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Norma de desempenho de edificações: uma contribuição para o


desenvolvimento do conceito de normativa exigencial aplicado à construção
civil

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Paulo Fonseca de Campos


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NORMALIZAÇÃO TÉCNICA

Norma de desempenho de
edificações: uma contribuição
para o desenvolvimento do
conceito de normativa exigencial
aplicado à construção civil
Paulo Eduardo Fonseca de Campos – Professor Doutor
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP)
Superintendente do ABNT/CB-02 Comitê Brasileiro da Construção
Civil da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

1. Introdução Nesta sua etapa final de trabalho, iniciada em janeiro

N
o último dia 19 de fevereiro de 2013 foi pu- de 2011, a Comissão de Estudo revisou detalhadamente a
blicada pela ABNT (Associação Brasileira de versão da norma publicada anteriormente em 2008, refi-
Normas Técnicas) a norma técnica ABNT/ nando tecnicamente suas seis partes, em um dedicado e
NBR-15575 – Edificações habitacionais – De- aprofundado processo de debate e busca de consenso entre
sempenho, também conhecida como Norma de Desempe- seus membros.
nho, coroando um esforço coletivo de mais de uma década A norma ABNT/NBR-15575 institui parâmetros técnicos para
na busca de sua consolidação. A norma técnica passa a vários requisitos importantes de uma edificação, como desem-
vigorar em julho de 2013, 150 dias após sua publicação, penho acústico, desempenho térmico, durabilidade e vida útil, e
aplicando-se a partir desta data aos projetos que forem determina um nível mínimo obrigatório para cada um deles.
protocolados para aprovação nos órgãos públicos. O maior diferencial da ABNT/NBR-15575, no entanto,
A Norma de Desempenho é resultado de um trabalho inten- consiste em estabelecer como metodologia o conceito de
so e perseverante da Comissão de Estudo criada para esse fim desempenho da edificação, alinhado com as tendências in-
no âmbito do Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-02), ternacionais, no lugar das conhecidas normas prescritivas. A
o qual contou com o apoio e participação de amplos setores da abordagem de desempenho está ligada ao comportamento
cadeia produtiva, incluindo fabricantes de materiais e componen- que se espera de uma edificação quando em uso, dentro de
tes, construtores, profissionais técnicos, além de representan- determinadas condições, tendo como foco as necessidades
tes de organismos oficiais e do aparato de ciência e tecnologia, de seus usuários ao longo do seu tempo de vida útil.
constituído por universidades e institutos de pesquisa de todo o Portanto, a ABNT/NBR-15575 traduz tecnicamente as
País. A cada encontro da Comissão de Estudo, participaram, em necessidades dos consumidores brasileiros de imóveis re-
média, de 90 a 100 pessoas, representando cada região do Brasil sidenciais, levando em conta o estágio técnico e socioeco-
e, praticamente, todos os segmentos da sociedade. nômico do Brasil.

