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Quem tem medo de gente!

2021

Texto: Luís Doffa

Coreografia e direção: Elber Marques

Melodias e melodias: Maurício Fiori

Personagens:

Laura – Vampira

Amora – bruxa

Felipe – Lobisomem

Lucas – Múmia

Tio Gerúndio - fantasma

Joelma – Mãe

Eustáquio – Pai

Ângela – Filha

Julião – Filho

Interlúdio

(Enquanto os monstros montam o cenário, posicionando os elementos, cantam).

_a história já vai começar

Todos - Vamos, venham todos,

Vamos lhe contar

Toda a nossa história que é de arrepiar

Temos, uma história fenomenal,

Nossa aventura já vai começar,

Todos têm um medo,

E o seu é de que?

Lucas - Tenho medo do escuro,


Laura - Tenho medo do bicho papão,

Amora - Tenho medo do comilão,

Felipe - Tenho medo de pão quente!

Todos - O quê? (Pausa)

Felipe - Eu tenho medo de gente!

Todos - ah! Bom!

Todos - Quem tem medo de gente?

vamos encontrar.

Onde está a coragem que estava por aqui?

Nós vamos encontrar.

e ninguém vai me assustar!

Todos - quem tem medo de gente?

Amora - Eu tenho medo de lobo mau,

Laura - Tenho medo de alho e sal!

Lucas - tenho medo de barata

Amora - tenho medo do tio pirata

Felipe - Eu tenho medo da fada do dente!

Todos - O quê?

Felipe - Tenho medo de gente!

Todos - ah, tá entendi!

Todos - Quem tem medo de gente?

Quem tem medo de gente?

Quem tem medo de gente?

Todos - Mas agora é hora


Quem é mais valente?

Vamos descobrir.

Quem tem medo de gente?

Cena I – entrada dos pais em busca da casa

(entra a família procurando em um mapa, eles estão perdidos)

Joelma – Para lá ou por aqui?

Eustáquio – Por aqui ou para lá?!

Ângela – Ai! (o irmão pisa em seu pé)

Julião – Eu quero ver o mapa, eu quero ver o mapa (empurra a irmã).

Ângela – Eu estou vendo o mapa (tira o irmão da frente).

Julião – Eu primeiro, eu primeiro (os dois começam uma briga).

Eustáquio – Xuxuzinho! Seus filhos estão brigando.

Joelma – Eu sei, eu sei (deixando de lado).

Eustáquio – Amorzinho, as crianças estão brigando!

Joelma – Já falou, já falou, meu docinho de coco!

Eustáquio – (gritando) Joelma, as crianças!

Joelma – E você quer que eu faça o quê?

Eustáquio – Sei lá! Para a briga...

Joelma – (grita) Chega!!! (as crianças param de brigar) Me deixa ver o mapa (procurando) por
aqui ou por ali?

Eustáquio - Por ali ou por aqui?

Angela - Eu não quero mais ir pra lugar nenhum! (a mãe a ignora), eu não quero mais ir pra
lugar nenhum! (a mãe a ignora novamente, ela grita) Eu não quero mais ir pra lugar…

Eustáquio - (para Angela) o que foi meu anjinho?

Angela - (ignorando o pai) Porque você quer tanto esta casa?

Joelma - Esta casa era um orfanato, era uma casa linda! Meu tio sempre me disse para
encontrar alguma coisa, nem lembro o que; mas ele falava que esta casa seria minha após a
sua morte. Me lembro de quando eu era criança...

_UM DESASTRE

Toda remelenta, com meus pés no chão,

Já não gostava de banho, eu fugia de sabão.


Brincava na rua, de bola, de esconde, mas todos eles viam e sentiam, eu fedia!

Tanto que eram elas que se escondiam.

Eu esperava, esperava, esperava e minha família não vinha

nem um brinquedo de Natal, nenhuma boneca, espada ou escudo medieval.

Nenhum brinquedo no dia das crianças ou chocolate na páscoa.

O tempo passou, o tempo passou e eu perdi a esperança.

Ali abandonada, sem amigos e sem nada, nenhum abraço da família.

Completamente esquecida, abandonada e destruída.

Eu queria aquela casa, precisava daquela casa,

Com ela a alegria voltaria.

Com ela a alegria voltaria

Eu sabia, eu sabia, eu sabia!

O tio, dono da casa sempre me dizia:

Encontre aquilo que se perdeu e conseguirá a casa e a alegria.

Ali abandonada, sem amigos e sem nada, nenhum abraço da família.

Completamente esquecida, abandonada e destruída.

Eu queria aquela casa, precisava daquela casa,

Com ela a alegria voltaria.

Com ela a alegria voltaria

Eu não tinha paciência, esperar é uma virtude;

Mas eu não podia ter nada.

Ali abandonada, sem amigos e sem nada, nenhum abraço da família.

Completamente esquecida, abandonada e destruída.

Eu queria aquela casa, precisava daquela casa,


Com ela a alegria voltaria.

Com ela a alegria voltaria

eu continuava ali, esquecida, destruída e abandonada!

Tentava, eu tentava, eu contava até dez...

mas sempre ouvia dos outros outros tantos apelidos,

não gosto de lembrar,

não quero dar ouvidos,

E me ouça bem, se duvidam:

deeeees...

Desdentada, desanimada, desapegada, desalmada, desprezada, descartada, desalentada,


despojada, desaprovada,

eu era.... um desastre!

Ali abandonada, sem amigos e sem nada, nenhum abraço da família.

Completamente esquecida, abandonada e destruída.

Eu queria aquela casa, precisava daquela casa,

Com ela a alegria voltaria.

Com ela a alegria voltaria

Eu era um desastre!

Ali abandonada, sem amigos e sem nada, nenhum abraço da família.

Completamente esquecida, abandonada e destruída.

Eu queria aquela casa, precisava daquela casa,

Com ela a alegria voltaria.

Com ela a alegria voltaria


Eu me lembro desta casa...

A casa mais bela que eu já vi.

Não serei, jamais serei…

Um desastre!

Ângela – (para irmão) Eu já sonhei com uma casa bela.

Joelma – E sonho a porta desta casa poder abrir, eu voltarei, eu voltarei a sorrir!

Eustáquio – Será por lá ou por aqui?

Joelma – Em meio à floresta ela estava, grandes janelas e uma grande escada.

Julião – Vou poder jogar bola no quintal?

Joelma – É preciso procurar, é preciso procurar, essa casa será achada!

Ângela – Eu vou brincar de boneca no jardim?

Joelma – (sofrendo) Se eu não achar a casa, ai de mim! Ai de mim!

Eustáquio – Ai esse mapa, esse mapa só pode ser temperamental!

Joelma – (Olhando o mapa) Agora eu me lembro, agora eu vejo. Uma casa perdida no meio da
floresta escura, paredes brancas, janelas grandes e uma grande porta no estilo colonial.

Eustáquio – Será por ali ou...

Joelma – Me dê esse mapa aqui!

