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“A família é um salva-vidas no mar agitado da


vida”, J. K. Rowling.
Dedico esse livro à minha linda família, amigos, parceiros de negócios e todos que me ajudaram nesta
caminhada.

Agradeço imensamente minha esposa Andréia e meus filhos Juliano e Carolina. Sem eles, nada em minha
vida teria significado.

Agradeço a Deus por proteger minha família e sempre iluminar meu caminho.

Nós só crescemos quando existe algo importante para cuidar e graças a essa linda família consegui minha
realização pessoal e profissional.

Eles são a motivação que me faz querer vencer e evoluir. Sem eles, ainda estaria vagando pelas ruas sem
rumo e sem objetivos.

Agradeço minha mãe, Rosana, por sempre acreditar em meus sonhos e nunca me fazer desistir. Agradeço
aos meus irmãos e afilhados.

Não poderia começar um projeto de bolsa sem agradecer também a D. Iracema, que onde quer que
esteja, tenho certeza de que está olhando por nós.

Amo todos vocês!

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Um pouco sobre o Autor
Juliano Carneiro é administrador de empresas, empreendedor e investidor. Um visionário da tecnologia.

Começou com 8 anos programando seus próprios jogos. Iniciou seu BBS com 12 anos e participou da
criação da Internet no Brasil mesmo com a pouca idade.

Foi através de sua empresa, Real Wireless, vendida em 2008 o primeiro a desenvolver um aplicativo de
celular funcional e real time, através do protocolo WAP em parceria com a operadora NEXTEL.

Fundou também a InternetSegura em 2006 empresa que em pouco tempo se tornou uma das principais
referências em segurança de sistema do país, atuando principalmente no setor bancário. Foi entrevistado no
Programa do Jô, Fantástico, Revista Veja, Portal ADVFN, Portal Infomoney, Valor econômico entre outros.

Em 2007 iniciou estudos aprofundados no mercado financeiro e inovou novamente utilizando seu co-
nhecimento em tecnologia, ligando os primeiros robôs de investimentos e realizando roteamento automático
de ordens na Bolsa de Valores. Neste período fundou a Cardin Investimentos, especializada em operações de
renda variável. Em paralelo treinou mais de 30.000 alunos em seus cursos e palestras sobre mercado financeiro
e ganhou 2 prêmios como melhor professor e melhor curso de investimento.

Em 2019 fundou junto com seu irmão, Raphael Carneiro o 8 BITS, clube noturno de arte e entretenimento
na barra funda. Em 6 meses de funcionamento foi listada entre as 10 principais casas do Brasil, segundo a Resi-
dent Advisor.

Atualmente administra seu Family Office, realizando investimentos multisetoriais em empresas de capi-
tal aberto e fechado nos setores de educação com o Colégio Porto União, cosméticos, entretenimento e tecno-
logia.

Dentro do mercado de cosméticos investiu e criou produtos através de licenciamento de artistas famosas
e trouxe ao Brasil a TONI & GUY, referência em salões de beleza em todo o mundo.

Seu novo investimento é a criação de um banco digital que certamente quebrará os paradigmas de como
as pessoas se relacionam com o serviço bancário. Eles acreditam que os bancos tradicionais para as próximas
gerações não existirão se não acontecer uma mudança abrupta na relação das instituições com a tecnologia e
atendimento ao cliente. Está trabalhando para que a mudança venha com a criação deste novo Banco, total-
mente conceitual e disruptivo.

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Sumário
Introdução.............................................................................. 7
Gráfico e balanços patrimoniais não são importantes.................................... 10
Minhas conquistas longe da bolsa....................................................... 11
Análise Técnica x Análise Fundamentalista.............................................. 12
Análise técnica, sua popularidade e performance........................................ 13
Vamos entender o que é STOP LOSS....................................................... 16
Por que abrir capital?................................................................. 16
Tipos de ações ........................................................................ 17
Classe das ações....................................................................... 17
Benefícios e proventos os acionistas................................................... 18
Blue chips ou ações de primeira linha.................................................. 19
Small Caps ou 2ª ou 3ª Linhas.......................................................... 19
Spread do Livro........................................................................ 19
Ninguém enriquece fazendo o que a maioria faz.......................................... 20
Medo de crise é para tolos............................................................. 20
O que as ações representam para uma pessoa............................................. 21
Como ser um tolo, trocando 6 por ½ dúzia............................................... 23
Tratando seus investimentos como um fundo trata suas cotas............................. 25
A revolução dos estudos computacionais e como a análise moderna pode nos ajudar........ 26
A pedreira do mercado no futuro........................................................ 29
Venda a descoberto, operando o caos.................................................... 30
O psicológico é fator de sucesso....................................................... 33
Tamanho do lote: o maior vilão dos problemas psicológicos.............................. 35
A bolsa vicia mais do que cassino, cuidado!............................................ 38
Defendendo sua carteira em tempos de crise............................................. 39
Como construir sua carteira de longo prazo............................................. 43
Diversificação saudável................................................................ 45
Juntando todos os seus investimentos com a bolsa de valores............................ 45
Mercados inter-relacionados e a análise de Deus........................................ 46
A síndrome do “está caro”.............................................................. 47
Analisando os homens mais ricos do mundo............................................... 48
Tipos de investidores.................................................................. 49
Análise Técnica........................................................................ 51
Teorias de Dow......................................................................... 51
1º Princípio —Os índices descontam tudo, exceto os atos de Deus........................ 52
2º Princípio —As três tendências do mercado............................................ 53
Utilizando as tendências como filtro................................................... 55
Operando contra a tendência e seus riscos.............................................. 57
3º princípio —As três fases do mercado de alta e baixa................................. 58
4º Princípio —Princípio da confirmação................................................. 61
5º Princípio —O volume deve confirmar a tendência...................................... 62
6º Princípio —A tendência continua até que um sinal definitivo de reversão apareça..... 62
O que estão dizendo sobre a teoria de Dow.............................................. 62

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Termômetro do Mercado —Abrindo mais o campo de visão................................... 63
O Poder das notícias —Sim, elas influenciam............................................ 64
Começando a ler os gráficos............................................................ 64
Gráfico de linha....................................................................... 65
Gráfico de barras (Bar Chart).......................................................... 66
Heiken Ashi............................................................................ 68
Candlestick (Candelabro Japonês)....................................................... 69
Martelo................................................................................ 71
Enforcado.............................................................................. 72
Shooting Star.......................................................................... 74
Martelo Invertido...................................................................... 75
Estrela................................................................................ 77
Padrões com dois ou mais Candles....................................................... 82
Engolfo de Alta........................................................................ 82
Engolfo de Baixa....................................................................... 84
Haramis................................................................................ 85
Padrão Nuvem Negra (Dark Clouds)....................................................... 87
Bebê Abandonado........................................................................ 89
Downside Tasuki Gap.................................................................... 91
Upside Tasuki Gap...................................................................... 92
Falling Three Methods.................................................................. 93
Rising Three Methods................................................................... 94
Three White Soldiers (Três Soldados Brancos)........................................... 95
Three Black Crows...................................................................... 95
Marcando Topos e Fundos................................................................ 96
Conceitos de Suporte e Resistência..................................................... 99
A Mudança de Tendência................................................................ 102
Linhas de Tendências.................................................................. 105
Traçando Canais....................................................................... 109
Os Padrões dos Gráficos............................................................... 112
Padrões de Continuação Triângulo Simétrico............................................ 112
Triângulos Ascendentes e Descendentes................................................. 114
Pull-Back de Rompimento............................................................... 117
Retângulos............................................................................ 118
Cunhas................................................................................ 120
Bandeiras............................................................................. 121
Flâmulas.............................................................................. 123
Ombro, Cabeça, Ombro.................................................................. 123
Topos e Fundos Duplos e Triplos....................................................... 126
Topos e Fundos Arredondados........................................................... 127
Gaps.................................................................................. 128
Indicadores Auxiliares................................................................ 132
Rastreadores.......................................................................... 133
Médias Móveis......................................................................... 133

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MACD (Moving Avarege Convergence —Divergence)......................................... 137
Parabólico (SAR —Stop And Reverse).................................................... 139
Estocástico........................................................................... 142
Índice de Força Relativa (IFR) ........................................................ 143
CCI (Commodity Channel Index)......................................................... 144
On Balance Volume (OBV)............................................................... 145
Banda de Bollinger.................................................................... 147
Repainting e seu Efeito Negativo...................................................... 148
Mercado de Lado e os Indicadores...................................................... 149
Extensão e Retração de Fibonacci...................................................... 149
Pá de Ventilador...................................................................... 150
Martingale............................................................................ 151
Alavanca e seu Poder de Quebrar Traders............................................... 152
Operações Avançadas................................................................... 153
Como Operar Formação de Fundo......................................................... 153
Como Operar Formação de Topo.......................................................... 154
Manejo de Risco (Protegendo-se dos Tubarões).......................................... 155
O Mercado como um Negócio............................................................. 156
Conclusão............................................................................. 157

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Introdução
Ganhar dinheiro na bolsa de valores não é fácil, mas também não é impossível. Tudo dependerá de sua
dedicação, estudo e, principalmente, vocação.

Fui vizinho de porta do Kaká, um dos melhores jogadores de futebol do mundo. Brincávamos juntos
quando éramos crianças. Tínhamos praticamente a mesma idade e adorávamos jogar bola. Infelizmente, ao
contrário do meu amigo, não nasci para jogar futebol. Identifiquei isso conforme o tempo foi passando. Poderia
ter treinado a vida toda numa escolinha e, no máximo, ter me tornado um jogador de futebol mediano. Com a
bolsa acontece a mesma coisa. Existem pessoas que nasceram para o negócio e são ótimas nas operações de
day trade; e outras que, por mais que estudem, não conseguirão obter sucesso ou uma rentabilidade satisfató-
ria. Isso é assim mesmo e para você saber se tem vocação, é necessário começar, estudar e, principalmente,
atuar.

Fundamental, primeiramente, é saber para qual tipo de operação você nasceu. Infelizmente, é comum
ver pessoas que dedicam grande parte do tempo fazendo day trade e até conseguindo algum resultado, mas
sem terem nascido para o negócio. Ficam estressadas, chateadas e nervosas. O trabalho na bolsa transforma
suas vidas num verdadeiro martírio. Essas pessoas certamente não nasceram para esse tipo de estratégia e, por
mais que estudem, sempre serão medianas. No entanto, podem ter aptidão para operações mais longas como
o swing trade ou o position trade. Não estou falando isso para assustá-lo ou desmotivá-lo. Você nasceu para a
bolsa, mas precisa encontrar a modalidade que mais lhe dê retorno e sossego.

A bolsa de valores foi uma parte importante na minha vida profissional. Já treinei mais de 30.000 pessoas
em palestras, seminários e cursos. Minha experiência em todos esses anos me permitiu viver diversas situações
interessantes. Tive um aluno que era realmente muito aplicado, daqueles que, a longo prazo, provavelmente
venceria o mestre. Estudioso e batalhador, sua cultura de investimento crescia de forma exponencial. Comprava
praticamente toda a Amazon no que se referia a livros sobre bolsa e finanças e, quando não tinha nada para
comprar, dedicava-se à leitura de teses de doutorado na internet. Ele direcionava grande parte do tempo para
estudos de operações de curto prazo, mas, por mais que estudasse e ganhasse conhecimento digno de um PhD
em day trade, não conseguia alcançar o sucesso. Quando me procurou, estava desesperado. Tive que ser sin-
cero. Esclareci que não poderia operar em day trade, pois não nascera para aquele tipo de operação. Apesar da
falta de resultados, ele ainda tentou argumentar, dizendo que tinha muita teoria e prática. Sugeri uma experi-
ência de dois meses e ele não contestou; ao contrário, aceitou prontamente. Corrigi alguns “vícios” que são
normais quando se começa a estudar por conta própria, e acordamos que ele pararia de fazer day trade para
concentrar seus esforços em operações mais longas, com emprego de capital menor. Dois meses depois, quando
checamos os resultados, conversamos bastante e, no final da conversa, ele me deu um abraço, me agradeceu e
deixou um cheque referente a 100% do lucro dos dois meses como agradecimento. Logicamente não era o que
havíamos combinado. Ajudo todos os meus alunos e amigos sem pedir nada em troca e tem muita gente que
pode confirmar isso. Mas, como costuma dizer meu pai, “Se alguém quiser lhe dar dinheiro, fique quieto e
aceite”.

Um dia, prometo que revelarei o valor do cheque e pedirei autorização para divulgar o nome desse aluno,
pois trata-se de um empresário muito importante, que figura na lista dos homens mais ricos do meu país. En-
quanto isso não acontece, vou deixar você curioso.

Já operei inúmeros instrumentos financeiros em diversos países. Ações, mercados futuros, opções, mo-
edas, FOREX, fundos imobiliários e renda fixa, entre outros. Ao decidir escrever este livro, não queria que ele

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fosse específico para um único mercado ou país, como acontece com a grande maioria dos títulos existentes a
respeito do assunto. Muitos falam de peculiaridades dos mercados em que estão inseridos, procurando respon-
der a perguntas como: “O que são ações?”, “Como acessar o homebroker?”, “Quais são os tipos de ações
existentes?”, etc. Preferi fazer um livro que pudesse ser traduzido para todos os idiomas, sem compro-
meter a aplicabilidade, nem prejudicar o desempenho. As peculiaridades existem e referem-se às pequenas
diferenças que variam de país para país, mas a estrutura do mercado de capitais no mundo é bastante parecida,
o conceito é o mesmo.

No Brasil, estamos acostumados a operar ações preferenciais e ordinárias. Já nos EUA as coisas são dife-
rentes. Descartarei, portanto, as minúcias e procurarei me concentrar na teoria geral e profunda dos mercados.
Descreverei um conceito de análise que desenvolvi, chamado de Análise Pura Globalizada (APG). Esse conceito
demonstra como a análise técnica pura e simples somada a algumas bases fundamentalistas e econômicas po-
dem ser empregadas sem perder o desempenho em qualquer mercado do mundo, já que é facilmente portável
para diversos países. Ao longo do livro, compartilharei as experiências que adquiri, operando mais de 18 mer-
cados em todo o mundo. Todo o conteúdo a que você terá acesso por meio desta leitura poderá ser aplicado
em qualquer bolsa de valores.

Abordarei diversos aspectos das bolsas mundiais, análise de negócios e as principais teorias da análise
técnica, sempre enfatizando a parte prática, como: operar os padrões aprendidos, definir Stops quando neces-
sário, analisar o mercado de forma global e inteligente, entre outras. Tratarei, desde o início da análise técnica,
de diversos padrões de Candle, variados indicadores técnicos, ferramentas avançadas, análise de mercado e
tudo que for necessário para transformar você em um investidor avançado, sem a necessidade de conhecimento
prévio. Diferentemente de outros autores que gostam de escrever em etapas para terem sempre um outro
volume a ser lançado rapidamente, meu objetivo é passar o máximo de informação possível em uma única
publicação, de forma que ela sirva de referência para qualquer operador de bolsa. Minhas profissões são inves-
tidor e empresário, não escritor. Não tenho tanto tempo livre para ficar escrevendo e, ainda que tivesse, prefe-
riria ficar com minha família.

Além da análise técnica pura, encontram-se neste livro meus conceitos, visões e opiniões sobre o mer-
cado. Quando estudamos sozinhos, geralmente tomamos alguns conceitos que nossas mentes validam como
verdades universais. Devemos tomar cuidado quando isso acontecer, pois estaremos sujeitos a operar com te-
orias mentirosas, validadas por nossa mente, mas não testadas a fundo pelo nosso lado racional, a ponto de
tornar segura uma aplicação na prática. Quando se trata da bolsa, também é normal pensarmos ter encontrado
um padrão, afinal o mercado é enorme e cheio de informações e nosso cérebro é preparado para buscar pa-
drões. Se julgarmos ter encontrado um, será necessário testar a teoria antes de colocá-lo em prática. Examinar
e validar de forma racional é uma obrigação.

Outro ponto fundamental a ser considerado é que, depois de estudarmos muito, devemos parar e fazer
um filtro do que é válido e adequado. Quando enchemos nossa mente de teorias, precisamos saber se elas são
cabíveis e certeiras. É preciso refletir sobre tudo que foi visto e buscar descartar o que não for aplicável, direci-
onando mais o estudo para o que, de fato, pode ser utilizado. Acredito que essa seja a grande diferença entre
uma pessoa que investe em teoria e outra que investe em bolsa. Portanto, vamos ter sempre como alvo tor-
narmo-nos investidores de bolsa e não investidores de teorias. Não estou pedindo que pare de estudar, mas
que concentre seus esforços em estudos de técnicas que realmente lhe trarão resultados. Evite gastar energia
com estudos vagos que só irão complicar sua mente, tomar seu tempo e transformá-lo em um filósofo finan-
ceiro.

Warren Buffett, por exemplo, é o maior investidor de todos os tempos. No entanto, suas regras e

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premissas de investimentos podem ser expressas em poucas e pequenas frases. Mesmo valendo-se de um con-
ceito simples, ele é a referência em termos de rentabilidade mundial. Isso prova que quanto mais simples forem
suas análises, melhores e mais conscientes elas serão.

Logicamente, as premissas de Buffett são a base para a tomada de decisão de investimento, porém não
podemos desprezar a astúcia e o trabalho difícil de análise de balanços e mercado realizado por ele e principal-
mente por sua equipe para assim descobrir que a empresa está dentro dos moldes que eles procuram.

Digo isso, pois não são só as lindas frases que baseiam as compras desse grande investidor. Elas norteiam,
mas, acredite, há por trás delas um trabalho árduo e extremamente complexo de análise financeira e balanço
para avaliar qual empresa se enquadra nas premissas.

Buffett disse uma vez: “Parece existir uma característica humana perversa que gosta de transformar coi-
sas fáceis em coisas difíceis”. Lendo essa frase parece que tudo é fácil, tudo é simples, mas é apenas uma frase,
nada mais. Coloque-a no para-choque do caminhão e siga viagem. Acredite, antes de o Sr. Buffett tomar uma
posição de investimento, coisas extremamente complexas e difíceis já foram realizadas por ele e por sua equipe.

É fácil a gente ler uma frase como: “Risco vem de você não saber o que está fazendo”. Difícil é a gente
abrir um balanço, ver todos os indicadores setoriais, destrinchar uma DRE, ler todos as notas explicativas de um
balanço. Ficaria aqui horas e horas falando de análises até a gente saber o que está fazendo e, ainda assim, não
teríamos certeza de absolutamente nada.

A escola de Value Investing vem crescendo abruptamente, utilizando frases lindas para tentar deixar
claro que os investimentos são fáceis. Mas o mercado não é assim tão simples. É interessante, pois tenho muitos
anos de experiência e observo que os treinamentos e venda de relatórios de Value Investing crescem demasia-
damente em ciclos de alta e, quando chega a baixa, depois que os investidores começam a ficar preocupados
com os resultados, perdem força e os cursos de operações curtas entram no lugar desse método de investi-
mento.

Eu acredito que todas as operações, tanto de curto quanto de longos prazos, são importantes para o
investidor e acredito também que é fundamental que ele saiba como elas funcionam e se adapte a elas, con-
forme a movimentação do mercado.

Outro ponto importante que vejo no Value Investing é que muitos falam em comprar e dificilmente falam
de defesa de carteiras em tempos de crise, quando os investidores estão comprados. Não falam sobre defesa
de carteira, não falam sobre diminuir volatilidade, enfim, não passam informações importantíssimas para quem
quer comprar a longo prazo.

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Gráfico e balanços patrimoniais não são importantes
Você deve estar achando uma loucura um capítulo afirmando para quem quer aprender que análise
técnica e fundamentalista não são importantes. Na minha opinião não são mesmo. Para mim, o principal é saber
analisar um pequeno negócio. Conhecimento financeiro permite ser diferente das pessoas comuns, principal-
mente em países onde não existe economia doméstica ou em lugares em que o adolescente não é estimulado
a estudar finanças desde o Ensino Fundamental. Imagine que quando está no Ensino Médio, o jovem tem um
cartão de crédito, mas não sabe o que são juros. Quando cresce, desconhece os fundamentos da economia e
aí, busca o empreendedorismo. Já dá para imaginar o que vai acontecer com a empresa dele. Essa pessoa sem
conhecimento financeiro não tem a capacidade de enxergar um negócio mesmo que ele seja simples. Desco-
nhece marketing, fluxo de caixa, elaboração de contratos, desconhece as leis, não sabe como registrar um do-
mínio, onde pesquisar se a marca que pretende criar já está registrada, como negociar com uma gráfica para
diminuir o custo com material, como definir o tamanho do material gráfico para diminuir a utilização de papel
e economizar com impressão, como buscar a melhor fábrica para terceirizar seu produto ou então investir na
própria produção, entre outras necessidades, que se ficássemos descrevendo cada uma, seriam objeto de uma
nova e imensa publicação.

Um investidor de bolsa deve ser capaz de enxergar um negócio, fazer uma análise holística. Eu sou uma
pessoa que quando caminho no shopping ou entro em um comércio, analiso praticamente tudo. Como o caixa
está vestido, como ele está falando com os clientes, como ele está limpando as prateleiras, como estão as apre-
sentações dos produtos, se está faltando alguma coisa, como está o movimento, como estão as promoções, se
os produtos mais consumidos estão localizados no fundo ou na frente da loja e penso também como poderia
melhorar aquele estabelecimento, mesmo não sendo meu e mesmo nem conversando com o gerente.

Um investidor de bolsa deve ter isso sempre em mente. Deve esquecer um pouco os números do negó-
cio, a análise dos gráficos e ter a capacidade de observar essas pequenas coisas em grandes negócios. Se ele
não enxerga em pequenos, não irá enxergar em grandes e, dessa forma, dificilmente será bem-sucedido na
bolsa de valores.

Quando você entra em um restaurante que está sempre lotado, por exemplo, já deve passar pela sua
cabeça: “Queria que esse restaurante fosse meu...” A bolsa de valores proporciona isso, porém você terá a
parcela de quanto seu capital permitir. Se você acha o Cheesecake Factory um ótimo restaurante, sempre cheio,
filas de espera todos os dias, ótima comida e atendimento e começa a perceber que estão abrindo unidades em
outros locais que também têm filas de espera sempre, você não precisa obrigatoriamente olhar um gráfico. Sua
primeira triagem já está feita. Agora você precisa saber se a empresa está se endividando, como estão as mar-
gens brutas e líquidas, fazer o cálculo de retorno sobre investimento e decidir se vai comprar ou não. Nesse
caso, você poderia usar o gráfico para saber o melhor momento de entrar e colocar um pouco de NASDAQ:CAKE
no seu portfólio.

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Logicamente estamos falando de investimento em grande empresa e não de especulação. Mas o que eu
quero dizer com tudo isso é que um investidor percebe uma oportunidade mesmo em pequenos negócios ou
invenções, enquanto caminha nas ruas, durante um dia comum. Ele analisa se pode ser um bom negócio, se é
sustentável, se pode ganhar dinheiro em curto, médio ou longo prazo e já pensa como pode expandir aquele
conceito. Busca em sua memória amigos que possam ter interesse em investir ou então ajudá-lo na expansão,
procura sinergia com outras empresas de conhecidos ou desconhecidos para que o negócio decole, tudo isso
em questão de SEGUNDOS. Quando você consegue desenvolver essa habilidade, tenha certeza de que você será
muito bem-sucedido na bolsa e em qualquer outro negócio. Se você quer ser Buy & Hold, essa habilidade de
fazer a primeira triagem é essencial, depois disso, logicamente, terá que se debruçar nos números.

Minhas conquistas longe da bolsa


Para mim, vencer na vida é levar a maior quantidade de pessoas em meu enterro. Para alguns é ter
dinheiro. Quando as pessoas veem outra com muitas posses é comum dizerem “esse venceu na vida”. Mas para
mim, vencer na vida é ter filhos, ser um bom amigo, bom marido, ter honestidade, sinceridade e trabalhar bas-
tante. Dinheiro não é o fim, e sim o meio para fazer outras coisas grandiosas.

No capítulo anterior, descrevi um pouco sobre o que acho necessário para desenvolver o conceito de
análise holística, ou seja, ver o negócio como um todo. Longe das bolsas fiz muitos negócios e, acredite, existe
vida fora delas. Uma vida bem lucrativa e segura, basta saber analisar os negócios.

Esse conhecimento financeiro que desenvolvi devido aos meus estudos na área me permitiu criar
negócios monstruosos e lucrativos, combinando domínio contábil/financeiro, marketing, vendas, desenvolvi-
mento de produtos, contratos com grandes empresas, programação e etc. Grandes empresas nos ensinam
muito, pois analisamos os cases de marketing, verificamos como estão atuando nos mercados e assim tiramos
as experiências para aplicar em um negócio, mas eu nunca me esqueço das lições dos pequenos negócios para
fazer grandes. E o primordial é sempre ajudar comercialmente o próximo sem pedir nada em troca. Para mim é
gratificante receber ligações de grandes empresários me pedindo conselhos, alguns até da lista da FORBES. Sabe
quanto eu cobro por isso? Absolutamente nada. Se você tiver algum problema e eu puder ajudá-lo, será um
prazer. Sabe o que isso me trouxe? Uma confiança enorme no meu trabalho. Quando eu passo a mão no tele-
fone e digo que tenho um bom negócio, todos entram, pois sempre fui solícito e porque confiam nas minhas
decisões.

Atualmente tenho investimentos em empresas de capital fechado que atuam nos setores de educação,
cosméticos e tecnologia. Iniciei também um banco digital que acredito que será um grande divisor de águas,
atuando como um marketplace de serviços financeiros para a nova geração.

Estou tendo sucesso com todas essas empresas, sucesso até maior que meus investimentos em bolsa.
Mas a razão pelo qual escrevi este capítulo não é para me gabar ou mostrar o que eu tenho ou deixo de ter, e
sim para lhe dizer que existe vida fora da bolsa. Talvez você encontre uma excelente oportunidade em algum
negócio. A bolsa é o caminho mais fácil para ter o pedaço de algo, porém, se quiser ter algo completo, parta
para o empreendedorismo. É mais arriscado, mas o retorno pode compensar muito.

Quando falar de investimentos, seja lá sobre o que for, deixe sempre sua mente aberta. Estude para
saber analisar qualquer tipo de negócio, seja ele grande ou pequeno.

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Análise Técnica x Análise Fundamentalista
Existem duas grandes escolas de análises no mundo: a fundamentalista e a técnica.

A fundamentalista trabalha sobre uma ideia de investimento a longo prazo. O investidor toma uma
posição mais longa, analisando o balanço patrimonial da empresa, indicadores econômicos, fatos relevan-
tes, análise setorial, valuation, entre outras técnicas. Essa análise é fantástica para operações a longo prazo,
entretanto, não se mostra eficiente para operações a curto prazo. Imaginem comprar e vender ações diaria-
mente, como faz um trader, olhando balanços patrimoniais. Isso seria totalmente inviável. O máximo que se
pode fazer é pegar fatos relevantes (informações divulgadas pela B3, que devem chegar antes aos investidores
do que à mídia) e efetuar um trade rápido, tentando especular com notícias.

Conheço muita gente que faz isso: opera baseado em notícias. Esse operador, na minha opinião, é o
mais despreparado, pois está sempre “em cima do muro”. Não é bom técnico nem bom fundamentalista. Mui-
tas vezes, ao interpretar uma notícia, toma uma posição baseado nela, enquanto o bom fundamentalista
estuda a fundo e vê que não é um bom negócio comprar ações naquele momento. O técnico aproveita a opor-
tunidade para vender muito descoberto, explorando o mercado e ganhando com a queda, por meio da
venda alugada (veremos “venda alugada” mais adiante neste livro).
Para ficar mais claro, cansei de ver anúncios sobre aquisição e as ações das empresas caírem. O despre-
parado, achando que uma aquisição é uma notícia muito boa, toma posição de compra. O bom fundamenta-
lista já analisou e viu que o desembolso de capital para a aquisição será muito alto e reduzirá os dividendos.
Dessa forma, entende que a notícia não é tão boa assim e inicia a venda das ações.

Existe também outra classe de investidores despreparados que eu chamo de “Pega Balanço”. Investi-
dores que tomam posições de compra alguns dias antes da divulgação do balanço patrimonial, pois viram, por
notícias ou fóruns, que o balanço viria bom.

O bom fundamentalista já sabe do balanço, pois acompanha de perto a empresa e já tomou posição
muito antes, a um preço muito mais baixo. Nesse cenário, o investidor que tomou posição fica espantado,
pois, mesmo saindo um balanço com lucro recorde, as ações caem.

Ele não consegue acreditar e não acha explicações para o acontecimento, mas é bem simples: por não
estar preparado, compra dos fundamentalistas ou técnicos qualificados, os quais estão vendendo suas po-
sições porque as tomaram a preços mais baixos. Estão realizando lucro em cima do investidor despreparado.

O analista técnico não quer pegar todo o movimento de alta ou de baixa, mas sim acertar parte do
movimento em vários ativos. Ele não quer o dinheiro parado e ve as ações como um produto e quer fazer seu estoque
“girar”. Essa escola basicamente tenta descobrir qual o lado do mercado e operar sempre no mesmo sentido,
analisando praticamente o comportamento psicológico dos investidores.

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Análise técnica, sua popularidade e performance
É comum nossos parentes mais velhos nos aconselharem a comprar ações de boas empresas, com base
em fundamentos e projeção de mercado. Essa é uma escola extremamente importante, porém quando falamos
para olharem também os gráficos, ficam completamente perdidos e isso não é culpa deles. A difusão da análise
técnica começou fortemente em 1998 e crescerá cada dia mais, pois leva algumas vantagens sobre a análise
fundamentalista. A principal delas é que a análise técnica é de fácil aprendizado. Enquanto um analista funda-
mentalista leva cerca de um ano e meio de estudos para se formar, um bom analista técnico leva cerca de cinco
meses. É até possível ensinar um grupo de pessoas a operar o mercado em um final de semana. Logicamente
não sairão experts dessa experiência, mas já saberão grande parte dos conceitos da análise técnica e começarão
a observar o mercado com outros olhos. Eu ministrei cursos de análise técnica durante muitos anos e me orgulho
em dizer que já treinei mais de 30.000 alunos em todo o mundo. A maioria esmagadora deles sai do treinamento
feliz e preparada, não para operar, mas para começar seus estudos. Evidentemente, após um curso de dois dias,
eles já irão observar o mercado de forma diferente e até se arriscarão a fazer análises, mas sempre digo para
estudarem mais, pois o mercado é uma competição que necessita de treino.

Aprender a selecionar o que é importante e útil e descartar o que não for útil. Isso para mim é primordial,
pois não vai existir nada pior no mercado financeiro e no mundo dos negócios do que aprender teorias e ideias
erradas vivenciando-as. Se o investidor aprender errado, certamente não terá sucesso e seu final será triste.
Diria até que seria impossível “consertá-lo” depois. Por isso, é necessário, quando se está iniciando, selecionar
bem suas bibliografias e, no caso de procurar algum curso para reduzir o tempo de pesquisa, verificar se o pro-
fessor é qualificado e se tem boas recomendações. Não procure por professores que tenham métodos milagro-
sos de ganhar dinheiro ou então que ensinam uma maneira de fazer a coisa acontecer.

