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O presente artigo busca esclarecer e disseminar o conhecimento sobre a utilização dos geossintéticos (GSY), que são
elementos provenientes de polímeros, em obras que possuem solo considerado mole, que são abundantes no Brasil e
uma grande preocupação na construção civil. Os geossintéticos são feitos através de polímeros e possuem diversos
modelos com variadas propriedades, mas os determinados para reforço do solo, que são aprofundados neste artigo,
são as geogrelhas e também os geotexteis, a aplicação dos GSY basicamente aumenta a capacidade de carga dos apoios,
transferindo as forças pontuais para forças distribuídas, assim evitando os deslocamentos laterais. Esta técnica vem
sendo cada vez mais utilizada no meio da construção civil devido a praticidade da instalação e economia, economia
que está relacionada a facilidade de transporte, aplicação e manuseio. Em virtude das suas vantagens os geossintéticos
são utilizados em substituição de materiais tradicionais da construção. Os GSY podem ser aplicados dediversas formas,
de acordo com a necessidade estrutural a qual vai ser sujeito, variando assim as técnicas construtivas utilizadas. Os
resultados dos estudos evidenciam que o comportamento mecânico dos geossintéticos dependem de diversos fatores,
como os polímeros empregados, fabricação a qual foi submetida, temperatura a qual serão expostos, umidade,
velocidade de deformação, entre outros. Observa-se que quando aplicadas de maneira correta, as geogrelhas podem
aumentar a resistência de uma estrutura em torno de 27% a 39%. Também foram expostos dados sobre a utilização de
uma segunda geogrelha e se os resultados são muito melhores ou equivalentes a utilização de uma única camada de
geogrelha para reforço do solo.
Palavras-chave: geossintéticos, reforço de solo, geogrelha, aterro.
Abstract
This article seeks to clarify and disseminate knowledge about the use of geosynthetics (GSY), which are elements
derived from polymers, in works that have soft soil, which are abundant in Brazil and a major concern in civil
construction. Geosynthetics are made using polymers and have several models with varied properties, but the ones
determined for strengthening the soil, which are discussed in greater depth in this article, are geogrids and also
geotextiles, the application of GSY basically increases the load capacity of supports, transferring point forces to
distributed forces, thus avoiding lateral displacements. This technique is being used more and more in the middle of
the civil construction due to the practicality of the installation and economy, economy that is related to the ease of
transport, application and handling. Due to their advantages, geosynthetics are used to replace traditional construction
materials. GSY can be applied in different ways, according to the structural need to which it will be subjected, thus
varying the construction techniques used. The results of the studies show that the mechanical behavior of geosynthetics
depends on several factors, such as the polymers employed, the fabrication to which it was subjected, the temperature
to which they will be exposed, humidity, deformation speed, among others. It is observed that when applied correctly,
geogrids can increase the strength of a structure by 27% to 39%. Data on the use of a second geogrid and whether the
results are much better or equivalent to the use of a single geogrid layer for soil reinforcement were also exposed.
Keywords: geosynthetics, soil reinforcement, geogrid, landfill.
Introdução
O uso de geossintéticos para reforço de solo vem se tornando cada vez mais
comum devido a grande busca por soluções eficazes para obras de engenharia civil em
locais onde o solo não apresenta condições ideais para suportar tais esforços, além de ter
que executar um aterro para corrigir imperfeições no nível do terreno, é necessário que se
utilize de algum outro recurso para aumentar a resistência do solo.
Os solos moles são solos de baixa consistência, altamente deformáveis, em geral
com alto teor de umidade e constituído principalmente de argila e matéria orgânica
(PANITZ 2007). Segundo Abdullah (2006), os principais problemas associados à
construção de aterros sobre estes solos são: a baixa capacidade de carga do solo,grandes
deslocamentos laterais, assentamentos excessivos diferidos no tempo, muitas vezes não
compatíveis com os assentamentos admissíveis.
