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Mecânica dos Solos

Avançada
Aula 3 - Geossintéticos

Prof. Msc. Pedro Silveira Gonçalves Neto


3. Geossintéticos
Aula 3

 3.1. Introdução
 Geossintético, é definido pela NBR ISO 10318 (2013) como um “termo genérico designando um
produto no qual ao menos um de seus componentes é produzido a partir de um polímero
sintético ou natural, se apresentando na forma de manta, tira, ou estrutura tridimensional,
utilizado em contato com o solo ou outros materiais, em aplicações da engenharia geotécnica e
civil.”
 Das (2007) define que geossintéticos são materiais parecidos com tecido feitos de polímeros
tais como poliéster, polietileno, polipropileno, PVC, nylon, dentre outros, incluindo os seguintes
materiais: geotêxteis, geomembranas, geogrelhas, georredes e geocompostos.
 Geossintéticos são empregados na construção civil desde o fim da década de 1970 e podem
substituir, complementar ou melhorar o material natural exercendo diversas funções em várias
aplicações da engenharia geotécnica e ambiental.
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 3.2. Funções e Aplicações (Bathrust, 2007)


 3.2.1. Funções
 Separação: O geossintético atua na separação de duas camadas de solo que têm distribuições de
partículas diferentes. Por exemplo, geotêxteis são usados para evitar que os materiais da base
penetrem no solo mole de camadas subjacentes, assim mantendo a espessura da camada de projeto
e a integridade da estrada. O geossintético também auxilia na prevenção do “bombeamento” de finos
para o interior da camada granular permeável das estradas.
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 3.2. Funções e Aplicações (Bathrust, 2007)


 3.2.1. Funções
 Filtração: O geossintético desempenha papel similar a um filtro de areia, permitindo a livre passagem
de água através do solo enquanto retém as partículas sólidas. Por exemplo, geotêxteis são
empregados para evitar a migração do solo para dentro do agregado drenante ou de tubulações,
enquanto mantém o fluxo do sistema. Geotêxteis são também utilizados abaixo de “rip-rap” e de outros
materiais em sistemas de proteção costeira e de rios para prevenir a erosão do solo.
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 3.2. Funções e Aplicações (Bathrust, 2007)


 3.2.1. Funções
 Drenagem: O geossintético age como um dreno que carrega o fluido através de solos com menor
permeabilidade. Por exemplo, geotêxteis são utilizados para dissipar poro-pressão na base de aterros
rodoviários. Para fluxos mais elevados, drenos geocompostos foram desenvolvidos. Esses materiais
têm sido utilizados como drenos laterais de pavimentos, drenos de taludes e drenos de aterros e
muros de contenção. Drenos verticais pré-fabricados (DVP’s) têm sido utilizados para acelerar a
consolidação do solo mole de fundações de aterros.
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 3.2. Funções e Aplicações (Bathrust, 2007)


 3.2.1. Funções
 Reforço: O geossintético atua como elemento de reforço inserido no solo ou em associação com o
solo para a melhoria das propriedades de resistência e de deformação do solo natural. Por exemplo,
geotêxteis e geogrelhas são usados para acrescentar resistência à tração na massa de solo de forma
a possibilitar paredes de solo reforçado verticais ou aproximadamente verticais. O emprego do reforço
possibilita a construção de aterros sobre fundações de solos extremamente moles, bem como a de
muros íngremes improváveis de serem viabilizados em solos não-reforçados.
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 3.2. Funções e Aplicações (Bathrust, 2007)


 3.2.1. Funções
 Contenção de Fluidos/Gases (barreira): O geossintético atua como uma barreira relativamente
impermeável a fluídos e gases. Por exemplo, geomembranas, geocompostos, geocompostos argilosos
(GCL’s) e geotêxteis revestidos são empregados como barreiras para impedir o escoamento de
líquidos e gases. Além disso, podem ser utilizados na capa asfáltica de pavimentos, no envelopamento
de solos expansivos e na contenção de resíduos.
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 3.2. Funções e Aplicações (Bathrust, 2007)


