Revista Brasileira de Geografia Física v.12, n.07 (2019) 2603-2616.

Revista Brasileira de
Geografia Física
ISSN:1984-2295
Homepage: https://periodicos.ufpe.br/revistas/rbgfe

Caminhos do Chumbo na Bahia: Histórico e Perspectivas de Exploração

Mineral no Município de Boquira/BA
Santos, N. L.¹; Nery, V. S.²; Assumpção, H. C. P.³

¹Instituto de Geociências. Universidade Federal da Bahia. Programa de Pós Graduação em Geologia. Rua Caetano Moura,
123, Federação, CEP 40210-340, Bahia, Brasil. E-mail: nelizelima.geo@gmail.com (autora correspondente). ²Faculdade
de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Federal da Bahia. Estrada de São Lázaro 197, Federação, CEP: 40210-
730, Bahia, Brasil. E-mail: virgiliobahia1@yahoo.com.br³ Instituto de Geociências. Universidade Federal da Bahia.
Programa de Pós Graduação em Geologia. Rua Caetano Moura, 123, Federação, CEP 40210-340, Bahia, Brasil. E-mail:
henri2ue@gmail.com

Artigo recebido em 02/08/2018 e aceite em 15/02/2019

RESUMO
O processo de exploração minerária no município de Boquira/BA iniciou-se nos anos 50, quando Chumbo (Pb) e Zinco
(Zn) foram lavrados intensamente por 33 (trinta e três) anos, resultando na exaustão das reservas e no consequente
abandono da mina que ocorreu devido ao excesso de oferta internacional destes metais aliado aos altos custos operacionais
e ao esgotamento das reservas viáveis. Durante o período exploratório da mina a inobservância da legislação voltada à
proteção ambiental e respectivas ações de fiscalização gerou impactos ambientais significativos no município. Este artigo
teve como objetivo avaliar o processo de exploração mineral no município de Boquira, apresentando aspectos
relacionados à exploração de Pb/Zn no município e ao passivo ambiental deixado com o abandono da mineração. Para
isso, foram realizadas pesquisa bibliográfica e documental além de pesquisas de campo com o auxílio de ferramentas do
Sistema de Informações Geográficas (SIG) e entrevistas junto à população e o poder público local. A atividade mineral
no município causou uma série de danos e conflitos ambientais, sendo palco de um dos maiores passivos ambientais do
Brasil.
Palavras-chave: Histórico da atividade mineral; potencial mineral; impactos ambientais da mineração.

Lead Paths in Bahia: History and Prospects for Mineral Exploration in the
Municipality of Boquira / BA

ABSTRACT
The mining process in the city of Boquira/BA started in the 1950s, when Lead (Pb) and Zin (Zn) were intensively planted
for 33 years, resulting in the exhaustion of reserves and the consequent abandonment of which occurred due to the
international oversupply of these metals coupled with high operating costs and the depletion of viable reserves. During
the exploratory period of the mine, the non-compliance with environmental protection legislation and respective
inspection actions generated significant environmental impacts in the city. The objective of this article was to evaluate
the mineral exploration process in the city of Boquira, presenting aspects related to the Pb/Zn exploration in the city and
the environmental liabilities left by the abandonment of mining. For this, bibliographical and documentary research were
carried out in addition to field researches with the support of tools of the Geographic Information System (GIS) and
interviews with the local public ruling. The mineral activity in the city caused a series of damages and environmental
conflicts, stage of one of the biggest environmental liabilities of Brazil.
Keywords: History of mineral activity; Mineral potential; Environmental impacts of mining.