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Frequentemente vemos brokers ensinando investidores a operar. Na minha opinião, todo professor de
bolsa deve ser independente, e não vinculado a corretoras. Se o professor ensinar e ganhar corretagem, não
acredito que realizará um trabalho de educação voltado ao conservadorismo das operações. Para aumentar o
valor de sua corretagem, incentivará o investidor a operar muito em estratégias curtas como day trader e scal-
per. Importante lembrar que não faço juízo de valor em relação a operações curtas e longas. Acredito que ambas
deverão ser utilizadas quando for oportuno.

Receber aulas de um professor broker é a mesma coisa que ir a um bar e pedir ao dono dicas de como
parar de beber. Ele, com certeza, irá ajudá-lo, mas enquanto for falando com você, vai servindo uma dose. Se
um broker não deve ser gestor de recursos e nem analista, por que ele pode ser instrutor? Não são profissões
conflitantes? Acredito que no futuro os órgãos reguladores dos países deverão certificar os professores que
ministram cursos de mercado de capitais para que não haja conflito de interesses.

Outra coisa comum de encontrarmos no mercado são pessoas extremamente bem-sucedidas que pedem
dicas para um broker. Elas não entendem que ele vende corretagem e, por mais sincero que seja, sempre estará
propenso a realizar o trabalho de forma a trazer-lhe lucro.

Agora, pensemos juntos: você é o investidor, conseguiu guardar o dinheiro para investir num mercado
horrível e paga todas as suas contas. Quem deve dar lição sobre como ganhar dinheiro é você e não o broker.
Acho que valeria a pena estudar um pouco mais e utilizar seu broker para envio de ordens ou dúvidas opera-
cionais tão somente.

O sucesso da análise técnica está intimamente ligado à popularização dos softwares gráficos e ao au-
mento do acesso à tecnologia. Não podemos esquecer que num passado não tão distante, as pessoas ouviam
as cotações das ações num rádio, ou então ao vivo, durante o pregão. No futuro, certamente, a análise técnica
será mesclada com a análise quantitativa, a qual depende muito dos recursos tecnológicos para uma rápida
execução de ordens e para facilitar a programação de estratégias automatizadas. Além, principalmente, da in-
trodução da Inteligência Artificial, na qual os algoritmos irão aprender. Essa já é uma realidade e está tomando
grandes proporções devido à evolução da IA no mundo.

Infelizmente, não temos grandes bilionários que utilizem a análise técnica para medir sua performance.
Warren Buffett é o grande ícone responsável por manter a análise fundamentalista à frente da análise técnica.
Buffett é, de fato, um grande gênio dos investimentos, mas seu ritmo de rentabilidade parou de crescer há
alguns anos, devido à dificuldade enfrentada por diversos players fundamentalistas em relação ao mercado
lateral, desde a crise de 2008. Eles vieram nadando de braçada por diversos anos, pois a bolsa só subia. Quando
o mercado ficou lateral, derraparam bastante. Enquanto eles sofriam, traders técnicos aumentaram suas renta-
bilidades nesse mercado sem sentido nítido, focando em movimentos de curtos e médios prazos. Mesmo der-
rapando, esse tipo de investidor não está muito preocupado com crise e mercado lateral, pois eles sabem que
o mercado sempre volta a subir e isso é fato. Desde que a bolsa existe, ela só sobe no longo prazo. Além disso,
esses investidores não estão preocupados, pois não visam só a valorização das ações. Os dividendos também

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são levados em consideração.

Acredite, a análise técnica não tem um grande padrinho, mas gestores de fundos de investimentos rele-
vantes, que gerem bilhões de dólares e utilizam-na como ferramenta importante para tomar decisões, alcan-
çando excelentes rendimentos.
Sou adepto do ditado que diz que educação é sempre bom. Adoro a frase: “Se você acha a educação
cara, tente a ignorância”. Esteja certo de que quando trabalhamos com dinheiro, esse ditado tem uma força
muito maior.

Muitos investidores, ao entrarem no mercado, deixam de estudar e passam a ouvir dicas ou a usar di-
nheiro real para aprender. Para esses, a bolsa de valores será a faculdade mais cara que já existiu.

Para ser um investidor completo é preciso ter conhecimento tanto de análise fundamentalista quanto
de técnica, e isso é possível, ao contrário do que a maioria diz. É preciso combiná-las. Se um investidor decide
comprar um ativo através da análise fundamentalista e ficar comprado durante um período grande, por que
não utilizar a análise técnica para saber qual a melhor hora de entrar? Ele pode fazer esse tipo de combinado.
Pode tentar ganhar alguns centavos numa entrada melhor pela análise técnica, mesmo sendo fundamentalista.

O contrário também pode acontecer. Um trader escolhe que só irá operar ativos com bons fundamentos,
de empresas sólidas e com liquidez para fazer day trade, por exemplo. Então, não seja ferrenho em defender
que uma opção é melhor que a outra, ou se limitará a usar apenas uma delas. Estude as duas e utilize-as em
conjunto. Tal atitude é inteligente e fundamental para que obtenha um desempenho satisfatório. Quando você
tem teoria e prática combinadas, sua convicção aumenta e você pode explicar com mais clareza e argumentos
por que está comprando ou vendendo.

No mercado, temos que procurar as respostas para as perguntas: “Por que estou comprando e por que
estou vendendo?” Tem que ser dada uma explicação com embasamento técnico a respeito dos reais motivos,
caso contrário, você ficará no “achismo”. Contará mais com a sorte do que com a inteligência, e o mercado é
devastador com quem age assim. Também não adianta dar uma resposta fantasiosa com ar de conhecimento,
sem saber exatamente sobre o que está falando. Como diz Fabrizio Vito, um grande amigo e exímio investidor
fundamentalista, “O mercado é uma competição que não perde em nada para um Grand Slam, no tênis, ou um
Major, no golfe”. O investidor precisa se profissionalizar. Imagine que você esteja sozinho numa competição
com investidores de todos os níveis, como grandes bancos, milhares de analistas, pessoas graduadas e conhe-
cedoras de mercados e ativos. Seu objetivo será vencê-los, mas, não conseguindo, deverá juntar-se a eles para
ganhar dos pequenos.

Procure saber quais são os passos dos grandes investidores, como estão atuando, se estão comprando
mais ou vendendo mais e sempre atue do lado deles. Nunca siga a multidão. Siga quem é mais esperto e tem
mais dinheiro para a “batalha”. Não faça o que a maioria está fazendo, faça o que poucos espertos estão fa-
zendo.

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Vamos entender o que é STOP LOSS
Stop são ordens configuradas no caso de o mercado não ir na direção planejada. Serve como uma segu-
rança para o operador durante suas operações. Uma ordem STOP deve ser programada sempre que uma ope-
ração de curto prazo é planejada. Sempre digo que STOP se usa no curto prazo e para médio e longo prazo
utilizá-lo não faz sentido, pois temos outras formas mais inteligentes de nos proteger. Discutiremos bastante
isso no livro, porém, para o momento o conceito de STOP é fundamental para darmos continuidade no apren-
dizado.

Se você programa uma operação e ela não vai no sentido desejado, cortar as perdas é importante para
proteger seu capital, desta forma, dentro de sua estratégia sempre é necessário colocar o STOP. Na construção
da operação definiremos o objetivo, ou seja, onde você irá realizar o lucro e até onde você pode perder.

Digamos que você viu uma operação interessante na Petrobrás e ela está neste momento cotada em R$
20,00. Sua estratégia definiria por exemplo, objetivo do trade em R$ 22,00 e STOP em R$ 19,00 (lembrando que
isso é só um exemplo).

Feito isso significa que, se o preço seguir na direção que você quer e atingir R$ 22,00 você encerraria a
operação no lucro, pois alcançou seu objetivo, porém, se o mercado não for no sentido que você planejou e
começar a cair, quando chegar em R$ 19,00 seria acionado o seu STOP.

Essa ordem pode ser configurada no homebroker/plataforma da corretora para acionamento automá-
tico quando chegar no preço ou então, você pode fazer de forma manual caso esteja acompanhando o mercado.
Eu sempre recomendo que ao entrar na operação configure o STOP automático, pois mesmo acompanhando o
mercado, caso tenha alguma falha de conexão ou então seja necessário se ausentar com urgência é menos uma
coisa para se preocupar.

Existem várias técnicas para definir onde colocar o STOP de forma correta e discutiremos isso no livro
posteriormente. Importante agora é entender o conceito de STOP.

No mercado temos vários tipos de ordens de STOP e recomendo que faça uma pesquisa sobre o assunto
para buscar aprofundamento.

Por que abrir capital?


Uma empresa abre capital por um motivo bem simples: para captar recursos financeiros. Fazer a cap-
tação na bolsa é um ótimo negócio para as empresas, pois o custo é bem menor, se comparado a emprésti-
mos bancários e não há necessidade de devolver aos credores.

Boa parte das empresas que abrem capital já são grandes empresas, porém, contam com um projeto
de expansão dos negócios e abrem para entrada de novos sócios (acionistas).

O processo de lançamento e abertura para emissão de ações é chamado de IPO (Initial public offering).
Nesse processo, os investidores fazem sua reserva, e todo o capital é transferido para a empresa, ou seja, entra

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em caixa. É um negócio entre EMPRESA e INVESTIDOR. Esse mercado, onde estão os IPOs, chama-se MERCADO
PRIMÁRIO. Ao lançar as ações, a empresa está fazendo a DISTRIBUIÇÃO PRIMÁRIA.

Após a abertura, os investidores podem comprar mais ações ou vendê-las. Isso acontece no MER-
CADO SECUNDÁRIO, onde nada do que é negociado influencia na empresa, ou seja, esse dinheiro não
pertence a ela. É um negócio entre INVESTIDORES.

Os traders atuam basicamente no mercado secundário. Compram e vendem suas participações num
curto espaço de tempo.

O mercado secundário existe para dar liquidez ao mercado primário, ou seja, o investidor tem a ga-
rantia de que, ao se tornar sócio da empresa na emissão das ações (IPO), poderá desfazer sua participação
em qualquer momento que desejar, pelo preço de mercado.

Se o mercado secundário não tivesse liquidez, não existiria mercado primário, pois ninguém tomaria
posição acionária em uma empresa sem ter garantia de que poderia sair do negócio quando achasse ne-
cessário.

Tipos de ações
Basicamente existem dois tipos de ações: as Preferenciais (PN) e as Ordinárias (ON).

Ações Ordinárias (ON)


- Dão direito a voto nas assembleias dos acionistas das empresas.
- Terminam com o número 3. Exemplo: Petrobras Ordinária (PETR3)

Ações Preferenciais (PN)


- Os possuidores destas ações têm preferência em distribuições de dividendos (participação nos
lucros distribuídos aos acionistas) e Reembolso de capital.
- Se a empresa não distribui dividendos por três exercícios consecutivos, essas ações adquirem
direito a voto.
Terminam com o número 4. Exemplo: Petrobras Preferencial (PETR4).

Classe das ações


As empresas podem distribuir diferentes classes de ações para as ON e PN. Essas classes recebem alguma
letra para representá-las e têm características diferenciadas como, por exemplo, valores diferentes de dividen-
dos. Para conhecer essas classes, o interessado deverá ler o estatuto da companhia, que pode ser facilmente
encontrado na área de relação, com investidores das empresas ou mesmo no site da B3. Abaixo segue uma
tabela com as classes disponíveis.

Código Tipo de Ação

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1 Direito de subscrição de uma ação ordinária

2 Direito de subscrição de uma ação preferencial

3 Ação Ordinária

4 Ação Preferencial

5 Ação Preferencial – Classe A (PNA)

6 Ação Preferencial – Classe B (PNB)

7 Ação Preferencial – Classe C (PNC)

8 Ação Preferencial – Classe D (PND)

9 Recibo de subscrição sobre ações ordinárias

10 Recibo de subscrição sobre ações preferenciais

11 BDRs e Units

Benefícios e proventos os acionistas


As empresas podem beneficiar seus acionistas das seguintes maneiras:

• Dividendos: participação nos lucros que a empresa paga a seus acionistas segundo o número de ações
que eles possuem. Por lei, a empresa deve distribuir, no mínimo, 25% do lucro líquido do exercício. O período
em que acontece a distribuição varia de empresa para empresa. Cabe ao interessado ler o estatuto de sua em-
presa. São mais comuns distribuições trimestrais, semestrais e anuais.

• Bonificação: ações distribuídas gratuitamente aos acionistas, na proporção das já possuídas. Essas
ações são novas e surgem a partir do aumento do capital por in- corporação de reservas.

• Direito de subscrição: privilégio que o acionista tem para adquirir novas ações, emi- tidas pela empresa.
É possível que o acionista transfira esse direito para terceiros, por meio de sua venda.

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Blue chips ou ações de primeira linha
São ações de empresas de grande porte, que têm grande liquidez e volume de negócio. São compostas,
em sua maioria, por empresas do índice Bovespa (IBOVESPA).

Muito utilizadas pelos traders, elas possuem grande número de negócios, e a entrada e saída de posição
é feita de forma instantânea. Se o trader desejar comprar, será fácil encontrar vendedores e, se desejar vender,
também será fácil encontrar compradores.

Small Caps ou 2ª ou 3ª Linhas


São ações de liquidez e volume de negociação menores que os das blue chips. Na maioria das vezes têm
grande valorização, porém, por terem poucos negócios, devem ser operadas por traders mais experientes. A
procura por essas ações é pequena, portan- to, algumas vezes fica difícil vendê-las.

Como o spreed (diferença entre compra e venda) do livro é grande, e a quantidade de oferta no livro é
pequena, os preços se movimentam para cima e para baixo, de forma mais expressiva que as ações de 1a linha.
Essas ações devem ser operadas com um capital menor.

Spread do Livro
Spread baixo: quando a diferença entre compra e venda é pequena. Mais comum em ações de primeira
linha. Excelente para operações de trades curtos.

Spread alto: quando a diferença entre compra e venda é grande. Mais comum em ações de 2a linha ou
ações com valor muito alto. Tem deslocamento de preço mais agres- sivo. Exige mais experiência do trader e
controle de risco eficiente.

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Ninguém enriquece fazendo o que a maioria faz
Na bolsa, assim como nos negócios e na vida, ninguém enriquece fazendo o que todos fazem. Se fosse
assim, todos seriam milionários. As pessoas que têm muito dinheiro são totalmente diferenciadas e, podemos
até dizer, peculiares. Algumas, pelo seu trabalho árduo, outras, pela sua inteligência em criar e dirigir negócios.
O que importa é o que as motiva a ficarem ricas. Infelizmente, uma boa parte desses grandes ricos e empresários
não escreve biografias. O que sabemos sobre eles chega até nós por meio de relatos de pessoas com as quais
conviveram, ou por jornalistas que estudaram suas vidas. Assim sendo, não há garantia de que as informações
estejam corretas.

Na vida, aprendemos muito com as experiências de pessoas que não se deram bem. Acho de extrema
importância esse aprendizado, pois as derrotas nos ensinam mais do que as conquistas. Se soubermos avaliar
isso, seremos vencedores. Quando lemos a biografia de um herói, aprendemos algumas lições sobre como dar
certo, mas a biografia de um derrotado nos ensina inúmeras lições sobre como dar errado. Se evitarmos os
erros, cairemos nas lições dos heróis e obteremos sucesso.

Na bolsa de valores, as lições dos heróis não estão disponíveis para consulta, somente as lições dos der-
rotados. Evitemos, portanto, os erros dos derrotados para acertarmos no futuro. Muitas das pessoas que in-
vestem no mundo da bolsa de valores atuam baseadas em notícias e operam junto com a massa. Essa liquidez
monstruosa dos “burros” faz com que, cada dia mais, os “espertos” ganhem mais dinheiro. Não se faz dinheiro
onde todos querem fazer. Vamos pensar um pouco em nicho e concorrência. Esqueçamos por um momento
que esse é um livro sobre bolsa e vamos nos concentrar no empreendedorismo, ou no que é ensinado nas
faculdades de Administração. Quando temos um mercado com concorrência, podemos notar vários fatores ne-
gativos, como diminuição da margem de lucro e dificuldade em ganhar market share. Um exemplo disso são as
empresas aéreas. Já no mercado de nicho, as margens são gigantescas e o market share aumenta com facilidade,
até que o nicho deixe de ser nicho. Quando todo mundo percebe que tem uma oportunidade naquele mercado,
aquele nicho deixa de existir. As margens apertam, o market share trava e a mina de dinheiro diminui.

Na bolsa, quando operamos com a massa, estamos operando em mercado concorrido, com margem e
lucro baixos. Isso se não tivermos prejuízo. E tenha certeza de que a probabilidade disso acontecer é grande.
Temos que procurar o nicho nas ações para as quais ninguém liga e que tenham margem de lucro grande. Isso
não quer dizer que devamos procurar lixos sem liquidez, ações que estejam esquecidas, pois até Deus as esque-
ceu. Devemos, sim, procurar operações em bons ativos, as quais ninguém quer comprar naquele momento, mas
compraria em qualquer outra situação mais positiva do mercado. Quando achar o nicho e, mais importante que
isso, quando descobrir a forma de encontrá-lo, certamente seu sucesso será grande. Portanto, vamos trabalhar
nossa mente para achar o nicho no mercado e, achando-o, vamos procurar ganhar o máximo de dinheiro, pois
rapidamente ele deixará de ser tão lucrativo.

Medo de crise é para tolos


Um bom investidor não tem medo de crises. Medo de crise é para tolos e vendedores de jornal. Quando
um investidor profissional vê uma crise, ele não coloca as mãos na cabeça para lamentar-se, e, sim, para expres-
sar sua emoção e felicidade diante da chance de ganhar muito dinheiro.

É normal ter medo de crise quando nunca se passou por uma. Mas, tanto o investidor de longo prazo,
que toma posições em bons ativos a preços ridículos e simultaneamente defende sua carteira, quanto o

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especulador que vende descoberto, ganhando com a queda das ações, tiram isso de letra e ganham muito di-
nheiro.

Vou, a partir de agora, dividir o mercado financeiro em duas categorias de investidores: os “virgens”, que
nunca passaram por uma crise, e os “vividos”, que já passaram, ao menos, por uma crise.

Um “virgem” quando passa por sua primeira crise fica desesperado e fora do mercado vendo tudo acon-
tecer, lendo jornais, assistindo à Bloomberg, tentando achar a hora em que aquilo acabará e reclamando de
tudo que está acontecendo. Quando tudo acaba, ele pensa: “Até que não foi tão mau assim; não estava tão
ruim quanto dizia o noticiário! Na próxima crise, eu vou ficar rico. Juro que vou!”

Já o “vivido” aproveita a crise para ganhar dinheiro. Não liga para jornais e opiniões sensacionalistas.
Tudo que ele está vendo são ações em liquidação ou possibilidade de fazer um super trade. Quando o “virgem”
deixa de ser virgem e vira “vivido” reza todos os dias para que uma crise estoure no mercado financeiro, para
ele ter mais uma chance de ganhar muito dinheiro. Ajoelha-se todos os dias ao pé da cama e reza para Deus:
“Senhor, suplico-lhe que faça com que aconteça uma crise financeira no mundo, faça com que a bolsa caia 90%
e faça com que minha sogra valha alguma coisa, pois tentarei vendê-la para aplicar em ações”.

Imagine o seguinte: um pai de família vem juntando dinheiro para comprar um apartamento. Junta USD$
300.000,00 em dois anos. Encontra um imóvel de que gosta, mas quando consegue o dinheiro para comprá-lo
à vista, acontece uma especulação imobiliária e o imóvel não custa mais USD$ 300.000,00, e sim USD$
600.000,00. Ele fica chateado, pois havia guardado muito dinheiro e dado um duro danado para ter sua casa
própria, no entanto, agora, aquele dinheiro não é mais suficiente para realizar seu sonho. Vai ter que se con-
tentar com uma casa 50% menor ou então entrar num financiamento. Então, ele decide não mais comprar a
casa. Deixa o dinheiro aplicado e continua morando de aluguel. Até que um belo dia, surge uma crise imobiliária
e a casa que ele queria comprar tem seu valor reduzido para USD$ 350.000,00. O que você acha que ele fará?
Certamente irá comprar a casa, mesmo estando USD$ 50.000,00 acima do valor almejado inicialmente. Graças
à crise, ele consegue comprar a casa desejada.

Crise no mercado é retrocesso, e retrocesso, às vezes, é muito bom, principalmente para quem tem
dinheiro sobrando. Já pensou poder comprar uma ação nos preços em que ela estava cotada 10 anos atrás?
Veja que beleza! Mesmo que esteja um pouco acima do valor, um investidor de longo prazo vai adorar comprá-
la. É exatamente por isso que o investidor fundamentalista não está preocupado em achar o fundo do poço para
comprar. Ele vai comprando até que o mercado, naturalmente, retorne ao seu ciclo normal. Não é apenas o
investidor fundamentalista quem curte a crise, o especulador técnico também a adora, pois tem tendência ní-
tida de baixa para operar, volatilidade, vendendo descoberto e lucrando. Enquanto isso, os “virgens” se deses-
peram.

No mercado, costumo dizer que podemos COMPRAR ou VENDER ágio. Está em nossas mãos escolher de
que lado ficar. Logicamente, eu fico do lado VENDEDOR de ágio e deixo os “virgens” do lado COMPRADOR. Pare
de pensar nos preços dos ativos e comece a pensar no seu retrocesso. Mesmo que o ativo não esteja no preço
que você desejava, se ele retrocedeu, pode ser uma situação excelente, desde que você saiba lidar com ela e
que não seja “virgem”.

O que as ações representam para uma pessoa


A definição de ações é um conceito comum no qual as pessoas não precisam nem perguntar, basta “dar”

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um Google. Ações são pedaços de uma empresa, são cotas. Quando uma empresa abre seu capital, ele é dividido
em ações, sendo que o investidor quando compra ações está comprando parte da empresa.

Após explicar sobre ações, eu costumava perguntar para os alunos o que elas representam para eles.
Alguns respondem investimentos; outros, patrimônio e ninguém responde produto.

As ações, no meu ponto de vista, representam duas coisas. Uma delas é um bem que o investidor adquire
para compor sua riqueza. A outra é um produto (mercadoria) que o trader gosta de comercializar. Nesse caso,
podemos dividir o mercado de capitais em duas categorias: os investidores e os traders.

Os traders veem uma ação como um produto, assim como qualquer comerciante. Eles querem comprar
a mercadoria e revendê-la num preço mais alto no menor tempo possível. Querem fazer girar os seus estoques.
O trader quer movimento na conta, pois esse comércio é sua profissão e ele depende disso para viver e gerar
riqueza. A ideia básica do trader é comprar ações mais baratas e vendê-las por um preço mais alto, sem se
importar com o quanto mais barato ele comprou. Se obteve lucro na operação, para ele está ótimo.

O investidor compra ações, pois acredita que está comprando um bem, que com o passar do tempo irá
se valorizar e, além disso, lhe pagará dividendos. Grande parte das vezes ele não vive de mercado, mas gosta de
comprar ações para aumentar o seu patrimônio. Não vê as ações como um produto, e sim como uma proprie-
dade com potencial de valorização.

Não existe uma categoria certa e outra errada. O que existe são duas categorias que enxergam a mesma
coisa de formas diferentes, uma como comércio e outra como investimento.

Um fato interessante que notei treinando pessoas é que a primeira resposta que o aluno dá é a que ele
levará para o resto da vida e, raramente, dará certo se ele mudar. Lógico que isso é uma observação minha e
não quer dizer que seja verdade, mas conversando com os alunos e lembrando de suas respostas, percebi que
quem respondeu investimento e foi para o trade não deu certo, e quem respondeu produto e optou por aplica-
ções a longo prazo também não obteve sucesso.

No mercado, assim como na vida, um bom comerciante ganha dinheiro e um comerciante ruim perde.
Não é diferente com o investidor, que pode acertar em seus investimentos e ganhar dinheiro ou apostar em
algo errado e perder no longo prazo.

Certamente, o que faz com que grandes perdas aconteçam é o fato do investidor que deveria ver o mer-
cado com visão de longo prazo achar que a ação é uma mercadoria perecível ou então o trader achar que a ação
é um investimento. Os pensamentos se invertem totalmente e o prejuízo é questão de tempo. Os problemas
começam quando um tenta fazer o papel do outro.

Dentro dessas duas escolas, temos uma espécie de guerra fria na qual um não consegue entender o
outro. Em diversos cursos de análise gráfica em que o foco é especulação financeira, alguns participam para
entender como essa escola pensa, porém são investidores de longo prazo. Quando ensino que é necessário
confirmar o movimento ou a tendência e que comprar com um preço mais alto é normal, me perguntam, às
vezes com ar de superioridade, por que comprar algo a USD 102,00 se poderia ser comprado a USD 100,00? Eu
respondo que, para especulação, as ações são mercadorias e temos que analisar a oferta e a demanda. O trader
de curto prazo não está preocupado em comprar no melhor preço. A preocupação dele é a de ter a quem ven-
der, mesmo com um lucro menor e buscar fazer isso o maior número de vezes possível. Ele até poderia comprar

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a USD 100,00, mas ele não sabe se alguém estaria disposto a pagar USD 100,01. Para aumentar suas chances,
ele tem que esperar um pouco mais para saber se teria oferta num valor superior ou então se haveria aumento
de interesse pelo ativo. Pode ser que ele erre, mas, acredite, a confirmação fará com que o trader aumente
seu índice de acerto. Depois disso, com o mesmo ar de superioridade, continua argumentando, fazendo um
paralelo entre um negócio e as ações. Ele diz que se tiver um negócio à venda, como uma lanchonete, por que
ele compraria a USD 100k se o preço de venda no momento é de USD 75k? Quando isso acontece eu respondo
que ele está enxergando as ações como um negócio e não como um produto, de forma que não poderia fazer
essa comparação, pois pensar como investidor e como comerciante não são raciocínios compatíveis. Se formos
comparar a mente de um trader com o exemplo da lanchonete, ele teria que esperar para saber se o interesse
na compra continuaria ainda que o preço subisse muito, pois ele não quer ficar com a lanchonete e ganhar os
rendimentos do negócio e sim, comprá-la e vender depois a um preço superior ao que pagou. Para ele, não vale
a pena comprar a lanchonete por USD 75k e não ter ninguém interessado na compra quando ele quiser vender.
Agora, se o preço da lanchonete estiver subindo, o interesse por ela aumentando e muitos querendo comprá-
la, aí sim, o trader entraria no negócio, pagando um ágio para pular na frente de todos os outros e depois colocá-
la à venda logo em seguida para auferir lucro. Depois de toda a explicação, para não perder a postura, ele
ainda soltaria aquela brilhante frase: “Quem não arrisca não petisca!”

Em seguida eu respondo que ele está correto. Arriscar uma vez ou outra na vida não faz mal. Agora, ficar
arriscando no trade, como profissão, não vale a pena. Na vida você corre risco menos vezes, uma vez ou outra
é que aparece algo para se arriscar. Na bolsa, aparecem várias vezes no mesmo dia. Não seria contar muito com
a sorte, levando em conta que se você arriscar algumas vezes e não der certo, sua profissão acaba e você estará
quebrado? Será que um trader com 20 anos de profissão arriscou todas as vezes que o mercado o desafiou?
Claro que não, pois se ele tivesse feito isso, não chegaria aos 20 anos de profissão, teria quebrado nos primeiros
anos. Lógico que contar com a sorte é sempre bom, mas, no mercado, precisamos nos preparar caso ela não
esteja conosco.

Olhando a explicação, acredito que tenha ficado mais claro o motivo pelo qual não podemos esquecer
qual é o nosso objetivo para com as ações. Não podemos nunca inverter os papéis. Se você for um trader, deve
enxergá-las como um produto, pronto para ser comprado e vendido rapidamente. Se for um investidor, deve
almejar lucros a longo prazo, colher os dividendos que o negócio lhe trará e nunca achar que é um produto
perecível no decorrer dos anos.

Como ser um tolo, trocando 6 por ½ dúzia


Durante uma crise é normal vermos de tudo. As pessoas que têm carteira de ações e são “virgens” ficam
morrendo de medo de ver suas ações perdendo valor e cometem as maiores burradas. Vendem todos os ativos,
têm um grande prejuízo e tentam achar o fundo do poço para entrar comprando novamente. Elas simplesmente
se esquecem do princípio básico do mercado de ações que diz que não existe crise que faça o mercado mudar
de tendência de longo prazo. Logicamente, isso pode se alterar um dia, mas as coisas funcionam assim, para ser
mais preciso, desde 1928 até a publicação deste livro, em 2020. Durante todos esses anos o mercado mais subiu
do que caiu. Vimos todos os tipos de crise e, mesmo assim, o mercado continuou fazendo seu papel capitalista
que é subir e proporcionar lucro aos investidores espertos e prejuízo para os burros.

Muitos investidores não entendem que em uma crise é praticamente impossível achar um ativo que
suba. Quem compra na crise são fundamentalistas, que gostam do ativo e consideram que o preço está justo.
Buscam um objetivo de cinco anos, no mínimo. Para especular com a crise não podemos comprar ativos espe-
rando valorização, mas, sim, vender descoberto para lucrar com as quedas. Parece óbvio, mas durante meus

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cursos e palestras, inclusive os ministrados nos momentos difíceis, era comum ouvir as pessoas falarem em
comprar quando o mercado todo desabava.

Diante de uma possível desvalorização, o investidor inteligente e completo não deixa sua carteira perder
valor. Ele faz operações para protegê-la (hedge). Não permite que suas ações cheguem ao fundo do poço junto
com o mercado. Mostrarei operações de hedge mais à frente.

Outros, inteligentes de longo prazo, que já viveram uma crise e têm dinheiro sobrando, compram mais
ações, buscando baixar o preço médio e, principalmente, aumentar sua participação na empresa, pois sabem
que logo a crise passará e que seu lucro será exorbitante.

Alguns investidores, visando proteger sua carteira, trocam ativos em meio à crise, vendendo uma posição
para comprar outra. Isso é trocar seis por meia dúzia. A situação não vai melhorar só porque ele trocou de ação.
Não se esqueça: na crise, tudo desvaloriza. Claro que podemos buscar alguns ativos mais defensivos, que se
movimentem de forma contrária à bolsa (anticíclico), mas temos que estar cientes de que eles também sofrerão
desvalorização.

Assumir um prejuízo muito grande só para sair da volatilidade da bolsa também é burrice. A bolsa é um
sobe e desce constante e quem entende isso e tem calma para segurar as posições consegue ter sucesso no
longo prazo.