 3.2.1. Funções
 Controle de Processos Erosivos: O geossintético trabalha para reduzir os efeitos da erosão do solo
causados pelo impacto da chuva e pelo escoamento superficial da água. Por exemplo, mantas ou
colchões de geossintéticos, temporários e permanentes, são dispostos ao longo do talude. Barreiras
de geotêxtil são também usadas na retenção de sedimentos carreados durante o escoamento
superficial. Algumas barreiras de controle de processos erosivos são fabricadas com materiais
biodegradáveis.
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 3.2. Funções e Aplicações (Bathrust, 2007)


 3.2.1. Funções
 Geotêxteis são ainda aplicados a outras situações: usados no reforço de pavimentos asfálticos e como
camada para prevenção de furos nas geomembranas (pela redução de tensões de contato pontuais)
decorrentes da ação de pedregulhos nos solos adjacentes, resíduos ou agregados do sistema de
drenagem durante o processo de instalação da geomembrana, bem como ao longo de sua vida
operacional.
 Geotêxteis são empregados na cobertura diária de aterros sanitários para prevenir a dispersão de
seus resíduos pela ação de aves e de ventos e têm sido também utilizados como formas para concreto
e como sacos de areia.
 Geotubos cilíndricos são confeccionados industrialmente por camada dupla de geotêxtil e são
preenchidos com material hidráulico para criar aterros de contenção no mar, em rios e lagos ou para
desidratar sedimentos.
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 3.2.2. Classificação
 Geotêxteis
 São mantas contínuas de fibras ou filamentos, tecidos, não tecidos, tricotados ou costurados. As
mantas são flexíveis e permeáveis. Geotêxteis são usados para aplicações de separação,
proteção, filtração, drenagem, reforço e controle de erosões.
 Das (2007) escreve que a estrutura dos geotêxteis tecidos consiste em dois filamentos ou fios
paralelos entrelaçados de modo sistemático para formar uma estrutura plana.
 Os geotextêis tecidos são formados a partir da união de uma série de laços de um ou mais
filamentos ou fios para a obtenção da estrutura plana.
 No caso dos geotêxteis não-tecidos, filamentos ou fibras curtas são arranjados de modo a
formar uma trama solta e, depois, unidos por adesão química, térmica, ou mecânica.
 Principais aplicações: Drenagem, Filtragem, Separação e Reforço
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 3.2.2. Classificação
 Geotêxteis

Não tecido Tecido


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 3.2.2. Classificação
 Geogrelhas
 Produto com estrutura em forma de grelha com função predominante de reforço, cujas aberturas
permitem a interação do meio em que estão confinadas, e constituído por elementos resistentes à
tração.
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 3.2.2. Classificação
 Georredes
 São materiais com aparência semelhante à das grelhas formados por duas séries de membros
extrudados paralelos, que se interceptam em ângulo constante. Possui alta porosidade ao longo
do plano, sendo usada para conduzir elevadas vazões de fluidos ou gases.
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 3.2.2. Classificação
 Geomembranas
 São mantas contínuas e flexíveis constituídas de um ou mais materiais sintéticos. Elas possuem
baixíssima permeabilidade e são usadas como barreiras para fluidos, gases ou vapores.
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 3.2.2. Classificação
 Geocompostos
 São geossintéticos formados pela associação de dois ou mais tipos de geossintéticos como, por
exemplo: geotêxtil-georrede; geotêxtil-geogrelha; georrede-geomembrana ou geocomposto
argiloso (GCL). Geocompostos drenantes pré-fabricados ou geodrenos são constituídos por um
núcleo plástico drenante envolto por um filtro geotêxtil.
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 3.2.2. Classificação
 Geocompostos argilosos (GCL’s)
 São geocompostos fabricados com uma camada de bentonita geralmente incorporada entre geotêxteis de
topo e base ou ligadas à uma geomembrana ou à uma única manta de geotêxtil. Os geotêxteis que compõem
os GCLs geralmente são costurados ou agulhados através do núcleo argiloso para aumentar a resistência
interna do produto ao cisalhamento. Quando hidratados eles atuam efetivamente como barreira para líquido
ou gás e são comumente usados em aterros sanitários em conjunto com geomembranas.
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 3.2.2. Classificação
 Geotubos
 Geotubos são tubos poliméricos perfurados ou não usados para drenagem de líquidos ou gases
(incluindo coleta de chorume ou gases em aplicações de aterros sanitários). Em alguns casos o
tubo perfurado é envolvido por um filtro geotêxtil.
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 3.2. Funções e Aplicações (Bathrust, 2007)


