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Os fenômenos elétricos são conhecidos pela humanidade desde os tempos antigos. Por volta
de 600 a.C., o filósofo grego Tales de Mileto observou que ao esfregar um pedaço de âmbar1
a um pedaço de pele de carneiro, a resina fóssil adquiria a propriedade de atrair corpos
mais leves. Considera-se essa a primeira observação do fenômeno da eletrização de objetos
por atrito. Após algum tempo, foi constatado que a eletricidade não era exatamente uma
propriedade exclusiva do âmbar. Em 1600, o físico e médico inglês William Gilbert (1540-
1603) demonstrou através de ensaios experimentais que diversos outros materiais também
se tornavam eletrizados quando atritados e podiam atrair objetos mais leves. A eletricidade
tratava-se de um fenômeno generalizado e que podia ser observado em diversas substâncias.
Stephen Gray (1666-1736) verificou, por volta de 1729, que diferentes materiais possibilitam
a transmissão de eletricidade ao longo de grandes distâncias. Tais materiais recebem hoje
o nome de condutores elétricos. Por outro lado, existem materiais que não transmitem
eletricidade e que hoje são chamados de isolantes elétricos ou dielétricos.
O químico francês Charles Du Fay (1698-1739) descobriu, por volta de 1733, que corpos
eletrizados podiam interagir de duas formas: atrativa e repulsiva. No experimento, ele
demonstrou que dois bastões de âmbar (eletrizados por atrito com um pedaço de lã) repelem-
se mutuamente e que dois bastões de vidro (eletrizados por atrito com um pedaço de seda)
também repelem-se mutuamente. Por outro lado, os bastões de vidro e de âmbar atraem-se
mutuamente. Tal verificação levou Du Fay a designar a eletricidade produzida no âmbar de
eletricidade resinosa e o tipo de eletricidade produzida no vidro de eletricidade vítrea. Neste
contexto, tipos iguais de eletricidade se repelem e tipos diferentes se atraem.
Benjamin Franklin (1706-1790) realizou diversas experiências sobre eletricidade no século
XVIII. Por volta de 1750, ele verificou que a eletricidade não era criada pelo atrito entre
corpos e sim transferida de um corpo para outro. A teoria de Franklin estabelecia a existência
de um fluido elétrico em todos os corpos. Desse modo, quando dois corpos eram atritados
parte desse fluido era transferido de um corpo para o outro. De acordo com Franklin, o
1
O âmbar é uma resina fóssil utilizada para a confecção de objetos ornamentais. O nome grego do âmbar
é elektron que significa brilhante e foi a partir desse nome que foi introduzido o termo elétrico para se referir
a todos os objetos que desenvolviam propriedades semelhantes ao âmbar quando atritados.
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Capítulo 1 – Cargas Elétricas e a Interação Coulombiana Prof. Dr. Eduardo T. Matsushita
corpo que recebia esse fluido ficava positivamente carregado (eletricidade vítrea) enquanto
o corpo que cedia ficava negativamente carregado (eletricidade resinosa). Nesta abordagem,
os corpos em geral seriam neutros e esse fluido elétrico existe em quantidades normais. Nos
dias atuais, sabemos que Franklin estava parcialmente errado já que a eletrização por atrito
ocorre em virtude da transferência de elétrons (que, por convenção, possuem carga elétrica
negativa) de um corpo para outro e não por meio de um fluido elétrico.
Motivados pela existência de uma força elétrica entre corpos carregados, os físicos do
século XVIII procuraram estabelecer através de experiências a lei que descreve essa interação.
Por volta de 1767, Joseph Priestley (1733-1804) realizou ensaios experimentais com esferas
metálicas ocas carregadas e observou que qualquer corpo posicionado no interior dessas
esferas não sofrem forças elétricas. Em analogia ao modelo gravitacional newtoniano, Priestley
concluiu que a interação elétrica deve ser inversamente proporcional ao quadrado da distância
entre os corpos. A determinação experimental da lei de força elétrica entre corpos puntiformes
foi obtida por volta de 1785 pelo físico e engenheiro militar francês Charles Augustin
Coulomb (1736-1806) que dá nome à célebre Lei de Coulomb.