descoberta de minas de ouro nas regiões de Minas

Introdução
A relação entre a economia brasileira e a
exploração mineral teve início durante a
colonização do país, no século XVII, com a
Santos, N. L.; Nery, V. S.; Assumpção, H. C. P.
Gerais e Mato Grosso. Na Bahia, os primeiros
achados minerais datam do século XVIII com o
ouro de aluvião e o cobre em Caraíba.
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Nos últimos anos a indústria extrativa
mineral tem recebido uma série de investimentos,
tendo participação fundamental no Produto Interno
Bruto (PIB) do país. A atividade mineira, aliada a
técnicas de planejamento e gestão, pode
representar equilíbrio econômico e possibilitar a
geração de bens e ordenamento do território.
Entretanto, tem sido questionado o
crescimento econômico das regiões mineiras, cuja
lógica econômica associada à acumulação de
capital pelas empresas exploradoras contrasta com
as expectativas das comunidades circunvizinhas,
não ocorrendo, em regra, uma preocupação com a
promoção da melhoria da qualidade de vida da
população: na moradia, saúde, educação e acesso à
terra, entre outros benefícios.
O Estado da Bahia, por sua vez,
considerado como um dos maiores polos de
mineração do país, é o quinto produtor brasileiro de
bens minerais para as substâncias metálicas,
registrando uma produção da ordem de R$ 980
Figura 1: Localização de Boquira no Território de Identidade - Bacia do Paramirim. Fonte: SEI (2011).
Santos, N. L.; Nery, V. S.; Assumpção, H. C. P.
milhões em 2016 (Brasil, 2018). Segundo dados da
Secretaria de Desenvolvimento Econômico do
Estado, em 2015, a Bahia foi considerada como um
dos três principais alvos de interesse para a
prospecção mineral no país, extraindo
aproximadamente 40 substâncias minerais
diferentes, especialmente minerais metálicos
como: ferro, ouro, alumínio, cobre, dentre outros.
Incluída no rol dos municípios produtores
do estado, Boquira é, além de atual exportador de
rochas de revestimento, alvo de pesquisas para
expansão da atividade mineira na Bahia.
Localizada na porção centro-sul do estado, no vale
do Rio Paramirim, Boquira está em contato com a
borda leste da Serra do Espinhaço Setentrional e
inserida no contexto do semiárido baiano, o
município apresenta uma área total de cerca de
1.430 km². Compõe, juntamente com outros
municípios, o território de identidade Bacia do
Paramirim (Figura 1).
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Assim, o objetivo central deste artigo é
avaliar o processo de exploração mineral em
Boquira, apresentando aspectos relacionados à
exploração de Pb/Zn e ao passivo ambiental
deixado com o abandono da mineração, além disso,
avaliar questões referentes à exploração de
quartzito e sobre o potencial mineral do município
relacionando-as com os impactos socioambientais
destas atividades.
Material e métodos
O método utilizado nesta pesquisa baseou-
se no estudo de caso, a partir do uso de pesquisa
bibliográfica e documental, para o levantamento de
informações referentes ao histórico da mineração,
ao potencial mineral e perspectivas de exploração
mineral no município.
Foram realizadas entrevistas junto à
população e ao poder público local, quando foi
utilizada a metodologia de ‘Survey’, com questões
e respostas semiestruturadas, a fim de se obter
informações referentes à percepção da população
sobre os danos/conflitos ambientais devido à antiga
mineração no município e obter informações do
poder público quanto aos problemas ambientais
(especialmente relacionados à mineração, uso e
ocupação do solo e abastecimento de água).
Também foram realizadas visitas aos órgãos
públicos (Secretaria do Meio Ambiente, Serviço de
Abastecimento de Água e Esgoto e Câmara dos
Vereadores) com o propósito de ter acesso às leis
municipais.
As informações referentes ao potencial
mineral foram obtidas através de pesquisa no sítio
eletrônico do Departamento Nacional de Pesquisa
Mineral (DNPM) e dos arquivos vetoriais das
zonas de interesse mineral do Brasil definidos pela
Serviço Geológico do Brasil (CPRM). O inventário
dos direitos minerais foi confeccionado a partir dos
dados fornecidos pelo DNPM, manipulados no
aplicativo Microsoft Excel 2010, onde foram
confeccionados gráficos e tabelas com informações
sobre os direitos minerários.
As informações obtidas foram analisadas
com o auxílio das ferramentas do Sistema de
Informações Geográficas (SIG). Foram utilizadas
imagens de satélite realçadas, pela composição
colorida das bandas 543 (RGB), a fim de melhorar
a visualização dos diferentes tipos de uso e
ocupação do solo, estas imagens serviram de base
para o mapeamento das áreas de extração mineral
irregular, da área urbanizada do município e do
passivo ambiental.
As atividades de campo foram realizadas
em três campanhas que resultaram na
Santos, N. L.; Nery, V. S.; Assumpção, H. C. P.
caracterização geoambiental do município, através
da atualização cartográfica, complementada com
registros fotográficos. Nesta fase, foram mapeadas
as áreas do passivo ambiental na mineração de Pb-
Zn (bacia de rejeito, morros minerados e pilhas de
estéril), as áreas onde ocorre a mineração de
quartzito e os conflitos relacionados. Ainda,
durante estas campanhas, foram confirmadas as
áreas com potencial para exploração mineral.
Resultados e discussão
A exploração do minério de chumbo se
iniciou no final da década de 1950, período do novo
ciclo de expansão da atividade mineral no país,
fazendo com que o antigo distrito de Assunção, até
então pertencente ao município de Macaúbas, se
desenvolvesse a ponto de representantes da Câmara
de Vereadores entrarem com um projeto de
emancipação política, em 1962, dando origem ao
município de Boquira (CETEM, 2012).
De acordo com Teixeira 2001, a fase de
industrialização mineral verticalizada,
compreendendo desde a extração, produção de
concentrado de minério e metalurgia na Bahia, foi
iniciada em 1957, com o início da operação da
mina de chumbo de Boquira. A instalação desta
mineradora ocorreu justamente na fase em que o
país passava por um processo de industrialização,
acompanhado de um discurso pró-
desenvolvimentista (Conceição, 2014).
A descoberta do minério nas proximidades
do povoado de Assunção, ocorreu por um padre
que buscava um local para instalar uma paróquia.
Foram coletadas e enviadas amostras do minério
para análise laboratorial no Rio de Janeiro, sendo
comprovado que se tratava de minério de chumbo
(Ferran, 2007). Após as análises, o padre fez
contato com a empresa de baterias Prest-o-Lite,
sediada em São Paulo, que se mostrou interessada
na compra do minério de fácil fusão e redução.
A mineração de chumbo ocorreu em 4
(quatro) morros diferentes: Cruzeiro, Pelado,
Sobrado e Maranhão, ambos com mais de um
corpo de minério. De acordo com Silva et al. 2014,
cada uma das quatro áreas mineralizadas continha
mais de um corpo de minério. Os corpos são
paralelos a subparalelos, com espessuras de 2 a 5
m, comprimento máximo de 1400 m e, localmente,
com profundidades superiores a 450 m.
Segundo Ferran 2007, a empresa iniciou a
operação subterrânea abrindo galeria no Morro do
Pelado, buscando montagem imediata de uma
usina de flotação, em frente ao Morro do Cruzeiro.
O minério extraído era beneficiado em dois
concentrados de flotação: chumbo com 70% e
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zinco com 51% (CETEM, 2012). Os concentrados
de zinco eram exportados (Ferran, 2007), e os
concentrados de chumbo eram encaminhados para
o município Santo Amaro pela COBRAC, criada
pela empresa francesa Peñarroya Oxide S.A, para
atuar no Brasil como sua subsidiária.
Posteriormente, a Peñarroya francesa
assumiu a administração da exploração de chumbo,
na mesma época em que operava as minas de
chumbo do Vale do Rio Ribeira do Iguape, entre
São Paulo e Paraná (Ferran, 2007), sendo, mais
tarde, incorporada à Plumbum Mineração e
Metalurgia Ltda.
De 1959 até 1988, a mina de Boquira
chegou a produzir cerca de seis milhões de
toneladas com teores médios de 9% de Pb e 2% de
Zn, sendo classificada como de médio porte
(Carvalho et al., 1997). A mina atingiu o seu auge
de produção nos anos 1970, acompanhando o
impulso desenvolvimentista proporcionado pelo
milagre econômico durante a ditadura militar.
Entretanto, as reservas mais viáveis
economicamente se esgotaram e a Mineração
Boquira foi vendida, em 1986, aos grupos CMP e
Luxma que passaram a explorar os pilares que
asseguravam a sustentação das galerias abertas no
subsolo da mina, sendo obrigadas a construir
pilares artificiais para garantir a segurança da
exploração. Em 1992, os altos custos da operação
somados ao excesso de oferta internacional do
chumbo fizeram com que a cotação do minério
despencasse, levando ao abandono da mina.
No início da lavra, na década de 1950, os
cuidados com mananciais, fauna e flora, eram
quase inexistentes, bem como as ações de
fiscalização dos empreendimentos mineiros e leis
ambientais no Brasil (Correia, 2007).
De acordo com Santos 2014, as empresas
exploradoras propuseram-se, apenas, a cumprir as
exigências do Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM) quanto aos métodos de lavra, de
estocagem, tratamento de minério, locação da bacia
de rejeito entre outras especificações determinadas
pelo Decreto-lei 1.985, de 29 de Janeiro de 1940,
Código de Minas. Assim, não foi utilizado nenhum
tipo de impermeabilização ou drenagem para
locação da área de disposição dos rejeitos, ficando
restrito ao aprofundamento da área através de pás
escavadeiras. Segundo Correia 2007, nos últimos
anos de funcionamento da mina, foram
implementados trabalhos de recuperação da área
degradada na bacia de rejeito, com a abertura de
poços verticais para determinação do contato
estéril-solo fértil, nivelamento do terreno, adição
de adubo orgânico e plantio de 2000 mudas de
árvores. Foram plantadas mudas de Algarobeira
Santos, N. L.; Nery, V. S.; Assumpção, H. C. P.
(Prosopis juliflora), originária do deserto do Piura
no Peru com fácil adaptação no semiárido
brasileiro (Santos, 2014).
Todavia, este projeto foi esquecido no
mesmo período do abandono da mineração, mesmo
já havendo na época lei que tornava obrigatória a
apresentação do Plano de Recuperação de Áreas
Degradadas pelos empreendimentos que se
destinam à exploração de recursos minerais, a Lei
nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 (Política
Nacional do Meio Ambiente) e o Decreto Federal
nº 97.623, de 10 de abril de 1989 (regulamenta a
Lei nº 6.938/1981).
