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“O AMOR E COMPAIXÃO SÃO OS COMBUSTÍVEIS DO CORAÇÃO”

O amor é essa fonte inesgotável de inspiração, amparo e autoconhecimento.

O coração assim como um rio, deve mesmo percorrendo longas distância e


margens limbosas, contornar os obstáculos e manter-se limpo nas situações
adversas.

Para esses momentos de medos, inseguranças e mágoas sempre procuraram


um amigo para poder nos consolar, desabafar e nos levantar na queda.

O baralho cigano é essa fonte inesgotável de amor, esse amigo fiel que nos
consola e compreende. É este ouvinte que nos acolhe sem julgamentos e nos
mantém confiantes e esperançosos.
Que assim como dezenas de Gitano(as) você encontre sua ancestralidade cigana
nas deitadas das cartas e no levantar de cada consulta. Chegando a conclusão
que através do oráculo, vivenciamos experiências muito mais conflitantes que
as nossas e enxergarmos a magnitude divina em cada uma delas. Optchá!

Mensagem da Cigana Samara Ruani Aracai, psicografada pela médium Sibele


de Andrade.

A ORIGEM DO POVO CIGANO E OS GRUPOS:

Pluralidade e diversidade. Os ciganos são povos nômades que ao longo dos anos
foram adquirindo cultura e aprendizado por onde passaram e com sua
sabedoria ancestral e milenar, souberam aplicar no cotidiano dos seus
acampamentos todo o conhecimento adquirido para a manutenção da própria
sobrevivência e sua descendência.

Os ciganos sabem se relacionar muito bem, fazem sua “buena dicha” (boa
sorte), com oráculos (baralho cigano, cartomancia, quiromancia, leitura da água
de chuva, pedra da cabeça da corvina, etc) e produtos, além de serem flexíveis,
alegres e destemidos. Não por acaso, assim como as águas dos rios, aprenderam
a contornar as dificuldades que foram muitas e todas as perseguições que
sofreram ao longo dos séculos.

Pesquisadores atribuem a origem dos ciganos à Índia, quando fugiram de


guerras e conflitos. Outra linha de pesquisa é que os ciganos são descendentes
dos “dalit” ou “pariahs” que desempenhavam e até hoje, desempenham
atividades consideradas à margem da sociedade como limpezas de esgotos,
funerais e outros serviços desprezados por castas superiores.

Por essa razão, houve o êxodo dos ciganos da Índia, para o Egito, Oriente
Médio, Ásia e futuramente a Europa, pois não aceitavam esta discriminação por
castas.

Os ciganos não desenvolverem uma linguagem só e por não documentarem


suas histórias, não possuem um idioma, mas sim, diversos dialetos, sendo o
mais conhecido o Romani ou Romanês.
Não deixaram estudos e relatos com por escrito. Tudo que sabemos sobre os
ciganos são levantamentos e pesquisas sem uma comprovação efetiva.
Ciganólogos e pesquisadores, porém classificam os ciganos em três grandes
grupos, são eles:

Os ROM, ou Roma, que falam a língua romani (uma soma de diversos dialetos),
são divididos em vários subgrupos, com denominações próprias, como os
Kalderash, Matchuaia, Lovara, Curara entre outros; são predominantes nos
países balcânicos, mas a partir do Século XIX migraram também para outros
países europeus e para as Américas;
Os ROM-LOVARA são tratadores de cavalos, comerciantes de tapetes, sedas e
veículos motorizados. A Cigana Samara faz parte desse clã.

Os CALON ou KALÉ, que falam a língua caló, são os ciganos conhecidos como
“ibéricos”, que vivem principalmente em Portugal e na Espanha, onde são mais
conhecidos como gitanos, mas que com o passar dos tempos se espalharam
também por outros países da Europa e foram deportados ou mesmo migraram
para países Sul-africanos, inclusive para o Brasil.
Um grupo bem menor mais não menos importante: Os Sinti os Sintós, são os
grupos de ciganos oriundos do leste europeu e do norte da Alemanha, falam a
língua Sintó, são facilmente encontrados na França, na Alemanha, Itália e são
denominados como ciganos Manouchs. (Os ciganos inti-franceses, Sinti-alemães
Sinti-italianos, Sinti prussianos da Prússia) falam o dialeto Sintó.

COMO OS CIGANOS SÃO CONHECIDOS PELO MUNDO

 GITANOS na Espanha;
 GITANES na França;
 GYPSIES na Inglaterra;
 BOÊMIOS na Alemanha;
 ZÍNGAROS na Itália;
 ROM na Europa Oriental

GRUPOS (CLÃS): O que se sabe concretamente é que o povo cigano se agrupa


em sete grandes grupos ou famílias, todas de origem perdida no tempo.

 KALDERASH;
 MOLDOWAIA (Talvez de origem na Moldávia, fronteira Romênia-
Rússia);
 SIBIAIA;
 RORARANÊ;
 HITALIHIÁ (provável migração para a Itália;)
 MATHIWIA;
 KALÊ;

HÁBITOS E COSTUMES:

A cultura cigana nos oferece bons exemplos, que infelizmente, nossa cultura
não cigana (Gadjó) parece não levar em consideração devido à vida moderna.
Dentre os mais importantes estão o respeito e amor aos idosos, o amor e
cuidado com as crianças e os fortes laços familiares que se perduram ao longo
dos anos.

Para eles os velhos são a fonte viva de sabedoria e experiência, que sempre é
consultada e acatada nas decisões do grupo. A criança representa a
possibilidade da continuidade, a certeza da preservação de sua cultura e
história, seu futuro e a permanência da ancestralidade cigana. Pode-se dizer
que nunca encontraremos um velho cigano abandonado em asilo, ou uma
criança cigana deixada num orfanato ou jogada nas ruas. Se por ventura
encontrar uma criança cigana sozinha, busque com os olhos em volta e
encontrará sem dúvidas sua mãe por perto. Para os ciganos a vida tem um valor
inestimável e por isso, uma cigana jamais fará voluntariamente um aborto, até
porque não gerar filhos é como uma maldição.