Infelizmente, a filosofia da análise técnica está difundida pelo mundo de forma errada. Ela é mais vanta-
josa para a indústria de corretagem do que para os próprios investidores. Os professores de bolsa ensinam que
comprar e vender ações com Stop é o segredo, quando, na verdade, esse é o segredo para day trade. Para
operações de position trade, investimentos de longo prazo ou até mesmo alguns casos de swing trade, usar o
Stop pode ser a coisa mais estúpida que alguém poderia fazer. Não podemos nos esquecer de que grande parte
dos que ensinam está na indústria de corretagem e ganha também com suas operações. Para eles, é mais
vantajoso ensinar você a operar mais.

Existe outra forma de defender suas operações: fazendo hedge. Isso sim é operar de forma inteligente.
Acontece que, infelizmente, não se ensina a fazê-lo, pois, além de grande parte dos professores não o dominar,
é difícil explicá-lo em um curso relâmpago de final de semana.

Para deixar os investidores tranquilos, desenvolvi algumas regras muito claras para nortear o modo sobre
como investir, como se proteger e como se portar durante vários momentos do mercado. Abaixo seguem as tais
regras, as quais chamo de “regras de tolerância ao caos”.

1º - Mercado sobe e desce; acostume-se. Se não conseguir se acostumar, não opere a bolsa.
2º - Se sua operação é de day trade, sua proteção é o Stop.
3º - Se operar mais longo que o day trade, não utilize Stop. Faça o hedge e deixe o mercado trabalhar natural-
mente.
4º —Não troque ativos na carteira quando o mercado estiver em crise.
5º - Não tente acertar os ativos que sobem em meio à crise. Opere especulando na venda descoberta.
6º - Mantenha-se calmo, pois, o mercado desde 1929 sempre sobe, com crise ou sem ela.
7º - Defenda sua carteira. Não deixe que ela se desvalorize.
8º - Se tiver dinheiro em caixa e for investidor de longo prazo, faça hedge da sua carteira e compre mais ati-
vos, ou baixe o preço médio das suas compras. Vários investidores dizem que é arriscado, mas se suas
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empresas são boas, essa pode ser uma ótima estratégia. Não recomendo que baixe o preço médio quando sua
carteira for composta de somente um ativo. Nesse caso, você aumentará muito sua exposição.
9º - Empresas também quebram, possuem fraudes contábeis entre outros problemas. Desta forma, se você
não conhecer profundamente a empresa, diversifique. Lembre-se sempre de que nenhuma empresa é grande
demais para quebrar.

Tratando seus investimentos como um fundo trata


suas cotas
Investidores que começam a operar por conta própria e não se profissionalizam, não tratam seus inves-
timentos da mesma forma que um fundo de investimentos trata suas cotas. Para eles, ter uma rentabilidade
positiva é o que importa, e não o quanto de rentabilidade estão tendo. Estar acima da renda fixa já lhes parece
um sucesso. Esse é um dos pensamentos mais errados que um investidor pode ter. Não se pode comparar bolsa
de valores com renda fixa pois os riscos são diferentes. Quando você usa um instrumento para operar, tem que
ter como benchmark um índice com o risco igual ou muito parecido.

Antes de falar sobre isso, vamos definir o que é um benchmark. De forma rápida, trata-se de um processo
comparativo entre duas coisas. Quando você está investindo, é necessário seguir e ter como objetivo um ins-
trumento com risco parecido para saber como está se saindo. Se estiver acima do benchmark, quer dizer que
sua estratégia está indo bem. Se estiver abaixo do benchmark, sua estratégia está indo mal. Veja um exemplo:
um investidor fica feliz por estar fazendo 25% de rentabilidade ao ano. Realmente não está ruim, está positivo.
Mas a bolsa de valores do seu país andou, no mesmo período, 55%. Será que essa rentabilidade está realmente
adequada? Não seria melhor se nesse período o investidor tivesse comprado um fundo de índice e ido passear
na praia com sua família? Certamente, diante de sua estratégia horrível, a resposta seria sim. Para mim, qual-
quer investidor que se preze deve ficar, no mínimo, 30% acima do benchmark. Caso não consiga essa marca,
melhor não perder tempo e não fazer uma gestão ativa de seu dinheiro.

E quando o investidor perde dinheiro? Será que ele está indo mal? A resposta é não! Se perder menos
que o benchmark, estará ótimo. Quando entra uma crise, a maioria dos fundos de ações fica negativo. O melhor
gestor é o que fica menos. Portanto, haverá momentos do mercado em que você ficará negativo. Não se deses-
pere. Se estiver menos negativo que seu benchmark, fique feliz, pois estará dentro dos padrões dos
melhores gestores do mundo.

O benchmark deve ser justo. Quando afirmo isso, quero dizer que é preciso buscar um índice que tenha
a mesma classificação de risco que está correndo. Não se deve comparar renda fixa com bolsa, pois os riscos
são muito diferentes. Se estiver operando o mercado americano de ações, seu benchmark será o DJI ou o
S&P500. Se o mercado de ações for o alemão, seu benchmark será o DAX.

Veja um exemplo de carteira ruim:

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Figura 01

Durante todo o período, a carteira está abaixo do benchmark.


Veja um exemplo de carteira boa:

Figura 02

Perceba que ela se manteve acima do benchmark por todo o tempo, até mesmo nos momentos negati-
vos. Se você perde 5% e seu benchmark perde 7%, tudo bem, você caiu menos que ele. Parabéns!

A revolução dos estudos computacionais e como a


análise moderna pode nos ajudar
Não podemos negar que a tecnologia chegou para nos ajudar. Ela contribuiu significativamente para o
mercado financeiro. Antigamente, as cotações eram passadas por rádio e todos ficavam conectados, tomando
suas decisões. Gráfico histórico era raridade e as notícias demoravam a chegar. Tempos difíceis para todos. Mas
a tecnologia chegou e você deve utilizá-la a seu favor, caso contrário, ficará para trás. Notícias nacionais e inter-
nacionais chegam rapidamente aos nossos terminais. Acompanhamos os discursos do FED ao vivo, bem como
a divulgação, em tempo real, de indicadores de todo o mundo. Enfim, tudo está globalizado e uma notícia im-
pactante na China pode mudar o rumo dos demais mercados. Pode-se dizer que, agora, os mercados estão
SUPER-RELACIONADOS.

Uma das coisas mais importantes que a tecnologia nos trouxe foi a possibilidade de efetuar testes na
base histórica e avaliar nossa estratégia. Antigamente essa prática era impossível.

O backtesting, na minha opinião, é uma ferramenta fundamental para os traders. Consiste em programar a
estratégia por meio de um computador e fazer testes na base histórica com o intuito de levantar as estatísticas,
bem como ajustá-las para maximizar os resultados. Além disso, é possível testá-la em diferentes ativos e
mercados para saber se será vencedora no longo prazo e verificar em que situação ela melhor se aplica. Com o

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backtesting, você avalia o passado, tentando prever o futuro. Se sua estratégia foi boa nos últimos 20 anos de
pregão, é bem provável que ela continue sendo vencedora no futuro. Seria muita falta de sorte se começasse a
dar prejuízo justamente quando você começou a utilizá-la. Costumo afirmar que quando isso acontece é Deus
dizendo que não poderá ganhar dinheiro nunca. Brinco que ficar pobre é a sua sina.

O grande problema do backtesting é que poucas pessoas têm acesso a ele. Muitas vezes, para fazê-lo, é
necessário conhecimento em programação. Ou não se tem esse conhecimento, ou o custo da programação é
desestimulante. Recomendo que todos comecem a estudar linguagens para backtesting. Existem no mercado
alguns programas mais simples para testes na base histórica. Vale dizer que suas funcionalidades são bem limi-
tadas.

Descreverei com mais calma como construir seu tradesystem com alta performance e explicarei melhor
como os testes na base histórica funcionam.

Basicamente, o backtesting fornece informações importantes durante a simulação de desempenho de


sua estratégia no passado, como o número de operações de compra, o número de operações de venda desco-
berto, o número de acertos consecutivos, o número de erros consecutivos, média de lucro, entre outras. Com
o backtesting pode-se verificar como, supostamente, seria a curva de capital.

O conceito de backtesting está vinculado à análise quantitativa e técnica. Fica a impressão de que sua
utilização é exclusiva para essas duas escolas, porém é importante saber que fundamentalistas também podem
utilizar dessa ferramenta para testar suas estratégias. Obviamente, os dados utilizados para avaliação serão
diferentes, mas a importância do teste de estratégia é a mesma de um analista técnico e de um fundamentalista.
Imagine que o fundamentalista quer saber se a compra para longo prazo sempre que o P/PVA e PL estiverem
baixos seria uma estratégia correta. Nesse caso, ele configuraria e rodaria essa estratégia em diversos ativos e
teria o resultado estatístico para avaliar. Podemos até fazer os testes usando as duas escolas juntas (técnicas e
fundamentalista). Enfim, usando o backtesting as avaliações são infinitas.

Curva de capital e o Trader cego

A curva de capital é importantíssima para qualquer trader ou investidor. Poucos se dão ao trabalho de
alimentar uma planilha com todas as operações que já realizaram, para depois calcular as estatísticas da estra-
tégia e plotar a curva de capital. Ao trader, no entanto, é crucial controlar suas operações e manter-se organi-
zado. A curva demonstra graficamente como está seu desempenho. Abaixo, veja um exemplo que considero
interessante.

Figura 3

27
*No gráfico: Quanto mais íngreme e com menos oscilação, melhor.

Agora, veja uma curva de capital ruim.

Figure 4
*No gráfico: Para esse, a bolsa é a universidade mais cara que existe

Com o backtesting é possível simular como está sua curva de capital e melhorá-la, utilizando o compu-
tador como arma para realizar o ajuste fino. Por exemplo, uma modificação na configuração de um indicador
técnico pode influenciar profundamente sua linha de capital. Outro fator fundamental que mexe muito com a
curva de capital é a relação Stop/ganho, sobre a qual falaremos mais à frente.

Quando fazemos a simulação da curva de capital antes de iniciar nossas operações, podemos avaliar
nossa estratégia. Quem não se submete à simulação, testa a estratégia com dinheiro real, e esse é o maior erro
que um trader pode cometer. Para essas pessoas, o ditado que diz que a bolsa de valores é a faculdade mais
cara que existe, é verdadeiro. Estão usando dinheiro real para aprender, enquanto um trader esperto faz todas
as simulações em um computador antes de entrar no mercado, buscando aumentar ao máximo a performance
de sua estratégia.

Muitos demoram para descobrir que sua curva de capital é lateral; operam o mercado durante vários
anos e não saem do lugar, ou têm um ganho/perda pequenos. Acredite, já fiz teste na base histórica para muita
gente e afirmo, com propriedade, que não é fácil arrumar uma estratégia para ganhar dinheiro. Arriscaria dizer
que 95% das estratégias que me pedem para automatizar perdem dinheiro. É ilusão um trader pensar que achou
a fórmula mágica, simplesmente observando os pontos de compra e venda nos gráficos.

Quando trocamos os testes computacionais pelo “olhômetro”, nossa mente tende a nos roubar. Não
operamos em todos os pontos de compra e venda e, se um erro acontece, dizemos para nós mesmos que não
entramos nesses pontos pelo motivo X, Y ou Z. Inventamos um motivo para nos roubar, essa é a verdade. O
aspecto positivo do computador é que ele foi programado para fazer aquilo e pronto, não importa se a operação
deu certo ou errado. Ele não tem a intenção de nos roubar. É por isso que na teoria modernosa de trades,
pessoas estão abrindo mão do lado emocional para automatizar tudo. O robô é melhor que o ser humano,
exatamente porque não pensa e não tem sentimentos. Ele compra quando tem que comprar e vende quando
tem que vender. O ser humano, ao contrário, pensa em tudo, perde o timing do trade e, principalmente, mata
por completo a estratégia.

Não adianta nada você fazer o teste na base histórica e ter resultado positivo se, quando tem que operar

28
na realidade, deixa de seguir a estratégia ou dá vazão a sentimentos que o impedem de segui-la rigorosamente.
Logicamente, você não terá o mesmo sucesso que teve no backtesting. Vamos exemplificar: imagine um trader
que utiliza como estratégia um seguidor de tendência. Nesse tipo de prática, o número de erros é muito grande,
porém, quando existe o acerto, o lucro também é muito grande. Na maioria das vezes isso acontece quando se
pega uma tendência. Veja na imagem abaixo a curva de capital simulada no computador.

*No gráfico: Perceba que na maioria das vezes, durante um tempo, pelo fato de o mercado ficar lateral, a estra-
tégia seguidora de tendência perde sua performance.

Figura 5

Imagine o que teria acontecido se o trader não tivesse seguido a estratégia “ao pé da letra”.

*No gráfico: O trader, por algum motivo, teria ficado fora de um movimento importante por determinado pe-
ríodo, comprometendo sua rentabilidade.

Figura 6

No gráfico seguinte, tem-se a mesma estratégia e período, com a diferença de que o trader ficou fora
de uma única operação. Veja o estrago feito na curva de capital.

Aprenda a seguinte lição: se vai seguir uma estratégia, faça isso como um robô; compre quando tiver
que comprar e venda quando tiver que vender, todos os dias. Caso contrário, um único deslize psicológico que
o deixe fora de uma operação poderá acabar com toda a sua estratégia e afetar profundamente sua rentabili-
dade. Até mesmo aquele dia em que estiver fora do mercado, passeando ou afastado por doença, poderá pre-
judicá-lo.

A pedreira do mercado no futuro


O mercado financeiro global mudou muito em termos de liquidez e volatilidade e continuará se trans-
formando. Antigamente era comum ouvirmos a frase: “Compre e esqueça, pois, a bolsa é investimento de longo

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prazo.” Pode até ser, pelo menos até o momento em que este livro está sendo escrito. Mas o que temos visto é
um aumento de liquidez exponencial, que certamente trará para o mercado de bolsa de valores algumas mu-
danças. Vou dizer como isso funcionará daqui a alguns anos.

A automação de estratégias scalpers (curtíssimo prazo) —algumas contemplando até milissegundos —


está cada dia mais popular, o que tem representado um volume financeiro expressivo em todas as bolsas de
valores. Pessoas operam para ganhar spread em centavos e esse tipo de operação alavanca o volume das bolsas.
O aumento da liquidez, diminui a diferença entre compra e venda (spread). Os movimentos do mercado são
menores, diminuindo a intensidade das altas e baixas e reduzindo a volatilidade.

Um estudo realizado na NYSE mostrou que os spreads entre os anos de 2007 e 2009, quando se iniciou
o uso de algoritmos de alta frequência, caiu, se comparado com o período de 2002 a 2006.

Movimentos cíclicos de 1000% de alta como os que vimos, infelizmente, no futuro não serão mais tão
frequentes, pois o mercado com liquidez muito alta pode travar. Comparemos, por exemplo, os ativos de alta
liquidez com os de baixa. Nos de alta, há menos movimento; nos de baixa, além do spread ser mais alto, os
movimentos são mais agressivos, tanto para cima quanto para baixo. Quando o mercado trava, temos que
operar utilizando ferramentas e estratégias diferenciadas. Certamente, se isso acontecer, baixando a
volatilidade e aumentando a liquidez, as corretoras terão que dar margem para os investidores ganharem
dinheiro. Chamamos isso de alavancagem. Como o mercado se movimenta pouco, a corretora faz com que o
investidor alavanque mais, pois ela percebe que o risco de quebrar a conta diminui devido à baixa volatilidade
do mercado. Nesse processo de alavancagem, o risco das operações precisa ser mais controlado e as estratégias,
de menor prazo. Além disso, no futuro os programas serão mais amigáveis em relação à automação de
operações, e os traders estarão melhor preparados para utilizá-los. Daí ser imprescindível o desenvolvimento
de habilidades computacionais. Não estou dizendo que o investimento de longo prazo será impossível, mas os
movimentos certamente serão menores. Vemos isso quando analisamos os ganhos de grandes fundos
fundamentalistas com visão de longo prazo. Alguns reduziram tanto suas margens de lucro que levaram diversos
gestores a reclamar da utilização desses robôs no mercado.

Se o mercado continuar aumentando a liquidez nesse ritmo e se a oferta de novas empresas na bolsa
continuar lenta, esse problema se potencializará e poderá aparecer mais rapidamente. Quanto maior o número
de empresas de capital aberto, maior a dissipação de liquidez.

Não se impressione, portanto, se daqui a 30 anos tudo que você conhecer de Position Trade e Buy & Hold
se modificar bastante. Por essa perspectiva, no futuro, o mercado estará muito mais difícil para operações mais
longas e terá margens mais apertadas. A alavancagem nesse caso será primordial para auferir ganhos.

É necessário que haja crescimento contínuo e proporcional na oferta de empresas de capital aberto para
que durante os anos o mercado continue oferecendo uma boa proporção de lucro no longo prazo.

Venda a descoberto, operando o caos


Gosto de iniciar meus cursos e livros passando alguns conceitos que julgo importantes e que grande
parte das pessoas desconhece. Um deles é o da venda a descoberto.

Na crise de 2008, quando tudo estava um caos, pessoas das rodas sociais e do campo de golfe por mim
frequentado me perguntavam o que eu fazia para ganhar a vida. Quando respondia que trabalhava com bolsa

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de valores, muitas delas colocavam a mão na cabeça e diziam: “Coitado, deve estar passando por uma situação
financeira horrível”. Mas quando me viam saindo com meu carro mudavam um pouco de ideia. Na realidade,
nunca soube se estavam realmente preocupados comigo ou felizes por não estarem na mesma situação que eu.

Quando eu dizia que o ano de 2008 tinha sido um dos melhores anos para ganhar dinheiro, causava certo
estranhamento. Alguns achavam que eu era um mentiroso e que não queria dar o braço a torcer. Perdia uns
cinco minutos explicando-lhes como a venda a descoberto funcionava, como as tendências agiam no mercado
e, logo que acabavam as explicações, me perguntavam se eu não poderia cuidar do dinheiro deles.

A população acha que só se ganha dinheiro na bolsa de valores comprando na baixa e vendendo na alta.
Essa condição é realmente fantástica, mas, para contar com ela, é necessário possuir uma bola de cristal. Poucos
sabem que existe uma operação chamada “venda a descoberto”, com a qual se ganha quando a bolsa cai, e se
perde quando ela sobe.

Grandes fundos de investimentos possuem ações em sua carteira das quais não podem se desfazer, faça
chuva ou faça sol. Além disso, alguns investidores de longo prazo também não querem se desfazer dos ativos.
Para tentar rentabilizar um pouco mais seus investimentos, esses grandes fundos e investidores alugam
suas ações, mas continuam ganhando os dividendos.

As ações não têm distinção, são idênticas. E quando são alugadas, podemos vendê-las e depois recom-
prá-las por um preço mais baixo. É difícil ensinar para uma pessoa comum essa operação, pois muito de sua
educação financeira vem de investimentos em renda fixa e imóveis. No caso do investimento imobiliário, o pen-
samento seria o seguinte: “Como posso vender alguma coisa que está alugada?”

Como afirmei acima, as ações são iguais. Dessa forma, se você vender e recomprar para devolver, o
locador (no mercado financeiro recebe o nome de doador) receberá uma ação idêntica. É claro que estou apenas
dando um exemplo para facilitar seu entendimento. Na realidade, como a ação fica custodiada em um centro
de custódia, nem o locador, nem o locatário (no mercado financeiro recebe o nome de tomador) encostam nos
papéis.

Continuando o raciocínio, se vender uma ação alugada e recomprar quando estiver mais barata, ganhará
dinheiro se a ação desvalorizar e perderá, se ela valorizar.

Minha intenção ao escrever este livro é ensinar sobre análise técnica, negócios e mercado de capitais.
Como será traduzido para diversos idiomas e, portanto, destinado a diversos países, cada qual com sua bolsa e
minúcias de regulamentação, me limitarei a explicar como se dá o mecanismo dessa operação. A seguir, um
gráfico comentado.

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Figura 7

Demonstração matemática simples

Para deixar claro como tudo funciona, nessa demonstração matemática não levaremos em consideração
o custo de corretagem, nem os juros da locação.

➔ Quando a ação cai


Alugou e vendeu a ação por R$ 10,00
Mercado caiu e você recomprou a ação por R$ 8,00
Você lucrou nessa operação R$ 2,00.

➔ Quando a ação sobe


Alugou e vendeu a ação por R$ 10,00
Mercado subiu e você recomprou a ação por R$ 14,00
Você perdeu nessa operação R$ 4,00.

O aluguel de ações ou BTC, no jargão de mercado, costuma cobrar juros bem pequenos. Quanto mais
liquidez tem a ação, mais papéis temos disponíveis para locação, porém, como qualquer coisa que dependa da
oferta × demanda, quando o mercado desaba e muitos começam a fazer locações para obter ganhos na queda,
o estoque de ações diminui e os custos aumentam.

A operação de venda a descoberto apresenta mais risco do que as operações-padrão de compra pelo
custo ser mais alto (paga juros) e o principal de todos, pelo fato do mercado mais subir do que cair. Lembre-se
lá no começo que eu disse que se for para apostar, sempre aposte na alta, porém quando temos um movimento
de curto/médio prazo nítido de queda podemos explorar essa oportunidade, mas tenha ciência de que acertar
na venda descoberto é muito mais difícil, pois a estatística está contra você.

Outra informação importantíssima: quando você está operando a descoberto, seu lucro é limitado e suas

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perdas são ilimitadas. Imagine que uma ação pode subir infinitamente, mas só pode cair até o zero. Ela nunca
ficará negativa, então, sempre que entrar numa operação de venda a descoberto, é primordial definir bem seus
objetivos e STOPS.

Quando você monta uma operação de venda a descoberto, se o mercado subir, você perde; se ele cair,
você ganha. Assim, quanto mais forte e nítida for a tendência de baixa, melhor.

Em uma aplicação day trade, é importante saber que não é necessário fazermos o aluguel da ação, basta
realizar a venda a descoberto e recomprar a mesma quantidade de ações no mesmo dia, zerando a operação.
Dessa forma, no fechamento do pregão, seu saldo de ações será zero.

O psicológico é fator de sucesso


Por que um robô opera melhor que um ser humano? Essa resposta é bem simples: porque um robô não
tem sentimentos. Ele foi programado para fazer as coisas e as faz na hora certa, sem hesitar. O ser humano tem
sentimentos que atrapalham as operações no mercado financeiro. Quando operar, seja como os robôs, total-
mente frio e sem emoções. Logicamente, isso será difícil, pois as emoções fazem parte da natureza humana. O
que se pode fazer é minimizá-las. Neste capítulo, ensinarei a controlar as emoções e a detectar os problemas
psicológicos.

A profissão de trader é extremamente solitária e, grande parte das vezes, chata. Imagine uma pessoa
passar oito horas na frente de um computador, sem falar com quase ninguém. Eu costumo brincar, dizendo que
você surta e não tem ninguém para dizer que está surtado. Um exímio trader deve sempre fazer o que os psi-
cólogos chamam de autoanálise: tentar identificar o que está acontecendo consigo mesmo. Os problemas psi-
cológicos são alguns dos maiores vilões das operações em bolsa. E o pior: eles nunca acabarão; ao contrário,
surgirão em diversas fases de sua vida de investidor. Mantenha-se, portanto, sempre atento. Como opero di-
versas bolsas há muitos anos, passei por todos esses problemas e, infelizmente, muitas vezes eles ainda retor-
nam.

Um dos primeiros escritores a pensar sobre a questão psicológica foi meu amigo Dr. Alexander Elder, o
qual recomendo fortemente a leitura.

Veja os problemas mais comuns, suas causas e aprenda a minimizá-los.

Problema: frio na barriga

Causa: existem diversos motivos para esse problema. Os mais comuns são falta de conhecimento e de
segurança nas operações. Acontece muito quando se começa a investir sem conhecer bem a plataforma. Não
se sabe se a ordem foi executada ou não, se o lote foi correto, se comprou ou vendeu no preço desejado etc.
Mediante qualquer tipo de incerteza, esse problema surge. Para traders experientes, ele pode aparecer quando
se aplica uma nova teoria, operando o mercado de um país que lhe seja novo, ou usando algum instrumento
financeiro inédito.

Solução: se estiver inseguro, busque estudar e aprofundar seus conhecimentos. Reduza o capital investido para
sentir-se mais confortável. Assim que se sentir seguro, aumente sua posição.

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Problema: aumento do número de operações

Causa: esse é um dos problemas mais comuns, principalmente para traders experientes. Pode ser causado por
um grande erro ou também por tédio. Quando um trader comete um equívoco muito grande, tenta recuperar
o prejuízo operando mais vezes, sem seguir a estratégia inicial. O tédio também é responsável por esse tipo de
problema. Se o mercado ficar parado por alguns dias, sem operações claras, o trader, cuja profissão é solitária,
começará a operar para matar o tempo. Fará operações ridículas, com pouco lucro e, em grande parte das vezes,
terá prejuízo.

Solução: planeje suas operações e siga o planejamento. Melhor do que isso, siga à risca seu tradesystem. Não
mexa na sua estratégia no meio do caminho. Quando o mercado estiver ruim, saia e vá curtir sua família. Ele
estará à sua disposição quando retornar.

Problema: erros seguidos nas operações

Causa: o mercado muda de direção, mas o investidor não percebe e continua usando a mesma estratégia. Ele
começa a perder até que identifique a mudança. Outro fator que pode causar desvio de atenção e provocar
erros são problemas de ordem pessoal.

Solução: se perceber que está errando muito, pare tudo e verifique se o mercado mudou. Se estiver com pro-
blemas pessoais, pare de operar e resolva-os. Nessa profissão, sem paz de espírito, não existe possibilidade de
dar certo.

Problema: nervosismo e irritabilidade

Causa: o trader não dedica 100% de seu tempo ao mercado. Como exemplo, considere uma pessoa que quer
fazer day trade enquanto trabalha. O telefone toca, pessoas entram na sala, há conversas, fazendo com que
ela se irrite. Quando o trader é profissional, também é comum ser incomodado durante as operações por pes-
soas que adentram sua sala, como filhos e esposa. No meio de uma operação rápida, qualquer distração irrita.
Para se dedicar ao mercado, é preciso estar tranquilo e não sofrer interrupções.

Solução: se você opera em casa é recomendado avisar a todos da família para não ser incomodado, afinal,
essa é sua profissão e, quando está se dedicando a ela, é importante estar 100% concentrado. Day trader é
uma profissão; não pode ser dividida com outros negócios. Por isso, se você trabalha fora do mercado, deve
fazê-lo nos seus dias de folga ou nas férias. Não é possível conciliar trabalho com day trade.

Problema: falta de paciência

Causa: o mercado está lateral ou com baixa volatilidade. O trader fica impaciente, pois quer operar e o mer-
cado não lhe dá entrada/saída.

Solução: se o mercado estiver muito calmo, estude ou dê um tempo. Assim que voltar, ele estará o esperando.
Certamente, haverá uma operação boa para fazer.

Problema: estopa antes de chegar ao ponto de Stop

Causa: mudança de estratégia no meio do caminho gerada pelo medo de perdas muito grandes. Comum em

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traders que utilizam um capital muito alto para operar. Quando se monta uma operação de day trade, há um
ponto de entrada, saída e Stop. O Stop já é calculado e mostra até onde se permite perder. Muita gente fina-
liza a operação quando ela está indo contra, antes mesmo de chegar ao Stop. Esse é um dos grandes erros que
os traders cometem: estopar antes do planejado e realizar lucro muito cedo.

Solução: siga o seu tradesystem sempre. Assim como a morte é uma certeza na vida, o Stop é uma certeza nas
operações de curto prazo.

Problema: entra e sai rapidamente

Causa: medo exagerado. Acontece quando o trader está usando dinheiro muito importante no mercado. Quer
arriscar muito pouco e ganhar pouco também. Comum quando se está utilizando alavancagem excessiva.

Solução: reduza seu lote e só coloque na bolsa o que você pode perder. Não que você vá perder tudo. Pode
até acontecer, mas você tem que ser um operador horrível para perder tudo, sem utilizar alavancagem ou de-
rivativos.

Tamanho do lote: o maior vilão dos problemas psico-


lógicos
Sem sombra de dúvidas, o maior vilão de todos os traders é o tamanho do lote. Não me refiro ao manejo
de risco ainda, e, sim, sobre a importância que o dinheiro investido na bolsa tem para você. Chamo isso de “lote
tranquilizador”. Antes de começar a investir, é necessário saber que a bolsa de valores é um sobe e desce cons-
tante, com alta volatilidade. Além disso, há uma pitada de risco. Pensando assim, o capital direcionado para a
bolsa deve ser uma quantia que, se for perdida, não lhe trará grandes prejuízos financeiros e pessoais. Logica-
mente, é muito difícil perder tudo na bolsa. Se você não estiver alavancado, ou mexendo com derivativos, diria
que é quase impossível. De qualquer maneira, se usar toda a sua poupança para fazer trade, ficará totalmente
fora de si. Todos os problemas psicológicos descritos no capítulo anterior serão experimentados com muita
intensidade. Considerando esse aspecto, reduza seu capital.

Ajuste o lote em relação ao seu psicológico. Se colocar pouco dinheiro, não agirá corretamente, pois
não fará diferença ganhar ou perder. Pensará: “A quantia é pequena mesmo”. Se colocar muito dinheiro, seu
instinto protetor fará com que você trave.

Se achar o seu “lote tranquilizador”, conseguirá operar como um robô, de forma tranquila, minimizando
ao máximo os sentimentos e seguindo à risca o seu tradesystem. Grande parte dos investidores bem-sucedidos
que conheço possuem seus lotes bem administrados e não investem somente em renda variável. Possuem

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imóveis, renda fixa e outros investimentos seguros. Usam a bolsa somente para dar uma “apimentada” no port-
fólio.

Eu tive um aluno, pessoa muito legal por sinal, que tinha acabado de se casar. Ele e a esposa juntaram
dinheiro para comprar uma casa e decidiram que o aplicariam totalmente em operações de day trade para
tentar comprar um imóvel melhor. Aconselhei esse aluno a ter cuidado com o mercado e acompanhei
praticamente todas as suas operações. Ele realmente conseguiu comprar uma casa maior, porém entrava e saía
rapidamente do mercado. Ganhava alguns centavos e encerrava a operação. O resultado foi satisfatório. Ele
chegou ao objetivo, mas, se tivesse mais tranquilidade para operar, poderia ter comprado várias casas. O ins-
tinto protetor, causado pelo uso de dinheiro muito importante, travou bastante sua rentabilidade.

Procure seu ’lote tranquilizador’ antes de iniciar suas operações e opere tranquilo!

Bolsa é uma maratona e não 100 metros rasos

Depois de 30.000 treinamentos digo-lhe que é extremamente normal encontrar pessoas que pensam
que ficarão milionárias rapidamente com a bolsa de valores. O mercado financeiro é cruel com esse tipo de
gente. Dentre os inúmeros diálogos que tive com alunos, selecionei um para transcrever aqui, que ilustra bem
essa situação.

