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287-74

Curso de
Ciganologia

Por
Luciana Saêta
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Índice
Introdução
A Origem
Os ciganos pelo mundo
Bandeira Cigana
Hino Cigano
Datas Comemorativas
Espiritualidade Cigana
Mediunidade Cigana
Santa Sara Kali
O Acampamento Cigano
Constituição da Tsara
Rituais Ciganos
A Dança Cigana
As Danças Rituais
Trajes ciganos dentro da cultura
Hierarquia Espiritual nas Tsaras
Preceito
Energias
Os 04 Elementos
Os elementos e suas representações
Magia de Cada Dia
Energia Solar e Lunar
Símbolos
Fogueiras
Bibliografia
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INTRODUÇÃO

O curso de Ciganologia visa trazer conhecimento sobre a cultura cigana e


sua relação com as Tsaras atuais, que trabalham a espiritualidade em prol
de auxiliar pessoas em suas necessidades.
Veremos desde o surgimento das raízes que temos conhecimento deste
povo tão sofrido, mas tão persistente, ao que é utilizado nos dias atuais
como ensinamento á quem busca conhecer parte desta história da
humanidade que por muitas décadas fora escondida.

A ORIGEM

Sabemos que os ciganos são pessoas que viviam se deslocando de uma


terra para outra em busca de garantirem sua sobrevivência. Por isso o
apelido de “andarilhos”, na verdade nada mais eram do que nômades, que
durante suas andanças, acabavam deixando pelo caminho os mais velhos e
doentes, não por maldade, mas porque estes não conseguiriam
acompanhar a caravana em suas viagens. Isto apesar de doloroso para seus
familiares, ajudava a manter vivos os mais novos, pois garantiam assim o
pouco alimento que conseguiam.
Esta questão sobre a alimentação era sempre um fator determinante para
escolherem para onde iriam, pois precisavam constantemente fugir do frio
e suas restrições. Sempre em direção às terras mais quentes, onde a oferta
de alimentos seria mais farta.
Foi exatamente essas andanças do povo cigano (nômades) que fizeram
confusão na cabeça de muitos historiadores. Não se sabia até o século
passado de onde os ciganos surgiram. Contudo, hoje não há dúvidas que os
ciganos são originários da Índia. Isto se comprova através de estudos
linguísticos do Romani, idioma falado pelos ciganos e que tem raízes nas
línguas indianas. Também por estudos culturais, existem associações entre
a cultura Rom e a cultura indiana. Especificamente no caso dos ciganos, a
peregrinação também acontecia por conta de perseguição e escravidão de
sua raça. A perseguição mais remota que se tem conhecimento aos ciganos,
foi na cidade de Sindi, cidade onde se tem os primeiros relatos históricos da
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cultura romani e de onde foram capturados a mando de um rei Persa que


exigia 10.000 luros, nome atribuído aos ciganos pelos persas, para
povoarem novas terras, além de entretenimento.
Alguns registros históricos mostram brigas e aprisionamento dos povos
ciganos por disputas comerciais com artesãos e tapeceiros locais, o que
contribuiu para que os ciganos fossem ainda mais perseguidos e
escravizados. Após anos de perseguição e escravidão pela fragilidade e pela
cultura, iniciou com a chegada do catolicismo a perseguição por crenças. Os
ciganos eram confundidos com os turcos e, por isso, eram tachados de
bruxos, feiticeiros e seguidores do demônio, levando a morte de muitos
ciganos pela igreja.

OS CIGANOS PELO MUNDO

Qualquer que seja o ponto de partida, sabe-se que os ciganos se deslocaram


do Oriente para o Ocidente até chegarem à Europa no fim do século XIV.
Nessa época, os ciganos foram perseguidos pela Inquisição, o tribunal da
Igreja Católica que julgava crimes contra a fé. Como conviviam tanto com
mouros quanto com cristãos, os ciganos oscilavam do paganismo ao
cristianismo, o que bastava para serem acusados de heresia. O pior é que
os preconceitos em relação à religiosidade, à cultura e ao modo de vida
nômade desse povo não ficaram restritos à Idade Média. Séculos mais
tarde, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os alemães
mataram cerca de 400 mil ciganos, vítimas da ideologia nazista que
defendia uma raça supostamente pura, a ariana, na Europa.
Hoje, calcula-se que existam de 2 a 5 milhões de ciganos no mundo,
concentrados principalmente na Europa Central, em países como as
Repúblicas Checa e Eslovaca, Hungria, Iugoslávia, Bulgária e Romênia.
Durante as andanças pelo mundo, eles influenciaram a cultura de várias
regiões. Um bom exemplo vem da Espanha, onde a rica tradição da música
e da dança ciganas deu origem ao flamenco.

Também foram escravos na Hungria e Transilvânia sob as acusações de


roubo, antropofagia e outras violações da lei. Na Boêmia os ciganos tinham
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a orelha esquerda cortada se aparecessem na região e lá também foram


acusados de canibalismo. Em períodos mais recentes, juntamente com os
judeus, prevê-se que talvez cerca de meio milhão tenha perecido no
Holocausto. Os seus cavalos foram mortos a tiro, os seus nomes alterados
(daí que não seja difícil encontrar ciganos com nomes dos gadjes) e as suas
mulheres foram esterilizadas. Os seus filhos foram brutalmente retirados às
suas famílias e entregues a famílias não-ciganas.
Numerosos emigraram para Portugal, indo mais tarde alimentar as chamas
da fogueira da Inquisição de D. João II que promulgou leis de punição.
Documentos atestam que chegaram na Inglaterra por volta de 1430 e logo
se espalharam pelas Ilhas Britânicas, País de Gales, Irlanda e Escócia, onde
também foram perseguidos e em 1563 as autoridades ordenam que
abandonem o país em três meses sob pena de morte.
Acreditando que os ciganos vinham do Egito, os ingleses chamaram os de
"gypsies". Trabalhavam como menestréis e mercenários, ferreiros, artistas,
e damas de companhia. Na Espanha um decreto de 1449 ordena o desterro
de todos os que não tenham ofício reconhecido, nos séculos XVI e XVII são
perseguidos e torturados para confessarem seus crimes. Em 1663 Felipe IV
os proíbe de se reunirem, de usarem seu idioma, suas roupas e danças.
O objetivo era a desculturalização e desintegração como grupo, até que em
1783 sob o reinado de Carlos II fez se uma política mais favorável e foram
considerados neo castelhanos. As denominações variam conforme o lugar
que estão. Mesmo possuindo uma só origem, o povo cigano, durante
perseguições e injustiças ao longo dos séculos, tenta conservar sua cultura
e tradição inalteradas até os dias de hoje. Uma prova disto é o romanês, o
idioma universal cigano falado pelos clãs no mundo.
Atualmente, dentre dezenas de grupos ciganos, os que predominam são os
seguintes: Grupo Kalon – falam o calon, são originários do Egito; durante
séculos situaram-se na Península Ibérica (Portugal e Espanha) e se
espalharam por outros países inclusive da América do Sul deportados ou
migrantes. Os Kalons, em algumas situações, tiveram que ocultar sua
origem, criando um dialeto próprio, extraído da língua regional. O
nomadismo é maior entre esse grupo. Os Rom ou Roma falam a língua
romani e são divididos em vários sub grupos com denominações próprias
como os Matchuaia (originários da Iugoslávia), Lovara e Churara (Turquia),
Moldovano (originários da Rússia), Kalderash (originários da Romênia)
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Marcovitch (Sérvia), . Sinti falam a língua sintó e são mais encontrados na


Alemanha, Itália e França, onde também são chamados Manouche. Fazem
parte desta divisão as famílias Valshtiké, Estrekárja e Aachkane todas
francesas.

BANDEIRA CIGANA

Em 1971, acontecia na cidade Orpington, Inglaterra, o primeiro Congresso


Mundial Romani e lá foi eleita e adotada a bandeira representante da etnia
Rhomá (ciganos).
A bandeira escolhida era da Associação Geral dos Ciganos da Romênia, nas
cores verde e azul com uma roda vermelha ao centro de dezesseis aros,
referenciando a bandeira indiana, pátria original dos ciganos. A bandeira
traz a cor verde embaixo representando a terra, o azul acima representando
céu e a roda vermelha que faz referência à roda de 24 aros da bandeira
indiana – O Ashoka Chakra. A roda representa o movimento da vida e a
evolução. Sua cor vermelha é símbolo de vida e boa sorte.
Esse movimento da vida e esse simbolismo vão de encontro as rodas dos
vurdá (carroça) que aludi ao nomadismo cigano. Essa bandeira, apesar de
conhecida mundialmente como um ícone da cultura rhomá, não é aceita
por todos.
Na Europa Oriental existem grupos que possuem suas próprias bandeiras e
que defendem a ideia de cada grupo étnico possuir sua própria bandeira.
Essa bandeira traz o peso do reconhecimento e fortalecimento étnico de
um povo. Ela mostra uma identidade e uma conquista pela sua cultura,
liberdade e aceitação quanto seres livres. Para quem não é cigano, não foi
escravizado, morto e subjugado, não consegue reconhecer a importância
representativa dessa conquista. A bandeira tem sido usada como símbolo
cigano em muitas Tsaras e outros grupo religiosos, porém, a bandeira é um
símbolo recente e de um povo vivo. A utilização da bandeira em templos e
cultos se torna erronia quando usada para representar entidades, já que
essas não “conheceram” tal bandeira.
Existe uma certa hostilidade em alguns grupos ciganos quanto o uso da
bandeira para fins litúrgicos, ao mesmo tempo que essas pessoas que
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praticam tal filosofia são as que defendem e levantam a bandeira de


aceitação e humanização desse povo.

HINO CIGANO

Também no Primeiro Congresso Mundial Romani, ficou decidido o hino


cigano. Desde 1971, a canção Djelem, Djelem, como é conhecida no Brasil,
foi oficialmente aprovada como hino do povo cigano. A letra do hino foi
composta por Zarko Jovanovic, cigano sérvio que foi prisioneiro em três
campos de concentração durante o holocausto.
Na letra da canção Djelem Djelem, ele expressa sua dor e experiência
passada no Porajmos em forma de lamento. Exatamente por mostrar a dor
da perseguição e todo horror vivido, Djelem Djelem foi escolhida como hino
de todo o povo.
O título, assim como a letra, já ganhou algumas adaptações. Maneira de
adequar aos grupos rhomás de diversos lugares.
Alguns exemplos de títulos alternativos são Opre Roma, Romale Shavale,
Jelem Jelem, Dzelem Dzelem etc.
Alguns gadjes (não ciganos ou forasteiros) em tremenda falta de
conhecimento ou respeito tem usado o hino desse povo para
apresentações de dança e comemorações em Tsaras ou outros templos.
Uma vez que o hino é a expressão da dor passada por milhares de rhoms,
dançá-lo é no mínimo desrespeitoso com toda uma nação. As confusões e
apropriações culturais estão fazendo religiosos desinformados perderem
seus nortes e invadirem espaços que não os pertencem. Ter como base de
uma filosofia religiosa um povo lúdico, misterioso e reservado, faz com que
o seguidor de tal doutrina se perca na fantasia do ego.

LETRA DO HINO CIGANO


Em Romani:
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Djelem Djelem
Djelem, Djelem lungone dromentsa
Maladjilem bhartalé romentsa
Ai, ai, romale, ai shavalê (bis)
Naís tumengue shavale
Patshiv dan man romale
Ai, ai, romale, ai shavalê (bis)
Vi mande sas romni ay shukar shavê
Mudarde mura família
Lê katany ande kale
Ai, ai, romale, ai shavalê (bis)
Shinde muro ilô
Pagerde mury luma
Ai, ai, romale, ai shavalê (bis)
Opré Romá
Aven putras nevo dromoro
Ai, ai, romale, ai shavalê (bis)

Em Português:

Caminhei Caminhei
Caminhei, caminhei longas estradas
Encontrei-me com romá (ciganos) de sorte
Ai, ai ciganos, ai jovens ciganos
Obrigado rapazes ciganos
Pela festa louvor que me dão
Eu também tive mulher e filhos bonitos
Mataram minha família
Os soldados de uniforme preto
Ai, ai ciganos, ai jovens ciganos
Cortaram meu coração
Destruíram meu mundo
Ai, ai ciganos, ai jovens ciganos
Pra cima Romá (Ciganos)
Avante vamos abrir novos caminhos
Ai, ai ciganos, ai jovens ciganos!!!

DATAS COMEMORATIVAS
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Para concluir o estudo sobre a História cultural e geográfica dos ciganos,


vamos abordar algumas datas culturalmente importante para este povo:

08 de abril – Dia Internacional dos Povos Romani (Ciganos).


Foi oficializada em 1990 durante o IV Congresso Mundial Romani, realizado
na cidade de Serock, na Polônia. Esta data foi escolhida em homenagem ao
I Congresso Mundial Romani, realizado no período de 8 a 12 de abril de
1971, nas proximidades de Londres, Inglaterra.

24 de maio – Dia Nacional do Cigano.


Foi instituída por decreto presidencial em 25 de maio de 2006 com o
objetivo de dar maior visibilidade aos povos romani que compõem a
população brasileira.

25 de maio – Dia Internacional de Santa Sara Kali, padroeira dos povos


Romani.
Tem maior influência no Brasil e em alguns países europeus. A escolha da
data está associada ao dia das Virgens negras, 26 de maio. Pela semelhança
da pele e das lendas, Santa Sara foi vinculada ao culto das Virgens Negras,
porém, a data de sua celebração e peregrinação acontece um dia antes do
dia das Virgens.

2 de agosto – Dia em Memória do Holocausto Cigano.


Sua história e os horrores promovidos pelo regime nazista, agravados
durante o período da II Guerra Mundial, adquiriram grande visibilidade nas
últimas décadas. Porém, ainda é pouco conhecido, reconhecido e divulgado
o massacre da população romani e a perseguição étnica sofrida por este
grupo neste período.

ESPIRITUALIDADE CIGANA

A Religião seguida pelos ciganos segundo Yago Giab Kalderash, 52 anos:


"Guardamos a sete chaves o segredo de nossa verdadeira religião e os
preceitos religiosos que atendem às nossas tradições, até para nos
defendermos das perseguições daqueles que nos consideram pagãos e
infiéis. Rendemos oferendas, acreditamos nas forças da natureza como
demonstrações das divindades, acreditamos que não existe um Paraíso e
um inferno determinados como destino final de toda alma vivente na face
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da Terra. Cremos em Bel-Karrano e Sara, o Pai e a Mãe, o Sol e a Lua, o Dia


e a Noite. Bel-Karrano é Pai, soberano e generoso e doador do livre-arbítrio
a todos os filhos sem distinção.
Conhecemos a Lei de causa e efeito, da ação e reação, assumimos as dores
e sofrimentos que nós mesmos geramos. Acredito que o ser humano sofre
em razão de seus incorretos pensamentos, sentimentos, palavras e ações.
Quero dizer que não transfiro a Bel-Karrano a responsabilidade pelo castigo
por meus erros e faltas. Bel-Karrano deve ser louvado e venerado por sua
grandeza. Ele é fonte de graças.
O costume de nossos antepassados era a conversão à religião dominante
do país onde montávamos as nossas tendas e como a maioria dos países
era católico, declarávamos seguidores da fé católica, o que sem dúvida
facilitava nossa andança por terras europeias e por muitos países da
América.
Nós éramos (e ainda somos) atormentados pelos não-ciganos por nossos
costumes, nossa vida nômade, nosso modo de vida festivo e carregamos
injustas famas de falsários, ladrões e não queremos acumular mais uma
perseguição por causa da religião, mas no passado foi a principal
perseguição, nós morríamos na fogueira, isso complicaria ainda mais a
nossa vida. Esta nossa atitude é inteligente e não falsa. Nós fomos
duramente castigados por cultuarmos nossas verdadeiras divindades. O
que fizemos, então? Colocamos santos católicos a modo de disfarce de
nossas reais divindades e apaziguamos a ira dos não ciganos e ganhamos
inclusive a sua simpatia. Apesar de declararmos seguidores da fé católica e
adotarmos muitos de seus preceitos, mandamentos e festas como a
comemoração respeitosa da Semana Santa também trazíamos nossas
divindades feminina e masculina que não se acomodavam às religiões
cristãs.
O que fizemos então? Fomos buscar em uma figura feminina considerada
santa e cristã. Sara ou Santa Sara, a nossa mais venerada padroeira".

MEDIUNIDADE CIGANA

A espiritualidade que hoje vemos dentro das Tsaras e em outros segmentos,


onde o principal meio de interlocução com as entidades é a incorporação,
iniciou na Umbanda. As entidades ciganas ou o culto a espiritualidade
cigana não nasceu junto da Umbanda, esse movimento foi acontecendo de
forma gradual e teve maior aceitação e reconhecimento como falange na
década de 90. Antes disso era comum vermos entidades ciganas
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interagindo em outras falanges, mas não eram ainda um grupo unificado e


coeso. Com o crescimento do número de médiuns e adoradores por essas
entidades, formou-se a falange do povo do oriente.
As entidades ciganas originalmente trabalham auxiliando seus devotos em
assuntos financeiros e amorosos. Os dois segmentos que mais prendem as
pessoas, por isso, o culto a essa falange foi crescendo tão rapidamente.
Outro motivo pelo qual o culto a falange cigana cresceu tão rapidamente
foi a telenovela, que fez mais pessoas criarem afinidade com estas
entidades.
Esta falange espiritual ganhou corpo e cresceu de tal maneira que iniciaram
cultos separados para seu povo e sua santidade, Sara Kali.
Temos hoje uma apropriação cultural de uma raça. Um povo que tem sido
usado e abusado por aqueles que “brincam de serem ciganos” e não
entendem o limite entre religião e raça. Existem diversos ciganos
umbandistas e que cultuam a falange cigana dentro da Umbanda, assim
como cultuam as outras entidades ali presentes. O que não existe é um
reconhecimento da parte dos ciganos por essas entidades como sendo
ancestrais deles. O mesmo acontece com indígenas que tem seus cultos e
crenças comuns ao seu povo e não veem um caboclo como seu igual.
Os ciganos cultuam seus antepassados, porém, sem ofertar frutas, bebidas
ou incorporações. Fazem celebrações aos mortos sem torná-los divindades.

SANTA SARA KALI

A padroeira do povo cigano teve sua canonização em 1712, mas foi omitida
pela igreja até o século XX. A catedral de Santa Sara Kali fica em Saint Maries
de La Mer, sul da França, onde comemoram com procissões e banhos de
mar o dia da santa. As cores de santa Sara são o azul, rosa, branco e
dourado, mas é comum ofertarem lenços de diversas cores em troca dos
seus feitos.
As festividades dos dias 24 e 25 de maio, data que se comemoram
mundialmente o dia de Santa Sara Kali, são repletas de adornos de flores e
chuvas de pétalas que compõe o caminho por onde a procissão segue.
A lenda mais conhecida diz que Sarsa era escrava e foi jogada ao mar junto
com Maria Madalena, Maria Jacobé, Maria Salomé, José de Arimatéia e
Trofino. Durante a deriva, sem remos e sem provisões, em meio a total
desespero por parte de todos, Sara veste seu diklô e clama a Jesus
prometendo que se todos sobrevivessem, ela usaria seu lenço até o último
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de seus dias. Milagrosamente a embarcação ultrapassa as intempéries e


atravessa o oceano até Petit-Rhône, a atual Saint Maries de La Mer.

Outra lenda diz que Sara Kali seria o próprio Santo Graal. Filha de Jesus e
Maria Madalena, Sara teria sido tão perseguida quanto seu pai e por isso
fugiram pelo mar, chegando até Petit Rhône. Muitas são as lendas que
envolvem a vida de Santa Sara, entretanto, ninguém sabe ao certo onde
começou a adoração por ela e como sua imagem surgiu dentro da igreja.
Dentre todas as especulações sobre sua história e como começou a idolatria
dos ciganos daquela região por ela, vamos a alguns fatores que
possibilitariam tal adoração:
Sara era negra, tal como os ciganos;
Sara foi encontrada “estátua” embaixo da igreja, no barro, assim como
umas das lendas de onde os ciganos surgiram;
Sara vivia as margens da cidade, assim como os ciganos. Sara era uma chave
igualitária de conexão entre o povo cigano e Duvvel (Deus ou criador).

Santa Sara ficou muito famosa no Brasil após aparecer como padroeira do
povo cigano na novela “Explode coração”. Contudo, a idolatria por esta
santa não é comum a todos os ciganos do mundo.
Existem diversos clãs que não reconhecem a santidade dela ou são adeptos
a outras santas. A história e culto de Santa Sara se intensifica pela
semelhança dela com as virgens negras, “divindades” conhecidas por toda
Europa.
Santa Sara ficou muito conhecida pelos milagres concedidos as mulheres
que não conseguiam engravidar e faziam promessas de ofertarem um diklô
na gruta de Santa Sara. Outras pediam a Sara que intercedessem por elas
perante a Deus para alcançarem suas graças (casamento, filhos, amores).
Bom, não precisamos dizer o quanto deu certo tudo isso. Contudo, Santa
Sara não é apenas protetora das mulheres de dy chuco (ventre seco), mas
também dos perseguidos e humilhados.
No Brasil, a semelhança entre Sara Kali e Nossa Senhora Aparecida, fez com
que os ciganos adotassem Nossa Senhora como uma “segunda” padroeira.
O que levou as comemorações ciganas agregarem mais uma data, o dia 12
de outubro.
Outra lenda conta que Sara era a filha de Jesus e Maria Madalena e que
teria nascido na Índia, onde Kali, em sânscrito, significa negra, também tem
esse significado em romani. A lenda diz que Maria Madalena após ter
deixado sua fortuna e sua vida para trás, seguiu junto ao messias e se
tornou a mulher mais próxima de Jesus. No livro de Maria Madalena que
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está no acervo do Vaticano, conta sobre sua vida ao lado de Jesus. O livro
da Saga dos Capelinos “Jesus – O divino mestre” do autor Albert Paul
Dahoui, conta sobre a filha de Jesus com Maria Madalena, Sara, ser o Santo
Graal.
Vejamos agora algumas ritualísticas para Sara Kali:
Além do tradicional manjar branco com rosas, existem diversos rituais para
celebrar ou agradecer a Santa Sara Kali. Antes, por que o manjar? O manjar
é um prato antigo que apesar de ter relatos de sua origem ser indiana, suas
primeiras receitas são árabes. O manjar inicialmente era um prato salgado
e servido somente para a nobreza. No entanto, o manjar também era um
prato servido aos enfermos, porém para esse público era posto o açúcar,
pois na época o açúcar era considerado medicamento. Com sua chegada na
Europa o Manjar ganhou o nome de Blancmanger “comer branco”, e é
desse “manger” que o nome se tornou manjar. O prato que era nobre
passou a ser ofertado a Sara por causa de seu nome. Sara significa princesa
ou nobreza em hebraico e logo foi associado a um prato “a sua altura”. O
manjar pode ser feito para diversos fins e de diversas formas e até
trabalhados juntos a outros materiais, como os lenços por exemplo.
Os lenços nem sempre são dados a Sara em forma de agradecimento por
algo conquistado. Algumas vezes em Tsaras ou nas Slavas os lenços são
adornos e em outras vezes são elementos ritualísticos. Lenços possuem
grande significados dentro dos ritos na espiritualidade cigana, cada cor traz
uma representatividade.
Além dos rituais para Santa Sara, os lenços também representam as
mestrias e compunham muitos de seus rituais.

Aqui algumas cores e seus significados dentro das ritualísticas.

• Branco – Paz e espiritualidade.


• Azul claro – Tranquilidade, serenidade e relaxamento.
• Azul escuro – Intuição, filhos, esclarecimento.
• Amarelo – Agradecimento, prosperidade, crescimento.
• Rosa – Amor, compaixão, autoestima, maternidade.
• Vermelho – Agilidade, força, caminho.
• Lilás – Amores correspondidos, amor próprio, evolução.
• Violeta – Transformação, justiça, cura espiritual.
• Verde – Cura física, plenitude, vitalidade.
• Laranja – Bençãos, relacionamento, cura emocional, comunicação.
• Cinza – Blindagem, desaparecimento.
• Preto – Proteção energética.
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O ACAMPAMENTO CIGANO

No acampamento, durante o dia, podem-se observar ciganas nas lidas


domésticas, outras se dedicando à cartomancia, outras cozinhando,
atividades comuns no cotidiano que aqui são improvisadas. Os homens
realizam os serviços braçais como descarregar bagagens e mantimentos,
buscar água em latões, além de comprar alguns alimentos no centro da
cidade.
A dança é sagrada nos acampamentos, é o principal modo que eles usam
para dizer: “Vencemos a maldade, acabamos com o silêncio e afastamos a
solidão. Dançamos para Sara.”

CONSTITUIÇÃO DA TSARA

Apesar de muito se falar e comparar a vida dos grupos ciganos com a


espiritualidade vivida dentro das Tsaras, é essencial que se entenda a
diferença e a distância entre os ciganos e a espiritualidade cigana.
Não abordaremos a vida dentros das kumpanias, apenas quando objeto de
elucidação, justamente para não criar ainda mais enlaçamento entre
entidades e cultura.
Muitos ciganos de sangue, ainda hoje, não aceitam a espiritualidade dentro
das Tsaras. Convivem com ela pela benfeitoria levada a seu povo, pois
muitos seguidores da espiritualidade cigana criaram ou participam de ONGs
e projetos que visam ajudar e melhorar a vida dentro dos clãs. Isso causou
aproximação entre povo e religião. Ambos se beneficiam desses projetos.
Os praticantes dessa doutrina adotaram o povo cigano e se intitulam
“ciganos de alma”. Essa nova visão fez crescer as contribuições para os
acampamentos, levantou recursos, instalou projetos e deu uma nova
perspectiva de vida aos ciganos mais pobres que antes viviam esquecidos.
Existem diversas teorias dentro da rhoma sobre as entidades ciganas.
Alguns acreditam serem ciganos banidos, outros que são apenas entidades
se manifestando dentro de uma roupagem específica, há ainda os que não
aceitam e não reconhecem tais cultos e entidades.
As celebrações, batizados, casamentos etc. realizados dentro de uma Tsara
não são reconhecidos pelos grupos ciganos.
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Para eles apenas um cigano nascido dentro da Kumpania pode realizar uma
celebração em nome de seu povo.
Dentro das Tsaras encontramos diversas nomenclaturas e regras que são
comuns entre os ciganos de sangue. O que dentro das Tsaras significam
cargos na espiritualidade, na rhomá são nomenclaturas existentes que dão
classificação, respeito e diferenciação dentro da estrutura cultural. Esses
nomes fazem parte dos passos iniciáticos que mostram evolução espiritual.
Contudo, o valor e peso dado na religiosidade não dá a ninguém título
cigano e não faz de ninguém cigano, seja de alma ou de sangue.

Algumas nomenclaturas dentro dos clãs:

• Barô – Avô
• Barí – Avó
• Baba – Avó
• Bibi – Tia
• Kaku – Sábios
• Phurô – Velho
• Shuvano – Velho
• Shuvani – Velha
• Phuri – Velha
• Puri Day – Matriarca
• Kalinata – Operária
• Ratoy – Idem a kalinata

RITUAIS CIGANOS

Ritual de Nascimento:
O cigano preserva muito a sua sorte.
Existem várias crenças para mantê-la, da vida uterina até a morte.
Diariamente a gestante cigana faz um ritual simples para que a criança ao
nascer tenha sorte: ao avistar os primeiros raios de sol, passa a mão em sua
barriga; da mesma forma, logo que vê os primeiros raios de luar, ela repete
o gesto, desejando sorte e felicidade para o bebê.
Esta é a forma dela saudar as forças da natureza e pedir-lhe as bênçãos de
suas luzes para a vida que já existe em seu ventre.
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No sétimo dia após o nascimento da criança a mãe dá um banho no bebê,


jogando moedas e jóias de ouro e pétalas de rosas em sua água, para que o
filho ou filha conheça sempre a fartura, a prosperidade e a riqueza.
Após o banho a criança é apresentada á Lua, para que receba a magia de
seus ancestrais.

O Batizado Cigano:

O batismo é um dos momentos mais importantes na vida cigana, tanto


quanto o casamento e assim por diante. É motivo de muita festa e com
características gerais e peculiares entre todos os clãs que acompanham os
hábitos e a tradição familiar e de raça de cada um.
Em geral, a criança que será batizada costuma estar vestida todo de branco
e deve permanecer junto de seus padrinhos, formados por casais, podendo
ser mais de um. Os homens ficam de um lado e as mulheres do outro.
O padrinho acompanha e participa de toda a cerimônia batismal
permanecendo ao lado de quem está sendo batizado, o tempo todo
fazendo parte efetiva de tudo e oferece como presente naquele momento
uma moeda de ouro que leva o nome de galby, com o propósito de lhe
trazer fortunas e muita sorte, com prosperidade e saúde, assumindo a
responsabilidade como um segundo pai. Esse galby será usado no pescoço
com uma corrente de ouro para toda a vida. Costuma-se ganhar também
um punhal, que na cerimônia se encontra em um lugar específico, onde se
mantém o pão, sal, água, óleo, para serem utilizados na cerimônia,
seguindo-se de festa que geralmente dura até três dias.

Menarca:

Este ritual representa a morte da criança e o nascimento da mulher.


Adolescência é um conceito inexistente na cultura cigana.
A dança mostra que é possível àquela cigana dar continuidade ao nosso
povo.
A ciganinha ficará em média 12 dias presa com a sua boneca preferida. A
quantidade de dias refere-se a idade da criança quando da primeira
menstruação.
Esse momento é para que se despeça de sua vida na infância, mostre
coragem e amadureça para a vida adulta. A menina será alimentada com
comidas especiais de Lilith.
No último dia será tatuada com o nome do clã a qual pertence. Sentirá
dores porque a pele será perfurada e sangrará e o sangue menstrual e o
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sangue do corpo significam pureza. Terá que demonstrar força e não


poderá chorar.
Deverá mostrar a coragem das mulheres ciganas. A dança realizada após
esses 12 dias é uma dança de feminilidade. Elas fazem os movimentos
graciosos e omitem a força como uma moldura para seus movimentos
corporais.
Depois da dança a menina joga a boneca no chão e completa-se o ciclo da
dança e mais um ciclo de sua vida.

O Casamento Cigano:

Os casamentos ciganos cumprem uma espécie de acordo entre a família da


noiva e a família do noivo. A família da noiva oferece o dote, que pode ser
pago em cavalos, joias, dinheiro, ou outros bens da família. Na cama de
casados dos noivos, é colocado o dinheiro oferecido pelas famílias, e quem
visita a casa também costuma contribuir com dinheiro para a nova vida dos
noivos.
A maioria dos casamentos são celebrados especialmente em janeiro, pois é
mais favorável para a proteção da mulher, porque este mês é dedicado a
celebrar a deusa Lilith, primeira mulher de Adão e defensora das mulheres.
O mês de janeiro é também considerado o mês da fertilidade.
Os convites são entregues em mão juntamente com um doce ou com flores.
É prática comum a noiva levar consigo, grãos de cereais ou certas ervas
como um ritual de fertilidade.
O bolo de casamento é tipicamente feito com mel, sementes de sésamo e
marmelo, simbolizando o bom e o mau que poderá aparecer pela vida
afora. As ciganas mais antigas preparam a noiva e os alimentos para a festa
e durante o preparativo compartilham a felicidade da união.
Durante a festa é servida uma bebida envolta em um tecido vermelho que
é guardada desde o nascimento pelos pais do menino e é aberta nesta festa.
A noiva oferece um cravo vermelho e recebe dinheiro em troca.
Quem dirige a cerimônia do casamento é o patriarca do clã. Ele recita
orações quando corta delicadamente os pulsos dos noivos com uma lâmina.
Depois os junta para consumar a "união de sangue". Os convidados gritam
"Brau!" (Viva!).
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Então o pai da noiva faz essa declaração ao pai do rapaz: - Sardento


murrachá en surisardento, sararakêsa gadiá avelato. Gardiá sararakessa
aveia tu borí. Nassunakaí nai galbi kaídalto umassi morrorat"
(Eu te dei a minha filha em casamento, mas um dia posso pegá-la de novo.
Se cuidares dela terás nora. Não é dinheiro e nem ouro que te dou, mas sim
um sangue meu).
Os jurados aplaudem no momento em que o pai do rapaz beija a noiva do
filho.
O patriarca da cerimônia fala nesse momento: - Messolaráu kessim
pekakoabiaú me sai putráu o abiau, sarmé likau ke pukinel laxiar.
(Eu testemunho que estou presente neste casamento e mais tarde posso
ver o final dele. Como ele está vendo, diz o patriarca olhando para o pai da
noiva, a filha está paga).
O patriarca beija os cônjuges. Os convidados batem palmas e gritam
novamente Brau!
Eles já estão casados. A orquestra começa a tocar várias "kaiaskê romanês"
(músicas de entretenimento). Começa a grande festa de três dias e três
noites. Uma das músicas do repertório é "Nonô nanê gaji" (Não queremos
mulheres não-ciganas).
No terceiro dia após a cerimônia de casamento é dada uma trégua na
grande festa: os convidados esperam o resultado do ritual do
desvirginamento.
Os recém-casados manterão relações sexuais aguardados por uma
comissão de parentes.
A cerimônia tem versões diferentes conforme as tribos. Há comunidades
ciganas em que o desvirginamento é feito pela matriarca. A matriarca
rompe o hímen e provoca o sangramento. Passa-se um pano para que se
manche de sangue, uma prova da pureza da moça que é dada ao marido.
Quando é realizado pelo marido, os ciganos mais velhos aguardam do lado
de fora da Tsara (tenda) e, consumado o casamento, passa-se um pano
branco para recolher o sangue.
Se não houver sangramento ou qualquer prova concreta de que a moça é
virgem, o noivo pode decidir se a aceita ou não.
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A frase de recusa é: - Ertinangê ke me tigenauas godiabuki. (Senhores


desculpem-me. Nem eu sabia o que estava acontecendo). Nesse caso o
casamento é desfeito e se instala um clima de guerra entre as famílias: a
moça é punida com uma violenta surra do pai que tem de devolver o ouro
pago pelo casamento.
Se o rapaz quiser a noiva apesar dela não ser virgem, ele comunica à
comissão: - "Apô kanai vai cheibari melaula gadiá sarçi" (Já que ela não foi
"moça", eu aceito do jeito que ela é).
Nesse caso, o pai está impedido de dar uma surra na filha, mas tem de
devolver o ouro ou o dinheiro recebido pelo casamento do mesmo jeito.
Em todo caso, fica com a reputação manchada. Afinal, para os ciganos, a
virgindade é o símbolo da honra da família.

Ritual de luto – Pomana


Para os Ciganos, a morte, ou luto pelo desaparecimento de uma pessoa da
família, dura em geral muito tempo.
Para os Ciganos, prevalece o costume e a tradição de queimar o carroção,
ou a tenda, ou o trailer onde o cigano ou cigana vivia e os objetos
pertencentes a eles também. Se morar em apartamento ou casa, só
queimam os seus pertences.
Os ciganos acreditam na vida após a morte e seguem todos os rituais para
aliviar a dor de seus antepassados que partiram.
Costumam colocar no caixão da pessoa morta uma moeda, para que ela
possa pagar o "canoeiro" a travessia do grande rio que separa a vida da
morte.
Antigamente, costumava-se enterrar as pessoas com bens de maior valor,
mas devido ao grande número de violação de túmulos este costume hoje
em dia, já teve que ser modificado.
Os ciganos não encomendam missa para seus entes queridos, mas
oferecem uma cerimônia própria com um ritual cigano, que tem muita
água, flores, frutas e suas comidas prediletas, onde esperam que a alma da
pessoa falecida, compartilhe a cerimônia e se liberte gradativamente das
coisas da Terra.
As cerimônias fúnebres são chamadas "Pomana" e são feitas
periodicamente até completar um ano de morte do cigano ou cigana.
Os ciganos costumam fazer oferendas aos seus antepassados também nos
túmulos.
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Como o povo cigano acredita na vida após a morte, é costume fazer todos
os rituais de purificação da alma para que ela se livre do seu Karma dado na
terra e assim, siga em paz seu caminho de luz.
Durante um ano, todos os dias quando se colocam a mesa para as refeições,
coloca-se também um lugar mesa com um prato, representando a pessoa
que já se foi.
Eles acreditam que durante um ano, o espírito da pessoa, ainda fica ao lado
da família e principalmente na hora das refeições, que é um momento
muito importante para o povo cigano.
Os ciganos da Europa, acreditam que quando se escuta um pio de uma
coruja distante é sinal que uma pessoa muito próxima a nós irá morrer,
porém se o pio da coruja é alto e forte, uma pessoa distante passará entre
os mundos dos vivos e dos mortos.
Quando uma pessoa anciã de um Clã Cigano está doente e sua morte foi
prevista, é avisado a todos os seus parentes de longe e de perto, não
importa onde esteja, a vida, a doença e a morte do mais velho é prioridade
sobre todos os outros assuntos e entre todos os Clãs Ciganos.
Neste caso, várias providências serão tomadas em favor do doente.
O doente nunca ficará sozinho, até o seu último suspiro.
Este momento é de muita união dentro do Clã cigano, onde todos o ajudam.
Mas é um momento que se manifesta muito pouca emoção, em relação ao
doente.
Quando acontece a morte, os ciganos acreditam que seu espírito ficará
entre o mundo dos vivos e dos mortos até que seja feito o enterro.
Eles acreditam que tem que se facilitar a passagem para o mundo dos
mortos, e para isso é feito um ritual, chamando um Kakú (feiticeiro cigano)
e uma Shuvani (feiticeira cigana).
Esse ritual é feito no silêncio das florestas e próximo a água corrente, sem
que ninguém do Clã saiba, somente uma pessoa responsável pela família.
Outro costume e tradição cigana é feita com uma pequena fogueira acesa,
bem distante do fogo da cozinha, assim que a pessoa morre, esse fogo
deverá ser feito de uma forma que não se apague. Coloca-se em suas
chamas, tomilho, sálvia, alecrim e eucalipto, porém deve seguir essa ordem.
O nome da pessoa morta deverá ser repetido 09 vezes, enquanto o Kakú ou
a Shuvani, dão sete voltas em sentido anti-horário em torno da fogueira e
depois o fogo deve se apagar sozinho e lentamente.
Feito o enterro, todos participam dos rituais da Pomana (feito após a morte
e enterro) este ritual é em homenagem ao morto. Nesse ritual, todas as
comidas prediletas da pessoa falecida serão servidas de forma cuidadosa,
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preparada e decorada para tal evento, e o lugar do morto á mesa estará


assegurado.
A partir desse momento, o morto será lembrado, e sua memória
reverenciada por todos, afinal eles acreditam, que o espírito da pessoa
morta, ainda esteja protegendo todos do Clã, sendo ele um mensageiro.
Acreditam também que a pessoa continua rodeando e amparando aqueles
que deixaram no mundo dos vivos.
Após o funeral, que deve ser feito perto de um rio , ou mar ou lago; o mais
velho do Clã, coloca um pão e uma vela apagada na água do rio, ou lago e
deixa ir embora, como se fosse a despedida do espírito e pedindo que esse
espírito, encontre a paz e a luz nesse caminho.
Após tudo feito e 3 dias depois, os Ciganos fazem uma festa em
homenagem a pessoa morta, com tudo o que a pessoa gostava e muitas
flores e cores.
Mesmo com tristeza, eles dançam e cantam seus lamentos ciganos com
alegria, para quem se foi não ficar triste também.

A DANÇA CIGANA

O som do violino corta a noite. Ele acorda os espíritos ciganos que vêm da
Espanha, onde moram em castelos de pedras ou nas praças de touros.
Pandeiros, palmas, castanholas, cânticos de amor e ciúme, apologias de
liberdade e lamentos dos sofrimentos desse anoitecer nas moradas ciganas.
Saias vermelhas, xales negros, pulseiras prateadas como a Lua - Deusa de
todos os ciganos. E, enquanto aumentam os cantos e se esquentam as
dançarinas em torno da grande fogueira, vão os ciganos resgatar a
poderosa e eterna magia dos clãs - a dança cigana para reviver e ensinar
pelos movimentos dos corpos tradições milenares desconhecidas no
mundo gadje.
A dança cigana consiste em uma sequência de movimentos corporais
sinuosos, executados com passos cadenciados, ao som e ao ritmo da música
flamenca. Tecnicamente esta dança possui movimentos-forma bem
definidos, que vão desde a realização de deslocamentos que lembram o
desdobrar-se das serpentes, até a inserção de movimentos de ballet
clássico e formas geométricas presentes na natureza.
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Primordialmente, as danças ciganas e, em especial, as ritualísticas têm no


corpo o local da expressão divina. Para os ciganos, Deus é multifacetário,
de modo que se manifesta através das "faces da eternidade", ou seja,
mitologicamente. Como Deus é, para os Ciganos, a personificação dos
fenômenos naturais, a relação com a natureza é alquímica.
Os ritmos ciganos são geralmente acompanhados de palmas e sapateados,
ao som de guitarras, violas, violinos, acordeões, címbalos, castanholas e
pandeiros, o que nos dá uma grande alegria. A dança é sedutora.
Dependendo do grupo de origem, as ciganas podem dançar portando
objetos como pandeiros ornamentados com longas fitas coloridas, lenços
esvoaçantes, leques ou flores, roupas bordadas.
O homem, quando dança com a mulher, apenas reforça a presença
feminina, protegendo-a. Não há toques. Nenhum contato físico entre os
pares. Em grupo, os homens preferencialmente dançam reunidos, em
movimentos com passos marcados.