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Capítulo 1 – Cargas Elétricas e a Interação Coulombiana Prof. Dr. Eduardo T. Matsushita
O elétron é uma partícula elementar, ou seja, é uma partícula que não possui nenhuma
subestrutura diferentemente dos prótons e dos nêutrons. Os prótons e os nêutrons são
constituídos de partículas ainda menores chamadas de quarks como mostra a Figura 1.2.
O próton consiste de três quarks: dois quarks up (u) e um quark down (d). O nêutron é
similar, ou seja, também possui três quarks: dois quarks down (d) e um quark up (u).
Figura 1.2: Prótons e nêutron são constituídos de partículas ainda menores chamadas de
quarks. (Matt Strassler, 2013)
• o nêutron, por não possuir carga elétrica, possui carga elétrica nula.
A carga elétrica é uma propriedade mensurável. Podemos associar uma grandeza escalar
denominada quantidade de carga elétrica (ou simplesmente carga elétrica) que é representada
por q ou Q cuja unidade no S.I. é o coulomb (símbolo: C). Medidas experimentais mostram
que a carga elétrica do próton é igual em módulo à carga elétrica do elétron,
|qpróton | = |qelétron |
constituindo a menor quantidade de carga não-nula que pode ser encontrada isolada na
Natureza. Esse valor recebe o nome de carga elétrica elementar e representamos pela
letra e cujo valor experimental é
e = 1, 602176634 × 10−19 C
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Assim:
qpróton = +e
qelétron = −e
qnêutron = 0
A carga elétrica de um próton ou de um nêutron é a soma das cargas elétricas dos quarks
up (u) e down (d) que o constituem. Esses quarks possuem carga elétrica fracionária e não
são encontrados isolados na Natureza. Os experimentos revelam que
2 1
qu = + · e e qd = − · e.
3 3
Note que com os valores de carga elétrica dos quarks facilmente verificamos que a carga
elétrica de um próton é, de fato, +e e que a carga elétrica de um nêutron é zero,
perde 2 elétrons 2+
Exemplo: 20 Ca −→ 20 Ca
2+
A espécie química 20 Ca é chamada cátion bivalente ou íon bivalente positivo.
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ganha 1 elétron −
Exemplo: 17 Cl −→ 17 Cl
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Condutores Elétricos
Isolantes Elétricos (ou dielétricos)
Quando atritamos um pedaço de lã
Quando atritamos um pedaço de lã num
em uma barra de cobre, a barra
bastão de plástico, o bastão se torna
se torna negativamente carregada e o
negativamente carregado. Esse excesso
excesso de elétrons recebido espalha-se
de elétrons recebido pelo bastão não se
imediatamente ao longo de toda a sua
espalha ao longo dele, ou seja, esses
superfície externa da barra. Esse tipo
elétrons ficam localizados na região onde
de material no qual as cargas elétricas
houve o atrito com o pedaço de lã. Esse
se deslocam com relativa facilidade
tipo de material no qual não há facilidade
recebe o nome de condutores elétricos.
para o movimento de cargas elétricas
Exemplos: metais, a Terra entre outros.
recebe o nome de isolantes elétricos ou
Nos condutores metálicos, os elétrons
dielétricos. Exemplos: vidro, borracha,
mais afastados do núcleo atômico estão
ar, porcelana, plásticos, algodão, seda,
fracamente ligados a ele e, dessa maneira,
resinas, água pura, enxofre, ebonite, entre
qualquer força de pequena intensidade
outros. Materiais isolantes não possuem
é capaz de fazê-los abandonar o átomo
elétrons livres uma vez que todos os
passando a ser livres. Esses elétrons
elétrons são fortemente ligados aos seus
livres são responsáveis pela condução de
respectivos núcleos.
eletricidade nos metais.
Os métodos de eletrização mais comuns são: por atrito, por contato e por indução
eletrostática.
(a) Eletrização por atrito (ou triboeletrização): Quando dois corpos inicialmente
neutros são atritados um contra o outro ocorre uma transferência de elétrons no qual um
cede elétrons (tornando-se positivamente carregado) e outro recebe elétrons (tornando-
se negativamente carregado). Desse modo, esse processo gera duas cargas de sinais
opostos, veja Figura 1.3.