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Afora isso, a norma também estabelece as responsabi- Na idade moderna, no entanto, é Gerard Blachère, di-
lidades de cada um dos atores ligados à produção da edifi- retor à época do CSTB-Centre Scientifique et Technique du
cação, a exemplo de construtores, incorporadores, projetis- Bâtiment, que apresenta na França, em 1965, a definição
tas, fabricantes de materiais, administradores condominiais mais conhecida do conceito de desempenho de edificações
e os próprios usuários, deixando clara a responsabilidade (CSTB publications, Blachère, 1965). Ainda que os proces-
compartilhada sobre a edificação ao longo do tempo. sos construtivos tenham permanecido, nas cinco décadas
A norma é dividida em seis partes: Requisitos gerais seguintes, vinculados a normas prescritivas, muitas vezes
(NBR-15575-1); Sistemas estruturais (NBR-15575-2); desencorajando mudanças e o surgimento de inovações
Sistemas de pisos (NBR-15575-3); Sistemas de vedações tecnológicas, claro estava que uma quebra de paradigma
verticais internas e externas (NBR-15575-4); Sistemas de se aproximava.
coberturas (NBR-15575-5), e Sistemas hidrossanitários Na medida em que a abordagem prescritiva, baseada
(NBR-15575-6). na experiência passada e na simples comparação com os
padrões preestabelecidos, não fazia uso de ensaios para
2. Um breve histórico sobre o conceito verificação do comportamento potencial do edifício, seus
de desempenho elementos e instalações, quando submetido às condições
O conceito de desempenho pode ser identificado, remo- regulares de exposição, pode-se dizer que a tendência era
tamente, até mesmo no Código de Hammurabi (por volta de perpetuar as técnicas convencionais de construção, sem
1770 A.C.), que em seu artigo 229 estabelece que: “Se um qualquer espaço para o surgimento da inovação.
construtor edificou uma casa para um homem, mas não a Exemplo disso é a experiência pioneira do arquiteto
fortificou e a casa caiu e matou seu dono, esse construtor inglês, John Brodie, responsável pelo desenvolvimento do
será morto”. primeiro sistema de painéis pré-fabricados de concreto de
Preocupação semelhante revela o Tratado de Arquite- que se tem notícia, utilizado em 1905, em Liverpool, para a
tura de Vitrúvio, intitulado “De architectura libri decem”, do construção do edifício conhecido como Eldon Street Apart-
século primeiro A.C., que se baseia nos princípios de “utili- ments (figura 1). O sistema construtivo desenvolvido por
tas, venustas e firmitas”, isto é, utilidade, beleza e solidez1 Brodie foi objeto de numerosas críticas à época e o poder
do edifício. público, responsável pela iniciativa voltada à habitação so-

Fig ura 1

& Construções

Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=80544634 (28/04/13)

Primeiro sistema de painéis pré-fabricados - Eldon Street Apartments Liverpool (John Brodie,1905)

