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UFRGS - Instituto de Letras

Disciplina LET 3378 - Introdução à Linguística Histórica - Turma A


semestre 2022/2
Aluno: Augusto Casoni Quinellato - 00326611

Atividades:

a. busca de sentido de palavras em três dicionários (Aulette digital, 2022; Bluteau;


1712; Chernoviz, 1890);

“alviducas” (linha 3, p. 329, Atalaya): não encontrado nos três dicionários indicados.
“hy∫lopo” (linha 36, p. 329, Atalaya): não encontrado nos três dicionários indicados.
“arratel” (linha 18, p. 330, Atalaya): s. m. || antigo peso de 16 onças ou 459,5 gramas;
libra. || (Flex.) Pl.: arráteis Alguns arráteis de simonte para cada mês. (Camilo, Filha
do,Dr. Negro, p. 25, 2ª ed.) [Ant. e pop. arratens.] F. ár. Ar-ratl (libra, peso). – Dicionário
Aulete Digital.
“verdete” (linha 36, p. 330, Atalaya): 1. Pop. Nome comum do acetato de cobre devido a
sua cor verde.
2. O mesmo que azinhavre.
3. Agr. Certa casta de uvas. – Dicionário Aulete Digital.
“alquetira” (linha 53, p. 329, Atalaya): alquitira - Raphael Bluteau - página 282.

b. indícios de possíveis mudanças;

“∫ecos em o forno” – linha 33 da pág. 329. – O uso de “em o” parece preceder a junção
de preposição e artigo em “no”.
“vivião” – linha 87 da pág. 330 – “Vivião”, apesar da terminação em “ão”, o que nos
indica futuro, no texto parece indicar pretérito o pretérito: “viviam”, como usamos hoje
em dia.
“ajuntareis” – linha 54 da pág. 331 – Junção de “a” com “juntareis”.
“grão be∫ta” – linha 70 da pág. 331 – Parece ser “grande besta”, o que denota uma
mudança no vocábulo “grande”.
“agua commua” – linha 90 da pág. 331 – Denota uma possível mudança da relação de
gênero que há hoje em dia com o uso do adjetivo “comum” que não varia em relação ao
substantivo. Hoje usaríamos “água comum”.

c. variações gráficas de uma mesma palavra

“pó” (pág. 331, linha 53), “pò” (pág. 331, linha 78) e “po” (pág. 330, linha 95).
“dès” (pág. 330, linha 103) e “des” (pág. 331, linha 73).
“não” (pág. 331, linha 72) e “nam” (pág. 331, linha 17).
“tigela” (pág. 331, linha 31) e “tigella” (pág. 331, linha 27).
“oytaya” (pág. 330, linha 98) e “oytava” (pág. 331, linha 61).
UFRGS - Instituto de Letras
Disciplina LET 3378 - Introdução à Linguística Histórica - Turma A
semestre 2022/2
Aluno: Augusto Casoni Quinellato - 00326611

Atividades: 

a. busca de sentido de palavras em três dicionários (Aulette digital, 2022; Bluteau;


1712; Chernoviz, 1890); 

“alviducas” (linha 3, p. 329, Atalaya): não encontrado nos três dicionários indicados.
“hy∫lopo” (linha 36, p. 329, Atalaya): não encontrado nos três dicionários indicados.
“arratel” (linha 18, p. 330, Atalaya): s. m. || antigo peso de 16 onças ou 459,5 gramas;
libra. || (Flex.) Pl.: arráteis Alguns arráteis de simonte para cada mês. (Camilo, Filha
do,Dr. Negro, p. 25, 2ª ed.) [Ant. e pop. arratens.] F. ár. Ar-ratl (libra, peso). –
Dicionário Aulete Digital.
“verdete” (linha 36, p. 330, Atalaya): 1. Pop. Nome comum do acetato de cobre devido
a sua cor verde.
2. O mesmo que azinhavre.
3. Agr. Certa casta de uvas. – Dicionário Aulete Digital.
“alquetira” (linha 53, p. 329, Atalaya): alquitira - Raphael Bluteau  - página 282.

b. indícios de possíveis mudanças;