A importância do tratamento de solos na construção civil é basilar porque permite
a utilização de terrenos de poucas características mecânicas, tais como os solos moles
(CARAMELO, 2011). Para vencer o desafio que é a construção sobre este tipo de solo,
são conhecidas diversas técnicas, neste artigo, será abordado o método de reforço de solos
com o uso de geossintéticos. Na Tabela 1, é possível observar as diversas técnicas de
construção sobre solos moles, suas características, vantagens e desvantagens.
Tabela 1 – Métodos de construção sobre solos moles, e características
(CARAMELO, 2011).
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Materiais e Métodos
Geossintéticos
Por definição na ABNT NBR ISSO 10318-1, geossintético (GSY) é termo
genérico que descreve um produto em que ao menos um de seus componentes é produzido
a partir de um polímero sintético ou natural, sob a forma de manta, tira ou estrutura
tridimensional, utilizado em contato com o solo ou outros materiais, em aplicações da
engenharia geotécnica e civil.
Os geossintéticos vem sendo implementados na construção civil a muito tempo,
mas ganharam grande espaço na década de 70 quando os geossintéticos não-tecidos
agulhados foram introduzidos e produzidos em larga escala, proporcionando assim a
expansão do mercado e surgimento de novos produtos, como as geogrelhas, que são o
tipo de GYS específico para reforço de cargas. Desde então, esse tipo de material é
utilizado na construção de estradas pavimentadas e não-pavimentadas, barragens e
também no reforço de estruturas (ANTUNES, 2008). Na Figura 1, são apresentadas
algumas aplicações do geossintético em obra.
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Geogrelhas
De acordo com a ABNT NBR ISSO 10318-1, a definição de geogrelha (GGR) é
uma estrutura polimérica plana, constituída por uma malha aberta e regular de elementos
de tração completamente conectados, que podem ser unidos por extrusão, solda ou
“interlooping” ou entrelaçamento, e cujas aberturas são maiores que os elementos
constituintes.
Visando frequentemente o reforço de um solo que sozinho seria insuficiente para
suportar uma carga, o geossintético escolhido para essa função, são as geogrelhas e os
geotêxtis, mais especificadamente as geogrelhas pois as suas propriedades se encaixam
na função desejada, são elas: (CARAMELO, 2011).
Boa resistência a tração e modulo de deformidade, essas características
contribuem diretamente para a função de reforço.
Fluência e relaxação mínimas, evitando assim que os reforços percam eficácia ao
longo do tempo.
Flexibilidade, garantido assim bom contato entre solo e reforço.
As geogrelhas são colocadas entre a camada de aterro e o subleito, suportando
assim as cargas necessárias. Isso ocorre devido a transferência de esforços, o peso que
antes sobrecarregava o solo, agora sobrecarregara os elementos geossintéticos que foram
introduzidos (OLIVEIRA, 2016).
As geogrelhas possuem forma de grelha, são constituídas por elementos resistentes a
tração, podem ser consideradas unidirecional, quando resistem a tração em uma única
direção, e bidirecional quando resistem a tração em duas direções. As geogrelhas
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também podem ser extrudidas, soldadas ou tecidas, tudo em função da sua fabricação
(ANTUNES, 2008). Na Figura 2 a seguir, são apresentados alguns modelos de
geogrelhas.
Figura 2 - (a) Geogrelha extrudada; (b) Geogrelha soldada; (c) Geogrelha tecida,
(GEOCONTRACT, 2020).
Geotêxtil
Por definição da ABNT NBR ISSO 10318-1, o geotêxtil é um material têxtil
plano, permeável, polimérico (sintético ou natural), podendo ser não tecido, tricotado ou
tecido, utilizado em contato com o solo e/ou outros materiais em aplicações da engenharia
geotécnica e civil.
Os geotêxteis são materiais têxteis, compostos por fibras sintéticas,
monofilamentos ou fios, que formam diferentes tipos de estruturas consoante o seu
processo de fabrico, conferindo assim a este tipo de geossintético uma elevada
flexibilidade e uma porosidade, permitindo desempenhar diversas funções numa obra
geotécnica. O seu processo de fabrico permite também a disposição das fibras de uma
forma aleatória (geotêxtil não tecido), bem como numa forma regular formando uma
malha (geotêxtil tecido), (CARAMELO, 2011). Na Figura 3, temos um exemplo do
geossintético geotêxtil.