O casamento para o povo cigano representa a garantia da preservação da


cultura. Quando é anunciado um casamento formam-se caravanas nas estradas
até a cidade onde se realizará a festa. Antigamente a festa durava de 3 a 5 dias,
hoje tem a duração de 2 dias com muita dança, muita comida e alegria.

Toda a preparação da festa fica a cargo dos mais “velhos” do Clã, que recebem
os convidados e determinam como devem ser os festejos – músicas, comidas, a
recepção, cerimônias, trajes - e até quando e onde será a noite de núpcias dos
noivos.

Essas festas são muito importantes para o povo cigano, uma oportunidade de
rever velhos amigos e parentes distantes, estreitar laços familiares, conhecer as
novas crianças das famílias e claro, negociar entre si. É importante lembrar que
enquanto as ciganas são conhecidas pelas suas artes divinatórias e suas magias,
os ciganos são comerciantes tradicionais, sempre dispostos a uma boa
negociação, principalmente entre seus pares.

Sem contar que, como um povo essencialmente alegre e festeiro, os ciganos


tem uma habilidade privilegiada para a música, e muitos deles se tornaram
instrumentistas famosos.

O maior exemplo e mais conhecido é O Grupo Francês “Gypsy Kings”.


Muitos ciganos chegaram ao Brasil no começo da colonização. Foram
deportados e ingressaram no território brasileiro em 1526. Somente no início do
século 17 que os ciganos são convidados pela corte para entreterem os nobres
com sua natural alegria e músicas.

Participaram ativamente da expansão territorial país adentro. Foram ativos


integrantes das “Entradas e Bandeiras” que desbravaram nosso país através de
expedições pela terra e pelos rios. Usufruíram da sua natureza nômade,
desenvolvida em andanças pela Europa e trouxeram esta experiência aos
portugueses que precisavam “tomar posse” do país.
Um fato interessante é a origem cigana de um dos nossos presidentes, que
inclusive tratou pessoalmente da abertura de estradas e criação de cidades país
adentro. O presidente Juscelino Kubitschek fundou Brasília em forma de
pássaro, idêntica às antigas cidades Egípcias, trouxe seus conhecimentos Roms
para a engenharia e construção da nossa capital federal, adquirido através do
seu bisavô ROM Tcheco Jan Nepomuscky Kubitschek, sendo este um dos
primeiros ciganos vindos da Europa Central para o Brasil.
Com o passar do tempo, com as perseguições políticas e religiosas, muitos
ciganos tornaram-se sedentários. Na antiguidade, eles viviam em carroções e
tendas, sempre em movimento; hoje moram em casas, mas sempre perto de
suas comunidades. Mas isso não os impedem de terem um moderno trailer,
onde toda a família se aloja e partem para um retorno às suas origens, viajando
e acampando pelas matas.

VERDADE CIGANA

No passado os ciganos eram conhecidos como os "senhores do caminho".

Nômades que atravessavam destemidos rios e florestas. Dispunham de um


salvo-conduto especial para atravessar uma determinada região e todos em
alguma aldeia, distrito ou cidade dependiam dos seus conhecimentos, produtos
e serviços. Transportavam mercadorias, eram mensageiros de longas distâncias
e surpreendentemente os banqueiros dos grandes senhores. Compravam ouro
e trocavam por dinheiro ou bens de consumo.

Para não correrem riscos nas longas viagens e guardarem seus bens com
segurança, costumavam enterrá-los em lugares secretos para que no momento
do retorno, servissem de cofre para negociarem ou entregá-lo ao destinatário
que confiou essa quantia.

Os ciganos se orgulham de nunca participarem de guerras. Costumavam ser


alistados, mas se recusavam entrar em combate. Preferiam ficar na retaguarda,
prestando às tropas todo tipo de serviço necessário. Em caso de derrota, não
sofriam nenhum tipo de retaliação, pois eram reconhecidos por seu trabalho
necessário de prestadores de serviço.

Também eram os artistas que levaram a dança, a música, à acrobacia e o teatro


nas cortes dos reis ou mesmo para os soldados.

Infelizmente encontramos milhões de ciganos nas periferias anônimas e pobres,


na maioria delas até miseráveis. Dignidade nunca faltou a esses ciganos, porém
a sociedade mudou muito desde os tempos em que eram Banjaras (ciganos
músicos e dançarinos).

Aproveito para salientar a existência de outros clãs ciganos, ainda não citados:

• Os Hakkipikki – caçadores do centro sul da Índia;


• Os Gadha Lohar – que trabalham com metais;
• Os Rabari – pastores de ovelhas, cabras e camelos;
• Os Korwas – fabricantes de pulseiras, colares e coroas;
• Os Kalibilias, os Nat e os Bopas – dançarinos, músicos, acrobatas de circo.

Estes são os verdadeiros nomes dos clãs que deram origem às pessoas que no
futuro seriam chamados de ciganos.
Conforme vimos acima, “cigano” é um termo genérico surgido na Europa do
Século XV, no entanto, os ciganos tinham classificações completamente
diferentes.

SANTA SARAH: PROTETORA DO POVO CIGANO

Os ciganos elegeram Santa Sara como sua protetora e, além disso, sua origem
está vinculada a diversas lendas e mistérios. Considerada Santa antes dos
métodos de canonização da Igreja Católica, que exigiram provas de milagres
incontestáveis, comprovados por doutores nas Leis Divinas e testes médicos,
uma de suas lendas dizem respeito a sua convivência com o mestre Jesus Cristo.