“∫ecos em o forno” – linha 33 da pág. 329. – O uso de “em o” parece preceder a junção
de preposição e artigo em “no”.
“vivião” – linha 87 da pág. 330 – “Vivião”, apesar da terminação em “ão”, o que nos
indica futuro, no texto parece indicar pretérito o pretérito: “viviam”, como usamos hoje
em dia.
“ajuntareis” – linha 54 da pág. 331 – Junção de “a” com “juntareis”.
“grão be∫ta” – linha 70 da pág. 331 – Parece ser “grande besta”, o que denota uma
mudança no vocábulo “grande”.
“agua commua” – linha 90 da pág. 331 – Denota uma possível mudança da relação de
gênero que há hoje em dia com o uso do adjetivo “comum” que não varia em relação ao
substantivo. Hoje usaríamos “água comum”.

c. variações gráficas de uma mesma palavra

“pó” (pág. 331, linha 53), “pò” (pág. 331, linha 78) e “po” (pág. 330, linha 95).
“dès” (pág. 330, linha 103) e “des” (pág. 331, linha 73).
“não” (pág. 331, linha 72) e “nam” (pág. 331, linha 17).
“tigela” (pág. 331, linha 31) e “tigella” (pág. 331, linha 27).
“oytaya” (pág. 330, linha 98) e “oytava” (pág. 331, linha 61).
UFRGS - Instituto de Letras
Disciplina LET 3378 - Introdução à Linguística Histórica - Turma A ou B
semestre 2022/2
Aluno: Augusto Casoni Quinellato – 00326611

Atalaya da Vida: contra as hostilidades da morte - Joaõ Curvo Semmedo, 1720,


Digitalizado pelo Google Books.
Trechos transcritos: Letra G, Verbetes: Outro, Outro. pp. 341-343 (paginação da
cópia em pdf).

<329>
<texto na coluna esquerda>
G
[1] dio quinze dias depois do doente ter [2] tomado nove vezes em dias alternados <alter-
nados> [3] as minhas pirolas curvianas alviducas <alvi-ducas> [4] em quantidade de
quatro e∫cropulos < e∫-cropulos> [5] para cada dia.
[6] O pò do coraçam de duas toupeyras <toupey-ras> [7] dado por três dias em quatro
onças <on-ças> [8] de agua cozida com raiz de peônia <pe-onia> [9] colhida na
verdadeyra fezaô,como < fezaô,co-mo> <acento circunflexo ou mancha?> [10] jà di∫∫e ,
ou em agua de cereyjas [11] negras, ou de Filia, ou de lirio convallium <conval-lium>
[12] , he remedio, que excede a outros <ou-tros> [13] muytos na virtude. Tomay huma
<hu-ma> [14] onça de raizes de valeriana agre∫te, < agre∫-te,> [15] outra onça dos o∫∫os
do e∫pinhaço [16] do rabo da lebre , & outra dos o∫∫os [17] dos calcanhares da me∫ma
lebre ; tudo <tu-do> [18] ∫e faça em pó, & de∫tes pós mi∫turados <mi∫tu-rados> [19] dareis
ao doente quinze dias [20] dous e∫cropulos em quatro onças de [21] agua de cardo ∫anto.
E∫te remedio [22] aproveytarà por modo de milagre, [23] com tal condiçam, que o doente
tenha <te-nha> [24] tomado nove dias alternados [25] quatro e∫cropulos das minhas
pirolas <piro-las> [26] curvianas alviducas. Tanto, que [27] der o acidente, mettereis na
boca do [28] enfermo humas pedras de ∫al bem [29] gro∫∫o, & acudirà muyta quantidade
[30] de baba,& ∫aliva à boca attrahida pelo <pe-lo> [31] ∫al, & pa∫larà o accidente. [32]
Tomay o e∫pinhaço , & o∫las de [33] huma doninha, & ∫ecos em o forno [34] os fareis em
pó , & dareis cada dia [35] meya ovtava delles ao doente de gotta <got-ta> [36] coral em
lambedor de hy∫lopo, [37] continuando e∫te remedio vinte dias [38] em jejum, & vereis
hum e∫∫eyto maravilhozo, <ma-ravilhozo,> [39] com tal condiçam, que o
<texto na coluna direita>
[40] doente tenha tomado cinco , ou ∫eis [41] vezes em dias alternados as pirolas [42]
curvianas alviducas, em quantidade [43] de quatro e∫cropulos. De folhas de [44] cardo
fanto <não sei se ∫ ou f> colhido no principio de [45] Junho,& das tunicas, que dividem
as [46] pernas das nozes, de cada couza de∫tas <de∫-tas> [47] huma onça,de folhas de
prata bem [48] moidas na pedra em que os Boticarios <Botica-rios> [49] moem o coral,
& os aljofes três [50] oytavas, de almi∫car outras tres oytavas,de <oyta-vas,de> [51] coral
bem preparado meya onça <on-ça> [52] ; tudo ∫e incorpore com agua de [53] alquetira
gro∫∫a , & ∫e formem pa∫tilhas < pa∫ti-lhas> [54] , que depois de ∫ecas à ∫ombra ∫e [55]
guardem para ∫emelhantes accidentes, [56] que ∫am muyto proveytozas. A [57]
quantidade, que ∫e dà para cada vez, [58] ∫am dous e∫cropulos , dezatados em [59] quatro
onças de cozimento de mangerona <man-gerona> [60] , continuando e∫te remedio [61]
doze dias em jejum,∫e tiraràó os accidentes <acci-dentes> [62] , com tal condiçam , que
o [63] doente tenha tomado nove vezes em [64] dias alternados as minhas pirolas [65]
curvianas alviducas, tomando quatro <qua-tro> [66] e∫cropulas dellas de cada vez. E∫tas
<E∫-tas> [67] pirolas ∫e acharàó em minha caza [68] depois de minha morte , aos pobres
[69] ∫e <não sei se é f ou ∫> daràó de graça, os ricos as pagaràó [70] por ∫eu ju∫to preço ,
& bons effeytos [71] que fizerem. [72] Depois, que inventey a ma∫∫a curviana <cur-viana>
[73] contra os accidentes de gotta [74] coral,nam fiz cazo de outro remedio [75] a∫∫im
pela excellencia de∫te , como [76] pelos muytos doentes, que com elle [77] tenho curado,
como os curiozos poderàó <po-deràó> [78] ver na minha Polyanthea da [79] Ee iij ter-

