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Vítimas de bulliyng, sintomas depressivos, ansiedade,

stress e ideação suicida em adolescentes

1º Pergunta de Partida
O objetivo da investigação é: Relacionar a vitimização de bullying com a existência de
sintomas, tais como, transtornos depressivos, de ansiedade, stress e ideação suicida
entre adolescentes de ambos os sexos.

Tema: As vítimas de bullying e os sintomas depressivos, a ansiedade, o stress e a


ideação suicida nos adolescentes

Possível pergunta de partida: Quais os sintomas mais recorrentes em adolescentes que


são vitimas de bullying?

Exploração

As vítimas de bullying são, maioritariamente, alunos de uma instituição pública e as


idades costumam rondar os 13 anos de idade.
Deste modo, os alunos que sofrem desta problemática, por um lado relatam solidão,
insónia devido a memórias antigas de agressões físicas de familiares, por outro lado,
Fltam ás aulas e fumam sem os pais.

Evidências de bullying direto:


 Comportamentos físicos (ex: bater, empurrar, socos, roubar lanches, uso de
armas, agressões verbais como ameaças, entre outros)

Evidências de bullying indireto:


 Comportamentos de exclusão;
 Comportamentos de indiferença.
Formas de bullying:
 Bullying físico, que é mais comum no sexo masculino;
 Bullying relacional, que é mais comum no sexo feminino.

A vítima sofre de inúmeros danos emocionais, podendo salientar a baixa autoestima, os


sintomas depressivos (comparando aos alunos que não sofreram de bullying), um
elevado grau de ansiedade, bem como a ideação suicida.

Conseguimos identificar consequências dessa vitimização, observadas no ensino


fundamental:
 Vontade de não ir à escola;
 Medo;
 Tristeza;
 Vontade de mudar de escola;
 Vontade de agredir o agressor.

O bullying como sabemos desencadeia vários tipos de mazelas:

 Transtornos depressivos;
 Ansiedade;
 Ideação e tentativa suicida.

Por conseguinte, até conseguimos relacionar o bullying com o desenvolvimento de


sintomas de stress pós-traumático.

Este tipo de problema despoletou várias discussões públicas, mais concretamente em


contexto escolar e familiar lutando pela importância dos direitos humanos, enfatizando
o respeito e a tolerância para haver uma convivência saudável.

Problemática
Após o estudo, concluiu-se que, de facto há uma correlação positiva entre ser vítima de
bullying e ter sintomas depressivos, ansiedade e stress. Os resultados indicam também
que 48,71% da amostra apresenta ideação suicida.
Além disso, verificou-se algumas diferenças nos construtos investigados em relação ao
género e à idade.
Relativamente ao género verificou-se que adolescentes do sexo feminino apresentam
mais sintomas de stress do que os adolescentes do sexo masculino.
Em relação à idade, verificou-se que, os adolescentes mais novos têm mais tendências a
ser vítimas de bullying do que os adolescentes mais velhos.

Participantes
Campo de análise: 117 estudantes de quatro escolas, uma privada e as restantes
públicas. Os alunos tinham idades compreendidas entre os 13 e 17 anos e faziam parte
do ensino básico e secundário. Apenas participaram os adolescentes que obtiveram
autorização dos pais por meio da assinatura de um Termo de Consentimento.
A partir dos dados sociodemográficos podemos concluir que:
 71% (83 pessoas) são do sexo feminino;
 67,5% (79 pessoas) são de cor branca;
 99,1% (116 pessoas) são solteiros;
 72,6% (85 pessoas) mora com os pais;
 42% (49 pessoas) estão no 9º ano;
 64,1% (75 pessoas) estão numa escola pública.
No que diz respeito ao tratamento de saúde mental:
 34% dos alunos já realizaram psicoterapia;
 7,7% já realizaram tratamento psiquiátrico;
 19% já utilizaram algum tipo de medicação psiquiátrica;
 8% continua a fazer.
Quanto aos psicofármacos utilizados:
 6% faz uso de antidepressivos;
 3% de ansiolíticos e estabilizadores de humor;
 2% de indutores de sono;
 1% de psicoestimulantes.