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Anotei na minha agenda o dia em que entraria em contato com aquele aluno. Acho que ele não acreditou
que eu ligaria, mas sempre cumpro com minha palavra. Quando liguei, ele ficou surpreso. Disse-lhe que estava
ligando para saber o resultado. “Vai que eu estava diante do próximo Warren Buffett” —brinquei. Ele deu risada
e me disse que havia perdido, aproximadamente, 23% do capital e que tinha saído da bolsa. Disse-lhe que sentia
muito e perguntei se meus ensinamentos não haviam sido válidos. Ele me respondeu que todos eles foram
extremamente válidos, desde a teoria até a nossa conversa no café, porém a vontade de ficar rico era maior
que a sobriedade. Acabou tomando posições grandes e alavancadas para alcançar a meta e se atrapalhou bas-
tante com o risco.

Não sei qual o seu desejo como investidor. Pode até acontecer de ficar rico muito rápido, fazendo algo

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como 10.000% em um ano, só que a probabilidade disso acontecer é muito remota. Em cinco anos, essa renta-
bilidade é bem mais plausível e, em dez anos, é ainda maior. Não se trata de velocidade, mas de constância.
Quanto mais positivo e constante você for, melhor será.

Se protegermos ao máximo nosso capital das perdas, o lucro será uma consequência e, no tempo certo,
trará retornos satisfatórios. Como em qualquer outro investimento, quanto maior a rentabilidade, maior será o
risco. No mercado financeiro não existem milagres; a margem para erro é quase nula. Se quiser ter um retorno
alto e rápido, o risco será alto também.

A bolsa vicia mais do que cassino, cuidado!


Frio na barriga, nervosismo, coisas piscando na tela. Tenha certeza de que o mercado financeiro é pro-
vocativo. Segundo um estudo, a bolsa de valores vicia mais do que um cassino. Alguns acham que ela é um vídeo
game de adulto. Claro, para esses, ela não é levada a sério.

Existem pessoas que ficam mal-humoradas quando chega o final de semana, pois, com o mercado fe-
chado, não poderão operar. Vivem dia e noite de suas vidas pensando em dinheiro e se esquecem da família e
dos amigos.
Pode ligar! Faço questão.
Grande parte dos traders profissionais que conheço são divorciados. Não souberam conciliar o trabalho
no mercado com a família. É preciso separar os horários e buscar, nas horas livres, esquecer da bolsa de valores.
Como sempre digo, a bolsa estará sempre o esperando, mas a família e os amigos não terão a mesma paciência.

Tem gente tão viciada em bolsa, que opera o mercado durante o dia e à noite se dedica ao mercado de
FOREX, que funciona 24 horas por dia.

Vou contar uma história interessante. Uma moça ligou em meu escritório, me procurando. Como estava
operando e não podia atender, minha secretária, D. Iracema, anotou o telefone e no primeiro momento de
descanso, entrei em contato com aquela jovem cujo casamento estava indo para o buraco. Sua preocupação,
no entanto, não era com o matrimônio, mas sim com a saúde do cônjuge. Contou-me que seu marido passava
dia e noite diante do computador, dedicando-se à bolsa de valores e que tal atitude o estava prejudicando
absurdamente. Pediu-me que o procurasse para conversar, pois ele acompanhava muito o meu trabalho e me
admirava como analista técnico. Respondi que não seria possível, pois sequer o conhecia, assim como também
não a conhecia. Ela me pediu um e-mail para enviar algumas fotos do marido, datada há um ano antes de co-
meçar a se dedicar ao mercado e outra no momento atual. Relutei um pouco, mas ela me convenceu. Passei
meu endereço de e-mail e recebi as fotos, com ela ainda na linha. Assim que as vi, pedi à moça que preparasse
um jantar, pois queria conversar com seu marido. Perguntei se, de fato, se tratava da mesma pessoa. Nunca
imaginei que a bolsa pudesse fazer aquilo com um homem. Na foto do casamento, ele estava corado, forte, de
cabelo penteado e limpo. Na foto tirada após sua experiência na bolsa, apresentava uma barba enorme e

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malfeita, cabelo sem corte, estava magro e completamente pálido. Não podia deixar, em hipótese alguma, que
aquele homem continuasse com aquela loucura.

No dia do jantar, em uma casa arrumada, fui recebido muito bem por ele, mesmo não me conhecendo
pessoalmente. Começou a me contar que estava ganhando dinheiro, mas não muito. Sua rentabilidade não
estava tão boa e ele não conseguia ficar longe da bolsa. Depois de muita conversa, sugeri uma consulta a um
psiquiatra e disse-lhe que se continuasse naquele ritmo, poderia morrer. Foi uma choradeira à mesa; a comida
não me descia mais. Realmente aquele homem estava num estado de putrefação, completamente perturbado.
Ele passava o dia todo operando o mercado de ações e opções e, quando o mercado fechava, operava FOREX
durante toda a noite. Dormia somente, pasmem, quatro horas diárias.

Uma das coisas que salvou aquele homem foi ele ter ido buscar a ajuda de um psiquiatra, conforme
sugeri. Depois que começou a tomar remédios, ficou mais calmo e voltou a sua vida normal. Outra coisa que
havíamos combinado durante o jantar foi que ele teria que optar por um dos mercados para operar: ações ou
FOREX. Não poderia fazer as duas coisas. Hoje ele vive tranquilo com sua esposa que, até a publicação deste
livro, espera um filho.

Nessa história existem dois problemas sérios. O primeiro é composto pelo vício na bolsa, a ganância e a
sede de vitória. O outro chama-se overtrade. Já sofri com isso e é realmente uma coisa maluca. Quando você
opera muito, sem o devido descanso, sua mente para de trabalhar ao seu favor. Você pode ser o melhor trader
do universo, mas, se estiver cansado, sua capacidade de processamento e raciocínio cai e você começa a errar
muitas vezes.

O mais interessante é que, para acontecer o overtrade, você não precisa ficar como o homem do caso
acima, operando vários dias e dormindo pouco. Tem gente que tem overtrade depois de quatro horas seguidas
de pregão. Não é muito se formos pensar, mas o esforço mental é tão grande durante um bom dia de operações
que cansa demais. É recomendável que depois de algumas horas de trades, faça-se um descanso. Isso irá dimi-
nuir o overtrade.

Defendendo sua carteira em tempos de crise


É comum encontrar pessoas que acham que a única maneira de defender sua carteira de ações de mé-
dio/longo prazo durante uma crise é encerrando suas posições. Obviamente, investidores de longo prazo não
devem encerrar suas posições se o mercado cair, ou se estourar uma crise. A proteção de uma carteira é neces-
sária mesmo que ela seja de longo prazo. Existem diversas formas inteligentes de defendê-la. Vou falar das
mais comuns que poderão ser aplicadas à maioria dos mercados.

Meu avô, quando ficou sabendo que eu trabalhava com bolsa de valores, disse-me que isso era coisa do
capeta e que ele não investia dinheiro nela de jeito nenhum. Achei uma ignorância incrível, mas depois comecei
a entender que havia fundamento no que ele dizia. Na época em que ele experimentou a bolsa, as coisas eram
diferentes; não existia uma importante ferramenta chamada Stop. E como cachorro que foi mordido por cobra
tem medo de linguiça, passei a entender seu ponto de vista. Para quem não sabe, quando se entra em uma
operação de curto prazo, deve-se definir o objetivo/alvo, o preço que irá comprar/vender e o Stop. Este último
mostra até que ponto se está disposto a perder e, quando a operação atingir esse valor, o sistema encerra a
operação automaticamente. Certamente, se meu avô conhecesse o Stop ou alguma outra forma de defender
sua carteira, ele teria uma outra impressão a respeito da bolsa.

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A má impressão não é saudável, pois quando alguém “toma ferro” na bolsa, sai nervoso, chateado e
acaba se tornando um agente multiplicador negativo. Fico imaginando para quantas pessoas, em todos esses
anos, meu avô disse que a bolsa era coisa do tinhoso.

Utilizar Stop é indispensável em operações curtas, para cujo sentido o mercado deve se dirigir rapida-
mente. Se o mercado não for para a direção desejada, a operação deverá ser encerrada e o trader terá que
procurar outra entrada no mesmo ativo ou em outros.

Nas operações de médio e longo prazo, acredito que utilizar o Stop para mitigar o risco seja simplesmente
a maneira mais estúpida de se proteger. Infelizmente, a política dos Stops está muito difundida em todo o
mundo e ela realmente é importante, porém, em alguns casos, é a maior burrice que um trader pode cometer.
Na realidade, não se pode culpar as pessoas, pois elas pagam para aprender. Compram livros, cursos, fazem
pesquisas na internet e assistem a palestras. O problema está em quem ensina essas pessoas a operar. Em
grande parte das vezes, o professor ou escritor não tem experiência de bolsa, ou então, só conhece o “arroz
com feijão”. Passa para os alunos que Stop é a salvação e, infelizmente, eles levam essa teoria adiante, até se
darem conta de que não está funcionando.

O Stop, na realidade, deixa uma ótima primeira impressão e faz com que o trader se sinta seguro, pois
ele sabe que o máximo que poderá perder será aquele valor pré-determinado. O que ele não sabe é que o Stop
pode ser a diferença entre uma estratégia de sucesso e um fracasso. E o problema não reside em utilizá-lo ou
não, mas em definir o quanto ele será utilizado. Vou discorrer sobre isso em um capítulo posterior e mostrar
como o Stop pode afetar sua vida.

Nas crises, vejo pessoas nervosas, encerrando suas operações de longo prazo com 40% de prejuízo só
para colocar o dinheiro em algo mais seguro. Que estupidez absurda. Antigamente eu até tinha dó dessas pes-
soas, mas depois comecei a mudar um pouco minha cabeça e a me convencer de que mereciam aquilo. Elas
deveriam ter pesquisado e estudado mais antes de se aventurarem na bolsa de valores. É graças a esse tipo de
gente que nossa rentabilidade cresce e que se ganha mais dinheiro.

Há diversas formas de defender uma carteira de ações: com mercado futuro, opções e, a mais simples
de todas e que gosto de ensinar, fazendo uma operação inversa. Ensinar um investidor a defender a carteira
com
derivativos exigiria mais um livro como este, afinal o mercado de opções e futuros é enorme e tem mui-
tos conceitos importantes. Porém, fazer hedge com operações em ações inversas, embora seja mais simples, é
bastante eficiente.

Para entender bem como fazer esse tipo de hedge, é necessário que o leitor tenha compreendido muito
bem os princípios da venda a descoberto, caso contrário, será impossível absorver todo este capítulo.

Imagine que você tenha em sua carteira de ações cinco ativos para longo prazo e, seguindo seus critérios
de análise do mercado, preveja uma forte crise causada por uma bolha nas empresas startups. Essa bolha levará
o mercado para o chão, como já aconteceu algumas vezes. Talvez até já esteja acontecendo a crise e você queira
defender os ativos, seja porque você gosta deles e não quer se desfazer de sua carteira ou porque vê um poten-
cial de valorização muito grande no longo prazo ou até porque as empresas de sua carteira são boas pagadoras
de dividendos. Você pode fazer um hedge disso tudo.

Basta pegar uma ação que tenha comportamento parecido com sua carteira (seja correlacionada) e

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vendê-la a descoberto. Dessa forma, enquanto você está perdendo de um lado, está ganhando de outro, com-
pensando e contrabalanceando sua carteira.

Ao fazer uma venda descoberta, você apostará na queda, ou seja, no fato de que quanto mais a bolsa
cair, mais você ganhará. Quando estiver comprado em sua carteira, se a bolsa cair, perderá; se subir, ganhará.
Ao fazer esse hedge, tirará um pouco a volatilidade de sua carteira, com o intuito de fazê-la desvalorizar menos.
Como seu objetivo é de longo prazo, essa venda não garantirá que você ganhe dinheiro, mas fará com que sua
carteira caia menos do que a bolsa de valores. Trata-se de seu benchmark para longo prazo.

Existem vários tipos de hedge. Alguns podem tirar volatilidade e até especular com a crise. A escolha
dependerá da porcentagem que a venda descoberta representará em sua carteira.

Supondo que você tenha USD$ 100.000,00 e que faça um hedge vendendo 30% descobertos, sua venda
corresponderá a USD$ 30.000,00. Utilizando um conceito sem cálculos complexos e exatidão, você, teorica-
mente, teria que cair 30% menos que seu benchmark. Para esse cálculo de “padeiro”, estou levando em conta
que a sua carteira com os cinco ativos tem uma correlação grande com o índice do mercado acionário, e que o
ativo que vendeu descoberto tem uma forte correlação com sua carteira de ações.

De nada adianta vender descoberto um ativo que não tenha correlação com sua carteira ou que tenha
correlação inversa. Se tiver correlação inversa, em vez de defender, você acabará alavancando e aumentando a
desvalorização da sua carteira.

Então, para defendê-la de ações de longo prazo, primeiramente é necessário saber com o que ela está
correlacionada. Existem programas na internet que lhe adiantam isso, gerando uma matriz de correlação. De-
pois desse passo, é necessário verificar se as ações que estão correlacionadas com a sua carteira são boas, se
têm liquidez e se suas vendas descobertas junto à corretora são permitidas.

Verifique quantos por cento de sua carteira irá vender descoberto ou o quanto de volatilidade pretende
tirar dela. Resolvendo isso, seu hedge será simples e objetivo. Caso sua carteira tenha correlação com o índice
acionário de seu país, é possível também fazer a venda de índice futuro ou uma ETF que reflita o índice.

Depois que a maré ruim passar e você identificar que já está na hora de cancelar o hedge, basta recom-
prar a ação que foi vendida na mesma quantidade e sua carteira seguirá livre para novas valorizações.

Se resolver fazer mais de 100% de hedge, especulará com a baixa, pois estará mais vendido do que
comprado. Além de proteger sua carteira nas quedas, tirará proveito dela para ganhar dinheiro. Utilizando o
exemplo daqueles USD 100k, venda descoberto quando identificar uma queda USD 130k. Assim, estará explo-
rando a queda com USD 30k. Mas não se esqueça de que quando está especulando, se o mercado não estiver a
favor de sua operação, correrá o risco de perder mais dinheiro.

Veja como fazer um hedge de carteira de forma simples.

Composição da carteira:

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A carteira tem correlação positiva com os determinados papéis: IBOVESPA.

Se identificar que o mercado irá cair e quiser se proteger, faça as seguintes operações:

➔ Tire um pouco de volatilidade da carteira: venda 30% da sua posição financeira em índice Bovespa
futuro ou descoberto em ativos com alta correlação com o índice.
➔ Tire toda a volatilidade: venda 100% da sua posição financeira em índice Bovespa futuro ou desco-
berto em ativos com alta correlação com o índice.
➔ Explore a queda para ganhar dinheiro: venda 130% da sua posição financeira em índice Bovespa
futuro ou descoberto em ativos com alta correlação com o índice.

Não é necessário utilizar exatamente esse percentual, trata-se de um exemplo. Coloque qualquer um
que desejar. Obviamente, as margens, as garantias e a legitimidade dessa operação variam de país para país ou
de uma corretora para outra. Antes de pensar em fazê-la, verifique as possibilidades.

Detalhando os procedimentos para o hedge:

1º - Encontrar ações que tenham correlação positiva com as de sua carteira ou, encontrar uma ação que tenha
correlação positiva com toda a sua carteira, caso exista.
2º - Definir os percentuais do hedge.
3º - Se suas análises mostrarem que o mercado cairá, fazer a operação inversa nas ações que encontrou com
correlação forte.
3º - Quando o mercado estabilizar, recomprar as ações vendidas na mesma quantidade.

Há outro ponto interessante a considerar, que você pode utilizar para defender sua carteira. Digamos
que você está tomado em ações da Petrobrás e por algum motivo há uma forte desvalorização do petróleo
fazendo com que suas ações desvalorizem. Muitos ativos atrelados ao petróleo podem ser seu hedge de car-
teira, como ações de companhias aéreas, que são bem suscetíveis às altas do petróleo. Portanto, para compen-
sar um pouco a perda ou reduzir a volatilidade de suas ações da Petrobrás, você poderia vender descoberto um
pouco de ações da GOL ou da Azul.

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Simples, não? Agora que você viu como fazer um hedge de sua carteira, o Stop para operações de médio
e longo prazo não lhe parece uma estupidez?

Como construir sua carteira de longo prazo


A diversificação é um importante instrumento para quem deseja construir uma carteira de investimentos
de longo prazo. É preciso dividir o risco quando se fica muito tempo comprado em algum ativo.

Buffett disse uma vez: “A diversificação é uma proteção contra a ignorância. Faz pouquíssimo sentido
para quem sabe o que está fazendo”. Novamente nosso oráculo de Omaha, deixando uma frase de impacto que
não leva ninguém a lugar nenhum, nem mesmo ele, que tem em sua carteira, até o ano de 2020, quando finalizei
este livro, mais de 35 empresas de diversos segmentos diferentes, conforme o formulário F-13 entregue à SE-
CURITIES AND EXCHANGE COMMISSION.

Clique e veja a composição em outubro de 2018

É fato, infelizmente, que não há como saber se uma empresa será vitalícia. Aliás, essa é uma das únicas
certezas que se tem no mercado financeiro. Pode ser que durante toda a sua vida a empresa prospere e que,
ao morrer, deixando suas ações para seus filhos, ela continue prosperando. Um dia, no entanto, essa empresa
poderá fechar as portas e deixar seus netos a verem navios. Nunca será possível saber. Sendo assim, com um
pouco do pensamento conservador que ainda me resta e até que me provem o contrário, prefiro acreditar que
toda empresa tem seu tempo de vida. Já vi centenas delas com potencial substancial de crescimento serem
negociadas nas bolsas de valores de todo o mundo e deixarem de existir um mês depois. Evaporaram. Foram
engolidas pelo mercado, tanto as privadas como as estatais. Pergunte para quem tem mais de 15 anos de mer-
cado se já viu alguma ação virar pó.

A diversificação funciona justamente como proteção. Se uma empresa de seu portfólio quebrar, você
continuará com outras vivas. Não se sabe até quando as que estão vivas permanecerão, mas seu prejuízo será
menor. Gosto de colocar dessa forma e vou expor meu ponto de vista. Muitos preferem explicar diversificação
como instrumento para tirar o sobe e desce (volatilidade) da bolsa de valores de sua carteira de ações. Res-
ponda, por exemplo, se você tem alguma certeza de que a Coca-Cola irá existir daqui a 50 anos. Imagine se
no futuro, alguém constatar que uma determinada doença é desenvolvida pelo consumo de Coca-Cola ou então
que o pensamento das pessoas mude e elas comecem a se dedicar à alimentação natural e a cuidar do corpo,
evitando ingestão de produtos industrializados. Ou até que uma fábrica consiga desenvolver a mesma fórmula
e iniciar a fabricação como uma patente expirada. Será que ela continuará sendo essa grande potência? Que
nada! Se isso acontecer, a Coca-Cola irá para o ralo! Só espero que ninguém perca tempo, tentando achar essa
maldita fórmula. Prefiro ver pesquisadores unindo esforços para achar a cura do câncer, ou descobrindo uma
nova forma de fazer cocktail. Mas isso não vem ao caso. A verdade é que nem mesmo Warren Buffett acha que
a Coca-Cola será eterna. Daí vem o motivo de grande parte de sua carteira ser diversificada. Ele sempre prega
que diversificação é uma coisa para quem não sabe o que faz ou que não sabe onde investir, mas, na realidade,
ele é contra a diversificação exagerada. E isso realmente faz uma grande diferença. Diversificar é bom, mas não
exagerar é fundamental. Não é porque colocou 30 ações em seu portfólio de longo prazo que em 20 anos será
um milionário. Até acho provável que você se torne um, mas, certamente, a pessoa que escolheu oito boas
ações dentro dessas 30 terá muito mais dinheiro que você. A diversificação exagerada reduz, e muito, a renta-
bilidade.

Toda diversificação, em minha opinião, é realizada para proteção do tempo limitado de uma empresa.

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Eu parto do pressuposto de que toda empresa tem um começo e fim. Estou abordando esse assunto e dando-
lhe a devida importância, pois muitos de nós temos duas carteiras. Uma para fazer trade de curto prazo, utili-
zando a análise técnica, e outra para longo prazo, tendo uma visão um pouco mais fundamentalista.

Voltando a falar de Buffett e fazendo um paralelo com meu pensamento, vamos ver o que ele busca
essencialmente como diferencial para tomar posições de longo prazo em ações.

1º —A empresa deve apresentar vantagem competitiva durável. Isso quer dizer que ela deve existir por tempo
suficiente para, no mínimo, reaver todo o dinheiro investido com bons juros e corrigindo a inflação sem muita
preocupação. Buffett optou pela Gillette e pela Coca-Cola.

2º - A empresa deve ter contabilidade e administração transparentes. Quando busca isso, está atrás de infor-
mações confiáveis, quer ter mais garantia de que não haverá quebra no curto prazo por ingerência ou balanços
maquiados e de que pelo menos o tempo de retorno do dinheiro investido será respeitado.

3º - A empresa deve recomprar suas ações. As que adotam essa prática, além de terem dinheiro em caixa,
aumentam o lucro por ação dos acionistas. Trata-se de mais uma garantia, já que nenhuma empresa recompra-
ria suas ações para quebrar em seguida.

4º - A empresa não deve investir muito dinheiro em pesquisas e tecnologia. E não é preciso ser nenhum gênio
para saber que esse tipo de empresa é o que tem mais risco de quebrar. Observe, por exemplo, a situação das
empresas de internet, celulares e tecnologia. Precisam gastar bilhões em pesquisas e, mesmo assim, a empresa
quebra se errar em um ou dois produtos. A Apple pode ser uma marca enorme e que possui produtos ótimos,
porém gasta horrores com pesquisa. Tenha certeza de que se ela se equivocar com alguns deles, vai ficar em
uma situação muito difícil. Eu, para ser honesto, não investiria na Apple. Não passa nem na minha cabeça com-
prar uma ação sequer. É uma empresa que, na minha opinião, perdeu a mão em relação a seus concorrentes.
Mais dois ou três lançamentos sem novidades e as ações devem voltar a 90 dólares. Lembrando que este livro
foi lançado em 2020 e até o presente momento, Buffett tem uma quantidade considerável de ações da Apple,
as quais ainda não entendi o motivo da compra. Acho que ele não gosta de empresas que investem muito di-
nheiro em P&D.

5º - A empresa não deve alavancar. Assim como um investidor que quando alavanca tem mais chance de dimi-
nuir seu tempo de permanência no mercado, também as empresas, quando alavancadas, correm mais riscos de
ter uma vida curta.

6º - A empresa, para Buffett, deve ter dinheiro em caixa e lucro líquido constante que aumente, sustentavel-
mente, com o tempo. Empresas com dinheiro em caixa e lucro líquido alto certamente correm menos risco de
quebrar no curto prazo.

Essas são algumas das premissas de Buffett para escolher suas ações. Perceba que em nenhuma delas

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há necessidade de envolver preço de compra. Já imaginou se ele quisesse comprar ações por um preço justo
hoje em dia? Não encontraria absolutamente nada nesse mercado inflacionado e sobrecomprado. Quando in-
vestir no longo prazo, busque tempo de vida e não melhor preço de compra. Buffett faz isso há anos, só que
conseguiu achar ações excelentes, em um mercado totalmente altista e comprador. Agora os livros dizem que
ele é um caçador de pechincha. Para mim, ele é um caçador de prosperidade. Jamais desmereceria o Sr. Buffett,
uma vez que o tenho como um grande mentor, mas, a partir de agora, se pensa em comprar para longo prazo,
deve esquecer o preço e focar na busca de empresas cujo tempo de vida seja maior. As pechinchas não existirão
mais ou ficarão tão raras que nem mesmo o melhor mascate do universo conseguirá encontrá-las.

Além disso, busque ativos que estejam em tendências primárias de alta, para que a valorização de sua
carteira seja mais provável. Apresentarei as tendências posteriormente.

Diversificação saudável
Acredito ser saudável a diversificação setorial, ou seja, a compra de ações de diferentes setores. Isso
aumenta bastante sua segurança e tira um pouco da sazonalidade da bolsa. Sua carteira se mantém em cresci-
mento, mesmo que algum setor não vá bem.

É claro que se uma crise estourar, será bem difícil manter sua carteira positiva, mas agora que já sabe
como fazer hedge, você a protegerá, buscando uma menor desvalorização com relação ao seu benchmark.

Assim como se deve buscar empresas que tenham o maior tempo de vida possível, busque também
setores que tenham muito tempo de vida. Se você está vendo que a tendência do mundo é a leitura e a escrita
digital, por que diabos vai tomar posição em uma empresa de papel e celulose? Não quero condenar nenhum
setor por enquanto; trata-se apenas de um exemplo.

É importante diversificar para fugir do risco conglomerado ou pessoa. Colocar em carteira duas empresas
do mesmo conglomerado pode não ser uma boa ideia, pois você estará muito exposto a oscilações. Se uma
empresa do conglomerado passar por dificuldades, com certeza a outra terá suas ações desvalorizadas, o que
pesará demais em sua carteira. O mercado acredita na figura de um comandante de empresas, representado
por líderes excêntricos, centralizadores, que alimentam a ideia de que são insubstituíveis. Considero o risco
pessoa um risco desnecessário que, certamente, deve ser evitado. A exemplo, no Brasil havia um empresário
com uma diversidade de empresas listadas em bolsa. Quando surgiram problemas com ele, todo o conglome-
rado colapsou. É o mesmo que ter em carteira duas empresas de Ellon Musk, por exemplo. Caso tenha algum
problema pessoal, você estará com uma parte considerável de sua carteira exposta.

Juntando todos os seus investimentos com a bolsa de


valores
É muito comum ver investidores comprando fundo de investimentos em ações e investindo na outra
ponta por conta própria. Mais comum ainda é ver uma pseudodiversificação do investidor, comprando mais de
um fundo de ações para buscar se proteger.

Todos os investimentos de uma carteira estão interligados e conectados. Quando se decide comprar
algum fundo de ações, é preciso saber quais ativos há dentro dele, pois corre- se o risco de ficar exposto a algum

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ativo repetido ou com maior peso. Vou exemplificar. Digamos que você tenha comprado quatro ações direta-
mente no mercado para longo prazo, mas também tem dois fundos de ações em seu portfólio:

FUNDO A – BANCO
MICROSOFT —60%
IBM —30%
WALMART —10%

FUNDO B – BANCO
MICROSOFT —40%
EXXON —50%
ORACLE —10%

AÇÕES - CORRETORA
MICROSOFT —25%
BOEING —30%
HP —20%
WALT DISNEY —25%

Perceba que sua carteira está muito exposta à Microsoft. Há dois fundos com grande peso nesse ativo e,
ainda por cima, você comprou diretamente no mercado para deixar em carteira. Fique atento não só aos inves-
timentos que faz diretamente na bolsa, mas também aos fundos que compra, pois eles podem deixá-lo exposto
a riscos desnecessários e, grande parte das vezes, desconhecidos. Poucos são os investidores que procuram
saber o que há dentro dos fundos que estão comprando; limitam- se a ver o valor da cota. Daí os riscos serem
desconhecidos.

Se você é um bom observador, percebeu que essa carteira também está com muita exposição ao setor
de software, informática e tecnologia. Quando pensar em comprar algum fundo de ações, procure saber sobre
o setor e o percentual que está sendo investido em cada ação, para evitar a compra direta das mesmas ações
no mercado, bem como para controlar os riscos da exposição exagerada a um determinado ativo ou setor. Você
pode consultar a composição das carteiras dos fundos diretamente no site da CVM.

Mercados inter-relacionados e a análise de Deus


Costumamos olhar o mercado de nosso país isoladamente. Com a globalização econômica, entretanto,
deve-se ter uma visão holística da economia. Não se pode esquecer que um problema no Oriente Médio influ-
encia os preços do petróleo no mundo todo. Uma instabilidade momentânea, ou catástrofes naturais, ou surtos
virais em países economicamente importantes afetam o rumo das bolsas em geral. Deve-se olhar o mundo com
a visão de um satélite. Chamo isso de análise de Deus. Os mercados são super-relacionados e o nível de depen-
dência varia de um para outro. Divido o mercado mundial em países “pais”, “irmãos” e “filhos”. Essa nomencla-
tura que desenvolvi está diretamente ligada à quantidade de dependentes que um país tem em sua economia
e ao seu nível de importância.

Os EUA são o país “pai” de todo o mundo. Todas as bolsas lhe são dependentes e se relacionam direta-
mente com ele. Se cai, os mercados mundiais sentem essa queda. Se mostra instabilidade, o mercado mundial
fica instável. Há também os mercados “pais” de cada continente. Por exemplo, a bolsa de Xangai é a bolsa “pai”
da Ásia e “filha” dos EUA, mas pouco influente na América do Sul. A bolsa do Brasil, Bovespa, é a bolsa “pai” da

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América do Sul, mas pouco influente na América do Norte. Tem como “filhos” a Merval, bolsa da Colômbia e
Bolívia, entre outras da América do Sul. Xangai e Nikkei são “irmãs” e se relacionam diretamente na Ásia.
Parece loucura, mas essa divisão é importante, pois se você descobrir qual categoria de bolsa está ope-
rando, saberá qual bolsa deve seguir para aumentar sua probabilidade de acerto. Se você opera no Brasil e é
“filho” dos EUA, por que vai seguir a bolsa da China? Teria que seguir, diretamente, o Dow Jones. Quando você
achar o que perseguir, aumentará muito sua chance de ter lucro no mercado.

Utilizando essa teoria dos mercados super-relacionados, você terá como saber qual é o grau de dificul-
dade que seu mercado oferece. Ao operar um mercado “pai”, o trader sente maior dificuldade, pois não tem o
que seguir. Imagine-se, por exemplo, operando ações americanas em day trade. Quando o Dow Jones abre,
você opera baseado em quê? Existem apenas o índice futuro do Dow Jones a seu favor e informações pontuais
do país. Quando se opera um mercado “filho”, tem como base o mercado “pai”. Você pode averiguar como está
sendo seu desempenho, observando o mercado futuro. Em grande parte das vezes, a correlação do mercado
“pai” com o “filho” é muito alta. Assim fica mais fácil operar. O nível de dificuldade diminui muito, principal-
mente para quem faz day trade.

Como exemplo, se observar no gráfico uma queda acentuada do mercado “pai”, fica difícil durante uma
operação de day trade operar na ponta compradora. Nesse caso, realize operações de venda a descoberto no
mercado “filho”, pois será bem provável que venha a acontecer esse ajuste. Não haverá necessidade de utilizar
qualquer tipo de análise mais criteriosa, como a quantitativa e a técnica, para operar. O visual apontado pelo
gráfico lhe será suficiente. Minha experiência com diferentes mercados de vários países diz que operar o mer-
cado “pai” é muito mais difícil do que operar o mercado “filho”. Minha rentabilidade com o “pai” foi cerca de
13,63% menor do que a conseguida com o “filho”. Não estou lhe dizendo para operar diretamente o mercado
“filho”, mas, sim, para ter em mente que se estiver operando um mercado “pai”, sua rentabilidade poderá ser
menor. Em contrapartida, se operar mercados “filhos” sem conhecê-los profundamente, poderá ter seu desem-
penho afetado também. É importante saber que essa diferença existe e é seu dever, como trader, avaliar o
mercado em que está inserido, procurando alternativas para diminuir sua exposição ao risco e entendendo em
qual situação você se encaixa, para aumentar sua possibilidade de ganho.