AS DANÇAS RITUAIS

A dança é uma criação em movimento, a dança cigana conserva ainda hoje


o mesmo significado que possuía nos tempos dos nossos ancestrais: os
ciganos antigos e os ciganos da atualidade buscam atingir, através do
aprofundamento da consciência, o contato com as forças superiores do
universo. As danças rituais buscam agradar ao criador, o conservador da
vida que simboliza a eterna transformação do universo.
A dança ritual nasceu de nossos ancestrais que a partir da ligação com Bel
Karrano e Lilith gerou um movimento primordial, um gesto. Essa criação nós
chamamos de uma dança Geratriz.
A origem do mundo é o sopro divino, a voz, o alento de vida, a palavra que
designa o nome das coisas, dando-lhes identidade e resgatando-os do caos.
Nosso povo tem uma filiação corporal e espiritual com o criador. Então,
espírito, respiração, alento, alma, sopro universal. Reproduzimos em uma
dança a vivência pessoal da criação do mundo. A dança do Deus Bel
Karrano, tem o objetivo de induzir a vivência da criação desde a semente
primordial ao triunfo do amor, despertando em cada um de nós a exaltação
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à vida. É uma dança de devoção e de agradecimento. Essa dança tem a base


primordial que parte dos cinco elementos que são: a água, a terra, o fogo,
o ar e o éter. Cada um destes elementos tem movimentos específicos na
dança que os simbolizam. De modo geral, o ar é dançado com os
movimentos de véus; a água recebe ondulações de mãos, o movimento da
sereia, o parto; a terra vem com o movimento de representação do
crescimento de uma árvore; o fogo é representado por movimentos de
serpente e ondulatórios de quadril ou pela roupa vermelha se algum
homem faz parte da dança.
A Lua é a personificação da dança e das transformações, simbolizando a
eterna mutação do universo, que consiste na cíclica destruição e criação. O
processo é a morte e a ressurreição, eterna renovação da vida.
A Dança ritual da Transformação é realizada diferente das outras, durante
o dia. Mas deve ser um dia claro e de muito Sol.
Dentro de nós mesmos, a ação da Lua seria a de morrer para nosso velho
corpo e renascer a um novo ciclo da vida. Claro e iluminado. A dança tem
por tema a atividade da eterna transformação.
São cinco as atividades divinas da Lua:
• O ritmo de mudança do universo.
• A conservação, baseada no equilíbrio e na medida dos movimentos.
• A destruição das formas já superadas, mediante o fogo interior.
• A eterna renovação.
• A encarnação da vida.
Chama a atenção que a deusa e mãe de todos os ciganos, Lilith seja, ao
mesmo tempo, a deusa da conservação e das mudanças. Os passos da
dança induzem as mudanças. Os pés e não as mãos são essenciais nessa
dança. Serão passos que suavemente pisarão na maldade, esmagando
lentamente a crueldade.
A dança total completa a vitória sobre as forças da destruição. Levantar os
pés para o alto em movimentos suaves representa o equilíbrio e o impulso
de ascensão. A dança simboliza a criação e a destruição cíclica do mundo ...
A dança de Lilith é um movimento que destrói para gerar o processo de
criação.
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Para cada momento de morte e recriação existe uma dança. Temos o


nascimento - a vida - depois, a menarca, quando morre a criança e nasce a
mulher, a dança do enlace - quando morre a filha e nasce a esposa e a dança
do luto que é a morte nesse mundo, mas o nascimento junto a mãe Lilith e
Bel Karrano.

TRAJES CIGANOS DENTRO DA CULTURA

Suas roupas representam um dos aspectos mais importantes de sua cultura,


pois além do significado próprio das vestes dentro dos costumes ciganos,
traduzem também uma obediência às tradições do passado.
É uma das formas de mantê-las vivas ao longo do tempo. Veremos algumas
características:
As mulheres usam saias longas, geralmente até os tornozelos, numa
demonstração de recato e ao mesmo tempo sedução. Acham desnecessário
expor o corpo no pressuposto de que tudo que é muito fácil é
desvalorizado. Nunca mostram suas coxas, nem mesmo suas canelas, isto é
considerado uma afronta, uma falta de respeito. É visto pelos homens e
mulheres do clã como falta de pudor.
As blusas não possuem decotes ousados, as saias são rodadas e fartas,
usando as ciganas mais ricas várias saias sobrepostas. O colorido é o forte
atrativo de suas roupas. Muitas gostam de xales, fitas, rendas, possuindo
um significado simbólico dentro de cada família cigana.
As mulheres casadas usam o Diklô (lenço cigano). Este costume começou
com Santa Sara Kali, santa e padroeira desse povo que como diz uma de
suas lendas, estariam em uma barca sem remos e sem provisões Maria
Madalena, Maria Jacobina, Maria Salomé, José de Arimatéa e Sara, uma
serva egípcia. Desesperadas, as três Marias começaram a orar e a chorar.
Sara retirou seu diklô (lenço) da cabeça, chamou por Jesus Cristo e
prometeu que se todos se salvassem, ela seria serva de Jesus e jamais
andaria com a cabeça descoberta em sinal de respeito. Sara cumpriu a
promessa que fez no barco até o final dos seus dias, vivendo como devota
de Jesus e sempre com seu diklô na cabeça. É por isso que, em sinal de
respeito, as mulheres usam um lenço na cabeça quando vão em
peregrinação até uma imagem de Santa Sara.
A tradição diz que um cigano ou cigana que precisa de uma benção de sua
santa Protetora, deve fazer seu pedido seja no altar da santa ou
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simplesmente olhando para as estrelas e pronunciar "Dalto Schukar Dlklô",


que significa "te darei um lenço bonito", e quando realizada a benção, no
dia 24 de Maio esse cigano(a) ofertará um lindo lenço em agradecimento
ao seu pedido.
Além de ser protetora dos ciganos, Sara é, em especial, protetora das
mulheres que querem engravidar ou que querem ter um bom parto. Há
muitos anos, as ciganas que não conseguiam ter filhos faziam promessas a
Santa Sara, pedindo que engravidassem. Se isso ocorresse, elas iriam à
cripta da Santa, em Saintes-Maries-de-La-Mer, e ali depositariam o mais
lindo diklô que encontrassem. Neste local existem milhares de lenços,
deixados por ciganas que receberam esta graça.
E, como ter filhos é uma das maiores bênçãos entre os ciganos, é costume
dar um diklô para as meninas quando começam a menstruar, dignificando
a nova fase como mulher, e é muito gentil dar um belo diklô de presente a
uma recém-casada. É por isso também que, entre muitas famílias, as
ciganas casadas usam um lenço na cabeça, pois o lenço é o símbolo da
aliança entre uma cigana e seu marido.
O lenço não precisa cobrir todo o cabelo, mas apanhar um tanto do cabelo.
Se uma mulher casada retira o lenço em público ou deixa de usá-lo isto é
encarado como de mau agouro, desrespeito ao marido ou chamamento de
viuvez. As joias são usadas por ambos os sexos. Cordões de ouro, colares,
pulseiras, anéis fazem parte da indumentária cigana como sinal de poderio
econômico e elementos de proteção.
A roupa dos homens também é bem cuidada, compondo um visual elegante
e ostensivo. Camisas bordadas, de mangas largas, calças confortáveis e
botas são complementadas com cinturões largos ou longas faixas de tecido
colorido presas à cintura. Alguns usam chapéus de aba larga e lenços na
cabeça ou no pescoço.

HIERARQUIA ESPIRITUAL NAS TSARAS

As Tsaras que hoje trabalham com a espiritualidade cigana, ou seja, com os


espíritos ciganos, que hoje se encontram em evolução no plano astral,
seguem rituais para que seus trabalhos tenham seriedade, e principalmente
que auxiliem na evolução espiritual dos que as buscam. O trabalho começa
pelos próprios médiuns da Tsara, para se tornarem aptos a cuidarem de
outras pessoas.
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Esses rituais que elevam a hierarquia e responsabilidade dos médiuns são


denominados Khértia Drom. Nele estão as energizações, batismo, iniciação
e kalinatura. O ciclo completo dentro desses passos iniciáticos leva cerca de
5 anos, mas pode conter algumas variações e exceções.
Aqui os mesmos nomes vistos anteriormente, porém, na visão espiritual.
• Melichs – Ajudante ou auxiliar em romani (ambos os sexos). É o cargo ou
função de todos os novatos dentro de uma Tsara. Enquanto nas
comunidades cigana os melichs são crianças ajudam em tarefas fáceis ou
auxiliam os mais velhos, nas tsaras essa função está designada a todo
novato que ainda não iniciou seus passos iniciáticos, e por isso não podem
executar tarefas espirituais. Aos melichs estão reservadas tarefa, como: dar
recados, servirem comidas e tchaios, cuidarem dos aparatos mediúnicos e
ajudarem aos ciganos quando chegam. Darem os recados, limparem e
arrumarem os ambientes, acenderem cigarros e servirem os vinhos.
• Kalinata/Ratói – Homens e mulheres que já estão nos seus processos
iniciáticos. Tem a função de fazer com que tudo aconteça dentro da casa
espiritual. A segurança espiritual, limpeza, preparo de banhos, fogueiras,
altares e supervisionam o trabalho dos melichs. Kalinata significa operária
e ratói servidor. Essas pessoas são as mais cobradas dentro de suas tarefas,
pois passarão por rituais futuros, onde desempenharão tarefas de maiores
responsabilidades espirituais, por isso, durante o ano que passam dentro
deste cargo fazem todo tipo de trabalho, primeiro para encontrarem suas
aptidões espirituais e depois, para terem maior prática e aprimoramento
nas suas funções.
• Manouches – Nome de um clã cigano que em português quer dizer
feiticeira. Após os processos da iniciação algumas mulheres podem ser
chanceladas, como Manouches. Essas atenderão aos chamados espirituais
e trabalharão no preparo de magias, poções, pós, elixires e trabalhos
espirituais para ajudar as pessoas.
• Puri Day – Matriarca. As puris assim como as manouches, são cargos
exclusivos das mulheres. Diferente dos acampamentos, as Puris em Tsaras
não precisam serem mulheres solteiras e nem virgens para executarem
suas funções. As Puris trabalham como madrinhas de todos os novatos,
auxiliando, ensinando e dando a eles orientação dentro das Tsaras.
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• Shuvani – Sacerdotiza. As shuvanis cuidam de toda evolução do Khérthia


Drom dos mais novos na Tsara. As energizações, batizados, iniciações e
kalinaturas podem ser feitas por uma shuvani. Os homens ao contrário das
mulheres não passam por tantos processos para chegarem ao cargo de Jtsi
(soldado), liderança espiritual dentro das tsaras. Os homens se dividem
entre preparo de fogueira, Khris ratori, Khérthia Drom, buscar ervas,
porém, nada disso exige do homem um cargo acima do Ratói.
• Barô - são velhos ou avôs e é normalmente o cigano do líder da casa
espiritual.
• Bábas – As avós ou velhas. São anciães, como os barôs e podem ser as
ciganas que dirigem a casa espiritual. Essas funções, cargos e
nomenclaturas são parte da identidade cultural de um povo. Conhece-las e
usá-las não fazem dos médiuns de uma Tsara ciganos e não faz dos ciganos
seu povo.

