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HISTÓRIA DA

EDUCAÇÃO

Bianca Luiza Freire de Castro França


O Estado Novo e as novas
diretrizes educacionais:
a ideologia do Estado
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os elementos que levaram à transformação do sistema de


ensino nacional em campanha governamental no Brasil.
 Analisar os efeitos dessas transformações adotadas no sistema edu-
cacional no período do Estado Novo (1930–1945) no Brasil.
 Reconhecer as influências ideológicas do Estado sobre o sistema de
ensino nacional na era Vargas (1930–1945).

Introdução
A Era Vargas foi o período em que o Brasil esteve sob o governo centra-
lizador e populista de Getúlio Vargas. Teve início na Revolução de 1930
com o movimento, liderado por Vargas, que destituiu Washington Luís
e impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes. A Era Vargas teve
seu fim em 1945, com a deposição de Getúlio. Segundo a historiografia,
pode ser dividida em três fases: Governo Provisório (1930–1934), Governo
Constitucional (1934–1937) e Estado Novo (1937–1945). Destaca-se que no
ano de 1951, Vargas volta ao comando nacional por meio de eleições
diretas para presidente. Durante a campanha eleitoral, utilizou-se o
apelo nacionalista de um Brasil mais modernizado com o incentivo do
desenvolvimento da indústria nacional. A famosa frase “O petróleo é
nosso” e a criação da Petrobras foram as bases da campanha eleitoral,
mas a forte oposição política, principalmente da União Democrática
Nacional (UDN) e de Carlos Lacerda, provocou a insustentabilidade

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do novo governo de Vargas. A pressão chegou a tal ponto que, no


dia 24 de agosto de 1954, Vargas comete suicídio para não renunciar
novamente. Deixou para a nação sua última declaração “saio da vida
para entrar na história”.
A Era Vargas pode ser caracterizada pelo poder centralizador, pela
política trabalhista e pelo nacional-desenvolvimentismo, que ampliaram
os direitos dos trabalhadores e investiram na indústria e na formação
de operários, dentre outras ações populistas. No Estado Novo, Getú-
lio Vargas reforçou seu poder, reduziu liberdades civis e implantou a
censura. Havia ainda um reforço do militarismo por conta dos ânimos
de guerra, que rondavam o mundo inteiro. O Brasil ingressou de fato
na Segunda Guerra Mundial somente em 1942, ao lado dos Aliados.
Antes disso, apesar dos flertes fascistas de Vargas, o país tinha posição
neutra no conflito.
Neste capítulo, você vai estudar as diretrizes educacionais do Estado
Novo e como as ideologias do Estado influenciaram na educação nacional
e serviram aos interesses de propaganda do governo.

1 O ensino nacional como campanha


governamental
O ensino no Estado Novo foi amplamente utilizado como propaganda do
governo varguista. Segundo Bomeny (2020), falar do primeiro Governo Var-
gas (1930–1945) é falar de uma série de reformas que se tornaram a grande
propaganda do governo federal.
Foi em 1930 que Getúlio criou o Ministério da Educação e Saúde, que
contava com Gustavo Capanema (Figura 1) à sua frente, de 1934 a 1945.
Capanema foi responsável pela Reforma Capanema, ou conjunto de Leis
Orgânicas de Ensino. A Reforma Capanema pode ser caracterizada por uma
série de transformações no sistema educacional brasileiro entre 1942 e 1945
(CURRY, [201-?], 2011; RIBEIRO, 2003).

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Figura 1. Gustavo Capanema.


Fonte: [Fotos...] (1959, documento on-line).

Dentre essas transformações, podemos citar a estruturação do ensino indus-


trial, a reformulação do ensino comercial, reformas no ensino secundário e a
criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Houve também
a Reforma Universitária, com a criação e padronização do sistema universitário
público federal, a criação da Universidade do Brasil, a criação da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de outras iniciativas.
No ensino primário, a política principal do governo foi a nacionalização do
ensino, fechando escolas estrangeiras, a construção de unidades escolares e a
imposição de um sistema nacional de ensino (RIBEIRO, 2003).
Em se tratando de educação na Era Vargas, é preciso falar do Plano Nacional
de Educação. Em 1931, o Conselho Nacional de Educação (CNE) foi criado pelo
Decreto nº 19.850, de 11 de abril de 1931. Segundo Curry (2011), esse órgão
teria indiretamente entre suas atribuições o desenvolvimento da educação no
Brasil. Após o estudo e a aprovação do plano pelo CNE, a proposta foi subme-
tida ao exame do executivo federal e à consideração dos governos estaduais.
Em 1932, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova consolidava a
visão de um segmento da elite intelectual que vislumbrava uma nova organi-
zação da sociedade brasileira por meio da educação. Redigido por Fernando