Outro ponto que merece destaque é que às vezes o mercado “pai” perde um pouco a correlação com o
mercado “filho”. Historicamente sabemos que esse acontecimento tende a ser “pontual” e com o tempo tudo
volta a entrar em sincronia. Lembre-se de que uma perda de correlação momentânea não é uma informação
tão importante, a ponto de fazer você mudar sua forma de operar. O que vale é o cálculo da correlação de longo
prazo e não de curto.

O que quero deixar claro é que se você estiver fazendo day trade e o mercado “pai” desaba, a probabili-
dade de você acertar na venda a descoberto é maior do que na compra. O inverso também é verdadeiro. Se
o mercado “pai” estiver subindo forte, a probabilidade de acertar nas operações de compra é muito maior.
Fique atento a isso.

A síndrome do “está caro”


Hoje em dia, muitas pessoas deixam de comprar ações alegando que o mercado está caro, que os ativos
estão com preços exorbitantes e que os valores não estão justos. Você poderia me perguntar: você realmente
acha que o mercado de ações tem um preço justo atualmente? A resposta para essa pergunta é não! É impos-
sível um analista achar uma ação no preço justo, se essa empresa estiver com sua saúde financeira razoável. Até
existem empresas abaixo do seu valor patrimonial ou com preço “justo”, mas, certamente, estão enfrentando

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dificuldades e o mercado em geral não está pagando ágio sobre elas. Para comprar ações no preço justo, basta
procurar uma dessas empresas que estão abaixo do valor patrimonial, comprar e ir à igreja rezar para ver se
Deus o ouve. Ou então, comprar o IPO de uma empresa de internet cujo preço esteja justo. Mas vou logo avisar
que somente uma em cada 100 empresas de internet permanece lucrativa nos dois primeiros anos. O restante
quebra nos cinco primeiros. Com essa estatística, é provável que você ganhe mais dinheiro em Las Vegas, jo-
gando Black Jack. E o melhor: você ainda pode acabar encontrando um casamento por lá!

Se deseja encontrar o preço justo de uma ação atualmente, terá que mudar a forma como vê e calcula o
preço justo. Seus cálculos devem considerar a inflação e, principalmente, o ágio do mercado. Os múltiplos da
forma como conhecemos e aprendemos há 20 anos não funcionam mais.

Lembre-se de que para longo prazo, há de se comprar uma empresa que sobreviva, pelo menos, a tempo
de lhe retornar o dinheiro aplicado. Se você comprar uma empresa e ela sobreviver, acumulará ágio e o venderá
no futuro. Por isso afirmo que fico sempre do lado vendedor de ágio. O mercado sobe, acumula ágio e quem
tem esses ativos em mãos há muitos anos tem ágio para vender.

Eu não decoro o preço de nenhuma ação. Faz parte da minha escola de análise gráfica. Ensino meus
alunos a esquecerem os preços. Se me perguntar quanto estava cotada uma ação ontem, não saberei responder.
Quando deixo de prestar atenção nos preços, minha mente, automaticamente, esquece a ideia de barato e caro
e consigo fazer trades sem remorso ou sentimento de culpa. Para o trader que vai operar utilizando a análise
técnica, não importam os preços. O mais importante é a estratégia. Se passar do ponto previamente definido,
ele efetua a compra e, quando chegar ao objetivo, efetua a venda. Não precisa buscar preço e não importa se o
ativo já subiu 100% em um ano. Se um trader que está no mercado há 15 anos pensar em barato ou caro, nunca
vai colocar uma ordem sequer. Imagine que ele esteja acostumado com o preço da Microsoft referente ao ano
2000 e que a veja agora, em 2020. Em sua cabeça, como tudo está caro, ele ficará parado, vendo o mercado
subir para sempre, tentando buscar ações com o preço justo. Acredito que esse trader estará tão travado por
causa de seu pensamento que terá que mudar de profissão.

Em todos esses anos operando ações em mais de 30 países, presenciei muito mais ações subindo do que
caindo. Grande parte das que vi subindo nunca retornaram ao preço anterior. Portanto, acostume-se com a
ideia de que, na maioria das vezes, o mercado sobe e esqueça os preços já praticados em outros momentos. O
mercado foi feito para acumular, por exemplo, a inflação que o faz subir. Quando uma crise aparece, há
perda tanto de ágio quanto de inflação. Tem-se, então, o início de um retrocesso.

Analisando os homens mais ricos do mundo


Quando era mais jovem, eu via com frequência a lista dos homens mais ricos do mundo da revista Forbes
e me perguntava por que diabos aquela lista existia. Seria só para a gente saber o nome dos caras que dominam
o mundo? Sempre dizia que se um dia eu tivesse alguns bilhões, não gostaria de fazer parte dela. Pensei por
muito tempo em uma forma de usar essa lista em favor dos meus investimentos e encontrei nela uma grande
fonte de recursos que poderiam ajudar minhas análises de longo prazo.

Quando se olha para a lista, atenta-se somente para o nome das pessoas, para a idade e para as empresas
das quais são donas. Mas, ao mapear os setores dos 1000 homens mais ricos do mundo e jogar numa planilha,
é possível manipular esses dados para tentar achar o setor que mais tem crescido no decorrer dos anos. Isso é
genial. Alguns setores se destacam num determinado período e são engolidos em outros. Esse deslocamento
de posições entre os homens mais ricos do mundo pode servir de base para se saber onde está concentrado o

48
dinheiro, o que possibilitará fazer algumas projeções e, principalmente, investir nos setores certos. Sempre se
tenta descobrir por que determinado homem está na lista, estuda-se sua vida, suas conquistas, porém os dados
mais importantes que se deve buscar é em qual setor ele atua e como está a evolução da fortuna. Tais informa-
ções estão bem à frente de nossos narizes. Agora, quando olhar para a lista, procure esses dados e veja qual
setor possui mais bilionários. Observe o descolamento de um ano para o outro, verifique quantos bilhões há na
lista de cada setor e calcule se esse crescimento tem chances de continuar. Depois, utilize isso como filtro para
montar sua carteira de ações. Veja os empresários que estão subindo de ano para ano e os que estão caindo.
Analise os setores que mais sobem. Você certamente saberá qual deles é mais promissor. Tudo isso usando
dados simples, grátis e interessantes.

Tipos de investidores
Existem vários tipos de investidores no mercado e o que diferencia uns dos outros, além da escola de
investimentos que irão seguir, são os prazos das operações. A seguir, passarei por todos esses tipos, explicando
um a um.

Scalper: opera num curtíssimo prazo (um minuto, cinco minutos) e procura oportunidades no mercado para
ganhar centavos. Compra e vende o dia todo, girando um volume financeiro muito alto e buscando lucro em
micro movimentos do mercado. Muitas vezes, esse investidor tem um lugar garantido na mesa de operações da
corretora, com direito a todos os luxos possíveis, como a melhor plataforma de operação subsidiada pela cor-
retora, assessor exclusivo e ajudante. Ele gira um volume financeiro muito alto e opera com a alavancagem
máxima permitida. A profissão do scalper é operar o mercado. Ele não faz outra coisa além disso. Costumo dizer
que o scalper almoça na frente da tela do computador e que sua cadeira é um vaso sanitário. Brincadeiras à
parte, esse sistema de trabalho exige muito do profissional. É necessário ter um controle psicológico rigoroso,
pois trata-se de uma das profissões mais estressantes do mundo. Tive amigos que precisaram recorrer a trata-
mentos psiquiátricos sérios, pois surtaram quando começaram a trabalhar como scalpers, investindo tanto o
dinheiro deles, como o de clientes.

Day trader: opera em um curto espaço de tempo. Um dia para ser mais exato. Ele compra, por exemplo, pela
manhã e vende à tarde. Trabalha como o scalper, porém o número de operações que realiza é bem menor. Esse
tipo de operador, assim como scalper, é um profissional extremamente especializado, que vive do mercado
financeiro. Observa os gráficos atentamente durante todo o dia.

Swing trader: opera em um prazo maior. De mais de um dia a algumas semanas. Essa metodologia operacional
é
a mais utilizada por pessoas que possuem um trabalho regular e que desejam rentabilizar melhor o seu dinheiro,
utilizando a renda variável. Elas procuram, com calma, por operações interessantes durante a noite ou no final
de semana, configuram a compra, o Stop, o objetivo, fazem a operação e não ficam olhando para o mercado o
tempo todo. Esse tipo de operação exige menos tempo de dedicação ao mercado, o que não quer dizer que o
trader não precise ter conhecimento. Essa é uma ótima opção para pessoas que têm um emprego e por isso
não têm muito tempo para ficar na frente do computador.

Short-Term ou Position: mantem sua posição por várias semanas e menos de um ano. Busca operações de mé-
dio prazo. Gosta de permanecer comprado no ativo, com potencial de crescimento grande para médio prazo.
Também não fica olhando tanto os gráficos e pode se dedicar a outros negócios.

Investidor: permanece comprado no ativo por mais de um ano. Busca não só a valorização do preço do ativo,

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mas também gosta de colher os dividendos. Ele se torna sócio da empresa e utiliza, principalmente, a análise
fundamentalista para fazer suas escolhas.

A definição do tipo de trader que você será, dependerá da análise de variáveis importantes como: tempo
livre disponível para bolsa de valores, perfil de risco, habilidade e divertimento.

Um investidor que trabalha e tem uma profissão fora do mercado não pode, em hipótese alguma, esco-
lher ser um day trader, muito menos um scalper. Para esses dois tipos é necessária uma dedicação total ao
mercado. Há quem faça esse tipo de operação em seus dias de folga ou férias, mas o mais indicado para o caso
descrito acima seriam operações de swing trade ou outras mais longas.

O perfil de risco é uma das coisas que mais pesa na escolha do tipo de investidor. Um indivíduo que não
aguenta o sobe e desce da bolsa de valores não pode, por exemplo, atuar como day trader. Se ele optar por
esse tipo de operação, ficará tão afobado e nervoso que tornará sua profissão um martírio. Para esse, operações
mais longas e com capital reduzido seriam ideais.

O sucesso da escolha está diretamente ligado à ideia de divertimento. Ninguém quer trabalhar em um
emprego chato ou cansativo. Se você não achou divertido o prazo operacional escolhido, mude, pois certamente
fará suas operações com mais vontade e sua dedicação aumentará.

Um dos fatores mais importantes a ser considerado nesse processo todo é a habilidade. Como já disse
anteriormente, muitas pessoas não nasceram para a bolsa, ou melhor, não nasceram para algumas operações
na bolsa. Você pode ser um excelente swing trader e perceber que quando tenta operar em day trade, seus
resultados não são satisfatórios. Isso significa que sua habilidade está concentrada em operações mais longas e
não nas mais curtas. Infelizmente, para saber em qual tipo de operação você se encaixa, será necessário passar
por todas elas e, principalmente, ter respostas positivas para as perguntas: Tive retorno? Foi divertido? Fui ha-
bilidoso? Deu-me paz?

Outro ponto fundamental a considerar é a possibilidade de combinar mais de um tipo de investidor. Hoje
em dia, ter um perfil flexível é o mais correto, pois permite uma adequação às diferentes situações do mercado.
Se ele estiver lateral durante dois anos, por exemplo, um perfil mais curto levará vantagens, pois usufruirá de
movimentos menores. Durante esse mesmo período, no entanto, pessoas com perfil de médio e longo prazos
estarão com o dinheiro praticamente parado, pois o mercado se movimentou pouco. A mudança de perfil con-
forme o comportamento do mercado é muito bem-vinda. Isso não quer dizer que você tenha que desfazer suas
posições de longo prazo para operar em curto prazo. Você pode usar suas ações de longo prazo como garantia
e operar no curto prazo, atuando das duas formas. Quando o mercado está lateral, você não precisa defender
sua carteira de longo prazo com hedge, pois ela está com volatilidade baixa e se movimentando pouco. Sendo
assim, você tentará rentabilizar sua carteira com os lucros das operações curtas.

Se o mercado é forte e com tendência nítida, é interessante passar de day trader para swing trader ou
position trader com o intuito de operar menos, diminuir os custos com corretagem, amealhar mais lucro e ficar
com mais tempo livre para fazer atividades prazerosas.

Veja agora um caso clássico de troca de perfil: um day trader vai tirar férias e busca um ativo com renta-
bilidade menor, alta liquidez e tendência de alta nítida. Ele fica comprado no ativo como swing trader, para não
deixar o dinheiro parado em conta. Sou um pouco contra esse tipo de atitude, pois acredito que as férias foram
feitas para serem curtidas. Optaria, nesse caso, por deixar meu dinheiro de trade aplicado em renda fixa.

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Não fique vidrado em um tipo operacional. Se o mercado mudou, vá com ele. Se você não se preparar e,
principalmente, se não aprender a sentir quando o mercado vai mudar, correrá o risco de cavar o poço só depois
que sentir sede.

Análise Técnica
Análise técnica é uma escola à qual os traders recorrem para comprar e vender ações num curto espaço
de tempo. Muitas vezes, é utilizada em operações curtas, visando ao lucro rápido e ao corte imediato do preju-
ízo. Alguns pensadores dizem que ela foi desenvolvida com base na ideia de que o mercado faz movimentos
repetitivos e identificáveis. Eu discordo totalmente desse conceito. Para mim, a análise técnica serve como ga-
tilho para compra e venda de ativos, mapeando as entradas e saídas do mercado, mas não utilizando, necessa-
riamente, seus possíveis padrões. Já realizei diversos testes em bases históricas randômicas utilizando a análise
técnica e os conceitos foram extremamente satisfatórios.

O mercado é difícil de ser previsto. Mais difícil ainda é dizer para qual sentido caminhará ou quantos
pontos acumulará ao final de um ano. A realidade é que analistas de todo o mundo fazem previsões que são
mais parecidas com “achismos”. Quando me perguntam o que acho do mercado e como acredito que ele estará
daqui a um ano, respondo que só Deus poderá saber. Também digo que para mim tanto faz, pois pelas minhas
análises, se passar de um ponto determinado, eu compro e, de outro, eu vendo, nada mais. Deixo que o mercado
me leve e opero sem a necessidade de previsões. Se a pessoa insistir em me perguntar sobre o futuro do mer-
cado, sempre vou dizer que ele é de alta, nunca de baixa. A probabilidade de acertar a previsão na alta é maior
que na baixa. Essa explicação é simples: o mercado, em todos os anos de sua existência, mais subiu do que caiu.
Estatisticamente falando, se apostarmos na alta, a probabilidade de acerto aumentará muito. Vou explicitar
melhor esse assunto mais adiante.

Análise técnica, basicamente, é o mesmo que análise gráfica. Estudam-se os gráficos para prever os mo-
vimentos dos preços e saber como estão os indicadores técnicos e estatísticos. Fórmulas matemáticas aliadas à
observação dos gráficos auxiliam nas tomadas de decisão.

Muitos dos conceitos da análise técnica vêm da escola de Charles Henry Dow, cofundador do Wall Street
Journal, juntamente com Edward Jones. O importante índice de ações americano, Dow Jones, foi batizado com
parte de seus nomes. Dow desenvolveu diversos estudos sobre os movimentos do mercado e uma série de
princípios para analisá-los, aos quais chamamos de Teorias de Dow. Esse conjunto de teorias formou o pilar da
análise gráfica. Mesmo tendo sido formulada em 1884, a maioria dos conceitos são aplicados por investidores
até hoje, sem grandes modificações. Vou detalhar cada um dos conceitos, a fim de introduzi-los na brilhante e
excitante escola da análise técnica.

Teorias de Dow
A antiga teoria de Dow, desenvolvida no século 19 por Charles Dow é utilizada até hoje como uma das
principais ferramentas de análise de mercado. Para ter ideia de quão importante foram seus pensamen-
tos em relação ao mercado, o principal índice norte americano, Dow Jones, foi batizado com parte de seu nome.
Esse pensador, não só implementou conceitos importantíssimos para análises de longo prazo, complementando
o fundamentalismo, como também é considerado por muitos o pai da análise técnica clássica. Charles Dow foi
um dos proprietários do mais importante jornal sobre mercado financeiro, o Wall Street Jornal.

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Charles Dow não era escritor e nunca escreveu um livro sobre o assunto, somente alguns editoriais e
colunas dentro do próprio jornal. Seus artigos foram reunidos e redefinidos por terceiros. Um dos principais
trabalhos no qual demonstra uma visão detalhada sobre como funciona a teoria de Dow foi publicado em 1932
por Robert Rhea, titulado The Dow Theory.

1º Princípio —Os índices descontam tudo, exceto os


atos de Deus
Para Dow, tudo é descontado nas cotações. Os índices mostram e podem assimilar todas as informações
do mercado: notícias, demonstrações contábeis e financeiras, entre outras, mas não os atos divinos. Não se
pode prever ou descontar nos índices os tsunamis, furacões, explosões nucleares, surtos virais etc. Quando uma
tragédia dessas acontece, o mercado se movimenta, sente a notícia, cai, mas retorna ao seu movimento normal,
naturalmente. Tenho constatado isso há anos. Já passei por crises, catástrofes de várias naturezas e nada fez
com que o mercado perdesse seu rumo natural de alta. Logicamente, isso pode mudar um dia, mas, por en-
quanto, desde a crise de 1929, esse padrão de recuperação vem se repetindo. Veja alguns exemplos de como
uma catástrofe é assimilada pelo mercado.
Tsunami no Japão: no gráfico abaixo, perceba que por causa dessa grande tragédia o mercado desabou.
No entanto, iniciou seu movimento de recuperação naturalmente. É normal, após uma tragédia de grande
porte, o país passar por uma recuperação que afete o desempenho das empresas listadas em bolsa. Os analistas
fundamentalistas fazem contas e percebem que uma desvalorização abrupta pode ser um bom negócio; come-
çam, então, a tomar as ações. O início do movimento frenético é basicamente causado pelo grande número de
investidores que não conseguem calcular de imediato o impacto total da tragédia e, por cautela, preferem zerar
suas posições. Aguardam a maré ruim passar para iniciar os movimentos de compra. O movimento se intensifica
também graças à posição de especuladores que iniciam vendas descobertas, visando ao lucro rápido em perío-
dos de tragédia, ou hedge das posições compradas.

Atentado de 11 de setembro: devido aos ataques terroristas às Torres Gêmeas, houve um frenesi enorme
no mercado mundial. O gráfico abaixo mostra como o mercado sentiu o impacto das notícias e depois retornou
ao seu movimento normal.

Figura 8

Vivi como especulador há bastante tempo e muita gente não gostava do meu trabalho por considerar
que ganhei dinheiro fácil demais. Há quem pense que o especulador é como um “comedor” de criancinhas. O
fato é que tenho alguns princípios que jamais deixo de lado e que procuro passar adiante. Operar tragédias, por

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exemplo, embora represente um lucro praticamente garantido, é algo que não faço. Não gosto de ganhar di-
nheiro com o sofrimento das pessoas. Casos como operar vendido em empresas aéreas quando algum avião cai
pode ser normal para outros investidores, mas para mim é algo inadmissível. Não vou me ater a julgamentos, a
dizer se essas pessoas estão certas ou erradas. O fato é que eu realmente não me sinto bem em agir nesse tipo
de situação e pretendo me manter fiel aos meus princípios. Precisaria ter um estômago bastante forte para
fazer um dinheirinho rápido enquanto uma família chora suas perdas. Aquele ditado sobre enquanto uns cho-
ram outros vendem o lenço, como especulador, comigo não funciona.

2º Princípio —As três tendências do mercado


Dow dizia que o mercado opera dentro de tendências que devem regular o período operacional esco-
lhido. Para ficar mais claro, vou explicar cada uma delas.
Tendência primária: é a tendência longa do mercado. Demonstra, no longo prazo, para onde o mercado ou o
ativo está caminhando. Observe o gráfico:

Figura 9

Perceba que desde 1932, o índice Dow Jones mais subiu do que caiu. Pode-se afirmar que a tendência
primária, ou seja, a tendência de longo prazo do índice é de alta. Para quem opera em um período de longo
prazo, é primordial saber se o ativo está em tendência primária de alta, pois, se estiver, a probabilidade de a
operação obter lucro é maior. Quando você compra um ativo, obviamente espera que ele suba. Se for investir
no longo prazo, não é mais negócio comprar um ativo que esteja subindo? Pode parecer lógico, mas a verdade
é que muitos investidores não pensam assim. Eles querem comprar barato, no menor preço, e esquecem as
tendências. O pequeno investidor costuma achar que só porque ele está comprando, o ativo vai, necessaria-
mente, começar a subir. Analise a situação de forma racional: por que diabos o ativo mudaria de tendência se

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ele já vem caindo há mais de dois anos? Só por que a pessoa em questão analisou e comprou? Isso é uma grande
idiotice. Se for comprar algo para longo prazo, o ativo deve ter a tendência primária de alta. Até pode acontecer
de você errar o trade e o ativo cair após a compra, mas certamente isso não vai acontecer só porque você
comprou.

Para quem procura certezas, a bolsa de valores não é o lugar ideal. O que um bom trader faz é escolher
os melhores momentos para entrar e sair e, sobretudo, utilizar a estatística a seu favor. Quando se opera le-
vando a tendência em consideração, ganha-se uma vantagem estatística sobre o mercado. A tendência primária
é, para mim, a maior ferramenta para previsão de bolsa. Muitos, em meio ao caos, me perguntam se acho que
no longo prazo a bolsa irá se recuperar, ou então querem saber qual seria a minha aposta para dali a alguns
meses. Respondo que o futuro a Deus pertence, mas que sempre arriscarei na alta. Se o mercado mais sobe do
que cai, por que eu arriscaria uma previsão na queda? A probabilidade de o mercado subir é sempre muito
maior, por isso quase sempre acerto minhas previsões. Quando vejo um investidor com uma boa carteira de
ações desesperado, tentando buscar uma solução para seus problemas decorrentes das quedas, procuro tran-
quilizá-lo, dizendo-lhe que a bolsa é assim mesmo e que ele deve relaxar e esquecer. Garanto que vai subir.
Naturalmente, só faço a afirmação mediante uma carteira de ações decente. Quando se trata de um apanhado
de ações sem sentido e com poucas perspectivas, meu approach muda completamente.

Tendência secundária: é uma tendência de médio prazo que, na maioria das vezes, envolve alguns meses.
Muito utilizada por position traders e traders mais curtos que a utilizam como filtro. Tratarei a respeito da utili-
zação de tendências como filtro mais à frente. Abaixo, utilizarei a imagem da tendência primária postada acima
e isolaremos alguns pedaços.

Figura 10

Tendência terciária: é uma tendência de curto prazo, calculada em poucos dias como uma ou duas

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semanas e muito utilizada por day traders e swing traders. Olhando para o período de 2008 a 2009, mesmo com
a alta da tendência primária e uma grande crise que deixou a tendência secundária em baixa, no curto prazo,
também tivemos movimentos de alta dentro da tendência secundária.

Figura 11

No mercado, nem tudo trabalha em sincronia. Por isso, é possível ver tendências terciárias de baixa den-
tro de primárias de alta. Convém ficar atento, portanto. Não é só porque a tendência de longo prazo é de alta
que a terciária também será. Para alguns vai parecer lógico o que foi dito, contudo algumas pessoas que estão
lendo este livro não estão tão familiarizadas com os investimentos e faz-se necessário a explicação detalhada.

Utilizando as tendências como filtro


Muito se fala sobre filtro de tendência e sobre como ele pode nos ajudar. De fato, operar a favor da
tendência é sempre recomendado e quando você faz isso está trazendo a probabilidade para o seu lado. Um
filtro de tendência vai direcionar o tipo de operação que vai realizar dentro do período operacional escolhido
(Day trade, Swing Trade, Position etc.).

O filtro de tendência consiste em fazer operações em um período mais curto, sendo “guiado” pela ten-
dência mais longa. Ou seja, se for fazer day trade, é preciso olhar um período maior e identificar a tendência.
Se ela for de alta, só poderá fazer operações de compra no day trade. Nunca se deve acionar uma operação de
venda a descoberto explorando a queda, a não ser que essa tendência filtro (longa) mude de direção. Sempre
optarei por operar a favor do mercado e nunca contra. Agora, se a tendência do período mais longo for de baixa
(tendência filtro), não poderei operar comprando ativos no day trade. Apenas deverei vendê-los a descoberto.
Esse é o conceito básico de uma operação com filtro de tendência.

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Um caso que ocorre com muita frequência é durante o day trade operando no gráfico de cinco minutos.
O trader olha uma tendência maior, o gráfico de 15 ou 30 minutos como filtro, por exemplo, e se esse gráfico
mais longo estiver caindo, as operações de compras geradas pela análise do gráfico de cinco minutos não são
autorizadas, somente as de vendas descobertas.

Existem várias formas de identificar a tendência. Algumas mais simples, utilizando linhas de tendências
de alta e de baixa e outras mais complexas, utilizando indicadores rastreadores de tendências como o SAR,
HAIKEN ASHI, médias móveis, entre outros.

A estratégia de compra e venda de ações como gatilho de entrada e saída do mercado não pode confun-
dir-se com o filtro de tendência. Como é a primeira vez que tratamos desse assunto, gostaria de deixar claro
que eles são diferentes. Estratégia de compra e venda é um sistema no qual você define quando e por que fazer
o trade. Além dessa, você que vai usar um filtro de tendência deve ter outra estratégia para sinalizar num perí-
odo mais longo qual a tendência do mercado, se alta ou baixa. Então, nesse caso, você precisará formular duas
estratégias separadas, uma para dizer se o ativo sobe ou desce e outra para definir quando comprar e vender.

Como exemplo, colocaremos abaixo no gráfico de 30 minutos um indicador chamado “Heiken Ashi Sua-
vizado” para indicar a tendência do ativo. Como não chegamos à parte de indicadores técnicos e estou partindo
do pressuposto de que você não os conheça, vou explicar como interpretá-lo. Quando observar que a represen-
tação do Heiken Ashi está verde, a tendência indicada é de alta. Quando está vermelha, a tendência é de baixa,
portanto esse seria o nosso filtro para o gráfico de 30 minutos. Na tendência de alta, somente operações de
compra estão autorizadas, não é permitido fazer operações de vendas descobertas para explorar a queda, pois
presumimos que se o mercado está subindo, a probabilidade de acertar na compra é maior do que acertar na
venda. Na tendência de baixa, usamos o contrário. Quando está vermelho, só podemos realizar operações de
venda a descoberto explorando a queda, pois a probabilidade de acerto é maior, seguindo a tendência do mer-
cado.

Figura 12

Dando continuidade, imaginemos que estamos fazendo operações curtas de day trade. Utilizarei o grá-
fico de cinco minutos como gatilho de entrada e saída de nossas operações. Isolaremos o período destacado no
gráfico acima, porém utilizando o gráfico de 5 minutos, ou seja, vamos ver o que aconteceu dentro desse

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período em um gráfico mais rápido.

Figura 13

Perceba que mesmo com as quedas fortes, o trader que utiliza filtro de tendência não poderia vender
descoberto, pois o filtro estava indicando tendência de alta. Se operar na venda descoberta nesse caso, ele
estaria diminuindo sua probabilidade de acerto e não precisa ser nenhum gênio para notar que qualquer explo-
ração de queda em um gráfico que só sobe, dificilmente dará certo.

Operando contra a tendência e seus riscos


Alguns operadores gostam de fazer dinheiro contra a tendência, em meio ao caos. É normal, em fórum
de bolsa, em um mercado de alta muito acentuado, investidores soltarem aquela célebre frase: “Estou louco
para fazer uma vendinha”. Agem totalmente contra a tendência. Chamo esse tipo de investidor de “vendedor
de idiotice”. Gosta de operar repiques e movimentos curtos. Esse tipo de trader certamente não chegará muito
longe. Operar contra uma tendência mais longa é uma burrice estatística. Quando se tem uma estratégia for-
mada e assertiva, mas se começa a errar, grande parte das vezes é porque a tendência mudou, mas o investidor
não percebeu. Após constatar a mudança, ele corrige o sentido das operações e começa a acertar novamente.
O “vendedor de idiotice” faz trade para provar a si mesmo que conseguiu acertar uma operação, quando todos
estavam fora do mercado, só olhando. Muitas vezes, faz isso para se mostrar diante dos colegas de fórum. Para
quem opera com seriedade, essa filosofia não faz o menor sentido.

Como tudo na bolsa tem um porém, neste livro não poderia ser diferente. Gosto de colocar algumas
informações a fim de que você tenha mais munição para quando estiver na guerra. Algumas vezes, o mercado,
mesmo em tendência, dá algum sinal forte e nítido de que vai desabar. Nessa situação, quem deseja especular
em day trade e movimentos curtos precisa esquecer o filtro de tendência, pois as operações com filtros costu-
mam ser mais lentas para identificar mudanças abruptas de tendência. Um exemplo desse cenário é quando
algo muito importante acontece, tragédias, surtos, ataques terroristas e etc. Diante disso, todas as bolsas
desabam fortemente e não existe nenhum sinal gráfico indicando esses movimentos, sendo assim, o acompa-
nhamento do mercado externo é fundamental.

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3º princípio —As três fases do mercado de alta e
baixa
Dow dizia que o mercado funciona dentro de ciclos de alta e de baixa e que dentro de cada ciclo temos
três estágios. Esses estágios podem ser definidos como: acumulação, grande movimento e distribuição.

Para Dow, todo o mercado pode ser facilmente desvendado caso identifiquemos em qual ciclo estamos.
Podemos usar essa teoria para qualquer período gráfico, porém ela foi desenvolvida e tem um poder maior
quando utilizada no gráfico diário. Vou detalhar todas as fases para que consiga entender bem esse conceito.

1º Estágio do mercado de alta —É marcado pelo início de uma acumulação. Isso quer dizer
que investidores começam a comprar e guardar o ativo, muitas vezes, por acharem que está barato demais. É
um movimento mais baseado em fundamentos do que em análise técnica. Os investidores que acumulam ativos
nesse estágio são chamados de SMART MONEY (dinheiro esperto). Eles notam que o mercado está “barato” e
começam a colocar ativos em carteira. O primeiro estágio do mercado de alta se inicia após o fim do 3º estágio
do mercado de baixa.