 3.2.2. Classificação
 Geocélulas
 São arranjos tridimensionais relativamente espessos, constituídos por tiras poliméricas. As tiras são soldadas
para formar células interconectadas que são preenchidas com solo e, às vezes, concreto. Em alguns casos,
faixas de 0,5 a 1m de largura de geogrelhas podem ser ligadas por hastes poliméricas verticais para se formar
geocélulas mais espessas, também denominadas “geocolchão”.
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 3.2. Funções e Aplicações (Bathrust, 2007)


 3.2.2. Classificação
 Geoexpandido
 São blocos ou placas produzidos por meio da expansão de espuma de poliestireno para formar uma estrutura
de baixa densidade. O geoexpandido é usado para isolamento térmico, como um material leve em substituição
a aterros de solo ou como uma camada vertical compressível para reduzir pressões de solo sobre muros
rígidos. Densidade do EPS = 0,01 a 0,050 kN/m³, Solo = 15 a 20kN/m³.
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 3.2. Funções e Aplicações (Bathrust, 2007)


 3.2.2. Classificação
Geossintético Separação Proteção Filtração Drenagem Erosão Reforço Impermeabilização
Geotextil X X X X X X X
Geogrelha X - - - - X -
Geomembrana X - - - - - X
Georrede - X - X - - -
Geocomposto
Bentonítico - - - - - - X
Argiloso
Geocélula - X - - X X -
Geotubo - - - X - - -
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 3.3. Usos
 3.3.1. Agricultura (Frobel, 2007)
 A utilização de geossintéticos em agricultura é crescente ao longo do mundo. As primeiras aplicações de
geossintéticos em nessa área incluíram o revestimento de valas para ajudar a economizar água, assim
como o revestimento de pequenas lagoas em fazendas e de reservatórios de armazenamento de água em
regiões áridas do mundo.
 Hoje, há um grande número de aplicações, variando desde os revestimentos impermeáveis de valas e de
tanques à proteção de águas subterrâneas e superficiais que estão sendo poluídas por resíduos de origem
animal.
 Usos mais comuns:
 Impermeabilização em lagoas de resíduos de origem animal para proteção do solo e lençol freático
contra contaminações;
 Coberturas para controle de odores;
 Transporte de água;
 Contenção de água
 Digestores anaeróbicos para decomposição de resíduos de origem animal e recuperação de biogás
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 3.3. Usos
 3.3.2. Aterros Sanitários (Bouazza e Zornberg, 2007)
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 3.3. Usos
 3.3.2. Aterros Sanitários (Bouazza e Zornberg, 2007)
 Geossintéticos são largamente utilizados em projetos de aterros sanitários, principalmente para compor
barreiras contra fluxos de base e na cobertura.
 Geogrelhas, que podem ser usadas para reforçar taludes abaixo dos resíduos assim como para
reforçar os solos de cobertura sobre geomembranas;
 Georredes, que podem ser usadas como colchão drenante;
 Geomembranas, que são mantas relativamente impermeáveis feitas de materiais poliméricos, podendo
ser usadas como barreiras para líquidos, gases e/ou vapores;
 Geocompostos, que consistem na combinação de dois ou mais geossintéticos, podendo ser usados
para separação, filtração ou drenagem;
 Geocompostos argilosos (GCL’s), que são combinações de bentonita e geossintéticos, e que podem
ser usados como barreiras hidráulicas e contra infiltrações;