Quase 30 (trinta) anos após o abandono da
mineração, o município ainda espera por um Plano
de Recuperação Ambiental adequado e, segundo
Ferran 2007, que permita o aproveitamento da
infraestrutura da antiga mina de uma forma
compatível com a localidade. Assim como sejam
realizadas medidas de controle dos impactos
causados pela lixiviação do material da bacia de
rejeito, pois, conforme afirma Correia 2007, cerca
de três milhões de metros cúbicos de rejeito foram
carreados em direção aos pequenos cursos d’água
e as área de agricultura adjacentes no município.
Além disso, como não houve a
implantação de uma economia pós-extrativista,
uma vez inviabilizada a exploração das reservas
minerais de chumbo/zinco, o município entrou em
um processo de depressão econômica, com
impacto direto na vida da população que dependia
da atividade mineradora.
Passivo Ambiental da Mineração de Pb/Zn
O processo de mineração em Boquira
envolveu duas formas de lavra: mina a céu aberto e
mina subterrânea. A lavra foi desenvolvida nas
cristas dos morros do Cruzeiro, Sobrado, Pelado e,
a partir de 1979 também no morro do Maranhão
(Santos, 2014), em anfibolitos da sequência
metassedimentar da Formação Boquira.
Inicialmente por meio da lavra a céu aberto e
posteriormente por meio de lavra subterrânea,
tendo sido comprometida com os trabalhos de
mineração uma área de cerca de 1.770.000 m 2,
sendo 1.170.000m2 pela lavra em subsolo e
600.000m2 pela lavra a céu aberto (Correia, 2007).
Após a lavra, o minério era transportado
para britagem, flotação e concentração. O processo
de produção do concentrado de chumbo iniciou-se
em 1959, enquanto que o de zinco iniciou-se em
1974 (Santos, 2014). Deste processo, resultava o
material concentrado (destinados à metalurgia em
Santo Amaro), o rejeito (disposto na bacia de
rejeito) e os estéreis (Figura 2). Durante a lavra a
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céu aberto, o estéril oxidado foi utilizado para a
construção de vias de acesso, e dentro da mina
subterrânea foi utilizado para preenchimento das
cavas (Santos, 2014). Este, também foi disposto
Figura 2: Fluxograma simplificado do processo produtivo da mineração em Boquira e resíduos produzidos.
Fonte: Modificado de Correia (2007).
A principal fonte de contaminação
relacionada à mineração de chumbo é a bacia de
rejeito desenvolvido por mais de três décadas e
disposta de forma inadequada.
Segundo Correia 2007, até o período de
desativação da mina, mais de seis milhões de
toneladas de resíduo haviam sido produzidos nos
quatro morros minerados e depositados na bacia de
rejeito. Tais rejeitos apresentam teores de zinco,
cádmio, arsênio, prata, além de chumbo e outros
metais (Alves e Bertolino, 2014; Alves et al.,
2018). Cunha et al. 2016, encontraram valores para
chumbo e zinco, predominantemente, em
concentrações acima de 10.000 ppm.
De acordo com Bertolino et al. 2014, o
chumbo está associado principalmente à galena
(PbS), cerussita (PbCO³) e anglesita (PbSO³),
podendo ser encontrado na forma de grãos livres ou
inclusos em outro mineral. Esses autores afirmam
que os minerais encontrados, quando expostos às
condições intempéricas, podem alterar-se e liberar
chumbo para o meio ambiente. Ainda de acordo
com estes autores, existe uma grande quantidade de
minerais de hábito fibroso, como a lizardita, que
podem implicar em risco à saúde da população ao
respirarem estas partículas.
O material contido na bacia de rejeito,
encontra-se instável, e apresenta diversos canais de
Santos, N. L.; Nery, V. S.; Assumpção, H. C. P.
nos arredores dos quatro morros minerados
formando pilhas instáveis sob risco de queda de
blocos e de lixiviação dos metais.
erosão, alcançando áreas utilizadas para produção
agrícola. Além disso, o lixão municipal foi
instalado sobre a bacia de rejeitos, tornando esta
área sujeita à presença frequente de catadores de
materiais recicláveis e à queimadas, contribuindo
ainda mais com a dispersão atmosférica dos metais.
Cunha et al. 2016 apontam valores
elevados nas análises da poeira no interior das
residências da área urbana, principalmente para
metais como chumbo, manganês e cobre, sendo os
dois primeiros concentrados em localidades mais
próximas da bacia de rejeito, como o bairro da Vila
Operária, que possui atualmente 44 famílias e
encontra-se a cerca de 50 m da bacia (Martins e
Monteiro, 2016). Ainda segundo Cunha et al. 2016,
elementos como Al, Ba, Cr, Ni, Sr, V e Zn também
são encontrados dispersos ao longo da área urbana
em concentrações inferiores, porém ainda acima
dos valores máximos permitidos.
Embora a bacia de rejeito seja o mais
representativo passivo ambiental no município
outros impactos foram observados, a exemplo das
unidades de apoio e equipamentos que encontram-
se em ruínas (Figuras 3), assim como as estradas
que dão acesso à mina à céu aberto, que contribuem
para a degradação do solo e são potenciais
causadores de processos erosivos.
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Figura 3: Unidades de apoio e equipamentos abandonados pela antiga mineração. a) Entrada da mina
subterrânea, b) Paiol para explosivos, c) Vista do local de separação do minério e do rejeito, d) Vista do local
onde era realizada a britagem do material da mina subterrânea.