Modelo de análise
Este estudo teve um caracter quantitativo, transversal, descritivo e de correlação.
Os instrumentos utilizados foram
 Questionário sociodemográfico;
 Escala califórnia de vitimização do bullying;
 Escala de depressão, ansiedade e stress em adolescentes;
 Escala de ideação suicida.

Deste modo, o questionário sociodemográfico foi feito com a finalidade de obter


informações como género, estado civil, idade, escolaridade, cor, com quem mora, se já
realizou tratamento psicológico ou psiquiátrico e sem tem algum problema de saúde,
entre outros.

Por conseguinte, temos a escala califórnia de vitimização do bullying que se rege


por sete questões que indicam a frequência de comportamentos considerados de
bullying experienciados em contexto escolar numa escala de 0 = nunca) a 4 = várias
vezes. Por um lado, esta escala avalia se os comportamentos são intencionalmente para
magoar o participante, com a utilização de respostas fechadas (sim ou não) e, por outro
lado, também permite calcular o desequilíbrio entre a vítima e o agressor por meio de
dez adjetivos em que é pedido à vítima que se compare com os agressores.

Para além disso, a escala de depressão, ansiedade e stress avalia os níveis destes
transtornos a partir de sensações e comportamentos experienciadas nos últimos 7 dias,
esta escala inclui 21 itens nos quais o participante terá de indicar o nível do sintoma
numa escala de 0 = não aconteceu a 3 = aconteceu na maior parte do tempo.

Por último, existe a escala de ideação suicida, também com 21 itens entre 0 e 3 que
deteta a presença de pensamentos suicida e avalia tanto a extensão, como o planeamento
do mesmo. Isto significa que, quanto mais altos forem os resultados, maior será o risco
de ideação suicida.

Resultados
Quanto aos comportamentos de bullying serem intencionais e terem magoado,
conforme podemos ver na tabela 1, a maior parte dos adolescentes pontuou ser
deixado fora do grupo (41%), seguindo-se os rumores, boatos ou fofocas (30%) e,
posteriormente, provocação ou apelido por parte dos colegas (17%). Ao comparar
estes comportamentos entre géneros, podemos concluir que as meninas
apresentaram um número mais elevado nas perguntas “ouviste rumores, boatos ou
fofocas feitos nas tuas costas?”, “foste deixado fora do grupo ou ignorado pelos teus
colegas?” e “ouviste comentários sexuais ou gestos correspondentes dirigidos a ti?”.
No que toca à Escala de Ideação Suicida de Beck (BSI), os resultados mostram que 57
dos adolescentes, ou seja, 48,71% apresentam pensamentos suicidas. Quando
comparado por género, mais uma vez, o sexo feminino representa a maioria.

Foi ainda estudado a relação entre os sintomas de depressão, ansiedade, stress,


pensamentos suicidas e bullying com a idade. O teste de Spearman indica existir uma
correlação negativa e fraca apenas entre a idade e a vitimização de bullying, o que
sugere que com o aumento da idade, haja uma diminuição na vitimização, ou seja,
quanto mais novo, maior a vitimização. Em relação ao género, foi realizado o teste U
de Mann-Whitney e chegamos à conclusão que as meninas apresentam mais sintomas
de stress que os meninos.

