RELATÓRIO MENSAL SIFB (Set 2013) - MINERAÇÃO BIOMINER
Memorial de Cálculo de Recurso Indicado/Inferido
Profundidade Área F. F. Profundidade Densidade Total
Recurso
total (m) (m²) (m) (Tn /m²) (Mt)
Indicado 100,00 42.165,42 100,00 3,00 12,65
Inferido 1 150,00 42.165,42 50,00 3,00 6,32
Inferido 2 200,00 42.165,42 50,00 3,00 6,32
Total 25,3
Fonte: Biominer/CBPM , 2014.

Entretanto, considerando-se os depósitos situados • Depósito de Mata Quente (Boa Nova)


nas proximidades de Iguaí, observa-se que num raio
de 15 km do Depósito Água Bela (Figura 33) ocor- Esse depósito está situado na região de Valentim,
rem os depósitos de Jacutinga, Fojo, Bagaço Grosso 12 km a NNW dessa vila e a 14 km ENE da cidade
e Nenga. Esses corpos de minérios possuem teores de Boa Nova. Dista 50 km de Jequié, onde passam os
mais elevados (> 40% de Fe), cujos recursos podem trilhos da FIOL e está a apenas 32 km no sentido NE
atingir 420 Mt, podendo ser aproveitados como um da FIOL em Jitaúna.
único projeto mineiro integrado. Afloramento observado no alvo mostra banda es-
pessa de martita/magnetitito, cinza escura, grã grossa,
• Depósito de Ouricana e Ouricana I (Poções) maciça e com média a baixa susceptibilidade magné-
tica, com bandas de quartzito bege claro, que grada
Esses dois depósitos estão situados na região da Fa- para um novo nível de martita/magnetitito. Amostra
zenda Ouricana, a cerca de 20 km a ENE da sede do desse magnetitito exibiu teor de Fe de 62,18% com P
município de Poções, na borda oriental do planalto de de 0,096% (Fotos 25 e 26).
Vitória da Conquista. A área não conta com trabalhos de pesquisa.
No Depósito Ouricana, ocorre um magnetitito
compacto, cinza escuro, maciço, de granulação grossa Foto 25 - Afloramentos de ISC “chapinha” com camadas de
magnetititos alternadas. Minério de ferro de alto teor da
e com alta susceptibilidade magnética, recoberto por ocorrência de Ouricana I.
uma canga goethítica-limonítica. Análise química Fonte: Santana et al., 2017.
de amostra desse magnetitito coletada pela CBPM
apresentou teor de 67,70% de Fe e 0,133% de P.
Já em Ouricana I, observa-se afloramento de itabi-
rito semicompacto de cor cinza a cinza escuro, granula-
ção fina a média, bandado e laminado (tipo chapinha),
com média a alta susceptibilidade magnética. O corpo
ferrífero tem dimensões de 1 km x 50 m. Análise quí-
mica de amostra desse minério coletada pela CBPM
apresentou teor de 45,32% de Fe e 0,051% de P.
O potencial de recursos para esses dois alvos foi
estimado em 32 Mt, sendo 15 Mt com teor de 65%
de Fe (Ouricana) e 17 Mt com teor de 45,4% de Fe
(Ouricana I).
Esses depósitos necessitam de trabalhos comple-
mentares de pesquisa para definição mais aprofunda-
da de seus recursos.
78

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Foto 26 - Grande afloramento de martita/magnetitito da Fazenda Mata Quente em Boa Nova.


Fonte: Santana et al., 2017.

5.3.2 Depósitos de Ferro do Setor Norte do Na área, existe extensa cobertura de canga limo-
Distrito do Sudeste da Bahia. nítica com seixos e grânulos de magnetitito, com
largura de 270 m e comprimento de 700 m.
Observa-se nas imediações da cidade de Jequié deze- Recobertos por essa canga limonítica, ocorrem
nas de ocorrências de formações ferríferas que formam magnetititos semicompactos, cinza escuros, maci-
um trend com 100 km de extensão nos domínios dos ços, de grã grossa. No extremo SW, observou-se um
granulitos e ortognaisses miloníticos do Complexo itabirito silicoso compacto a friável, médio a grosso,
Jequié, dentre as quais se destacam as ocorrências de em contato, no topo, com um nível de magnetitito
Fazenda Humaitá e do Castanhão. compacto a semicompacto (Foto 27).
Esse trend ferrífero encontra-se bem delineado,
entre Iguaí e Jequié, por um conjunto de anomalias Foto 27 - Magnetita compacta sob a canga ferruginosa.
Detalhe do afloramento na margem da estrada de Humaitá
geofísicas aeromagnéticas do sinal analítico total para Jequié.
(ASA), alongadas, amalgamadas e quase contínuas. Fonte: Santana et al., 2017.
Esse domínio ferrífero carece de trabalhos explo-
ratórios adicionais para a definição dos seus recursos,
haja vista que estão em sinergia com o traçado da
FIOL e localização próxima a Jequié, que conta com
ótima infraestrutura, inclusive com terminais de ga-
soduto da Petrobras.

• Depósito de Humaitá

Esse depósito está situado na Fazenda Humaitá,


15 km a E da cidade de Jequié e a igual distância do
traçado da ferrovia FIOL. Integra o trend ocidental
de ocorrências de corpos ferríferos de altos teores do
Distrito Iguaí-Jequié e está contido nos domínios
granulíticos do Complexo Jequié.
79

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Análises químicas realizadas pela SGS/Geosol, Foto 28 - Magnetitito compacto – ocorrência da torre da
de amostras representativas do depósito de Hu- Embratel, em Jequié.
Fonte: Santana et al., 2017.
maitá, exibem teores elevados de Fe (63% a 64%
de ferro total) para os magnetititos compactos
e de 54,73% para um banco métrico de itabiritos
semicompactos a friáveis, com nível de magnetitito
associado (Quadro 18).
Esse depósito se constitui em um importante
prospecto e, como os demais da região, carece de um
trabalho sistemático de pesquisa para a definição de
suas reais potencialidades. Considerando-se os dados
obtidos em campo, foram estimados recursos de
60 Mt de minério.