Nunca mais ouvirei, e jamais novamente serei. deeeees….

Desqualificada, desalmada, desregrada, desnutrida, destruída; e nunca mais... um desastre!

Eustáquio - meu benzinho é por ali!

Joelma - e é por ali que iremos seguir! (saem)

Cena II – Dentro da casa Abandonada

(Clima de mistério, Amora está tentando fazer uma poção)

Amora – Abracadabra, Abracadabra,

coloco no meu caldeirão, penas de asas de um anjo chorão,

olho de cabra, escama de peixe e que o olho se abra, flor já nascida e casca de ferida.

coloco açafrão, pimenta, lágrima de fada e manjericão.


coloco bico de abutre, patas de aranha e um bocado de maçã para nutrir.

Todo mal, gente chorona, com esse feitiço começarão a sorrir.

Abracadabra, Abracadabra, Abracadaaaaaaaa... (explode tudo) ...um desastre!

Felipe – (entra correndo e gritando) Amora! Amora! Amora! (vendo a bagunça), o que foi isso?

Amora – Eu tentei fazer um feitiço, e como você pode ver, deu tudo errado!

Felipe - Calma Amora, um dia, com muito estudo e dedicação os feitiços irão funcionar!

Eu posso te ajudar!

Felipe - Quando você não confiar mais em você

eu estarei aqui para te ajudar!

Quando precisar de carinho, palavra amiga e compreensão

eu estarei aqui para te ajudar!

Eu estarei aqui para te ajudar,

Estarei aqui sempre que precisar

Mesmo se for somente para te dizer que você consegue,

que pode seguir em frente

que pode confiar em você, que pode confiar na gente!

Terei sempre minha mão estendida,

terei sempre meu coração aberto

e um grande abraço para se sentir acolhida;

Eu estarei sempre aqui para te ajudar!

Quando precisar de carinho, palavra amiga e compreensão

eu estarei aqui para te ajudar!

Eu estarei aqui para te ajudar,

Estarei aqui sempre que precisar

Laura - (saindo de algum lugar escondido) Eu também sempre estarei aqui para te ajudar,

Para aquecer o seu coração e para quando precisar de abraçar,

pode em mim confiar.

Eu sei que você pode seguir em frente,


eu sei que você confia na gente.

Mas confie também si mesmo,

siga em frente, vença os medos.

Terei sempre minha mão estendida,

terei sempre meu coração aberto

e um grande abraço para se sentir acolhida;

Eu estarei sempre aqui para te ajudar!

Quando precisar de carinho, palavra amiga e compreensão

eu estarei aqui para te ajudar!

Eu estarei aqui para te ajudar,

Estarei aqui sempre que precisar

Lucas - (abrindo o sarcófago) As vezes parece que não estamos aqui,

Mas sempre existe uma mão estendida para te levantar, quando e sempre que precisar.

Quem tem amigo descobriu um tesouro, encontra a letra

Escuta o coração,

Um amigo não cabe num abraço

Um amigo se expande se torna uma nação.

Quando precisar de carinho, palavra amiga e compreensão

eu estarei aqui para te ajudar!

Eu estarei aqui para te ajudar,

Estarei aqui sempre que precisar

Um abraço, sempre pode aquecer os sentimentos

e bons pensamentos

só podem trazer uma boa ação.

Terei sempre minha mão estendida,

terei sempre meu coração aberto

e um grande abraço para se sentir acolhida;


Eu estarei sempre aqui para te ajudar!

Eu estarei aqui para te ajudar sempre que precisar

Mesmo se for somente para te dizer que você consegue,

que pode seguir em frente

que pode confiar em você, que pode confiar na gente!

Todos - Quando precisar de carinho, palavra amiga e compreensão

eu estarei aqui para te ajudar!

Eu estarei aqui para te ajudar,

Estarei aqui sempre que precisar

A amizade desenvolve a nossa felicidade,

bons pensamentos e boas ações.

O amor que nunca morre pode trazer muito carinho

e felizes sensações

Eu posso confiar em você e você também pode confiar em mim,

Somos amigos e sempre será assim.

Nós estaremos aqui mesmo se for somente para te dizer que conseguimos,

que podemos seguir em frente

que pode confiar,

que pode confiar,

ter amigo é sempre ter alguém para contar!

Nós estaremos aqui, para te ajudar!

Amora - muito obrigada gente, saber que temos com quem contar é realmente importante
para seguir em frente.

Laura - Pode contar sempe com a gente, é isso que o Tio Gerúndio sempre fala.

Lucas - Laura, ainda bem que ele abriu este orfanato para monstros, imagina a gente solto por
ai?
Laura - as pessoas sairiam correndo de medo da gente!

Felipe – (assustado) Você acredita em pessoas? acredita em gente?

Amora – Que pergunta é essa? É claro que eu acredito em gente!

Laura – (aparecendo de algum lugar escondido) Eu até já vi um!

Felipe - Ai! eu tenho medo de gente. Eu vim morar aqui na casa do Tio Gerúndio porque a
minha família intera foi caçada por humanos!

Lucas – É Dizem que eles não sabem se respeitar, e deve ser verdade, porque eu estava lá na
minha pirâmide, traquilo e confortável, começaram a entrar, fazendo um barulhão, levaram
tudo que tinha lá, e eu? fui jogado aqui perto. Ainda bem que o tio Gerúndio me encontrou.

Laura – Eu, estava na minha casa com a minha família, derrubaram tudo e construíram um
prédio. Eles amam prédios, eles possuem quatro olhos e duas orelhas e... um rabo, um rabo
bem grande.

Felipe – (com medo) E o que mais?

Laura – E garras tão afiadas que poderiam te cortar todo.

Lucas – (assustando Felipe) Tá com medo?

Felipe – É claro que eu tô com medo!

Amora – (ri) Que bobagem, eles que têm medo da gente!

Felipe – Amora, então, eu não acredito em gente!

Amora – Como assim?

Felipe – Eu não acredito e se não acredito, eles não existem!

Laura – Um dia eu te levo até a cidade para você ver.

Felipe – Eu não iria, nem morto!

Todos – Felipe, tem medo de gente, tem medo de gente, tem medo de gente!

Felipe – Parem! Será que algum dia alguém poderia entrar aqui nesta casa?

Laura – Claro que não, nós moramos no meio de uma floresta escura.

Lucas – Essa será nossa casa para sempre!

(ouvem vozes que se aproximam)

Felipe – O que é isso?

Laura – Parecem vozes, será que são...

Lucas e Amora – Gente!!

_É Hora de dar no pé!

Lucas – Corra e se esconda, corra e se esconda.

Amora – Lá vem, lá vem.


Laura – Andando sobre as grandes garras, unhas compridas e afiadas.

Amora – Trazendo seus quatro olhos, barrigas imensas e narinas armadas.

Felipe - Quatro olhos, um grande rabo e muita maldade.

Laura – Será que filhotinho de gente é mais fofinho? Mais simpático, mais educadinho?

Felipe – Seja um, ou seja outro, a maldade se instala não depende da idade!