2º Estágio do mercado de alta —É marcado pela entrada de outros investidores que em


grande parte das vezes são pessoas físicas com conhecimento de mercado. Durante esse estágio, é normal ob-
servarmos o aumento da confiança dos investidores em relação ao mercado, bem como um aumento natural
nos lucros dos balanços das empresas. Imaginem que, nesse estágio, investidores com bom conhecimento de
bolsa percebem que o mercado parou de cair e que um movimento de alta está começando. Nesse caso, dão
início às compras dos ativos fazendo com que a força compradora aumente ainda mais, criando assim um
grande movimento.
3º Estágio do mercado de alta —A grande maioria dos investidores do 3º estágio são pes-
soas físicas que não conhecem bolsa, mas veem no noticiário boas projeções de desempenho e conhecem his-
tórias de pessoas que ganharam muito dinheiro investindo em bolsa. Ao ouvi-las e ver as grandes valorizações
dos ativos, buscam comprar ações sem ter muito conhecimento ou então por meio de aportes em fundos cujo
lastro seja ações. Esses fundos de ações demonstram uma clara valorização de suas cotas e, seguindo a reco-
mendação do gerente do banco, fazem o aporte. Esse é o último movimento do mercado de alta. Os investidores
que vendem as ações para o público no 3º estágio de alta são aqueles que compraram no 1º e 2º estágios,
auferindo grandes lucros.

1º Estágio do mercado de baixa —Devido ao início da venda pesada dos investidores do


1º estágio de alta para os do 3º, o mercado começa a parar de subir, iniciando um movimento de lateralização
ou pequena queda. Durante o 1º estágio, o SMART MONEY já vendeu praticamente tudo o que comprou e já
está esperando uma queda dos preços, porém a imprensa em geral ainda está com a filosofia de mercado al-
tista, divulgando informações positivas.

2º Estágio do mercado de baixa —É marcada por fortes baixas. As notícias começam a


ficar ruins e temos divulgação de resultados não tão satisfatórios para as empresas. Os investidores com bom
conhecimento em bolsa iniciam as vendas dos ativos de forma acelerada para garantir algum lucro ou assumir
um pequeno prejuízo. Nessa fase, grande parte dos investidores que compraram no 3º estágio de alta ainda
seguram os ativos com a esperança de o mercado voltar a subir e obterem algum lucro ou recuperarem parci-
almente o prejuízo.

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3º Estágio do mercado de baixa —Devido à grande desvalorização dos ativos, notícias
ruins e desvalorização substancial os investidores que compraram na terceira fase do mercado de alta come-
çam a zerar suas posições e saem da bolsa amargando grandes prejuízos. Durante esse processo os investido-
res SMART MONEY começam a visualizar uma grande oportunidade com a desvalorização dos preços e grada-
tivamente começam a comprar ativos que julgam estar “baratos”. Com isso eles iniciam um novo ciclo e está-
gio de marcado de alta.

Marquei no gráfico abaixo do DJI os ciclos e estágios para exemplificar. Isolei o gráfico de 2002 até
2012.

Figura 14

Note como o ciclo continua. Se pegarmos um período maior, você conseguirá perceber que o mercado se mo-
vimenta dessa forma. Faça esse exercício em casa, isole parte do gráfico e tente identificar as fases.

Nós estudamos para operarmos como o SMART MONEY. Queremos pegar a tendência em seu início e
vender no topo quando os demais investidores estão comprando tarde, baseados em notícias e na imprensa em
geral. Costumo chamar a 3ª fase do mercado de alta de fase Oprah. É quando um apresentador de TV ou alguém
não vinculado à economia começa a falar sobre ações. Além disso, diversas revistas e jornais noticiam o alto
desempenho da bolsa e explicam como investir nela. É nessa hora que o mercado merece uma atenção redo-
brada, pois é assim que identificamos a 3ª fase de alta. Quando você está tomando um café no Starbucks e até
o balconista começa a falar de ações é a hora de sair correndo do mercado. Não querendo desmerecer a profis-
são nem a empresa, mas se não conhece economia e está sugerindo ou pensando em investir em bolsa, quer
dizer que os mais preparados já o fizeram.

Basicamente, vimos que pessoas despreparadas são pegas nas armadilhas da mídia e investem no mo-
mento errado. Como investidor de bolsa, espero que sempre existam pessoas despreparadas, pois são elas que
garantem grande parte dos nossos lucros. Por outro lado, isso é muito ruim, pois essa pessoa que amargou um
prejuízo muito grande é agente multiplicador negativo para o mercado de capitais, já que ela sempre fará o pior
tipo de propaganda possível. Além disso, a ganância é tão grande que faz com que ela se exponha a níveis de
risco tão altos, que ela coloca a perder praticamente todo o seu patrimônio.

Durante a crise de 2008, presenciei histórias terríveis de pessoas que quebraram utilizando alavancagem
excessiva. Outras histórias mais terríveis ainda, como um noivo que cuidava de todo o dinheiro do casal e estava
juntando para adquirir um apartamento à vista. Como faltava “somente” 15% para realizar a compra sem que
fosse necessário parcelar, adivinha o que ele fez? Sim, comprou tudo em ações um mês antes da crise e não

59
avisou a futura esposa sobre sua decisão. Como o mercado subia em ritmo frenético, ele achou um ótimo
negócio fazer uma surpresa para a noiva. Perdeu mais de 50% do dinheiro e viu seu noivado acabar devido à
besteira cometida. Então, quando falamos em crise, pensamos somente em perdas financeiras, mas, além disso,
temos várias outras perdas mais importantes. Por esse motivo, devemos tomar cuidado ao investir em bolsa e
procurar o nosso lote tranquilizador como eu disse anteriormente.

Um dos grandes indicadores que nos ajuda a identificar o SMART MONEY é o fluxo de investimento es-
trangeiro. O dinheiro esperto são os estrangeiros que investem em nossa bolsa, logo, saber se eles estão com-
prando ou vendendo é de suma importância. Podemos monitorar isso no Brasil utilizando o BDI (Boletim diário)
fornecido pela B3. Em outros países é possível monitorar o mercado usando essa metodologia, assim, caso não
esteja operando a bolsa brasileira, consulte esses dados na bolsa de seu país e monte uma planilha com eles.

No Brasil, um dos grandes defensores, e diria até guardião, do segredo do fluxo de investimento estrangeiro
chama-se Márcio Noronha. Noronha é um professor e operador de mercado financeiro brasileiro, que desen-
volve uma revista chamada TIMING, com informações periódicas com o que julga interessante e nela ele dispo-
nibiliza o gráfico com as informações de fluxo de investimento estrangeiro. Vale a pena consultar em:
https://marcionoronha.com.br/. Abaixo, tomei a liberdade de extrair de sua revista a imagem do fluxo de inves-
timento para demonstrar quão importante é essa ferramenta.

Figura 15

No gráfico acima, temos em vermelho o IBOVESPA e em preto a participação dos investidores. São quatro

60
categorias. Perceba que os estrangeiros iniciam suas compras antes da alta do índice, enquanto, na contra mão,
as pessoas físicas sempre compram dos estrangeiros na metade para o final do ciclo de alta. Os institucionais
são fundos de investimentos que também compram dos estrangeiros, pois nele contemplam também pessoas
físicas que estão investindo na bolsa através de fundos de investimentos. Por meio da leitura do fluxo de inves-
timento é possível identificar facilmente em qual fase de alta ou baixa o mercado está.

4º Princípio —Princípio da confirmação


Há muitos anos, os analistas se baseavam no índice ferroviário, sendo este um importante indicador
como termômetro econômico, e os comparava com o desempenho das ações. Antigamente a economia era
muito dependente dele, pois os sinais de aceleração e desaceleração econômicos eram antecipados e a produ-
ção industrial dependia do transporte ferroviário. Dessa forma, eles comparavam o índice ferroviário, composto
pelas principais ações de empresas de transporte com o índice industrial, por sua vez, composto pelas principais
indústrias. Quando havia uma alta do índice industrial, os analistas olhavam o índice ferroviário para saber se
essa alta seria sustentável ou não.

Atualmente, utilizamos o mesmo princípio, porém com algumas adaptações. Não mais olhamos o índice
ferroviário, pois a distribuição de produção está bem pulverizada, mas olhamos o desempenho da bolsa em
geral.

Essa teoria foi desenvolvida baseando-se na comparação de dois índices de comportamentos parecidos,
sendo que ela confirmava, por exemplo, uma tendência de alta quando os dois “apontavam” para o mesmo
sentido. Atualmente, esse princípio foi adaptado e consiste em comparar um ativo com o índice de seu país.
Isso quer dizer que o índice deve confirmar sua decisão de investimento. Para ficar claro, vamos supor que você
acredite que comprar a ação de uma empresa de tecnologia de seu país seria um ótimo investimento, porém o
índice que reflete as ações de seu país está em forte queda. Nessa situação, o índice não confirma sua decisão.
Se ele estivesse subindo, essa decisão de compra seria autorizada. Mesmo que o ativo em questão esteja su-
bindo e com boas perspectivas, se usarmos o princípio da confirmação como fator para decisão de investimen-
tos, perceberemos que essa compra não é interessante.

Parta da premissa que se o mercado não está bom, realizar operações de compra diminui a probabilidade
de acerto, pois você quer acertar algumas ações que sobem, dentro de um universo com centenas de ações
caindo. Nesse cenário de queda, seria mais negócio buscar operações que exploram a desvalorização dos ativos,
e não a sua valorização. Esse princípio atualmente funciona mais como um filtro de tendência que norteia o
trader a operar sempre a favor de todo o mercado, nunca contra. O princípio perdeu um pouco do conceito
inicial, mas continua vivo na cabeça da maioria dos traders técnicos.

Resumidamente, se você opera no mercado americano, o índice Dow Jones deve estar subindo para que
você possa comprar uma ação. Se opera o mercado brasileiro, o Ibovespa deve estar subindo para você fazer a
compra.

Esse princípio vem de um cenário técnico, e não fundamentalista. Acho importante deixar claro essa
diferença, pois o fundamentalista sabe que o mercado sempre voltará a subir. Ele conhece os números da em-
presa, já calculou o valor justo, o retorno sobre investimento pelos dividendos e, para ele, o que importa é fazer
aquela operação não se importando com o resto do mercado nem com nenhum princípio técnico.

61
5º Princípio —O volume deve confirmar a tendência
Para Dow, esse conceito tem um significado bem simples e pode ser resumido da forma a seguir.
Mercados em Alta: o volume aumenta com a valorização do ativo e diminui com a desvalorização. Mer-
cados em Baixa: o volume aumenta com a desvalorização e diminui com a valorização.

Para Dow, quando um mercado está em uma tendência longa (primária), com volume crescente, é sinal
de que ele ainda tem força para subir mais e se sustentar em alta. Também é verdadeiro que esse mercado de
alta, quando começa a diminuir o volume, pode ser um indicador de que a tendência esteja se enfraquecendo.
O inverso vale para os mercados em tendências de baixa.

O 5º princípio, para mim, está comprometido e não tem mais valia no mercado atual. Muita coisa mudou
desde que Dow começou a avaliar o mercado. Hoje, grande parte do movimento financeiro das bolsas mundiais
são algoritmos de alta frequência. Esses algoritmos mexem demais no volume financeiro das bolsas e infeliz-
mente comprometem o 5º princípio de Dow. Sendo assim, particularmente não o utilizo, mas como não sou
dono da verdade, acho que vale a pena uma pesquisa mais detalhada de sua parte.

6º Princípio —A tendência continua até que um sinal


definitivo de reversão apareça.
Poucas pessoas conseguem identificar sem treino quando as ações estão subindo ou caindo, porém a
maioria esmagadora não sabe quando a tendência se reverteu. Isso é perdoável, pois existem diversos métodos
para expressar quando a ação está caindo ou subindo e quando está se revertendo, como os indicadores técni-
cos e os gráficos.

Dow diz que para a tendência mudar, precisamos ter um sinal claro de que houve reversão. Para a análise
técnica básica e para mim, o mais útil é identificar os topos e fundos e visualizar quando existe o surgimento de
um pivô de baixa ou de alta. Discutiremos os pivôs mais à frente.

Dow utilizou a lei da física nesse princípio: “Um corpo em movimento continuará em movimento até que
uma força contrária seja exercida sobre ele”.

O que estão dizendo sobre a teoria de Dow


É fato que já se passaram mais de 100 anos que Charles Henry Dow morreu e que suas teorias foram a
base da análise técnica como a conhecemos. Também é fato que muitos estudos foram desenvolvidos, os mer-
cados e os índices mudaram e muita teoria foi escrita. Além disso, a tecnologia entrou e criou indicadores téc-
nicos matemáticos, alternativas quantitativas etc. Analistas dizem que os índices mudaram e, realmente, eles
estão corretos, porém isso não faz com que a teoria perca sua essência. O mercado nunca vai funcionar com
apenas uma teoria ou algo assim. Se fosse dessa forma, tudo seria fácil e todos ganhariam dinheiro. Você só irá
vencer o mercado quando juntar as melhores teorias e métodos para fazer suas análises, desenvolver um con-
trole psicológico, controlar os riscos, entre outros, porém a base da análise técnica sempre será a teoria de Dow,
assim como a base para os antibióticos é a penicilina. O antibiótico também evoluiu bastante, mas a base sem-
pre será o início dos estudos. Logicamente, algumas teorias estão obsoletas, mas como você se torna um

62
especialista em alguma coisa sem saber a base? Se vai se formar administrador precisa passar por teoria geral
da administração, por exemplo. Voltando à penicilina, ela continua funcionando, porém, dependendo da bac-
téria, outro antibiótico será utilizado ou então uma combinação deles. A mesma coisa vale para os princípios de
Dow, sozinhos têm seu valor, combinado com outros estudos, ficam melhores ainda.

Eu realmente não acredito que a teoria de Dow deva ser esquecida como prega alguns estudiosos. O
único princípio que percebo não funcionar e observo em último caso é o 5º princípio. Os demais, utilizo rigoro-
samente. Imagine, por exemplo, operar o mercado sem saber bem o 6º princípio. Parece uma grande loucura
operar e não saber se o mercado continua na tendência ou se está mudando. Agora, saber qual método vai usar
para avaliar a mudança de tendência, isso, sim, evoluiu. Alguns usam fórmulas matemáticas, outros indicadores
e alguns, como eu, utilizam a antiga e tradicional identificação dos pivôs. No final, a base continua a mesma.
Alguns estudiosos dizem que os índices utilizados por Dow e a economia mudaram e, por esses motivos,
o princípio da confirmação (4º princípio) foi comprometido. Eu não acredito nisso, afinal temos os mercados
pais e filhos, conforme expliquei no início do livro. Isso não deixa de ser o princípio da confirmação. Analisar o
índice da bolsa de valores dos países que se opera para atuar somente a favor das suas tendências também se
refere ao princípio da confirmação. No final, a gente pode usar algumas variantes, como escolher o índice em
que iremos nos basear para confirmação, mas a base continuará a nos nortear.

Termômetro do Mercado —Abrindo mais o campo de


visão
Para operadores de curto prazo, um termômetro de como será o dia é extremamente importante. Ele
dirá qual direção o mercado seguirá. Assim, o operador nunca entrará contra a tendência do dia, já que a pro-
babilidade de dar errado será muito grande. Chamo essa coleção de termômetros de FILTRO DO DIA. Esse filtro
deverá ser feito 30 minutos antes de ser iniciado o pregão. Para entender melhor, segue explicação.

FILTRO DO DIA (COMPRADOR)


DJI FUTURO: FORTE ALTA
IBOVESPA FUTURO: FORTE ALTA
BOLSAS EUROPEIAS: FORTE ALTA
Só operações de compra são autorizadas.

FILTRO DO DIA (VENDEDOR)


DJI FUTURO: FORTE BAIXA
IBOVESPA FUTURO: FORTE BAIXA
BOLSAS EUROPEIAS: FORTE BAIXA
Só operações de venda são autorizadas.

63
Caso os termômetros estejam divergindo com pequena alta ou pequena baixa, é sinal de que o mercado
não estará com uma tendência tão definida para o dia. Dessa forma, ficará difícil operar, pois, talvez, o mercado
não se movimente com tanta intensidade.

Em momentos como esse, o trader mais atuante diminui bastante seus objetivos e tenta pegar movi-
mentos mais curtos.

O Poder das notícias —Sim, elas influenciam


Muitos analistas técnicos têm uma cega ideia de que os gráficos dizem tudo e de que as notícias não são
importantes. Eu não penso dessa maneira. Tudo que influencie a volatilidade e a tendência para o dia não deve
ser desprezado. Nosso mercado, além de ter notícias internas importantes, é influenciado pelas externas, prin-
cipalmente as divulgadas nos EUA. Assim, nosso mercado pode começar em forte alta e, no momento da divul-
gação da notícia, perder força e virar, pegando alguns traders de “calça curta” ou aumentando a volatilidade de
forma abrupta, “Stopando” e assustando os desavisados.

Um trader profissional deve ter o calendário com todos os indicadores econômicos (Brasil e EUA) e seus
respectivos horários de divulgação.

Informações relevantes (Brasil): divulgação da prévia do PIB, divulgação do PIB, saldo da balança comer-
cial, índice de desemprego, decisões do Copom referentes à taxa de juros.

Informações relevantes (EUA): Trade Balance, Core CPI, Unemployment Claims, Core Retail Sales, Retail
Sales, Housing Starts, Unemployment Claims, Non-Farm Employment Change, discurso do Charmain do Federal
Reserve (FED), Livro Bege, Pending Home Sales, ISM Manufacturing PMI, ADP Non-Farm Employment Change,
Building Permits, TIC Long-Term Purchases.

Além disso, é importante que o trader sempre fique atento às notícias durante o pregão. Algumas real-
mente impactam e você não quer ficar sem saber o motivo do aumento da volatilidade quando estiver ope-
rando, como anúncio de catástrofes naturais, acidentes, incêndios, entre outros.

Começando a ler os gráficos


Antes de começarmos a nos aprofundar na análise técnica, precisamos entender como os gráficos mos-
tram os preços, bem como os diferentes tipos de gráficos. Nosso estudo é dedicado ao gráfico de Candlestick
criado por um japonês no século XVIII em Osaka. O nome foi ocidentalizado e significa candelabro pelo fato de
sua representação lembrar uma vela. De qualquer maneira, vamos falar sucintamente sobre outros gráficos e
caso tenha interesse, poderá pesquisar e se aprofundar.

O Mercado e seus quatro preços

Passei alguns momentos de minha vida em uma feira, pois tive parentes que trabalharam no Ceasa, em
São Paulo, como feirantes. Devido a essa experiência, costumo comparar o mercado de ações com uma feira
gigantesca. Tanto um como o outro, com o passar do dia, apresentam mudança de preço.

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O mercado nos deixa quatro valores importantes para nos ajudar em nossas análises: o preço de abertura
(quando o mercado abre), fechamento (quando o mercado fecha), máxima (patamar máximo alcançado no dia)
e mínima (patamar mínimo alcançado no dia). Esses quatro preços já nos dizem muitas coisas. Veremos mais
adiante como estudá-los.

Definindo a escala do gráfico

Os traders escolhem utilizar dois tipos de escalas: a aritmética e a logarítmica. A escala aritmética mede
os preços em termos unitários e a logarítmica os mede em termos percentuais. Essa diferença é visível no gráfico
e abaixo veremos as características de cada uma.

Figura 16

Note que na primeira linha, a distância entre 1 e 2 é maior, pois representa 100%, enquanto de 2 para 3
a distância diminuiu, pois representa 50%. A primeira linha é representada pela escala logarítmica.

Na segunda linha, temos a escala aritmética. Nela, as distâncias são as mesmas de 1 a 2 e de 2 a 3.

As vantagens de ambas as escalas são:

➔ as aritméticas são úteis quando o preço varia pouco;


➔ as aritméticas podem ser úteis para gráficos de curto prazo;
➔ as logarítmicas são úteis quando o preço se movimenta significativamente;
➔ as linhas de tendência inclinam-se a serem mais confiáveis na escala logarítmica;
➔ as escalas logarítmicas são úteis numa análise de longo prazo.

Adaptar a escala e utilizar a que mais testou suporte e resistência seria o ideal, porém, infelizmente,
nem todos dispõem de tempo para fazê-lo. Caso você disponha, faça, pois será muito importante. Cada
ativo tem sua particularidade, de forma que haverá ativos que ficarão melhores na escala logarítmica e
outros, na escala aritmética.

Gráfico de linha

65
Figura 17

Esse gráfico representa os preços através de uma única linha. Ele é de fácil visualização, porém não traz muitas
informações para nossas análises. Ele foi desenhado de forma a representar apenas um valor (abertura, fecha-
mento, máxima e mínima), ou seja, precisamos escolher um dos preços. O gráfico anterior, por exemplo, foi
elaborado utilizando somente os preços de fechamento do mercado. O gráfico de linha, como ferramenta
para tomada de decisão durante o pregão talvez não tenha muita utilidade, porém ele pode ser o mais rápido
para identificar, por exemplo, suportes e residências, assim como também demonstra com mais facilidade a
inclinação dos preços.

Gráfico de barras (Bar Chart)


No gráfico de barras, o corpo lembra um palito com pequenas barrinhas na lateral, representando aber-
tura e fechamento de preço. Acima e abaixo das barrinhas são computadas as máximas e as mínimas. Se a barra
lateral de fechamento estiver abaixo da de abertura, quer dizer que houve uma queda nos preços; se ela estiver
acima da barra de abertura, houve um aumento nos preços do ativo (veja a figura 9).

66
Figura 18

A figura 10 apresenta o gráfico do IBOV em barras.

Figura 19

O gráfico de barras funciona como nossos Candlesticks, pois representam os quatro preços do mercado,
porém a formação de padrões é mais difícil de identificar. Uma das vantagens desse gráfico é o tamanho. Por
ele ocupar menos espaço na tela, é possível enxergar um período maior.

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Heiken Ashi
Esse gráfico está se tornando muito popular em todo o mundo e alguns traders têm substituído os Can-
dlesticks por ele, principalmente em estratégias seguidoras de tendências. Ele é muito parecido “fisicamente”
com os Candles, mas tem uma diferença considerável em sua formulação. Enquanto o Candle usa preços de
abertura, fechamento, máxima e mínima, o Heiken Ashi, além de também os utilizar, tem sua formulação um
pouco mais suavizada. Abaixo temos o primeiro gráfico de Candlesticks (figura 20) e, o segundo, elaborado uti-
lizando o Heiken Ashi (figura 21).

Figura 20

68
Figura 21

Veja que no gráfico de Heiken, a tendência fica mais limpa e fácil de ser visualizada. Ele não forma pa-
drões que nos ajude a operar, porém identifica bem uma tendência e demonstra sua força. Para interpretá-lo
podemos usar as seguintes regras.

1 —Velas grandes sem sombras inferiores representam forte alta e a tendência continua sendo de alta.
2 —Velas verdes significam uma tendência de alta. Você pode encerrar suas posições vendidas e iniciar as com-
pras.
3 —Velas com um corpo pequeno cercado por sombras superiores e inferiores indicam uma mudança de
tendência. Fique atento para ter que inverter o sentido das operações.
4 - Velas vermelhas indicam uma tendência de baixa: você pode encerrar suas posições compradas e iniciar suas
vendas a descoberto.
5 - Velas vermelhas sem sombras mais altas identificam uma forte baixa e que a tendência continuará sendo de
baixa.

Candlestick (Candelabro Japonês)


Esse é o padrão que utilizaremos neste livro e que utilizo em minhas análises. O Candle é fantástico, pois
é de fácil leitura e por si só já nos diz muitas coisas sobre o mercado. As combinações de Candles formam pa-
drões fortes que sinalizam alguns movimentos futuros do mercado.

O gráfico de Candle foi criado por Munehisa Honma, um trader japonês que negociava arroz no século
XVII. Ele identificou sabiamente a importância dos quatro preços: abertura, fechamento, máxima e mínima.

69
Atualmente, seu gráfico é o mais utilizado em todo o mundo. Neste livro abordaremos os conceitos dos
principais Candles.

Em todos os cursos que ministrei, sempre foquei meus esforços para que o aluno aprendesse a lógica, e
não que decorasse as características. Assim, apresento a seguir um esquema para que fique fácil o entendi-
mento dos padrões. Vamos ver como o Candle funciona.

Se o preço de fechamento for maior que o de abertura, pintaremos o Candle de verde. Isso significa que
houve um aumento nos preços daquele período. Se o preço de fechamento for menor que o de abertura, pin-
taremos o Candle de vermelho, significando queda nos preços daquele período. As partes verdes e vermelhas
são chamadas de CORPO DO CANDLE.

Figura 22 / Figura 23

Figura 24

Você deve ter notado que nos Candles também existem duas barras verticais. Chamamos essas barras
de SOMBRA. A sombra superior determina o preço máximo que o ativo teve no período e a sombra inferior, o
preço mínimo. Detalhe importante sobre os Candles: quando vermelhos, estão com o preço de abertura em
cima e o preço de fechamento embaixo. Quando verdes, estão com o preço de abertura embaixo e o de fecha-
mento em cima, ou seja, invertidos. As sombras, no entanto, não se invertem; tanto faz se vermelhos ou verdes,
a sombra superior sempre será de preço máximo e a inferior sempre será de preço mínimo. Abaixo, veja um
gráfico formado por Candles.

70
Figura 25

Padrões formados por Candles

Lembra-se de que falei que utilizava os Candles por que eles sozinhos já nos diziam muitas coisas? Pois
é, agora vamos ver o que eles nos dizem e como são fortes esses padrões. Temos formações na qual um único
Candle já tem grande importância e padrões combinados com dois ou mais Candles. Essas formações são en-
contradas tanto nos movimentos de alta quanto nos de baixa. Vamos ver sobre cada um destes, suas estratégias
e estatísticas.

É importante dizer que os padrões são de reversões, de forma que precisamos de uma tendência para
eles funcionarem. Não adianta ficar procurando padrões em um gráfico congestionado que anda de lado, com
tendência lateral. Os padrões precisam estar em tendência nítida, ou de alta ou de baixa.

Padrões de um único Candle

São padrões formados por apenas um Candle. Existem algumas situações que reforçam a probabilidade
de uma reversão nesses padrões:

1ª aparecer em cima de um suporte ou resistência;


2ª quando aparecer o Candle e o volume for acima da média;
3ª quando aparecer combinado com a reversão de um indicador, sobre as Bandas de Bollinger, por exemplo.

Martelo
É um padrão altista, que aparece durante um período nítido de baixa e sinaliza reversão do mercado

71
para alta ou para o lado. Leva esse nome pelo fato de seu desenho parecer com um martelo.

O martelo sinaliza uma diminuição da força vendedora. Se for verde, seu poder de reversão aumentará.

Características:

• não importa se é verde ou vermelho;

• corpo pequeno;

• sombra inferior comprida (2x o corpo);

• sem sombra superior;

• aparece após um movimento nítido de baixa;

• quanto maior a sombra, maior o seu poder de reversão.


Figura 26

Obs.: Na teoria, não haveria sombra superior, mas, se uma sombrinha aparecer, costumo considerar um
martelo. Quando digo sombrinha, me refiro a aproximadamente 1/5 da sombra inferior, ou menos.

Metodologia de operação:

Figura 27

Enforcado
Tem as mesmas características do martelo, porém acontece quando o mercado está apresentando di-
versas altas. Quando aparece, sinaliza reversão para baixa ou para o lado, portanto é um padrão baixista.

O enforcado sinaliza uma diminuição da força compradora. Se ele for vermelho, sua potência de reversão
aumentará. Importante salientar que esse padrão implica em uma desestabilização da tendência de alta, pois
como deixou uma sombra inferior comprida, ainda temos uma força de compra relativamente importante.

72
Características:

• aparece após um movimento nítido de alta;


`
• não importa se é verde ou vermelho;

• corpo pequeno;

• sombra inferior comprida (2x corpo);

• sem sombra superior;

• quanto maior a sombra, maior o seu poder de reversão.


Figura 28

Metodologia de operação:

Figura 29

Obs.: Na teoria, não haveria sombra superior, mas, se uma sombrinha aparecer, costumo considerar um enfor-
cado. Quando digo sombrinha, me refiro a aproximadamente 1/5 da sombra inferior, ou menos.

Veja, na figura 30, o martelo e o enforcado funcionando em um gráfico real.

73
Figura 30

Shooting Star
Aparece após um movimento de alta. Sinaliza reversão, portanto é um padrão baixista. Ele retrata a perda do
controle dos compradores para os vendedores. Como deixou uma sombra superior comprida, representa uma
desestabilização da tendência de alta, pois demonstra um enfraquecimento das forças compradoras.

Características:

• corpo pequeno;

• abre em Gap de alta em relação ao

• Candle anterior;

• sombra superior longa;

• não há sombra inferior.


Figura 31

Metodologia de operação:

74
Figura 32

Figura 33

Martelo Invertido
O martelo invertido sinaliza uma mudança de tendência para alta, portanto é um padrão altista. Reflete
a entrada de compradores. Suas características são iguais às do Shooting Star, porém ele aparece depois de uma
sequência de baixas. Também é um padrão que enfraquece a tendência de baixa, pois deixa uma sombra supe-
rior.

Características:

75
• corpo pequeno;

• abre em Gap de baixa em relação ao

• Candle anterior;

• sombra superior longa (2x corpo);

• não há sombra inferior.


Figura 34

Metodologia de operação:

Figura 35

Veja, na figura 36, o martelo invertido em um gráfico real.

Figura 36

76
Estrela
Esse padrão mostra indecisão no mercado e uma possível reversão. Ele pode ser tanto baixista como
altista, tudo dependerá da posição que ocupar no gráfico.

A estrela significa uma forte batalha entre compradores e vendedores. É padrão comum nos gráficos.

Características:

• possui sombras superiores e inferiores;

• corpo pequeno.

• Se a estrela aparece depois de alguns dias de alta,


chamará estrela da tarde.

• Se aparecer após dias de baixa, estrela da manhã.

Figura 37

Figura 38

Metodologia de operação:

77
Figura 39

Veja, na figura 40, as estrelas em um gráfico real.

Figura 40

Se a estrela abrir em Gap com relação ao Candle anterior, seu poder de reversão será potencializado.

Dojis

78
Os Dojis são estrelas de maior força. Elas não têm corpo. Acontecem quando existe uma alta indecisão no mer-
cado e os preços de abertura e fechamento estão no mesmo nível. Sinalizam uma briga forte entre compradores
e vendedores.

Existem três tipos de Dojis:

Figura 41

Doji Clássico:

• não tem corpo;


• tem sombra inferior e superior. Esse é o padrão mais indefinido, pois tem sombra dos dois lados. Sendo assim,
ele perde um pouco seu poder de reversão.

Doji Dragonfly:

• é um padrão altista;
• não tem corpo;
• tem apenas a sombra inferior, significa que as forças de compra conseguiram vencer as de venda, pois os
preços caíram e voltaram a subir, deixando a sombra e fechando juntamente da abertura.

Doji Túmulo:

• é um padrão baixista;
• não tem corpo;
• tem apenas a sombra superior, significa que as forças de venda conseguiram vencer as de compra, pois os
preços subiram e voltaram a cair, deixando a sombra e fechando juntamente da abertura.