A lenda mais antiga que se tem conhecimento, é que Sarah (que é um nome de
origem Judaica), era escrava de uma das Três Marias, as descobridoras do
túmulo vazio de Jesus Cristo, onde Ele foi “enterrado” e ressuscitou
posteriormente.

Outra versão conta que Sarah era uma rainha de tempos perdidos nas terras de
Camargue; uma sacerdotisa do antigo culto celta ao Deus Mitra; ou ainda que
fosse uma “Virgem Negra”, cultuada também durante a Idade Média pelos
primeiros cristãos.

A lenda que mais ganhou força é que Santa Sarah foi colocada pelos hebreus em
uma barca sem água ou alimentos, junto com José de Arimatéia, Trófimo, São
Lázaro e as três Marias e que todos foram jogados no Mar Mediterrâneo, à
deriva. Após Santa Sarah ter feito uma promessa que jamais deixaria de usar um
lenço cobrindo os seus cabelos, caso chegassem a salvo em terra firme, todos
foram salvos. Graças a essa promessa, todos conseguiram aportar numa praia
da cidade de Saintes Maries de la Mer, na região de Camargue, no sul da França.
Encontrada pelo povo cigano que ali estava, compartilhou com eles os seus
dons mediúnicos e sua fé inabalável para auxiliá-los nas adversidades
cotidianas.

É com base nesta última lenda, que até hoje milhares de ciganos de todo mundo
presenteiam Santa Sarah com belíssimos lenços, em devoção e gratidão dos
seus pedidos alcançados, sendo muitas delas em resposta a pedidos de gravidez
que foram atendidos.
O que sabemos com certeza é que o povo cigano do mundo inteiro devotam sua
fé inabalável em Santa Sarah, elegendo-a como sua protetora, dirigindo a ela
seus pedidos nos momentos de angústias e sendo gratos nos momentos de paz
e felicidade.

ORAÇÃO A SANTA SARA:

"Santa Sara, minha protetora, cubra-me com seu manto celestial. Afaste as
negatividades que porventura estejam querendo me atingir. Santa Sara,
protetora dos ciganos, sempre que estivermos nas estradas do mundo, proteja-
nos e ilumine nossas caminhadas. Santa Sara, pela força das águas, pela força da
Mãe-Natureza, esteja sempre ao nosso lado com seus mistérios. Nós, filhos dos
ventos, das estrelas, da Lua cheia e do Pai, só pedimos a sua proteção contra os
inimigos. Santa Sara, ilumine nossas vidas com seu poder celestial, para que
tenhamos um presente e um futuro tão brilhantes, como são os brilhos dos
cristais. Santa Sara, ajude os necessitados; dê luz para os que vivem na
escuridão, saúde para os que estão enfermos, arrependimento para os culpados
e paz para os intranquilos.

Santa Sara, que o seu raio de paz, de saúde e de amor possa entrar em cada lar,
neste momento. Santa Sara, dê esperança de dias melhores para essa
humanidade tão sofrida. Santa Sara milagrosa, protetora do povo cigano,
abençoe a todos nós, que somos filhos do mesmo Deus. Santa Sara, rogai por
nós. Amém."

Sobre a Cigana Samara:

Ciganos Rom / Clã Lovara - Cigana Samara Ruani Aracai

A cigana Samara foi uma cigana que viveu na Itália e na Europa por boa parte da
sua vida humana, em um acampamento Louvara. Era uma menina curiosa, uma
boa ouvinte e era muito procurada para o oráculo, pois além de jogar as cartas
muito bem, sabia enxergar nos olhos das pessoas suas angústias medos e
apreensões. Enxergar a alma das pessoas ainda é algo escasso, e ela sempre
carregou esse dom.

Sua ancestralidade veio da Somália e da Pérsia, este último Irã.


Em virtudes das recorrentes guerras, seu povo migrou para a Europa, passando
pelo Egito e somando ainda mais conhecimentos.
Incensos, pedras e perfumes são sempre aliados em seus trabalhos magísticos.

Outro aliado do seu trabalho são os leques, que carregam pelo vento as dores e
sobrecargas que não são do merecimento de seus protegidos.
Sempre teve gatos na sua companhia. Via neles os aliados que transmutavam
energia e de alguma forma protegia a ela e seu clã daquilo que não lhe era
permitido enxergar.
A mais marcante gata e companheira que possuiu (gatos sempre pretos) foi a
gata Zaffira.

O Clã dos ciganos louvara são muito tradicionais. Preservam sua ancestralidade
e levam suas crenças de forma muito rígida.

A Cigana Samara como a maioria das ciganas, já era prometida a um jovem que
os seus pais escolheram, porém o seu coração amava outro cigano.

Viveu infeliz por muitos anos, tendo renunciado o amor verdadeiro do cigano
escolhido por seus pais.

O clã dos ciganos louvara também trouxe para a trajetória da cigana Samara, o
fundamentalismo e a rigidez de seus cultos e tradições, o que trouxe muita
opressão para sua trajetória de alma libertária, outro conflito vivido por ela no
tempo em que era encarnada.

Sua missão é despertar as pessoas para o sentido do amor verdadeiro, a


valorização da liberdade vivida com responsabilidade e ensiná-los o
conhecimento do seu eu interior, a fim de estimular o autocontrole, a paciência
e a compaixão. Trabalha dentro do mistério da mestra cigana Natasha e com as
salamandras (Elemental do fogo).

O Significado do nome “Samara”

Samara: Tem origem semítica, ou hebraica, e significa literalmente “de


Samaria”, cidade da Palestina que significa “guardada por Deus. De acordo com
o aramaico, o nome Samara pode também significar "aquela que ouve" ou
"ouvinte".