<330>
<texto na coluna esquerda>
G
[80] terceyra impre∫∫aõ <não sei se til ou acento agudo> no trat.2.cap.9.pag. [81] 68. Do
num. 34. atè 50. aonde acharàó [82] nomesdos vinte & cinco doentes, [83] que depois de
deyxados dos Medicos [84] por incuraveis, os curey com a ma∫∫a [85] curviana, & o que
mais he, que não [86] vi aos taes doentes , porque muytos [87] vivião em terras aonde eu
não fuy, [88] nem podia ir , porque dos taes doentes <doen-tes> [89] vivião huns em
Ca∫tella,outros no [90] Algarve, outros em Angola, outros [91] na Beyra, outros no Alem-
tejo àlem [92] dos,que curey ne∫ta Corte. Tomay de [93] e∫terço de pavam macho,& de
pó das [94] tunicas, que dividem as pernas das [95] nozes , de po do e∫pinhaço da doninha,
<doni-nha,> [96] & de cranio humano, de cada [97] couza de∫tas huma onça;tudo ∫e faça
[98] em pó , do qual ∫e darà cada dia oytaya <oy-taya> [99] & meya mi∫turado com huma
[100] onça de xarope de hyflopo <ou talvez hy∫∫opo> , com tal [101] condiçam, que o
doente e∫teja primeyro <pri-meyro> [102] purgado com a ma∫∫a curviana <cur-viana>
[103] alviduca , tomada nove, ou dès [104] vezes em dias alternados.

<título> Outro. </título>

[1] O oleo de pao de buxo, ou de aveleyra <aveley-ra> [2] feyto per de∫cen∫um, he
remedio tão [3] decanaco , que Martim Rullando [4] nam uzava de outra medicina , por
[5] ∫aber, que e∫ta era infallivel. A quantidade <quan-tidade> [6] , que ∫e dà de∫te oleo,
∫am nove <no-ve> [7] , ou dès gotas em caldo de frangam;mas <fran-gam;mas> [8] he
nece∫∫ario, que qualquer [9] de∫tes oleos ∫eja feyto por Boticario [10] perito na Arte
chymica, para os ∫aber [11] fazer per de∫cen∫um , & que não engane <enga-ne>