Laura – Estão chegando... quatro olhos, barrigas imensas e uma grande fome, te morde e te
devora enquanto você dorme.

Lucas – Andando sobre suas garras, com unhas compridas e afiadas. Em um único segundo sua
carne está toda fatiada.

Amora – Lá vem, lá vem, olha como é que é! Eu acho que é hora de dar no pé!

Felipe – Eu tenho medo e não estou contente, eu tenho medo, tenho medo de gente!

Amora – Estão chegando, se aproximando. Monstros enormes, com rabos, dentes, garras,
unhas, olhos, barriga imensa e muita fome, veja como é que é. Eu acho que é hora de...

Todos – Dar no pé! (saem gritando, se escondem)!

Cena III – Chegada da família!

Joelma- É aqui! É aqui, encontramos a casa!

Eustáquio - Mas é essa a casa bonita que você falou? Eu esperava que ela fosse mais, mais,
assim, um pouco mais… bonita!

Angela - Ai! Ai! Credo, que casa suja e nojenta!

Julião - Eu gostei! Parece até uma casa (muda o tom) assombrada! (Angela chora
desesperadamente) Por que você tá chorando?

Angela - É que estamos sozinhos aqui nessa casa abandonada! (chora)

Julião - E o que é que tem?

Angela - Eu não vou ver mais minhas amigas, se a gente for morar aqui (chora)

Julião - E o que é que tem?

Angela - É que uma das minhas amigas ficou com uma das minhas bonecas. (chora, chamando
a atenção do pai)

Eustáquio - Mas o que foi? Por que está chorando tanto minha filha?

Angela - O Julião me bateu!

Julião - Quê?! Bati nada!

Angela - Bateu sim!

Eustáquio - (pegando o filho pela orelha) Quantas vezes eu disse para você não bater na sua
irmã?
Julião - É mentira pai, é mentira dela. (Angela faz cara de santa)

Eustáquio - Nada disso, sua irmã é um anjo, por isso tem o nome de Angela. Pare de mentir
agora. Pare…

Joelma - Parem, vocês dois! Não conseguem perceber a beleza que é esta casa? Tudo nessa
casa é lindo, até essa mesa velha (olhando em baixo da mesa, percebe Felipe que está
escondido, grita).

(Felipe, agora revelado grita; a família percebe o lobisomem e grita. Felipe grita novamente, a
família desmaia. Felipe desmaia).

Laura - (saindo de seu esconderijo) Ai, e agora?

Lucas - (analisando os humanos) Estranho, muito estranho!

Amora - O Felipe não deveria ter aparecido para eles! Vou ver se encontro algum feitiço para
desmaio de gente ou de lobisomem. (pega um livro empoeirado)

Todos - (gritando) Siiiim! (Amora para)

Amora - (abrindo o livro de feitiços) Aqui.

“dente de cachorro e capim de morro,

pele de corcunda e pó de formiga moribunda,

um poco de coentro, ervas para um guento,

ovo de codorna e um arabesco que adorna,

segue, segue acorde. Catapinba que sacode!

Abracadabra… abracadaaaaaabra… abracaaa (começa a sair bolinhas de sabão).

Lucas - pessoal!

Amora - não deu certo, não deu certo de novo!

Lucas - pessoal!

Laura - Não seria melhor ver se tem um remedinho para desmaio de gente? (Felipe acorda,
grita e desmaia novamente) e de lobisomem também. (tiram o Felipe de cena)

Lucas - Pessoal!

Cena IV - o Amor de Eustáquio

(Amora vem entrando como se para dar um remédio, a família se mexe, ela sai de cena;
Joelma roncando).

Amora - (voltando) Gente faz um barulho estranho, equanto dorme.

Lucas - Pessoal! Eles estão voltando, é melhor a gente se esconder (vão se disfarçando no
cenário até sairem).
Eustáquio - (levantando) Ai, ai, ai… minhas costas, meu bico de papagaio, meus dentes, meus
joelhos, eu tenho dor nos joelhos. É minha artrite e minha artrose, elas me matam.

Julião - Oi papai, papai… o que era aquilo?

Ângela - Era um lobisomem?!

Eustáquio - (disfarçando) Claro que não, era um cachorrinho!

Ângela - Não era!

Eustáquio - Era sim!

Julião - Era?

Eustáquio - Era.

Ângela - Então, quer dizer que vimos algo?

Eustáquio - Isso.

Julião - Era peludo e parecia um cachorro.

Eustáquio - Isso.

Ângela - E não era um lobo?

Eustáquio - Isso mesmo.

Julião - E o senhor não está com medo?

Eustáquio - Isso, não estou.

Ângela - (enquanto Julião vai de forma furtiva assustar o pai) E então … (Julião assusta o pai)

Eustáquio - (gritando e pegando o filho pela orelha) Quantas vezes eu te disse para não me
assustar? (Joelma ronca) Ah! Não é o amorzinho da minha vida?

Ângela - (para Julião) Ai, tão bonitinho o amor dos nossos pais, não? Tenho certeza que ele
deu flores pra ela.

Julião - não, ele levou a mamãe pra jantar.

Ângela - ele deu chocolates pra ela.

Julião - não, foram hambúrgueres.

Ângela - não foi (começa uma rápida briga)

Julião - Papai, como se conheceram?

_Encontrei o amor

Eustáquio - Eu era um pequeno garoto, ninguém me amava,

todos me xingavam, me maltratavam e ninguem me escutava,

E eu? eu só queria encontrar um amor, alguém que eu encontraria, como uma abelha encontra
a flor.
Então, eu a vi, cheia de luz e uma beleza que eu nunca tinha visto, tão delicada, sutil e amada
como (Joelma ronca) um ogro!

Eu quero dividir, todo o meu amor com você; ninguém mais o fará. E seus olhos, seus olhos,
seus olhos, eles me dizem o quanto você se importa. Oh sim, você sempre será, meu amor sem
fim.

Meu amor, esta canção é só pra dizer que você me faz feliz, com seu jeito suave e delicado
como uma (Joelma ronca) parafusadeira.

Linda, só você me ensina a viver, você é linda demais e se as ondas do mar tem a capacidade
de levarem e trazerem, me trouxeram , trouxeram o meu amor. E o amor é tudo que eu preciso,
não é tão difícil enxergar que estamos no paraíso.

Eu sempre amarei você, sempre amarei você, minha querida, sempre te amarei.

Eu não existo longe de você, longe do seu cheiro, do seu frescor, do seu odor (Joelma peida e
ronca)... de bueiro.

Julião - Eu vou acordar a mamãe!

Eustáquio - Não! Ela fica tão bonita assim, dormindo, não fica?

Linda, só você me ensina a viver, você é linda demais e se as ondas do mar tem a capacidade
de levarem e trazerem, me trouxeram , trouxeram o meu amor. E o amor é tudo que eu preciso,
não é tão difícil enxergar que estamos no paraíso.

Eu sempre amarei você, sempre amarei você, minha querida, sempre te amarei.