 Geotubos, que podem ser usados em aterros sanitários para facilitar a coleta e drenar rapidamente o
chorume, conduzindo-o para um sistema de tratamento;
 Geotêxteis, que podem ser usados para filtração ou como colchão para proteger ageomembrana contra
danos.
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 3.3. Usos
 3.3.3. Aterros Sobre Solos Moles (Otani e Palmeira, 2007)
 A construção de aterros sobre solos moles pode se apresentar como um grande desafio. Assim, a
aplicação de geossintéticos na melhoria da estabilidade de aterros é uma das formas mais efetivas e
bem testadas da técnica de reforço de solos.
 Em tais problemas, geossintéticos podem ser efetivamente utilizados para:
 Reduzir os deslocamentos de solos moles devido a sua baixa capacidade de carga; Prevenir
ruptura global do aterro e do solo mole de fundação; e Prevenir ruptura por escorregamento no
aterro.
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 3.3. Usos
 3.3.3. Aterros Sobre Solos Moles (Otani e Palmeira, 2007)
 Em solos moles, os geossintéticos podem ser efetivamente utilizados para reduzir os deslocamentos de solos
moles devido a sua baixa capacidade de carga, prevenir ruptura global do aterro e do solo mole de fundação e
prevenir ruptura por escorregamento.
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 3.3. Usos
 3.3.4. Controle de Erosão (Shin e Rao, 2007)
 O trabalho de proteção de um talude pode requerer a aplicação de geossintéticos, solo grampeado,
tirantes ou algum tipo de ancoragem para garantir a sua estabilidade.
 Em alguns casos, a estabilidade do talude poderá ser obtida pela cobertura parcial de sua face com
uma “bolsa” de geotêxtil preenchido com argamassa. A cobertura vegetal complementar da face do
talude garantirá sua proteção contra perda de solo ocasionado pela ação da água e do vento.
Vegetação e mantas de geossintéticos também podem ser combinadas para proteger taludes
íngremes reforçados contra a ação de processos erosivos.
 Dependendo das características do projeto e do local, uma obra de controle de erosão poderá
envolver o uso de um ou mais geossintéticos, tais como geotêxteis, geomantas, georredes,
geogrelhas, etc.
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 3.3. Usos
 3.3.4. Drenagem e Filtração (Gourc e Palmeira, 2007)
 Geossintéticos podem ser usados eficazmente como drenos e filtros em obras civis e ambientais em
adição ou substituição aos materiais granulares tradicionais.
 Geossintéticos são mais fáceis de instalar no campo e geralmente apresentam custo competitivo em
situações em que os materiais granulares disponíveis não cumprem as especificações de projeto, são
escassos ou têm seu uso restringido por razões ambientais.
 Como dreno, um geossintético pode ser especificado para atender a requisitos hidráulicos que
permitam o fluxo livre de líquidos ou gases ao longo ou normal ao seu plano. Filtros geotêxteis devem
atender a critérios que garantam que os grãos de solo sejam retidos sem impedimento ao fluxo d’água.
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 3.3. Usos
 3.3.4. Drenagem e Filtração (Gourc e Palmeira, 2007)
 3.3.4.1. Critério de Retenção (VERMATTI, 2015)
 O Critério de Retenção, garante que o Geotêxtil seja suficientemente fechado para reter as
maiores partículas do solo base, visando a manutenção da sua estrutura, sem o desenvolvimento
de erosão interna.