<texto na coluna direita>

[12] aos doentes, entendendo,que ba∫ta <ba∫-ta> [13] ∫erver e∫tes paos em azeyte ,
de∫tillado; <de∫til-lado;> [14] que a ignorancia, ou ambicam [15] he capaz de fazer
∫emelhantes enganos <enga-nos> [16] , que ao dar da conta ∫aberàm [17] quanto lhe haõ
de cu∫tar. De verdete [18] calcinado arratel, & meyo, de pò futili∫∫imo <fu-tili∫∫imo> [19]
de ca∫co de caveyra de homem, <ho-mem,> [20] que nam fo∫∫e enterrado, nem [21]
morre∫∫e de doença, mas em guerra, [22] ou enforcado, duas onças, das aparas [23] dos
ca∫cos do burro quando o ferrão, [24] outras duas onças; tudo ∫e faça em pó [25] ∫util, &
em huma recorra de vidro e∫teja <e∫-teja> [26] de infuzam quatro dias com dous [27]
quartilhos de e∫pirito de vinho muyto <muy-to> [28] rectificado , & no fim dos quatro
[29] dias ∫e de∫tille , & ∫ahirà hum oleo de [30] fedor in∫oportavel , mas de virtude [31]
∫ingular; de∫te oleo ∫e darà ao doente [32] de doze atè vinte pingas mi∫turadas [33] em tres
onças de agua de cereyjas negras, <ne-gras,> [34] ou de lirio convallium, ou de [35] cardo
∫anto. O modo de calcinar o [36] verdete ∫e acharà em Dio∫corides pag. [37] 531.cap.51.
E∫te remedio he louvadi∫∫imo. <louva-di∫∫imo.> [38] A opiada de Montagnana dada [39]
por hum mez,em quantidade de duas [40] oytavasatètres , obra e∫∫eytos e∫tupendos. <e∫tu-
pendos.> [41] Veja-∫e a ∫ua compoziçam, [42] em Riverio no capitulo da gotta coral. <co-
ral.> [43] Degollareis huma doninha, & tomareis <to-mareis> [44] o ∫angue della em
huma tigela <tige-la> [45] de fogo virgem, [ quero dizer, na [46] qual nam deyta∫∫em
ainda agua, nem [47] outra couza, ] & e∫ta tigela nam ∫eja [48] vidrada,paraque o barro
virgem chupe <chu-pe> [49] o ∫oro do ∫obredito ∫angue , & como <co-mo>

<331>
<texto na coluna esquerda>
G
[50] mo e∫tiver enxuto , farei o tal ∫angue <∫an-gue> [51] em talhadinhas delgadas , & o
[52] deyxareis ∫ecar muyto bem , de ∫órte, [53] que ∫e po∫∫aó fazer em pó ; a e∫te pó [54]
ajuntareis outra tanta quantidade das [55] tunicas , que dividem as pernas das [56] nozes,
& com huma migalha de coral <co-ral> [57] preparado, & agua de alquetira ∫e [58] forme
huma ma∫∫a , de que ∫e faràó [59] pa∫tilhas, que depois de bem ∫ecas ∫e [60] guardem.
De∫te remedio polvorizado <polvorizado> [61] ∫e dará meya oytava cada dia em [62]
jejum, por e∫paço de nove dias , em [63] huma colher de xarope de ∫tecados, [64] ou de
hy∫∫opo, e∫tando o doente purgado <pur-gado> [65] cinco, ou ∫eis vezes com as pirolas
<pi-rolas> [66] curvianas. O pó do ca∫co da caveyra <ca-veyra> [67] de homem , que
morre∫∫e na [68] guerra, ou affogado, & não de doença,mi∫turado <doen-ça,mi∫turado>
[69] com igual quantidade, [70] de pó da unha do grão be∫ta, ou em [71] falta da tal unha
com o pó da unha [72] do burro,que não e∫teja com o cio,he [73] prodigiozo remedio,
dando-o des, ou [74] doze vezes depois do doente ter tomado <to-mado> [75] nove , ou
dàs vezes as minhas [76] pirolas curvianas alviducas em dias [77] alternados. Devtay
meya onça de [78] alambre branco feyto em pò muyto [79] fino, dentro de huma tigela da
India, [80] & emcima do tal alambre deytay [81] quatro onças de e∫pirito de vinho
rectificado,& < rec-tificado,&> [82] ∫e cubra a tigela atè, que o [83] e∫pirito de vinho
tome em ∫i a tinctura <tinctu-ra> [84] do alambre , & evaporando ∫e então <en-tão> [85]
huma parte, ∫eguarde o re∫tante [86] em vazo bem tapado , & de∫te licor [87] dareis ao
doente doze ou quinze gottas <got-tas> [88] cada dia , mi∫turado com tres onças <on-ças>