Discussão
Neste estudo verificou-se diferença entre género e idade.
No caso da idade, foi percebido que com o seu aumento, a vitimização referente ao
bullying tende a
diminuir, com outras palavras quanto mais idade verifica-se menos vítimas de bullying.
Onde este prevalece
em estudantes com idade inferior a 15 anos.
Sendo verificado cada vez mais cedo este tipo de comportamento, já que estudantes
mais velhos tendem a
saber defender-se melhor; tendo também em conta que os alunos mais novos tendem a
ter mais facilidade
em relatar a vitimização comparativamente com os mais velhos, sendo a escala é feita a
partir de
autorrelato.
Não esquecendo de referir, que sendo estes normalmente excluídos de grupos, o que
nestas idades é muito
importante para o adolescente a nível de desenvolvimento, de interação com outros
grupos e na
aprendizagem de novas regras e valores; que não seram possíveis com o afastamento
social que alunos
vítimas de bullying tendem a ter.

Já no caso do género, verificou-se que nestes casos, a violência física tende a ser
praticada por meninos e o
ataque verbal é mais recorrente nas meninas. Sendo estas diferenças relacionadas com
culturas e
brincadeiras dos mesmo, já que os meninos tendem a ter atividades que requerem o
físico e a mecânica e as
meninas com atividades relacionadas com interações sociais e verbais.

Também verificado um nível de ansiedade e stress mais elevado em meninas do que nos
meninos. No
entanto, deve-se ter em conta de que a amostra tem mais meninas do que meninos,
havendo a hipótese de
não haver diferença no nível de stress comparando os géneros.
Relativamente ao índice de suicídio que está relacionado com o bullying, este tende a
ser maior em idades
entre os 15 e 19 anos, que se justifica pela pressão psicológica que estes sofrem nessa
fase, vendo o suicídio
como forma de alívio.

Estando os temas de sintomas de depressão, ansiedade e stess, vitimização e idealização


suicida relacionados. Podendo o bullying desencadear depressão, ansiedade e
idealização suicida, como verificado nos resultados desta pesquisa.
Com estes pontos, verifica-se perante a gravidade e as consequências do bullying, a
importância da prevenção do mesmo.
O objetivo desta pesquisa foi investigar a ligação da vitimização de bullying com
sintomas depressivos, de
ansiedade, de stress e a idealização suicida em adolescentes em ambiente escolar.
Os resultados desta demonstraram a importância da interação dos pais e da escola, tanto
com as vítimas de
bullying como o meio escolar, no caso os agressores e as testemunhas. Com este estudo
também, mesmo
não sendo o objetivo deste, foi possível verificar a idealização suicida em adolescentes
que foram
encaminhados para serviços escolares.
Também o não consentimento dos pais na participação dos filhos na pesquisa mesmo
estes querendo, foi
um aspeto importante observado.
Houve também uma limitação na no estudo, devido às escalas serem baseadas em
autorrelato podendo não
ser fácil para os adolescentes se expressarem.
Sendo importante que os agressores e as testemunhas também possam participar na
pesquisa, por serem
participantes no fenómeno. Sugerindo-se que futuramente, seja feita a investigação de
sintomas de
depressão, stress, ansiedade e idealização suicida, para estes referidos anteriormente.
Tendo também
melhor distribuição de géneros nos grupos.

Valores Portugal

Segundo os dados recentemente apresentados pela Fundação Francisco Manuel dos


Santos (FFMS) no retrato “Os jovens em Portugal, hoje: Quem são, que hábitos têm, o
que pensam e o que sentem”, a saúde mental dos jovens portugueses precisa de mais
atenção. Com estudo foi possível concluir que:
 12% dos jovens já auto-infligiram lesões corporais;
 5% sofreram de transtornos alimentares;
 mais de metade está insatisfeito com o próprio corpo;
 30% já tomaram medicamentos para o sono;
 26% já tomaram medicamentos para a ansiedade e depressão;
 4% das mulheres sofrem de violência física entre amigas e 11% dos homens
entre amigos;
 71% têm problemas relacionados com o álcool;
 24% têm problemas relacionados com tabaco;
 11% têm problemas relacionados com haxixe e marijuana;
 3% têm problemas relacionados com drogas duras;
 23% já tentaram ou pensaram suicidar-se

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