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Cheios do Espírito Santo

E não vos embriagueis com vinho, no qual há


dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando
entre vós com salmos, entoando e louvando de
coração ao Senhor com hinos e cânticos
espirituais, dando sempre graças por tudo a
nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor
Jesus Cristo,
sujeitando-vos uns aos outros no temor de
Cristo. (Almeida Revista e Atualizada, Efésios
5.18-21)
Sobre o Espírito Santo

O Espírito Santo é a pessoa da Santíssima Trindade que nos foi


prometida pelo Filho em nome do Pai, enviada por ambos para
permanecer em nós e ser nosso Consolador, iluminando-nos,
encorajando-nos, corrigindo-nos, convencendo-nos do pecado, da justiça
e do juízo, conduzindo-nos ao necessário e restaurador arrependimento
dos nossos pecados, intercedendo por nós e sendo o garantidor da nossa
perseverança em Jesus Cristo.

Sem Ele não temos como reconhecer a Jesus como o nosso Senhor,
nem salvador. Logo, sem Ele não temos como ser filhos de Deus, nem ser
salvos da eterna condenação ao inferno.

Sendo a pessoa divina que nos foi concedida para habitar em nós e
direcionar nossa inclinação, mentalidade ou pendor, o Espírito Santo tem
a capacidade sobrenatural de estabelecer a exata dosagem a ser adotada
nas situações em que são requeridas, firmeza vigorosa e ao mesmo
tempo, a indispensável prudência, para que não haja desvios nem para a
direita nem para a esquerda, isto é, que não sejam cometidos excessos
nem omissões. Sabemos disso porque o apóstolo Paulo, dirigindo-se pela
segunda vez a Timóteo, 1.7, assim escreveu: “Pois Deus não nos deu
espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.”

Tanto a covardia quanto a impulsividade irresponsável que


produz distúrbios, sinalizam para a ausência do Espírito Santo. Espera-
se dos que são cheios do Espírito Santo, portanto, guiados por Ele em
suas preferências, escolhas, ações e reações, que sejam sensatos, fazendo

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uso sábio e equilibrado do poder e do amor, da força e do cuidado, do
controle e da liberdade.

Há grande curiosidade, interesse e busca pelos dons admiráveis e


impressionantes que o Espírito Santo distribui na Igreja. No entanto,
mais importante do que esses dons espirituais que, de fato, devem ser
desejados para uso em benefício do Reino de Deus, é o próprio Espírito
Santo, que é o maior dom ou boa dádiva, que está dentro de nós, pois, é
Dele que todos os dons são emanados e por Ele distribuídos.

Sobre o fato de o Espírito Santo ser um dom em si, o evangelista


Lucas assim escreveu em Atos 2.38: “Pedro respondeu: Arrependam-se, e
cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos seus
pecados, e receberão o dom do Espírito Santo.” Reafirmando essa informação,
em Atos 10.45 escreveu: “os judeus convertidos que vieram com Pedro
ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo fosse derramado até sobre os
gentios.”

Dentre as curiosidade e questionamentos sobre o Espírito Santo,


uma delas é se todas as pessoas O receberam ou receberão.

O texto do profeta Joel, abaixo transcrito é esclarecedor e guarda


coerência com o restante da Bíblia, até porque se assim não fosse, não
poderia ser um livro reconhecido como divinamente inspirado para
poder fazer parte dela. Vejamos:

"E, depois disso, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos.


Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos, os
jovens terão visões. Até sobre os servos e as servas derramarei do
meu Espírito naqueles dias. Mostrarei maravilhas no céu e na terra,

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sangue, fogo e nuvens de fumaça. O sol se tornará em trevas, e a lua
em sangue; antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E
todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo, pois, conforme
prometeu o Senhor, no monte Sião e em Jerusalém haverá
livramento para os sobreviventes, para aqueles a quem o Senhor
chamar. (Joel 2.28-32)

Em princípio, a leitura apressada da expressão: “sobre todos os


povos”, conforme a versão NVI, ou “sobre toda a carne”, conforme a
versão ARA, parece estender esse dom de forma universal sobre a
humanidade, porém, o mesmo profeta nesse mesmo texto, deixa claro
sobre quem são os destinatários desse dom, ao afirmar: “E todo aquele que
invocar o nome do Senhor será salvo, pois, conforme prometeu o Senhor, no
monte Sião e em Jerusalém haverá livramento para os sobreviventes, para
aqueles a quem o Senhor chamar”.

