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GEOTÊXTIS OU GEOSSINTÉTICOS
Introdução
Os geotêxteis distinguem-se pelos elementos que os constituem (as fibras) e também pela
sua estrutura, resultante do processo de fabrico.
Além das principais categorias de geotêxteis, há ainda outros tipos, tais como, os
geotêxteis tricotados, os tecidos de bandas largas, os geotêxteis alveolares, os geotêxteis
acolchoados e outros. Em relação à composição, os geotêxteis são constituídos por fibras
têxteis, sendo estas de dois tipos: naturais e químicas. As fibras naturais (lã, seda, algodão,
linho, amianto, etc.), só muito raramente são empregues, dado o seu comportamento
biodegradável. De entre as químicas destacam-se as fibras de polímeros sintéticos que
são as mais utilizadas na fabricação de geotêxteis e dos produtos afins. A designação dos
polímeros sintéticos bem como a sigla pela qual muitas vezes são conhecidos, é a
seguinte:
PET – Poliester,
PA – Poliamida,
PE – Polietileno,
LDPE – Polietileno de baixa densidade,
LLDPE – Polietileno de baixa densidade linear,
HDPE – Polietileno de alta densidade,
PP – Polipropileno,
PS – Polistireno,
PVC – Cloreto de Polivinilo,
ECB – Copolímero de etileno com betume, e
CPE – Polietileno clorado.
Os três últimos materiais sintéticos (PVC, ECB e CPE), só são usados para fabricação de
geomembranas. Em termos químicos os polímeros sintéticos são constituídos no geral por
compostos de carbono e hidrogénio, organizando-se em grupos por vezes muito
complexos. O elemento mais simples que forma qualquer polímero constituinte dos
geossintéticos é o monómero. Na polimerização dá-se a junção dos monómeros de modo
a formarem macromoléculas, variando as propriedades de um polímero de acordo com o
número e o tipo de monómeros que o constituem.
O desempenho dos geotêxteis assenta essencialmente em cinco funções (Fig.2), e que são
as seguintes:
i) protecção,
ii) separação,
íii) filtração,
iv) drenagem, e
v) Reforço.
Outras funções poderiam ser mencionadas, no entanto essas, poderão considerar-se casos
particulares das anteriormente apresentadas. Para que os geotêxteis cumpram as suas
funções há uma série de propriedades que eles devem respeitar, no que diz respeito à suas
características, como é o caso da sua espessura, da sua massa surfácica, da sua porosidade,
da transmissividade, da permissividade, da resistência à tracção, da resistência ao
rasgamento, da resistência ao punçoamento e da deformabilidade. As necessidades sobre
aquelas características variam função da sua aplicação.
i. Protecção
Com a função da protecção pretende-se que o geotêxtil reduza acções localizadas com
finalidade de evitar ou reduzir a danificação de outra superfície ou camada. Uma situação
muito típica do uso dos geotêxteis, em protecção, é a aplicação em aterros sanitários, a
envolver as geomembras, de modo a proteger estas últimas principalmente devido a
acções de punçoamento provocadas por materiais de forma angulosa (Fig.3a,b),
protegendo-as de possíveis perfurações. A estrutura do geotêxtil proporciona um efeito
de amortecimento, sendo a redistribuição das tensões provocadas pelas cargas, tanto mais
eficaz quanto mais espesso e compacto for o geotêxtil. Situação idêntica é aplicada a
tanques, canais e lagoas.
São também usados em protecção contra a erosão, quer em taludes, superfícies planas,
canais, obras marítimas e muitos outros casos. Em situações de casos muito críticos, de
solos muito erodíveis, usam-se as geomantas, por vezes com núcleo composto de palha
e/ou substâncias que favorecem a germinação rápida de espécies arbóreas (Fig.3c,d,e,f).
A geomanta absorve o impacto da água da chuva que cai e dissipa a energia da lâmina de
água que escorre pelo talude. Protege-o ainda da erosão eólica, e atenua o efeito do sol,
mantendo a húmidade do solo. Os geotêxteis, nesta função, são também utilizados por
baixo de enrocamentos e outros materiais de revestimento (Fig.3,g,h,i). Sem o geotêxtil
a acção das ondas e o movimento da água causariam a erosão do solo abaixo da estrutura
de enrocamento, comprometendo a integridade da obra.
ii. Separação
Com a função de separação pretende-se que o geotêxtil separe duas camadas de diferentes
materiais, de modo a evitar contaminações, misturas ou até mesmo o seu contacto.
Uma situação muito típica do uso dos geotêxteis, em separação, é a aplicação em estradas,
caminhos-de-ferro, aeroportos e estacionamentos (Fig.4a a 4e). Esta é uma função muito
importante em vias pavimentadas, especialmente quando se realizam sobre solos moles
coesivos. A sua utilização impede a mistura entre o subsolo e os materiais dos aterros a
usar em obras; note-se que a principal causa dos defeitos de vias pavimentadas ou não, é
a contaminação da base constituída de agregado e a resultante perda de resistência da
mesma; o geotêxteis proporcionando a separação associada às funções de reforço e
drenagem melhoram as características funcionais da via e a sua durabilidade.
Outra das utilizações modernas é a aplicação dos geotêxteis na construção de áreas verdes
e de lazer, como se apresenta em alguns esquemas na Fig.4h, controlando o crescimento
de raízes, permitindo a não contaminação dos terrenos com húmus para os terrenos
inertes, ou até optimizando os consumos de água de rega.
Por fim, note-se que quando se usa o geotêxtil na função de protecção, como se apresentou
na Fig.3, também se está a usufruir da função de separador.
iii. Filtragem
(Fig.4g).
iv. Drenagem
Com a função de reforço, o geotêxtil usa da sua capacidade de resistência à tracção para
resistir a tensões ou restringir deformações nas estruturas geotécnicas. A resistência à
tracção permite que os geotêxteis funcionem como armadura, melhorando a qualidade do
solo, aumentando a sua capacidade de suporte e a estabilidade do mesmo. O geotêxtil
actua, ao deformar-se, como um distribuidor de cargas sobre uma superfície maior. As
propriedades de interface, nomeadamente o atrito entre o solo e o geotêxtil, permitem
assegurar uma boa transmissão e repartição das tensões no meio envolvente. Algumas
aplicações de geotêxteis com a principal função de reforço são apresentadas na Fig.6. As
aplicações dos geotêxteis com a função de reforço, como preponderante em relação às
outras funções, organizam-se em três grandes grupos: