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Florianópolis
2016
ANTONELLA SPINELLI PACIELLO
Orientador: Prof. Aldo Nunes da Silva Jr., Major da Polícia Militar do Estado de Santa
Catarina e Professor de Direito Penal e Processual Penal na UNISUL
Florianópolis
2016
Dedico este trabalho aos meus pais, por todo
amor que me ofereceram ao longo de suas
vidas. Ao meu namorado, por me incentivar e
apoiar a todo momento. Aos meus familiares,
pelo carinho costumeiro.
AGRADECIMENTOS
O trabalho busca analisar a questão da rasura com a finalidade de alterar fato juridicamente
relevante e sua tipificação no Direito Penal. A falsificação de documento é incriminada, pois
viola a fé pública, bem juridicamente relevante que diz respeito à veracidade de certidões e
documentos. O Código Penal Brasileiro tipifica a falsificação de documento público (art. 297
do CP), a falsificação de documento particular (art. 298 do CP), a falsidade ideológica (art. 299
do CP) e o uso de documento falso (art. 304 do CP). Os artigos 297 e 298 do CP criminalizam
a falsificação ou alteração de documento, seja ele público ou particular. Por vezes esbarra-se
em conflitos aparentes dessas normas penais, havendo para isso princípios a serem aplicados:
especialidade, subsidiariedade, consunção e alternatividade. A rasura em documento, tema do
trabalho, pode ser grosseira ou idônea. Caso seja grosseira e não engane a coletividade,
caracteriza-se o crime impossível (art. 17, CP) ou o estelionato (art. 171, CP), quando o agente
induz ou mantém outrem em erro. A rasura idônea, no entanto, é entendida pela doutrina e pela
jurisprudência majoritária como falsidade material. Isso se dá porque esta falsidade concerne
ao exterior do documento, necessitando de perícia para sua certificação. A rasura, portanto,
configura alteração no documento, elemento do tipo penal de falsificação de documento público
ou particular.
Palavras-chave: Rasura. Falsidade Material. Falsidade Ideológica.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9
2 DA FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO ....................................................................... 12
2.1 HISTÓRICO ....................................................................................................................... 12
2.2 CONCEITO DE DOCUMENTO ....................................................................................... 16
2.2.1 Falsificação de documento público .............................................................................. 17
2.2.2 Falsificação de documento particular .......................................................................... 19
2.3 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..................................................................................... 21
2.4 FALSIFICAÇÃO SEGUIDA DO USO DO DOCUMENTO FALSO .............................. 22
2.5 CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA .......................................................................................... 23
3 DA FALSIDADE IDEOLÓGICA ...................................................................................... 26
3.1 CONCEITO ........................................................................................................................ 27
3.2 DISTINÇÃO ENTRE A FALSIDADE MATERIAL ........................................................ 28
3.3 REQUISITOS DA FALSIDADE IDEOLÓGICA ............................................................. 29
3.4 USO DE DOCUMENTO FALSO (ART. 304) .................................................................. 30
3.5 CONFLITO APARENTE DE NORMAS .......................................................................... 32
3.5.1 Princípios aplicáveis ao conflito aparente de normas ................................................ 34
3.6 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..................................................................................... 36
3.7 CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA .......................................................................................... 37
4 A RASURA EM DOCUMENTO COM O FIM DE ALTERAR FATO
JURIDICAMENTE RELEVANTE ...................................................................................... 38
4.1 ANÁLISE DOUTRINÁRIA .............................................................................................. 39
4.2 ANÁLISE JURISPRUDENCIAL ...................................................................................... 41
4.2.1 A rasura como falsidade ideológica ............................................................................. 41
4.2.2 A rasura como falsidade material ................................................................................ 43
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 50
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 52
9
1 INTRODUÇÃO
2 DA FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO
Toda vez que alguém, por exemplo, falsifica um documento público, isto é, cria
materialmente um documento semelhante ao verdadeiro, há uma quebra nessa
confiança geral, isto é, na crença de que os documentos emitidos pelo Poder Público
são legítimos. [...] as pessoas, assim, passam a desconfiar da presunção de veracidade
dos documentos, o que ocasiona verdadeira insegurança jurídica.