PRECEITO

Toda filosofia, seita, culto, religião, tem regras. Desde as mais antigas
religiões até as mais atuais, têm seus preceitos e resguardos, necessários
para funcionamento das práticas de tal culto. Todos, sem exceção, devem
cumprir as regras da casa, afinal, as regras já existiam quando os médiuns
chegaram e permanecerão após a partida dele.
Mas o que quer dizer Preceito?
A palavra “Preceito” (originária do latim praeceptum) é concebida como um
comando ou proibição de realizar uma determinada ação. Dentro das
religiões, é uma regra, um comando a ser seguido, como exigência para
participar de determinadas dinâmicas religiosas. Os preceitos são
orientações importantes para nortear e conectar o ser numa dinâmica mais
profunda com sua espiritualidade. Essas regras nada tem a ver com punição
ou provas de autoridade, tão pouco são em vão. Essa abstinência de certos
hábitos rotineiros traz, além de edificação espiritual, autoconhecimento e
certeza ao praticante sobre o caminho que está trilhando.
Seguir preceitos em prol de “algo maior”, “auxílio aos outros”, “desenvolver
a espiritualidade” sempre elevam o Ser e o faz desafiar e reconhecer seus
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próprios limites. Numa ótica litúrgica, preceitos têm, portanto, o objetivo


de potencializar a ligação do fiel com seu Sagrado.
Por que se deve cumprir os preceitos?
Bem distante de ser apenas uma “besteira”, os preceitos são depurativos
da mente, do espírito e do corpo.
Os preceitos não são opcionais. Têm um porquê e têm fundamentos. Aliás,
existem vários fundamentos por trás disso; e, uma vez entendidos, fica mais
fácil respeitar e cumprir o preceito sem achar que é um sacrifício ou um
exagero.
Confira algumas explicações de se fazer os preceitos:
• O motivo fisiológico: Certos alimentos trazem peso ao corpo, exigindo
maior esforço do corpo físico até iniciar a digestão desses alimentos.
Quanto mais denso esse alimento for, mais demorado será para
recuperação energética do Ser;
• Motivo mental: Assim como alguns elementos trazem peso e desconforto
ao corpo, outros trazem cansaço e tiram a concentração, trazendo
dificuldade na ancoragem espiritual;
• Motivo espiritual: Bebidas alcoólicas e outros elementos viciosos abaixam
a vibração energética do corpo possibilitando conexão com outras energias
de baixa frequência. O que pode acarretar problemas para todo o corpo
mediúnico. Agora vamos entender sobre os elementos mais comuns nos
preceitos espirituais.
• Carne vermelha: Demora até 24h para o corpo fazer digestão completa
desse alimento. A carne vermelha, apodrece dentro do corpo antes de ser
completamente liberado do organismo. Durante esse período espíritos
densos que se alimentam de tal energia (carne putrificada) podem se
vincular a você para se alimentarem do que está em seu organismo;
• Sexo: Aqui temos dois pontos a serem analisados:
Primeiro, entender que para casais que praticam o sexo dentro de sua
relação de maneira saudável, estão conectados e essa energia os liga. Para
que essa conexão seja desfeita precisa de dias, algumas horas de preceito
não farão diferença para quem tem um relacionamento.
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Segundo, o sexo praticado com bebida, drogas, por pessoas que não tem
sentimentos ou alguma sinergia que vibre amor, será sempre obsidiado por
espíritos viciados em sexo. Esse sexo sim, deve ser evitado para as práticas
religiosas, pois além de abaixar a vibração de quem o pratica, ainda cria um
elo entre os encarnados e desencarnados que estiveram juntos em tal ato.
• Energético: Algumas bebidas e comidas, como o café, o chocolate, o
guaraná e a cola (refrigerante), possuem substâncias energéticas que
aceleram a vibração do organismo, não permitindo que a pessoa tenha
concentração e relaxamento para o trabalho mediúnico. Ainda vale
ressaltar que outros preceitos podem ser exigidos para certas dinâmicas
específicas. Mas também há bastante equívoco e lenda dentro das práticas
religiosas referente aos preceitos, como por exemplo: não comer feijão. O
feijão apesar de ser preto (motivos pelo qual algumas casas incluem o feijão
no preceito), porém feijão é um vegetal e somente entrou como preceito
por ser da cor do café, da coca-cola e do chocolate. Pura falta de
informação. O chocolate entrou na lista de alimentos não permitidos por
ser energético, mas o chocolate quando comido um pequeno pedaço libera
substâncias no corpo que remetem a felicidade, alegria e tranquilidade, ou
seja, na dose certa deveria até ser recomendado nas Tsaras e centros. Outro
ponto que deve ser levado em consideração é o tempo de preceito exigido
pelas casas espirituais, pois mostram falta de fundamento e desconexão
entre o ato e a funcionalidade do mesmo. Em nosso corpo o líquor ou
líquido cefalorraquidiano, que se renova a cada 8 horas, renovando com ele
nossa energia e campo vibração. Assim sendo, preceitos acima de 8 horas
serviriam apenas para carne, já que o álcool demora meses para ser
eliminado do corpo e o sexo somente deve ser evitado quando não feito
por um casal já consolidado. A “quebra” do preceito pode acarretar uma
desordem espiritual no dia da masina (encontro dos médiuns da Tsara para
trabalharem a espiritualidade cigana) , mas o maior problema trazido pela
falta de cumprimento de tais regras são os “amigos” espirituais que se
acoplam a você e passam a te usar energeticamente para ganhos próprios,
impedindo que você conquiste algo a médio e longo prazo em sua vida.

ENERGIAS
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Para entender como montar o altar de uma Tsara ou conjurar as proteções


necessárias em dias de masina (reunião), precisa antes entender como
manipular as energias e usá-las em benefício próprio ou do grupo. Lembre-
se, qualquer pensamento pode criar vida. Se não souber conduzir essas
energias de forma correta, pode trazer grande prejuízo para sua Tsara.
O universo te presenteou com muitas fontes energéticas. Energia natural,
energia elementar, divina e muitas outras. Cada energia possui seu próprio
caminho, suas peculiaridades. Nunca, mas nunca brinque com as energias.
Lembre-se que tudo o que há em sua volta começa apenas com um átomo,
ou seja, tudo vem da energia. Manipular as energias de maneira correta é
dominar e manipular o mundo ao seu redor.
Vamos entender algumas especificações de cada tipo de fonte energética:
• Energia natural – É a energia limpa que nasce na natureza. Os animais,
plantas, cristais, água, terra. As energias lunar, solar e telúrica também
podem se encaixar aqui.
• Energia elementar – É a energia que provém dos quatro elementos e seus
elementares. Gnomos, Fadas, Orgs, 33 Salamandras, Dragões, Duendes,
Fadas, Ondinas e Sílfides. Aqui também entram os quatro elementos
básicos.
• Energia planetária – Energia liberada pelos planetas e outros corpos
celestes. Eclipses, estrelas cadentes, constelações, sol e lua.
• Energia divina – Toda energia emanada dos deuses e deusas de qualquer
cultura, religião ou panteões.
• Energia pessoal – Energia sexual, maior fonte de poder dos Homens. Aqui
temos ainda os chacras, o Ki e o pensamento. Para entender sobre o
manuseio das energias você precisa saber antes sobre como essas energias
te afetam em diferentes níveis e como consegue se beneficiar ao conseguir
controlar cada uma delas de maneira correta. Começando pelo yin e yang,
onde os dois trabalham nossas polaridades e somente junto podem nos
trazer o equilíbrio.
As diferenças e especificações do Yin e Yang: A parte Yin em nós trabalha
nosso lado feminino. É nossa parte maternal. Nos leva de encontro ao
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dinheiro, a multiplicação e a espiritualidade. A leveza, os sentimentos, o


lado esquerdo e a energia lunar. Está associado a água.
O lado Yang atua no nosso masculino. É nossa parte paternal, racional e
exata. Nos guia para o sucesso, o brilho e para comunicação. Está associado
ao fogo e ao nosso lado direito. Trabalha na energia solar. Todos temos os
dois lados, assim como as magias, as firmezas e os altares, possuímos essas
polaridades e elas devem sempre serem levadas em consideração para um
trabalho espiritual. Essas polaridades também são encontradas nos quatro
elementos, no qual água e terra são femininas e, por tanto, 34 trabalham
na polaridade yin, e ar e fogo são energias masculinas atuantes na
polaridade yang. As polaridades, tal qual os elementos, devem ser bem
decorados em suas funções, pois a maior parte dos rituais são feitos
buscando o equilíbrio entre essas forças. Pessoas que vivem em uma
polaridade, seja qual for seu gênero, terá problemas com o excesso de
algumas funções em sua vida e com falta de outras, pois estão vibrando
apenas em um dos polos.
OS 04 ELEMENTOS