<texto na coluna direita>

[89] de agua de cardo ∫anto , ou de cereyjas <ce-reyjas> [90] negras , ou em agua commua,
[91] cozida com raizes de Valeriana agre∫te. <agre∫-te.>

<título> Outro. </título>


[1] Dar onze vezes em dias alternados [2] meya oytava de pó de raiz de pyrethro <pyre-
thro> [3] , mi∫turado com huma migalha [4] de mel, bebendo-lhe em riba huma [5] chicara
de agua cozida com folhas de [6] mangerona, he∫egredo, que parece [7] divino. Jàques da
Co∫ta morador aos [8] cubertos no arco chamado dos e∫pinhos,& <e∫pi-nhos,& > [9] toda
a ∫ua caza pódem ∫er te∫timunhas <te∫-timunhas> [10] da virtude de∫te remedio. [11] O ∫al
da roupeyra dado quinze , ou [12] vinte dias em quantidade de dous e∫cropulos, <e∫-
cropulos,> [13] mi∫turados com tres onças [14] de agua de cereyjas negras,he admirável
<admira-vel> [15] remedio para a gotta coral,& porque <por-que> [16] nem todos ∫abem
como ∫e faz o [17] dico ∫al , & por e∫∫a razam nam puderam <pude-ram> [18] uzar do dito
remedio ,lhes quero [19] fazer e∫∫e ∫erviço dizendo-lhes, que ∫e [20] faz queymando quatro
, ou ∫eis toupeyras <tou-peyras> [21] dentro de huma tigela de fogo [22] fòrte atè que ∫e
façaõ em cinza,& e∫ta [23] cinza ∫e porà a ferver em meya canada <cana-da> [24] de agua
commua por tempo de [25] meya hora , & tirando-∫e entam a tigela <ti-gela> [26] do fogo
∫e coe aquella agua , ou [27] ∫enrrada, para outra tigella de fogo [28] vidrada, & ∫e porá
∫obre o fogo a ferver <fer-ver> [29] atè que a agua ∫e evapore , & con∫uma <con-∫uma>
[30] toda, & o que ficar no fundo da [31] tigela,he o ∫al fixo das toupeyras, que [32] he o
remedio prezentaneo para a gotta <got-ta> [33] coral : & de∫te modo ∫e tiraraõ os ∫ais [34]
fixos

<332>
<texto na coluna esquerda>
G
[35] fixos da tamargueyra,lo∫na, & de todos <to-dos> [36] os pado, & ervas, que Deos
ciou [37] para remedio da ∫aude.
UFRGS - Instituto de Letras
Disciplina LET 3378 - Introdução à Linguística Histórica - Turma A ou B
semestre 2022/2
Aluno: Augusto Casoni Quinellato – 00326611

Atalaya da Vida: contra as hostilidades da morte - Joaõ Curvo Semmedo, 1720,


Digitalizado pelo Google Books.
Trechos transcritos: Letra G, Verbetes: Outro, Outro. pp. 341-343 (paginação da
cópia em pdf).