1
VITRUVIO. De Arquitetura. São Paulo, Martins Fontes, 2007.

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NORMALIZAÇÃO TÉCNICA

industrialização da construção, até então adotado na Europa, e,


Fig ura 2
por outro, a necessidade de se elaborar novos instrumentos de
controle para a produção do edifício, capazes de contemplar as
exigências dos futuros usuários e corrigir os erros cometidos no
período inicial de reconstrução no pós-guerra.
Para citar o caso mais emblemático deste período, tem-
-se o colapso estrutural ocorrido em 1968 no edifício Ronan
Point, em Londres, que marca o declínio das construções
habitacionais massivas no Reino Unido (figura 3). Em 1970,
cresce a controvérsia sobre as condições de conservação
de alguns destes conjuntos, não só devido ao grave pro-
blema de colapso progressivo observado no Ronan Point2,
que levou a uma completa revisão nas ligações de sistemas
construtivos à base de grandes painéis de concreto, mas
Conjunto habitacional Killingworth Towers
também em função de patologias observadas, tais como
construído em 1967, em Newcastle upon Tyne
(UK), fotografado antes de sua demolição (1987) condensação e mau funcionamento de equipamentos de
calefação, indispensáveis para as severas condições climá-
cial, obrigou a superdimensionar os painéis pré-fabricados, ticas do inverno europeu.
recorrendo às prescrições oficiais sobre espessuras de pa- O resgate do usuário como protagonista e destinatário fi-
redes de tijolos cerâmicos. Frente a isso, o custo resultou no nal do processo construtivo do edifício fez com que as normas
triplo da previsão inicial para o empreendimento, interrom- técnicas passassem a ter um caráter de direito social e dei-
pendo prematuramente a trajetória de um promissor mode- xassem de ser encaradas como facultativas pelos produtores.
lo tecnológico, o qual só viria a ser retomado cinco décadas Como lembra Salas, é importante ressaltar que a ex-
depois, na reconstrução da Europa após a Segunda Guerra. pressão usuário designa não somente os ocupantes finais
Por outro lado, é importante recordar que sob a égide do bem produzido, a habitação, mas todos os partícipes no
da inovação tecnológica, voltada à construção massiva de processo de produção e gestão (SALAS, 1981). A esta de-
habitações, vários foram os equívocos cometidos no período finição ampliada de usuário, deve-se também agregar as
de reconstrução da Europa após a Segunda Guerra. Neste noções de conservação e manutenção da edificação, além
período predominaram, de forma implacável, as regras dos da avaliação do impacto que os elementos constituintes da
sistemas construtivos da chamada primeira geração da in- edificação provocam sobre o meio ambiente.
dustrialização (figura 2), onde frequentemente o usuário era No Brasil, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Es-
relegado à condição de mero detalhe, predominando uma tado de São Paulo (IPT) foi pioneiro no estudo e na aplica-
visão produtivista ou aquilo que Salas classifica como a eta- ção do conceito de desempenho para avaliação de sistemas
pa de “euforia e grandes negócios” (SALAS, 1981). construtivos destinados à habitação popular (IPT, 1988). Em
Não tardou para que surgissem as críticas a este mo- 1981, foram apresentados os resultados de uma pesquisa
delo inicial, o que levou Schmid e Testa, por exemplo, a intitulada “Formulação de critérios para avaliação de de-
cunharem a expressão “projeto invertido”, para definir um sempenho de habitações”, desenvolvida pela antiga Divisão
sistema construtivo desenvolvido ou especificado sem pen- de Edificações daquele Instituto para o extinto BNH-Banco
sar nas características intrínsecas do projeto e sua relação Nacional de Habitação (1964-1986). Na época da publica-
com as exigências do usuário (SCHMID e TESTA, 1969). ção deste trabalho, a normalização brasileira era basica-
Foi nos anos 1970 que, apoiado nos trabalhos realizados mente prescritiva, como majoritariamente ainda o é atual-
no CIB (acrônimo proveniente da sigla em francês de Conseil mente, abordando soluções construtivas específicas, sem a