Panorama atual da exploração mineral (três) garimpos na localidade de Vaca Morta e

A exploração mineral do município,
atualmente, resume-se a extração de rocha
ornamental. O quartzito azul, presente no domínio
fisiográfico da Serra do Espinhaço Setentrional na
Bahia, possui grande potencial como fonte de
recursos para o Brasil, devido a sua importância no
mercado internacional. Essa rocha ornamental
encontra-se entre as quatro mais requeridas no
universo dos materiais pesquisados no estado da
Bahia. A sua singularidade está relacionada à
presença de um tipo raro de mica - Durmortierita,
que atribui valor a esta rocha ornamental
(Cassedanne et al., 1989; Evangelista et al., 2012).
Essas rochas encontram-se distribuídos ao
longo de uma faixa preferencial de direção NNW-
SSE, com extensão superior a 30 km² e largura que
varia de 7 a 15 km². Em Boquira, conforme dados
da CPRM 2014, existem 4 (quatro) minas de
quartzito nas localidades de Cachoeira, Taquari,
Fazenda São Bento e Sítio da Barra; bem como 3
ainda, comprovada concentração natural deste bem
mineral, nas localidades de Tombo, Fazenda
Piedade de Fora, São Marcus/ Gagau, Sítio Novo
ou Olho d’água e Fazenda São José, porém ainda
desprovida de estudos que definam volume ou grau
de concentração, sendo classificadas como
ocorrências.
Através da análise das imagens de satélite
foram verificadas, no município, uma série de
garimpos irregulares para lavra do quartzito azul,
alguns deles possuem processo no DNPM, mas em
fase de autorização de pesquisa, e não possuem
licença ambiental da Secretaria de Meio Ambiente
do município.
Conforme pode ser observado no Gráfico
1, dentre os processos requeridos junto ao DNPM
em 2017, cerca de 23% são para Quartzito (33
processos), sendo que apenas 6 (seis) processos
estão em fase de concessão de lavra.