Ângela - Mas a mamãe sempre grita com a gente, ela é maldosa, às vezes.

Eustáquio - Não, nem sempre. As vezes ela também… ela… ela faz….

Julião - Às vezes ela dorme! (Joelma ronca)

Cena V - A carta

Ângela - (gritando) Mamãe!

Joelma - (acordando) O que foi? Onde está? Eu…

Eustáquio - Calma benzinho, está tudo bem. (para Angela) O que foi minha filha?

Angela - Eu tô com fome!

Joelma - Primeiro a gente procura a carta e depois a gente come.

Todos - Que carta?

Joelma - Meu tio era dono desta casa, ele deve ter deixado uma carta nesta casa. Ele me falava
desde criança que ele deixaria pra mim aquilo que mais amava depois de sua morte; ué, só
pode ser a casa.
Julião - Mamãe, e ele amava esta casa?

Joelma - Ele amava muito mais que pastel, e ele amava muito pastel.

Julião - Mamãe, e ele amava pastel?

Joelma - Amava, não está me ouvindo?

Angela - (comendo algo escondido e de boca cheia) Então, vamos procurar esta carta.

Julião - A Angela está comendo, eu também estou com fome!

Angela - Não estou comendo, não.

Julião - Está sim! (começam a brigar)

Eustáquio - Amorzinho, as crianças.

Joelma - (procurando) O que foi, meu xuxuzinho?

Eustáquio - As crianças estão brigando.

Joelma - E o que você quer que eu faça?

Eustáquio - Sei lá, pare a briga…

Joelma - Chega! Parem de brigar e procurem a carta!

(começam a procurar a carta em determinado momento um quadro antigo se revela, é o tio


falecido, as crianças se assustam com a imagem do quadro e gritam)

Joelma - Este é meu tio, amado tio. (muda de tom) Procurem a carta! (se inicia nova busca)

Angela - Encontrei! (o irmão tira de sua mão)

Julião - Eu encontrei! (Angela chora)

Eustáquio - (pegando o filho pela orelha) Eu já disse que você… chega, eu vou ler a carta.
(desenrolando a carta e lendo).

Tio Gerúndio - (voz off)

“Minha querida Joelma, meu docinho de limão. (disfarçando) bem azedo, mas também um
pouco doce!

Para você, eu estarei deixando a casa que eu mais amei, ela estará sendo localizada na floresta
escura, perto da areia branca e do profundo mar azul sob o céu nublado. Grandes janelas e
uma porta colonial pesada.

Estou deixando esta minha casa, amei esse lar mais do que pastel (disfarçando) e olha que
amei pastel, hein?! ... Bom, voltando quero estar lembrando que esta casa é de grande
adoração; porém, só poderá estar tendo ela se estiver encontrando algo muito especial, se
encontrar o coração”.
Joelma - (gargalhando) Encontrar o coração?

Angela - O que é isso?

Joelma - Não sei minha filha, não sei; vamos procurar.

Julião - Pai, pai. Tô com medo!

Eustáquio - Não tenha medo, não precisa. Só estamos nós nesta casa.

Julião - E se eu estiver com medo?

Eustáquio - É só respirar, respirar, manter a calma e contar até 10.

Joelma - Procurem! procurem o coração!

Angela - (gritando) Achei

Eustáquio - meu anjinho encontrou, eu sabia que encontraria!

Angela - eu achei um…

Julião - o coração?

Angela - Sim, um caixão!

Joelma - Não é caixão, é coração! (gritando) Coração!

Eustáquio - Calma, benzinho, tenho certeza que terá um coração lá perto!

Joelma - Procura aqui e procura ali! (sai)

Eustáquio - Procura ali (sai)

Angela - E procura aqui (sai)

Julião - (saindo) É só respirar, respirar, manter a calma e contar até 10.

Cena VI - Encontro de Julião e Felipe

Felipe - (entrando) Até que gente é engraçado, não é?

Laura - O que podemos fazer?

Lucas - Já sei, a gente pode empurrá-los para fora, fechamos a porta e colocamos o Baú do tio
Gerúndio para mantê-los pra fora.

Amora - Quem foi que te ensinou a ser tão ruim assim Lucas?

Lucas - Não é ruindade, mas eu queria manter essa gente fora de casa, ficamos só nós aqui.
Gente não!

Felipe - Mas, gente é uma gracinha!

Laura - Nem sempre Felipe, nem sempre!


Amora - Podemos perguntar para o tio Gerúndio o que fazer.

Felipe - Tio! Tio!

Gerúndio - (abrindo a tampa de seu baú e aparecendo) Pastel? huuuum… Pastel! (pegando o
relógio de bolso) Não está sendo hora do pastel! Está sendo a hora da charada: Campo grande
e gados miúdos, moça formosa e um homem carrancudo! O que pode estar sendo isso?
(silêncio) (ri), ninguém nunca esteve adivinhando essa. Mas me chamaram e não estava sendo
por pastel, então, pois não? Em que poderia estar ajudando vocês?

Laura - Chegou hoje mesmo, aqui em nossa casa, uma família, não sabemos ainda o que
querem!

Gerúndio - Isso pode estar sendo muito interessante, será que já poderiam estar chegando
perto de encontrar a carta que escrevi?

Lucas - Já encontraram sim.

Amora - E já leram também.

Gerúndio - Então, nada precisam estar temendo, poderemos estar dormindo agora? (fecha a
tampa do baú e volta), estou descansando agora em pausa 10, (tampa do baú se fecha) posso
estar pedindo o meu pastel? (pegando o relógio de bolso) Não está sendo hora do pastel! Está
sendo a hora da charada: Campo grande e gados miúdos, moça formosa e um homem
carrancudo! O que pode estar sendo isso? (silêncio) (ri), ninguém nunca esteve adivinhando
essa. (ri e fecha a tampa do baú)

Felipe - Tio Gerúndio é mesmo um fantasma muito esperto.

Lucas - Sim, ele é fantasma de call center, sempre tem que estar disposto para o trabalho.

Laura - tio Gerúndio, morreu de tanto trabalhar!

Felipe - coitado! Alguém sabe porque ele fala tão errado?

Laura - (suspense) dizem que quando ele trabalhava no calor center, o tio Gerúndio estava
procurando nos arquivos um documento muito importante, quando… (todos gritam)... Ele
machucou o dedinho, mas foi aí que ele encontrou um gato de sete cabeças (todos gritam)...
Ele se assustou e com o susto ele ficou soluçando, foi aí que… (todos gritam) ele começou a
falar no gerundio.

Felipe - é verdade?

Laura - claro que não!

Lucas - talvez ele fale errado só porque não aprendeu a falar direito! Vamos ajudar o tio
Gerúndio (pega um livro) aqui! Esse vai ajudar, (lendo) falando português corretamente, para
quem já morreu, ensino básico para fantasmas. (Joga dentro do baú e ouvindo grito do Tio
Gerúndio) desculpa, tio Gerúndio é para o senhor estudar esse livro aí!