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de Azevedo, o texto foi assinado por nomes como Anísio Teixeira, Afrânio
Peixoto, Lourenço Filho, Roquette Pinto, Delgado de Carvalho, Hermes Lima
e Cecília Meireles. Esse grupo de intelectuais entendia que um dos pilares da
reconstrução nacional seria um plano de reconstrução educacional.

Assentado o princípio do direito biológico de cada indivíduo à sua educação


integral, cabe evidentemente ao Estado a organização dos meios de o tornar
efetivo, por um plano geral de educação, de estrutura orgânica, que torne a
escola acessível, em todos os seus graus, aos cidadãos a quem a estrutura
social do país mantém em condições de inferioridade econômica para obter o
máximo de desenvolvimento de acordo com as suas aptidões vitais. Chega-se,
por esta forma, ao princípio da escola para todos, ‘escola comum ou única’.
[...] Unidade não significa uniformidade. A unidade pressupõe multiplicidade.
Por menos que pareça, à primeira vista, não é, pois, na centralização, mas na
aplicação da doutrina federativa e descentralizadora, que teremos de buscar o
meio de levar a cabo, em toda a República, uma obra metódica e coordenada,
de acordo com um plano comum [...]. A unidade educativa, essa obra imensa
que a União terá de realizar sob pena de perecer como nacionalidade, se
manifestará então como uma força viva, um espírito comum, um estado de
ânimo nacional, [...] levando os Estados a evitar todo desperdício nas suas
despesas escolares a fim de produzir os maiores resultados com as menores
despesas (CURRY, 2011, documento on-line).

Em 1932, na 5ª Conferência Nacional de Educação, realizada em Niterói


(RJ), a Associação Brasileira de Educação (ABE) estabeleceu como objetivo
sugerir um plano de educação nacional na Assembleia Constituinte que viria
a dar origem à Constituição de 1934.
Em seu art. 150, a Constituição de 1934 dispunha sobre a competência da União
fixar o Plano Nacional de Educação, compreensivo do ensino de todos os graus e
ramos, comuns e especializados, além de coordenar e fiscalizar sua execução em
todo o país. Além disso, no art. 152 colocava como atribuição do CNE elaborar
o plano legislativo e sugerir ao governo as medidas necessárias para a melhor
solução dos problemas educativos, bem como a distribuição de fundos especiais.
Em relação ao Plano Nacional de Educação, a ABE sustentava que deveria
obedecer uma “racionalidade técnica” (CURRY, 2011, p. 801). Dessa forma,
seria garantida a autonomia das propostas dos educadores para as iniciativas
governamentais. Após meses de trabalho do CNE, chegou-se a um projeto
com 506 artigos, cujo art. 1 afirmava que o Plano Nacional de Educação é
um Código da Educação Nacional e deveria abranger desde os princípios e
diretrizes até modalidades de ensino, controle e financiamentos. Em 17 de maio
de 1937, o anteprojeto do plano foi entregue ao Ministro Gustavo Capanema.
No dia seguinte, o plano elaborado pelo CNE foi encaminhado ao Presidente

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Vargas, que o enviou ao Congresso. Na Câmara dos Deputados, foi criada a