Assim, este bonito nome predominantemente feminino carrega consigo os


reflexos da proteção, da atenção e dos cuidados divinos, esperando que
possivelmente os mesmos sejam transmitidos às pessoas assim chamadas.
Samara é bastante comum não só no Brasil, como também na Rússia, onde
existe uma cidade e um distrito com esse nome.
Ruani é um sobrenome de origem árabe, mas que têm seus principais registros
na Itália.

Materiais de trabalho da cigana Samara:

 Velas: trabalha com o poder das salamandras as transformações e


transmutações através do poder do fogo. Costuma utilizar em suas velas
as essências relacionadas ao amor como rosas vermelhas, maçã vermelha
e cereja, como também as essências de prosperidade como calêndula,
louro e verbena.

 Leques vermelhos e cor de rosa que quebram magias, miasmas e limpam


o campo áurico do consulente;

 Perfumes com essência de rosas, calêndula e sândalo: trazem a magia do


oriente, do amor e da prosperidade;

 Cristais como o quartzo rosa, citrino ou ônix que traduzem qual


problema o consulente veio solucionar.

 Snujs: é um instrumento de origem egípcia e que se popularizou no


oriente. Sua relação tem vínculo com o sagrado feminino e a deusa
Bastet. Têm um som muito parecido com os de sinos. São utilizados para
evocar o sagrado e acompanhar músicas e danças.

ORAÇÃO DA CIGANA SAMARA

Eu evoco a grande mãe Santa Sarah, a mestra cigana Natasha, o povo do oriente
e as forças das Salamandras, que irradiem a sua luz, guie os meus caminhos,
tornem em cinzas as minhas dores, sofrimentos, angustias e decepções. Que o
poder do fogo sagrado transmute e transforme dor em disposição, sofrimento
em entusiasmo, angústia em alegria de viver e decepções em forças para
superar os desafios.

Que o clã dos ciganos do amor me faça plena em amar e ser amada e que o clã
dos ciganos dourados, multiplique toda a prosperidade merecida na minha vida.

Aminturah!
AGENDA CIGANA:

As datas mais importantes para os ciganos são:

Natal: 25 de dezembro;
Páscoa
Dia de Santa Sara: 24 de maio;
Semana Santa
Dia do Cigano: 12 de outubro, coincidentemente dia de Nossa Senhora
Aparecida, também negra e de vestes semelhantes às de Santa Sarah, aqui no
Brasil.

COMO CULTUAR O POVO CIGANO

Numa cesta colocar:

1 melão, maçãs, peras, laranjas doces, mamão, cacho de uvas rosadas;


1 par de brincos, 6 rosas sem os espinhos, 1 perfume, 1 lenço florido, 1 pulseira,
1 pandeirinho, fitas coloridas (menos preta);
1 garrafa de vinho de boa qualidade e 1 taça;
1 vela vermelha ou dourada;
Enfeite a cesta com as fitas e o lenço e arrume tudo dentro dela. Sirva o vinho
na taça.

Escolha um local de sua própria casa para colocar a cesta com a oferenda. Ao
lado coloque a taça com o vinho e a vela acesa.
Após o termino da vela, você poderá consumir as frutas com os seus familiares
ou então leva-la para uma praça ou jardim.
Os outros acessórios, você poderá guardar para uma próxima oferenda.

CRIAÇÃO DO ALTAR CIGANO

 1 imagem de Santa Sara;


 1 imagem cigana (representação da sua cigana espiritual), ou 1 imagem
do cigano para a mesma representação;
 1 punhal;
 pedras variadas;
 1 tacho de cobre para colocar moedas ou sementes;
 Um incensário e incensos variados;
 Vai precisar de um porta velas e vela de 7 dias.
 Um leque e castanholas (se for uma cigana espanhola);
 Fitas finas, coloridas (usar todas as cores, menos a cor preta)
 1 perfume;
 Uma toalha na cor vermelha (amor), dourada (prosperidade), ou na cor
de sua preferência, menos preta e castanha. Pode comprar o pano e
mandar uma costureira fazer como desejar.
 Um Jarro de flores, podendo ser fino (que caiba no mínimo 3 rosas);
 1 baralho cigano.

CONSAGRE AS IMAGENS CIGANAS:

Faça a Consagração das imagens e do altar na Lua Cheia.


Consagre a imagem de Santa Sara com uma vela de cor azul clara,
representando a cor do Seu manto. Consagre a imagem para a sua Cigana, com
a cor de vela que Ela intuiu (a mesma da toalha) e na sequência, a imagem do
cigano da mesma forma. A imagem do casal Cigano, será a representação dos
seus Ciganos Espirituais. Quando todo o altar estiver montado e as velas acesas,
recite a prece:

Peço aos Espíritos Ciganos trabalhadores de Luz,


com sua Força Divina,
que venha me ajudar.

Peço aos Ciganos que andam pelo mundo de carroça,


de cavalo, de carro e a pé,
trazei energias positivas dos quatro cantos do Mundo para me ajudar.

Aos Ciganos Velhos e os que ainda estão para nascer,


aos que sofrem por amor e aos que são amados,
aos trabalhadores astrais, que trazem energias
do Sol e da Lua,
das Estrelas e do Ar,
do Vento e das Estradas,
do Fogo Brilhante e da Água,
que sabem que a Mãe Terra nos Ama.

Peço a Santa Sara Kali,


que me imante com os poderes da Santíssima Trindade,
com a energia do Egito Antigo.

Eu agradeço ao Povo que amo e que me ama,


agora unidos pelos laços de Consagração das Forças
que compõem o mundo e com a Raça do Povo Cigano.