<329>
<texto na coluna esquerda>
G
[1] dio quinze dias depois do doente ter [2] tomado nove vezes em dias alternados
<alter-nados> [3] as minhas pirolas curvianas alviducas <alvi-ducas> [4] em quantidade
de quatro e∫cropulos < e∫-cropulos> [5] para cada dia.
[6] O pò do coraçam de duas toupeyras <toupey-ras> [7] dado por três dias em quatro
onças <on-ças> [8] de agua cozida com raiz de peônia <pe-onia> [9] colhida na
verdadeyra fezaô,como < fezaô,co-mo> <acento circunflexo ou mancha?> [10] jà di∫∫e ,
ou em agua de cereyjas [11] negras, ou de Filia, ou de lirio convallium <conval-lium>
[12] , he remedio, que excede a outros <ou-tros> [13] muytos na virtude. Tomay huma
<hu-ma> [14] onça de raizes de valeriana agre∫te, < agre∫-te,> [15] outra onça dos o∫∫os
do e∫pinhaço [16] do rabo da lebre , & outra dos o∫∫os [17] dos calcanhares da me∫ma
lebre ; tudo <tu-do> [18] ∫e faça em pó, & de∫tes pós mi∫turados <mi∫tu-rados> [19]
dareis ao doente quinze dias [20] dous e∫cropulos em quatro onças de [21] agua de
cardo ∫anto. E∫te remedio [22] aproveytarà por modo de milagre, [23] com tal condiçam,
que o doente tenha <te-nha> [24] tomado nove dias alternados [25] quatro e∫cropulos
das minhas pirolas <piro-las> [26] curvianas alviducas. Tanto, que [27] der o acidente,
mettereis na boca do [28] enfermo humas pedras de ∫al bem [29] gro∫∫o, & acudirà
muyta quantidade [30] de baba,& ∫aliva à boca attrahida pelo <pe-lo> [31] ∫al, & pa∫larà
o accidente. [32] Tomay o e∫pinhaço , & o∫las de [33] huma doninha, & ∫ecos em o
forno [34] os fareis em pó , & dareis cada dia [35] meya ovtava delles ao doente de
gotta <got-ta> [36] coral em lambedor de hy∫lopo, [37] continuando e∫te remedio vinte
dias [38] em jejum, & vereis hum e∫∫eyto maravilhozo, <ma-ravilhozo,> [39] com tal
condiçam, que o

<texto na coluna direita>


[40] doente tenha tomado cinco , ou ∫eis [41] vezes em dias alternados as pirolas [42]
curvianas alviducas, em quantidade [43] de quatro e∫cropulos. De folhas de [44] cardo
fanto <não sei se ∫ ou f> colhido no principio de [45] Junho,& das tunicas, que dividem
as [46] pernas das nozes, de cada couza de∫tas <de∫-tas> [47] huma onça,de folhas de
prata bem [48] moidas na pedra em que os Boticarios <Botica-rios> [49] moem o coral,
& os aljofes três [50] oytavas, de almi∫car outras tres oytavas,de <oyta-vas,de> [51]
coral bem preparado meya onça <on-ça> [52] ; tudo ∫e incorpore com agua de [53]
alquetira gro∫∫a , & ∫e formem pa∫tilhas < pa∫ti-lhas> [54] , que depois de ∫ecas à ∫ombra
∫e [55] guardem para ∫emelhantes accidentes, [56] que ∫am muyto proveytozas. A [57]
quantidade, que ∫e dà para cada vez, [58] ∫am dous e∫cropulos , dezatados em [59]
quatro onças de cozimento de mangerona <man-gerona> [60] , continuando e∫te
remedio [61] doze dias em jejum,∫e tiraràó os accidentes <acci-dentes> [62] , com tal
condiçam , que o [63] doente tenha tomado nove vezes em [64] dias alternados as
minhas pirolas [65] curvianas alviducas, tomando quatro <qua-tro> [66] e∫cropulas
dellas de cada vez. E∫tas <E∫-tas> [67] pirolas ∫e acharàó em minha caza [68] depois de
minha morte , aos pobres [69] ∫e <não sei se é f ou ∫> daràó de graça, os ricos as
pagaràó [70] por ∫eu ju∫to preço , & bons effeytos [71] que fizerem. [72] Depois, que
inventey a ma∫∫a curviana <cur-viana> [73] contra os accidentes de gotta [74] coral,nam
fiz cazo de outro remedio [75] a∫∫im pela excellencia de∫te , como [76] pelos muytos
doentes, que com elle [77] tenho curado, como os curiozos poderàó <po-deràó> [78]
ver na minha Polyanthea da [79] Ee iij ter-

<330>
<texto na coluna esquerda>
G
[80] terceyra impre∫∫aõ <não sei se til ou acento agudo> no trat.2.cap.9.pag. [81] 68. Do
num. 34. atè 50. aonde acharàó [82] nomesdos vinte & cinco doentes, [83] que depois
de deyxados dos Medicos [84] por incuraveis, os curey com a ma∫∫a [85] curviana, & o
que mais he, que não [86] vi aos taes doentes , porque muytos [87] vivião em terras
aonde eu não fuy, [88] nem podia ir , porque dos taes doentes <doen-tes> [89] vivião
huns em Ca∫tella,outros no [90] Algarve, outros em Angola, outros [91] na Beyra,
outros no Alem-tejo àlem [92] dos,que curey ne∫ta Corte. Tomay de [93] e∫terço de
pavam macho,& de pó das [94] tunicas, que dividem as pernas das [95] nozes , de po do
e∫pinhaço da doninha, <doni-nha,> [96] & de cranio humano, de cada [97] couza de∫tas
huma onça;tudo ∫e faça [98] em pó , do qual ∫e darà cada dia oytaya <oy-taya> [99] &
meya mi∫turado com huma [100] onça de xarope de hyflopo <ou talvez hy∫∫opo> , com
tal [101] condiçam, que o doente e∫teja primeyro <pri-meyro> [102] purgado com a
ma∫∫a curviana <cur-viana> [103] alviduca , tomada nove, ou dès [104] vezes em dias
alternados.