Amora - Eu tive uma ideia, devo ter em meu livro de feitiços algo que possa nos ajudar (pega o
livro e começa a procurar e sai).
Lucas - para ajudar o tio Gerúndio a falar corretamente?

Amora - não! Para nos proteger de gente.

Laura - Nada temos a temer, disse o tio Gerúndio, então, é só não temer. Amora, espera, nós
podemos te ajudar! (saem Lucas e Laura)

Felipe - Não temer, não temer. (Julião vai entrando de costas, procurando, e acaba trombando
em Felipe)

Julião - (assusta) Ai, que isso?

Felipe - (com medo) Ai, ai, ai… sai pra lá!

Julião - Ah! Um cachorrinho, vem cá, cachorrinho bonitinho!

Felipe - É... eu não sou cachorro.

Julião - Não é? (entendendo) Você é… é… um...

Felipe e Julião - Um lobisomem!

Julião - Respira, respira… conta até 10!

Felipe - Respira, respira… conta até 10!

Julião - Eu não vou te machucar, não tenha medo.

Felipe - Eu não vou te machucar, não tenha medo.

Julião - Claro que não terei medo, claro que não!... respira, respira… conta até 10! (começa a
chorar)

Felipe - Não ter medo de gente, não ter medo de gente!

Julião - Respira, respira… conta até 10!

Felipe - Qual o seu nome?

Julião - Julião.

Felipe - O meu nome é Felipe. (percebendo) Ai, ai… o que é isso? Socorro! ele está chovendo
pelos olhos. (tio Gerúndio, aparecendo e trazendo um lenço)

Gerúndio - Não, não… ele está chorando, pode estar pegando este meu lenço, mas antes eu
tenho uma charada para fazer para vocês: Campo grande e gados miúdos, moça formosa e um
homem carrancudo! O que pode estar sendo isso? (silêncio) (ri), Essa está sendo a melhor de
todos os anos mesmo! (ri) Pode estar pegando o lenço.

Julião - Muito obrigado, senhor … (notando ser um fantasma), senhor fantasma! (desmaia)

Felipe - Nossa, gente dorme por qualquer coisa.

Gerúndio - Ele esteve desmaiando, pode estar tendo medo de nós.


Felipe - eu não tenho mais medo de gente! (ouve-se vozes e Felipe sai gritando)

Gerúndio - (rindo) e podemos estar esperando ele acordar, (pega o relógio de bolso) ainda não
é hora do meu pastel? (fecha o baú)

Cena VII - O plano

Joelma - Será que é por ali ou por aqui?

Eustáquio - Será que é por aqui ou por ali?

Angela - Acho que por ali, mais do que por aqui!

Joelma - (percebendo o filho desmaiado) Julião, meu filho! Julião.

Angela - Ele deveria continuar desmaiado, fica mais inteligente assim.

Eustáquio - Julião! Julião!

Julião - (acordando) Eu encontrei… encontrei…

Joelma - Ele encontrou o tal coração.

Julião - Um… um… um…

Joelma - Coração?

Julião - Um Fantasma e um lobisomem

Joelma - (deixando o filho cair no chão) Não importa! Continuem procurando o coração.

Eustáquio - Amorzinho! O que você quer fazer com essa casa? Por que a quer tanto?

Angela - A mamãe deve mesmo amar esse lugar horrível!

Joelma - Eu vou ganhar esta casa, depois eu vou destruí-la e construir um shopping no lugar, o
grande e magnífico Joelma Palace. Teremos muitas lojas e estacionamento, trânsito,
pedestres; muitas pessoas irão nos procurar para comprar, comprar e comprar mais e ainda
mais!

Eustáquio - Xuxuzinho! Mas, seu tio não amava esta casa?

Joelma - Amava sim, meu amorzinho (muda o tom) e ele morreu, morreu! (gargalha) E ainda
nos deixou uma charada para resolver aqui, que raiva! Que tal de coração é esse que ele
mandou encontrar? (tendo uma ideia) já sei!

Eustáquio - ai, ai, lá vem!

Joelma - Julião! Você disse que viu um lobisomem?

Julião - Sim, mamãe.

Joelma - Então, vamos caçá-lo!

Eustáquio - Como assim?


Joelma - Vamos montar uma armadilha.

Julião - O que faremos?

Joelma - Julião vai se aproximar do tal monstro. Depois, vamos prender o bicho; ele vai nos
contar o que é esse tal coração!

Angela - Isso!

Eustáquio - E depois?

Joelma - Depois vamos vender a casa, expulsar o monstro daqui e construir o nosso grande
shopping, o grande e magnífico Joelma Palace! (gargalhada, efeitos e trovões, depois black
out)

Cena VIII - amizade

Felipe - Eu falei com ele, juro que falei.

Laura - Mas, será que devemos confiar nessas pessoas?

Lucas - Eu topo fazer amizade com gente. Que tal? Quem mais?

Todos - Tá bom! Topo!

Amora - (ainda procurando no livro) Eu sei que tem, eu já vi que tem algum feitiço aqui que
pode nos ajudar, onde está?

Laura - Mas se ele aparecesse aqui, eu o assustaria! Faria ele ficar tremendo de medo de mim,
eu quero proteger a nossa casa, nossa família. Ninguém pode nos amedrontar, eles que terão
medo de nós. Eu vou…

Julião - Oi!

Laura - (se escondendo atrás dos demais) Socorroooooo! Um filhote de gente!

Felipe - Olá, Julião!

Laura - Não se aproxime! Socorro, socorro!

Felipe - Essa é nossa amiga Laura, super corajosa e que não tem medo de gente.

Laura - Sai pra lá! Filhote de cruz credo!

Felipe - Esse é meu amigo Lucas.

Lucas - Oi!

Felipe - E essa é Amora.


Amora - (sem perceber) Oi! (procurando ainda) Eu jurava que tinha visto por aqui. (lendo)
Transformar pés em patas de ganso, não é isso! Transformar mulher malvada em mula sem
cabeça... não, também não! Trazer o amor em 7 dias, não, esse já é muito usado.

Felipe - E pessoal, esse é nosso novo amigo, Julião!

Julião - Oi!

Laura - O que vocês estão fazendo aqui?

Julião - Minha mãe quer destrui…, quer dizer ela quer criar um shoppi…, não, não, a minha
mãe ganhou essa casa de um tio dela, e temos que procurar algo que pareça um coração, eu
não entendi o que ele quis dizer, então, estamos aqui. E vocês?

Lucas - Nós moramos aqui com nosso tio, um fantasma muito esperto e que ama pastel. O
grande e sabido tio Gerúndio.

Julião - E fantasma come pastel?

Amora - tio Gerúndio gosta muito de pastel de vento.

Lucas - e de charadas. Charadas que ninguém entende!

Amora - atualmente ele trabalha muito, é fantasma de call center.

Julião - eu quero ser amigo de vocês, será que posso?

Amora - ai, ai. Não sei!

