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Nome:Débora Turma:302 Data:14/05/23

1. As personagens do texto lido são tipos, ou seja, figuras sem profundidade psicológica nas quais
estão reunidos os vícios e as virtudes da profissão, da classe ou até do estrato social a que
pertencem.
a. Para que o espectador pudesse identificar facilmente a personagem-tipo, esta aparecia em cena
acompanhada de elementos distintivos, como objetos ou animais. Quais são os elementos que
distinguem as personagens do texto lido?
O Corregedor aparece carregado de processos e com uma vara na mão (insígnia que representava a
autoridade e o poder dos juízes); o Procurador chega carregado de livros, provavelmente jurídicos,
pois é um bacharel.

b. A linguagem também funciona como elemento distintivo e caracterizador de determinados tipos.


De que maneira o Corregedor se expressa ao longo do texto?
Em diversos momentos do texto, ele utiliza expressões jurídicas em latim.

c. Nas falas do Corregedor, o autor subverte de propósito o léxico e as normas do latim, uma língua
que ainda desfrutava, no século XVI, de muito prestígio. Que efeito isso provoca no texto?
Provoca um efeito cômico, pois o latim "macarrônico", ao contrariar a erudição e a solenidade das
frases jurídicas latinas empregadas pelos homens de leis, ridiculariza a personagem, que, em razão
do ofício que tinha, deveria dominar as regras do latim.

d. Conclua: O Corregedor e o Procurador representam profissionais que atuam em que área? Qual é
a principal função desse grupo de profissionais?
Representam profissionais que atuam na área do Direito, que têm como função principal garantir a
justiça, fazendo com que as leis sejam cumpridas com equidade.

2. O Corregedor, ao ser recebido pelo Diabo, estranha que seu destino seja a "terra dos demos".
a. Por que, nesse momento, o Corregedor julga-se livre do inferno?
Porque acredita que o alto cargo de juiz que desempenhava na Terra iria livrá-lo automaticamente, no
além, da condenação às terras infernais.

b. Visando escapar da barca infernal, o Corregedor questiona o poder do Diabo. Como ocorre esse
questionamento?
O Corregedor, baseando-se no sistema de leis terreno, quer saber se o poder do Diabo está acima
do direito de majestade, privilégio que, pelo cargo, ele gozava em vida e o tornava inviolável, ou seja,
imune a ser penalizado.

3. No Auto da barca do inferno, as almas passam por um julgamento antes de embarcarem em


direção ao seu destino final. Nesse julgamento, o Diabo desempenha, simultaneamente, as funções
de acusador e de juiz, enquanto as almas defendem a própria causa.
a. O Diabo faz três acusações ao Corregedor. Quais são elas?
A primeira, receber propina, não sentenciando, assim, com justiça; a segunda, receber suborno de
judeus; a terceira, ter enriquecido com o trabalho de lavradores.

b. Na sua opinião, a argumentação que o Corregedor utiliza para se defender confirma ou desmente
as acusações do Diabo? Justifique sua resposta.
Confirma, pois, se inicialmente contesta o Diabo, dizendo que sempre tinha feito justiça com
equidade e que quem aceitava as "peitas" dos judeus era a sua esposa (estratagema para receber o
suborno), depois ele mesmo sugere ter sido um juiz corrupto, ao citar o provérbio "dádivas removem
montanhas" e afirmar que, quando se recebe suborno, não se cumpre a justiça, a lei.
c. Diante dos argumentos do Corregedor, qual é o veredicto do Diabo?
O Diabo condena o Corregedor, mandando-o para o inferno: "Ora, entrai nos negros fados! / Ireis ao
lago dos cães".

4. O julgamento das almas, as condenações e o ato da confissão são elementos característicos da


concepção de mundo cristã e da religiosidade dominantes na cultura medieval.
a. Nesse contexto, qual é a provável consequência de o Procurador não ter se confessado antes de
morrer?
Ser condenado ao inferno, pois, por não ter se confessado, ele não recebeu a absolvição dos
pecados que cometeu.

b. O Corregedor, ao confessar-se antes de morrer, não revelou o que roubara durante a vida. O que o
levou a proceder assim?
O fato de que, para ser absolvido pelo confessor, ele teria que devolver tudo o que tinha roubado.

c. O que esse procedimento do Corregedor revela a respeito do caráter dele?


Revela que o Corregedor era muito ganancioso e apegado aos bens materiais.
5. O teatro de Gil Vicente se expressa em linguagem poética. É composto em versos, nos quais
rimas, ironias, eufemismos, antíteses e neologismos (criação de uma expressão ou de uma palavra
nova) constituem recursos para a construção de uma sátira mordaz, focada na crítica aos vícios
humanos.
a. No trecho lido, o Diabo se refere ironicamente ao corregedor como "amador de perdiz". Por que
ele usa essa expressão?
Possivelmente porque essa ave era dada com frequência ao Corregedor em troca de favores.

b. O Diabo chama o Corregedor de "descorregedor". Qual é o significado desse neologismo na cena?


Pessoa que descumpria a lei, ou seja, não fazia justiça.

c. Eufemismo é o emprego de uma palavra ou de uma expressão no lugar de outra que é


considerada desagradável, com o fim de causar menos impacto, como, por exemplo, o uso de
"descansar" no lugar de "morrer". No trecho lido, que eufemismo o Diabo emprega para se referir ao
inferno?
Emprega o eufemismo "lago dos cães
d. O teatro de Gil Vicente faz uso das métricas mais utilizadas na poesia medieval. Faça a escansão
de alguns versos do trecho lido e identifique o tipo de verso empregado pelo dramaturgo nesse auto.
redondilha maior (versos de 7 sílabas poéticas)
6. O "Auto da barca do inferno" é um auto de moralidade, ou seja, é uma peça em que a
dramatização visa ensinar preceitos morais por meio da crítica aos vícios, hábitos e costumes.
a. Qual é a crítica feita por Gil Vicente na cena lida?
A crítica à corrupção na área de Justiça, ou seja, o alvo da crítica são juízes, advogados,
procuradores, enfim, os profissionais que, em vez de garantirem o cumprimento equânime da lei,
utilizam seus cargos públicos para benefício próprio.

b. Na sua opinião, os problemas denunciados e criticados na cena se limitam à sociedade


portuguesa do século XVI ou ainda ocorrem na atualidade? Justifique sua resposta.
São problemas ainda muito atuais, pois, conforme podemos acompanhar pelos meios de
comunicação, são recorrentes situações de corrupção tanto entre funcionários do Judiciário como em
outros setores da sociedade.

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