International du Bâtiment, atual International Council for Rese- definição de limites mínimos de qualidade que pudessem
arch and Innovation in Building and Construction), se deu um servir de referência para a avaliação de desempenho para
importante salto conceitual, na medida em que ficavam evi- novos produtos ou sistemas construtivos (BORGES, 2008).
dentes, por um lado, o esgotamento do modelo produtivista de Posteriormente, em 1997, a Caixa Econômica Federal
2
Ronan Point foi o nome dado a uma torre habitacional de 22 andares construída na localidade de Newham, em Londres, que desabou parcialmente em 16 de maio de 1968, após uma explosão decorrente de vazamento de gás no 18º andar, que levou ao deslocamento
dos painéis estruturais e à perda de sustentação dos quatro pisos acima, ainda inabitados, bem como ao colapso progressivo do canto sudeste inteiro do edifício.
Quatro pessoas morreram e dezessete ficaram feridas. Ronan Point foi parte de uma onda de torres construídas
nos anos 1960, como solução econômica e acessível de habitação pré-fabricada. Após o acidente, o edifício foi parcialmente reconstruído com o uso de ligações mais resistentes, dimensionadas segundo novos critérios que passaram a vigorar a partir de então. A confiança da

50 opinião pública quanto à segurança das torres residenciais pré-fabricadas, no entanto, ficou seriamente abalada à época. Em 1984, as autoridades de Newham decidiram pela demolição de Ronan Point.
normas técnicas. Com o apoio da Finep (Financiadora de
Fig ura 3
Estudos e Projetos), empresa pública vinculada ao Ministé-
rio da Ciência e Tecnologia, foi desenvolvido no ano de 2000
o projeto de pesquisa “Normas técnicas para avaliação de
sistemas construtivos inovadores para habitações” (BOR-
GES, 2008), tendo como objetivo chegar a um conjunto de
normas técnicas brasileiras para avaliação de desempenho
de edifícios habitacionais.
É neste contexto que se cria no ano 2000, no âmbito
do Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-02), uma
Comissão de Estudo com o objetivo de elaborar o projeto
de norma sobre desempenho de edificações, cujo primeiro
coordenador foi o Engº Ércio Thomaz, do IPT. Sucedeu-o,
em 2004, o Engº Carlos Borges, representando o segmento
produtor, até a primeira publicação oficial da Norma de De-
sempenho, em maio de 2008.
Em setembro de 2010, no entanto, após a realização de
vários workshops, entre representantes da cadeia produtiva,
da Caixa Econômica Federal e do Ministério das Cidades,
chegou-se à necessidade de reativação da Comissão de Es-
tudo, na medida em que foram identificados vários tópicos
relevantes a serem revisados, aperfeiçoados ou acrescenta-
dos ao texto original da ABNT/NBR-15575:2008.
Finalmente, nesta sua última etapa, a coordenação da
Comissão de Estudo para revisão da ABNT/NBR-15575 cou-
be ao Engº Fabio Villas Bôas, também representante do seg-
mento dos produtores, tendo a mesma sido publicada em
fevereiro de 2013, com início de sua exigibilidade previsto
para julho de 2013.
O adiamento da publicação da Norma de Desempenho,
que pode ser visto como algo negativo por alguns, princi-
palmente aqueles que não tomaram parte nos trabalhos, foi
imprescindível para que o processo de revisão do texto fos-
se concluído e os atores envolvidos nesta tarefa pudessem,
Fonte: http://www.imacleod.com/msa/images/image002.jpg (28/04/13) de fato, chegar a um consenso com respeito aos parâmetros
técnicos que a orientam e, por certo, impactarão de forma
Colapso estrutural parcial do edif ício Ronan positiva o mercado brasileiro da construção civil habitacio-
Point, decorrente de uma explosão provocada
nal nas próximas décadas.
por vazamento de gás (Londres, 1968)
A Norma de Desempenho é hoje, reconhecidamente, um
divisor de águas na construção civil brasileira, pois leva proje-
contratou o IPT para revisar o trabalho realizado em 1981, tistas a conceberem e construtoras a executarem obras para
ao qual se somaram outros estudos, tal como aquele elabo- um determinado nível de desempenho especificado, a ser
rado pelo Departamento de Engenharia de Construção Civil atendido ao longo da vida útil da edificação. Trata-se de uma
& Construções