Amém.
MONTAR O ALTAR:

Não há mistério em montar seu altar, siga a sua intuição. Esse é um altar
simples, com poucos elementos e que não ocupa muito espaço. Conforme sua
relação de afinidade com o (a) cigano/cigana espiritual for crescendo, novos
itens poderão ser acrescentados conforme o gosto dele (a).
Forre a mesa que será utilizada com uma toalha, coloque Santa Sara no centro e
os junto ao lado de Mãe Sara. Abra o baralho à frente de Santa Sara, a fim de
energizá-lo para futuro trabalho (se for trabalhar com cartas) ou apenas para
homenagear a Santa com elementos da tradição cigana.
As pedras devem ser lavadas em água corrente e se possível deixadas de um dia
para outro em água com sal grosso. Para energizá-las deixe um dia no sol da
manhã e à noite na luz da lua. Se não puder fazer a limpeza com sal, lave-as com
água e imagine com fé o pedido de limpeza das pedras e que a energia delas
seja utilizada para o "bem".

Acomode-as em um pratinho de louça ou barro ou taça, conforme sua vontade.


O Incensário pode ficar em qualquer local da mesa, desde que longe de tecidos
para evitar o perigo de incêndio. Use o incenso que desejar, conforme a
necessidade do ambiente (saúde, prosperidade, limpeza espiritual).

Mantenha as taças sempre cheias, ou com água (que deve ser trocada de 3 em e
3 dias ou quando estiverem turvas ou com bolinhas), vinho branco ou tinto ou
sangria (com vinho tinto). Para a cigana, se for da preferência dela, ofereça
Champanhe. Quando for trocar a bebida, despeje a antiga em água corrente,
pode ser na pia com a torneira aberta, deixando que se vá junto com a água.

Você pode oferecer frutas e pães para Santa Sara e para o povo cigano, como
forma de agradá-los e agradecer a proteção desse povo no seu lar. Pode fazê-lo
uma vez por mês, não sendo necessário mais que isso.

Lembre-se de deixar a oferenda no máximo por 1 ou 2 dias no altar, após isso


leve as frutas para um jardim, ou coloque embaixo de uma árvore frondosa. Se
não for possível nenhuma dessas alternativas, jogue diretamente no lixo.

Não permita que pessoas cuja energia você não conhece, toque no seu altar.
Principalmente nas pedras e no baralho (esse só deve ser manipulado pela (o)
dona (o)).

Devemos sim, permitir e num ato de caridade, que a pessoa aflita ajoelhe-se em
frente à Santa Sara e faça seus pedidos e orações, pois é a Santa mãe de todos
ciganos e não ciganos.
Lachi a Bar (boa sorte) na preparação do seu altar e não se esqueça, use a sua
intuição, ela sempre será o seu norte. Otpchá!

CLÃS CIGANOS NA UMBANDA

Os Ciganos trabalham em todos os "lugares", são livres para trabalhar e


precisam dessa liberdade para sua evolução.

Os Ciganos não trabalham a serviço de um Orixá específico, eles trabalham


segundo o verbo do Orixá regente do trabalho, eles respeitam os Pais e Mães
Divinos dos médiuns, por isso não são guardiões de um trabalho espírita.

Essa linha trabalha em paralelo e conjugada com as demais, onde o seu


compromisso primeiro é com a caridade. Os Ciganos são protetores e não
guardiões; eles podem escolher e trabalhar junto com os guardiões. Podem
trabalhar dentro da linha de Exu, porém sem função de chefia e de guarda. Já os
Exus Ciganos e Pombas-Gira Ciganas são exus e pombas- giras como outros
quaisquer exercendo todas as funções que qualquer exu e pomba- gira
exercem.

Em resumo: cigano é uma coisa, exu cigano é outra. Eles têm funções
diferentes, embora a mesma origem cigana. Os Ciganos se manifestam nos
terreiros de Umbanda, justamente por Ela ser uma religião aberta e acolhedora
para qualquer linha de trabalho que venha fazer Caridade, mas eles podem
trabalhar nas Casas Kardecistas, Casas Esotéricas, enfim, aonde se exerça e
tenham com objetivo, o bem e a caridade.

Por serem muito alegres, os médiuns começaram a se fascinar, os


conhecimentos que serão apresentados serão para evitar, a vaidade e os
excessos, para que esta linha Cigana continue o seu "desenvolvimento" e
evitarmos os absurdos que são feitos usando o nome de entidades de luz. Basta
saber que um pedacinho de papel, metal ou outro elemento foi irradiado por
uma entidade, que vocês usam isso como um talismã e lembram, agradecem e
acabam entrando em sintonia com Espíritos de Luz, e assim recordam de suas
metas e lutam por elas, todas as entidades são iguais, trabalham juntas em um
único objetivo, a Caridade.

Pensem: a árvore para dar frutos e sombra precisa da água para germinar a
terra, da terra para poder se fixar, ter um porto seguro e poder ter vida, do
vento para espalhar suas sementes e assim formar uma mata, do calor do sol
para o crescimento das sementes. As sementes são esses Seres Divinos que nos
ensinam a alegria, a flexibilidade e a resiliência. Que sejamos uma terra fértil e
que possamos ser o fruto de compaixão e amparo ao nosso irmão necessitado
de tamanha fome de conhecimento. Optchá!

Notícias relevantes sobre o povo Cigano

Violência contra as mulheres ciganas: um racismo esquecido

Este artigo faz parte da iniciativa “16 dias de ativismo” do Comitê Latino
Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos das Mulheres (CLADEM
Brasil).

Falar sobre violência contra as mulheres ciganas é, sobretudo, falar sobre o


racismo, mas um racismo esquecido e negligenciado, que emana das relações
de poder e das práticas coloniais. Os dados são exíguos e quase inexistem
pesquisas sobre o assunto.