Metodologia de operação:

79
Figura 42

Marubozu

É basicamente um Candle que não tem máxima nem mínima. Indica um movimento forte de baixa ou de alta.

80
Figura 43

Informação Importante!

Sempre que ler um Candle, imagine o que aconteceria se ele não tivesse fechado o período. Exemplo:
você está vendo um Candle em um gráfico de 15 minutos, o que aconteceria com ele se houvesse mais 10
minutos pela frente? Quando você olha um Candle como o Marubozu de alta, por exemplo, que não tem
sombras, quer dizer que se tivesse mais de 10 minutos, pela força compradora que não deixou nem produzir a
sombra, teríamos um próximo Candle de alta. Essa interpretação vale para todos os Candles disponíveis. Supo-
nha que um martelo deixou uma sombra inferior demostrando a retomada da força de compra e fechando o
Candle em sua máxima, imagine o que aconteceria com o próximo Candle. Provavelmente, abriria em alta con-
tinuando o Candle anterior.

Metodologia de operação:

81
Figura 44

Padrões com dois ou mais Candles


Como o nome já diz, para formar esse tipo de padrão é necessária a combinação de dois ou mais Candles. Você
deverá aguardar a formação dos Candles para tomar as iniciativas de compra e venda. Vamos ver detalhada-
mente como funcionam esses padrões.

Engolfo de Alta
É um padrão forte que acontece depois de uma sequência de baixas.

O engolfo de alta acontece da seguinte maneira: no primeiro Candle, aparece uma estrela que por si só já re-
presenta indecisão; logo depois, aparece um Candle maior, cobrindo totalmente a estrela.

Características:

82
• o primeiro Candle é de cor vermelha e o se-
gundo, verde;

• o segundo Candle cobre totalmente o corpo do


primeiro.

• o primeiro Candle é de cor vermelha e o se-


gundo, verde;

• o segundo Candle cobre totalmente o corpo do


primeiro.
Figura 45

Metodologia de operação:

Figura 46

Veja, na figura 47, o engolfo de alta em um gráfico real.

Figura 47

83
Engolfo de Baixa
É um padrão baixista que tem as características do engolfo de alta. Ocorre após movimentos de alta.

Características:`

• o primeiro Candle é de cor verde e o segundo, ver-


melha;

• o segundo Candle cobre totalmente o corpo do pri-


meiro.

Figura 48

Metodologia de operação:

Figura 49

Veja, na figura 50, o engolfo de baixa em um gráfico real.

84
Figura 50

Haramis
Em japonês significa gravidez. Esse padrão ocorre na alta e na baixa. É formado da seguinte maneira: o
primeiro Candle é grande, com a cor da tendência, e o segundo Candle é pequeno, usualmente uma estrela. O
primeiro chama-se mãe e o segundo, filho.

O segundo Candle deve estar totalmente coberto pelo corpo do Candle mãe. É importante ressaltar que quanto
menor for o corpo do segundo Candle, maior a força do Harami. Se porventura acontecer um evento raro, que
é o segundo Candle ser Doji, chamaremos essa combinação de HARAMI CROSS. Ela é extremamente potente e
deve ser respeitada como um sinal fortíssimo de reversão.

Figura 51

85
Metodologia de operação:

Figura 52

Figura 53

86
Padrão Nuvem Negra (Dark Clouds)
É um padrão baixista. Ocorre sempre após movimentos de alta.

Características:

• primeiro Candle na cor verde e segundo na cor


vermelha;

• segundo Candle tem seu fechamento acima da


abertura do primeiro;

• fica dentro da zona de preço do primeiro Can-


dle;

• segundo Candle tem uma penetração mínima de


50% do primeiro Candle.

Figura 54

Metodologia de operação:

Figura 55

Vamos ver, na figura 56, a Nuvem Negra em um gráfico real.

87
Figura 56

Piercing Pattern

Tem as mesmas características do Dark Clouds, mas acontece depois de um movimento de baixa.

Características:

• primeiro Candle na cor vermelha e segundo na


cor verde;

• segundo Candle tem sua abertura abaixo do fe-


chamento do primeiro Candle;

• fica dentro da zona de preço do primeiro Candle;

• segundo Candle tem uma penetração mínima de


50% do primeiro Candle.
Figura 57

Metodologia de operação:

88
Figura 58

Piercing Pattern em um gráfico real.

Figura 59

Bebê Abandonado
Figura de reversão, tanto de alta quanto de baixa. Difícil de ser encontrada no dia a dia, mas tem um forte
poder e não deve ser desprezada.

Características:

• Gap seguido de um Doji;


• outro Gap na direção oposta;
• fica a sensação de um Candle totalmente deslocado e abandonado no gráfico;

89
• Doji deve ficar abaixo das mínimas.

Figura 60

Nesse padrão, por teoria, um Doji deve ser deixado no fundo, porém é comum também vermos uma
estrela. O importante é a sequência de Gap, não o Candle que está no fundo, no caso de bebê abandonado,
durante a baixa, ou no topo, durante a formação na alta.

Metodologia de operação:

Figura 61

90
Veja, na figura 62, o bebê abandonado em um gráfico real.

Figura 62

Downside Tasuki Gap


Figura de continuação, ou seja, o movimento continuará. No caso do exemplo mostrado no gráfico a
seguir, a baixa continuará.

Características:

• primeiro Candle grande e vermelho;

• segundo Candle vermelho, com Gap em relação


ao primeiro;

• terceiro Candle verde, iniciando dentro do corpo


do primeiro e não fechando o Gap totalmente.

Figura 63

Metodologia de operação:

91
Figura 63

Upside Tasuki Gap


Figura de continuação, ou seja, o movimento continuará. No caso do exemplo mostrado no gráfico a seguir, a
alta continuará.

Características:

• primeiro Candle grande e verde;

• segundo Candle verde, com Gap em relação ao


primeiro;

• terceiro Candle vermelho, iniciando dentro do


corpo do primeiro e não fechando o Gap
totalmente.

Figura 64

Metodologia de operação:

92
Figura 65

Falling Three Methods


Padrão de continuação de baixa.

Características:

• primeiro Candle grande;


• alguns Candles intermediários, com corpos
pequenos como uma estrela (mais comum 3),
dentro da zona de preço do primeiro;
• por último, um Candle vermelho, fechando abaixo
da mínima do primeiro Candle;
• não importam as cores dos Candles
intermediários.
Figura 66

Metodologia de operação:

93
Figura 67

Rising Three Methods


Padrão de continuação de alta.

Características:

• primeiro Candle grande;

• alguns Candles intermediários com corpos


pequenos como uma estrela (mais comum 3),
dentro da zona de preço do primeiro;

• por último um Candle verde fe-chando acima da


máxima do pri-meiro Candle;

• não importam as cores dos Candles


intermediários.
Figura 68

Metodologia de operação:

Figura 69

94
Three White Soldiers (Três Soldados Brancos)
Muitos autores colocam esse padrão como reversão. Eu prefiro colocá-lo como padrão de correção, que
vem depois de uma forte sequência de alta, esfriando um pouco os ânimos.

Características:

• acontecem três dias consecutivos de alta;

• as aberturas desses dias se dão den-tro do Candle


anterior, e os fecha-mentos, acima das máximas;

• após o terceiro dia, pelo seguido movi-mento de


alta, podemos ter uma peque-na realização, derru-
bando um pouco o mercado, ou lateralizando-o.
Figura 70

Metodologia de operação:

Figura 71

Obs.: Por ser uma formação de lateralização, não é recomendável fazer operações, pois a volatilidade não cos-
tuma ser tão atraente.

Three Black Crows


Padrão muito parecido com o Three White Soldiers, mas acontece depois de um movimento seguido de baixa.

Características:

95
• acontecem três dias consecutivos de baixa;

• as aberturas desses dias acontecem dentro do Can-


dle anterior, e os fechamentos, abaixo das mínimas;

• Após o terceiro dia, pelo seguido movimento de


baixa, podemos ter uma pequena pressão com-
prado-ra, estancando um pouco a queda e, possivel-
mente, iniciando uma lateralização.
Figura 72

Metodologia de operação:

Figura 73

Obs.: Por ser uma formação de lateralização, não é recomendável fazer operações, pois a volatilidade não cos-
tuma ser tão atraente.

Marcando Topos e Fundos


Esses conceitos são básicos e seu entendimento é realmente muito importante para o aprendizado da
análise técnica. Sem saber como identificar os topos e fundos, você não poderá entrar no mercado, pois dará
um “tiro no escuro”. Esse é o conceito que os Pivôs de alta e baixa se baseiam e, sem entender os topos e fundos,
você não saberá quando um ativo está subindo ou caindo.

96
Figura 74

Mercado em Alta (Tendência de Alta)

Figura 75

Mercado de Baixa (Tendência de Baixa)

97
Figura 76

Existem apenas três movimentos (TENDÊNCIAS) que o mercado pode fazer: subir, descer e andar de
lado. Marcar os topos e fundos é identificar essas tendências e saber se você está comprando na alta ou na
baixa. Além disso, identificando os topos e fundos, você poderá desenhar os suportes e as resistências para
aquele ativo.

O mercado vai fazendo um zigue-zague (sobe e desce), e a cada vez que os preços sobem e depois re-
cuam, damos o nome de TOPO. Quando os preços caem e depois começam a subir, denominamos FUNDO.

Mercado de Lado (Tendência Lateral)

Figura 77

Em uma tendência de alta, o gráfico deixa topos e fundos ascendentes, ou seja, os topos e fundos atuais
têm que ficar mais altos que os topos e fundos anteriores. Na tendência de baixa, os topos e fundos atuais têm
que ficar abaixo dos topos e fundos anteriores. No mercado de lado, os topos e fundos ficam na mesma altura.

98
Veja, nas figuras 75, 76 e 77, todas as possibilidades para que você entenda melhor. Repare que no
mercado de alta, os topos vão ficando um mais alto do que o outro. Mesmo em um mercado de alta, existem
os fundos que surgem durante uma correção curta.

Para facilitar o entendimento, sempre que houver topos e fundos ascendentes, o mercado estará em
alta.

No mercado de baixa, os topos e fundos devem ser descendentes, ou seja, eles devem ficar um abaixo
do outro.

No mercado de lado, os topos e fundos estão no mesmo patamar ou muito próximos.

Agora veja, na figura 78, os topos e fundos em ativos verdadeiros.

Figura 78

Entenda o seguinte: marquei os topos e fundos com uma seta e escrevi somente para ilustrar. Não é
necessário que você marque nos ativos; o que é preciso marcar são os suportes, as resistências e as linhas de
tendências, porém só poderemos traçá-los se soubermos o que são os topos e os fundos.

Conceitos de Suporte e Resistência


Esses conceitos são fundamentais para o aprendizado da análise técnica e se traduzem da seguinte forma: uma
resistência é uma área com uma concentração de vendedores e um suporte é uma área com uma concentração
de compradores.

Quando o preço atinge um suporte, geralmente as pessoas acham que o ativo está com preço muito baixo e
começam a comprar, levantando, assim, sua cotação.

A resistência é uma área em que as pessoas acham que o ativo está caro demais. Surge, então, um pânico
psicológico, um medo de que o mercado caia. As pessoas iniciam suas vendas e então derrubam, de fato, o
mercado.

99
Por que aprendemos sobre os topos e fundos antes dos suportes e resistências? Simples! Todo topo é uma
resistência e todo fundo é um suporte.

Cabe lembrar que quando uma resistência é ultrapassada, ela automaticamente vira um suporte e quando
um suporte é ultrapassado ele automaticamente vira uma resistência.

Para marcarmos os suportes e resistências, traçamos uma linha horizontal no topo ou fundo. Veja a figura 79.

Figura 79

Marcamos os suportes e resistências porque eles são áreas de preços muito fortes, psicologicamente falando.
Por isso, você deve ficar atento para a seguinte questão: quando um ativo está a caminho de encontrar uma
resistência, ele tem grande possibilidade de bater na resistência e recuar. Já no caso do suporte, ele tende a
bater e subir.

Para quebrar um suporte ou uma resistência, é necessário grande força do ativo e do mercado. Isso não quer
dizer que você precise vender quando ele bater em uma resistência. Mantenha a calma e, se ele bater e começar
a cair, venda. Digo isso porque quando o ativo rompe uma resistência, na maioria das vezes ele tem força sufi-
ciente para subir muito e, se você se afobar, perderá esse movimento. A mesma coisa vale para o suporte. Se o
ativo perder o suporte, ele terá força para cair bastante.

Existem muitos traders de sucesso que compram ativos somente nos rompimentos, utilizando isoladamente os
suportes e as resistências, ou seja, se o ativo fechar acima da linha da resistência, eles compram.

Eu realmente me guio por meio dos suportes e das resistências, porém não os utilizo isoladamente. Acredito
que eles sejam fundamentais, mas sempre os combino com alguns indicadores.

Vamos ver nas figuras 80 e 81 alguns exemplos de suporte e resistência em gráficos reais.

100
Figura 80

Figura 81

Uma das coisas mais importantes que devemos observar quando o ativo chega próximo do suporte ou
da resistência é o volume. Se o ativo estiver com um volume muito acima da média, é bem provável que ocorra
um rompimento. Fique atento a esse fato.

Algumas coisas interessantes que devemos saber sobre suportes e resistências:

1. Quanto mais vezes o ativo bater no suporte ou resistência e respeitá-la, mais força essa zona de preço terá.

2. Uma resistência de cinco anos é mais forte que uma resistência de um mês, ou seja, quanto mais tempo ela
durar, maior é sua força.

3. Quanto maior a distância entre os suportes e as resistências, mais poderosa ela será.

4. Assim que uma resistência é perdida, ela automaticamente se transforma em suporte e, quando um suporte
é perdido, ele automaticamente se transforma em resistência.

5. Se um suporte ou resistência estiver em um número redondo, por exemplo: R$ 55,00 —R$ 49,00 —R$ 61,00
—R$ 50,00, sua força também será potencializada. Não se esqueça de que as pessoas tendem a pensar em

101
números redondos. Desse modo, operam muitas ordens de compra e venda sobre esses números. Dificilmente
alguém mandará uma ordem de R$ 23,97.

6. Quando a resistência é um topo histórico, seu poder aumenta. Topo histórico é o máximo de preço a que um
ativo chegou em toda a sua história.

7. Quando o suporte é um fundo histórico, seu poder aumenta. Fundo histórico é o mínimo de preço a que um
ativo chegou em toda a sua história.

Quando fizer seus estudos gráficos, não será possível marcar todos os suportes e resistências, pois se o fizer,
seu gráfico ficará muito “poluído”. O correto é usar o que aprendeu acima, selecionar e marcar somente os mais
importantes.

A Mudança de Tendência
A mudança de tendência ocorre justamente quando aparece o que chamamos de pivô. Existem dois
tipos de pivô, os de alta e os de baixa.

Pivô de Alta

Acontece após um movimento de baixa. O pivô é um Candle que aparece quando a resistência é que-
brada. Nesse caso, dizemos que houve uma mudança de tendência, pois os topos e fundos não são mais des-
cendentes.

Veja, na figura 82, como funciona.

Figura 82

É importante ressaltar que o pivô de alta só ocorrerá quando o fechamento do Candle ficar acima da
resistência. Muitas pessoas consideram somente a sombra como pivô (pivô agressivo).

Para o pivô clássico, temos que aguardar o fechamento dos preços acima da resis-tência. No agressivo,
há mais chances de os trades darem errado, pois resistência pode furar e retornar abaixo dela (pullback).

Veja, na figura 77, o pivô de alta em um gráfico real.

102
Figura 83

Pivô de Baixa
Tem as mesmas características do pivô de alta, mas aparece em movimentos de baixa. O pivô de baixa
se forma quando o suporte é quebrado.

É importante ressaltar que o pivô de baixa só ocorre quando o fechamento do Candle ficou abaixo do
suporte.

Vejamos, na figura 84, o pivô de baixa em um gráfico real.

Figura 84

É importante saber bem como funciona o pivô, pois é ele que nos indica se o mercado mudará de
tendência. Sem saber o que é um pivô, você corre o risco de comprar no mercado em queda ou vender
descoberto no mercado em alta. Com certeza, isso não será nada agradável.

103
O pivô lhe dá uma oportunidade muito interessante na operação, pois você começará a comprar nos rompi-
mentos. Ou seja, a partir do momento que ocorrer um pivô de alta, você entrará comprando e, quando aparecer
um pivô de baixa, você entrará vendendo.

Figura 85

Estratégias para Rompimento de Suportes e Resistências

104
Figura 86

Figura 87

Linhas de Tendências
É fato que os suportes e resistências são linhas-guias fortes nos gráficos, porém, se repararmos bem, os
ativos respeitam outras linhas além dessas. É possível notar também que existem suportes e resistências incli-
nados. As linhas inclinadas, que dão suportes e resistências aos ativos, são chamadas de linhas de tendências.

Existem duas linhas de tendências: as de alta e as de baixa. Sempre que identificar uma tendência, é primordial
que o trader a trace no gráfico.

105
Linha de Tendência de Alta

Essa linha é desenhada ao ligar dois ou mais fundos do ativo. (Veja a figura 89.)

A linha de tendência deve ser usada em mercado em tendência de alta ou de baixa. Não se deve usá-la
em um mercado de lado; afinal, esse tipo de mercado tem como característica os topos e fundos na mesma
altura. Para ele, usaremos somente os suportes e as resistências.

Você irá perceber, quando começar a traçar a linha de tendência, que os ativos, quando chegam próxi-
mos a essa linha, tendem a tocá-la e subir novamente, continuando o zigue-zague.

Vamos ver, na figura 90, a linha de tendência de alta em um gráfico real.

Quando os preços perdem essa linha, costumam fazer movimentos baixistas de muita intensidade, pois
para quebrar essa barreira da linha de tendência é necessário muita força. A linha de tendência tem a mesma
propriedade dos suportes: quanto mais antiga e testada, mais forte ela será.

Vejamos, na figura 91, uma ruptura dessa linha.

106
Você deverá ter muita cautela quando o ativo estiver bem próximo à linha de tendência, pois, se ele
romper a linha, a queda poderá ser muito forte.

Outro aspecto importante da linha de tendência é que quanto mais inclinada para cima ela for, menor
será sua sustentação, ou seja, mais fraca ela será. Uma linha de tendência de 20 graus é extremamente mais
forte que uma linha de 80 graus de inclinação.

Estratégia para Operar Rompimento de Linha de Tendência de Alta

Linha de Tendência de Baixa

A linha de tendência de baixa tem as mesmas características e propriedades da linha de tendência de


alta, porém você deverá desenhar essa linha unindo dois topos ou mais, pois ela acontece em um cenário no
qual o movimento é de baixa.

Veja a figura 93 para melhor entendimento.

107
Quando for traçar uma linha de tendência de alta ou de baixa, pode ser que alguns Candles fiquem fora.
Isso é comum acontecer. Você deverá traçar a linha pegando o maior número de pontos possível. Se algum topo
ou fundo ficar em desnível, você terá que passar a linha por cima dele, exatamente como mostra a figura 93.

Veja, na figura 95, a linha de tendência de baixa em um gráfico de verdade.

108
Estratégia para Operar Rompimento de Linha de Tendência de Baixa

Traçando Canais
Quando traçar um canal, você estará delimitando uma área em que os preços irão oscilar. Os canais

109
devem ser desenhados em tendência de alta (CANAL DE ALTA) ou tendência de baixa (CANAL DE BAIXA).

Vamos notar que alguns ativos costumam respeitar bem esse delimitador, ou seja, seus preços flutuam
dentro deles.

Canal de Alta

Desenhar o canal de alta é bem simples. Basta traçar a linha de tendência de alta e, em seguida, traçar uma
paralela a ela, ligando os topos. Importante que seja uma paralela exata, caso contrário não é considerado um
canal de alta, e sim outro tipo de figura como triângulo. Utilize sempre a ferramenta de traçado de canais dos
softwares.

Veja a figura 97 para facilitar o entendimento.

Veja, na figura 98, a linha de tendência em um gráfico real.

110
Estratégia para Operar um Canal de Alta

Devemos comprar o ativo quando ele bater na linha de tendência de alta e começar a subir. E devemos
vendê-lo quando ele atingir a linha superior do canal.

É importante saber que quanto maior a distância entre a linha superior e inferior, mais lucrativo e seguro
será o canal. Portanto, quando for operar esse tipo de formação, escolha alguma cuja variação entre as linhas
seja maior ou igual a 10%. Se for menor, fica muito difícil fazer as operações, pois a margem de lucro é muito
pequena e o risco aumenta bastante.

A figura 99 mostra teoricamente como devemos operar um canal.

111
Eu recomendo que a compra seja feita no dia posterior ao toque na linha do canal, pois isso dará maior
segurança ao seu trade, afinal o canal poderá ser rompido e, se isso acontecer, você estará comprando em uma
situação muito delicada, podendo fazer um trade ruim.

Veja, na figura 100, a situação mais segura para você operar um canal.

Sua rentabilidade será um pouco menor, no entanto, haverá maior segurança em sua compra.

Não podemos esquecer que o ativo pode perder essa linha e que se isso acontecer, a queda tenderá a
ser muito forte. Portanto, espere a confirmação de que realmente o ativo está respeitando a linha e está bus-
cando a linha superior; então, compre. É dessa forma que se deve operar um canal na prática.

Os Padrões dos Gráficos


Existem alguns padrões que um gráfico pode formar que são extremamente potentes. São os padrões
de continuação e os padrões de reversão. Há também alguns padrões de continuação que podem sinalizar uma
reversão e outros de reversão que podem sinalizar continuação. Confuso, não é? Vamos ver mais detalhada-
mente.

Padrões de Continuação Triângulo Simétrico


Esse padrão, na maior parte das vezes, funciona como padrão de continuação.
Para traçá-lo, são necessários, no mínimo, dois fundos e dois topos.
Se a base do triângulo for grande, isso poderá ser um indicativo de que essa figura será de reversão.

112
Rompimento do Triângulo e seus Objetivos

Quando um triângulo romper para cima ou para baixo, você poderá projetar seu objetivo mínimo utili-
zando as duas técnicas a seguir.

Utilizando a Base

Você irá projetar o tamanho da base exatamente no ponto em que houve o rompimento.

113
Figura 103

Utilizando o Comprimento

Você traçará uma paralela do comprimento para o lado que foi rompido. Veja a figura 97 para entender melhor.

Os mais fortes rompimentos acontecem entre ¾ e a metade do comprimento. Nós estudamos os rompimen-
tos do triângulo para cima, mas é possível que ele rompa para baixo também. Nesse caso, agiremos da mesma
forma para encontrar os objetivos, porém faremos o inverso.

Triângulos Ascendentes e Descendentes


Esse tipo de formação triangular é diferente do triângulo simétrico, pois indica para onde os preços irão.

Para melhor memorização, os triângulos descendentes e ascendentes tendem a “furar” para o lado que
está na horizontal.

114
115
Operações com Triângulos

Operar triângulos é bem simples. O exemplo da figura 109 serve tanto para triângulos simétricos como
para ascendentes e descendentes. Basta comprar no momento do rompimento e colocar o Stop abaixo da mí-
nima do Candle anterior.

Muita gente espera para comprar após o fechamento acima da linha rompida do triângulo.

Traders mais agressivos não esperam fechar; compram já no rompimento. No caso de o triângulo romper para
baixo, acionam uma venda descoberta com Stop posicionado pouco acima da máxima do Candle anterior.

116
Pull-Back de Rompimento

Quando os preços rompem o triângulo, pode acontecer de distanciarem um pouco, perderem força e
retornarem até próximo ao suporte do rompimento. Eles tocam esse suporte e voltam a subir.

Em tal situação, o trader deverá ficar tranquilo. Esse acontecimento chama-se PULL-BACK de rompimento.

Operando Pull-Back de Rompimento

Opções de Recompra para o Pull-Back

No exemplo anterior, houve uma compra e uma venda na formação de um topo.


Agora, o trader poderá utilizar duas estratégias para “recompra”.

Agressiva

117
Conservadora

Retângulos
São figuras bem comuns, encontradas em nosso dia a dia. Os retângulos são congestões que se formam
fazendo com que o ativo fique andando de lado. O preço fica oscilando entre as duas linhas.

118
Para se formar um retângulo, são necessários três pontos, sendo um topo e dois fundos, ou dois topos
e um fundo.

Veja, na figura 116, um retângulo em um gráfico real.

Projetando o Rompimento do Retângulo

119
Operações com Retângulos

O pull-back de rompimento nos retângulos também é comum e deverá ser tratado da mesma forma como acon-
tece no rompimento dos triângulos.

Cunhas
São figuras muito parecidas com os triângulos simétricos. A única diferença são as inclinações que po-
dem ser para cima ou para baixo, formando, respectivamente, Cunhas Ascendentes e Cunhas Descendentes.

Cunhas Descendentes (Altistas)

120
Cunhas Ascendentes (Baixistas)

Operações com Cunhas

As cunhas são operadas exatamente como os triângulos.

Bandeiras
São padrões que têm como conceito um movimento muito forte do mercado. Ou seja, eles surgem após
uma forte alta ou forte baixa e funcionam, na maioria das vezes, como padrão de continuação.

A bandeira se constrói com um movimento forte para cima ou para baixo, com forte volume, formando
um MASTRO. Em seguida, forma-se uma pequena congestão, em formato de retângulo. O padrão se completa
com um rompimento de volume forte.

Quanto mais horizontal for o mastro, mais forte será o padrão.

121
Operações com Bandeiras

O posicionamento de Stop mais conservador para rompimento das bandeiras é abaixo da linha inferior
do pequeno canal, se for operação de compra; ou pouco acima da linha superior do canal, se for operação de
venda. O problema é que utilizando o Stop dessa forma, ele costuma ficar longo demais.

122
Flâmulas
São formações parecidas com as das bandeiras. A única coisa que as diferencia é que em vez de formar
um retângulo durante a congestão, as flâmulas formam triângulos.

Quanto mais horizontal for o mastro, mais forte será o padrão.

Operações com Flâmulas

As flâmulas, como são formações triangulares, devem ser operadas com a mesma metodologia dos rom-
pimentos de triângulos.

Padrões de Reversão

São formações gráficas que têm grande força e sinalizam uma mudança de tendência.

Ombro, Cabeça, Ombro


Esse padrão tem como característica um movimento forte do mercado para cima e para baixo, formando
o primeiro ombro. Em seguida, outro movimento mais forte que o primeiro, levando o mercado novamente
para cima, atingindo seu máximo e recuando, formando a cabeça. O terceiro movimento se dá quando o mer-
cado dá mais uma subida e depois cai, formando o outro ombro.

A perda do suporte, que nesse caso ganha o nome de linha de pescoço, faz com que uma mudança de
tendência violenta ocorra. Se a formação de volume não estiver igual à figura 119, a formação da figura não é
descaracterizada. Na realidade, conforme reportei acima, acredito que o 5º princípio perdeu um pouco a efici-
ência devido aos algoritmos de alta frequência.

123
Traçando Objetivos para o OCO

O objetivo de queda para um OCO é a distância entre a linha de pescoço e o topo da cabeça, projetada
para baixo do rompimento da linha de pescoço.

Veja, na figura 127, um exemplo de um OCO em um gráfico real e famoso.

124
Existe também o ombro, cabeça e ombro invertidos (OCOI). Tem as mesmas características do OCO con-
vencional, porém com padrões altistas.

Metodologia de operação do OCO

Metodologia de operação do OCO (Invertido)

125
Topos e Fundos Duplos e Triplos
São formações raríssimas de acontecer. Sempre, sem exceção, ocorrerão durante uma alta ou uma baixa
bem definida, rompendo uma LTA ou LTB. Se elas não tiverem essa configuração, não serão formações de topos
e fundos duplos e triplos. Além disso, são sempre confundidas com triângulos, pois os topos e fundos podem
estar no mesmo nível, um pouco menor ou um pouco maior.

Os volumes devem ser decrescentes do primeiro topo para o segundo topo segundo a teoria, porém,
na prática, o volume não deve ser levado em consideração.

Importante mostrarmos a teoria como ela foi construída, porém, atualmente, devido aos robôs de alta
frequência que geram um alto volume financeiro, as informações de volume para a análise técnica têm perdido
força.

Operações com Topos Duplos e Triplos

Devem utilizar a mesma metodologia de operação dos rompimentos de linha de tendência de alta e de
baixa.

126
Topos e Fundos Arredondados
São formações que sinalizam uma mudança lenta e gradual de tendência.
Nos fundos arredondados, o volume acompanha os preços.
Nos topos arredondados, o volume não acompanha os preços.

Bom lembrar que atualmente o volume não deve ser necessariamente levado em consideração. Os
volumes são levados em consideração em rompimento de pivôs, suportes, resistências e linhas de tendências.

127
Formações de Alargamento

São formações, na maioria das vezes, baixistas ou de continuação de baixa. São raras e difíceis de serem
operadas.

Gaps
São espaços em branco, que ficam no meio do gráfico, indicando que não houve negociação naquela
faixa de preço. Ou seja, a menor cotação negociada é maior que a máxima de preço do período anterior.

Os Gaps ocorrem, em sua grande maioria, nos gráficos diários e de menor periodicidade, sendo difícil aparece-
rem em periodicidades maiores. Ou seja, é mais difícil encontrarmos um Gap no gráfico mensal que um Gap no
gráfico de 30 minutos.

128
São divididos em quatro grupos.

Gaps de área: ocorrem dentro de áreas de congestões e são fechados em alguns dias.

Gaps de fuga: ocorrem quando acontece um rompimento de algum padrão, como triângulos, retângulos,
suportes e resistências. Têm esse nome, pois o movimento que gera esse tipo de Gap tende a ser forte e faz
com o que o preço “fuja” da faixa de preço que está operando atualmente.
Quando ocorre um rompimento com um Gap, há, geralmente, um movimento forte e verdadeiro.

Gaps de medida: ocorrem durante um movimento de alta ou de baixa bem definido. Esses Gaps costu-
mam marcar os 50% da alta ou da baixa. Ou seja, quando aparecem, podem estar sinalizando que o movimento
irá continuar. Temos que tomar cuidado com esses Gaps para não os confundir com os Gaps de exaustão.

Gaps de exaustão: caracterizam o fim da tendência. Só serão confirmados quando os preços fecharem.

Estatísticas dos Gaps

Área: 90% são fechados em uma semana. Média de seis dias para fechamento.
Fuga: 1% é fechado em uma semana. Média de 83 dias para fechamento.
Medida: 11% são fechados em uma semana. Média de 70 dias para fechamento.
Exaustão: 58% são fechados em uma semana. Média de 23 dias para fechamento.

129
Metodologia de operação (GAP DE ÁREA)

Metodologia de operação (GAP DE FUGA)

130
Metodologia de operação (GAP DE MEDIDA/CONTINUAÇÃO)

Metodologia de operação (GAP DE EXAUSTÃO)

131
Indicadores Auxiliares
Os indicadores são ferramentas auxiliares utilizadas para ajudar na tomada de decisão. Fazem com que
o gráfico em si seja confirmado ou, então, que um movimento do mercado seja previsto, tendo como ideia o
fato de que alguns indicadores predizem o que irá acontecer.