𝑂 ≤ 𝐶. 𝐷85 (1)
 Onde
 O é a abertura de filtração do geotêxtil (associada às dimensões dos poros e constrições no
geotêxtil);
 C é um número que depende do critério utilizado;
 D85 é um diâmetro representativo do tamanho dos grãos do solo (diâmetro para o qual 85%
em peso dos grãos do solo são menores que aquele diâmetro).
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 3.3. Usos
 3.3.4. Drenagem e Filtração (Gourc e Palmeira, 2007)
 3.3.4.1. Critério de Retenção (VERMATTI, 2015)
 O Critério de Retenção do método do CFGG adota o coeficiente global C como sendo o produto
dos fatores C1, C2, C3 e C4, conforme Tabela 2

Fatores do coeficiente C Valores a serem usados Situações de Utilização

1,00 Solos bem graduados e contínuos


C1 – Fator Granulométrico
0,80 Solos uniformes e contínuos
1,25 Solos densos e confinados
C2 – Fator de Adensamento
0,80 Solos fofos e não confinados
1,00 Gradiente menor do que 5
C3 – Fator Hidráulico 0,80 Gradiente entre 5 e 20
0,60 Gradiente entre 21 e 40 ou fluxo reverso
1,00 Apenas função de filtro
C4 – Fator de Função
0,30 Função de filtro e dreno
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 3.3. Usos
 3.3.4. Drenagem e Filtração (Gourc e Palmeira, 2007)
 3.3.4.2. Critério de Permeabilidade (VERMATTI, 2015)
 O Critério de Permeabilidade garante que o Geotêxtil seja suficientemente aberto para permitir a livre
passagem da água, sem causar subpressões.

𝑘𝑛 ≥ 𝐴. 𝑘𝑠 (2)
 Onde
 kn é a coeficiente de permeabilidade normal do Geotêxtil;
 A é a constante do método utilizado
 ks é o coeficiente de permeabilidade de solo de base
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 3.3. Usos
 3.3.4. Drenagem e Filtração (Gourc e Palmeira, 2007)
 3.3.4.2. Critério de Permeabilidade (VERMATTI, 2015)
 O Critério de Permeabilidade do método do CFGG adota o coeficiente A variando conforme
apresentado na Tabela 1.

Aplicação Coeficiente A
Situações com baixos gradientes hidráulicos
e solos limpos, tipicamente arenosos. 𝑡𝐺 . 10³
Situações com baixos gradientes hidráulicos
mas solos de baixa permeabilidade, silto- 𝑡𝐺 . 104
argiloso.
Situações com gradientes elevados em obras
de grande responsabilidade. 𝑡𝐺 . 105
 Onde tG é a espessura nominal do Geotêxtil, em metros.
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 3.3. Usos
 3.3.5. Geossintéticos em Rodovias (Palmeira, 2007)
 As rodovias são de fundamental importância para o desenvolvimento de qualquer país. Pavimentos
rodoviários podem durar consideravelmente menos do que o esperado em virtude do tráfego
sistemático de veículos pesados, das condições climáticas e das propriedades mecânicas dos
materiais empregados na construção.
 Neste contexto, geossintéticos podem ser efetivamente utilizados para:
 Reduzir ou evitar a reflexão de trincas;
 Trabalhar como uma barreira evitando o bombeamento de finos;
 Reduzir a espessura da capa asfáltica;
 Reduzir a espessura do pavimento;
 Aumentar a vida útil do pavimento.
 Em rodovias não pavimentadas, podem ser usados efetivamente para reforçar estradas não
pavimentadas e áreas de serviço construídas sobre solos moles. Podem desempenhar as seguintes
funções: separação, reforço e drenagem. Geotêxteis e geogrelhas são os mais utilizados.
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 3.3. Usos
 3.3.5. Geossintéticos em Rodovias (Palmeira, 2007)
 Em revestimentos primários constituídos de material livremente drenante, com subleito com CBR > 3,
a atuação do Geotêxtil é predominantemente de elemento separador. Nestes casos podemos calcular
a altura necessária do pavimento, para que não haja rupturas no subleito, pela fórmula apresentada
por Giroud e Noiray (1991, apud VERMATTI, 2015):

0,19.𝐿𝑜𝑔𝑁
ℎ= (3)
𝐶𝐵𝑅 0,63
 Onde:
 h = altura necessária de brita para a estrada, em m;
 N = número de passagens de eixo padrão de 80 kN ( caminhão de eixo simples, rodas duplas );
 CBR = Índice Suporte Califórnia do subleito (%).
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 3.3. Usos
 3.3.5. Geossintéticos em Rodovias (Palmeira, 2007)
 Cálculo da Resistência ao Estouro (PB)