Comissão do Plano Nacional de Educação.
Em 10 de novembro de 1937, com o autogolpe de Getúlio Vargas que deu
origem ao Estado Novo, houve o fechamento dos poderes representativos e não
foi possível o prosseguimento do Plano Nacional de Educação. Impedido de ir
adiante, o plano foi retomado pelo Ministério da Educação e da Saúde Pública
(MESP). A retomada do plano se deu em outras bases, com o seu desmembramento.
O MESP queria atuar com eficiência sobre a educação nacional em todos os
níveis com a promulgação de uma lei geral de ensino, um Código de Educação
Nacional, como condição prévia para a elaboração de um plano de educação.
O Estado Novo, segundo Curry (2011), não chegou a construir o código, mas
se empenhou em elaborar um conjunto de leis orgânicas.
A partir de então, o governo do Estado Novo usou as escolas como centro
de difusão da propaganda governamental. Essa política propagandista também
foi adotada, na época, pelo nazista Adolf Hitler e pelo fascista italiano Benito
Mussolini. A educação no Estado Novo tinha fator ideológico pró-Estado.
As disciplinas obrigatórias instituídas nas escolas em 1937, como o Ensino
Religioso, Educação Moral e Cívica e Educação Física, serviam ao propósito da
educação eugênica cultivado pelo Governo Vargas e presente na Constituição
de 1934, em seu artigo 158 (ROCHA, 2018).
Segundo Arce (2007), no começo dos anos 1930 a educação ficara carac-
terizada pelo uso da via moral e do civismo nos projetos políticos varguistas.
Nesse contexto marcado desde o início da Primeira República por movimentos
militares e pela definição do comunismo como principal ameaça política ao
governo e à Igreja, uma maior participação na educação era reivindicada por
pressão da Igreja Católica.
A Igreja já controlava o ensino secundário, mas exercia pouca influência
no ensino primário, composto pela parcela mais pobre da população. Devido
ao crescimento dessa camada social entre às décadas de 1920 e 1930, a Igreja
resolveu lutar pela reintrodução do ensino religioso nas escolas públicas. O
resultado dessas articulações entre o Estado e a Igreja foi o decreto promul-
gado em 30 de abril de 1931, que introduziu o ensino religioso no primário,
secundário e normal. A principal motivação para aprovação do ensino moral
com base religiosa era de natureza ética, recuperando valores éticos e morais
perdidos, ligados à religião e à família (ARCE, 2007).
Uma vez estabelecida a base moral do ensino religioso, restava a rees-
truturação da instrução cívica, que tinha como sentido, a partir de 1934, o
civismo propugnado pelo governo por meio da educação, caracterizado pelos
conceitos de pátria e raça. Em síntese, dentro do quadro de transformações e

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definições de lutas, o novo perfil de moral e civismo para a década de 1930 foi
a Educação Moral e Cívica como disciplina sob comando da Igreja. Assim, a
instrução cívica visou o aperfeiçoamento físico para melhoramento da raça,
sobretudo a partir de 1937, com o Estado Novo, quando foi dada ênfase à
educação eugênica, incluída na Constituição de 1934 como um dos deveres
do Estado (ROCHA, 2018).
Com a ameaça de uma possível infiltração comunista, a partir de 1935 o
Governo Vargas se lançou numa campanha de saneamento moral. A efetivação
das suas ações se daria a partir de 1937, com a instalação do Estado Novo, e até
1945 a educação serviu aos interesses do governo. Assim, a Educação Moral
e Cívica, calcada na religião, com uma concepção moralista e triunfalista,
serviu aos propósitos anticomunistas do Estado Novo.
Em relação à Educação Física, Denise Corrêa (2006) indica que nas décadas
de 1930 e 1940 aconteceu sua valorização como instrumento para a incrus-
tação dos pressupostos do ideário do governo de Getúlio Vargas nas várias
instâncias da sociedade. Segundo a autora, entre as alterações estabelecidas
pelo então Ministro Francisco Luiz da Silva Campas na área da educação,
regulamentadas em 18 de abril de 1931, destacava-se a obrigatoriedade da
Educação Física em todas as instituições de ensino secundário.
Aliado ao adestramento físico, à relevância dada à Educação Física era no
sentido de inculcar nos jovens, dentre outros valores, o patriotismo. A Educa-
ção Física nesse momento tinha cunho militarista, com objetivo fundamental
cultivar uma juventude capaz de suportar o combate, a luta e a guerra. Tal
disciplina servia para elevar a nação e estava vinculada à ideia de segurança
nacional, com preocupação com o adestramento físico necessário ao processo
de industrialização recém-implantado no país. Ou seja, a Educação Física
servia ao civismo e à doutrinação estadonovista.
A proposta do Estado Novo era criar um sistema que unificasse as massas, com
uma rígida base escolar alicerçada na cultura militar e voltada para a formação
da indústria. Segundo Curry ([201-?]), o Plano Nacional criou escolas profissio-
nalizantes para mulheres na indústria, nacionalizou os estrangeiros no país pelo
sistema de ensino e formou o cidadão segundo valores do Estado, que não se
colocava como neutro e deixava claro seu papel na formação de jovens e crianças.
Porém, o Estado Novo não se preocupava com o fim das diferenças so-
ciais, muito pelo contrário. A educação eugênica impedia ou dificultava a
mobilidade social, relegando aos pobres, negros e mestiços formação para a
indústria, enquanto para os brancos e filhos de famílias abastadas deixava as
atividades mais complexas.