O problema é que com essa grande quantidade de indicadores hoje existente no mercado, eles acabam
se contradizendo. Um fala para comprar, e o outro fala para vender. E tal problema só será resolvido quando
você tiver testado todos eles e encontrado o conjunto que possa lhe trazer maior segurança em sua forma de
operação. Não adianta você operar com um “Setup” que alguém lhe passou. Pode ser que para você ele não dê
certo, afinal, cada pessoa pensa de uma forma, e a forma como você pensa pode ser que não esteja correta
dentro desse modo de operação. Além disso, sua percepção de risco é diferente das demais pessoas, por isso,
cada um deve desenvolver seu Tradesystem.

Os indicadores foram feitos para serem utilizados simultaneamente, confirmando, dessa forma, uns aos
outros. A grande dificuldade é achar qual combina com qual e saber se essa combinação será bem-sucedida.

Alguns traders iniciantes, por desconhecerem o funcionamento de todos os indicadores, e para não fi-
carem em dúvida diante deles, olham para apenas um. Nesse momento, eles não se dão conta de que com
mercados em tendência, um rastreador trará os melhores resultados e, em mercados sem tendência, “andando
de lado”, o oscilador funcionará melhor. Portanto, definir o que usar e quando usar é fundamental para ter
sucesso nas operações.

Além dessas duas classes de indicadores, costumo separar uma nova classe chamada de Indicadores de
Volume, que tem como premissa básica a utilização e contabilização do volume para definir se o mercado está

132
acumulando ou distribuindo, ou seja, se está entrando ou saindo dinheiro. Os analistas colocam esses indicado-
res na classe dos rastreadores. Eu prefiro colocá-los em uma terceira classe.

Rastreadores
São, de modo geral, utilizados para detectar o início e acompanhamento de uma tendência.

Médias Móveis
Mostram qual foi o preço médio de um ativo em determinado período. Constituem uma ferramenta
muito poderosa e muito utilizada por analistas técnicos, em todos os mercados. Além disso, são a base de grande
parte dos indicadores.

As médias móveis podem ser de três tipos: aritmética (simples), geométrica (ponderada) e exponencial.
Para efeito de estudo, vamos utilizar a aritmética e a exponencial.

Média Móvel Aritmética


P = preço de fechamento do período de 1 a n
N = número de períodos da média móvel

Média Móvel Exponencial

M.M.E. = Phoje x K + M.M.E.ontem x (1 —K)

Onde
N = número de dias da M.M.E.
Phoje = preço de hoje
M.M.E.ontem = M.M.E. de ontem

As médias podem ser utilizadas como suportes, resistências, rastreadores de tendências e indicadores
de compra e venda. Vamos conhecer como a média funciona em cada uma dessas situações.

Médias Funcionando como Suporte

Não há um consenso quanto ao preço, no conceito de suporte e resistência, de que quando o ativo atinge
aquele valor de “memória”, as pessoas começam a comprar ou vender? Sim. Portanto, as médias retratarão o
preço de memória do ativo no prazo especificado por você.

Vejamos, na figura 141, um exemplo.

133
Médias Funcionando como Resistência

134
As médias tendem a demarcar um limite de preço. Repare no gráfico acima que os preços não se afastam
muito tempo da média de 21. Por esse fato, acionar compra quando os preços estiverem muito acima dessa
média, ou vender descoberto, quando os preços estiverem muito abaixo da média móvel de 21, se tornará
bastante arriscado.

Médias Funcionando como Rastreador de Tendência

Para usarmos a média como rastreador de tendência, observaremos somente as inclinações e para onde
as médias apontam. Para isso, vamos usar três médias, uma para cada tendência.

Primária (azul turquesa): Média Móvel de 200 períodos.


Secundária (laranja): Média Móvel de 50 períodos.
Terciária (azul marinho): Média Móvel de 21 períodos.

Quando falamos de inclinação, devemos analisar para onde a média está apontado, se para cima, para
baixo ou para o lado. Avaliaremos sempre o final da linha.

135
Na figura acima, percebemos que olhado para o final das linhas, temos uma tendência terciária de alta, com a
média de 21 períodos azul turquesa apontado para cima, uma tendência secundária de baixa, com a média
laranja de 50 períodos apontando para baixo e a tendência primária representada pela média de 200 períodos
começando a apontar para baixo, representando uma tendência primária lateral.

Médias como Indicadores de Compra e Venda (Método de Cruzamento Duplo)

As médias devem ser utilizadas de maneira combinada, para que constituam indicadores de entrada e
saída. Há diversas formas e combinações para utilização dessas médias. As mais comuns são: 5 —20, 4 —18, 5
—21.

Eu costumo usar a de 5 —21, mas faço teste em vários ativos, pois pode ser que uma combinação funci-
one melhor em um ativo que em outro, devido à diferença de volatilidade de um para o outro. Nesse caso, é
importante acertar as médias para cada ativo. Com o tempo, você saberá qual cruzamento usar, com maior
segurança, em cada ativo.

Para testar os ativos, basta plotar as duas médias desejadas e utilizar os dados históricos para fazer os
testes. As médias que derem melhores sinais de compra e venda devem ser anotadas e utilizadas quando for
feita a análise do ativo.

Regras de cruzamento

As médias apresentam sinais de compra e venda quando fazem cruzamentos.


Sinal de compra: quando a média mais rápida cruza a mais lenta, de baixo para cima.
Exemplo: quando a média de 5 períodos cruza a de 21.
Sinal de venda: quando a média mais rápida cruza a mais lenta, de cima para baixo.
Exemplo: quando a média de 21 cruza a média de 5.
136
Grande problema do método de cruzamento duplo é que com o mercado lateral acontecem grandes
quantidades de sinais falsos gerando prejuízos até pegar uma tendência desde o início. Essa é uma estratégia
seguidora de tendência.

MACD (Moving Avarege Convergence —Divergence)


É um rastreador baseado na análise de três médias móveis exponenciais ponderadas, embora só apare-
çam duas linhas que ao se cruzarem gerarão os sinais de compra e venda.

O MACD pode ser apresentado de duas formas: em linhas e em histograma.

MACD Linha

É formado por duas linhas: uma chamada de linha do MACD (em marrom) e outra chamada de linha de
sinal (em vermelho). A linha do MACD é formada por duas médias móveis exponenciais, que são mais sensíveis
a mudanças rápidas de preço, e a linha de sinal é uma média móvel exponencial, que responde mais lentamente
às mudanças de preço.

Os cruzamentos das linhas mostram sinais de mudança no equilíbrio das forças entre compradores e
vendedores. A linha do MACD mais rápida reflete um período de tempo mais curto e a linha de sinal, um período
mais longo.

Sinais de compra: quando a linha do MACD cruza de baixo para cima a linha de sinal. Demonstra aumento

137
da força compradora. Stop deverá ser posicionado abaixo da mínima do dia anterior ao da compra.

Sinais de venda: quando a linha do MACD cruza de cima para baixo a linha de sinal. Demonstra aumento
da força vendedora. Stop deverá ser posicionado acima da máxima do dia anterior ao da compra.

MACD Histograma

É dessa forma que utilizo o MACD. No meu modo de operação, os sinais de compra e venda são mais
claros.

O histograma mede a diferença entre a linha do MACD e o sinal. Se a linha do MACD está abaixo da linha
de sinal, o histograma é negativo. Se a linha do MACD está acima da linha de sinal, o histograma é positivo.

O MACD histograma pode ser operado de 2 formas.

Primeira forma
Sinal de compra: compre quando o histograma sair do negativo e entrar no positivo.
Sinal de venda: venda quando o histograma voltar para o negativo.

Segunda forma

Sinal de compra: quando a barra sair abaixo do negativo e for para o positivo.
Sinal de venda: quando a barra parar de subir e começar a cair.

138
O MACD também funciona como um seguidor de tendência, deste modo, quando o mercado está lateral
ele emite excesso de sinais, prejudicando os resultados.

Parabólico (SAR —Stop And Reverse)


Quando foi desenvolvido, esse sistema tinha o intuito de demonstrar possíveis reversões, mas se mos-
trou mais eficiente como rastreador de tendência e uma ferramenta muito poderosa para definir Stops.

Definindo Stop com o parabólico

O parabólico, por ser um sistema que alia tempo e preço, funciona perfeitamente para a colocação de
Stop, pois ele sempre se move a favor da tendência, levando em consideração o tempo e a variação de preço.
Se você estiver comprando em uma tendência de alta, ele sempre irá se mover para cima.
Ao fazer uma compra, para definir o Stop no parabólico, você deverá configurar o valor do Stop no local
onde a bolinha do parabólico se encontrar naquele dia.

Um dos problemas de definir Stop no parabólico é que, às vezes, ele fica muito alto.

139
Parabólico como estratégia de compra e venda

A regra para utilização do parabólico é bem simples.


Sinal de compra: quando as bolas do parabólico saírem de cima dos preços e entrarem embaixo.
Sinal de venda: quando as bolas do parabólico saírem de baixo dos preços e entrarem em cima.

140
Osciladores

São utilizados para momentos em que o mercado está sem tendência definida, identificando bem os
pontos de retorno.

Os osciladores variam entre posições sobrecompradas (quando alcançam um nível muito alto em relação
à linha de balanço do indicador) e sobrevendidas (quando alcançam um nível muito baixo em relação à linha de
balanço do indicador). Além disso, eles sempre se valerão das divergências para serem analisados.

Quando são desenvolvidos, os osciladores trazem consigo uma marcação que são as zonas de sobrecom-
prado e sobrevendido padronizadas pelo autor. Não leve essas considerações do autor a ferro e fogo.

Nós é que definiremos qual a zona de sobrecomprado e sobrevendido do oscilador para cada ativo, observando
os pontos de retorno no histórico. Isso será muito importante, pois “personalizaremos” o indicador para cada
ativo analisado. Nunca esqueça que cada ativo conforme já foi dito, tem suas particularidades (volatilidade),
desta forma, não existe uma configuração padrão para ser utilizada com eficiência em todos os papeis.

É importante ressaltar que os osciladores podem passar semanas sobrecomprados ou sobrevendidos, se o mer-
cado estiver com uma tendência forte.

Divergências

A teoria sobre as divergências servirá para qualquer oscilador contido neste livro.

Será de grande importância que você entenda como elas funcionam.

141
Divergência nada mais é do que o indicador sinalizar que o mercado vai para um lado, quando, na ver-
dade, ele está caminhando para o lado contrário. Ou seja, o indicador está dizendo que o mercado vai cair, mas
ele está subindo.

Para efeito de entendimento, o mercado sempre tende a corrigir para o lado que o oscilador está man-
dando. Dessa forma, no exemplo anterior, é bem provável que o movimento de alta esteja acabando, e que
uma queda esteja por vir.

Existem dois tipos de divergências: as de altas e as de baixas.


Altistas: são divididas por ordem de grandeza em Classes A, B e C.
Baixistas: são divididas por ordem de grandeza em Classes A, B e C.

Divergências Altistas

Divergências Baixistas

Estocástico
Possui duas linhas, a chamada de %K e a de %D. Uma serve de sinal para a outra.

Ele possui como padrão uma zona de sobrecomprado acima de 80 e sobrevendido abaixo de 20. Assim,
preços acima da zona de 80 indicam que o mercado já subiu o suficiente e está a ponto de reverter para baixo.
E preços abaixo de 20 mostram que o mercado já caiu o suficiente e está a ponto de reverter para cima.

142
Estratégias operacionais

Compra: quando ambas as linhas estiverem abaixo de 20, e a linha de sinal romper para cima a outra linha.
Venda: quando ambas as linhas estiverem acima de 80, e a linha de sinal romper de cima para baixo a outra
linha.

Confirmando a tendência: quando as duas linhas estiverem paralelas, confirmam que a tendência está
tranquila.

Índice de Força Relativa (IFR)


O IFR é atualmente o preferido para identificar as zonas de sobrecomprado e sobrevendido e para de-
monstrar claramente as divergências. Em minha opinião, a ferramenta mais bem elaborada de todos os tempos.

J. Welles Wilder, idealizador do IFR, definiu como padrão: 70 para sobrecomprado e 30 para sobreven-
dido. Logicamente não utilizaremos fielmente essas regiões. Analisaremos os ativos com esse indicador e mar-
caremos em qual região houve maior quantidade de retornos para ajustá-lo.

De acordo com o IFR, um movimento de preço não consegue se afastar por muito tempo para uma
direção sem voltar para uma zona de estabilidade. Perceba que o preço não costuma ficar muito tempo na
região de sobrecomprado (linha vermelha superior), nem na região de sobrevendido (linha vermelha inferior).

143
IFR e Divergências para Antecipar os Preços

As divergências são os mais fortes indícios de que algum movimento importante irá começar. Tudo de-
penderá do tipo de divergência. Acima, vimos que existem as altistas e as baixistas, além da classe de cada uma.

Vejamos, na figura 154, algumas divergências entre o preço e o IFR.

Sempre que houve uma divergência no IFR, os preços fizeram movimentos importantes. Na primeira
divergência eles caíram e na segunda também. Continuando com o mesmo gráfico, vamos mostrar o IFR traba-
lhando, antecipando a queda futura.

CCI (Commodity Channel Index)


Oscilador muito bom e rápido. Quando fica acima de 100, está sobrecomprado e abaixo de −100, sobre-
vendido.

144
Compra: quando os preços estiverem abaixo de −100.
Venda: quando os preços estiverem acima de +100.

Figura 153
Indicadores de Volume

Indicam se o ativo está sendo acumulado ou distribuído, ou seja, se estão comprando-o ou vendendo-o
mais.

On Balance Volume (OBV)


É um indicador fantástico. Seu inventor, pessoa fantástica, pai da análise técnica pura. Quem lê o livro
Timing do Granville começa a analisar o mercado de outra forma. Em minha opinião, seu autor é o melhor
analista técnico de todos os tempos.

Granville disse uma coisa muito importante em sua obra: “o volume antecede o preço”. E ele tinha razão,
isso é fato. Sem volume, é difícil ver o preço se movimentar verdadeiramente.

Analisaremos o OBV utilizando sempre a regra de divergência, pois é ela que nos informa sobre os gran-
des movimentos. Observando o gráfico do OBV subindo (figura 154), percebe-se que está havendo uma acumu-
lação e, descendo, percebe-se que está ocorrendo uma distribuição.

145
Analisando o OBV com suportes e resistências

Outra forma muito comum de se utilizar o OBV é tentando antecipar o rompimento de algum suporte
ou resistência. Para isso, basta marcar o suporte ou resistência no gráfico e traçar o correspondente no OBV. Se
o OBV romper antes, será um forte sinal de que o movimento futuro poderá seguir o indicador.

É importante, entretanto, deixar claro que o OBV foi inicialmente desenvolvido para ser utilizado no
gráfico diário. Não que seja inapropriado para outras periodicidades, mas vale consultar o desenvolvedor de seu
software gráfico para ver como ele calcula o OBV em sua fórmula.

146
Banda de Bollinger
Ferramenta altamente criativa e funcional, criada por John Bollinger. Tem como conceito a probabilidade
de afastamento máxima da média de 21 ou de 14. A partir dessa média, o sistema gera dois desvios padrão para
cima e dois desvios padrão para baixo. Com isso, ela engloba mais de 95% dos preços e pode ser usada como
suporte e como resistência.

Quando os preços estão próximos da banda superior, servem como resistência, tendo em vista que os
preços não conseguem permanecer muito tempo acima dessa banda e, quando os preços estão próximos da
banda inferior, servem como suporte.

A Banda de Bollinger é mais bem utilizada quando trabalhada em conjunto com os Candles. Ou seja,
quando ocorrer algum Candle de reversão sobre os suportes e resistências das bandas, a confiabilidade desses
Candles aumentará.

Vejamos alguns exemplos de utilização:

147
Estreitamento das Bandas

Pode ocorrer de as Bandas de Bollinger iniciarem um estreitamento. Quando isso acontecer, significa que o
mercado se movimentará fortemente para cima ou para baixo.

É preciso ficar de olho nesse estreitamento, pois é nesse tipo de situação que costumamos ter maiores
rentabilidades.

Repainting e seu Efeito Negativo


Um dos efeitos mais devastadores que um indicador pode trazer, e que é desconhecido pela maioria dos
operadores e professores de análise técnica, é o REPAINTING (“REPINTAR”). Olhando para a base histórica, te-
mos um “visual” do indicador já montado, ou seja, olhando para o gráfico e para o indicador, tudo fica perfeito,
quase sem erros. O grande problema é que, conforme o mercado vai se movimentando, o indicador vai osci-
lando. Elucidando melhor: o indicador diz para comprar e o trader faz a compra. Nesse mesmo momento, o
indicador recua e a compra é cancelada. Falsos sinais são emitidos, acarretando prejuízo ao trader. Chamamos

148
esse efeito de REPAINTING.

Esse fenômeno acontece milhares de vezes durante o pregão e acaba pegando os operadores de sur-
presa. O problema irá acontecer em todos os indicadores cujas fórmulas apresentem preços que possam variar
no decorrer do Candle. São eles:

• preço de fechamento;
• preço máximo;
• preço mínimo.

Para diminuir o efeito de repaiting, você pode optar por configurar seus indicadores para fazer os cálcu-
los sobre o preço de abertura, pois esse preço não varia durante a formação do Candle —ou esperar fechar o
Candle do momento fechar e entrar no próximo.

Mercado de Lado e os Indicadores


O problema de grande parte dos indicadores, se não de todos, é justamente o mercado de lado. Osci-
lando em um range (faixa) pequeno, eles enviam diversos sinais falsos de compra e venda e se perdem, levando
o trader a erros consecutivos.

Quando o mercado está de lado, fica realmente muito difícil operar utilizando indicadores. Sugiro, nesse
caso, a utilização das figuras, suportes, resistências e volumes para guiar suas operações. Em mercado de lado,
os rastreadores de tendências perdem totalmente sua função, e os osciladores ficam em nível de estabilidade,
não oferecendo grandes informações.

Especialmente em períodos curtos, o efeito de “repintura” é mais frequente no mercado de lado, e essa
sequência de sinais falsos leva o trader rapidamente ao fracasso.

Extensão e Retração de Fibonacci


As projeções de Fibonacci são muito utilizadas na análise técnica; porém, muitos traders não conseguem
marcar de forma correta os objetivos no gráfico. Um Fibonacci traçado de maneira incorreta atrapalha, e muito,
as análises.

Eu gosto de utilizar o software da Nelogica, pois é um dos únicos que permite estender a extensão e
retração, ou seja, medir em três pontos.

O Fibonacci é traçado para tentar descobrir até onde um movimento de alta ou de baixa vai. Ele nada
mais é que a divisão percentual da perna anterior e a projeção da nova possível perna. Serve basicamente para
medir o zigue-zague, tanto de alta, quanto de baixa.

Os analistas técnicos antigos diziam que o movimento de zigue-zague era previsto ao projetar a primeira
perna de alta e corrigir 61% dela. Veja um exemplo na figura 168.
Sabiamente e na base da experimentação, os analistas técnicos clássicos chegaram ao consenso de que 61% da
perna seria um bom objetivo. A utilização do Fibonacci em si foi uma adaptação feita por operadores da teoria
de Elliott. A maioria dos operadores marca Fibonacci em qualquer perna, de alta ou de baixa, mas ele foi desen-
volvido para ser utilizado junto com as ondas de Elliott, pois só essa teoria mostra as pernas de forma correta e,

149
principalmente utilizada no gráfico diário, para análises de longo prazo.

A utilização do Fibonacci em gráficos de períodos curtos, além de ser subjetiva, pois ele traça muitas
linhas e o trader sempre “acerta”, não demonstra uma realidade. Ele prevê que o movimento chegará a 61,8%,
mas este alcança somente a marca dos 50%. De qualquer maneira, o trader sairá feliz, pois encostou em uma
extensão de Fibonacci.

O Fibonacci nada mais é que o exemplo anterior dividido em termos percentuais. Ou seja, deve-se pegar
o tamanho da primeira perna e dividir percentualmente, utili-zando a razão de Fibonacci. O resultado será o
seguinte: 0%, 38,2%, 50%, 61,8%, 100%, 161,8%.

Veja a figura 160. Deixei em vermelho a extensão de 61,8%, pois ela é a mais confiável de todas.

Pá de Ventilador
A pá de ventilador é uma simples correção das linhas de tendência, mas com a marcante característica
de ter o mesmo ponto de origem para o traçado delas. Para se configurar a formação da pá de ventilador de
baixa, é necessário que os preços estejam em uma tendência de alta. É a perda de força desse movimento altista
que vai permitindo o traçado de novas retas de suporte, sendo o corte da 3a e última o sinal de mudança de
tendência de alta para baixa.

A formação da pá de ventilador de alta segue os mesmos princípios, porém os preços devem estar em
tendência de baixa, e no lugar dos suportes devem ser traçadas resistências.

150
Martingale
Quanto mais tempo eu fico na bolsa, mais me deparo com agentes autônomos e investidores totalmente
despreparados, que acham que alavancar após a perda ou comprar mais, conforme o preço cai, vai resolver
todos os seus problemas.

Recebi um investidor em meu escritório, gente muito boa por sinal, que me disse que um agente autô-
nomo tinha um segredo que não passava para ninguém e que, por isso, não poderia fechar a conta com ele.

Pagava corretagem pela tabela Bovespa cheia, 0,5% sobre o volume movimentado. Descrevendo a es-
tratégia por cima, ele me disse que era algo parecido com comprar mais se a operação fosse errada. Ou seja,
ele ia comprando mais, conforme o preço ia caindo. Comecei a rir quando ele me falou. Que grande segredo!
Esse operador deveria ser preso; primeiro, porque ele não poderia girar conta de cliente e, segundo, porque ele
está expondo o cliente a um risco absurdo. Tudo isso aconteceu em plena crise de 2008.

Durante a crise, tivemos desvalorizações de mais de 50%, desde a formação do topo. Com uma desvalo-
rização como essa, usar o Martingale defendendo posição equivale a zerar facilmente a conta. Essa estratégia
só deve ser utilizada no mercado de lado, pois a variação de preço é pequena e diminui o risco de quebra da
conta, ou no mercado em tendência NÍTIDA de alta.

Esse método diz, basicamente, para dobrar a aposta, caso o mercado vá contra sua operação, pois, se
houver uma pequena recuperação após a aposta dobrada, o trader estará no lucro. Quando me refiro a dobrar,
não estou dizendo para comprar a mesma quantidade, e sim dobrar mesmo. Ou seja, se comprou 10k, terá que
comprar 20k na próxima ordem. Dobrando a quantidade, você poderá tornar o trade perdedor em vencedor;
porém, para utilizar tal metodologia, será preciso que o trader, além de entender bem como funciona o método,
também possua uma conta grande e faça as primeiras compras pequenas.

Comprar pouco é difícil para o trader, pois ele quer operar 100% do capital em uma única ordem, e não 20% ou,
às vezes, até 10% do capital total. Utilizando o Martingale de forma indiscriminada, certamente terá como re-
sultado a perda de praticamente todo o capital. Estou dizendo praticamente, pois sei que ao chegar próximo do
zero, faltando cerca de 30% para zerar a conta, a corretora provavelmente encerrará a operação, na margem
de segurança.
Figura 166
O Martingale nada mais é do que uma estratégia para baixar o preço médio.

151
Todo Martingale deverá ter as seguintes configurações:

Step: com quantos centavos ou reais será feita a próxima compra ou venda, caso o mercado caia ou suba
mais.

Fator multiplicador: define o fator da próxima compra. Ou seja, para um fator 2, teríamos que comprar,
após a primeira compra, dobrado, quadriplicado na seguinte, e assim sucessivamente. Seguem alguns exemplos:

Fator Multiplicador 2 —Step R$ 3,00

Número da ordem Quantidade Preço Preço médio


1ª ordem 10K de PETR 4 R$ 30,00 30,00
2a ordem 20K de PETR 4 R$ 27,00 28,00
3a ordem 40K de PETR 4 R$ 24,00 25,71
4a ordem 80K de PETR 4 R$ 21,00 23,20

Fator Multiplicador 1,5 —Step R$ 3,00

Número da ordem Quantidade Preço Preço médio


1a ordem 10K de PETR 4 R$ 30,00 30,00
2a ordem 15K de PETR 4 R$ 27,00 28,20
3a ordem 22,5K de PETR 4 R$ 24,00 26,21
4a ordem 33,75K de PETR 4 R$ 21,00 24,04

Perceba o seguinte: conforme o mercado vai caindo, o trader vai comprando mais, usando o fator mul-
tiplicador. Quanto maior o fator multiplicador, menor será a alta necessária para deixar todas as operações no
zero a zero, e mais dinheiro será necessário para segurar a operação, caso a queda seja acentuada. Se o fator
multiplicador for 1,5, o mercado deverá subir com mais intensidade, para ficar no lucro em relação ao fator 2,
e assim por diante.

Agora, caso o mercado não se recupere dentro dos padrões estabelecidos, o trader terá que colocar mais
dinheiro. Com isso, caso a queda seja muito grande, é bem provável que não tenha capital suficiente para con-
tinuar bancando o preço médio e “estope” com um prejuízo absurdo. Essa estratégia é arriscada, mas, se usada
com parcimônia, poderá ser bem lucrativa.

Alavanca e seu Poder de Quebrar Traders


Diversos traders partem para negociar contratos futuros e opções, pois percebem que nesses mercados
é possível alavancar bastante. Algumas corretoras também dão margem para alavancagem em ações, pois elas
viabilizam uma compra muito maior que a capacidade financeira do trader. Nesse caso, os lucros são bem mai-
ores, mas aumenta bastante a exposição do trader ao risco. Se houver um erro, ele perderá bastante dinheiro.
Não costumo utilizar alavancagem, pois sei dos perigos que isso pode trazer.

Uso a alavanca em apenas três situações:

• divulgação de notícias que claramente levarão o mercado para a alta;

152
• mercado extremamente forte e em grande alta;
• após um trade errado. A probabilidade de um erro consecutivo de meu Tradesystem é realmente muito
pequena, porém, caso você não tenha a estatística de sua estratégia, não faça isso, pois, se você errar alavan-
cado, o prejuízo será grande demais. Contrate uma empresa de backtesting para fazer o teste de sua estratégia
e levantar todas as estatísticas sobre ela.

Operações Avançadas
A ideia de colocar, além do básico, o avançado em meu livro vem da necessidade de suprir uma carência
do mercado. Grande parte dos professores brasileiros trabalha somente com a análise técnica clássica e apenas
com alguns indicadores.

Esta parte do livro tem por objetivo mostrar operações avançadas, utilizando a análise técnica. Tais ope-
rações, em grande parte das vezes, são mais agressivas e mais arriscadas, porém o trader avançado consegue
gerenciar bem o risco e cavar muitas oportunidades no meio do caos.

Como Operar Formação de Fundo


Essa operação é extremamente agressiva. Busca pegar um pequeno movimento contra a tendência. To-
das as operações contra a tendência são arriscadas, pois a probabilidade de acerto é reduzida. A única vantagem
desse trade é que o risco compensa, pois o Stop nessa operação é realmente muito curto.

Veja, na figura 162, como essa operação funciona (as cores dos Candles são só um exemplo).

153
Como Operar Formação de Topo
Utiliza a mesma metodologia da formação de fundo. Continua sendo uma estratégia arriscada, pois vai
contra a tendência, mas muitos gostam da relação lucro/stop. Veja, na figura 163, como funciona essa operação
(as cores dos Candles são só um exemplo).

154
Manejo de Risco (Protegendo-se dos Tubarões)
Nesse tempo que passei como trader, conheci e presenciei muitas histórias, como gente que perdeu

155
família, casa, carro, apartamento, gente que se suicidou etc. Todas essas pessoas tinham uma coisa em comum:
elas não controlavam suas perdas. Um trader que não sabe proteger seu capital tem seus dias contados no
mercado. E isso é um fato.

Às vezes, recebo clientes interessados em uma consultoria, pois não sabem por que perdem tanto di-
nheiro, outras vezes, recebo pessoas desesperadas, pois o ativo que compraram desvalorizou mais de 20%.
Usando o manejo de risco, tais problemas reduzirão muito.
O manejo de risco é bem simples. Descreverei as regras a seguir.

1ª) Nunca entre em uma operação sem saber onde deixará o seu Stop.2ª) Nunca mova seu Stop na direção
contrária à tendência de operação.3ª) Nunca exponha mais de 2% do seu capital em uma operação.4ª) Se per-
deu 6% de seu capital no mês, fique de castigo durante um mês, só estudando.5ª) Compre somente o que a
fórmula do manejo de risco lhe permitir.6ª) Mantenha-se controlado, pois se você fez tudo isso que foi des-
crito acima, seu dinheiro estará bem resguardado e não há motivo para preocupação. Pode deitar no traves-
seiro tranquilamente e dormir.

Importante lembrar que esse manejo de risco descrito deve ser utilizado somente em operações de DAY
TRADE ou de Swing Trade. Em operações mais longas, não utilize STOPS e, sim, defenda sua carteira com ope-
rações inversas como já foi mostrado mais acima neste livro. Assumir perdas em operações de longo prazo beira
ao ridículo.

O Mercado como um Negócio


Algumas pessoas, depois deste livro, irão estudar muito e se dedicar integralmente ao mercado, dei-
xando suas profissões.

O mercado pode ser bastante lucrativo, mas, para ganhar com ele, você precisa estudar muito, se dedi-
car, usar manejo de risco e, uma coisa muito desprezada pelas pessoas: administrar o custo do seu escritório.

Se você deseja operar o mercado, deve reduzir os custos do seu escritório de trades, nunca deixando
que seu custo operacional mensal seja maior que 1,5% de seu capital disponível para investir. Afinal, você deverá
fazer mais de 1,5% ao mês só para pagar as despesas. Aí, sim, o que vier será lucro.

Além disso, você precisará pagar as despesas de casa, não só as do escritório. Portanto, leve isso em
consideração quando for fazer do mercado sua profissão porque, caso contrário, em vez de o mercado trabalhar
para você, você trabalhará para o mercado.

156
Conclusão
“Batendo ferro é que se fica ferreiro.”
Provérbio Brasileiro

“A quem sabe esperar o tempo abre as portas.”


Provérbio Chinês

Espero que este livro lhe traga muitas coisas boas, bem como para sua família. Você está bem preparado
para entrar no mercado, mas não se esqueça de que só isso não basta. Estude e treine bastante e controle seu
emocional. O emocional é tudo no mercado.

Nunca pare de estudar!

Espero que tenha gostado do livro. Estarei sempre à disposição, por meio de meu site, para tirar dúvidas
e responder as suas perguntas.

Desejo-lhe, de coração, ótimos trades.

Um forte abraço,
Juliano Carneiro.

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