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Gráfico 1: Substâncias minerais requeridas junto ao DNPM, no município de Boquira.
Destas 6 (seis) empresas que possuem
concessão de lavra para quartzito, somente uma
possui licença ambiental do município.
Demonstrando a mesma falta de gestão mineral e
ambiental do período de exploração de
chumbo/zinco no município.
Tais atividades relacionadas à extração
mineral com a finalidade de aproveitamento
econômico estão sujeitas à cobrança da
Gráfico 2: Representação da evolução da arrecadação do CFEM para os anos de 2012 a 2017, no município
de Boquira
É por meio dessa compensação que a
União, Estados, Distrito Federal e Municípios
obtêm a parcela que lhes cabe do valor dos recursos
minerais explotados, tais receitas devem ser
aplicadas em prol da população, em obras de
melhoria de infraestrutura, urbanização, qualidade
de saúde e ambiental. Desta forma, a CFEM é um
instrumento que pode ser utilizado para reparar
alguns dos problemas socioeconômicos e
ambientais causados pela exploração mineral.
Apesar da lei especificar o destino da CFEM, não
existem instrumentos capazes de verificar a
aplicação dos recursos financeiros advindos da
Compensação (Enríquez, 2007), evidenciando a
Santos, N. L.; Nery, V. S.; Assumpção, H. C. P.
Compensação Financeira pela Exploração dos
Recursos Minerais – CFEM, conforme o artigo 20,
§1º da Constituição Federal de 1988, sendo
responsabilidade do DNPM sua arrecadação e
repasse aos municípios. De acordo com o Gráfico
2 é possível observar um crescimento na
arrecadação da CFEM de 2012 a 2014, com queda
a partir de 2015.
necessidade de regulamentação e fiscalização do
seu uso.
Mesmo com os dispositivos que regulam a
CFEM prevendo o seu uso para a melhoria da
qualidade ambiental, não existem projetos de
recuperação ambiental ou de remediação da
contaminação para a área do passivo da antiga
mineração de chumbo-zinco em Boquira. Além
disso, há um descontentamento social a respeito do
uso da CFEM, a população de Boquira tem
questionado a destinação dos impostos advindos da
atividade mineral sobre as jazidas do quartzito azul
(Figura 4).
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Figura 4: Vista dos morros com mineralização de ferro, próximo ao povoado de Buriti (a) e Tiros (b) – Boquira.
Perspectivas para Exploração Mineral
O município de Boquira apresenta
potencial geológico para uma série de bens
minerais, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM)
através do projeto de zoneamento das áreas de
relevante interesse mineral mapeou a ocorrência de
Manganês em 2 (duas) localidades, na Fazenda
Umbuzeiro e na Fazenda Agreste, observou-se
também a ocorrência de Talco em 5 (cinco)
localidades: Morro das Contendas, Fazenda Pajeú,
Morro dos Tapuios, Fazenda Mamona e Brejo
Grande. Bem como, o garimpo de Ametista na
localidade São Bernardo. Com menor relevância,
foram encontradas ocorrências de Cobre (Fazenda
Contendas), Bário (Fazenda Malhada Grande),
Titânio (Gagau), Cianita (Fazenda Sítio) e Quartzo
Hialino (Fazenda Boa Madeira).
O aumento na demanda internacional por
minério de Ferro e aumento das commodities, entre
Santos, N. L.; Nery, V. S.; Assumpção, H. C. P.
os anos 2006 e 2012 destacou áreas, antes vistas
como não promissoras, para exploração deste bem
mineral.
No município, as formações ferríferas
bandadas (Complexo Boquira), com camadas
alternadas de sílica e hematita, constituem-se nas
reservas de maior relevância deste minério,
dispostos sob a forma de morros descontínuos
(Figuras 5), alongados, e orientados segundo NW-
SE, com altitudes variando entre 600 e 850 m
(Garcia, 2011). Secundariamente, são encontrados
em formações metavulcanossedimentares do
Supergrupo Espinhaço, aflorantes na serra
homônima, com cotas variando entre 800 e 1100
m. Segundo CPRM (2014) existem 3 (três) áreas de
ocorrência deste bem mineral, ainda sem definição
do volume ou grau de concentração, situadas nas
localidades de Campo Redondo/ Campo Grande,
Catolé e Fazenda Moenda.
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Figura 5: Vista dos morros com mineralização de ferro, próximo ao povoado de Buriti (a) e Tiros (b) – Boquira.
Já as mineralizações de chumbo-zinco,
encontram-se encaixados nos anfibolitos do
Complexo Boquira, especialmente os bandados
(Garcia, 2011). As reservas conhecidas deste
minério, na Bahia, estão inteiramente localizadas
no município de Boquira. A CPRM 2014, afirma
que existem no município 2 (dois) depósitos deste
bem mineral, são as minas do Morro do Maranhão
e Morro do Cruzeiro/Pelado, ambos explorados
pela antiga mineração de Boquira. Além destas
áreas, foi catalogado ocorrência deste mineral nas
localidades de Muzzela e Carrapato.
Os rejeitos de beneficiamento da antiga
mineração de chumbo, antes vistos, apenas, como
um passivo ambiental, apresentam teores de
chumbo-zinco passíveis de serem explorados,
Viana (2016), através de estudos volumétricos da
bacia, considera que esta reciclagem pode ser uma
das soluções para a retirada do rejeito no
município. A quantidade de rejeitos é estimada em
cerca de 2.4 milhões de toneladas e foram
encontrados teores de 1,2 % de chumbo e 1,5% de
zinco (Lima et al., 2009). Ainda segundo este autor,
a lixiviação do rejeito com cloreto férrico por duas
horas causou a solubilização de 78% para o
chumbo e de 61% para o zinco, que puderam ser
recuperados por precipitação.