Encher-se do Espírito Santo

O dilema entre a determinação divina de que devemos ser


perfeitos como o nosso Pai celestial é perfeito e a incapacidade humana
para tanto, tornando essa determinação impossível, cria em nós grande
inquietação, medo e dúvidas, mas tem solução. O pendor do Espírito
Santo que nos conecta a Jesus, o nosso salvador, que é perfeito e
removeu a nossa dívida, realiza isso em nós.

Para nossa orientação sobre o que significa ser cheio ou encher-se


do Espírito Santo, vejamos as referências aos testemunhos de figuras
bíblicas de altíssima respeitabilidade, como: Pedro, Estêvão, Barnabé,

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João, Zacarias, Jesus, Paulo, Josué, Davi. Uma vez que estes eram, sem
dúvida, cheios do Espírito Santo, vale a pena prestarmos atenção em
suas atitudes, seus hábitos e suas conversas, e seguramente teremos um
curso completo e confiável com as maiores autoridades no assunto.

Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: "Autoridades e


líderes do povo! Visto que hoje somos chamados para prestar contas
de um ato de bondade em favor de um aleijado, sendo interrogados
acerca de como ele foi curado, saibam os senhores e todo o povo de
Israel que por meio do nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem os
senhores crucificaram, mas a quem Deus ressuscitou dos mortos,
este homem está aí curado diante dos senhores. Este Jesus é ‘a pedra
que vocês, construtores, rejeitaram, e que se tornou a pedra
angular’. Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu
não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser
salvos". Vendo a coragem de Pedro e de João, e percebendo que eram
homens comuns e sem instrução, ficaram admirados e reconheceram
que eles haviam estado com Jesus. (Atos 4.8-13)

Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, levantou os olhos para o céu e


viu a glória de Deus, e Jesus de pé, à direita de Deus, e disse: "Vejo o
céu aberto e o Filho do homem de pé, à direita de Deus". (Atos
7.55,56)

Notícias desse fato chegaram aos ouvidos da igreja em Jerusalém, e


eles enviaram Barnabé a Antioquia. Este, ali chegando e vendo a
graça de Deus, ficou alegre e os animou a permanecerem fiéis ao
Senhor, de todo o coração. Ele era um homem bom, cheio do Espírito

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Santo e de fé; e muitas pessoas foram acrescentadas ao Senhor. (Atos
11.22-24)

Mas o anjo lhe disse: "Não tenha medo, Zacarias; sua oração foi
ouvida. Isabel, sua mulher, lhe dará um filho, e você lhe dará o nome
de João. Ele será motivo de prazer e de alegria para você, e muitos se
alegrarão por causa do nascimento dele, pois será grande aos olhos
do Senhor. Ele nunca tomará vinho nem bebida fermentada, e será
cheio do Espírito Santo desde antes do seu nascimento. (Lucas 1.13-
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Então Ananias foi, entrou na casa, impôs as mãos sobre Saulo e


disse: "Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que lhe apareceu no caminho
por onde você vinha, enviou-me para que você volte a ver e seja cheio
do Espírito Santo". (Atos 9.17)

Então Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, olhou


firmemente para Elimas e disse: (Atos 13.9)

Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo


Espírito ao deserto... (Lucas 4.1)

Ora, Josué, filho de Num, estava cheio do Espírito de sabedoria,


porque Moisés tinha imposto as suas mãos sobre ele. De modo que
os israelitas lhe obedeceram e fizeram o que o Senhor tinha ordenado
a Moisés. (Deuteronômio 34.9)