Lucas - Amora! Você se lembra do que o Tio Gerúndio sempre fala? (imitando) devemos
sempre estar ajudando e amando uns aos outros, isso faz da gente especial!

Laura - Pode ser muito legal termos um amigo “gente”, e Julião parece alguém que a gente
pode confiar.

Felipe - Eu confesso que tinha muito medo de gente, falavam que eles enganavam as pessoas.

Lucas - E que sempre faziam tudo para ganhar dinheiro e mais dinheiro.

Julião - (de maneira falsa) Nossa, nós? Não! A gente se respeita muito sabe, sempre estamos
dispostos a ajudar as pessoas e nem ligamos para o dinheiro, nem queremos destruir a casa
para fazer um shopping, nem é isso que queremos fazer.

Amora - Encontrei! Só preciso misturar:

casca de mexerica, com casca de planta, um pouco de arnica e um resto que sobrou da janta,
misturo também limão, batata e pata de barata. Agora só uma gota de líquido misterioso.
Catapinba, Abracadabra, Xisto misto e … (explode tudo), não deu certo!

Lucas - (acalmando Amora) Calma amiga! Vai dar certo. Pode contar com a gente, (rindo) aqui
somos todos amigos.

Julião - Amigos?
Laura - A gente se ajuda sempre que um precisa do outro.

Felipe - Então, você não tem amigos?

Julião - Não, eu nem sei o que é ser amigo.

_é tão bom ter um amigo

Felipe - Quando está triste e não tem ninguém pra conversar, quando não consegue mais sorrir
e só chorar.

Sempre vai existir um amigo estendendo a mão, para dizer que o mundo pode ser melhor
independente da situação.

Laura - Um amigo nos ajuda e nos fala a verdade, vive por nós e nos mostra a alegria, todos os
nossos sonhos se tornam realidade.

Sempre vai existir um amigo estendendo a mão, para dizer que o mundo pode ser melhor
independente da situação.

Lucas e Amora - Um amigo te acalma e te abraça, ele te apoia e nunca vai te abandonar.

Todos - Nunca vai te abandonar!

Lucas - Se você cair, ele vai te levantar, se você chorar, as suas lágrimas enxugar.

Todos - Ter um amigo é ter um tesuro e riquezas que cabe num abraço!

Amora - A amizade verdadeira te impulsiona para frente! Ela é um abraço que nunca se desfaz;
Os amigos de verdade, nada exigem, apenas são!
Todos - A amizade desenvolve a nossa felicidade, bons pensamentos e boas ações.

O amor que nunca morre pode trazer muito carinho e felizes sensações

Eu posso confiar em você e você também pode confiar em mim,

Somos amigos e sempre será assim.

Nós estaremos aqui mesmo se for somente para te dizer que conseguimos, que podemos seguir
em frente

que pode confiar, que pode confiar, ter amigo é sempre ter alguém para contar!

Nós estaremos aqui, para te ajudar!

Quem tem amigos, tem tudo! E nunca está só em seu coração!

Felipe - E você agora é nosso amigo. (todos se abraçam, Julião está desconfortável)

Julião - Sou?! (se afasta)

Laura - Julião, isso é um abraço.

Julião - Abraço? Gostei do abraço! (todos se abraçam), mas agora vocês precisam ir, minha
mãe não pode me ver aqui com vocês, ela não entenderia. Ela nunca teve amigos.
Amora - sua mãe nunca teve amigos?

Julião - é uma longa história, podemos falar depois?

Felipe - tudo bem, a gente já volta. Amigo! (todos saem)

Julião - Amigo.
que pode confiar, que pode confiar, ter amigo é sempre ter alguém para contar!

Amigos estarão dispostos, para te ajudar!

Quem tem amigos, tem tudo! E nunca está só em seu coração!

Cena IX - Julião diz que tem um amigo

Joelma - (gritando) Onde está o coração?

Eustáquio - Calma amorzinho, já vamos encontrar.

Angela - Mamãe, mamãe! Posso ter um coração pra mim?

Joelma - Por que você quer um coração?

Angela - Queria ter um de estimação, deixa… deixa… deixa?

Joelma - (gritando) Onde está o coração?

Eustáquio - (para Angel) Melhor procurar o coração, filhinha!

Julião - Mamãe! Mamãe!

Joelma - Eu sabia, ele encontrou! Meu filho, meu filhinho lindo, encontrou o coração para a
mamãe?

Julião - Não.

joelma - (brava) Será que eu terei que fazer tudo sozinha? Procurem, procurem!

Julião - (tentando falar) Não, mamãe…

Joelma - Pelo menos o lobisomem, já conseguiu falar com ele?

Julião - (tentando falar) Não, é sobre …

Eustáquio - Fala meu filho.

Julião - Então, é que…

Angela - (chora) O Julião pisou no meu pé. (ela está longe dele)

Julião - (tentando falar) Eu nem estou perto…

Eustáquio - (puxando-lhe a orelha) Eu disse para não bater na sua irmã.


Julião - Pai, eu só…

Joelma - Fala logo meu filho, fala logo.

Julião - Pois bem, eu queria…

Eustáquio - Desembucha criança.

Julião - Sobre o nosso plano…

Angela - Mãe, deixa eu ter um coração de estimação? Por favor?

Julião - Mamãe, eu não…

Eustáquio - (para Angela) Claro que não!

Julião - Eu tô tentando, mas…

Joelma - (gritando) Fala logo, Julião!

Julião - (gritando) Eu tô tentando!

Todos - Não grita!

Julião - Ah! Sim, me desculpe, mas é que…. que… que… eu não consigo seguir com o plano que
tínhamos, eu não posso enganar um amigo. (Lucas, começa a ouvir tudo. Ele está escondido)
Caçar o lobisomem, para obrigar ele contar onde está esse coração (Lucas sai espantado). Eu
não posso, ele é meu amigo.

Joelma - Amigo? Amigo? Ah! Não, não posso deixar meu filho ser amigo de um lobisomem.
(dramática) Eustáquio, fale com seu filho.

Eustáquio - Meu filho, sabe como é sua mãe, você não pode ter um amigo como um
lobisomem, o que as pessoas irão pensar?

Joelma - Você precisa respeitar a sua família, onde já se viu, meu filho, amigo de um monstro!

Julião - Mãe, um amigo sempre é aquele que te ajuda e não te abandona, que te respeita e te
aceita como você é.

Angela - A mamãe disse que a gente não precisa de amigos!

Julião - Eu preciso, eu tenho amigos! (vai saindo)

Joelma - Se você for até ele, não fará mais parte desta família!

Julião - Mãe? Pai? Angela? (todos permanecem em silêncio) Até mais! (sai)

Joelma - (gritando) Eustáquio! faça alguma coisa!

Eustáquio - eu preciso de ajuda, meu xuxuzinho!

Joelma - Tudo eu, tudo eu! Vem Angela, com a mamãe! (sai levando a filha, Esustáquio a
acompanha).
Cena X - Monstros descobrem o plano

Lucas - E foi isso que eu vi, ele falou que queria caçar o Felipe!