𝑃𝐵 ≥ 𝐷50 . (15,42. 𝐶𝐵𝑅 + 0,10. 𝛾𝐵 . ℎ) (4)


 Onde
 PB = resistência do Geotêxtil, ao estouro em kPa, ensaiado pela norma ASTM D-3786;
 D50 = diâmetro da partícula média da brita empregada, em mm;
 gB = densidade da brita utilizada, em kN/m³;
 FS = 3 - fator de segurança já considerado na equação 3.
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 3.3. Usos
 3.3.5. Geossintéticos em Rodovias (Palmeira, 2007)
 Cálculo da Resistência ao Puncionamento (FP)

3,8.10−7 .𝐷50 ².𝑃


𝐹𝑃 ≥ (4)
𝑎+1,2.ℎ .(𝑏+1,2.ℎ)
 Onde
 FP é a resistência do Geotêxtil, ao puncionamento em kN, ensaiado pela norma ASTM D-4833;
 D50 representa o diâmetro da partícula média da brita empregada, em mm;
𝑃
𝑎= representa o comprimento de contato do pneu, em m;
𝑝𝑐

𝑎
𝑏= representa a largura de contato do pneu, em m;
1,41

 P é a carga por eixo de rodas duplas, em kN;


 pc = pressão de inflação dos pneus adotado como 690kPa.
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 3.3. Usos
 3.3.5. Geossintéticos em Rodovias (Palmeira, 2007)
 Cálculo da Resistência à Propagação do Rasgo (FT)
 A resistência mínima à propagação do rasgo que o Geotêxtil deverá possuir pode ser
correlacionada ao puncionamento através da equação 5.

𝐹𝑇 ≥ 0,19. 𝐹𝑃 (5)
 Onde
 FT é a resistência do Geotêxtil à propagação do rasgo, em kN, ensaiado pela norma ASTM D-4533;
 FP é a resistência do Geotêxtil, ao puncionamento em kN, ensaiado pela norma ASTM D-4833;
 FS = 3 - fator de segurança já considerado na equação 5.
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 3.3. Usos
 3.3.6. Geossintéticos em Muros (Bathurst, 2007)
 Camadas horizontais de geossintético podem ser incorporadas em aterros de forma a se obter uma
massa de solo reforçado, que se comporta como uma estrutura de gravidade e resiste às pressões de
solo oriundas do maciço não reforçado.
 Alguns tipos de materiais de reforço comumente utilizados nessas obras são as geogrelhas, os
geotêxteis tecidos e as tiras de poliéster. A estabilidade local do aterro na face frontal do muro é
assegurada fixando-se o material de reforço a unidades da face construídas com materiais
poliméricos, madeira, concreto, grelhas metálicas, etc de variadas formas.
 Cálculos para a análise e projeto de muros em solo reforçado estão relacionados à análises de
mecanismos de estabilidade externos, internos, da face e globais. Análises globais estão relacionadas
a mecanismos de instabilidade que ocorrem além da massa de solo reforçado, sendo rotineiramente
realizadas usando-se métodos de análise de estabilidade de taludes.
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 3.3. Usos
 3.3.6. Geossintéticos em Muros (Bathurst, 2007)
 3.3.6.1. Dimensionamento (VERMATTI, 2015)
 A) Verificação das condições de estabilidade
 Estabilidade Interna do Maciço: resistência à tração dos reforços, arrancamento dos reforços e
estabilidade global interna ( também chamada de escorregamento interno ).
 Estabilidade Externa: deslizamento, tombamento, capacidade de carga e ruptura global externa.
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 3.3. Usos
 3.3.6. Geossintéticos em Muros (Bathurst, 2007)
 3.3.6.1. Dimensionamento (VERMATTI, 2015)
 A) Verificação das condições de estabilidade
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 3.3. Usos
 3.3.6. Geossintéticos em Muros (Bathurst, 2007)
 3.3.6.1. Dimensionamento (VERMATTI, 2015)
 B) Resistência Disponível do Geotêxtil
 A resistência à tração disponível do Geotêxtil Ta é aquela que efetivamente o Geotêxtil pode
desempenhar na obra. Para determiná-la, temos que aplicar o fator total de redução FRT ao valor da
resistência TMAX apresentada no catálogo do fabricante:
𝑇𝑀𝐴𝑋
𝑇𝑎 = (6)
𝐹𝑅𝑇
 O fator total é composto por vários fatores parciais (KOERNER, 1998; FABRIN ET AL, 1999 apud
VERMATTI, 2015):
 FRFL= fator de redução para deformações por fluência em tração, que varia de 2,0 a 4,0, em função
da matéria-prima do Geotêxtil; FRDI= fator de redução devido a danos de instalação na obra, que
varia de 1,0 a 2,0 em função dos materiais fisicamente contundentes em contato com o Geotêxtil;
FRMA = fator de redução devido à degradação pelo meio ambiente (química e biológica), que varia
de 1,0 a 1,6 para obras de reforço, em geral.
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 3.3. Usos
 3.3.6. Geossintéticos em Muros (Bathurst, 2007)
 3.3.6.1. Dimensionamento (VERMATTI, 2015)
 B) Resistência Disponível do Geotêxtil
 Uma vez calculada a Ta, esta deve ser maior ou igual à Treq = resistência requerida pelo
projeto.