A Figura 1.3 mostra que ao atritar uma barra de vidro e um pedaço de lã, inicialmente
neutros, a lã retira elétrons do vidro. Logo, após o processo, a barra de vidro estará
positivamente carregada enquanto a lã estará negativamente carregada.
As substâncias podem ser ordenadas numa sequência baseada no sinal da carga elétrica
adquirida ao serem atritadas umas com as outras. Esse ordenamento recebe o nome de
série triboelétrica3 e é mostrada na Figura 1.4.
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A palavra tribo advém do grego tribein que significa “atritar”, “esfregar”. Por esta razão, o processo de
eletrização por atrito é chamado de triboeletrização.
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O ordenamento da série triboelétrica é feito de modo que o atrito entre duas substâncias
quaisquer eletriza positivamente a substância que estiver ocupando a posição superior
e negativamente a substância que estiver ocupando a posição inferior. Por exemplo,
considere a eletrização por atrito entre lã e alumínio. Como a lã ocupa uma posição
superior e o alumínio uma posição inferior na série, após o atrito a lã fica positivamente
carregada e o alumínio fica negativamente carregado. Outros exemplos:
(
o âmbar eletriza-se positivamente
âmbar e poliéster
o poliéster eletriza-se negativamente
(
o couro eletriza-se positivamente
couro e âmbar
o âmbar eletriza-se negativamente
(b) Eletrização por contato: É um método apropriado para eletrizar metais e outros
materiais condutores. Nesse processo, o um corpo inicialmente neutro é colocado em
contato físico com um corpo eletrizado. Após o contato, o corpo (que antes estava
neutro) é eletrizado com uma carga de mesmo sinal (não necessariamente o mesmo
valor) do outro corpo que estava inicialmente eletrizado. Vamos analisar duas situações:
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Nota-se que no processo de eletrização por contato, os corpos ficam eletrizados com
cargas de mesmo sinal. Um fato particular ocorre quando os condutores A e B são
geometricamente idênticos (mesma forma e mesmas dimensões). A transferência eletrônica
ocorre de tal modo que, após o contato, os corpos terão cargas iguais.
Vale destacar que se B for um isolante, a carga não se espalha por sua superfície,
permanecendo na região do contato.
Figura 1.5: Indução eletrostática num corpo B (induzido) pela aproximação do corpo
eletrizado A (indutor).
Então como é possível eletrizar um condutor neutro por indução? Para responder essa
questão, devemos discutir antes o papel da Terra em fenômenos elétricos. A Terra
pode ser considerada um grande condutor neutro. Desse modo, quando um condutor
eletrizado é colocado em contato com a Terra ou ligado a ela por outro condutor, ocorre
uma redistribuição de cargas proporcional às dimensões do condutor eletrizado e da
Terra, ficando, na realidade, ambos eletrizados. Entretanto, como as dimensões espaciais
do condutor eletrizado são desprezíveis em comparação com as dimensões terrestres, a
carga que nele permanece, após o contato, é praticamente nula.
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Nota-se que na eletrização por indução, o induzido eletriza-se com carga de sinal contrário
à do indutor. A carga do indutor não se altera. Na Figura 1.8 são ilustrados os três passos
da eletrização por indução de um condutor B utilizando um indutor A negativamente
carregado.
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O fenômeno da indução eletrostática pode ser utilizada para explicar por que um corpo
eletrizado atrai um corpo neutro. Suponha o seguinte experimento: um condutor neutro
B suspenso por um fio isolante. Quando aproximamos (sem estabelecer contato) um
indutor A positivamente carregado do condutor neutro suspenso ocorre uma indução
eletrostática em B, ou seja, cargas negativas são atraídas para a extremidade de B mais
próxima de A e cargas positivas são repelidas para a extremidade mais afastada de B.
Como a carga positiva do indutor está mais próxima da carga negativa do induzido, a
força de atração é mais intensa do que a repulsão e o efeito resultante é a atração, veja
Figura 1.9.