Os elementos básicos são: água, terra, ar, fogo e éter. Esses elementos
estão incorporados em toda matéria orgânica e não orgânicas em nosso
planeta, porém, antes dos elementos temos os Átomos, que nada são além
de energia em constante vibração. Tudo se inicia com os átomos e com
controle dele conseguimos adentrar campos vibracionais, ter intuições,
conectar com pessoas e entidades. Tudo começa com energia. Como no
início dos estudos religiosos não tinha a concordância das teorias trazidas
pela física quântica, muito do que se experenciava virava “fenômeno
espiritual”. Ainda hoje, muitos religiosos que não estudam e não se
empenham para entender a mecânica por trás de seu corpo num transe
mediúnico ou no momento de uma leitura oracular, dirá que é algo
sobrenatural. Contudo, muito do que acontece conosco nestes momentos
são possíveis a quase todo mundo. Uns mais e outros menos, com
intensidade diferentes, mas ainda assim... é algo que organicamente
qualquer ser humano pode se treinar tal aptidão. Muitos foram os homens
que dominaram os diferentes tipos de energia e se tornaram alquimistas
famosos em seus tempos. Assim como as bruxas e suas feitiçarias. Vamos
entender um pouco mais sobre os elementos, seus poderes e campos de
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atuação. Uma explicação de como os 4 elementos foram associados aos


pontos cardeais... Num dado momento da história, o Velho Mundo, que é
o hemisfério norte, mais exatamente na antiga EURÁSIA, que depois foi
dividida geograficamente em Europa e Ásia, o Homem peregrinava e era
nômade. Com o tempo, se tornou sedentário e se estabeleceu em
determinadas regiões. Através dos eventos da natureza, o Homem passou
a se situar e a entender os pontos cardeais, sempre como base onde está o
Norte.
NORTE – TERRA
SUL – FOGO
LESTE – AR
OESTE – ÁGUA
Geograficamente, o Homem estava nessa região do Planeta, no centro da
Eurásia. Quanto mais ele ia para o Norte, mais frio ficava e mais Terra havia,
assim como mais montanhas. Logo, associou o NORTE com a TERRA e assim
se reportava a estes seres deste elemento, se voltando ao Norte. Na
Linhagem Nórdica (que compreende os países escandinavos, Alemanha e
parte da Grã-Bretanha) se tinha NILFHEIM, Mundo do Gelo e que também
compreendia parte do mundo dos Mortos.
Quando o Homem caminhava para o SUL, ficava mais quente, pois se
aproximava da linha do Equador e se sabia que iria até o Norte da África,
onde era muito quente, logo, associou o SUL com o FOGO. Na Linhagem
Nórdica, se tinha MUSPELLHEIM, Mundo dos Gigantes do Fogo.
Quando o Homem caminhava para o LESTE, se aproximava dos imensos
desertos do Oriente Médio, onde se ventava muito. Ao contrário do NORTE
/ FRIO e SUL / CALOR, no LESTE fazia ambas temperaturas nos desertos.
Logo, associou o LESTE com o AR. Na linha Nórdica, era JÖTUNHEIM,
Gigantes também do Gelo, mas que se dispersavam com o Vento.
Finalmente, quando o Homem ia para o OESTE, ele saía no oceano
Atlântico, o maior Oceano descoberto e conhecido até então, muito maior
que o Mediterrâneo e o Índico. Ainda não tinha descoberto as Américas,
não sabia que o Mundo Novo existia, embora claro, o continente americano
existia e tinha suas civilizações pré-colombianas como os Astecas, Maias,
Incas etc. Tanto que estas civilizações não seguiam essa regra. Então, como
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no Oeste só tinha ÁGUA, relacionou o OESTE com a ÁGUA, que também


tinha suas variações de temperatura.
Mas e quem vive no hemisfério Sul? Pois é, aqui é o contrário. Quanto mais
ao Norte, mais quente, quanto mais ao Sul, mais frio.
O Oceano está no Leste, e os ventos e frentes frias veem do Oeste. Como
há mais população e mais continentes no Hemisfério Norte, e este sistema
é muito antigo, podemos segui-lo.
Cada elemento possui uma função e um campo de atuação. Possuem
também seres elementares que habitam cada um desses elementos, como
reinos.
Nas Tsaras não são necessários conhecimentos sobre os cultos das devas e
dos elementares, porém, muitos líderes e até mesmo diversas entidades,
utilizando do conhecimento de seus médiuns, fazem uso de tal prática. No
livro “Do outro lado do espelho” de Carlos A. Baccelli, mostra os
elementares como seres humanoides que estão entre os dois mundos, dos
vivos e dos mortos. São seres em evolução que estão, de alguma forma,
vinculados a um reino (elemento).

OS ELEMENTOS E SUAS REPRESENTAÇÕES

• Água – Oeste. Emoções e sentimentos (Sangue) Representação: Água e


outros líquidos
• Ar – Leste. Pensamentos e raciocínio (Vida) Representação: Incenso, pena,
vento etc.
• Terra – Norte. Corpo físico e estabilidade (Corpo) Representação: Cristais,
sal grosso, pedras, plantas etc.
• Fogo – Sul. Ação e dinamismo (Espírito) Representação: Vela, fogueira,
enxofre etc.
Diversas filosofias e cultos religiosos utilizam dos 04 elementos para
execução de ritos e magias, porém existem variações nas conexões entre
os pontos cardeais e os elementos correspondentes de cada um. É comum
que sua maioria utilize da simbologia nórdica, mas não será errado se
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basear em outras. Outra maneira de potencializar seus rituais a nível


energético causando efeito mais rápido e mais assertivo é se utilizando dos
dias da semana. Cada dia tem uma vibração, um raio, uma cor, um Deus,
um mestre cigano, e por isso é importante saber sobre as peculiaridades de
cada dia, pois dará mais poder a você e mais especificidade para a energia
dos seus rituais. Quanto maior o foco e o afunilamento, melhor e mais
rápido o resultado.
MAGIA DE CADA DIA

Os ciganos utilizam muito em suas magias a orientação da energia do dia


correspondente. Os dias da semana receberam suas nomenclaturas de
acordo com crendices de diferentes povos, contudo, grande parte das
civilizações deram nomes aos dias em associação aos planetas com base na
astrologia helenística, em sua maioria na idade média.
A influência de cada dia:
• Domingo/Domingo Regido pelo Sol e vibrando no raio cósmico azul, o
domingo é um dia de singular energia, pois traz a benevolência, a calma e a
evolução ao Ser. O Sol atrai o sucesso, as vitórias e a positividade. O dia de
domingo é perfeito para gastar seu tempo com você mesmo aprimorando
seu Eu e abrindo espaço para suas novas conquistas. O azul remete a
racionalidade, foco, assertividade e inteligência. A junção dessas duas
forças no mesmo dia é perfeita para quem deseja crescer na vida.
• Segunda-feira/Lunes Regido pela Lua e vibrando no raio amarelo, a
segunda-feira é um dia propício para magias voltadas para sentimentos e
emoções, além de incitar o aprimoramento pessoal. A lua tem força
maternal e acolhedora que juntando ao desenvolvimento e sabedoria do
amarelo, fazem da segunda-feira um ótimo dia para os rituais de
orientação, encantamentos, fortalecimento emocional e seus potenciais
extra-sensoriais.
• Terça-feira/Martes Regido por Marte e vibrando no raio rosa, este dia é
bom para feitiços que envolvam paixões, impulsividade, disputas e
iniciativas. A cor rosa que trabalha o instinto e os amores e Marte que traz
força, vigor e objetividade, tornam a terça-feira um dia especial para correr
atrás do que se deseja.
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• Quarta-feira/Miércoles Regido pelo Deus de mesmo nome e na


frequência do raio laranja na espiritualidade cigana. Nas quartas são
propícias as magias que tragam evolução espiritual, paz e harmonia nas
relações de qualquer tipo. Dia bom para cuidar dos altares.
• Quinta-feira/Jueves Regido pelo grande Deus Júpiter e vibrando no raio
verde, as quintas-feiras são ótimas quando o assunto é prosperidade, cura
e verdade. Júpiter favorece a expansão, alegrias e a generosidade enquanto
o verde nos traz saúde, esclarecimento e vigor. Essa junção torna a quinta-
feira um dia fantástico para investimentos, novos projetos, buscar
conhecimento religioso ou filosófico, além de festas e eventos que
proporcionem bem-estar e sociabilidade.
• Sexta-feira/Viernes Regido pela deusa Vênus e na frequência do raio
rubidourado, a sexta-feira tem a energia dos amores vorazes, beleza e
reconciliações. Sob a regência de Vênus você pode trabalhar doença
emocionais, feridas amorosas, autoestima e vida social.
• Sábado/Sábado Sob a regência de Saturno e na vibração do raio violeta, o
sábado é um dia que provoca transformações, quebra de rotina, mudanças
de estilo e fechamento de ciclos na vida. Saturno fala em superação,
avaliação e trabalho. Age nas finalizações e nas conquistas pelo tempo.
Tudo isso vinculado a cor violeta que age nas mudanças, transmutações,
justiça e desenvolvimento interior, fazem do sábado um dia bom para
quase tudo que alguém necessita, podendo trabalhar desde mudanças
pessoais até troca de parceiro ou religião. O universo te abençoa
diariamente lhe dando diversas fontes energética, das quais se pode
desfrutar livremente se souber como dominar e como utilizar o campo
energético de cada uma dessas fontes de luz e poder.

ENERGIA SOLAR E LUNAR

A última dualidade energética que falaremos nesta parte do curso serão as


energias solar e lunar. Ambas são fontes de luz e poder e agregam sentido
a diversos feitiços. É deveras importante ter conhecimento sobre essas
polaridades. Suas forças, horários, encantamentos são decisivos na hora de
preparar e ofertar algum ritual. É muito comum vermos nas Tsaras, ciganas
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trabalharem com a energia lunar e os homens com a energia solar.