Em 2007, veículos de informação
noticiaram a retomada da exploração do chumbo
no município. No entanto, apesar de já possuir a
autorização para pesquisa de minério de chumbo
em quatro áreas de Boquira, a empresa
concessionária desistiu do empreendimento.
Subsequentemente, segundo CETEM (2012), a
Santos, N. L.; Nery, V. S.; Assumpção, H. C. P.
Mineração Cruzeiro Ltda., subsidiária da
MetalData S.A., assumiu os direitos da concessão
para iniciar o projeto de reavaliação da mina de
Boquira e aproveitamento do rejeito. Na ocasião,
previa investir US$ 18 milhões em pesquisas
geológicas com o intuito de diagnosticar a reserva
de chumbo, aproveitar o rejeito e o ferro que ocorre
na área de concessão (CETEM, 2012).
No entanto, a crise econômica mundial,
iniciada em 2008, atingiu fortemente o setor
mineral e, posteriormente, o setor siderúrgico no
país, acarretando numa expressiva retração na
demanda por minério de ferro que teve queda nos
preços do mercado, inviabilizando a exploração
dos minérios em Boquira.
Conflitos Socioambientais
A atividade mineral faz parte do setor
primário da cadeia econômica, produzindo
aspectos sociais e econômicos negativos e
positivos. Segundo Moreira 2003, para a
sociedade, é vista, fundamentalmente, por três
aspectos negativos principais: poluição ambiental,
destruição do meio ambiente e a falta de
responsabilidade social, incluiríamos ainda
problemas com o uso e ocupação do solo,
regulamentação fundiária e diminuição da
qualidade de vida, este último devido aos efeitos
adversos desta atividade sobre a saúde dos
trabalhadores e comunidades cisrcunvizinhas.
Para Martins e Monteiro 2016, populações
expostas a contaminantes ambientais apresentam
um risco adicional de adoecimento, devendo-se
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 Revista Brasileira de Geografia Física v.12, n.07 (2019) 2603-2616.
realizar monitoramento permanente e integral da
saúde dessas populações devido possibilidade de
ocorrência de danos à saúde, em longo prazo,
como efeitos carcinogênicos e não
carcinogênicos.
Em 2014, o Observatório de Conflitos de
Mineração da América Latina (OCMAL) registrou
mais de 210 conflitos relacionados ao setor em toda
a região. A OCMAL também afirma que o impacto
socioeconômico positivo da mineração é menor do
que supõem os elevados montantes de investimento
que caracterizam o setor, em muitos casos só
conseguindo empregar cerca de 1% da população
economicamente ativa. Esta é uma denúncia
frequentemente direcionada às mineradoras, que
contestam alegando a contribuição às finanças
públicas dos municípios.
Do mesmo modo, a população de Boquira
questiona a forma como foram e são, ainda hoje,
explorados os recursos minerais, degradando e
alterando a paisagem natural, desconsiderando as
dimensões das reservas e exaustão das mesmas sem
se preocupar com o futuro da população local.
A mineração origina uma rápida
modificação no espaço geográfico, tendo como
consequências danos que podem ser irrecuperáveis
ao meio ambiente. Segundo Poveda 2007, em
geral, a mineração provoca uma série de
decorrências indesejadas denominadas de
Figura 6: Disposição inadequada do lixo do município sobre a bacia de rejeito. Fonte: Santos (2014).
Guimarães 2008, afirma que a remoção da
cobertura vegetal, o alto volume de rocha, solo
movimentado e as dimensões da cava ou da frente
de lavra geram um contraste perceptível a grandes
distâncias, tornando a poluição visual um dos
impactos ambientais mais facilmente notados pela
população. A proximidade da bacia de rejeitos e
Santos, N. L.; Nery, V. S.; Assumpção, H. C. P.
externalidades, como: alterações ambientais,
conflitos de uso do solo, depreciação de imóveis
circunvizinhos, geração de áreas degradadas e
transtornos ao tráfego urbano.
No município de Boquira, um impacto
bastante relevante, notado por Conceição 2014, em
entrevistas feitas com antigos moradores e
trabalhadores da mina, foi a desapropriação de
terras dos pequenos lavradores, o que resultou
numa série de conflitos entre estes e o
empreendimento. É importante ressaltar que,
atualmente, a agropecuária é a principal atividade
econômica para a maioria das famílias do
município (Andrade et al., 2015). Para Accioly e
Paes (2014), as disputas pelo uso e ocupação do
solo geram conflitos socioambientais pela carência
de metodologias de intervenção, que distingam a
multiplicidade dos interesses envolvidos.
No município de Boquira, os conflitos do
uso do solo ocorrem, também, devido ao rejeito
mineral abandonado em local impróprio, próximo
à residências e áreas de agricultura/pastoreio. Além
dessa área estar sendo destinada, desde 1990
(Andrade et al., 1990), para disposição do lixão do
município (Figura 6) que constantemente é
queimado elevando o nível de contaminação das
áreas vizinhas e impactando na qualidade de vida
dos boquirenses.
das unidades de apoio abandonadas com a zona
urbana do município (Figura 7) se configura, desta
forma, como um fator que influencia os impactos
socioambientais do passivo da mineração, pois a
proximidade da população acentua a sua percepção
ambiental, intensificando os conflitos pelo uso e
ocupação do solo.
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Figura 7: Proximidade do passivo mineral com a zona urbana do município. Delimitado em vermelho está o
limite da zona urbana, em amarelo a bacia de rejeitos e em branco os morros minerados.