• Depósito Torre

Esse depósito está situado nas proximidades da torre 5.4 Distrito Ferrífero Do
da Embratel, localizada no topo da Serra do Casta- Recôncavo (Coração De Maria).
nhão, a 5 km de Jequié, onde pequenos depósitos de
magnetititos foram lavrados até a exaustão. Descoberto pela Ferrous Resources, esse depósito
Nas proximidades da torre, ocorre uma faixa de está situado a apenas 115 km de Salvador e 80 km
400 m de comprimento com 30 m a 50 m de espes- do porto de Aratu. Foi pesquisado pela empresa entre
sura, orientados para direção NE, composta de blocos 2010 e 2013.
e matacões rolados de magnetitito compacto, de cor O depósito é formado predominantemente por ita-
cinza escura a negra, apresentando uma estrutura iso- biritos anfibolíticos, goethíticos e silicosos que formam
trópica, altas densidade e susceptibilidade magnética, corpos lenticulares de espessura variando de 20 m a
constituindo um minério de alto teor de ferro (> 60% 100 m, encaixados em uma sequência supracrustal e
de Fe), semelhante ao magnetitito compacto da Fa- vulcanossedimentar do Complexo Santa Luz.
zenda Humaitá (Foto 28). Como instrumento de interpretação, para o me-
Essa faixa de rolados representa a continuidade lhor conhecimento da geologia da área e do esboço
dos corpos NE, recomendando-se assim a realização da distribuição espacial das formações ferríferas de
de trabalhos de detalhamento geológico/geofísico, interesse na área do Projeto Jacuípe, foram realizados
com possível sondagem exploratória para a definição 320 km2 de levantamentos aerogeofísicos de magne-
dos seus recursos/reservas. tometria (MAG) e gamaespectrometria (GAMA)
entre 2009/2010. Levantamentos esses executados
pela Prospectors Aerolevantamentos e Sistemas Ltda.

Quadro 18 - Análises químicas de minérios do Depósito de Humaitá – Jequié.

Método analítico XRF79C CLA80C Fe


Depósito
Amostra UTM N UTM E SiO3 Al2O4 Fe2O4 TiO3 P2O6 V2O6 FeO total

BB-R-171A 8.467.457 398.909 1,16 2,86 91,6 1,48 0,074 0,04 -1,43 64,7
Humaitá

BB-R-171B 8.467.457 398.909 0,13 2,46 90,5 0,13 0,021 0,005 -2,04 63,3

BB-R-172 8.467.225 398.810 19,1 0,3 78,3 0,07 0,043 0,005 0,26 54,76
Fonte: Santana et al., 2017.
80

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Figura 35 - Levantamentos aeromagnéticos. Mapa de


A amplitude do sinal analítico do levantamento amplitude do sinal analítico – MAG.
aerogeofísico (Figura 35) mostra o eixo da anomalia Fonte: Prospectors Aerolevantamentos e Sistemas Ltda./Ferrous, 2016.
magnética com a expressiva delimitação do Alvo da
Antena, na parte norte.
O principal segmento desse depósito, Alvo da
Antena ou Morro do Zabelê, está situado a apenas
5,5 km a NW da cidade de Coração de Maria. Nos
seus domínios, foram avaliados recursos da ordem de
54 Mt de itabiritos anfibolíticos e itabiritos silicosos,
com teor médio de 33,62% de Fe, através dos furos
localizados na Figura 36.
A Ferrous executou modelamento bidimensional
geológico-geofísico no Alvo Antena e em suas possí-
veis extensões, para integrar os dados geofísicos com
aqueles da geologia de detalhe e perfis de furos de
sonda.
O modelamento indicou a continuidade em pro-
fundidade da zona mineralizada, mantendo-se a ten-
dência de corpos sub-horizontalizados (Figura 36).
Para o auxílio à locação de sondagens e à posterior
interpretação, a empresa procedeu uma estimativa da
profundidade de ocorrência dos corpos magnéticos
utilizando-se do método de deconvolução de Euler
(Figura 37).
As formações ferríferas bandadas têm formas de
lentes com espessuras variando de 20 m a 100 m,
sendo que, na porção central, a espessura média varia
em torno de 50 m, com os comprimentos variando de
centenas de metros a mais de 5 km (Figura 38).
Os itabiritos desse depósito foram agrupados em
três tipologias principais:
• Itabiritos anfibolíticos, que constituem 89% da
jazida, apresentando coloração cinza clara com
tons esverdeados, granulação fina e com bandas
alternadas de magnetita/martita e bandas de
anfibólios (grunerita e cummingtonita) (Fotos
30 e 31);
• Itabiritos goethíticos, que se acham associados
aos níveis mais superficiais dos itabiritos anfibo-
líticos (Foto 29) e resultantes da sua alteração;
• Itabiritos silicosos, de menor incidência na jazida,
de coloração variando de cinza clara a escura,
granulometria fina a grossa (quartzo recristali-
zado), estrutura bandada, com bandas escuras de
martita de granulação fina e bandas de quartzo
de granulação grossa.
81

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Figura 36 - Mapa geológico de detalhe da porção central, com localização dos furos de sonda – Morro do Zabelê.
Fonte: Ferrous Resources do Brasil, 2011.
82

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Figura 37 - Seções geológicas e geofísicas do Morro do Zabelê e Furnas.


Fonte: Ferrous Resources do Brasil, 2011.
83

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Figura 38 - Seção geológica com furos de sondagem – Projeto Jacuípe.


Fonte: Ferrous Resources do Brasil, 2011.

Foto 29 - Detalhe do itabirito goethítico parcialmente oxidado.


Fonte: Santana et al., 2017.
84

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Foto 30 - Testemunhos de sondagem – itabirito anfibolítico –, A previsão para o projeto era de uma produção de
profundidade de 51 m. 3,8 Mt/ano de concentrado a 62,5% de Fe, predo-
Fonte: Ferrous Resources do Brasil, 2011.
minantemente do tipo pellet feed, que seriam trans-
portados por mineroduto até o porto de Aratu, onde
seriam deslamados e embarcados para os mercados
externos.
Esse depósito, que foi avaliado e certificado pela
Ferrous, possui recursos estimados da ordem de
1,13 Bt, com teor médio de 27% de Fe (Quadro 19).
O Projeto da Ferrous Resources do Brasil teve suas
atividades paralisadas em 2014 em função da queda
dos preços da commodity, porém a empresa preservou
sua estrutura em Coração de Maria.

5.5 DISTRITO DE FERRO, TITÂNIO E


Foto 31 - Detalhe estrutural e textural do itabirito VANÁDIO DE CAMPO ALEGRE DE
anfibolítico, observando-se dobra em S. LOURDES
Fonte: Ferrous Resources do Brasil, 2011.