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q = ±N · e
Tal fato é imediato já que num processo de eletrização um corpo recebe ou perde sempre
um número inteiro de elétrons.
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Exemplo 2 (1 C é muita carga?) Quantos elétrons um corpo deve perder para que
adquira uma carga positiva de 1 C?
Solução: Queremos saber quantos elétrons em falta um corpo com carga q = 1 C possui. Aplicando o
Princípio da Quantização:
q 1C
q = +N · e ⇒ N= = ∴ N = 6 × 1018 elétrons,
e 1, 6 × 10−19 C
ou seja, o corpo precisa perder 6 quintilhões de elétrons!!!! Isso revela que 1 C é uma quantidade de carga
elétrica muito grande. Em geral, nos problemas utilizaremos os submúltiplos do coulomb como mostra a
Tabela 5.1.
onde os índices antes e depois se referem aos instantes anterior e posterior, respectivamente,
ao processo de redistribuição de cargas.
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Exemplo 3 Quando dois condutores (estando pelo menos um deles eletrizado) são colocados
em contato, observa-se uma redistribuição de cargas elétricas pelas superfícies externas
desses condutores. Quando os condutores são geometricamente idênticos, a redistribuição de
cargas ocorre de tal forma que, após o contato, cada condutor possui a mesma quantidade
de carga elétrica. Considere duas esferas metálicas A e B eletrizadas com uma quantidade
de carga qA = −3, 0 µC e qB = +12 µC. Determine a carga elétrica adquirida pelas duas
esferas após o contato físico.
0 0
Solução: Vamos denotar por qA e qB as quantidades de carga elétrica das esferas A e B depois do contato.
Aplicando o Princípio da Conservação da Carga Elétrica,
X X
0 0
q = q ⇒ qA + qB = qA + qB
antes do contato depois do contato
0 0
Como as esferas são geometricamente idênticas então qA = qB ≡ q 0 de modo que
qA + qB −3, 0 µC + 12 µC
qA + qB = q 0 + q 0 ⇒ qA + qB = 2q 0 ⇒ q0 = = ⇒ q 0 = 4, 5 µC
2 2
Logo:
0 0
qA = qB = 4, 5 µC
n → p + e− + ν̄e .
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A interação elétrica (ou coulombiana) entre tais cargas é caracterizada pela manifestação
de duas forças
(
F~AB sendo a força elétrica em A devido à B
(F~AB , F~BA ) com
F~BA sendo a força elétrica em B devido à A
cada uma delas agindo em uma das cargas elétricas. Tais forças formam um par ação-reação
satisfazendo, portanto,
F~AB = −F~BA (vetores opostos)
|F~AB | = |F~BA | ≡ F (vetores de mesma intensidade)
A interação elétrica satisfaz as seguintes propriedades:
i) Direção: direção da reta suporte que liga as duas cargas elétricas puntiformes;
• F ∝ |qA | · |qB |
1
• F ∝ 2
r
4
O símbolo matemático ∝ significa diretamente proporcional.
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Matematicamente:
k · |qA | · |qB |
F =
r2
onde a constante de proporcionalidade k é a constante eletrostática (ou constante de
Coulomb) característica do meio (vácuo) no qual estão localizadas as cargas puntiformes.
A constante k está relacionada com uma outra constante importante denominada permissividade
elétrica que para o vácuo simbolizamos como 0 . A relação entre k e 0 é dada por
1
k= com 0 = 8, 85 × 10−12 C2 /Nm2 .
4π0
Com dois algarismos significativos, verificamos que
Nm2
k ≈ 9, 0 × 109 .
C2
Exemplo 5 Duas esferas puntiformes idênticas de massa m carregadas com carga q > 0
estão separadas por uma distância d, veja Figura 1. Dobram-se as cargas nas esferas e, para
que as esferas não saiam de suas posições, prende-se uma mola entre elas, como mostra a
Figura 2. A mola distende-se sofrendo uma deformação elástica linear de comprimento x.
Determine a constante elástica K da mola em termos da constante eletrostática do vácuo k,
da carga q, da distância d e do comprimento de deformação x, ou seja, K(k, q, d, x).
