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Mais tarde, entrei para o colégio e conheci meus colegas. Quando comecei a ver aquela meninada,
refleti que Santo Eliseu tinha razão de fazer o que fez… Mas depois pensava: “Seriam aqueles
meninos tão canalhas quanto estes? Enfim, pelo menos pode-se conceber que eram. Para estes aqui,
ursos!”
Contudo, depois eu cogitava que se alguém mandasse vir os ursos para comerem os meninos,
encontraria a oposição daquilo que, mais tarde, chamaria de “heresia branca”(1). Então o
Profeta Eliseu começou a ser um advogado no meu debate interno. Em minha primeira grande briga
da vida, que foi contra a “heresia branca”, Santo Eliseu era meu defensor. Pelo menos ele amava as
coisas direitas como eu amo. E é assim mesmo: atacou uma coisa boa, urso em cima! Se não for isso,
não compreendo a Religião Católica. Ora, eu a entendo, graças a Deus. Logo, na concepção da
“heresia branca” há qualquer coisa de errado.
De acordo com a “heresia branca”, o “Santo” deve ser uma pessoa sem segundas intenções, sem
astúcia. As recomendações de Nosso Senhor de que se deve unir a simplicidade da pomba à astúcia
da serpente, para a “heresia branca” não valem nada. Ela pensa apenas na pomba, realizando com
isso aquilo de que fala o Profeta Oseias: “…como pomba imbecil e sem inteligência” (cf. Os 7, 11).
Ora, os adeptos da “heresia branca” são precisamente pombas imbecis e sem inteligência.
É, portanto, muito formativo sabermos que um grande Santo, como São Vicente de Paula –
merecidamente tido como o Santo da caridade –, fundou uma sociedade que atuava na corte de Luís
XIV, e que reunia várias figuras importantes do clero e da nobreza, as quais, sem o conhecimento do
restante da corte, combinavam atividades para desenvolver na própria corte e na sociedade francesa
a influência da verdadeira Religião.
É preciso abrir os olhos e ver bem: o pecado original vem a partir de pequeno e infecta a criança
desde muito cedo, e ela é capaz de ações muito censuráveis. No caso da calvície de Santo Eliseu, é
evidente que aqueles meninos tomaram esse pretexto para caçoar de outra coisa, a fim de agredir e
debicar dele enquanto homem de Deus. Por causa disso é que foram punidos dessa maneira.
Então, à força de pensar, chega-se à conclusão de que a punição é inteiramente inevitável. Vem do
fundo do Antigo Testamento um episódio a mais para nos convencer disso.
Essa transmissão do espírito mostra bem qual é a importância da graça que se chama um “espírito”.
Ao falarmos em espírito jesuítico, espírito carmelitano, espírito beneditino, tomadas essas palavras
em seu bom e verdadeiro sentido, elas não indicam apenas noções doutrinárias, mas são graças que
se comunicam depois, de pessoa a pessoa, para formar as grandes famílias de almas existentes na
Igreja Católica. Portanto, graças susceptíveis de uma transmissão de uma pessoa para outra, e é essa
transmissão que constitui propriamente a família de almas.
Então, devemos pedir a Nossa Senhora que nos ponha debaixo do mesmo manto e faça com que, sob
esse manto, todos nós recebamos o mesmo espírito, e o nosso Movimento seja sempre uno, com a
fidelidade ao espírito que tem. A respeito dessa fidelidade e dessa unidade é preciso que não
tenhamos a menor dúvida.
1) Expressão metafórica criada por Dr. Plinio para designar a mentalidade sentimental que se
manifesta na piedade, na cultura, na arte, etc. As pessoas por ela afetadas se tornam moles,
medíocres, pouco propensas à fortaleza, assim como a tudo que signifique esplendor.