Por este motivo existe a tutela do objeto “fé pública”, que por vezes se estende de
forma secundária a outros interesses, como por exemplo no crime de moeda falsa, em que se
protege inclusive o patrimônio do sujeito passivo que porventura venha a receber a contrafeita
moeda. (JESUS, 2012, p. 37).
2.1 HISTÓRICO
Não havia, contudo, distinção na lei entre falsidade pública e falsidade documental. (PRADO,
2008, p. 328).
Posteriormente, no Século VI, o Código Visigótico (Codex Legum Visigothorum),
previa como tendo efeitos jurídicos determinados documentos e vigeu na Península Ibérica,
influenciando os germânicos, principalmente os visigodos. (GUERREIRO, 2014, p. 2).
O Título V - Livro II do referido Código estipulava “[...] sanções para quem
falsificasse assinaturas ou documentos, por vontade própria ou mediante coação.”
(GUERREIRO, 2014, p. 3)
Ainda sobre o Código Visigótico:
Ora, perante a contemplação destes comportamentos num diploma que geria a ordem
pública, é evidente que a preocupação com os documentos que entravam em
circulação na esfera jurídica já se fazia sentir, especialmente os contratos e toda a
legislação que dissesse respeito à família (GUERREIRO, 2014. p. 3)
[...] do (sic) título XXXVIII sob a epígrafe ‘Do que ufa de Efcripturas ou Teftemunhas
falfas fem cometendo alguma falfidade’, já era legislado, ainda que de forma muito
superficial, sobre o que nos dias de hoje se considera o crime de Falsificação ou
Contrafação de Documento. (GUERREIRO, 2014. p. 4).
Art. 167. Fabricar qualquer escriptura, papel, ou assignatura falsa, em que não tiver
convindo a pessoa, a quem se attribuir, ou de que ella ficar em plena ignorancia.
Fazer em uma escriptura, ou papel verdadeiro, alguma alteração, da qual resulte a do
seu sentido.
Supprimir qualquer escriptura ou papel verdadeiro.
Usar de escriptura, ou papel falso, ou falsificado, como se fosse verdadeiro, sabendo
que o não é.
Concorrer para a falsidade, ou como testemunha, ou por outro qualquer modo.
Penas - de prisão com trabalho por dous mezes a quatro annos, e de multa de cinco a
vinte por cento do dano causado, ou que se poderia causar. (BRASIL, 1830).
[...] no Título V, Capítulo II, tratando das falsidades no âmbito da tutela da fé pública,
já conferia tratamento diferenciado às falsidades de documentos públicos e
particulares, contemplando-as em seções distintas e, estranhamente, impondo penas
geralmente mais severas à falsificação de documentos privados. (PRADO, 2008, p.
328).
Abrem-se parênteses para mencionar que o referido Código fora escrito às pressas,
sendo esta a causa para o excesso de falhas e penas severas, culminando com a apresentação de
um novo projeto de Código apenas três anos depois. (CUANO; CUANO, 2001).
Destarte:
Por muito tempo as idéias (sic) de reformas ficaram sem êxito, e o Código foi
acrescendo de alterações e aditamentos, para sanar-lhes os defeitos, completá-lo às
novas condições práticas e cientificas. Essas leis esparsas retificadoras ou
complementares do Código, o desembargador Vicente Piragibe, complicou (sic) e
sistematizou em um corpo de disposições que denominou Consolidação das Leis
Penais, tornando oficial, por Decreto de 14 de dezembro de 1932.
(CUANO; CUANO, 2001).
que o constitutum tenha sido redigido nas dependências da chancelaria pontifícia por volta de
meados do século VIII, para fornecer uma base pseudo legal às pretensões papais ao poder
temporal”.
Prosseguindo nas falsidades documentais históricas, há ainda a divisão do Novo
Mundo entre Espanha e Portugal através do Tratado de Tordesilhas. O já citado artigo de Franco
discorre a respeito da falsidade de autenticação do Tratado, tendo em vista que um pesquisador
descobriu ser falso o selo autenticador deste documento. Explica: “Isso porque o exemplar
encontrado em Santos, no Mosteiro do Carmo, revela que o selo aplicado a via arquivada na
Torre do Tombo é de Jaime, o Conquistador, que viveu no século XIII, dois séculos antes [...].”