<título> Outro. </título>

[1] O oleo de pao de buxo, ou de aveleyra <aveley-ra> [2] feyto per de∫cen∫um, he
remedio tão [3] decanaco , que Martim Rullando [4] nam uzava de outra medicina , por
[5] ∫aber, que e∫ta era infallivel. A quantidade <quan-tidade> [6] , que ∫e dà de∫te oleo,
∫am nove <no-ve> [7] , ou dès gotas em caldo de frangam;mas <fran-gam;mas> [8] he
nece∫∫ario, que qualquer [9] de∫tes oleos ∫eja feyto por Boticario [10] perito na Arte
chymica, para os ∫aber [11] fazer per de∫cen∫um , & que não engane <enga-ne>

<texto na coluna direita>

[12] aos doentes, entendendo,que ba∫ta <ba∫-ta> [13] ∫erver e∫tes paos em azeyte ,
de∫tillado; <de∫til-lado;> [14] que a ignorancia, ou ambicam [15] he capaz de fazer
∫emelhantes enganos <enga-nos> [16] , que ao dar da conta ∫aberàm [17] quanto lhe haõ
de cu∫tar. De verdete [18] calcinado arratel, & meyo, de pò futili∫∫imo <fu-tili∫∫imo>
[19] de ca∫co de caveyra de homem, <ho-mem,> [20] que nam fo∫∫e enterrado, nem [21]
morre∫∫e de doença, mas em guerra, [22] ou enforcado, duas onças, das aparas [23] dos
ca∫cos do burro quando o ferrão, [24] outras duas onças; tudo ∫e faça em pó [25] ∫util, &
em huma recorra de vidro e∫teja <e∫-teja> [26] de infuzam quatro dias com dous [27]
quartilhos de e∫pirito de vinho muyto <muy-to> [28] rectificado , & no fim dos quatro
[29] dias ∫e de∫tille , & ∫ahirà hum oleo de [30] fedor in∫oportavel , mas de virtude [31]
∫ingular; de∫te oleo ∫e darà ao doente [32] de doze atè vinte pingas mi∫turadas [33] em
tres onças de agua de cereyjas negras, <ne-gras,> [34] ou de lirio convallium, ou de [35]
cardo ∫anto. O modo de calcinar o [36] verdete ∫e acharà em Dio∫corides pag. [37]
531.cap.51. E∫te remedio he louvadi∫∫imo. <louva-di∫∫imo.> [38] A opiada de
Montagnana dada [39] por hum mez,em quantidade de duas [40] oytavasatètres , obra
e∫∫eytos e∫tupendos. <e∫tu-pendos.> [41] Veja-∫e a ∫ua compoziçam, [42] em Riverio no
capitulo da gotta coral. <co-ral.> [43] Degollareis huma doninha, & tomareis <to-
mareis> [44] o ∫angue della em huma tigela <tige-la> [45] de fogo virgem, [ quero
dizer, na [46] qual nam deyta∫∫em ainda agua, nem [47] outra couza, ] & e∫ta tigela nam
∫eja [48] vidrada,paraque o barro virgem chupe <chu-pe> [49] o ∫oro do ∫obredito
∫angue , & como <co-mo>