No Brasil, calcula-se que a população cigana seja de aproximadamente mais de


meio milhão, conforme divulgação da outrora Secretaria de Promoção e
Políticas de Igualdade Racial (SEPPIR). Mesmo com essa significativa população,
quando se fala em minorias, ninguém se lembra dos assim chamados
“ciganos”[1]. Inexistem pesquisas oficiais e detalhadas sobre a população
cigana. Partindo dos dados aportados pela Comissão Europeia (2011), mas
contrastados com o informe de Jean-Pierre Liégois e Nicole Gheorghe e com o
critério de Sérgio Rodríguez (2011, pp. 72-74)[2], foi construída uma tabela para
ilustrar a distribuição geográfica da população “cigana” no mundo. De acordo
com essa tabela, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial com uma
população estimada em 1.000.000 (um milhão) de ciganos[3], sendo
ultrapassada pela Romênia que conta com uma população de 1.850.000 (um
milhão, oitocentos e cinquenta mil) ciganos.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é o órgão


responsável pelo censo demográfico, no Brasil, não realiza a pesquisa censitária
dos assim chamados “ciganos”. Um estudo da Associação Internacional Maylê
Sara Kali (AMSK/Brasil) demonstra que os dados gerados pela Pesquisa de
Informações Básicas Municipais (MUNIC), realizado pelo IBGE, atingem apenas
os ciganos de barraca, sem distingui-los em itinerantes ou fixos. No ano de
2014, a MUNIC identificou 337 municípios com a presença de setenta e três
acampamentos ciganos, localizados em áreas públicas destinadas para esta
finalidade. A despeito de sua importância, os dados históricos produzidos
tendem a ser distorcidos pela visão etnocêntrica e racista[4]. A Constituição
Federal de 1988 não faz menção expressa aos ciganos que, somente a partir de
1993, passaram a constar de documentos governamentais[5]. Em 24 de maio de
2006, o Governo Federal instituiu o Dia Nacional do Cigano. Essa data
comemorativa, inscrita no calendário oficial, é parte de uma série de medidas
destinadas especificamente ao povo cigano.

Inobstante numerosa, as comunidades ciganas no Brasil são desprezadas pelo


poder público brasileiro e, por consequência, sofrem com o baixo acesso à
educação, saúde e participação política, sendo frequentemente alvo de
estereótipos e preconceitos, inclusive pela mídia.

Às mulheres ciganas são atribuídos os mais variados rótulos racistas, como


trapaceiras (no Brasil, desde Gil Vicente, em a Farsa das Ciganas[6]), sujas,
ladras e sedutoras. Uma raça de degeneradas. A leitura de raça aqui, portanto,
se define como uma emergência histórica, porque é adversa a toda fixação
biologicista e a toda possibilidade de essencialismo, e opera como uma
emanação das relações de poder (SEGATO, 2010, p. 32). Assim, é premente que
falemos sobre a violência contra as mulheres ciganas, sobre o racismo, mas um
racismo esquecido. Evidentemente, seja como for, na gestão dos estereótipos, a
cigana representa os ciganos na totalidade.

Ainda, segundo Rezende (2000, p. 105)[7], “várias foram as tentativas feitas no


sentido de assimilar ou exterminar a “raça” cigana”, uma “raça degenerada”:
assimilar seus indivíduos, “desfazendo” seus traços genéticos e seus costumes
entre a população “saudável”; ou o extermínio completo, eliminando qualquer
herança genética.

Contudo, sem dúvida, as piores políticas empreendidas contra os ciganos foram


a de exterminação como ocorreu, por exemplo, na Alemanha nazista. As
autoridades alemãs se convenceram da tarefa de exterminação da “raça”
cigana, com base nas antigas teorias e estereótipos criados e reproduzidos. Bem
antes dos judeus, em 1933, as mulheres ciganas começam a ser esterilizadas.
Depois da II Guerra Mundial, apesar da morte estimada entre 220 mil a 1,5
milhão de ciganos[8], algumas políticas desastrosas continuaram sendo
empregadas em diversos países da Europa, sob o pretexto de se utilizarem de
estudos e métodos científicos no “controle” dos grupos ciganos. Assim, por
exemplo, ao longo do século passado, a Suécia esterilizou, perseguiu, retirou
crianças de suas famílias e proibiu a entrada no país dos ciganos; e as pessoas
dessa minoria étnica foram tratadas durante décadas pelo Estado como
“incapacitados sociais”. […] Os abusos históricos, assinala o Livro Branco,
seguiram um padrão criado há séculos pelas monarquias europeias: começaram
com os censos que elaboraram organismos oficiais como o Instituto para
Biologia Racial ou a Comissão para a Saúde e o Bem-estar, que identificaram os
ciganos que viviam no país. Os primeiros documentos oficiais descreviam os
ciganos como “grupos indesejáveis para a sociedade” e como “uma carga”.
Entre 1934 e 1974, o Estado prescreveu às mulheres ciganas a esterilização
apelando ao “interesse das políticas de população”, como fez Austrália com os
aborígenes. Não há cifras de vítimas, mas no Ministério de Integração explicam
que uma em cada quatro famílias consultadas conhece algum caso de abortos
forçados e esterilização. Os órgãos oficiais ficaram com a custódia de crianças
ciganas que foram arrancadas de suas famílias.

No Brasil, conforme inicialmente observado, as pesquisas sobre o assunto,


violência contra as mulheres ciganas, são praticamente inexistentes. Sabe-se,
tão-somente, que as mulheres ciganas são vítimas corriqueiramente de racismo,
mas de um racismo esquecido pelo poder público e pela sociedade. De outra
sorte, sabe-se, igualmente, que manipulam a sua in(visibilidade), nos espaços
públicos, como uma estratégia de sobrevivência. Praticam o comércio, por
exemplo, sem sua indumentária tradicional.