Esse distrito compõe-se dos importantes depósitos


de Fe, Ti e V de Campo Alegre de Lourdes que estão
situados na região noroeste do estado, no povoado de
Pedra Comprida, a aproximadamente 10 km da sede
do município. Tem acesso, a partir de Salvador, por
rodovia, num total de 815 km, dos quais 710 km por
estradas asfaltadas. Também pode ser feito a partir de
Juazeiro/Petrolina, que dispõe de voos comerciais regu-
lares. Daí, após 315 km, se atinge a área dos depósitos.
A região dos depósitos de Fe, Ti e V de Campo
Alegre de Lourdes está inserida no setor norte do Do-
mínio Tectônico Corredor do Paramirim (ALKMIN
et al., 1993), correspondente ao limite entre o Cráton

Quadro 19 - Recursos inferidos por tipologia de minério – Projeto Jacuípe.


Fonte: Ferrous Resources do Brasil, 2011.
Recurso Fe Al2O3 CaO FeO K2O LOI MgO Mn Na2O P S SiO2 TiO2 Cu
Tipo de Cut- Volume Densidade
inferido
minério off (M m3) (g/cm3) % ppm
(Mt)
ICA 19 319,94 3,15 1.007,81 26,71 2,06 2,13 5,79 0,33 0,19 3,60 0,10 0,17 0,08 0,27 53,33 0,14 48,84

ISCA 15 6,94 2,92 20,26 26,54 2,50 0,90 1,89 0,35 1,90 2,17 0,07 0,17 0,04 0,08 54,23 0,12 38,56

ICG 15 1,96 2,58 5,05 30,93 1,40 0,20 1,17 0,08 2,66 0,94 0,05 0,08 0,03 0,03 50,55 0,06 51,80

IFG 15 43,84 2,26 99,08 32,41 3,46 0,10 0,61 0,14 5,58 0,43 0,12 0,07 0,07 0,07 43,56 0,17 67,36

Total 372,67 3,04 1.132,19 27,22 2,18 1,92 5,25 0,32 0,71 3,28 0,10 0,16 0,07 0,24 52,58 0,14 50,29
Obs.: ICA = itabirito compacto anfibolítico; ISCA = itabirito semicompacto anfibolítico; ICG = itabirito compacto goetítico; IFG = itabirito friável
goetítico.
85

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

do São Francisco (ALMEIDA, 1977) e as faixas de As reservas atualmente dimensionadas são de


dobramento Rio Preto (COSTA et al., 1976) e Riacho 113,5 milhões de toneladas, sendo 60 milhões me-
do Pontal (NEVES, 1975) (Figura 37). didas, com teores médios de Fe2O3 de 49,98%, TiO2
O Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Ale- de 20,74% e V2O5 de 0,71%; 40 milhões indicadas e
gre de Lourdes tem dimensões aproximadas de 13,6 cerca de 14 milhões de toneladas de minério colu-
km na direção N-S e 7 km na direção E-W, sendo in- vial, essas últimas com teores variáveis desses óxidos
trusivo em gnaisses e migmatitos do Grupo Caraíba. (Quadro 20).
Apresenta-se dobrado em estilo sinformal, revirado
com vergência para leste e redobrado segundo dobras Reservas Medidas - 60,10 Mt a 49,98% Fe2O3;
abertas normais orientadas N-S, com ondulações 20,74% TiO2; 0,71% V2O5;
quase ortogonais (Figura 39). Reservas Indicadas - 40,1 Mt a 18,56% TiO2;
O minério primário, só percebível nos furos de 0,61% V2O5;
sonda, apresenta coloração preta, forte magnetismo, Reserva do Colúvio - 13,30 Mt;
constituído de titanomagnetita com exsolução de Reserva Total - 113,50 Mt.
ilmenita, ilmenita com finas lamelas de exsolução de
hematita, rutilo, sulfetos diversos e minerais da gan- Esse depósito de Fe, Ti e V de Campo Alegre de
ga (titanita, serpentina, epidoto, clorita, anfibólios e Lourdes, vinculado à CBPM e atualmente sob con-
carbonatos). trato com a Mineração Campo Alegre de Lourdes
Já o minério superficial se mostra oxidado, de (MCAL), se mostra como um depósito principal-
cor avermelhada a cinza-avermelhado, magnetismo mente de titânio em razão do seu teor desse elemento
fraco, por vezes ausente, composto de martita de al- (20,74%). Todavia, muito provavelmente a partir da
teração da titanomagnetita, ilmenita (com alteração implantação do sistema logístico ferro-portuário da
para ilmenorutilo ao longo das bordas e de fraturas), Transnordestina-Suape, se admite a possibilidade de
leucoxênio, limonita, goethita, lepidocrosita, caulinita que seja ofertado minério de ferro vanadífero como
(produto de alteração de ganga silicática). subproduto.

Quadro 20 - Reservas totais (minério in situ + colúvio).


Reserva
Morro/Corpo do
Minério in situ
minério Minério coluvial Reserva total
Medida Indicada
Branco 7.970.664 6.150.176 1.387.284 15.508.124
Lazan I 38.080 169.600 19.252 226.932
Lazan II 454.872 856.800 7.140 1.318.812
Testa Branca 21.085.511 16.468.748 3.224.210 40.778.469
Redondo 14.487.747 10.600.701 2.418.493 27.506.941
Chico Velho 1.432.886 584.075 616.610 2.633.571
Carlota I 4.674.718 - 2.473.295 7.148.013
Carlota II 1.030.724 - 1.387.284 2.418.008
Tuiuiú 7.619.124 4.750.489 1.502.509 13.872.122
Sítio 1.043.450 322.022 188.330 1.553.802
Anfilófio 249.998 192.554 80.435 522.987
Total 60.085.954 40.095.166 13.304.842 113.487.781
Fonte: Sampaio et al., 1986.
86

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Figura 39 - Mapa geológico da área dos depósitos de Fe, Ti e V de Campo Alegre de Lourdes.
Fonte: Sampaio, Lima e Moreira (1986).
87

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

6. CONsiderações finais infraestrutura ferro-portuária a ser utilizada diz


respeito à implantação da Ferrovia Transnordestina,
cujo eixo dista dos depósitos ferríferos do Bloco
Norte cerca de 140 km, sendo que o seu fluxo pa-