Felipe - O meu amigo?

Laura - Eu disse que a gente não pode confiar em gente, eles sempre fazem isso.

Amora - Calma gente, vou procurar o feitiço (ainda procurando um feitiço) Como mandar
porquinhos para o espaço, como derrotar a bruxa má do oeste, como transformar peixe em
mamífero, dar botas a gato; não, ainda não é isso. (Julião entra)

Julião - Oi. (vai abraçar os amigos)

Lucas - Paro! Paro! Parado ai! Eu ouvi tudo! Sabemos do seu plano de caçar o Felipe.

Julião - Não, é que…

Laura - Eu nunca imaginei que você poderia fazer isso.

Julião - Vocês não estão entendendo, é que…

Felipe - Eu confiei em você, eu te chamei de amigo.

Julião - Será que…

Amora - Encontrei! Esse feitiço faz as pessoas falarem somente a verdade, se estiverem
mentindo elas começam a se coçar!

Julião - Pessoal, eu queria poder…

Lucas - Pode falar, seu… seu… “Gente”.

Julião - Eu estou tentando falar, mas…

Felipe - Estamos te ouvindo.

Julião - É que…

Laura - É que o quê?

Julião - (gritando) Eu quero falar!

Todos - Não precisa gritar!

Julião - Me desculpem! É verdade que minha mãe queria caçar o Felipe para tirar dele o
segredo, ele iria revelar onde está o tal coração que o Tio Gerúndio fala na carta que deixou
pra mamãe.

Felipe - Coração?

Julião - Sim, ele diz que ela pode ficar com esta casa se encontrar o coração. Desde que leu a
carta ela fica procurando e procurando, comodo por comodo, mas ainda não encontrou nada,
ainda.
Felipe - Eu nem sei de que coração ele estava falando!

Lucas - Amora! precisamos saber se o Julião está falando a verdade!

Amora - Oi, que foi?

Lucas - Que tal usar o seu feitiço da verdade para sabermos se podemos confiar no Julião?

Amora - Ah! Não sei. Vocês sabem que nenhum feitiço deu certo até hoje, todos eles são um
desastre.

Laura - mas o que pode acontecer?

Amora - sei lá! talvez de errado e eu transforme ele em um gato, gago, mudo, corvo, fumaça
ou até em um jumento!

Laura - Amora, pode tentar?

Amora - Não sei.

Felipe - Por favor!

Amora - Tudo bem! (começa o feitiço) Abracadabra, xistomisto, corre cotia, na casa da tia,
estererofilingo, xistolosflérico, corre feitiço seguindo o plano, atinjindo o plano atmosférico,
corre e voa em pé de vento, somente a verdade e nenhuma palavra de corrupto nojento.
(pausa) só uma gota deste líquido extraído da luz do Sol (pinga e espera a explosão, nada
acontece). Abracadabra, xistomisto.

Laura - Deu certo?

Amora - Não sei.

Lucas - (pegando o frasco) Toma! (para o Julião).

(Começa o suspense, a cena ganha um tom de suspense até que ele toma o líquido, muita
fumaça)

Felipe - E então?

Amora - Talvez ele tenha virado fumaça.

Lucas - Calma! Eu estou vendo ele.

Julião - Eu estou aqui pessoal!

Laura - Saberemos agora se ele disse a verdade ou não! Vai, Julião, diz a verdade ai, mermão!

Julião - A minha mãe queria caçar o Felipe para tirar dele o segredo, ela queria saber do tal
coração que o Tio Gerúndio fala na carta. E eu, não concordo. Quero ser amigo de vocês, eu só
aprendi o que é amizade aqui; aprendi com você, Felipe. (abraça Felipe que aos poucos vai
abraçando também).

Laura - (para Amora) Ele falou a verdade? (entra a família de Julião)


Cena XI - final

Joelma - Parem agora com isso!

Angela - É, parem.

Eustáquio - Isso! (a parte) Ai, ai! Pra que tudo isso?

Joelma - (ameaçadora) Eu não gosto de vocês, não quero vocês morando na minha casa, não
quero monstros amigos do meu filho!

Eustáquio - Calma meu benzinho, olha o coração.

Joelma - E eu quero vocês fora daqui! (grita) Fora! Eu ganhei esta casa e vou derrubá-la para
construir o que será o Joelma Palace!

Tio Gerúndio - (em off, em som fantasmagórico) Calma, calma! Vai parando aí! (abrindo o baú,
em som normal) Pode estar parando, meu docinho de limão, mais azedo do que doce! Não
está sendo hora do pastel! Está sendo a hora da charada: Campo grande e gados miúdos, moça
formosa e um homem carrancudo! O que pode estar sendo isso? (silêncio) (ri), essa esta sendo
mesmo muito difícil! (voltando) Mas estavamos falando sobre o que? Ah, sim! A casa não
poderá estar sendo sua Joelminha, minha sobrinha! você não conseguiu estar encontrando o
coração.

Joelma - (falando como uma criança com medo) Tio ... titio?

Tio Gerúndio - Você queria estar destruindo esta casa para estar fazendo o seu shopping?

Joelma - Não!

Lucas - Sim! Ela falou que sim, quer ver? (ela toma o líquido da verdade, muita fumaça)

Felipe - (para Joelma) o Tio Gerúndio está mentindo?

Joelma - (tentando mentir) siii, siii… siiii….(começando a se coçar) não!

Tio Gerúndio - Então, pode estar dizendo a verdade, por favor? Meu docinho de limão.

Joelma - Não, é que (começa a se coçar), Eu vou falar, eu vou falar! Sim, eu queria mesmo
destruir esta casa. Eu queria fazer o meu shopping. As pessoas ficam felizes quando compram
roupas, jóias e coisas, qualquer coisa. Pelo menos eu fico super feliz.

Tio Gerúndio - Este pode estar sendo o seu problema, é por este motivo que você não esteva
conseguindo encontrar o seu coração. Quando a gente anda correndo de um lado para o
outro, as horas podem estar passando, assim como os dias podem também não estar parando
e desta forma a gente acaba começando a esquecer o que deve sempre ser importante.
Nossos amigos! Mas, entre vocês, alguém esteve encontrando o coração que lhe faltava.

Todos - Quem?

Tio Gerúndio - Julião.


Julião - Eu?

Tio Gerúndio - Isso, quando você deixou Felipe te estar abraçando, acendeu em você a chama
da amizade. Ela sempre pode estar sendo como um farol para te guiar nos seus caminhos,
trazer bons sentimentos e ótimas emoções. Então, Julião, a casa pode estar sendo sua, pois
você esteve encontrando sem nem mesmo buscar o seu coração.

Joelma - Filho! (envergonhada) Me desculpe, eu espero que possa me perdoar. Agora eu


entendo o que o Tio Gerúndio sempre disse, mesmo enquanto era vivo. O amor sempre nos irá
transformar, nos torna pessoas melhores, depende somente de nós.

Angela - Eu quero um coração de estimação mamãe! (Felipe abraça Joelma e Julião abraça
Angela). Ai! que isso.