Todos os que ouviam falar disso se perguntavam: "O que vai ser este
menino? " Pois a mão do Senhor estava com ele. Seu pai, Zacarias,

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foi cheio do Espírito Santo e profetizou: "Louvado seja o Senhor, o
Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo. (Lucas 1.66-68)

Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um


espírito estável. Não me expulses da tua presença, nem tires de mim
o teu Santo Espírito. Devolve-me a alegria da tua salvação e
sustenta-me com um espírito pronto a obedecer. Então ensinarei os
teus caminhos aos transgressores, para que os pecadores se voltem
para ti. (Salmos 51.10-13)

Depois de rejeitar Saul, levantou-lhes Davi como rei, sobre quem


testemunhou: ‘Encontrei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu
coração; ele fará tudo o que for da minha vontade’. (Atos 13.22)

Em cada texto acima transcrito, identificamos a plenitude do


Espírito Santo, do qual estavam cheios, pelo tipo ou caráter das decisões
ou atitudes que tomavam. Vejamos alguns exemplos.

Em Pedro, a coragem e firmeza no anúncio do Evangelho, foi o


sinal de estar cheio do Espírito Santo. Em Estêvão, a coragem para
testemunhar sua fé em Jesus. Em Barnabé, a bondade e a capacidade de
encorajamento aos fiéis cristãos. Em Jesus, seu crescimento em sabedoria,
poder, graça, humildade e as demais virtudes espirituais.

Se houve alguma manifestação estranha no âmbito das sensações,


em qualquer desses exemplos apontados, tais como arrepios, calor,
visões ou algo do gênero, estes não devem ser tidos como evidências
seguras de que alguém esteja cheio. Afinal, não é o que vemos ou
experimentamos por quaisquer dos sentidos humanos, que deve nos
dirigir, mas, a nossa fé em Jesus Cristo.

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Os nossos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar) podem
nos enganar. O Espírito Santo, por sua vez, nos convence, nos traz
discernimento e certeza.

O toque da mulher do fluxo de sangue na orla do manto de Jesus


em meio à multidão, com certeza não foi pelo tato humano que Ele
percebeu, pois, muita gente O tocava naquele momento. Provavelmente,
o manto não estivesse tão ligado ao Seu corpo, havendo boa folga em
suas vestes para permitir que o vento pudesse reduzir o forte calor que
assola aquela região. Mais distante ainda estava a orla, que era um
prolongamento ao manto. Logo, ao dizer que Dele saíra poder, ficou
evidente que algo sobrenatural O havia tocado na Sua essência. Como
Deus sabe do que nós necessitamos, antes mesmo que qualquer palavra
seja pronunciada ou dirigida, a profunda fé daquela mulher, movida
pelo Espírito Santo, fez o contato com Jesus, que era cheio do mesmo
Espírito, e por meio Dele era altamente capaz de perceber os toques e
outras formas de intimidade que os nossos sentidos não são capazes de
perceber.

Evidentemente, os sentimentos e emoções têm bom lugar na nossa


relação de intimidade com o Espírito Santo, como formas de expressão
do que o nosso coração quebrantado, grato, confiante, contemplativo e
fiel, percebe e reage ao ver ou ouvir os admiráveis, cativantes, perfeitos e
majestosos atos de Deus, demonstrando Seu amor por nós. Em outras
palavras, os nossos sentimentos e as nossas emoções não são um fim em
si mesmos, nem nos conduzem necessariamente a um profundo
relacionamento com Deus, porém, são legítimos e desejáveis na nossa

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relação com Deus, quando são resultados de profunda intimidade;
quando são frutos e não raízes, consequências e não causas.

Que dizer do testemunho de pessoas que ficam iradas com o pastor


por ter “quebrado a unção” que estava começando a fluir no louvor que
elas estavam cantando ou tocando, só para fazer uma ministração, leitura
da Palavra ou avançar na liturgia? De que espírito estão cheias? Que
unção é essa?

