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CARTAS PAULINAS- PARTE II
l I ntrodução
Agora iremos nos aprofundar mais nos conteúdos das Cartas Paulinas. Vamos
falar um pouco sobre a primeira e segunda epístolas de Coríntios. Conforme
vimos anteriormente, a carta sempre vai trazer um problema, e a argumentação
de Paulo é uma solução que ele está encontrando para o problema que ele está
enxergando naquela na comunidade.
Sendo assim, qual é o problema que Paulo começa a identificar na igreja de
Coríntios? Quando falamos em Coríntios, imediatamente nos vêm à mente
aquela quantidade de textos que nos fazem pensar sobre os dons. Essas citações
são maravilhosas, mas quando Paulo olha para Corinto, ele está identificando
um problema que quer resolver, e esse problema tem a ver com moralidade
(porneia).
A seguir, alguns pontos que Paulo está querendo conversar com essa igreja:
l Porneia (I Cor 5:1-13)
O primeiro problema da imoralidade podemos encontrar em I Coríntios 5: 1-13,
um problema de litígio, uma disputa. Essa mesma igreja, que é cheia de dons,
também possui uma questão mal resolvida, de querer fazer o que não se deve.
Aparentemente parece ser uma igreja tão espiritual, mas que, ao mesmo
tempo, de uma forma tão incoerente, acaba aceitando certos tipos de
relacionamento que são absolutamente imorais e indignos. Essa igreja, portanto,
é marcada por uma profunda divisão: de um lado, extremamente cheia de dons;
de outro lado, extremamente infantil em relação ao discernimento e à
percepção quanto à ética cristã, de como que a igreja deve viver, de como
devem se basear os nossos relacionamentos.
l Litígio (I Cor 6:1-11)
Temos o problema da imoralidade, e no problema dessas disputas de
relacionamentos - que não são bem resolvidas – podemos ver esse litígio
acontecendo.
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No capítulo 6:1-11 encontramos essa confusão, porque toda vez pensamos em
relacionamentos, percebemos que eles são a base do cristianismo (nossa
santidade se manifesta em relacionamentos).
Ou seja, nossa santidade não é algo que está parado em um altar para que
alguém contemple. Nossa santidade se manifesta e se expressa na forma como
lidamos com quem está ao nosso lado. Portanto, nossa santidade se revela na
forma como enxergamos tudo à nossa volta.
l Corpo (I Cor 6:12-20)
Então Paulo continua tratando algumas questões, agora, especificamente, a
questão da nossa relação com o corpo: nós somos corpo de Cristo, mas nós
também temos um corpo. Qual é a forma adequada de pensarmos nessa
relação?
l Família (I Cor 7:1-40)
Aqui nós temos uma discussão do que Paulo está querendo conversar com essa
igreja, que é a relação familiar, as relações entre homem e mulher.
l Coisas Sacrificadas- Relações (I Cor 8:1-13)
O quinto ponto seriam as coisas sacrificadas: podemos comer coisas
sacrificadas ou não? E Paulo chama a atenção, pois, mais importante do que
comer ou não as coisas sacrificadas, existe um problema ainda maior, que é a
relação de quem está comendo com quem não está comendo.
E assim Paulo gasta mais tempo para falar do que ele vai chamar de fortes e
fracos, porque tem a ver com a consciência que cada um tem de fé e a sua
percepção. E então Paulo tira a ênfase da comida e a coloca nas relações. Ele
está dizendo que o mais importante é como estamos tratando nosso irmão que
não come, ou como ele come.
Então Paulo fala das questões sacrificadas, o que a igreja deveria fazer, e então
ele se preocupa com essas relações. Essa problemática entre as coisas
sacrificadas será abordada em Coríntios 8:1-13.
l Idolatria (I Cor 10:1-33)
Ele continua falando sobre idolatria. Aqui no Brasil, por exemplo, nós vemos
muita relação de Cosme e Damião, na questão de poder ou não comer. Então a
ideia que Paulo está dizendo é: imagine que um grupo de criança da sua igreja
comeu porque os seus pais autorizaram, e outro grupo de criança não comeu.
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E então Paulo chama a atenção que é por causa dessas duas posturas que esses
dois grupos estão se transformando em inimigos. O primeiro ponto que Ele quer
resolver, então, é desfazer a inimizade entre os grupos, tratar da questão
sacrificada, e recuperar a unidade, trazendo a compreensão de quem nós somos
como corpo de Cristo.