Embora uma parcela da população acredite necessidade de utilização de grandes volumes de

que o aproveitamento dos recursos minerais pode
se caracterizar como um vetor do desenvolvimento
local, junto com a perspectiva de exploração
mineral no município está a preocupação com a
água por parte dos empreendimentos.
O município de Boquira está inserido no
“Polígono das Secas”, que apresenta um regime
pluviométrico marcado por extrema irregularidade
de chuvas, no tempo e no espaço (Gráfico 3).

Gráfico 3- Média histórica da precipitação.

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Nesse cenário, a escassez de água constitui
um forte entrave ao desenvolvimento
socioeconômico e, até mesmo, à subsistência da
população (Boquira, 2014). As características
climáticas e socioeconômicas do semiárido
requerem tecnologias específicas de utilização e
conservação dos recursos hídricos (Cirilo, 2008),
considerando que a exploração intensiva das
reservas de água pode colocar em risco as fontes de
abastecimento humano.
Além disso, a qualidade das águas
subterrâneas pode estar sofrendo influência do
histórico mineral no município. O Plano de
Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio
São Francisco 2015, faz referência à ausência de
potabilidade da água subterrânea em Boquira,
indicando como causadores da contaminação as
atividades de exploração mineral de chumbo
ocorridas no município e o passivo ambiental. O
entendimento de parte da população com relação à
qualidade da água é que possivelmente este recurso
está contaminado por chumbo.
Ademais, após rompimento da barragem
de rejeitos de Fundão pertencente ao complexo
minerário de Germano, de responsabilidade da
empresa Samarco, que atingiu o distrito mineiro de
Bento Rodrigues, em Mariana (MG), no dia 05 de
novembro de 2015, tem-se questionado a
quantidade e qualidade da bacia de rejeitos,
disposta no solo de forma indiscriminada e a
possível contaminação dos recursos hídricos.
Todavia, Daltro 2017, não observou
interação entre os metais tóxicos que compõem o
passivo da mineração (bacia de rejeito e água
contaminada situada nas galerias da mina
subterrânea) com os recursos hídricos utilizados
para abastecimento da população.
Conclusões
O avanço das atividades minerárias
influenciou, entre os anos 1950 e 1992, no
crescimento econômico de Boquira. Contudo, na
época, não havia uma preocupação com a busca de
uma atividade mineral ordenada, em maior
equilíbrio ambiental e articulada com as outras
formas de uso e ocupação do solo, nem por parte
da sociedade nem do poder público.
As promessas de dinamização da economia
e melhorias nas condições de vida da população,
que surgem com a instalação de empreendimentos
de mineração, entram em contraste com os
impactos que comumente acompanham esta
atividade, a exemplo: poluição ambiental,
adoecimento e mudanças no modo de vida da
Santos, N. L.; Nery, V. S.; Assumpção, H. C. P.
população, especulação imobiliária e até trabalho
escravo.
Em Boquira está localizado um dos
maiores passivos ambientais do Brasil, a bacia de
rejeitos da mineração de chumbo/zinco apresenta
alto potencial de geração de danos devido a sua
composição. O abandono da atividade mineral no
município e a disposição inadequada de metais
pesados podem estar afetando diretamente a saúde
ambiental e humana, devido ao comprometimento
da qualidade da água subterrânea, do ar, do solo
agricultável e da biodiversidade por um longo
período de tempo.
Devido às condições climáticas do
município de Boquira, inserido no semiárido, este
possui reduzido volume de escoamento superficial
em sua rede de drenagem, apresentando
coeficientes de escoamento muito baixos (Zanella,
2014). Esta característica impossibilita a
ocorrência de desastres naturais na forma como
ocorreu nas cidades de Mariana (MG) e
Brumadinho (MG), todavia seu passivo ambiental
é silencioso possuindo dimensões significantes,
principalmente em longo prazo, às comunidades
atingidas.
A exposição permanente à dispersão do
rejeito por vias atmosféricas ao longo dos últimos
anos pode estar comprometendo a saúde e a
qualidade de vida da população, sobretudo a mais
pobre, sem acesso às condições mínimas de
sobrevivência que garantam assistência médica e
hospitalar, a exemplo dos catadores de resíduos
sólidos e pequenos agricultores vizinhos à bacia
Apesar de haver uma tendência em analisar
os impactos negativos causados pela mineração
unicamente sob as formas de poluição ambiental, é
necessário observar as expectativas, anseios e
preocupações dos principais atores sociais
envolvidos (população, poder público e
funcionários da empresa). Embora esses
discernimentos sejam determinados por interesses
particulares, uma vez que as partes envolvidas
possuem conhecimento sobre a atividade, elas têm
condições de intervir no processo de
gerenciamento dos impactos socioambientais, para
a busca de soluções que reduzam as situações de
conflito.
Agradecimentos
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior - CAPES pelo apoio na realização
deste trabalho.
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