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2 Domesticação das consciências e militarização


dos corpos
No seu governo entre 1937 e 1945, Getúlio Vargas criou uma máquina de propaganda
para divulgação do seu regime, com a atuação do Departamento de Imprensa
e Propaganda (DIP). A educação estava a cargo do Estado e deveria adotar as
ideologias estadonovistas do anticomunismo, nacionalismo, eugenia, moral com
base religiosa cristã, militarismo e ênfase no trabalho como fator enobrecedor do
homem. O Estado e sua educação teriam que conferir ao povo certa uniformidade,
não apenas de pensamento, mas também de capacidade física (CPDOC/FGV, 2020).
A educação serviu como forma de propaganda política para o Estado Novo,
instaurando-a de forma autoritária e estabelecendo uma dura política de controle
social, cultural e educacional por meio da inculcação de um civismo nacionalista,
eugênico, militarista e religioso, e utilizando ao máximo de todos os meios encon-
trados para angariar bases para seus feitos (FAUSTO, 2006). Como no nazismo
e fascismo europeus, a ideia era promover a instrução intelectual e também a
questão do corpo e da saúde. O corpo, assim como a mente, devia ser cuidado
como instrumento de trabalho, pois era funcional para a indústria (Figura 2).

Figura 2. Trabalhadores de fábrica carregam faixa defendendo o trabalhismo de Vargas


no Estado Novo.
Fonte: CPDOC/FGV (2020, documento on-line).

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A concepção do corpo junto com a educação teve respaldo do Exército


Brasileiro, que atuou diretamente com o Governo Vargas e o Ministro Ca-
panema. O governo acreditava que somente o Exército seria capaz de educar
o povo, segundo os princípios da ordem e da disciplina. Assim, a presença
militar foi muito forte na educação do Estado Novo. Os militares utilizaram-se
da disciplina ensinada nos quartéis para normatizar regras dentro das escolas
públicas e cultivar, dessa maneira, alunos que respeitassem hierarquias e
obedecessem ao líder político.
Como mencionado, no setor educacional o Estado Novo se configurou por
meio da Reforma Capanema, com seus oito decretos que regulamentaram o ensino
primário, o secundário e as áreas do ensino profissionalizante (industrial, comercial,
normal e agrícola) (CURRY, [201-?]). De todo modo, a Reforma Capanema, apesar
das muitas transformações, manteve como característica no ensino brasileiro o
dualismo de classes (CARNEIRO, [201-?]). Havia dois caminhos a serem seguidos
entre o primário e o ensino profissionalizante: havia um ensino secundário público
destinado às elites (Figura 3) ou um profissionalizante para as classes populares.
Isso filtrava aqueles que deveriam estudar menos e ingressar logo no mercado de
trabalho: os pretos, pobres e mestiços (RIBEIRO, 2003).

Figura 3. Getúlio Vargas privilegiava a educação para os filhos da elite brasileira.


Fonte: Insper (2019, documento on-line).