da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP- das maiores autorregulamentações técnicas, de um setor da
-PCC) e pelo Instituto Brasileiro de Tecnologia e Qualidade atividade econômica, nas palavras de Carlos Pinto Del Mar
da Construção (ITQC), em 1998 (EPUSP-PCC / ITQC,1998). (DEL MAR, 2013)3.
Frente aos vários estudos e pesquisas desenvolvidos de
forma independente, a Caixa Econômica Federal e repre- 3. Normativa e qualidade: o conceito
sentantes do meio técnico identificaram a necessidade de de normativa exigencial
harmonizá-los, convertendo-os em uma base para futuras A maior parte das normas técnicas hoje existentes para

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NORMALIZAÇÃO TÉCNICA

o setor da construção civil ainda segue, fundamentalmente, específicas do respectivo Manual de Uso, Operação e Manu-
uma orientação objetual ou prescritiva, estabelecendo re- tenção destes mesmos edifícios.
quisitos com base no uso consagrado de produtos ou proce-
dimentos, buscando atender aos requisitos dos usuários de 4. Conclusão: qualidade para quê?
forma indireta (ABNT, 2013). A qualidade, pode-se dizer, é um objetivo implícito da
Por sua vez, as normas de desempenho são estabele- atividade normativa em geral. A Norma de Desempenho de
cidas buscando atender aos requisitos dos usuários, que, a edificações, por sua vez, representa uma contribuição para
exemplo da norma ABNT/NBR-15575, referem-se aos sis- o desenvolvimento do conceito de normativa exigencial apli-
temas construtivos que compõem as edificações habitacio- cado à construção civil.
nais, independentemente dos seus materiais constituintes Como afirma o Dr. Eric Gibson, coordenador da Comissão
e do próprio sistema construtivo adotado. W60 (W60 Commission, Report n.64, 1982) do International
Tal orientação se enquadra dentro do que aqui se cha- Council for Research and Innovation in Building and Con-
ma de normativa exigencial, apoiada em uma abordagem struction (CIB): “primeiramente e acima de tudo, a aborda-
aberta a qualquer solução tecnológica, abandonando o an- gem de desempenho é [...] a prática de pensar e trabalhar
terior enfoque, exclusivamente produtivista, e adotando um em termos de fins, mais do que meios. […] Isso tem a ver
amplo conceito de usuário. com o que o edifício ou produto para a construção deve
Portanto, tal e qual consta em sua parte introdutória, a atender, e não com a prescrição de como este deve ser
ABNT/NBR-15575 Edificações habitacionais – Desempenho construído” (GIBSON, 1982).
tem como foco os requisitos dos usuários para o edifício A qualidade, portanto, pode ser definida como o grau de
habitacional e seus sistemas, quanto ao seu comportamen- integração e coerência alcançado entre os fins propostos e
to em uso, e não na prescrição de como os sistemas são os meios empregados. Tal qualidade se mede por meio de
construídos. Para tanto, nela estão definidos os requisitos uma normativa qualitativa, de caráter exigencial.
(qualitativos), os critérios (quantitativos ou premissas) e os O desenvolvimento de uma metodologia de desem-
métodos de avaliação (ensaios), os quais permitem a men- penho para edificações abre um caminho a partir do
suração clara de seu atendimento (figura 4). qual, e assim se espera, os projetistas transmitam de
Por sua vez, as normas de desempenho, em geral, tra- maneira clara suas decisões, contemplando as exigên-
duzem os requisitos dos usuários em requisitos e critérios, cias dos usuários, à indústria e aos demais especialis-
e são consideradas como complementares às normas pres- tas que intervêm na obra, de modo que se desenvolvam
critivas, no entanto, sem substituí-las. A utilização simul- as soluções técnicas adotadas, dentro das previsões
tânea de ambas visa atender aos requisitos do usuário com econômicas, em termos de materiais e métodos de
soluções tecnicamente adequadas. produção, os quais passam a ser controlados, testados
No caso de conflito ou diferença de critérios ou méto- e avaliados.
dos entre as normas requeridas e a Norma de Desempenho,
deve-se atender aos critérios mais exigentes. Os concei- Fig ura 4
tos abordados na ABNT/NBR-15575 muitas vezes não são
considerados nas normas prescritivas específicas existen-
tes para cada produto, as quais deixam de contemplar, por
exemplo, a durabilidade dos sistemas, a manutenibilidade
da edificação e aspectos menos conhecidos vinculados às
exigências humanas, tais como o conforto tátil e antropodi-
nâmico dos usuários.
Em linhas gerais, todas as disposições contidas na Nor-
ma de Desempenho que passa a vigorar em julho de 2013
aplicam-se aos sistemas que compõem edificações habi-
tacionais, projetados, construídos, operados e submetidos Avaliação de desempenho
a intervenções de manutenção, que atendam às instruções

3
Coluna da Fiabci/Brasil no jornal o Estado de São Paulo de 16/04/13, onde o Dr. Carlos Pinto Del Mar, consultor jurídico especializado, discorre sobre a importância técnica e jurídica da Norma de Desempenho.

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A Norma de Desempenho implica em uma nova que delam participam, inclusive o usuário final.
metodologia para se projetar e construir edificações, a A exemplo das experiências presenciadas em ou-
ser assimilada por empresas, profissionais de mercado, tras partes mundo, algumas delas há mais de 30 anos,
organismos governamentais e consumidores. Ao intro- a adoção do conceito de desempenho pela indústria da
duzir os requisitos mínimos de qualidade que devem construção civil brasileira é uma demonstração inequí-
ser atendidos pela edificação, a Norma de Desempenho voca do esforço e das aspirações do setor, rumo a uma
envolve toda a cadeia produtiva, levando esta respon- maior qualidade. A publicação da Norma de Desempenho
sabilidade a ser compartilhada entre todos os atores é o sinal aparente desta mudança.

R eferên c i a s B i bl i o g rá f i c a s

[01] SALAS S., Julián. Alojamiento y tecnología: Industrialización abierta? Madrid: Instituto Eduardo Torroja, 1981
[02] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Edificações habitacionais – Desempenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2013 (ABNT/NBR-
15575)
[03] SCHMID, Thomas. e TESTA, Carlo. Systems Building. Zürich: Verlag für Architektur, 1969
[04] GLENDINNING, Miles & MUTHESIUS, Stefan. Tower block: modern public housing in England, Scotland, Wales, and Northern Ireland. New
Haven and London: The Paul Mellon Centre for Studies in British Art by Yale University Press, 1993
[05] INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (IPT). Tecnologia de edificações. São Paulo: PINI, 1988
[06] BORGES, Carlos A. de M. O conceito de desempenho de edificações e a sua importância para o setor da construção civil no Brasil. São Paulo:
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - Departamento de Engenharia de Construção Civil, 2008 (Dissertação de Mestrado) l

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