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Trabalho 1
Este manual que se apresenta aqui, é construído usando duas publicações como
referência base. Vale ressaltar que a bibliografia, em língua portuguesa, sobre
preservação de acervos fílmicos é bem restrita. Deste modo o manual que aqui se
apresenta em grande parte se faz a partir de uma tradução livre do “The Film
Preservation Guide: The basics for archives, libraries, and museums.” (Guia de
Preservação de Filmes: O básico para arquivos, bibliotecas e museus) da National Film
Preservation Foundation (Fundação Nacional de Preservação de Filmes), dos Estados
Unidos da América. Em contra partida, foi utilizada a publicação mais completa já
publicada em português, que é a dissertação de mestrado de Angélica Gasparotto de
Oliveira, no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade
de Brasília (UnB), sob o título “Preservação de Acervos Fílmicos no Distrito Federal”,
onde a autora trata mais da contextualização institucional e do histórico da preservação
fílmica do que das técnicas de conservação especificamente. Logo de início recorre-se
aqui à OLIVEIRA para desfazer uma confusão comum quando são abordados os termos
preservação e conservação:
Trataremos aqui dos acervos fílmicos mais antigos, das primeiras fazes das
experiências cinematográficas. Por conta do limite de tempo, não aprofundarei nas
técnicas de salvaguarda de equipamentos de captação (câmeras filmadoras) e de
projeção (projetores) – máquinas/acervos que também fazem parte da história dessa
experiência cultural no momento de produção e de exibição das películas aos públicos.
Ou seja, trataremos dos acervos de filmes cinematográficos em seus formatos 35mm,
16mm, 8mm e Super-8.
- 35mm: Este formato foi o primeiro a ser utilizado nas câmeras e projetores da história
da cinematografia. Os registros exatos são imprecisos mas as referências apontam que
foi entre 1893 e 1895 que aconteceram as primeiras exibições de filmes na França e
nos Estados Unidos, mesmo que países como a Inglaterra e Alemanha também
realizavam já nessa época alguns experimentos do tipo. Durante 6 décadas as películas
de 35mm foram fabricadas usando um componente básico extremamente inflamável, o
nitrato de celulose. A partir de 1948 a Eastman Kodak Company começou a eliminar
gradualmente o nitrato de celulose, e em 4 anos conseguiu parar totalmente com a
fabricação de filmes com este material. Vale lembrar que as maiores produtoras de
filmes na história da cinematografia foram a Kodak e a Fuji, desse modo é impossível
não citar estas empresas como protagonistas nas mudanças.
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Trechos retirados e traduzidos de https://en.wikipedia.org/wiki/16_mm_film
1935. Este formato foi extensamente usado na IIª Guerra Mundial, assim como houve
uma grande expansão do uso profissional do 16mm na produção de filmes no pós-
guerra. Filmes para governos, para empresas, filmes educativos, filmes médicos,
industriais e para a televisão; demandas cinematográficas para o 16mm que marcam as
décadas de 40, 50 e 60. Principalmente por conta de os equipamentos para a captação
e projeção serem menores e mais leves, a televisão foi o setor que mais utiizou o 16mm
junto com o cinema. A partir de 1970 muitos dos usuários do 16mm começaram a fazer
a transição para o uso do vídeo.
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O seguinte trecho foi retirado de
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pel%C3%ADcula_cinematogr%C3%A1fica (Acesso em 22 de junho de
2022).
- Numeração de borda (“edge numbers” ou “edge code”): uma série de pequenos
números impressos em uma das bordas da película, sequencialmente e a intervalis
regulares, para facilitar a montafem do filme e sua posterior manipulação em laboratório.
Desde 1991, esses números são acompanhados de códigos de barras, o que permite
sua leitura mecânica.
2) Técnicas de Criação/Produção
No processo fotográfico que cria imagens em movimento, o elemento fílmico que capta
a imagem dentro da câmera é o negativo. O filme negativo é revelado e impresso para
fazer um filme positivo para a projeção. Às vezes, dois rolos de negativo ou positivo –
rolos A e B – são executados sucessivamente na impressora, permitindo que o cineasta
alterne entre eles para ocultar as emendas entre as cenas e criar desvanescimentos
(fades) e descolorações. O filme de reversão é um caso especial. O mesmo filme que
passa pela câmera é processado para se tornar uma imagem positiva. Assim, com o
filme reverso, o original da câmera pode se tornar a impressão de projeção sem o uso
de um negativo intermediário. Frequentemente, cineastas amadores e independentes
preocupados com os custos, optam por trabalhar com o filme reverso. Eles podem ser
identificados examinando a borda do filme perto dos orifícios da roda dentada. Se a
borda estiver clara, a impressão foi produzida a partir de um negativo; se preto,
provavelmente é filme de reversão.