<331>
<texto na coluna esquerda>
G
[50] mo e∫tiver enxuto , farei o tal ∫angue <∫an-gue> [51] em talhadinhas delgadas , & o
[52] deyxareis ∫ecar muyto bem , de ∫órte, [53] que ∫e po∫∫aó fazer em pó ; a e∫te pó [54]
ajuntareis outra tanta quantidade das [55] tunicas , que dividem as pernas das [56]
nozes, & com huma migalha de coral <co-ral> [57] preparado, & agua de alquetira ∫e
[58] forme huma ma∫∫a , de que ∫e faràó [59] pa∫tilhas, que depois de bem ∫ecas ∫e [60]
guardem. De∫te remedio polvorizado <polvorizado> [61] ∫e dará meya oytava cada dia
em [62] jejum, por e∫paço de nove dias , em [63] huma colher de xarope de ∫tecados,
[64] ou de hy∫∫opo, e∫tando o doente purgado <pur-gado> [65] cinco, ou ∫eis vezes com
as pirolas <pi-rolas> [66] curvianas. O pó do ca∫co da caveyra <ca-veyra> [67] de
homem , que morre∫∫e na [68] guerra, ou affogado, & não de doença,mi∫turado <doen-
ça,mi∫turado> [69] com igual quantidade, [70] de pó da unha do grão be∫ta, ou em [71]
falta da tal unha com o pó da unha [72] do burro,que não e∫teja com o cio,he [73]
prodigiozo remedio, dando-o des, ou [74] doze vezes depois do doente ter tomado <to-
mado> [75] nove , ou dàs vezes as minhas [76] pirolas curvianas alviducas em dias [77]
alternados. Devtay meya onça de [78] alambre branco feyto em pò muyto [79] fino,
dentro de huma tigela da India, [80] & emcima do tal alambre deytay [81] quatro onças
de e∫pirito de vinho rectificado,& < rec-tificado,&> [82] ∫e cubra a tigela atè, que o [83]
e∫pirito de vinho tome em ∫i a tinctura <tinctu-ra> [84] do alambre , & evaporando ∫e
então <en-tão> [85] huma parte, ∫eguarde o re∫tante [86] em vazo bem tapado , & de∫te
licor [87] dareis ao doente doze ou quinze gottas <got-tas> [88] cada dia , mi∫turado
com tres onças <on-ças>
<texto na coluna direita>

[89] de agua de cardo ∫anto , ou de cereyjas <ce-reyjas> [90] negras , ou em agua


commua, [91] cozida com raizes de Valeriana agre∫te. <agre∫-te.>

<título> Outro. </título>

[1] Dar onze vezes em dias alternados [2] meya oytava de pó de raiz de pyrethro <pyre-
thro> [3] , mi∫turado com huma migalha [4] de mel, bebendo-lhe em riba huma [5]
chicara de agua cozida com folhas de [6] mangerona, he∫egredo, que parece [7] divino.
Jàques da Co∫ta morador aos [8] cubertos no arco chamado dos e∫pinhos,& <e∫pi-
nhos,& > [9] toda a ∫ua caza pódem ∫er te∫timunhas <te∫-timunhas> [10] da virtude
de∫te remedio. [11] O ∫al da roupeyra dado quinze , ou [12] vinte dias em quantidade de
dous e∫cropulos, <e∫-cropulos,> [13] mi∫turados com tres onças [14] de agua de cereyjas
negras,he admirável <admira-vel> [15] remedio para a gotta coral,& porque <por-que>
[16] nem todos ∫abem como ∫e faz o [17] dico ∫al , & por e∫∫a razam nam puderam
<pude-ram> [18] uzar do dito remedio ,lhes quero [19] fazer e∫∫e ∫erviço dizendo-lhes,
que ∫e [20] faz queymando quatro , ou ∫eis toupeyras <tou-peyras> [21] dentro de huma
tigela de fogo [22] fòrte atè que ∫e façaõ em cinza,& e∫ta [23] cinza ∫e porà a ferver em
meya canada <cana-da> [24] de agua commua por tempo de [25] meya hora , &
tirando-∫e entam a tigela <ti-gela> [26] do fogo ∫e coe aquella agua , ou [27] ∫enrrada,
para outra tigella de fogo [28] vidrada, & ∫e porá ∫obre o fogo a ferver <fer-ver> [29] atè
que a agua ∫e evapore , & con∫uma <con-∫uma> [30] toda, & o que ficar no fundo da
[31] tigela,he o ∫al fixo das toupeyras, que [32] he o remedio prezentaneo para a gotta
<got-ta> [33] coral : & de∫te modo ∫e tiraraõ os ∫ais [34] fixos

<332>
<texto na coluna esquerda>
G
[35] fixos da tamargueyra,lo∫na, & de todos <to-dos> [36] os pado, & ervas, que Deos
ciou [37] para remedio da ∫aude.

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