C om base nos dados integrativos realizados pelo


Projeto Avaliação Estratégica dos Distritos de
Minério de Ferro da Bahia, pela CBPM (SANTA-
rece ser necessário para a conexão de parte da futura
produção mínero-industrial com os portos de Suape,
no litoral de Pernambuco, ou de Pecém, no Ceará. A
NA et al., 2017), fica evidente que o estado da Bahia outra parte da produção mineira, decorrente da lavra
detém um grande potencial de recursos em minério e beneficiamento dos depósitos situados na margem
de ferro. sul do Rio São Francisco, possivelmente, poderia ser
Nesta publicação síntese, se faz referências a escoada pela Ferrovia Centro-Atlântica até o porto
dezenas de depósitos desse minério, os quais são de Aratu, em Salvador. Além desses aspectos decor-
classificados como de pequeno, médio e de grande rentes de uma logística ainda sem claro planejamento
porte, inclusive alguns com recursos de classe mun- executivo, identifica-se também a carência de estudos
dial. Qualitativamente, nesses depósitos, há minério tecnológicos de beneficiamento para o aproveitamen-
de médio e de alto teor, cujas características físico- to de parte significativa dos minérios anfibolíticos
químicas e mineralógicas permitem, a princípio, a disponíveis nessa região.
aplicação de processos de beneficiamento clássicos e/ De todo modo, incluem-se nesses recursos do
ou inovadores praticados para a obtenção de produtos Distrito Norte minérios com altos teores (50% a 67%
comerciais francamente demandados, tais como pellet de Fe), inclusive com alguns depósitos passíveis de
feed, sinter feed e granulados. produzirem minérios do tipo DSO. Existem, ainda,
Os recursos estimados para o conjunto desses encaixados no Grupo Colomi desse distrito, em es-
depósitos estão agrupados em cinco distritos distri- pessas sequências ou unidades de itabiritos, grandes
buídos por várias regiões do estado e demonstram depósitos com espessuras superiores a 100 m com
que a Bahia possui um potencial estimado de recursos teores entre 35% e 45% de Fe e, por isso, há que se
de minério de ferro acima de 20 bilhões de toneladas planejar seu aproveitamento e deslocamento dos seus
(Quadro 21). Todos eles estão bem descritos e refe- produtos até o porto mais próximo.
ridos neste número da Série Publicações Especiais da Em relação aos outros dois distritos – Recôncavo
CBPM. e Campo Alegre de Lourdes – temos, pela ordem
Sem dúvida, dentre os distritos, merecem des- de citação: o Depósito do Recôncavo, dado a proxi-
taque, em função de suas reservas e qualidade dos midade ao porto de Aratu, em Salvador, é certo que
minérios, o Distrito Ferrífero Sudoeste da Bahia em futuro não muito distante poderá tornar-se viável
(Caetité-Brumado), com recursos da ordem de 9,5 o seu aproveitamento mediante o aquecimento da
bilhões de toneladas. O Distrito Ferrífero Sudes- demanda mundial de minério de ferro; quanto ao
te, com recursos em menor escala, estimados em segundo citado, a pesquisa e o desenvolvimento da
cerca de 660 milhões de toneladas; mas em razão jazida e a caracterização tecnológica do minério e
das características qualitativas do minério aliadas à do seu beneficiamento haverão de ser concluídas em
centralidade territorial, o que facilita o uso da infra- razão do expressivo teor de titânio, uma vez que, a
estrutura disponível, gera forte expectativa de que médio prazo, o consumo siderúrgico desse elemento
venha ser especializado na produção siderúrgica de se mostra potencialmente crescente.
ferro gusa, DRI, etc., sustentando um polo siderúr- Posto isso, há que se reconhecer que o Distrito Fer-
gico regional. rífero Sudoeste é aquele que, dentre os demais, reúne
Quanto ao Distrito Ferrífero do Norte (Sento as condições logísticas necessárias para uma rápida
Sé-Remanso) situado no Médio São Francisco, entrada em produção, inaugurando, por conseguinte,
com recursos estimados em cerca de 9,25 bilhões a inserção do estado da Bahia como um importante
de toneladas, deve-se considerar que uma parte da player na mínero-indústria da produção de ferro.
88

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Quadro 21 - Sumário de recursos dos distritos de minério de ferro na Bahia. (continua)

I. Distrito Ferrífero do Sudoeste da Bahia


Depósitos/ Teor de Tipologia do
Utm N Utm E Localizaçâo Recursos Observações
Empresa ferro (%) minério
Pedra de Ferro 8.411.042 765.584 Caetité 2,58 Bt 37% (67% ISC; IF; IC; ICA; 171 Mt de HF e HC.
e Jurema de Fe nos IHSC; IHC; HC A área do depósito é
HC e HF) e HF cortada pela FIOL
Espírito Santo 8.464.141 765.925 Caetité 400 Mt 29% no ISCC ISC; ICA; ISCC FIOL a 45 km
e 34,44% no
ISC
Ferro de Lagoa 8.451.573 179.855 Lagoa Real/ 1,8 Bt 30% de Fe ISC; IC e ICA A área do depósito é
Real Livramento de cortada ao sul pela
Nossa Senhora FIOL
Serra do 8.456.883 182.655 Lagoa Real/ 234 Mt 20% a 37% ISC e IC FIOL a 10 km ao norte
Gergelim Livramento de de Fe
Nossa Senhora
Projeto 8.455.140 220.092 Brumado/Dom 500 Mt 35% (60% ISC; ISCA; Espessos corpos de
Brumado Basílio de Fe nos HSC; HC e HF HSC; HC e HF; 12 km a
HC; HSC e norte da FIOL
HF)
Mina Boquira 8.579.531 749.317 Macaúbas/ 2,79 Bt 32% (69% ISC; ISCA; FIOL a 12 a 15 km ao
/Botuporã/ Boquira de Fe nos IHSC; IMSC; sul
Baixão HMC) HSC e HC
Morro do 8.600.545 777.842 Macaúbas/ 196 Mt 32% (69% ISC; ISCA; FIOL a 12 a 15 km ao
Pereira e Boquira de Fe nos IHSC; IMSC; sul
outros HMC) HSC e HC
Cascalheira 8.366.761 750.177 Urandi 600 Mt 38% (64% ISC; IC; IHC e A área do depósito está
Urandi de Fe nos HMC 50 km ao sul da FIOL e
HMC) é cortada pela FCA
Fazenda 8.584.115 708.366 Paratinga/Riacho 306 Mt 42% (48% a ISC e ISCA A área do depósito
Tanque de Santana 55% de Fe está a 70 km a norte
nos IMC e da FIOL
IHSC)
Morro do 8.550.256 708.071 Bom Jesus da 120 Mt 30,4% a IMC; IHSC e O depósito está a
Canela Lapa 46,6% de Fe ISC 60 km da FIOL e 40 km
do Rio São Francisco
Outros Caetité, Bom 36 Mt > 45% a 52% ISC e IHSF A área do depósito
Jesus da Lapa, de Fe nos está 31 km a NNW de
Brumado IHSF Paratinga
Total de Recursos 9,562 Bt

