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História Da Educação: Bianca Luiza Freire de Castro França
História Da Educação: Bianca Luiza Freire de Castro França
EDUCAÇÃO
Introdução
A Era Vargas foi o período em que o Brasil esteve sob o governo centra-
lizador e populista de Getúlio Vargas. Teve início na Revolução de 1930
com o movimento, liderado por Vargas, que destituiu Washington Luís
e impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes. A Era Vargas teve
seu fim em 1945, com a deposição de Getúlio. Segundo a historiografia,
pode ser dividida em três fases: Governo Provisório (1930–1934), Governo
Constitucional (1934–1937) e Estado Novo (1937–1945). Destaca-se que no
ano de 1951, Vargas volta ao comando nacional por meio de eleições
diretas para presidente. Durante a campanha eleitoral, utilizou-se o
apelo nacionalista de um Brasil mais modernizado com o incentivo do
desenvolvimento da indústria nacional. A famosa frase “O petróleo é
nosso” e a criação da Petrobras foram as bases da campanha eleitoral,
mas a forte oposição política, principalmente da União Democrática
Nacional (UDN) e de Carlos Lacerda, provocou a insustentabilidade
de Azevedo, o texto foi assinado por nomes como Anísio Teixeira, Afrânio
Peixoto, Lourenço Filho, Roquette Pinto, Delgado de Carvalho, Hermes Lima
e Cecília Meireles. Esse grupo de intelectuais entendia que um dos pilares da
reconstrução nacional seria um plano de reconstrução educacional.
definições de lutas, o novo perfil de moral e civismo para a década de 1930 foi
a Educação Moral e Cívica como disciplina sob comando da Igreja. Assim, a
instrução cívica visou o aperfeiçoamento físico para melhoramento da raça,
sobretudo a partir de 1937, com o Estado Novo, quando foi dada ênfase à
educação eugênica, incluída na Constituição de 1934 como um dos deveres
do Estado (ROCHA, 2018).
Com a ameaça de uma possível infiltração comunista, a partir de 1935 o
Governo Vargas se lançou numa campanha de saneamento moral. A efetivação
das suas ações se daria a partir de 1937, com a instalação do Estado Novo, e até
1945 a educação serviu aos interesses do governo. Assim, a Educação Moral
e Cívica, calcada na religião, com uma concepção moralista e triunfalista,
serviu aos propósitos anticomunistas do Estado Novo.
Em relação à Educação Física, Denise Corrêa (2006) indica que nas décadas
de 1930 e 1940 aconteceu sua valorização como instrumento para a incrus-
tação dos pressupostos do ideário do governo de Getúlio Vargas nas várias
instâncias da sociedade. Segundo a autora, entre as alterações estabelecidas
pelo então Ministro Francisco Luiz da Silva Campas na área da educação,
regulamentadas em 18 de abril de 1931, destacava-se a obrigatoriedade da
Educação Física em todas as instituições de ensino secundário.
Aliado ao adestramento físico, à relevância dada à Educação Física era no
sentido de inculcar nos jovens, dentre outros valores, o patriotismo. A Educa-
ção Física nesse momento tinha cunho militarista, com objetivo fundamental
cultivar uma juventude capaz de suportar o combate, a luta e a guerra. Tal
disciplina servia para elevar a nação e estava vinculada à ideia de segurança
nacional, com preocupação com o adestramento físico necessário ao processo
de industrialização recém-implantado no país. Ou seja, a Educação Física
servia ao civismo e à doutrinação estadonovista.
A proposta do Estado Novo era criar um sistema que unificasse as massas, com
uma rígida base escolar alicerçada na cultura militar e voltada para a formação
da indústria. Segundo Curry ([201-?]), o Plano Nacional criou escolas profissio-
nalizantes para mulheres na indústria, nacionalizou os estrangeiros no país pelo
sistema de ensino e formou o cidadão segundo valores do Estado, que não se
colocava como neutro e deixava claro seu papel na formação de jovens e crianças.
Porém, o Estado Novo não se preocupava com o fim das diferenças so-
ciais, muito pelo contrário. A educação eugênica impedia ou dificultava a
mobilidade social, relegando aos pobres, negros e mestiços formação para a
indústria, enquanto para os brancos e filhos de famílias abastadas deixava as
atividades mais complexas.
Durante o Estado Novo, o povo era considerado matéria bruta a ser lapi-
dada pelas elites; por isso, o governo controlava e fiscalizava as mais diversas
manifestações da cultura popular nacional. Prova disso era o esforço em
converter a figura do malandro na figura do exemplar operário no (PEDRO,
1980). O DIP incentivava compositores a abandonar o tema da boemia e
exaltar o trabalho, bem como a repudiar o comunismo, que era uma ameaça à
nacionalidade. Nesse sentido, em 1939 Vargas criou o Dia da Música Popular
Brasileira. Outra forma de demonstrar a força do regime eram as construções
sólidas da arquitetura nacional, como os prédios do Ministério da Guerra e a
Estação Central do Brasil, ambos no Rio de Janeiro.
O Estado Novo foi o período da Era Vargas marcado pelo conservado-
rismo e arrojo na área industrial, cultural e educacional. Em sua política,
estava voltado à criação de uma brasilidade nacionalista, conservadora,
militarista, anticomunista, religiosa, obediente e industrializada. Para a
construção do cidadão estadonovista, que era ora operário, ora soldado e
sempre à serviço da pátria, o Estado Novo lançou mão da imposição de
suas ideologias, inspiradas no fascismo europeu, por meio da educação
em várias instâncias. Para isso, promoveu reformas tanto no ensino básico
quanto no secundário, a fim de ajustar suas diretrizes aos interesses gover-
namentais, e também utilizou a educação como ferramenta da propaganda
do regime e de seu líder.
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Leituras recomendadas
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