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De acordo com Dallabrida (2014), durante a ditadura do Estado Novo o


ensino secundário foi reestruturado e a Reforma Capanema prescreveu ao
ensino secundário uma cultura escolar nacionalista e tradicional. A reforma
também fixou dois ciclos para o ensino secundário: o ginasial e o colegial.
Além disso, determinou o ensino de latim em todas as séries do primeiro ciclo
e a tonificação das disciplinas vinculadas às ciências naturais.
Gustavo Capanema sublinhava, na Lei Orgânica do Ensino Secundário
(1942), a importância da construção escolar de uma consciência patriótica,
dando destaque para disciplinas como História do Brasil e Geografia do
Brasil. O ensino secundário permanecia como um reduto de tradicionalismo
pedagógico, materializado no predomínio de aulas expositivas e na segrega-
ção de gênero. Não por acaso, a maioria dos colégios de ensino secundário
pertenciam à Igreja Católica, que apoiou a ditadura de Getúlio Vargas. Para
Dallabrida (2014), a Lei Orgânica do Ensino Secundário apresentava um
caráter elitista, afinado com a proposta eugênica que era colocada em prática
pelo Estado Novo.
Nesse contexto, Medeiros Neta et al. (2018, p. 226) apontam que:

Na Era Vargas, houve fortalecimento da dualidade da educação, já que


existia forte restrição em relação ao acesso ao ensino superior: egressos da
educação média profissionalmente somente poderiam ter acesso aos cursos
de nível superior da mesma carreira, ou seja, não havia poder de escolha,
eleger carreiras diferentes. Em relação aos alunos do ensino secundário,
não havia restrição alguma, já que eles tinham acesso ao nível superior.
Percebe-se, inclusive, na elaboração dos decretos-lei — principalmente
do Decreto-Lei do Ensino Secundário — forte inf luência fascista, pois
havia robusta restrição da educação superior às classes dominantes, já que,
a partir da obtenção de conhecimento e do privilégio das informações,
elas poderiam se manter no poder e maximizar a distância entre elas e as
classes mais pobres, subalternas.

Era de extrema importância a profissionalização da massa trabalhadora


precocemente no ensino secundário, devido à realidade socioeconômica em
que se inseria o Brasil, ou seja, um plano de avanço industrial (CARNEIRO,
[201-?]). O Estado Novo precisava de mão-de-obra para sua industrialização
e nada melhor que os pobres para ocuparem esse espaço.

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10 O Estado Novo e as novas diretrizes educacionais: a ideologia do Estado

Além de manter institucionalizado o dualismo no ensino secundário, o


Brasil agregava valores para o curso do ensino primário voltados para o na-
cionalismo totalitário. Era intenção passar ideais de uma sociedade vista como
uma corporação, em que cada indivíduo tinha como funções: idolatrar o líder
da nação, obedecer àquilo determinado pelo Regime, absorver os conteúdos
transmitidos na escola e ser um bom operário (CPDOC/FGV, 2020). Esse era
o fenômeno da domesticação das consciências, que junto à militarização dos
corpos formava o cidadão do Estado Novo.
Com o desenvolvimento industrial e urbano, os trabalhadores de fábricas
começaram a ganhar atenção, já que o processo de industrialização desen-
cadeado na década de 1930 passou a requerer mão-de-obra especializada. O
Estado Novo manteve a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino primário
e estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de trabalhos manuais em todas as
escolas normais. Enquanto isso, o ensino superior e o trabalho intelectual
eram direcionados para as classes mais favorecidas. Nesse contexto, foram
criados o Senai, pelo Decreto-Lei 4.048, de 22 de janeiro de 1942, e o Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), pelo Decreto-Lei nº 8.621, de
janeiro de 1946.

O decreto que criou o Senai consagrou os seguintes pontos: a preparação metódica do


aprendiz em centros ou em escolas de aprendizagem; obrigação dos empregadores de
manter como seus empregados uma determinada percentagem de aprendizes e de
assegurar-lhes treinamento; administração direta do sistema pela própria indústria; descen-
tralização na administração do sistema de aprendizagem; custeio mediante contribuição
compulsória de 1% sobre a folha de pagamento; e faculdade de cada empregador manter
junto às suas empresas um centro ou escola privativa de aprendizagem.
Já o Senac começou a ser idealizado em 1945 por Alexandre Marcondes Filho, Ministro
do Trabalho, Indústria e Comércio. Nesse período, a Lei Orgânica do Ensino Primário
organizou esse nível de ensino com duração de dois anos, destinado a estudantes
a partir dos 13 anos. A legislação de ensino organizou também o ensino normal e o
ensino agrícola (CPDOC/FGV, 2020).