O vapor de ácido acético liberado por filmes com síndrome do vinagre pode infectar
outros materiais à base de acetato armazenados nas proximidades, principalmente em
uma área de armazenamento mal ventilada. O Image Permanence Institute (IPI) do
Rochester Institute of Technology aconselha o congelamento de filmes em decaimento
avançado de acetato.
A deterioração do acetato não pode ser revertida, mas pode ser retardada
melhorando as condições de armazenamento. Nos estágios iniciais de deterioração, o
conteúdo do filme pode ser resgatado transferindo-o para um novo rolo de filme.
Geralmente uma vez que o filme se torna muito frágil, ele não pode ser copiado em sua
totalidade, embora seções menos danificadas possam ser recuperadas.
Sobre Umidade Relativa e Temperatura - A segunda edição do IPI Media Storge, para
Negativos, Impressões, Fitas, CDs e DVDs recomenda que a umidade relativa (UR) do
ambiente esteja entre 30% e 50%. A seguir se apresenta a tabela do Anexo 2 do Manual
traduzida.
Fonte: The Film Preservation Guide: The Basics for archives, libraries and museums. I. National Film
Preservation Foundation (U.S.), 2003.
Pragas: Mofo, Bolor e Fungos – Um filme armazenado em condições úmidas pode se
tornar um hospedeiro para mofos, bolores e fungos. Gerlamente os organismos iniciam
o ataque pela borda externa e entram no rolo de filme. Esses agentes biológicos podem
causar danos significativos à emulsão. O crescimento aparece inicialmente na forma de
manchas brancas e foscas e, eventualmente, cresce em um padrão rendado
semelhante a uma teia/rede. A invasão pode ser interrompida limpando o filme e depois
movendo-o para um ambiente frio e seco. Uma vez que os organismos tenham comido
a emulsão, a perda da imagem é irreversível.
4) Manuseio e Higienização
Para inspecionar o filme com segurança sem danificar o material, costuma-se utilizar
equipamentos especializados. Antes de começar recomenda-se levar em conta as
seguintes diretrizes:
• Antes de começar, limpe a mesa de trabalho. O filme pega facilmente sujeira e poeira.
• Limpe o equipamento de metal com um limpador que não deixa resíduo. Lave as
ferramentas de plástico e balcões com água destilada.
• Acima de tudo, resista ao impulso de veja seu filme com um projetor. Os projetores
infligirão danos a filmes já enfraquecidos por encolhimento, rasgos ou decadência.
- Máscara de pó;
- Jaleco;
- Óculos de segurança;
- Cotonetes;
- Lupa.
Após a inspeção, o filme pode ser limpo para remover o mofo e os resíduos oleósos
decorrentes do processo de projeção. Neste procedimento, é necessário o uso de luvas
limpas e resistentes a solventes (evita-se as de látex fino, tipos usados em exames
médicos) e uma máscara facial que cubra ao menos nariz e boca. Certifique-se de
trabalhar em um local bem ventilado, pois os esporos de mofo podem ser prejudiciais à
sua saúde. Outra preocupação é a toxicidade do líquido limpador de filme. É importante
rever as especificações do produto antes de usar. Não use limpador de filme em filmes
com bandas magnéticas de som.
Modo de limpar: Monte o filme nas rebobinas. Coloque o filme entre um pano
levemente umedecido com limpador de filme, dobrado e sem fiapos. Enrole o filme
lentamente, passando-o suavemente sobre o pano e permitindo que o líquido evaporar
da superfície antes de enrolar na bobina de recolhimento. Substitua o pano conforme
necessário. Não use este método de limpeza em filmes com danos de perfuração. É
importante limpar um filme antes de realizar uma cópia de preservação. Laboratórios
comerciais geralmente incluem limpeza, às vezes em equipamentos ultrassônicos,
como parte do processo de cópia de preservação.
Inspeção:
Vamos supor que o filme está em um rolo e não foi examinado antes. Monte o carretel
no rebobinador, desenrole suavemente um pouco de filme e enfie a ponta solta na
rebobina de recolhimento.