Embora tenhamos conhecimento de muitos assuntos polêmicos, sabemos que
não se constrói uma unidade destruindo, ou melhor, não se constrói santidade
destruindo a unidade. Esse, sim, é um caminho muito difícil. John Stott nos fala
que muitos, para manter a unidade, abrem mão da santidade; e muitos, para
manter a santidade, abrem mão da unidade.
O que Paulo, então, está dizendo é que não se pode abrir mão nem de um, nem
de outro. Nosso caminho é um caminho mais difícil, mais consistente, porém,
que não abre mão da unidade tampouco da santidade. Historicamente nós
vamos ver diversos grupos que se empenham em resolver esse problema que
consiste em abrir mão de um em detrimento de outro.
l Véu (I Cor 11:1-16)
Depois temos a discussão sobre o uso ou não do véu.
l Ceia (I Cor 11)
Aqui ele termina a última discussão falando sobre a ceia do Senhor, ainda no
capítulo 11.
De forma resumida, temos no primeiro bloco (1 e 2) Paulo falando da relação da
Igreja com a sociedade, bem como o cuidado que devemos ter. O segundo
bloco (3 e 4) ele está falando da família, o terceiro (5 e 6) ele fala de idolatria, e
este último bloco (7 e 8) Paulo fala de coisas relacionadas ao culto.
Assim sendo, podemos tentar sistematizar o livro de Coríntios nessa narrativa,
de Paulo tentando instruir a sua Igreja coerente em relação à sociedade em
como tratamos nossa família, no cuidado para não cair no pecado da idolatria e
da pureza do nosso culto, a fim de que este não seja confundido com os cultos
pagãos.
No livro de Coríntios, portanto, Paulo está sempre tentando pensar e reconstruir
a identidade das pessoas a quem essa carta está chegando. E ela está falando
primeiramente com quem? Vamos entender.
A principal religião dessa cidade de Coríntios era a adoração à Afrodite - a
mesma deusa Astarote da Fenícia – que tem essa ideia da sensualidade, da
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fertilidade. Dessa forma, o principal culto que existia nessa cidade era em
adoração à Afrodite. Nesse contexto, iremos encontrar cerca de 1000 mulheres
sacerdotisas, uma espécie de prostitutas sagradas.
Essas sacerdotisas dedicadas à glória da deusa Afrodite. As mulheres que ficam
responsáveis nesse serviço vão ter a obrigação de duas vezes por ano servir no
templo de Afrodite. Inclusive, Paulo também demonstra essa mesma
preocupação como vimos em Colossenses e Tessalonicenses.
O que acontece, então, é que a marca que essas mulheres tinham que
demonstrava que estavam em serviço, é a forma como elas cortavam os cabelos
e raspavam a cabeça. Portanto, quando vemos essa discussão sobre como a
mulher mantém o seu cabelo, percebemos que essa questão foi trazida à nossa
sociedade uma maneira muito equivocada.
A questão que Paulo aborda em Coríntios é que a mulher que estava de cabelo
cortado o raspado era aquela que estava em serviço. Essa era a forma como
eram reconhecidas as mulheres sacerdotisas que iam para o templo como
prostitutas sagradas em memória à deusa Afrodite. Dessa forma, era possível
olhar na rua e identificar uma mulher de cabelo curto: se fosse cortado curto ou
raspado, já se sabia que ela estava em serviço. Portanto, essa era uma
identificação de uma prostituta sagrada.
Dessa maneira, fica claro que a preocupação de Paulo não é uma questão
estética, mas que as mulheres da igreja não fossem confundidas com
prostitutas. Sua preocupação, na verdade, era que essas mulheres, servas de
Deus, não fossem comparadas, na rua, com mulheres que estão totalmente
envolvidas com imoralidade e idolatria.
Da mesma forma quando se fala para que elas fiquem em silêncio, também
existe essa preocupação cultural, uma vez que eram justamente essas
sacerdotisas que assumiram todo o culto. A preocupação pastoral de Paulo,
então, é simplesmente de distinção: as mulheres cristãs são diferentes das
prostitutas de Afrodite.
➔ Nota Pastoral: Testemunhe isso e tome cuidado para que não confundam
essas realidades na sua igreja. Leve isso a sério, tome cuidado com essas
aparências, a fim de que isso não se torne um embaraço na vida da igreja.
l Relação de Atos com Coríntios
Podemos ver uma relação muito forte entre Coríntios e Atos 18. Fazendo essa
relação, podemos identificar em Atos esse mesmo ambiente que temos no livro
de Coríntios.