𝐹𝑅𝑇 = 𝐹𝑅𝐹𝐿 . 𝐹𝑅𝐷𝐼 . 𝐹𝑅𝑀𝐴 (7)

 C) Método de Dimensionamento Adotado para Estabilidade Interna


 A estabilidade externa dos muros e taludes reforçados é tratada da mesma forma que em
estruturas convencionais de contenção como muros de arrimo, muro a flexão ou gabiões.
Portanto, só abordaremos a metodologia de análise da estabilidade interna baseado no
equilíbrio limite estudado que utiliza ábacos que simplificam os cálculos.
3. Geossintéticos
Aula 3

 3.3. Usos
 3.3.6. Geossintéticos em Muros (Bathurst, 2007)
 3.3.6.1. Dimensionamento (VERMATTI, 2015)
 C) Método de Dimensionamento Adotado para Estabilidade Interna
3. Geossintéticos
Aula 3

 3.3. Usos
 3.3.6. Geossintéticos em Muros (Bathurst, 2007)
 3.3.6.1. Dimensionamento (VERMATTI, 2015)
 D) Parâmetros
 H = altura do muro / talude, em metros; b = ângulo de inclinação da face / superfície do talude com
o plano horizontal, em graus (pode variar na faixa de 30o a 80o);
 fp = ângulo de atrito interno do solo ( pico ), em graus; fd = ângulo de atrito de projeto, em graus.
 TMAX = resistência do Geotêxtil à tração - carga distribuída, indicada pelo fabricante, em kN/m.
 FS = fator de segurança global, para as características resistentes do solo.
 FRT = fator de redução total, para a resistência à tração do Geotêxtil.
 Kreq = Coeficiente de empuxo ativo requerido.
 eV = espaçamento vertical entre as camadas de reforço com Geotêxtil, em metros.
 Ta = resistência disponível do Geotêxtil, em kN/m.
 Treq= resistência do Geotêxtil, requerida pelo projeto, em kN/m.
 L = Comprimento do reforço, em metros.
3. Geossintéticos
Aula 3

 3.3. Usos
 3.3.6. Geossintéticos em Muros (Bathurst, 2007)
 3.3.6.1. Dimensionamento (VERMATTI, 2015)
 E) Sequência de Cálculo
 1) Cálculo do ângulo de atrito de projeto:
𝑡𝑔𝜑𝑝
𝜑𝑑 = arctg (8)
𝐹𝑆