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Às vezes, os filmes incluem preto e branco e cenas coloridas que foram editadas juntas.
j. Quanto dano mecânico existem emendas, arranhões ou a roda dentada apresenta
quebra nos furos? À qual distância do início o dano ocorre?
k. Qual é o grau de encolhimento, medido por um medidor de encolhimento ou
comparando com um estoque de filme novo?
l. Existe mofo observável? Há sinais de crescimento duradouro do mesmo?
m. O filme tem cheiro de vinagre?
5) Embalagem
O QUE FAZ UM BOM RECIPIENTE DE PELÍCULA?
6) Armazenamento e Mobiliário
“A existência dos filmes por longo prazo depende amplamente das condições
ambientais das salas que abrigam os acervos, e também do clima da
localização geográfica em que essas salas se encontram. Fenômenos
naturais como inundações, incêndios, terremotos e ciclones podem também
ser antevistos por meio de um planejamento prévio que atenue as
consequências dessas catástrofes sobre os acervos.” (OLIVEIRA, 2013, p.
57-58)
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A tradução alcançada é “peneiras moleculares” que talvez não seja suficiente. São dessecantes colocados
dentro das latas de filme para absorverem vapores de ácido acético e umidade. Pequenos pacotes são
colocados entre o rolo de filme e a parede interna da lata e devem ser substituídos quando atingirem seu
nível máximo de absorção (processe que pode levar cerca de dois anos à temperatura ambiente. É um
material caro e complicado de ser aplicado a uma coleção inteira.
Armazenamento Frio: Para coleções de médio a grande porte a melhor solução é
muitas vezes uma câmara fria com controle de umidade e de circulação de ar. O IPI
recomenda uma unidade de desumidificação que controle a umidade de toda a área do
armazenamento – estando a umidade controlada no ambiente, não são necessários
dessecantes adicionais dentro das embalagens individuais de cada filme. É importante
que a câmara frigorífica seja utilizada exclusivamente para armazenamento de acervo
fílmico. Muitos repositórios utilizam de trancamentos inteligentes e sistema de
segurança para proteger as câmeras frias.
Film Forever: The Home Film Preservation Guia (www.filmforever.org) ilustra as etapas
de embalagem de um filme para refrigeração ou congelamento. Para proteger cada
filme, você precisará de um recipiente de filme rígido e sacos resseláveis de polietileno
para freezer ou sacos laminados seláveis a quente feitos de camadas de papel alumínio
e polietileno ou camadas de papel alumínio, poliéster, e polietileno. Os sacos laminados
fornecem melhor proteção, mas por conveniência, considera-se viável usar para o
congelamento sacos plásticos resistentes com fecho zip-lock.
f. Para trilhas sonoras magnéticas, perto campos magnéticos como os produzido por elétrica de
serviço pesado cabos, equipamentos elétricos, e transformadores
7) Considerações finais:
Esta foi uma breve introdução dos conceitos e termos básicos para começar a
compreender sobre a preservação e conservação de acervos fílmicos. O que foi
exposto aqui é realmente o básico. O manual utilizado apresenta conteúdo
aprofundado em todas as frentes apresentadas até aqui – havendo ainda frentes de
conteúdos que não foram abordadas aqui, como quanto aos processos laboratoriais
de duplicação e de intervenção de restauro (corte, colagem, reparo,...), catalogação,
embalagem para envio via correios, papel curatorial, contexto legal de exibição,
direitos e distribuição; e mais. Sugiro que, para mais detalhes e maiores
aprofundamento sobre o contexto, sejam acessados os conteúdos na íntegra que
estão disponíveis online em seus respectivos repositórios.
Anexo 1
Fonte: The Film Preservation Guide: The Basics for archives, libraries and museums. I. National Film
Preservation Foundation (U.S.), 2003.
Anexo 2
Fonte: The Film Preservation Guide: The Basics for archives, libraries and museums. I. National Film
Preservation Foundation (U.S.), 2003.
Anexo 3
Fonte: The Film Preservation Guide: The Basics for archives, libraries and museums. I. National Film
Preservation Foundation (U.S.), 2003.
Referências Bibliográficas:
- The Film Preservation Guide: The Basics for archives, libraries and museums. I.
National Film Preservation Foundation (U.S.), 2003.
https://archive.org/details/david-wells-2004-the-film-preservation-guide/mode/2up
https://www.scielo.br/j/interc/a/kjLWDBkygNyQ5xpKzSzHc7H/?format=pdf