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3 Influências ideológicas do Estado na Era Vargas


O governo do Estado Novo, com o auxílio do MESP e do DIP, articulou uma dupla
estratégia de atuação na educação e na cultura: uma estratégia voltada para as
elites culturais e uma para as massas populares (CPDOC/FGV, 2020). O Estado
Novo incentivava a pesquisa e a reflexão pelos intelectuais reunidos pelo Ministro
Capanema e conduzia via DIP uma rígida política de censura às manifestações
culturais populares. A propaganda do regime e de seu líder foi facilitada pelo
controle dos mais variados meios de comunicação, principalmente rádio e imprensa.
Gustavo Capanema esteve à frente do Ministério da Educação durante todo o
Estado Novo, e ao seu lado manteve um grupo de intelectuais assessores, incluindo
nomes como Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade e Rodrigo Melo
Franco. Os projetos educacionais e culturais encabeçados por esse grupo resultaram
na implantação de órgãos como a Universidade do Brasil, o Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional e o Instituto Nacional do Livro.
Segundo Silva (2010), Gustavo Capanema poderia ser visto como um
ideólogo da cultura. Para o autor, a singularidade do papel de Capanema
ganha mais visibilidade pela aproximação com os intelectuais nacionais.
A composição desse grupo de intelectuais com os quais Capanema interagia
era demarcada pela heterogeneidade de ideologias e práticas políticas. Havia
os intelectuais católicos; os intelectuais autoritários e com influências fascis-
tas; os modernistas, como Mário de Andrade; e os denominados educadores
profissionais, como Anísio Teixeira.
Esse grupo de intelectuais entrou em evidência por nutrir em sua visão
de mundo o anseio de transformar a sociedade e a cultura vigente por meio
de ações políticas articuladas, reivindicando a liderança moral da nação por
uma elite atuante. O sentido atribuído a esse grupo de intelectuais estava
enquadrado no projeto político varguista, em que a construção da nação
moderna seria permeada e executada pelo Estado. O processo de construção
nacional a partir da Revolução de 1930 foi caracterizado pela modernização
autoritária coordenada pelo Estado. Os intelectuais participaram ativamente
das discussões, e alguns de seus membro chegaram a fornecer justificativas
ideológicas para a implantação do Estado Novo (SILVA, 2010).

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12 O Estado Novo e as novas diretrizes educacionais: a ideologia do Estado

Gustavo Capanema, como homem de estado, construiu uma teia de relações


com os mais diversos grupos intelectuais do período. Capanema, segundo Silva
(2010), demonstrava uma postura política que combinava negociação e indepen-
dência política no trato de assuntos públicos e nas suas relações com os intelectuais.
Nesse mesmo período, foi estabelecida a Reforma do Ensino Secundário,
estimulando o ensino profissionalizante, o que permitiu a criação do Senai e do
Senac. Outra questão foi a afirmação dos princípios católicos na condução do
ensino superior, o que proporcionou a abertura das faculdades católicas, dando
origem à Pontifícia Universidade Católica (CPDOC/FGV, 2020; RIBEIRO,
2003). Contudo, as metas de modernização da educação, o incentivo à pesquisa
e a preservação das raízes culturais brasileiras almejadas pelos intelectuais do
Ministro Capanema nem sempre foram alcançadas, pois muitas vezes esbarraram
nos procedimentos centralizadores e burocráticos do regime do Estado Novo.
Por sua vez, o DIP reunia os remanescentes do modernismo conservador da
corrente verde-amarela, grupo que foi responsável por traçar as linhas da política
cultural do governo para as camadas populares. Uma das metas fundamentais
do projeto autoritário do governo era o controle dos meios de comunicação, a
fim de obter uma homogeneidade cultural voltada para o nacional, para o tradi-
cional, para o anticomunismo e para a preservação das instituições estatais do
Estado Novo (BORGES, 2006). O conceito de cultura defendido no Estado Novo
estava alinhado à construção de uma “brasilidade” de costumes e linguagem, e
deveria excluir as influências estrangeiras identificadas ora com o comunismo,
ora com o nazismo, apesar das tendências fascistas de Vargas. A ideologia do
Estado Novo era transmitida em cartilhas infanto-juvenis, jornais de circulação
nacional, pelo teatro, música, cinema, nos carnavais, festas cívicas e populares
(CPDOC/FGV, 2020; CARNEIRO, [201-?]).
A Rádio Nacional, os jornais A Manhã e A Noite e a revista Cultura Política
tornaram-se porta-vozes do regime. As publicações contavam com intelectuais
das mais diversas correntes, voltados à doutrinação das camadas populares.
O rádio foi um dos veículos de maior eficiência na difusão do projeto político-
-pedagógico estadonovista. No âmbito das manifestações cívicas, o governo deu
apoio ao projeto de apresentações de canto orfeônico de Heitor Villa-Lobos,
comuns durante as concentrações populares no estádio do Vasco da Gama
(Figura 5) (BUSETTO, 2007).