(FRANCO, 1997, p. 229).
Episódio bastante lembrado no histórico brasileiro é o das cartas falsas atribuídas a
Artur Bernardes, que resultou em uma celeuma entre o então candidato à presidência e os
militares. Franco esclarece que a carta continha tratamento rude para com os militares e ainda
referência ao ex-presidente Hermes da Fonseca como “sargentão sem compostura”. (FRANCO,
1997, p. 229)
Tendo em vista a negação de autoria de Artur Bernardes, a carta fora submetida à
exames grafotécnicos, os quais divergiram em relação à falsidade. Segundo Franco,
Para reforçar seu instrumental defensivo, Artur Bernardes obteve de Rui Barbosa
parecer opinando pela falsidade, com base em presunções estritamente jurídicas, tais
como o de que só merece ser questionado o documento suspeito de falsidade se tiver,
pelo menos, procedência aceitável. (FRANCO, 1997, p. 230).
Tal explicação é corroborada por Estefam, ao dizer que “[...] a conduta ‘falsificar’
tem o sentido de fabricar, contrafazer, formar”, já “[...] a conduta ‘alterar’ tem o sentido de
modificar documento verdadeiro, quer nele introduzindo dizeres, quer os subtraindo, de modo
que o documento não seja mais o primitivo.” (ESTEFAM, 2008, p. 314).
No entanto, “[...] é preciso que o documento sobre o qual incide a conduta do sujeito
seja verdadeiro. O documento já previamente falso não pode ser objeto do crime, porque nova
falsificação em documento que já era falso é inócua.” Porém, caso o autor do delito aperfeiçoe
a falsificação anteriormente inócua, permitindo que esta seja apta a enganar terceiros, o crime
se torna então penalizável. (PRADO, 2008, p. 320).
Nesta seara, “[...] caso o documento criado ou modificado não imite a verdade, mas
ainda sim cause dano patrimonial, é possível falar em outro crime, como estelionato.” (GIRÃO,
2012, p. 121).
Para motivos de classificação dos documentos públicos, a doutrina os divide em
formal e substancialmente público ou formalmente público, mas substancialmente privado.
Capez esclarece que esta distinção se dá basicamente pela natureza do conteúdo destes
documentos. (CAPEZ, 2012, p. 370).
Embora ambos sejam emanados por funcionário público, o documento
substancialmente público possui um conteúdo de natureza pública. O documento
substancialmente privado, no entanto, possui conteúdo de natureza particular (interesses
particulares). (CAPEZ, 2012, p. 370-371).
Importante salientar que a própria Lei elenca os documentos públicos por
equiparação (art. 297, §2º), quais sejam: o documento público emanado de entidade paraestatal,
o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros
mercantis e o testamento particular.
São também documentos públicos “[...] os traslados, fotocópias com autenticação
e as certidões.” (JESUS, 2012, p. 83). Porém, “[...] as cópias não autenticadas (fotocópias,
xerox), no plano criminal, não são consideradas documentos”. (JESUS, 2012, p. 83).
Concernente ao sujeito ativo do delito, este pode ser qualquer pessoa, visto que a
falsificação de documento público se trata de crime comum. A exceção se encontra no §1º do
19
art. 297, que trata do funcionário público no exercício de sua função. (ESTEFAM, 2008, p.
313).
Desta forma, “[...] no caso de ser o agente funcionário público e cometer o delito
prevalecendo-se de tal condição” haverá “[...] a exasperação de sexta parte da pena, por força
do §1º”. Já “as condutas incriminadas tanto no caput quanto nos §§ 3º. e 4º. do artigo 297 são
punidas com reclusão, de dois a seis anos, e multa. (PRADO, 2008, p. 324).
“Questão de interesse neste delito é a do concurso eventual de agentes, pois são
coautores do crime os intermediários entre o falsificador e o destinatário do documento
falsificado.” (GIRÃO, 2012, p. 121).
Quanto a análise do sujeito passivo, este é o Estado, detentor da Fé Pública tutelada.
Em decorrência desta legitimidade, a ação penal é pública incondicionada à manifestação da
vítima. (PRADO, 2008, p. 324).