O louvor deve ser agradável em primeiro lugar ao coração de


Deus. Se porventura o nosso prazer estiver no que agrada a Deus, Ele
satisfará os desejos dos nossos corações (Salmos 37.4).

O fruto do Espírito Santo na prática

Sabemos que uma árvore é conhecida pelos seus frutos, e que estes
não podem existir sem a respectiva árvore. Ora, se não revelamos o fruto
do Espírito, sinalizamos que este não está presente. Deve ter sido
apagado ou entristecido, isto é, suas marcas em nós foram apagadas pela
nossa negligência, nossa rejeição, representadas pelos pecados que
cometemos e dos quais não temos disposição para o arrependimento.

Portanto, se desejamos ser cheios do Espírito Santo, devemos


buscar com zelo, humildade e perseverança, crescer na prática das
virtudes que compõem o Seu fruto.

É fundamental que tenhamos clareza do que significa cada uma


dessas virtudes, quais as suas implicações práticas na nossa vida e como
identificar se elas estão presentes em cada palavra que pronunciamos,

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em cada pensamento que elaboramos e em cada ação que realizamos no
nosso dia a dia.

Amor

A melhor e mais completa definição de amor que conheço é a


oferecida pelo apóstolo Paulo em 1 Coríntios 13. Nela aprendemos que o
amor, na prática, significa interesse genuíno pelo outro, para isso,
usando de bondade, paciência, humildade, compaixão, generosidade,
altruísmo. Esta virtude está na essência do caráter de Deus, de quem
somos imagem e semelhança. Assim sendo, a maneira de saber se temos
o fruto do Espírito Santo sob a forma de amor, é verificar se podemos
responder com sinceridade se em cada palavra, ato ou pensamento
nosso, estamos levando em conta a necessidade, o direito e o interesse do
outro.

Alegria

Muitas vezes confundimos alegria com sorrisos nos lábios e bom


humor nas conversas. No entanto, sabemos de tantos casos de exemplos
de pessoas com essas características que escondiam profundas tristezas.

Alegria em Deus, além de poder expressar sorrisos e bom humor,


resulta de satisfação interior que nos leva à convicção de que os
sofrimentos que agora suportamos são infinitamente menores do que a
glória e o descanso que aguardamos para toda a eternidade. Essa
convicção fez o salmista dizer no Salmo 23.4: “Ainda que eu ande pelo vale
e sombra da morte, não temerei mal algum”. Foi também essa convicção que

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fez o apóstolo Paulo, encontrando-se injustamente preso, escrever aos
Filipenses, 4.4: “Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se!”

Identificamos a presença da alegria na excelência discreta ou


mesmo secreta, espontânea e generosa com que realizamos nossas boas
ações.

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Paz

A paz não deve ser confundida com ausência de tensão ou


violência. Tem muito a ver com harmonia, que é uma qualidade
indispensável para a convivência saudável de uma comunidade, grupo
ou nação, porém, tem tudo a ver com a superação da barreira de
inimizade entre nós e Deus, imposta pelo pecado.

Jesus, o Príncipe da Paz, pagando completa e suficientemente os


efeitos do nosso pecado, cancelou na cruz a inimizade ou dívida que nos
condenava, e implantou o ministério da reconciliação. Portanto, paz tem
a ver com consciência limpa de pecados, fruto do arrependimento e da fé
em Cristo Jesus, e de que as nossas ações visam demonstrar nossa
gratidão e louvor a Ele.

Longanimidade

Longanimidade é paciência, que é uma das virtudes divinas que se


expressa pela grande capacidade de suportar sofrimentos e se manter
firme, o que chamamos de resiliência. É pela Sua paciência que Deus nos
trata com misericórdia.

Identificamos sua presença nas práticas das nossas atitudes,


quando procuramos nos certificar se as realizamos com empatia,
colocando-nos no lugar daqueles a quem nos dirigimos.