II. Distrito Ferrífero do NORTE da Bahia


Depósitos/ Teor de Tipologia
Utm N Utm E Localizaçâo Recursos Observações
Empresa ferro (%) do minério
Serra dos 8.939.369 188.926 Casa Nova 4,8 Bt 23% a 29% ICA e IC A ferrovia
Colomis/ de Fe Transnordestina passa
Mandassaia a 180 km ao norte
Lagoa do 8.919.220 752.750 Pilão Arcado 487,00 Mt 26% de Fe ICA e IC A ferrovia
Duarte Transnordestina passa
Colomis
Norte

a 180 km ao norte
Barreirinho 8.920.781 762.144 Pilão Arcado 356,00 Mt 26% de Fe ICA e IC A área do depósito está
a 70 km ao sul da FIOL
Serra do 8.991.413 196.850 Pilão Arcado 222, 00 Mt 26% de Fe ISC; IC; IF; A ferrovia
Facheiro IDSC e HC Transnordestina passa
a 180 km ao norte
89

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Quadro 21 - Sumário de recursos dos distritos de minério de ferro na Bahia. (conclusão)

II. Distrito Ferrífero do NORTE da Bahia


Depósitos/ Teor de
Tipologia
Utm N Utm E Localizaçâo Recursos Observações
Empresa ferro (%)
do minério
Serra da 8.909.359 823.251 Sento Sé 1,427 Bt 32% a 66%
ISC; IC; IF; A área está localizada
Bicuda de Fe IDSC e HC a 4,5 km leste do Lago
de Sobradinho
Colomis

Serra da 8.915.832 177.547 Sento Sé 300,00 Mt 32% a 65% ISC; IC; IF; Níveis de HC até
Sul

Melancia/ de Fe IDSC e HC >10 m. Área a


Serra Preta com 65% 7 km sul do Lago de
de Fe Sobradinho
Morro do Urubu 8.836.584 779.154 Xique-Xique 430,00 Mt 24,8% de Fe IC; ICA; ISC; ISC intercalado com
IF; IDSC e HC níveis de jaspelitos
e quartzitos
ferruginosos
Outros Sento Sé/Pilão 1,227 Bt 23% a 66% ICA e IC
Arcado/Casa Nova de Fe
Total de Recursos 9,249 Bt

III. Distrito Ferrífero do Sudeste da Bahia


Depósitos/ Teor de Tipologia do
Utm N Utm E Localizaçâo Recursos Observações
Empresa ferro (%) minério
Jacutinga 8.377.827 375.501 Iguaí/Boa Nova 252,00 Mt 39% nos ISC ISCA; ISC; IF; A área do depósito está
e 67% nos IMSC; MC a 65 km ao sul da FIOL.
MC. (70% do
depósito)
Nenga 8.373.000 383.707 Iguaí/Boa Nova 147,00 Mt 39% nos ISC ISCA; ISC; IF; A área do depósito está
IMSC e MC a 70 km ao sul da FIOL.
Água Bela/ 8.373.292 386.751 Iguaí/Boa Nova 61,00 Mt 44% nos ISC ISCA; ISC; IF; As áreas dos depósitos
Fojo/Bagaço IMSC; MC estão a 70 km ao sul da
Grosso FIOL.
Itororó 8.337.032 388.909 Itororó 25,00 Mt 33% nos ISC ISCA; ISC; IF; A área do depósito
e > 65% nos IMSC e MC está de 90 km ao sul
MC da FIOL.
Outros Iguaí/Boa Nova/ 125,00 Mt > 35% nos ISCA; ISC; IF; As áreas dos depósitos
Jequié ISC e > 65% IMSC; MC; CG estão de 10 a 80 km ao
nos MC e ID sul da FIOL.
Total de Recursos 660 Mt

IV. Distrito Ferrífero do RECÔNCavo


Depósitos/ Teor de Tipologia do
Utm N Utm E Localizaçâo Recursos Observações
Empresa ferro (%) minério
Projeto 8.647.530 521.892 Coração de Maria/ 1,13 Bt 27% de Fe ISCA; ISC; IFG Domínio amplo dos
Jacuípe Amélia Rodrigues itabiritos anfibolíticos

IV. Distrito Ferrífero CAMPO ALEGRE DE LOURDES


Depósitos/ Teor de Tipologia do
Utm N Utm E Localizaçâo Recursos Observações
Empresa ferro (%) minério
Morro Branco/ 8.941.796 701.909 Campo Alegre 111,72 Mt 43,94% Fe; TM/IL. Segregação A ferrovia
Pedra Comprida/ de Lourdes 20,53% Ti e magmática Fe/Ti/V Transnordestina passa
Morro do Carioto 0,75V2O5 a 140 km ao norte

RECURSOS TOTAIS DOS DISTRITOS FERRÍFEROS DA BAHIA = 20,713 Bt


Obs.: ISC = itabirito semicompacto; ICA = itabirito compacto anfibolítico; ISCA = itabirito semicompacto anfibolítico; IC = itabirito compacto;
IF = itabirito friável; ID = itabirito dolomítico; IH = itabirito hematítico; IM = itabirito magnetítico; HC = hematitito compacto; MC = magnetitito
90