Não se afasta, entretanto, a inclusão do “[...] particular eventualmente prejudicado
pelo documento público falsificado” no polo passivo. (ESTEFAM, 2008, p. 313).
O momento consumativo do delito merece análise, já que existem duas correntes
doutrinárias divergentes a esse respeito.
A primeira defende que a consumação se dá no momento da falsificação,
independente de resultado posterior. “Para a segunda, o uso que faz surgir o dano potencial é o
único apto a consumar o delito.” (GIRÃO, 2012, p. 121).
Por fim, a cominação da pena deste delito é de 2 (dois) a 6 (seis) anos, além da
multa, sendo esta aplicada em conjunto com a pena privativa de liberdade. Tendo isto em vista,
o procedimento é ordinário, não cabendo competência aos Juizados Especiais Criminais.
(GIRÃO, 2012, p. 122).
No mesmo sentido,
Visto que os crimes contra a fé pública abalam uma crença que a população tem
perante a veracidade dos documentos, a consumação destes delitos independe de prejuízo para
a vítima. Desta forma, caracterizam-se estes crimes como formais, e “[...] o eventual dano a
bens jurídicos individuais (liberdade pessoal, patrimônio etc.), provocado pela falsificação,
aberra da órbita do crime, e, por isso, não é requisito da consumação.” (AMARAL, 2000, p.
111).
Defendendo a existência de tentativa para os crimes formais, Sylvio do Amaral
explicita que “[...] o que propicia a concepção do conatus não é o fato de tratar-se de crime de
resultado, mas o de ser delito que se desenvolve através de um iter criminis, e este requisito é
contradiço também em crimes formais, como se sabe.” (AMARAL, 2000, p. 112-113).
Em consonância com este pensamento encontra-se Capez (2012, p. 373) ao dizer
que “[...] o conatus ocorrerá se, por exemplo, o agente, estando no início do processo de
22
formação da escritura pública falsa, tendo preenchido apenas algumas linhas, é surpreendido
por terceiro.”
O autor Sylvio do Amaral conclui que, com “[...] exceção da forma omissiva da
falsidade ideológica e dos crimes de uso de documento falso (que se aperfeiçoam com o
primeiro ato de uso), todos os crimes de falso, embora formais, admitem juridicamente a
tentativa”. (AMARAL, 2000, p. 115).
Em decorrência deste pensamento, Sylvio compara ainda, em nota de rodapé de sua
doutrina, os crimes de dano com os crimes de falso:
Ora, assim como em relação aos crimes de dano a tentativa ocorre no momento em
que para o bem jurídico atacado criou-se um perigo de dano, assim também,
paralelamente, para os crimes que se aperfeiçoam com a só possibilidade de prejuízo
(como a falsidade documental), é possível definir como tentativa a ação que chega a
representar um perigo de criar-se aquela possibilidade (o chamado perigo de perigo).
(AMARAL, 2000. p. 115).
Capez atenta para o fato de que “[...] é necessário que a falsificação seja apta a iludir
terceiro, que tenha potencialidade ofensiva, pois, se grosseira, absolutamente idônea a enganar,
não haverá o crime em questão.” (CAPEZ, 2012, p. 373).
Todavia, há divergência doutrinária a respeito do tema, sendo que a posição
favorável à existência de tentativa defende a natureza plurissubsistente do delito. Para a posição
contrária, “[...] é juridicamente impossível a tentativa do delito porque já se cuida de delito de
perigo, sendo que o ato anterior que não chega a causar perigo é irrelevante para a punição
penal.” (GIRÃO, 2012, p. 121).
Contudo, há consenso no sentido de que este crime é formal, sendo irrelevante a
produção de resultado danoso para a sua consumação, competindo à próxima seção a análise
do delito caso o agente que falsificou use o documento falso.
Crime comum, tanto no que diz respeito ao sujeito ativo quanto ao sujeito passivo;
doloso (não havendo previsão para a modalidade de natureza culposa); comissivo
(podendo, também, nos termos do art. 13, §2º, do Código Penal, ser praticado via
omissão imprópria, na hipótese de o agente gozar do status de garantidor) e omissivo
próprio (§4º do art. 297); de forma livre (caput) e de forma vinculada (§§ 3º e 4º);
instantâneo; monossubjetivo; plurissubsistente; não transeunte. (GRECO, 2016, p.