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Aplicação em obra
Antecedente a etapa de execução, está a elaboração de um plano de colocação das
geogrelhas. Plano esse que deverá conter, a preparação do terreno, plantas especificando
a localização das faixas de geossintéticos, ordem e sentido de colocação,e também o
método de ligação que são: por grampeamentos, costuras, sobreposição ou colagem.
Algumas especificações são necessárias de serem seguidas para uma ótima
eficiência das faixas de geossintéticos, como: suas faixas são colocadas de acordo com as
orientações das ações, levando em conta a direção dos maiores esforços. No caso de
sobreposição dos geossintéticos, são duas as especificações, sendo sobreposição
transversal levasse em conta o sentido de lançamento do material, para que a
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Resultados e Discussões
Por meio deste estudo foi possível entender mais sobre o comportamento dos
geossintéticos como reforço para aterros sobre solos moles e suas características. O
posicionamento de uma camada de geossintético na camada de base permite o que Perkins
(1999) denomina de “interação cisalhante”, que se desenvolve entre o agregado e o
geossintético com a tentativa da base se espalhar lateralmente. O carregamento cisalhante
é transmitido do agregado de base para o geossintético, que é, então, tracionado. A rigidez
relativamente alta do geossintético atua no retardamento do desenvolvimento de
deformações laterais na base adjacente ao geossintético. Menores deformações laterais
na base resultam em menores deformações verticais da superfície
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(tereftalato de etileno) (PET), o polietileno (PE), o poli (cloreto de vinila) (PVC), etc
(SPINACÉ e DE PAOLI, 2005).
Os polímeros utilizados na fabricação dos geossintéticos são o poliéster (PET), o
polipropileno (PP), e polietileno (PEAD), o tipo de polímero usado como matéria prima
é um fator que influencia muito no desempenho final do reforço, segundo Silva e Montez
(2003), os reforços produzidos com (PP) e (PEAD), atingem níveis de resistência mais
limitados que os que são produzidos com (PET). Em geral, os polímeros apresentam
elevada suscetibilidade à fluência, fenômeno de deformação gradativa de um material
solicitado por carregamento constante e prolongado.
No que diz respeito à definição da resistência útil do material, suas características
físicas têm maior influência sobre sua suscetibilidade a danos mecânicos de instalação.
Em função de possuírem ou não, por exemplo, recobrimento protetor no caso de
geogrelha, ou de apresentarem maior ou menor gramatura, no caso de geotêxteis, a perda
de resistência por danos mecânicos pode chegar a ser de 50% (AZAMBUJA, 1999).
A Equação 1, apresentada em suas duas formas mais consagradas
internacionalmente, deve ser utilizada para a definição da resistência útil (resistência de
longo prazo) – resistência de projeto (Tproj) – de um material geossintético de reforço
(KOERNER, 1998, JEWELL, 1996).
Conclusão
Neste artigo foram apresentados dados com o intuito de ampliar o conhecimento
sobre a utilização e características, de geossintéticos para reforço do solo. Observamos
que os geossintéticos exercem a função de reforço quando instalados para melhorar as
propriedades mecânicas de determinado solo, além de também ter apresentado vantagens
econômicas. Na função determinada, os geossintéticos escolhidos para aplicação são as
geogrelhas e geotêxtis, seguindo as especificações necessárias para
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Referências
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seus métodos de projeto para aterros suportados em geopiers . Universidade de
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Geossintéticos Parte 1: Termos e definições. Rio de Janeiro, p. 4. 2018.
AZAMBUJA, E. Determinação da Resistência Admissível dos Geossintéticos
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BORGES, José Manuel Leitão et al. Aterros sobre solos moles reforçados com
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CARAMELO, Tiago André Lima Mimoso et al. Aterros sobre solos moles reforçados
com colunas de Jet Grout encabeçadas por geossintéticos. 2011.
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