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O Estado Novo e as novas diretrizes educacionais: a ideologia do Estado 13

Em 4 de junho de 1939, a população brasileira, e em especial a carioca, pôde conhecer pela


primeira vez a televisão. Tal acontecimento foi possível graças à Exposição de Televisão,
evento realizado durante a Feira de Amostras do Rio de Janeiro. Ao ser apresentada pela
primeira vez aos brasileiros, a TV já era operada regularmente na Alemanha, Inglaterra,
França, União Soviética e nos Estados Unidos. A aparelhagem necessária à exposição fora
trazida da Alemanha, e o evento ocorreu sob o patrocínio do Departamento Nacional de
Propaganda e Difusão Cultural, órgão que seria substituído pelo DIP em dezembro de 1939.
Ao tratar Exposição de Televisão, a imprensa geralmente expressava certo deslum-
bramento e orgulho pelo fato do Brasil poder conhecer o novo meio de comunicação.
Sobre o meio propriamente, ela reforçava, de um lado, a imagem da TV como uma
grande conquista da ciência para o avanço da comunicação humana, e, de outro, a
caracterizava como um dos símbolos do progresso de uma nação. Tudo bem ao gosto
do Estado Novo (BUSETTO, 2007).

Durante o Estado Novo, o povo era considerado matéria bruta a ser lapi-
dada pelas elites; por isso, o governo controlava e fiscalizava as mais diversas
manifestações da cultura popular nacional. Prova disso era o esforço em
converter a figura do malandro na figura do exemplar operário no (PEDRO,
1980). O DIP incentivava compositores a abandonar o tema da boemia e
exaltar o trabalho, bem como a repudiar o comunismo, que era uma ameaça à
nacionalidade. Nesse sentido, em 1939 Vargas criou o Dia da Música Popular
Brasileira. Outra forma de demonstrar a força do regime eram as construções
sólidas da arquitetura nacional, como os prédios do Ministério da Guerra e a
Estação Central do Brasil, ambos no Rio de Janeiro.
O Estado Novo foi o período da Era Vargas marcado pelo conservado-
rismo e arrojo na área industrial, cultural e educacional. Em sua política,
estava voltado à criação de uma brasilidade nacionalista, conservadora,
militarista, anticomunista, religiosa, obediente e industrializada. Para a
construção do cidadão estadonovista, que era ora operário, ora soldado e
sempre à serviço da pátria, o Estado Novo lançou mão da imposição de
suas ideologias, inspiradas no fascismo europeu, por meio da educação
em várias instâncias. Para isso, promoveu reformas tanto no ensino básico
quanto no secundário, a fim de ajustar suas diretrizes aos interesses gover-
namentais, e também utilizou a educação como ferramenta da propaganda
do regime e de seu líder.

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14 O Estado Novo e as novas diretrizes educacionais: a ideologia do Estado

Um bom exemplo da influência da ideologia do Estado Novo na vida do povo pode


ser demonstrada na criação e reapropriação de eventos cíveis. O feriado do Dia do
Trabalho, comemorado em 1º de maio, que fora instituído no Brasil em 1924, serviu às
intenções da política do trabalhismo varguista. Nessa data, as principais medidas de
benefício ao trabalhador passaram a ser anunciadas e eram realizados desfiles e atos
cíveis em comemoração aos trabalhadores e em exaltação do regime e de seu líder,
como é possível ver na Figura 4 (CPDOC/FGV, 2020).

Figura 4. Manifestação cívica no Dia do Trabalho em homenagem a Vargas no estádio do


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