594).
Trata-se de crime formal (que não exige resultado naturalístico para sua consumação),
comum (que não exige qualidade ou condição especial do sujeito), de forma livre (que
pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo agente), instantâneo de efeitos
permanentes (consuma-se de pronto, mas seus efeitos perduram no tempo),
unissubjetivo (que pode ser praticado por um agente apenas), plurissubsistente (crime
que, em regra, pode ser praticado com mais de um ato, admitindo, em consequência,
fracionamento em sua execução). (BITENCOURT, 2009, p. 324).
É certo que não se concebe a tentativa nos delitos que unico actu perficiuntur, mas
não é exato que todos os crimes formais sejam dessa natureza, pois há muitos que se
compõem de vários atos. O que identifica o crime formal não é a sua eventual
unissubsistência, mas a desnecessidade legal de resultado para a consumação: pode
25
Para esclarecer, o crime formal “[...] não exige a produção do resultado para a
consumação do crime, embora seja possível a sua ocorrência” (CAPEZ, 2012, p. 288) e o crime
plurissubsistente “[...] é aquele que exige mais de um ato para sua realização.” (CAPEZ, 2012,
p. 290).
Após análise sobre a importância da tutela da fé pública, o conceito de documento,
os crimes de falsificação de documento público e privado, suas tentativas, consumações e
classificações, encerra-se o estudo da falsidade material para adentrar, no capítulo seguinte, no
estudo da falsidade ideológica.
26
3 DA FALSIDADE IDEOLÓGICA
1
Artigo 299 do Código Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em: 9 maio 2016.
27
3.1 CONCEITO
a forma do documento, alterando a ideia que este transmite (conteúdo falso). (BITENCOURT,
2008, p. 328).
Após a análise da distinção entre os dois tipos de falsidade (material e ideológica),
segue-se para a próxima seção, que tem o intuito de identificar os requisitos da falsificação
ideológica.
Com efeito, a falsidade somente adquire importância penal se for realizada com o fim
de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
relevante. Não ocorrendo qualquer dessas hipóteses, é de reconhecer a falta de justa
causa para a ação penal, pois se trata de conduta atípica (BITENCOURT, 2008, p.
328).
Damásio explica ainda que “[...] assim, são insuficientes à configuração delitiva a
vontade e a consciência de lesar a fé pública com a prática do falso”, o autor deve ter a intenção
de prejudicar outrem para caracterizar o delito. (JESUS, 2012, p. 40-41).
Conforme introduzido nesta seção, existem três verbos do tipo penal que
especificam a conduta. Estes verbos nada mais são do que as modalidades do crime de
falsificação ideológica.
Analisa-se inicialmente a modalidade de “[...] omitir, em documento público ou
particular, declaração que dele devia constar”, que caracteriza, como o próprio verbo alude,
uma conduta omissiva. (ANDREUCCI, 2013, p. 473).
Posteriormente há a modalidade de “[...] inserir, em documento público ou
particular, declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita” e a modalidade de “[...] fazer
inserir, em documento público ou particular, declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita”. Ambas caracterizam uma modalidade comissiva. (ANDREUCCI, 2013, p. 473).
Capez (2012, p. 388) corrobora com este entendimento e ainda acrescenta que o
delito em tela é crime de ação múltipla, possuindo várias ações nucleares do tipo penal. A
primeira é a de “omitir declaração,” que classifica como de falsidade imediata, “[...] pois o
agente que forma o documento é o mesmo que omite a informação."
30
[...] não é, porém, imprescindível que o usuário aja com o mesmo objetivo que animou
o autor do falsum. Assim, especialmente nas hipóteses dos arts. 299 e 301, pode
31
acontecer de usar o agente o documento falso sem consciência do dolo específico que
inspirou a ação do falsário (no primeiro exemplo) ou das particulares qualidades do
atestado ou da certidão (no segundo caso). (AMARAL, 2000, p. 166-167).
O uso de documento falso ficou desta forma demonstrado pelo dolo (apesar da
demonstração de jurisprudências em sentido contrário) e pela necessidade de a falsificação ser
apta a iludir a outrem. Na seção que segue, conceitua-se os delitos de falsidade material,
ideológica e uso de documento falso, e discute-se os conflitos aparentes de normas e os
princípios existentes para saná-los.