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Para melhor entendimento, podemos relacionar algumas leituras de texto em
conjunto, a fim de ajudar a identificar esses dois livros e o paralelismo que pode
existir entre os dois livros.
Assim sendo, procure fazer um paralelismo, harmonizando os seguintes textos
abaixo. Compare:
Na primeira comparação, temos Paulo em Atenas por um período curto, mas
também podemos ver uma relação entre Atos x Coríntios. Em Romanos, na
segunda comparação, podemos atestar a estada de Paulo em Atenas. Paulo vai
dar essa bronca na igreja, falar sobre a postura que está equivocada e vai me
relembrar o conceito de santidade.
l Gálatas Paulinas
O livro de Gálatas é uma carta destinada às igrejas da Galácia. Logo na
introdução, nos versículos 1 a 3, Paulo se refere aos que “estão comigo". O que
quer dizer que Paulo não estava sozinho quando escreveu isso. Esse texto,
portanto, expressa o pensamento de uma liderança, não apenas de uma pessoa.
Então, quando o Paulo menciona “esses que estão comigo” isso significa que o
que o que ele está escrevendo é um reflexo. Depois ele continua com uma
saudação judaica, falando com judeus convertidos. Logo após essa saudação, ele
dá uma explicação Cristã, seguindo depois para as ações de graças.
Para melhor compreensão, observe o texto a seguir:
"Paulo, apóstolo, não da parte dos homens, nem por intermédio de homem
algum, mas sim por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os
mortos, e todos os irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia: Graça a
vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se
deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau,
segundo a vontade Deus, nosso Pai, a quem seja a glória para todo o sempre.
Amém." Gálatas 1:1-,5
Nesse texto, podemos identificar os seguintes elementos:
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Assim sendo, qual é a crítica, qual é o problema que está acontecendo na igreja
de Gálatas? A crítica que os judaizantes estão dizendo é que Paulo está
transformando o Evangelho da graça, tornando-o fácil demais. Segundo eles,
Paulo está inventando um monte de coisas, e esses judaizantes que estão
sempre tentando puxar o cristianismo para trás, porque não entendem que o
cristianismo é uma nova aliança, estão acusando o apóstolo Paulo de ter
transformado o Evangelho em alguma muito fácil.
Existe uma citação do pastor americano Tim Keller que fala que o cristianismo é
diferente de todas as religiões do mundo. As demais religiões nos dizem para
sermos “bonzinhos” para irmos para o céu. Já o cristianismo diz que,
primeiramente, é preciso que o homem seja encontrado pela graça e
misericórdia, para então ir ao céu.
A ideia central do cristianismo é que nossa salvação é sustentada em Cristo, na
graça, e que não chegamos à salvação por mérito próprio. Então, porque os
judeus ainda não entenderam a pregação do apóstolo Paulo, começam a dizer
que esse Evangelho está ficando muito fácil, misturado, que a mensagem
judaica é mais consistente. Em outras palavras, é como se eles dissessem: “nós
até acreditamos em Jesus Cristo, mas esse negócio não é assim como Paulo está
ensinando”.
Então Paulo vem para explicar o papel da lei e para que ela serve. Ele começa a
desenvolver a ideia de que a lei serve para desmascarar, revelar que eu sou um
pecador, e que a lei não veio para trazer a salvação. E a ideia que Paulo vem
trazer no livro de Gálatas é o conceito de aio – uma espécie de babá ou tutor.
Mas o aio, ou tutor, cuida do filho de uma maneira severa e rígida, até que esse
filho atinja a maturidade de 18 anos, que é quando ele está apto para receber
sua herança. Dessa forma, Paulo está comparando a lei a um aio, que traz o filho
da Promessa com braços rígidos até que ele possa enfim alcançar a promessa.
A lei nos traz a graça, evidencia nossos pecados, desmascara as nossas
pretensões. E então, uma vez perdidos, tomados pela consciência da nossa
limitação, só nos resta nos render e suplicar pela misericórdia. E então, nesse
momento, rendidos e quebrantados, é que o cristianismo começa a crescer
dentro de nós. Quando vemos o livro de Gálatas, percebemos os contornos da
liberdade cristã, porque não somos regidos pela lei, embora nós a respeitamos. A
lei evidencia o que fizemos e o que somos, porém, somos regidos pela graça,
pelo Evangelho e pelo Espírito Santo.