De acordo com o documento divulgado em março de 2016, pela relatora


especial das Nações Unidas para minorias, Rita Izsák, as mulheres do povo
Rom[9] sofrem maior discriminação, porque são facilmente identificadas por
sua indumentária tradicional, muitas dessas mulheres se veem privadas de seus
direitos mais básicos. Esse mesmo documento recomenda a criação de leis anti-
discriminação e medidas afirmativas para endereçar a falta de acesso à
educação, saúde, habitação, emprego, redução da pobreza, acesso à Justiça
entre outros.

Ainda, para a presidenta da AMSK/Brasil, Elisa Cavalcanti, é preciso que se saiba


que os ciganos, mas, sobretudo, as ciganas têm seus direitos desrespeitados
cotidianamente como, por exemplo, o acesso ao serviço médico dificultado[10].
Outra questão relevante apontada por Elisa é a negativa na concessão de
habeas corpus sob o argumento de que o cigano, via de regra, não tem
residência fixa.

Segundo noticiado pelo Correio Braziliense, em 13 de março de 2015, o


Ministério Público Federal investiga um suposto caso de violência policial,
durante uma abordagem para apreensão de armas, em uma comunidade
cigana, próxima a Sobradinho/DF. Os moradores denunciaram que 39 Policiais
Militares da Rotam entraram com bombas de efeito moral, sem mandado
judicial, na chácara ocupada por aproximadamente 50 pessoas, e cometeram
uma série de outras irregularidades, como revista íntima em mulheres sem
policial feminina na equipe.

Não à toa, o documento da relatora especial das Nações Unidas indica em suas
recomendações que se reconheçam os ciganos como uma minoria distinta, para
que possam assim exercer plenamente seus direitos humanos, e que os Estados
investiguem de forma apropriada quaisquer crimes contra os ciganos e suas
comunidades, inclusive iniciativas de discriminação. Não há, no entanto,
nenhuma recomendação que vise, especificamente, a promoção e a defesa dos
direitos humanos no que toca à violência contra as mulheres ciganas. É preciso
falar sobre a violência contra as mulheres ciganas; é preciso falar sobre esse
racismo esquecido! Na gestão dos estereótipos a mulher cigana representa os
ciganos na integralidade.

Priscila Paz Godoy é Mestra em Direitos Humanos e Cidadania pelo Programa de


Pós-Graduação em Direitos Humanos e Cidadania da Universidade de Brasília
(PPGDH/UnB) e graduada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade
Mackenzie. Atua como advogada e parceira da Associação Internacional Maylê
Sara Kalí (AMSK/Brasil).

[1] Faço uso da expressão “os assim chamados ‘ciganos’” para designar o rótulo
da palavra “cigano” atribuído pelo outro, “não cigano”.

[2] RODRÍGUES, S. Gitanidad: Outra manera de ver el mondo. Barcelona:


Editorial Kairós, 2011.

[3] O termo “cigano” aqui é usado para se referir a grupos heterogêneos, que
vivem em diferentes países e sob diversas condições sociais, econômicas e
culturais, mas unidos por raízes históricas e linguísticas comuns, conforme
relatório da ONU, disponível em: https://nacoesunidas.org/comunidade-cigana-
brasileira-sofre-com-preconceitos-e-restricao-de-direitos-diz-relatora-da-onu/.
Acesso em: 06 dez. 2016.

[4] No Brasil, o Senado Federal tem em seu arquivo histórico o Decreto nº.
3.010, assinado pelo então Presidente Getúlio Vargas em 1.938, um ano após a
instalação do Estado Novo. A norma restringia a entrada de estrangeiros no país
e impedia que “indigentes, vagabundos, ciganos e congêneres” ingressassem
em território brasileiro.

[5] O art. 2º da Resolução nº 6, de 16 de dezembro de 1993, do Conselho


Superior do Ministério Público Federal criou a 6ª Câmara de Coordenação e
Revisão dos Direitos das Comunidades Indígenas e Minorias, incluindo-se as
“comunidades negras isoladas” (antigos quilombos) e as minorias ciganas.

[6] No Brasil, desde o século XV, a palavra “cigano” é utilizada como um insulto
(FRASER, 1992, p. 48). O termo aparece registrado, pela primeira vez, em
português, provavelmente em 1521, em A farsa das ciganas, de Gil Vicente
(TEIXEIRA, 2008, p. 09).

[7] REZENDE, D. F. de A. Transnacionalismo e Etnicidade – A Contrução


Simbólica do Romanesthàn (Nação Cigana). 2000. Dissertação (Mestrado) –
Curso de Mestrado do Departamento de Sociologia e Antropologia da Faculdade
de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo
Horizonte/MG, 2000.

[8] Conforme “Genocide of European Roma (Gypsies)”. In: Holocaust


Encyclopedia. United States Holocaust Memorial Museum. Retrieved September
27, 2012. The USHMM places the scholarly estimates at 220,000–500,000.
According to Berenbaum 2005, p. 126, “serious scholars estimate that between
90,000 and 220,000 were killed under German rule”; e Hancock, 2004, pp. 383–
96.

[9] Conforme Teixeira (2008, p. 10), Rom, substantivo singular masculino,


significa homem e, em determinados contextos, marido; plural Roma; feminino
Romni e Romnia. O adjetivo romani é empregado tanto para a língua quanto
para a cultura.

[10] Subsídios para o cuidado à Saúde do Povo Cigano, disponível em:


http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2016/novembro/10/Sa—de-Povo-
Ciganos.pdf. Acesso em: 06 dez. 2016.