Solução: Para resolver esse problema vamos aplicar as condições de equilíbrio nas duas situações
esquematizadas nas Figuras 1 e 2. Como as esferas são idênticas, em cada situação podemos analisar o
equilíbrio de apenas uma delas. Vamos iniciar aplicando as condições de equilíbrio na situação onde há a
mola já que a constante elástica (grandeza que estamos interessados em obter) está contida na força elástica
da mola |F~m | = K · x. Na situação da Figura 2, atuam na esfera a força de tração T~ , a força peso P~ , a força
de repulsão elétrica F~e e a força elástica da mola F~m de modo que o DCL da esfera fica:
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Aplicando as condições de equilíbrio:
(P
X Fx = 0 ⇔ Tx + Fm = Fe
F~ = ~0 ⇒ P
Fy = 0 ⇔ Ty = P
4k · |q|2
T · sen(θ) −K ·x
= d2
T · cos(θ) m·g
e isolando K:
4k · q 2
2
− m · g · tg(θ)
K= d
x
Notamos que a expressão da constante elástica K obtida anteriormente carrega uma dependência com
m · g · tg(θ). Para eliminar essa dependência utilizaremos as condições de equilíbrio para a situação da
Figura 1 cujo DCL segue abaixo:
de modo que
k · q2
T · sen(θ) =
d2
T · cos(θ) = m · g
k · q2
T · sen(θ) 2 k · q2
= d ⇒ m · g · tg(θ) =
T · cos(θ) m·g d2
Substituindo o resultado acima na expressão da constante elástica K temos
4k · q 2 4k · q 2 k · q2 3k · q 2
2
− m · g · tg(θ) 2
− 3k · q 2
K= d = d d2 = d2 ∴ K=
x x x d2 · x
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Figura 1.12: A força elétrica resultante em qA gerada pelo conjunto discreto de cargas
puntiformes {q1 , q2 , q3 , . . . , qN } é obtida pelo princípio da superposição.
A experiência revela que a força elétrica resultante sobre qA (que denotamos por F~A )
é a soma vetorial das forças elétricas que atuam em qA devidas às outras cargas, ou seja,
N
X
F~A = F~A1 + F~A2 + F~A3 + · · · + F~AN = F~Ai
i=1
Solução: Queremos determinar a força elétrica resultante (que chamaremos de F~C ) que atua em qC
devida às cargas qA e qB . O primeiro passo é desenhar as as forças elétricas que atuam em qC . A primeira
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força é uma repulsão elétrica que qC sente devida à carga qA (pois possuem o mesmo sinal). Representamos
essa repulsão elétrica pelo vetor F~CA . A segunda força é uma atração elétrica que qC sente devida à carga qB
(pois possuem sinais contrários). Representamos essa atração elétrica pelo vetor F~CB , veja figura a seguir.
O segundo passo é utilizar a Lei de Coulomb para determinar as intensidades dessas forças elétricas
(para utilizar o valor padrão da constante eletrostática devemos garantir que as grandezas estão expressas
em unidades do SI):
5
Posicionado o vetor num sistema cartesiano de modo que sua origem coincida com a origem do sistema,
as componentes (ou coordenadas) do vetor serão as coordenadas cartesianas de sua extremidade.
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(
FCBx = |F~CB | · cos(θ) = (2, 0 × 102 ) · (0, 80) = 1, 6 × 102 N
F~CB ⇒ F~CB = h1, 6×102 N; −1, 2×102 Ni
FCBy = −|F~CB | · sen(θ) = −(2, 0 × 102 ) · (0, 60) = −1, 2 × 102 N
Logo,
F~C = h1, 6 × 102 N; 2, 3 × 102 Ni = (1, 6 × 102 ~i + 2, 3 × 102 ~j) N
6
Como visto em G.A. a soma vetorial em termos das componentes cartesianas é feita como ~a + ~b =
hax , ay i + hbx , by i = hax + bx , ay + by i. q
7
Dado um vetor ~a = hax , ay i sua intensidade (módulo) é calculada através da expressão |~a| = a2x + a2y .
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