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São Paulo
2021
Resumo
O século XXI trouxe ao mundo diversos avanços e descobertas científicas, porém seu
principal marco é o avanço da tecnologia, que transformou ideias antes vistas apenas em
livros e filmes de ficção para a realidade cotidiana de diversas pessoas. Um dos fatores mais
marcantes desta época é a rápida evolução dos meios de comunicação entre as pessoas a nível
global, que tem se alterado de forma constante à medida que o uso da internet é ampliado
através do desenvolvimento de novas ferramentas. A conectividade e agilidade proporcionada
pela tecnologia facilita a vida de muitas pessoas e organizações, porém ela contribui para a
ocorrência de novos fenômenos, como a propagação de notícias “fakes” (falsas) e formas de
violência como o cyberbullying, responsável por estar associado a transtornos psicológicos,
como a ansiedade e depressão (Carvalho, Teixeira e Pereira, 2019).
A algum tempo que o tema sobre o Bullying vem sendo discutido em diversos âmbitos
da sociedade, principalmente no meio acadêmico e familiar, porém com avanços
tecnológicos, abriu se espaço para o cyberbullying que segue a mesma linha de violência,
porém neste a agressão é feita pela internet, consistindo na prática de atos agressivos,
intencionais, que ocorrem de forma repetitiva através do uso de dispositivos eletrônicos, como
o celular, computador, e outros meios digitais em que os agressores utilizam-se de chats
online, chantagens e publicações indevidas que visam difamar e assediar a vítima de algum
modo, aproveitando-se da fragilidade dos meios de comunicação online, que atualmente
carecem de maior controle sobre as interações realizadas entre os usuários, o que por sua vez
contribui para que alguns casos de violência tenham um maior alcance nas redes sociais, se
estendendo além do ambiente físico e regional da vítima, podendo "viralizar" (ser difundida)
rapidamente entre as pessoas que estejam conectadas a rede (Amado, Matos, & Pessoa, 2009).
Delineamento
Foram aplicados dois métodos para efetuar as análises. O primeiro foi o método de
correlação de matriz, onde as variáveis foram cyberbullying, ansiedade e depressão. O
segundo se tratou do Test-t, que analisa a comparação entre grupos, nesse caso, gênero e cor
ou raça. A realização da análise dos métodos deu-se através do programa JAMOVI.
Participantes
A escala inclui três subescalas - 311 - e cada uma contém sete perguntas, totalizando
21 perguntas ao todo. Os alunos foram instruídos a responder à sua experiência, utilizando
como referência a semana anterior à pesquisa, refletindo os seus sintomas. Cada item é
formado por uma afirmação, por exemplo “Tive dificuldades em me acalmar” e os alunos
utilizaram uma das quatro opções para responder aos itens, seguindo o método Likert, sendo
elas: 0- "Nada se aplica a mim"; 1- "Algo se aplica a mim Vezes"; 2-"Foi aplicado a mim
muitas vezes"; 3-"Aplica-se a mim na maioria das vezes”. Cada uma das três subescalas
fornece uma nota de 0 a 21, sendo que, quanto mais alta a nota em cada subescala, maior seu
estado afectivo negativo.
Não há uma versão em português da cyberbullying Scale, sendo assim, a tradução foi
feita pelos próprios autores deste relatório seguindo fielmente a versão em inglês. A tradução
também foi revisada e validada pelo professor-orientador Roosevelt Vilar Lobo de Souza.
Análise de dados
CB
A comparação dos dados foi feita através do Test-t, feita individualmente com cada grupo. Os
valores considerados para a análise foram o Valor de p e a Média de cada um.
Valor de p M
Valor de p M
Resultados
Hipótese 1. Experiência de cyberbullying está relacionada à ansiedade e depressão na
população jovem adulta universitária.
Hipótese 2. Mulheres são vítimas de cyberbullying com mais frequência que homens no
ambiente universitário.
Hipótese 3. Pessoas brancas sofrem menos cyberbullying que pessoas não brancas.
Ambas as hipóteses, 2 e 3, foram refutadas. Neste caso, não foi observada uma
diferença significativa na vivência com o cyberbullying entre pessoas não brancas (M = 1,38)
e pessoas brancas (M = 1,37) (Tabela III) ou entre mulheres (M = 1,36) e homens (M = 1,40)
(Tabela II). Essa análise pode ser confirmada pelo valor de p em ambas as comparações,
sendo o p = 0,88 para a relação pessoas brancas e não brancas com o cyberbullying e p = 0,55
para a relação homens e mulheres com o cyberbullying.
Discussão
Tendo em conta as diversas opiniões que circulam o tema, se faz necessário o avanço
de novos estudos que visem o aprofundamento do mesmo e que sejam capazes de
proporcionar conteúdo empírico em torno desta temática, para que, de acordo com Amado, Et
al. (2009), sejam elaborados recursos com o objetivo de capacitar pais, jovens e profissionais
que trabalham em diferentes contextos (educativos/formativos) visando prevenir ou combater
este fenômeno.
Referências
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09/11/2021.
Anexos
Anexo A
Termo de Consentimento
Anexo B
Por favor leia cada uma das afirmações abaixo e assinale 0, 1, 2 ou 3 para indicar
quanto cada afirmação se aplicou a ti durante a semana passada. Não há
respostas certas ou erradas. Não leve muito tempo a indicar a sua resposta em
cada afirmação. A classificação é a seguinte:
9. Preocupei-me com situações em que podia entrar em pânico e fazer figura ridícula.
14. Estive intolerante em relação a qualquer coisa que me impedisse de terminar aquilo
que estava a fazer.
20. Senti-me assustado sem ter tido uma boa razão para isso.
Anexo C
Escala de cyberbullying
1. Alguém usa algum dos seguintes métodos para tirar sarro ou intimidar você? (Assinale
todos aqueles já usados)
2. Você usa alguns dos seguintes métodos para tirar sarro de outras pessoas? (Assinale
todos aqueles que você já usou)
3. Quão frequentemente outras pessoas dizem alguma coisa maldosa pra você (como te
xingando ou tirando sarro de você) por mensagem de texto ou online?
4. Quão frequentemente alguém que está chateado(a) com você, tenta se vingar não
permitindo que você participe de grupos online que ele(a) seja parte?
Não se aplica a mim 0 1 2 3 Aplicou-se a mim a maior parte das vezes
5. Quão frequentemente você recebe mensagem de texto (sms) ou online que faz você se
sentir preocupado(a) com a sua segurança?
6. Quão frequentemente alguém diz mentiras sobre você em mensagens de texto (sms)
ou online para fazer com que outras pessoas não gostem mais de você?
7. Quão frequentemente alguém diz online que só gostará de você se você fizer o que
ele(a) quer?
8. Quão frequentemente alguém tenta impedir que outras pessoas gostem de você
postando mensagens maldosas sobre você?
9. Quão frequentemente alguém te manda uma mensagem dizendo que você vai apanhar
se não fizer o que querem que você faça?
12. Quão frequentemente alguém finge ser você e manda ou posta alguma coisa online
para manchar sua reputação ou para você perder amizades?
14. Quão frequentemente você teve que pedir para outra pessoa te ajudar a consertar
alguma coisa ruim que te aconteceu online (como uma foto maldosa que postaram de
você, pessoas te xingando, alguém ameaçando você)?