Sucinto, Mirabete esclarece que o conflito aparente de normas ocorre “[...] quando
a um mesmo fato supostamente podem ser aplicadas normas diferentes, da mesma ou de
diversas leis penais.” (MIRABETE, 2010, p.106).
A importância de se afastar esse conflito é decidir qual norma incriminadora deve
ser aplicada ao fato concreto, para que estas normas não atuem sobre o mesmo caso e
consequentemente afetem o princípio do non bis in idem. (MIRABETE, 2010, p. 106).
Corrobora Damásio:
Damásio orienta que o conflito aparente de normas não se confunde com concurso
material de crimes, pois “neste existe concorrência real de normas: há violação de várias normas
ou violação sucessiva da mesma lei repressiva”. Já no conflito aparente de normas, “[...] a
prática delituosa única se amolda a várias normas repressivas, mas estas possuem entre si
relação de hierarquia ou dependência, de forma que somente uma é aplicável.” (JESUS, 2012,
p. 149-150)
33
esfera dos artigos 299 e 297, sendo tipificado especificamente pela doutrina pátria no artigo
301. (AMARAL, 2000, p. 89).
a) Princípio da especialidade
Damásio preleciona que uma norma é especial quando elenca todos os elementos
do tipo de uma norma geral e ainda acrescenta outros (de natureza objetiva ou subjetiva),
especializando e consequentemente aumentando a severidade desta. (JESUS, 2012, p.152).
Prossegue o autor a respeito da desnecessidade de confronto concreto entre as leis
do conflito aparente de normas: “[...] a prevalência da norma especial sobre a geral se estabelece
in abstracto, pela comparação das definições abstratas contidas nas normas.” (JESUS, 2012 p.
150).
E sentencia:
Este princípio se difere dos seguintes por estabelecer um confronto em abstrato das
leis, enquanto os outros dependem de uma comparação em concreto das normas definidoras de
um mesmo fato. (JESUS, 2009, p. 108-109)
b) Princípio da subsidiariedade
c) Princípio da consunção
Mirabete sintetiza este princípio dizendo que “[...] consiste na anulação da norma
que já está contida em outra; ou seja, na aplicação da lei de âmbito maior, mais gravemente
apenada, desprezando-se a outra, de âmbito menor.” (MIRABETE, 2010, p. 107).
Reitera Fernando Capez que “há uma regra que auxilia na aplicação do princípio da
consunção, segundo a qual, quando os crimes são cometidos no mesmo contexto fático, opera-
se a absorção do menos grave pelo de maior gravidade.” (CAPEZ, 2012, p. 98).
Colhe-se jurisprudência que exemplifica o princípio da consunção:
Pode-se então notar que este princípio é aplicado pela jurisprudência no crime de
falsificação (artigo 297 do CP) seguida do uso do documento (artigo 304 do CP).
d) Princípio da alternatividade
Todavia, Damásio explica que neste princípio “[...] a norma penal que prevê vários
fatos alternativamente, como modalidades de um mesmo crime, só é aplicável uma vez, ainda
quando os ditos fatos são praticados, pelo mesmo sujeito, sucessivamente.” (JESUS, 2009).
Capez esclarece ainda que o princípio da alternatividade está relacionado aos
“[...]chamados tipos mistos alternativos, os quais descrevem crimes de ação múltipla ou de
conteúdo variado.” (CAPEZ, 2012, p. 99).
Entende-se, portanto, que para haver consumação do delito, o agente deve atuar
com a intenção de contrafazer fato juridicamente relevante, lesar direito ou gerar obrigação.
Quanto à tentativa, ocorre na modalidade comissiva do crime, apesar de haver entendimento no
sentido de que só existe dentro desta modalidade sob a forma de “fazer inserir.”
Por derradeiro, o último capítulo visa esclarecer a premissa deste trabalho, através
da observância dos capítulos anteriores (premissas maiores) para atingir uma solução lógica da
temática.
Inicia-se esta tarefa por meio da conceituação da palavra “rasurar” na língua
portuguesa, conforme se depreende do dicionário: “v.t. Fazer rasura, reduzir a rasuras, raspar,
rabiscar; emendar (a escrita) ”. (DICIONÁRIO ON-LINE, 2016).