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Benignidade

Esta é uma virtude de avaliação e percepção inicialmente pessoal


de quem pratica alguma ação. Pois, é difícil saber com que intenção
alguém fez determinada coisa. Por isso não devemos julgar a ninguém.

A benignidade está ligada à motivação ou intenção. Sabemos que


muitas ações tidas como boas em sua visibilidade, podem esconder
intenções inconfessáveis.

Na prática, devemos examinar a nossa consciência em cada ação


realizada, para nos certificarmos se o propósito do que fizemos ou
estamos fazendo, visa o bem do próximo e não o nosso.

Bondade

Esta virtude se manifesta visível e diretamente nas boas ações que


praticamos. Todavia, nem sempre o que consideramos como bom, o é de
fato.

A bondade é um dos atributos comunicáveis ou transferíveis de


Deus. Por isso mesmo, o apóstolo Tiago nos ensina que “toda boa dádiva e
todo dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda como
sombras inconstantes.” (1.17).

Foi pelo mesmo motivo que Jesus, certa vez respondeu a um jovem
rico que lhe cumprimentara chamando-lhe de bom mestre, fazendo a
seguinte pergunta: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom, a não ser um,
que é Deus.” (Marcos 10.18).

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Quando nos damos conta de que a bondade de Deus é quem faz
com que seja impossível que Ele cometa injustiças quando tiver de
aplicar correções ou castigos, pois, não age por impulso passional, mas,
realiza exatamente o que a Sua santidade e perfeição requerem, podemos
avaliar se as nossas ações são ou têm sido revestidas de bondade.

Fidelidade

Esta é uma das virtudes que devem fazer parte do nosso caráter,
tendo como propósito, gerar confiança, credibilidade, e solidificar em
nós e nos nossos relacionamentos, as demais virtudes.

É também um dos atributos de Deus. Sabemos que Deus é fiel.


Suas promessas são infalíveis, por isso, podemos confiar.

Que as nossas palavras sejam sim, sim e não, não, pois, o que
passar disso, vem do maligno. Precisamos ser confiáveis de tal maneira
que possamos ser reconhecidos como tal pelos que nos conhecem.

Mansidão

É uma qualidade dos bem-aventurados, isto é, dos realmente


felizes, pois, Jesus declarou que os mansos herdarão a terra. O próprio
Jesus nos faz um convite para que aprendamos com Ele, que é manso e
humilde de coração.

A mansidão é caracterizada pela suavidade, pela paciência, pelo


temor a Deus, sendo ensinável, isto é, disposto a aprender. A disposição

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humilde para aprender, para ser corrigido, é fundamental para que
alguém seja discípulo.

Agir ou reagir furiosamente, retribuindo o mal com o mal, é sinal


de falta de mansidão, de ser movido pelos impulsos pecaminosos da
carne. Somos chamados a oferecer a outra face a quem nos tenha
ofendido em uma delas; a ser diferentes do modo de pensar e agir deste
mundo.

A mansidão é uma virtude marcante dos santos. Muitos são


rápidos em responder acertadamente que ser santo é ser separado.
Porém, poucos se dão conta do que significa ser separado e viver como
tal. Vejamos abaixo um precioso texto em que Jesus revela como deve ser
o nosso viver, o qual nos dá um sinal seguro se realmente somos filhos
de Deus.

Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os
perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está
nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama
chuva sobre justos e injustos. Se vocês amarem aqueles que os
amam, que recompensa receberão? Até os publicanos fazem isso! E
se vocês saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de
mais? Até os pagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos como
perfeito é o Pai celestial de vocês". (Mateus 5.44-48)

Domínio próprio

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Esta qualidade revela a capacidade de exercer controle das nossas
ações, emoções, desejos. Esse exercício significa maturidade, capacidade
de renunciar o que pode trazer danos à nossa fé.