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Essa última observação é facilmente demonstrável, também, ser alavancados, tornando-se objeto de lavra
haja vista a presença de eixo ferroviário que acessa o e beneficiamento com a entrada em operação do Sis-
Porto Sul, em Ilhéus, cuja implantação encontra-se tema FIOL-Porto Sul.
em curso. Ademais, a presença na vizinhança des- Além do sistema logístico ferro-portuário pen-
se eixo ferroviário de depósitos de minério de ferro dente de finalização, o Distrito Sudoeste (Caeti-
com desenvolvimento finalizado e/ou em fase pré- té-Brumado) conta com uma boa infraestrutura em
-operacional, entre os quais, merecem destaque: a Mina termos de energia elétrica, haja vista que a região de
de Pedra de Ferro (empresa BAMIN); o Projeto Bruma- Caetité, nas proximidades da Mina de Pedra de Ferro
do (Mumbai Ore/RIWA); o Projeto Lagoa Real (Santa e dos depósitos do Espírito Santo, Urandi, Macaú-
Fé Mineração), todos localizados nas vizinhanças ime- bas/Boquira existem dois projetos de usinas eólicas
diatas do eixo da Ferrovia Oeste-Leste/FIOL (ver mapa – Parque Eólico Baiano e Macaúbas – com potencial
anexo); e, ainda, os depósitos localizados no município de de geração de 4.450 Mw, sendo que as usinas já em
Urandi (Sul-Americana de Metais, Zamin e BAMIN), operação respondem por 642 Mw. Além disso, o
atravessados pelos trilhos da antiga linha férrea FCA, distrito é cortado no sentido E-W por uma linha de
conduz à constatação que estão apenas na dependência transmissão de 500 Kva.
da otimização do sistema logístico ferro-portuário para Espera-se, pois, que a síntese ora apresentada seja
entrar em operação imediata. Certamente, consideran- uma suficiente demonstração técnica que, se o estado
do que a FIOL, que se encontra atualmente com obras da Bahia ultrapassar o gargalo relativo à infraestru-
avançadas, e, considerando ainda o forte empenho do tura do sistema logístico ferro-portuário, tornando-o
governo do estado da Bahia que busca entendimentos, operacionalmente otimizado e competitivo, esse
inclusive com investidores internacionais, visando a fi- potencial ferrífero estimado em cerca de 20 bilhões
nalização da construção e operação do sistema logístico de toneladas de minério de ferro possa, brevemente,
ferro-portuário, se deve admitir que o mesmo torne-se introduzir um novo vetor significativamente positivo
operacional brevemente. no perfil econômico-industrial da Bahia, permitindo
Nesse caso, é certo que outros depósitos desse o seu ingresso e o usufruto, ambientalmente sustentá-
distrito, tais como aqueles posicionados no trend de vel, nos benefícios econômico-sociais da mínero-in-
Boquira/Macaúbas/Botuporã, nas faixas ferríferas dústria do ferro, uma base para a sua verticalização
de Urandi e Paratinga/Bom Jesus da Lapa devem, siderúrgica.
91

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

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ANEXO 1
CADASTRO DOS DEPÓSITOS E OCORRÊNCIAS

DE MINÉRIO DE FERRO DA BAHIA REFERIDAS


98

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

I - DISTRITO SUDOESTE DA BAHIA - CAETITÉ / BRUMADO


Correlação com Análises
Municípios Localidade/Depósito UTM N UTM E h(m) Amostras
Anexo ll - Mapa Químicas
Caetité Pedra de Ferro 8411042 765584 950 BB-R-020
1
Caetité Extremo Bloco l/Pedra de Ferro 8446551 767950 1019 BB-R-022
Caetité Espírito Santo 8464141 765925 930 BB-R-035
Caetité Espírito Santo 8464022 766054 934 BB-R-036
2
Caetité Espírito Santo 8464136 765882 931 BB-R-037
Caetité Espírito Santo 8464233 765846 928 BB-R-038
Livramento de N. Senhora Projeto Lagoa Real/Gameleira 8451573 179855 557 BB-R-150
Livramento de N. Senhora Projeto Lagoa Real/Alvo Lebre 8452403 177306 536 BB-R-151
3
Brumado Projeto Lagoa Real/Morro Sussuarana 8442130 178939 493 BB-R-148
Brumado Projeto Lagoa Real/Boi Morto 8439724 178231 550 BB-R-149
Livramento de N. Senhora Morro do Gegelim 8456883 182655 601 BB-R-146
4
Livramento de N. Senhora Morro do Gergelim 8456804 182721 618 BB-R-147
Brumado Projeto Brumado/Serra da Mata 8454852 220457 953 BB-R-121
Dom Basílio Projeto Brumado/Serra da Mata 8454852 220058 953 BB-R-122 DTE 037/2021
Brumado Projeto Brumado/Serra da Mata 8454919 220099 983 BB-R-123
Dom Basílio Projeto Brumado/Serra da Mata 8454146 220092 973 BB-R-124 DTE 037/2021
5 Dom Basílio Projeto Brumado/Serra da Mata 8455040 220155 996 BB-R-125
Dom Basílio Projeto Brumado/Serra da Mata 8455763 220356 951 BB-R-126 DTE 037/2021
Dom Basílio Projeto Brumado/Serra da Mata 8455122 219764 798 BB-R-127
Dom Basílio Projeto Brumado/Serra da Mata 8455309 219888 825 BB-R-128 DTE 037/2021
Dom Basílio Projeto Brumado/Serra da Mata 8455331 219167 650 BB-R-129
Boquira Povoado Araçás 8573191 749638 708 BB-R-051
Boquira Povoado Araçás 8574531 749317 711 BB-R-052
6
Boquira Serra da Boquira/Boquira 8581753 744827 794 BB-R-053
Boquira Pajeú/Morro da Onça 8589634 745133 590 BB-R-054
7 Ibitiara Morro do Pereira 8600545 777842 605 BB-R-061
Urandi Cascalheira Urandi 8366588 751869 667 BB-R-023
Urandi Cascalheira Urandi 8366295 750665 721 BB-R-024
Urandi Cascalheira Urandi 8366761 750177 687 BB-R-025 DTE 033/2027
Urandi Cascalheira Urandi 8366715 750177 687 BB-R-026
8
Urandi Cascalheira Urandi 8366903 750019 667 BB-R-027
Urandi Cascalheira Urandi 8364154 748405 754 BB-R-028
Urandi Cascalheira Urandi 8364247 748439 742 BB-R-029
Urandi Cascalheira Urandi 8362711 747854 652 BB-R-030
Paratinga Fazenda Tanque 8584115 708366 468 BB-R-074
Paratinga Fazenda Tanque 8583555 708111 490 BB-R-075
9
Paratinga Fazenda Tanque 8583654 708082 489 BB-R-076
Paratinga Fazenda Tanque 8580702 708252 522 BB-R-077
Bom Jesus da Lapa Morro do Canela 8550275 707978 514 BB-R-152
Bom Jesus da Lapa Morro do Canela 8550256 708052 540 BB-R-153
10 Bom Jesus da Lapa Morro do Canela 8550256 708071 553 BB-R-154
Bom Jesus da Lapa Morro do Canela 8550233 708164 590 BB-R-155
Bom Jesus da Lapa Morro do Canela 8550256 707963 512 BB-R-156
Paratinga Silvestre/Fazenda Terra Vermelha 8552524 714380 508 BB-R-070 DTE 033/2027
Paratinga Silvestre/Fazenda Terra Vermelha 8552328 714037 482 BB-R-071
11
Paratinga Silvestre/Morro da Pedra do Solteiro 8552203 714440 485 BB-R-072
Paratinga Silvestre/Morro da Pedra do Fogo 8554257 715113 516 BB-R-073
Caetité Jurema 8411110 765451 1003 BB-R-021
12
Caetité Jurema 8411110 765451 1003 BB-R-021
Caetité Papa Mel 8478165 764411 842 BB-R-039
13 Caetité Papa Mel 8478328 764321 860 BB-R-040
Caetité Papa Mel 8478487 764248 858 BB-R-041
99