Todavia, importa a este capítulo entender a rasura em documento com o fim de
alterar fato juridicamente relevante. “É que a alteração consumada, para fundamentar a figura
delituosa, precisa ser de verdade juridicamente relevante para o agente ou para a vítima, ou para
ambos.” (AMARAL, 2000, p. 65)
O fato juridicamente relevante é aquele que o Estado tutela com o intuito de afastar
qualquer ameaça à coletividade. Capez explica que “[...] nenhuma conduta pode,
materialmente, ser considerada criminosa se, de algum modo, não colocar em perigo valores
fundamentais da sociedade”. (CAPEZ, 2012, p. 29).
Sobre estes valores fundamentais, entende-se que:
Para que haja a relevância jurídica citada, a rasura deve ser apta a iludir o homem
médio. Por homem médio se entende “[...] a coletividade (conceito abstrato, que se representa
pelo homem de inteligência e capacidade de observação estritamente comuns), visto ser a
falsidade crime contra a fé pública, e não contra a fé privada de um ou outro indivíduo.”
(AMARAL, 2000, p. 70)
Denomina-se falsidade grosseira aquela que não engana a coletividade, conforme
se entende:
Somente a falsidade material se constata por perícia, sendo este o motivo pelo qual
vislumbra-se a rasura como falsificação de documento público ou privado. A falsidade
ideológica, por não alterar a integridade física do papel, deve ser comprovada de outras formas.
(JESUS, 2012, p. 39)
Partilha deste entendimento o autor Mirabete quando diz que a falsidade material,
“[...] como crime que deixa vestígios, deve ser demonstrada através do competente exame de
corpo de delito. Somente quando a perícia for impossível, por terem desaparecido os vestígios
ou qualquer outra causa, a prova da materialidade do crime pode ser suprida por testemunhos”.
(MIRABETE, 2009, p. 204)
41
Nesta decisão, o apelante foi denunciado por rasurar atestado médico e pugnou pelo
reconhecimento de falsificação grosseira. A 1ª Turma Criminal afastou a tese e manteve a
condenação pelo crime de falsidade ideológica.
Também reconheceu a falsidade ideológica o julgado infra:
No acórdão supra o acusado fora denunciado pelo crime do artigo 297, caput, do
Código Penal por alterar certificado de registro de veículo, com o intuito de modificar o nome
do comprador disposto no referido documento público.
Posteriormente o veículo em questão foi vendido e, no ato da transferência, agentes
da polícia civil encaminharam o registro (que estava em nome do acusado) para a perícia, a qual
confirmou a adulteração.
Devido a este fato o autor da falsificação foi condenado no juízo a quo à pena de 2
(dois) anos de reclusão pelo incurso na sanção do art. 297, caput do CP. Observando o artigo
44 do Código Penal (das penas restritivas de direito) esta condenação fora substituída por
limitação do final de semana, prestação pecuniária e o pagamento de 10 (dez) dias multa.
Assim, apelou o autor pela inexistência de dolo e prejuízo para o Estado ou terceiros
e, subsidiariamente, pela incidência de erro de tipo e proibição, pois “não sabia que rasurar
documento público verdadeiro é crime.” (SANTA CATARINA, 2015).
A votação unânime do Tribunal foi pelo desprovimento da apelação pois “[...] a
falta de efetivo prejuízo não tem o condão de arredar a culpabilidade do apelante, pois o crime
de alteração de documento verdadeiro é formal, configura-se com a simples alteração.”
(SANTA CATARINA, 2015).
44
Neste diapasão, tem-se Capez conceituando o crime formal: “[...] o tipo não exige
a produção do resultado para a consumação do crime, embora seja possível a sua ocorrência.
Assim, o resultado naturalístico, embora possível, é irrelevante para que a infração penal se
consume.” (CAPEZ, 2012, p. 288).
Quanto a alegação de erro de tipo e de proibição pela defesa, cabe aqui a
conceituação de cada um destes termos, antes mesmo de chegar-se na decisão do acórdão a esse
respeito.