Julião - Um abraço!

Angela - Gostei, gostei de abraços! (todos da família se abraçam).

Julião - Mamãe, eu acho que não precisamos destruir esta casa, não é? O Tio Gerúndio sempre
a amou tanto, e esta casa hoje, serve também de abrigo para aqueles que não tem onde
morar; acredito que poderemos deixar com que os nossos novos amigos continuem morando
aqui e a gente volta pra casa.

Eustáquio - É... nós não temos mais casa para voltar meu filho, eu vendi!

Joelma - Você o que? (gritando) Eustáquio!

Eustáquio - Calma, calma, em violência olha as crianças, olha o coração, meu xuxuxinho!

Amora - Quer dizer que o feitiço funcionou?

Laura - Dã, não tá vendo? Deu certo, sim!

Lucas - Funcionou muito bem! parabéns Amora!

Amora - Eu consegui!

Tio Gerúndio - Ótimo! Eustáquio, Joelma, Angela e Julião, então, podem estar morando aqui,
conosco! O que devem estar achando desta ideia?

Eustáquio - Otima ideia, ótima ideia.

Joelma - Fazer o que não é?

Lucas - aproveitando que estamos aqui, resolvendo nossas questões. Tio Gerúndio está
estudando livro que te dei?

Tio Gerúndio - sim! Inclusive já posso estar bem melhor. O livro se chama: (pegando o livro)
português para quem já morreu, ensino básico para fantasmas.

Laura - muito bem Tio Gerúndio, como o senhor sempre disse: evoluir sempre, desistir jamais
e nunca…
Todos - é tarde para aprender.

Tio Gerúndio - Minha sobrinha, Joelminha do coração. Tudo pode estar sendo um treino, fazer
o bem também deve estar sendo praticado para ser natural e eu posso estar te ensinando a
enxergar com o coração.

Julião - enxergar com o coração?

_ como o coração enxergar

Tio Gerúndio - Posso estar sonhando

Mas eu sonho e quem sonha realiza

Quem sonha junto, sonha com amor

Quero ser um passarinho e sonhar como condor.

Sonhar com um mundo melhor,

onde possa estar existindo mais alegria

Possa estar existindo mais humildade, sinceridade e amor;

E eu posso estar te ensinando, eu posso estar educando

Digo: eu posso ensinar e eu posso educar como prosseguir,

E como caminhar;

basta se permitir sonhar

Se permitir amar e

com o coração enxergar.

Eustáquio - Sonhos são para serem realizados

e ninguém pode dizer que vocês estão errados.

O amor e a amizade sempre poderão nos ajudar,

nos conduzir e nos guiar.

Basta se permitir sonhar,

Se permitir aprender,

Se permitir mudar e

Com o coração enxergar.


Joelma - Medos são para serem vencidos,

lute com a força de um guerreiro,

acorde o que em você está adormecido,

acenda a chama do amor e da amizade,

Creia na confiança, confie na humanidade;

assim você poderá seguir e caminhar,

Basta se permitir sonhar,

Se permitir aprender,

Mudar, não ser um desastre!

Nunca mais sua bondade abalar,

Só basta com o coração enxergar.

Todos - Você tem medo de quê?

Laura - Eu tenho medo de ficar sem amigos,

eu tenho medo de não amar.

Lucas - Tenho medo de não caminhar,

de não ser o que preciso para o mundo mudar.

Felipe - Só depende de você, e então,

o amor e a amizade, nossos bons sentimentos irão vencer!

Florescer, crescer

Amora - Só depende de você!

Todos - Somente a amizade pode acender a luz no nosso caminhar,


como um farol sempre a nos guiar,

quando está triste e não tem ninguém pra conversar,

quando você não consegue mais sorrir e só chorar.

Sempre vai existir um amigo estendendo a mão,

para dizer que o mundo pode ser melhor

independente da situação.

Um amigo nos ajuda e nos fala a verdade,

vive por por ele e divide com a gente;

nos mostra a alegria, nos ensina a não ter medo de gente!

E todos os nossos sonhos se tornam realidade.

Basta não deixar vencer a maldade,

E encontrará no seu coração a felicidade!

Sempre vai existir um amigo estendendo a mão,

para dizer que o mundo pode ser melhor independente da situação.

Joelma, Eustáquio e Lucas - um amigo te acalma e te abraça! Te apoia e nunca vai te


abandonar.

Todos - Nunca vai te abandonar!

Mas antes eu preciso perguntar!

Você ainda tem medo de gente?

Julião e Felipe - Se você cair,

É a gente quem vai te levantar!

Julião - Eu vou te levantar, se você chorar,

Felipe - suas lágrimas enxugar.


Todos - Nunca vai te abandonar!

Mas antes eu preciso perguntar!

Você ainda tem medo de gente?

Todos - É tão bom ter um amigo, é tão bom ter um amigo!

Tio Gerúndio - Não está sendo hora do pastel! Está sendo a hora da charada: Campo grande e
gados miúdos, moça formosa e um homem carrancudo! O que pode estar sendo isso?
(silêncio) (ri), ninguém? ninguém? (Ri) ah! Desculpe, eu estou atrapalhando a música, né!

Todos - Eu sei que você pode seguir em frente,

eu sei que você confia na gente.


Mas confie também si mesmo,

siga em frente, vença os medos.

Terei sempre minha mão estendida,

terei sempre meu coração aberto

e um grande abraço para se sentir acolhida;

Eu estarei sempre aqui para te ajudar!

Quando você não confiar mais em você

eu estarei aqui para te ajudar!

Quando precisar de carinho, amigo e compreensão

eu estarei aqui para te ajudar!

As vezes parece que não estamos aqui,

Mas sempre existe uma mão estendida para te levantar, quando precisar.

Quem tem amigo tem um tesouro, para ser guardado no coração.

Um abraço, sempre pode aquecer os sentimentos e bons pensamentos

só podem trazer uma boa ação.

Terei sempre minha mão estendida, terei sempre meu coração aberto

e um grande abraço para se sentir acolhida;

Eu estarei sempre aqui para te ajudar!

Só você pode fazer esse mundo ser diferente!


A esperança do mundo está, em você!

Então, pra quê? Pra que ter medo de gente?

Tio Gerúndio - (toca um dispertador) Esta sendo a hora do pastel! (black out)

(Entra Joelma trazendo pastéis)

Joelma - olha o pastel!

_Agradecimento.
Mas sempre existe uma mão estendida para te levantar, quando precisar.

Quem tem amigo tem um tesouro, para ser guardado no coração.

Um abraço, sempre pode aquecer os sentimentos e bons pensamentos

só podem trazer uma boa ação.

Terei sempre minha mão estendida, terei sempre meu coração aberto

e um grande abraço para se sentir acolhida;

basta com o oração enxergar!

Eu estarei sempre aqui para te ajudar!

Só você pode fazer esse mundo ser diferente!

A esperança do mundo está, em você!

Quem tem medo de gente?

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