DIREITOS HUMANOS - OS ROMA - ROM, SINTI, CALON - conhecidos como


CIGANOS.

04/05/2009 por Luciano Mariz Maia

O termo "cigano" é uma expressão criada na Europa do Século XV, para designar
povos nômades (ou cujo nomadismo constituía característica de seu modo de
viver), e que a si próprios chamam de ROM, SINTI ou CALON.

Hoje, na Europa e nos Estados Unidos, a expressão "cigano" (gypsy, tsigane,


zingaro, etc.) é evitada pelos ciganólogos não-ciganos, os quais preferem a
expressão geral adotada pelos movimentos de afirmação dessa etnia, adotando
a expressão ROMA. Entretanto, costuma-se distinguir pelo menos três grandes
grupos: (1) os ROM, ou Roma, que falam a lín-gua roma-ni; são divididos em
vários sub-grupos, com denominações próprias, como os Kalderash, Matchuaia,
Lovara, Curara etc..; são predominantes nos países balcânicos, mas a partir do
Século XIX migraram também para outros países europeus e para as Américas;
(2) os SINTI, que falam a língua sintó e são mais encontrados na Alemanha, Itália
e França, onde também são chamados Manouch; (3) os CALON ou KALÉ, que
falam a língua caló, tido como "ciganos ibéricos", que vivem principalmente em
Portugal e na Espanha, onde são mais conhecidos como Gitanos, mas que no
decorrer dos tempos se espalharam também por outros países da Europa e
foram deportados ou migraram inclusive para a América do Sul.
O desconhecimento que as pessoas têm dos ciganos faz com que sejam vistos
por estereótipos, com tratamento assemelhado ao dispensado aos bandidos e
ladrões.

A Constituição de 1988 traz uma extraordinária abertura de tratamento para os


ciganos, os quais estão abrangidos pelos artigos 215 e 216, que mandam
preservar, proteger e respeitar o patrimônio cultural brasileiro. Este patrimônio
é constituído pelos modos de ser, viver, se expressar e produzir de todos os
segmentos que formam o processo civilizatório nacional.

A propósito, o Decreto Nº 1.494, DE 17 DE MAIO DE 1995 (DOU 18.05.1995),


que regulamenta a Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991, estabelece a
sistemática de execução do Programa Nacional de Apoio à Cultura - PRONAC,
diz no seu art. 3º que, para efeito da execução do Pronac, consideram-se: VIII -
patrimônio cultural: conjunto de bens materiais e imateriais de interesse para a
memória do Brasil e de suas correntes culturais formadoras, abrangendo o
patrimônio arqueológico, arquitetônico, arquivístico, artístico, bibliográfico,
científico, ecológico, etnográfico, histórico, museológico, paisagístico,
paleontológico e urbanístico, entre outros", e especifica como segmentos
culturais (XIII) a j) cultura negra; e l) cultura indígena. Por que não m) a cultura
cigana? Porque, lamentavelmente, ainda falta o reconhecimento do Governo do
Brasil, e o tratamento igualitário, entre as minorias.

Os ROMA - Calon, Rom ou Sinti - qualificam-se como minorias étnicas. Formam


uma sociedade comunitária à parte, com sua ética e seus códigos de conduta. E,
como convivem com a sociedade sedentária, formal, organizada, são forçados a
aceitar as normas desta sociedade. Adotam-se muitos nomes. É comum serem
batizados várias vezes.

São vítimas de muitos preconceitos. Para os citadinos, cigano muitas vezes é


sinônimo de esperto, de vagabundo, ou de ladrão. Esse ranço histórico é
cultivado, inclusive, pela literatura em torno de estórias e histórias vividas ou
imaginadas. Assim como os judeus, ou os índios, ou os negros, ou os pobres, os
ciganos são discriminados na sociedade.

Como toda minoria étnica (ou religiosa, ou lingüística), os ciganos têm direitos
fundamentais. O primeiro deles é o direito de não ser objeto de discriminação. E
a discriminação ocorre quando os ciganos recebem tratamento distinto do
concedido aos não ciganos, unicamente em razão de sua pertinência a seu
grupo étnico.
Quais são os problemas que mais os afetam?

Não têm acesso ao registro civil de nascimento, nem de óbito. Seu nomadismo
serve de pretexto aos titulares dos cartórios para dificultar e mesmo impedir
sejam lançados os nascimentos dos filhos e filhas de ciganos. Não têm direito de
estacionar suas caravanas, e estabelecer acampamentos provisórios, sem serem
molestados pelas polícias, e autoridades locais. Suas crianças não têm direito de
frequentar escolas, por conta da sua maneira de viver. E quando se
sedentarizam, vêem seus filhos serem tratados como cidadãos de segunda
classe, porque seus valores culturais não são conhecidos nem são respeitados.

E nesse sentido, o que diz a lei, sem que ninguém a faça cumprir? A Lei Nº
9.394/1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, manda,
em seu art. 26, que " Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter
uma base nacional comum, a ser complementada em cada sistema de ensino e
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada exigida pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da
clientela", havendo ainda determinação, no § 4ºdesse dispositivo legal, de que
"O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes
culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das
matrizes indígena, africana e européia".

Por que não aproveitar experiências avançadas de outros países, no campo do


respeito aos direitos das minorias, e entre estas, dos ciganos? Portugal, por
exemplo, já tem grandes avanços, com a facilidade de ter tudo na mesma língua
materna que o Brasil, e com a possibilidade de utilização de troca de
experiência, que enriqueça o esforço do Brasil, para respeitar efetivamente os
direitos humanos de todos.

É papel do governo, mas igualmente de cada um de nós, sustentar que os


direitos humanos de todos também devem incluir os direitos humanos dos
ciganos.

Fonte: Carta Forense.

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