Erro de tipo nada mais é do que a ausência da finalidade típica, “[...] quando o
agente não sabe que está realizando um tipo objetivo, porque se enganou a respeito de um de
seus elementos”. (MIRABETE, 2010, p. 155).
Já no erro de proibição, o agente, “[...] em virtude de uma equivocada compreensão
da norma, supõe permitido aquilo que era proibido”. Este erro é estudado no instituto da
culpabilidade. (CAPEZ, 2012, p. 349).
No entanto, as alegações de erro de tipo e erro de proibição também não foram
acolhidas pelo julgado, “[...] isso porque o conjunto probatório confirma a intenção do apelante,
presente, desta forma, o elemento subjetivo do dolo.” (SANTA CATARINA, 2015).
A rasura restou caracterizada no decisum pela utilização de elementos químicos
para a ocultação de informação e posterior inserção de novo conteúdo. Após, tipificou-se a
rasura no artigo 297 do CP, a então falsidade material.
Apenas para enfatizar o entendimento acerca da desnecessidade de dano no crime
formal que é a falsificação de documento público:
Neste caso, o Ministério Público ofereceu denúncia contra o apelante, incurso nas
sanções do artigo 297 do Código Penal, por apresentar carteira de habilitação com categoria
diversa daquela permitida originalmente.
No momento da apresentação do documento para renovação, a funcionária da
Delegacia Regional de Polícia visualizou a alteração e encaminhou a CNH para análise pericial.
Comprovou-se que o autor rasurou a categoria “C” (caminhão) para que se assimilasse à
categoria “A2” (motocicleta).
O denunciado inconformou-se com sua condenação, que inicialmente foi a pena de
dois anos de reclusão em regime aberto e pagamento de 10 (dez) dias multa, posteriormente
substituída (art. 44, CP, das penas restritivas de direitos) por prestação de serviço à comunidade
e suspensão por 2 (dois) anos da habilitação para dirigir qualquer tipo de veículo.
Recebendo a apelação o TJSC não acolheu a tese defensiva de “falsificação
grosseira”, porque somente após a constatação da escrivã de polícia e de laudo da perícia se
comprovou a “[...] raspagem de caracteres da carteira original e inserção de dados falsos.”
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Devido a isso, a alegação de crime impossível restou afastada, tendo em vista que
“[...] o reconhecimento imediato da falsidade do documento por parte de policiais não implica
entender-se por grosseira a falsificação, já que estes são treinados para detectar contrafações.”
(JORGE, 2007, p. 427).
Acerca da rasura visível, destaca-se julgado que entende pela absoluta
impropriedade do objeto:
A ementa tratou do caso da falsidade “ictu oculi”, ou seja, a falsidade a olhos vistos,
incapaz de enganar. Portanto, considerou o crime como sendo impossível (previsto no artigo
17 do Código Penal), conforme já se detalhou nesta seção.
A esse respeito, a doutrina elucida que “[...]a falsificação grosseira, de acordo com
a posição majoritária de nossa doutrina, afasta a configuração do delito de falsidade de
documento público, tendo em vista a sua incapacidade para iludir um número indeterminado de
pessoas.” (GRECO, 2016, p. 592).
Assim, “[...] não podendo causar prejuízo moral ou econômico a ninguém, a
conduta será atípica”. (JORGE, 2007, p. 388).
Na mesma seara:
qualquer pessoa, ou em que não existe a preocupação da imitatio veri.” (MIRABETE, 2010,
152).
Essa falsificação “efetivada com rasura que chegou a danificar o papel”, como visto,
não caracteriza um crime de falso. Portanto, a utilização deste documento também não está
configurada como o delito do artigo 304, sendo este o motivo da absolvição do autor. (GRECO,
2016, p. 640)
A seguir junta-se ementa acerca de laudo pericial em título de crédito:
Com relação ao princípio da consunção, vale relembrar que ocorre quando um fato
maior “[...] absorve, engole, consome o fato menor, de modo que somente sobra a norma que o
regula”, sendo importante que ocorra sob o mesmo contexto. (CAPEZ, 2012, p. 99).
Considerando os conceitos acima, afastou-se a possibilidade de concurso formal e
da aplicação do princípio da consunção sob a alegação de que os crimes praticados são
autônomos e consumaram-se em diferentes contextos fáticos.
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5 CONCLUSÃO
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