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

Correlação com Análises


Municípios Localidade/Depósito UTM N UTM E h(m) Amostras
Anexo ll - Mapa Químicas
Botuporã Patos 8528989 765176 706 BB-R-042
14
Botuporã Patos 8528797 765464 712 BB-R-043
Macaúbas Morro da Gameleira 8565794 749265 737 BB-R-067
Macaúbas Morro da Gameleira 8565827 749153 801 BB-R-068 DTE 033/2027
15
Macaúbas Morro da Gameleira 8565813 749088 835 BB-R-069
Macaúbas Pov. Riacho da Gameleira/Gameleira 8547983 752553 654 BB-R-058
Macaúbas Barauninha/Açude 8562823 768104 520 BB-R-059
16
Ibitiara Barauninha/Açude 8599580 777673 550 BB-R-060
Macaúbas João Mendes 8592090 749378 707 BB-R-062
Macaúbas João Mendes 8572047 749555 718 BB-R-063 DTE 033/2027
17
Boquira João Mendes 8572455 749751 700 BB-R-064
Boquira João Mendes 8572673 749648 744 BB-R-065 DTE 033/2027
Urandi Maxixe 8358440 745161 601 BB-R-031 DTE 033/2027
Urandi Maxixe 8358417 745218 611 BB-R-032
Urandi Maxixe 8369285 751204 672 BB-R-033
18
Caetité Maxixe 8464346 765900 916 BB-R-034
Macaúbas Maxixe 8571044 749405 736 BB-R-066 DTE 033/2027
Macaúbas Maxixe 8568202 749625 701 BB-R-050
Oliveira dos Brejinhos Mandaçaia 8615212 737253 594 BB-R-055
19
Oliveira dos Brejinhos Mandaçaia 8614877 737144 645 BB-R-056
Guajeru Serra do Guajeru 8391923 183419 717 BB-R-130
Guajeru Serra do Guajeru 8392176 187613 691 BB-R-131 DTE 037/2021
22
Guajeru Serra do Guajeru 8392123 187654 711 BB-R-132 DTE 037/2021
Guajeru Guajeru/Serra Linda 8393185 190013 735 BB-R-133
ll - DISTRITO NORTE DA BAHIA - MÉDIO SÃO FRANCISCO E XIQUE-XIQUE
Correlação com Análises
Municípios Localidade/Depósito UTM N UTM E h(m) Amostras
Anexo ll - Mapa Químicas
23 Casa Nova Serra dos Colomis 8940024 188414 587 BB-R-113
Sento Sé Serra da Bicuda 8909843 823033 448 BB-R-118 DTE 037/2019
24
Sento Sé Serra da Bicuda 8909359 823251 532 BB-R-119 DTE 037/2020
25 Casa Nova Lagoa do Duarte Os moradores não permitiram o cadastro desse depósito
Pilão Arcado Barreirinho/Povoado Olho D'Água 8916233 761033 487 BB-R-094
Pilão Arcado Barreirinho/Serra do Escovado 8920519 762366 531 BB-R-095 DTE 037/2016
26
Pilão Arcado Barreirinho/Serra do Escovado 8920700 762164 547 BB-R-096
Pilão Arcado Barreirinho/Serra do Escovado 8920781 762144 560 BB-R-097
Sento Sé Serra da Melancia 8915832 177547 594 BB-R-116
27
Sento Sé Serra da Melancia 8915859 177501 594 BB-R-117 DTE 037/2018
Casa Nova Serra do Facheiro 8991356 196777 666 BB-R-107 DTE 037/2016
28 Casa Nova Serra do Facheiro 8991413 196850 666 BB-R-108
Casa Nova Serra do Facheiro 8991465 196808 687 BB-R-109 DTE 037/2016
Xique-Xique Morro do Urubu 8836489 779175 554 BB-R-078
Xique-Xique Morro do Urubu 8837529 778685 537 BB-R-083
Xique-Xique Morro do Urubu 8837715 778730 538 BB-R-084
Xique-Xique Morro do Urubu 8837887 778620 535 BB-R-085
Xique-Xique Morro do Urubu 8838889 778347 523 BB-R-086
29 Xique-Xique Morro do Urubu 8839300 778427 311 BB-R-087
Xique-Xique Morro do Urubu 8839116 778418 529 BB-R-088
Xique-Xique Morro Fundo/Morro do Urubu 8836584 779154 BB-R-079
Xique-Xique Morro Fundo/Morro do Urubu 8836655 779087 560 BB-R-080
Xique-Xique Morro Fundo/Morro do Urubu 8836373 778604 571 BB-R-081
Xique-Xique Morro Fundo/Morro do Urubu 8836496 778570 567 BB-R-082
Remanso Serra Morena 8913226 779229 447 BB-R-098
30 Remanso Serra Morena 8913233 779169 446 BB-R-099
Remanso Serra Morena 8913430 779120 483 BB-R-100 DTE 037/2016
100