 2) Com fd e b, obtém-se Kreq e L/H no ábaco;


 3) Adota-se um espaçamento conveniente e calcula-se a resistência do Geotêxtil

𝑇𝑟𝑒𝑞 = 𝑒𝑉 . 𝐾𝑟𝑒𝑞 . 𝛾. 𝐻 (9)


3. Geossintéticos
Aula 3

 3.3. Usos
 3.3.6. Geossintéticos em Muros (Bathurst, 2007)
 3.3.6.1. Dimensionamento (VERMATTI, 2015)
 E) Sequência de Cálculo
 4) Com FRT, calcula-se o valor mínimo da resistência de catálogo do Geotêxtil:

𝑇𝑀𝐴𝑋 ≥ 𝑇𝑟𝑒𝑞 . 𝐹𝑅𝑇 (10)

 5) O comprimento L do reforço é calculado através do valor L/H, obtido no ábaco.


3. Geossintéticos
Aula 3

 3.3. Usos
 3.3.7. Taludes e Fundações (Bathurst, 2007)
 Camadas de geossintéticos são usadas para estabilizar taludes contra rupturas profundas por meio de camadas
horizontais de reforço primário, permitindo a realização de taludes mais íngremes. Caso seja necessário estabilizar
a face, são realizados reforços secundários relativamente curtos e menos espaçados e/ou envelopando-se as
camadas de reforço da face.
3. Geossintéticos
Aula 3

 Exercícios
 01) Dimensionamento para filtração. Dimensionar o geotêxtil filtrante de um dreno rodoviário profundo ou dreno longitudinal
profundo – DLP (escolher o, ou os, que se adequem entre os da tabela abaixo). O terreno é constituído por um silte-argilo-
arenoso (curva granulométrica dada abaixo – solo bem graduado e contínuo) de permeabilidade k = 5x10-4 cm/s. Considerar
fofo, não confinado, com gradiente abaixo de 5 (fluxo baixo) e somente para a função de filtragem. O nível d’água é
aflorante, ou seja, aflora na superfície (com água na superfície).

Especificações dos Geotexteis Disponíveis


Geotêxtil Espessura Resistência à Resistência ao Permeabilidade Diâmetro de filtração
não tecido (mm) tração (kN/m) puncionamento normal (cm/s) (mm)
(kN/m)
GTX A 2,1 13,2 2,4 0,4 0,11
GTX B 1,4 9,0 1,7 0,35 0,18
GTX C 1,6 11,5 1,7 0,3 0,11
GTX D 1,8 13,5 2,1 0,3 0,10
GTX E 1,6 14,0 3,1 0,13 0,09
GTX F 2,0 13,5 2,5 0,4 0,16
3. Geossintéticos
Aula 3

 Exercícios
 01)
3. Geossintéticos
Aula 3

 Exercícios
 02) Realizar o dimensionamento para estrada de serviço com Geotêxtil separador, a ser construída com brita
graduada situada na faixa de 15 mm a 100 mm, com D50 = 50 mm, gB = 20 kN/m³, resistência do subleito
CBR= 5 % e tráfego com N = 104 (número de passadas de veículo com carga de 80 kN, eixo simples, rodas
duplas).

 03) Dimensionamento para reforço em muro. Para a execução de um reforço de um muro de contenção com
Geotêxtil, pede-se, a partir da análise da estabilidade interna (considerando satisfeitas as condições de
estabilidades globais externas), determinar o espaçamento (vertical) e comprimento a serem adotados para
reforçar com um Geotêxtil com resistência à tração Tmax de catálogo (fornecida pelo fabricante) = 38 kN/m. O
solo do aterro será uma argila arenosa com ângulo de atrito fp = 28,5º, peso específico g = 17 kN/m3 e o fator
de segurança FS = 1,30. O muro terá um ângulo com a vertical de b = 75º e altura total de 7,0 m. Os fatores
de redução da resistência do geotêxtil serão: FRFL = 2,0; FRDI = 1,0; FRMA=1,0.

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