Muitos dos nossos tropeços e quedas na caminhada de fé,


começam por aberturas ou brechas que concedemos às tentações, às
vezes por ignorância, às vezes por fraqueza. Por isso o Espírito Santo nos
foi concedido para nos capacitar através dos diversos dons, sendo
treinados de forma continuada para que não permaneçamos
dependendo de leite além do necessário, mas, pelo exercício sejamos
capazes de suportar alimento sólido. Por isso, o apóstolo Paulo nos
exorta no texto abaixo, a buscar capacitação e crescimento espiritual.

E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros


para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de
preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de
Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do
conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade,
atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não
sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas
ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e
pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes,
seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a
cabeça, Cristo. Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de
todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida
em que cada parte realiza a sua função. (Efésios 4.11-16)

Dito isto, reflitamos se nas nossas ações e palavras, tomamos os


cuidados que nos levem a proceder conforme a direção do Espírito Santo

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e não pelos nossos impulsos, dominando algum hábito que em nós possa
significar compulsão, revelando maturidade e autocontrole.

O fruto do Espírito Santo e os nossos desafios

É importante ressaltar que embora a Bíblia nos ensine que o fruto


do Espírito Santo é composto de nove, e somente nove, virtudes,
elementos ou características, ela o apresenta no singular. Isto nos leva a
entender que o fruto só será completo, quando consideradas no conjunto
em cada passo que damos na vida.

Olhando humanamente, o desafio de desenvolver todas as virtudes


do Espírito Santo para que tenhamos o fruto, não é apenas muito grande
e difícil. Na verdade, é intransponível para a nossa capacidade.

Por outro lado, sabemos que o Espírito Santo é nosso intercessor,


nosso consolador, nosso selo de garantia da herança celestial. Portanto,
todos os que receberam o Espírito Santo, passam a ser
sobrenaturalmente inclinados a valorizar o que agrada a Deus e se
tornam capazes de desenvolver ardentemente cada uma das virtudes do
fruto, de modo a poder dizer como o apóstolo Paulo em Romanos 7.22:
“Pois, no íntimo do meu ser tenho prazer na lei de Deus...”; em 2 Coríntios
12.10: “Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos,
nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que
sou forte” e em Filipenses 4.12,13: “Sei o que é passar necessidade e sei o que é
ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação,
seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade.
Tudo posso naquele que me fortalece.”

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É possível, muitas vezes, que refletindo sinceramente sobre como
estamos praticando as nossas ações, entendamos que não estamos nos
esforçando suficientemente para desenvolver a nossa intimidade com
Deus, como reconhecemos que deveríamos. Se isso nos provoca o mesmo
desconforto e inconformismo que Paulo sentiu, conforme Romanos 7.24,
em que se considerou miserável, quando se deu conta de que o bem que
queria fazer, não fazia, e o mal que não queria, isso fazia, conforme
Romanos 7.18,19, temos um bom indicativo de que o pendor ou
inclinação que nos guia é do Espírito Santo, e que temos o seu fruto.

O grande segredo da vida cristã autêntica e perseverante não é a


absoluta correção com que vivemos, mas, o arrependimento sincero
todas as vezes que erramos.

Sabendo que Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda injustiça (1 João 1.9); que Ele jamais resiste a um
coração quebrantado e contrito (Salmos 51.17); partindo dos comentários
aqui apresentados sobre cada elemento do fruto do Espírito Santo,
examinemo-nos se em nosso íntimo temos prazer neles, e nos
entristecemos profundamente quando agimos em desacordo, e então
tenhamos confiança de que estamos nos enchendo do Espírito Santo e
que temos o Seu fruto.

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Oh, Senhor! Graças te damos pela iluminação do Espírito Santo,
que nos inclina a andar conforme o que te apraz, transformando a nossa
velha natureza tendente à morte, em nova criatura sedenta das
maravilhosas virtudes do Seu fruto que nos fazem andar em santidade e
a te render toda honra, louvor e glória. Amém!

João Pessoa, maio de 2023


Rev. Raimundo Figueiredo

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