Potencialidade do minério de ferro no Estado da Bahia

Correlação com Análises


Municípios Localidade/Depósito UTM N UTM E h(m) Amostras
Anexo ll - Mapa Químicas
31 Remanso Serra do Mosqueado 8924675 785166 498 BB-R-103
Casa Nova Serra do Madeiro 8983158 215073 520 BB-R-104
32 Casa Nova Serra do Madeiro 8983107 215177 558 BB-R-105 DTE 037/2016
Casa Nova Serra do Madeiro 8983033 215201 572 BB-R-106
33 Casa Nova Serra do Jacaré 8991692 208976 532 BB-R-110 DTE 037/2017
Casa Nova Serra do Choro 8934789 208082 468 BB-R-114 DTE 037/2018
34
Casa Nova Serra do Choro 8928728 210881 420 BB-R-115 DTE 037/2019
Casa Nova Serra dos Queimadeios/Bem Bom 8939369 188926 573 BB-R-111 DTE 037/2018
35
Casa Nova Serra dos Queimadeios/Pau a Pique 8939859 188629 559 BB-R-112
36 Casa Nova Serra da Pedra Preta 8912067 181254
37 Sento Sé Morro da Capela 8911202 175846
lll - DISTRITO SUDESTE DA BAHIA - IGUAÍ-ITORORÓ
Correlação com Análises
Municípios Localidade/Depósito UTM N UTM E h(m) Amostras
Anexo ll - Mapa Químicas
Iguaí Jacutinga 8377459 375319 797 BB-R-001 DTE 033/2016
Iguaí Jacutinga 8377510 375183 792 BB-R-002 DTE 033/2017
Iguaí Jacutinga 8377456 375520 797 BB-R-003 DTE 033/2018
Iguaí Jacutinga 8377716 375520 809 BB-R-004 DTE 033/2019
Iguaí Jacutinga 8377742 375607 828 BB-R-005 DTE 033/2020
Iguaí Jacutinga 8377827 375501 834 BB-R-006 DTE 033/2021
38 Iguaí Jacutinga 8377510 375183 772 BB-R-007 DTE 033/2022
Iguaí Jacutinga 8377857 375369 812 BB-R-008 DTE 033/2023
Iguaí Jacutinga 8378424 375435 808 BB-R-009 DTE 033/2024
Iguaí Jacutinga 8378424 375893 966 BB-R-010 DTE 033/2025
Iguaí Jacutinga 8374499 375809 959 BB-R-011 DTE 033/2026
Iguaí Jacutinga 8378554 375850 967 BB-R-012 DTE 033/2027
Iguaí Jacutinga 8378144 375475 864 BB-R-013
39 Iguaí Nenga 8373000 383707
Iguaí Água Bela 8373292 386751 550 BB-R-016
Itororó Água Bela 8373361 386744 551 BB-R-017
40
Iguaí Alvo Fojo 8373350 383752 394 BB-R-018
Iguaí Bagaço Grosso 8377191 388701 580 BB-R-019
Itororó Riacho Pancadinha/Itororó 8337032 388909 293 BB-R-014
41
Itororó Itororó 8336913 388935 334 BB-R-015
Jequié Humaitá 8467731 399152 704 BB-R-169
Jequié Humaitá 8467445 398952 711 BB-R-170
42 Jequié Humaitá 8467457 398909 706 BB-R-171
Jequié Humaitá 8467225 398810 695 BB-R-172
Jequié Humaitá 8467025 398693 708 BB-R-173
Jequié Morro da Antena 8458971 371501 802 BB-R-165
Jequié Morro da Antena 8458918 371489 918 BB-R-166
43
Jequié Morro da Antena 8458699 371433 825 BB-R-167
Jequié Morro da Antena/Mina Castelão 8457014 372202 529 BB-R-168
Poções Ouricana 1 8395803 372566 816 BB-R-161
44 Poções Ouricana 1 8395898 372593 864 BB-R-162
Boa nova Ouricana 1 8414842 384321 572 BB-R-163
45 Boa nova Mata Quente 8414727 384275 575 BB-R-164
Boa Nova Ouricana 8397332 373620 938 BB-R-157
Boa Nova Ouricana 8397349 373678 934 BB-R-158
46
Boa Nova Ouricana 8400167 375960 893 BB-R-159
Boa Nova Ouricana 8400069 375912 896 BB-R-160
101

Adalberto F. Ribeiro, Belarmino B. de Melo, Valter M. C. Filho, Washington R. R. Santana

lV - DISTRITO RECÕNCAVO (CORAÇÂO DE MARIA)


Correlação com Análises
Municípios Localidade/Depósito UTM N UTM E h(m) Amostras
Anexo ll - Mapa Químicas
Coração de Maria Projeto Jacuípe/Morro Zabelê 8647530 521892 347 BB-R-089
Coração de Maria Projeto Jacuípe/Cascalheira 8647820 522092 308 BB-R-090
47 Amélia Rodrigues Projeto Jacuípe/Cascalheira 8629699 521543 209 BB-R-091
Amélia Rodrigues Projeto Jacuípe/Cascalheira 8629386 521492 208 BB-R-092
Santo Amaro Projeto Jacuípe/Cascalheira 8623960 519254 242 BB-R-093
V - DISTRITO CAMPO ALEGRE DE LOURDES
Correlação com Análises
Municípios Localidade/Depósito UTM N UTM E h(m) Amostras
Anexo ll - Mapa Químicas
48 Campo Alegre de Lourdes Morro Branco 8939945 700049
49 Campo Alegre de Lourdes Pedra Comprida 8933570 691410
50 Campo Alegre de Lourdes Carioto 8922682 683861
OUTRAS MINAS, DEPÓSITOS E OCORRÊNCIAS
Correlação com Análises
Municípios Localidade/Depósito UTM N UTM E h(m) Amostras
Anexo ll - Mapa Químicas
20 Piatã Mocó/Mina Exaurida 8544253 207904 1111 BB-R-145
21 Jussiape Serra da Lagoinha 8510904 211349 941 BB-R-134 DTE 037/2021
51 Botuporã Baixão 8530417 765761 699 BB-R-044
52 Botuporã Baixão 8530738 765877 692 BB-R-045
53 Botuporã Baixão 8532715 765995 693 BB-R-046
54 Macaúbas Estrada Macaúbas-Boquira/Boquira 8561225 751476 695 BB-R-047
55 Macaúbas Estrada do Jambeiro/Boquira 8563070 751997 643 BB-R-048
56 Macaúbas Povoado Catolés 8567896 749764 674 BB-R-049
57 Macaúbas Povoado Queimadas 8553271 752282 684 BB-R-057
58 Remanso Filemon/Oportunidade 8921490 777671 509 BB-R-101
59 Remanso Filemon/Oportunidade 8921435 777461 559 BB-R-102
60 Sento Sé Morrote da Antena 8922502 185416 408 BB-R-120
61 Marcionílio Souza Coscobeu 8543654 311994 365 BB-R-135
62 Marcionílio Souza Caraíba 8544418 311925 348 BB-R-136
63 Marcionílio Souza Caraíba 8544548 311793 352 BB-R-137
64 Marcionílio Souza Caraíba 8545407 311331 344 BB-R-138
65 Marcionílio Souza Caraíba 8542157 312383 381 BB-R-139
66 Marcionílio Souza Caraíba 8542721 312285 360 BB-R-140
67 Marcionílio Souza Lagoa do Arroz 8542815 312358 363 BB-R-141
68 Itaetê Tanque Novo/Jerezinho 8550565 294106 368 BB-R-142
69 Itaetê Tanque Novo/Jerezinho 8550400 293961 380 BB-R-143
70 Piatã Povoado Conceição 8538313 206089 823 BB-R-144

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