Contudo, isso não é regra. O que determinará o tipo de energia a ser
utilizada será o trabalho, a personalidade do consulente e a finalidade da
ritualística, então, não se prenda a verdades absolutas. A energia solar é
única, não sofre alterações por conta de fases, como a Lua, porém, sofre
alteração pelo horário. Sua energia pode ser crescente, do nascer do Sol até
o meio dia, ou pode ser decrescente, após o meio dia indo até o pôr do Sol.
Durante a ascensão do Sol você pode fazer rituais, trabalhos, energizações,
magias etc. para tudo que deseja atingir abundância em sua vida ou de seus
clientes e médiuns, pois a força do Sol está subindo e ganhando força. Nesse
horário também é o melhor para encantar ciganos homens e exercitar o
desenvolvimento dos médiuns homens de sua casa. Após seu ápice, ao
meio dia, o Sol continua sua essência de brilho, luz, sucesso, porém, com
uma energia decrescente. Nesse turno usamos o Sol para conquistar o que
desejamos, mas também para diminuição da intensidade, agitação,
descontrole em alguns aspectos. Pessoas que estejam agitadas, energias
que estão dispersas e tudo que esteja em exagero devem ser trabalhados
nesse período, pois terão a vibração solar, mas com intensidade mais
contida. A energia solar é masculina, vibrante e avassaladora. Uma força
quente atuante na polaridade Yang e com os elementos 41 masculinos, Ar
e Fogo. Traz vigor, intensidade, prosperidade. A energia do Sol nos causa
inquietude, nos leva ao alcance do sucesso, da ascensão e do poder.
Utilizamos está força para tudo o que desejamos abundar. Diferente da
energia solar, a lunar traz consigo variações bastante específicas. Forças
atuantes em diferentes cenários que darão sentidos completamente
diferente ao seu trabalho. Grande parte dos rituais e eventos ciganos são
elaborados de acordo com a fase da Lua. Na cultura Romani (alguns clãs) é
comum dar para a Lua a função de madrinha das crianças para serem
guiadas e terem sorte na vida. A Lua tem polaridade feminina e está
associada a energia Yin. Nela os encantamentos e magias são
potencializados com a força dos elementos femininos, Água e Terra. Sob a
influência lunar as ritualísticas que envolvem amores, sentimentos, artes,
maternidade, pensamentos, sedução, ganham maior ênfase e poder. Por
ter uma energia matriarcal e acolhedora, a Lua auxilia na resolução de
conflitos familiares e nos relacionamentos de qualquer espécie. A Lua trará
ainda uma boa energia para auxiliar nos problemas de autoestima, timidez
e ego. Para encantamentos, desenvolvimentos e energizações femininas, a
energia lunar é a mais indicada, pois nela está a força das matriarcas para o
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povo cigano. Muitas mestras ciganas trabalham com a energia lunar e até
se vestem de acordo a fase da Lua. A energia lunar se divide em quatro
fases, nova, crescente, cheia e minguante. Cada uma das fases da Lua tem
seu momento de ascendência nos primeiros dias da fase em questão. Após
o quarto dia começa a decrescer a força da fase vigente e entra na vibração
da próxima fase.
• Lua nova: Semeadura. Energia boa para finalizar projetos inacabados,
iniciar projetos novos e rituais para encontrar novos rumos na vida. Esse é
um momento transitório entre o fim da escuridão e o retorno da luz.
Momento de germinação e introspecção para se permitir encontrar novos
caminhos. Período bom para introspecção.
• Lua crescente: Desenvolvimento. Momento de expandir algo já iniciado.
Nesta fase da lua são indicadas magias para algo prosperar, seja saúde,
amor ou dinheiro. Aqui o Homem está mais sociável e confiante, por isso é
a fase mais indicada para ir em busca do que se deseja. Período bom para
reconexão com a espiritualidade.
• Lua cheia: Expressão. Ideal para encantamentos. Essa fase da Lua auxilia
em todos os projetos que desejamos tornar público. Melhor fase para atrair
a atenção e o foco dos outros. Essa, nesta fase, é a hora de explodir, de ter
sucesso e de se expor. Na Lua cheia tudo fica ais intenso, o que faz dela uma
ótima fase para “ajeitar’ a situação amorosa. Ao contrário do que se pensa,
nesta fase da Lua não devemos mexer com ervas. Período bom para
socializar.
• Lua minguante: Introspecção. Ótima fase para tratamentos de saúde,
preparo de unguentos, medicações, poções e outras magias para saúde,
pois durante a Lua cheia as ervas retêm seus princípios ativos e aqui estão
ainda reclusos. Nesta fase trabalhamos com banimentos, blindagens,
proteções e transformações. Nada além disso.

SÍMBOLOS
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A cultura cigana carrega muitos mistérios. Entender sobre a simbologia de


alguns objetos é estar um pouco mais dentro dessa espiritualidade e dessa
cultura.
Ao longo dos tempos muitas destas simbologias se perderam e outras
foram mesclando com a cultura de outros povos e recebendo significações
diversas, as vezes até contrárias a simbologia cigana original. Aqui veremos
alguns objetos que ainda possuem atribuições espirituais e funcionam
como amuletos dentro das Tsaras e altares.
Essas representações podem receber alterações nas suas significâncias de
acordo com a mestria seguida pelo mentor da Tsara.
LUA: Simboliza a magia e os mistérios. Conecta com a magia, o poder
feminino e a cura. Usada pelas ciganas para conquista de poder, intuição e
beleza, a Lua se tornou madrinha das mulheres Romani. É comum
realizações de rituais para a Lua para maior intuição, vidência e
encantamento, entre as mulheres.
FERRADURA: Simboliza sorte e movimento. É usada para atrair energia
positiva, sorte e abertura de caminhos. Muito usada em banhos para atrair
sorte e prosperidade. Também usada nas proteções e encantamentos de
guardiões.
ESTRELA DE 6 PONTAS: Simboliza proteção. Símbolo dos grandes chefes
ciganos, simboliza igualdade, sucesso e evolução interior. A junção das duas
pirâmides mostra a igualdade sobre o que está acima e abaixo. Está
associada a grandes alquimistas e reis do passado.
ESTRELA DE 5 PONTAS: Simboliza evolução. É usada para proteção,
intuição, magia e êxito. A plenitude, junção entre o Homem e os elementos.
TREVO: Simboliza boa sorte. Encontrar trevos de quatro folhas ou tê-los em
seu altar atraem felicidades e fortuna. O trevo está relacionado aos
elementares da Terra também, dando maior conexão com o elemento.
TAÇA: Simboliza a união e receptividade. A taça também está associada ao
feminino e a comunhão. Usada em muitos rituais e celebrações
representando o selamento entre os participantes.
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RODA: Simboliza a Sansara, ir e vir, o caminho a ser percorrido, ciclo da vida


e da morte. É representada pela roda dos vurduns (carroças) e pela sansara
(viagem). A roda também é usada para rituais de transmutações, evolução
e mudança de vida.
PUNHAL: Simboliza a força e o poder, vitória e superação. Usado em rituais
de magias, cerimonias de casamentos e noivados, sendo feito um corte no
punho e amarrado com um lenço vermelho para selar a união. O punhal é
um dos símbolos mais conhecidos dentro da espiritualidade cigana.
Elemento masculino usado em muitos rituais de proteção, banimento e
consagrações.
MOEDAS: Simboliza proteção e prosperidade. Traz dinheiro, equilíbrio e
justiça. A cara é o ouro físico e a coroa o ouro espiritual. Riqueza material e
espiritual. Além de ser um oráculo usado para respostas rápidas e precisas.
CHAVE: Simboliza solução. Atrai boas soluções em qualquer tipo de
problema. Um dos rituais com este símbolo é colocá-la embaixo do
travesseiro para encontrar soluções para seus problemas.
CORUJA: Simboliza a perspicácia. segurança e equilíbrio no plano físico e
financeiro, livrando de perda material. Traz a visão entre todos os planos e
direções.
CALDEIRÃO: Simboliza a fartura e união. Traz a fartura de alimentos, união
entre os membros da casa e força, pois alimenta e aquece a todos.
CHAPEU: Simboliza a sabedoria. Usado pelos homens mais experientes e
sábios da Tsara, mostra superioridade e conhecimento.
CACHIMBO: Simboliza a ancestralidade. Usado pelos anciões do clã, o
cachimbo é um símbolo de vivência, sabedoria e ensinamento, pois era
usado durante as conversas com os mais novos.
BANDEIRA: Símbolo maior do povo cigano, desde 1971.

FOGUEIRAS

O fogo é algo temido e venerado desde os primórdios pelo Homem. Este


elemento, dentre os 4 elementos naturais, é o único que o ser humano não
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consegue interagir diretamente, o que o torna ainda mais intrigante,


desejado e respeitado. Em diferentes culturas antigas existem rituais de
veneração ao fogo. Seja em uma vela ou em uma fogueira, o fogo sempre
encanta e facilmente leva seus observadores a um estado de transe. O que
faz dele o melhor elemento para desenvolver a espiritualidade. O fogo está
associado ao pecado, ao sagrado, ao proibido e ao amor. A paixão que
queima e consome como fogo indomável. Diversas lendas estão associadas
ao fogo. As histórias e sabedorias dos povos nômades eram passadas em
volta das fogueiras. Aquele que fala envolta da fogueira se eterniza. Nas
Tsaras ciganas as fogueiras são, quase, uma divindade a parte. Grande parte
dos seguidores dessa filosofia veneram o fogo ou as Salamandras. Toda essa
adoração tem motivo, o fogo é o mais sutil dos elementos. Intocável e
indomável, representa a liberdade e a transformação.
A performance feita pelas chamas (salamandras) não só aquecem como
eleva a consciência, o que torna a incorporação muito mais fácil, sutil e
bonita. Diante de uma fogueira dificilmente o fator crítico atrapalhará o
médium de se conectar com suas entidades. Fora, o fato de o fogo
transcender nossa energia e com isso, desvincular de sua aura qualquer
negatividade que esteja presa a você.
As salamandras são os elementares do fogo. A lenda diz que um rei, Parjana
Jandra, foi consumido pelo fogo junto com suas sete filhas, mas ao invés de
serem mortos pelo fogo, viraram parte dele. Desde então, as salamandras
se manifestam nas chamas do fogo auxiliando nos pedidos daqueles que as
alimentam.
O fogo sagrado ou as Salamandras podem ser invocados de diversas formas
com o devido respeito e encantamento eles podem ser encontrados nas
chamas de uma simples vela ou nas maiores fogueiras.
Agora veremos como encantar e preparar uma fogueira para tornar uma
fogueira em algo sagrado e espiritual.
Na espiritualidade cigana existem algumas regras para o preparo de uma
fogueira:
• Mulheres não acendem fogueira
• Homens doentes não mexem na fogueira
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• Não se acende fogueira ritualística com gasolina, óleo e derivados de


petróleo
• Mulheres menstruadas não alimentam a fogueira. Existem fogueiras
preparadas e conduzidas por mulheres, onde elas executam tudo, desde o
preparo a finalização. Se for esse o caso em sua Tsara, é mais favorável que
mulheres das mestrias de Esmeralda ou Madalena assumam essa tarefa,
pois dentre todas as mestrias são as que mais dominam a magia e os
elementos. Algumas especificidades devem ser levadas em consideração
para um bom direcionamento do ritual.
Certifique-se de que as madeiras e os elementos da fogueira tenham
mesma frequência vibracional.
Exemplo: uma fogueira para limpeza pode ser feita com ervas de limpeza e
madeira de uma árvore com o mesmo intento. Não havendo tempo hábil
para conseguir madeira dentro da sua intenção, utilize madeira de caixotes
e use ervas secas dentro do segmento ao qual a fogueira será conduzida.
Rituais de banimento, limpeza, blindagens e saúde levarão galhos de
árvores que tenham a ver com esse segmento, bem como os elementos que
serão utilizados para queimar na fogueira.
Os rituais de prosperidade terão ervas, galhos e elementos que vibrem
nessa frequência, para que a fogueira seja direcionada para tal intento.
O mesmo será feito para as fogueiras para encantamento, desenvolvimento
espiritual ou qualquer outra segmentação desejada.
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BIBLIOGRAFIA

Sites:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_povo_cigano
https://trilhas.diogenesjunior.com.br/o-povo-e-a-cultura-cigana-
a144cf72a9eb
http://static.paraiba.pb.gov.br/2016/05/cartilha-ciganos
https://caminhosciganos.com/a-bandeira-cigana/
https://caminhosciganos.com/santa-sara-kali/

Apostilas:
“Ciganos: Um mosaico étnico” – Regiane Rossi Hilkner e Mauro Hilkner
“Ciganologia” – Romulo Vianna
“S.O.S ego” – Vera Eleone
“Jalar Alu” – Sociedade Rajor

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