Alguns chegam a dizer que o livro de Gálatas é a Carta Magna da liberdade
cristã. Se quisermos pensar em liberdade, o livro de Gálatas seguramente é o
livro que vai nos ajudar a entender esse conceito.
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A região da Galácia é onde hoje se encontra a Turquia. Boa parte desses lugares
que hoje vive grandes conflitos, como Síria e Turquia, já foi palco de eventos
tremendamente importantes na história do Cristianismo. A Turquia, por
exemplo, foi palco de uma das igrejas mais importantes da nossa história.
Muitos vão achar que esse texto foi escrito antes do capítulo 15 de Atos, pois é
no capítulo 15 que temos o concílio, a disputa entre judeus e gentios, levantando
questões do tipo: Tem que batizar para ser crente? Tem que batizar e
circuncidar? Qual a relação entre Judaísmo e cristianismo? Não estava muito
claro na cabeça de gentios e judeus qual era o papel do judaísmo no
cristianismo.
Então o Concílio vem para reafirmar, mais uma vez, que salvação é obra de
graça. E que não podemos forçar o gentil a entrar nessa nova fé mediante a
observância da lei. Ou seja, não é observando a lei que ele irá se fazer uma nova
criatura.
Então muitos acreditam então que o capítulo 15 de Atos, que é onde acontece
esse discurso, isso seja um tema anterior. Esse é um dos motivos pelos quais
essa reunião tem que acontecer: para resolver problemas em Gálatas, que
também foram resolvidos no capítulo 15 de Atos. Basicamente temos a ideia de
Evangelho verso legalismo; Graça versos lei. E esse é o ponto central do livro de
Gálatas.
Vamos traçar mais um paralelo com o livro de Atos para que possamos perceber
as relações. Compare:
Ao traçar esses paralelos, podemos contrastar que é o mesmo ambiente. No
segundo paralelo podemos ver essa disputa dos judaizantes que estão sempre
puxando para um lado e os gregos que estão ficando confusos. É esse cabo de
guerra entre judaísmo porque o judaísmo vai tentando puxar esse novo
cristianismo em direção à lei. E lenta ou gradativamente o cristianismo vai se
emancipando, criando Independência em relação ao judaísmo.
Percebemos que eles estão andando lado a lado, existe uma tendência de
fusão. Os judeus querem fazer uma fusão, e então temos Atos 15 e Gálatas, cuja
proposta cristã não é fusão. Ou seja, entende-se a origem do cristianismo, mas o
cristianismo ganha liberdade para seguir sua própria essência. Então vemos
tratados sobre a liberdade cristã, nossa autonomia como fé, como um sistema
dos nossos princípios, e o cristianismo se emancipando em relação a todas as
demais possibilidades de religião.
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l Cartas da Prisão
Temos as cartas da prisão, que são escritas a Colossenses, Filemom, Filipenses e
Efésios. Para melhor compreensão do contexto histórico, vejamos a carta aos
Colossenses.
● Colossenses
Em Colossos nós vamos ver o culto à deusa Cibele. É um culto cuja
característica é o êxtase, que agrega a filosofia Pagã, com judaísmo, mais
cristianismo, enfim, tudo o que era novidade, cabia nesse culto. Era como uma
espécie de caldeirão de várias tendências, onde cabia um pouquinho de cada
coisa, cada ideia, mesmo o intelectualismo, tudo se encaixava dentro desse
culto.
Paulo está dizendo que esse caldeirão de influências, que tem de tudo para
todos os gostos, não é igual ao culto a Cristo. E mais uma vez nós o vemos
preocupado em fazer a distinção entre o culto a Cibele e o culto a Cristo.
Esse é o pano de fundo de Colossenses, e é uma carta escrita da prisão, onde
Paulo, mesmo preso, está preocupado com o andamento da igreja. Sua prisão
não faz com que ele perca o foco da igreja, mas ele continua interessado em
cuidar. Percebemos então que, mesmo preso, Paulo ainda é pastor dessas
igrejas, e ele ainda se preocupa com a realidade das mesmas.
Ao longo dessas cartas da prisão podemos observar um tema recorrente que é
uma discussão cristológica: Qual o papel de Cristo e qual é a Sua função na
igreja? Por conta disso, essas cartas que partem da prisão apresentam a Cristo
como cabeça do cosmos, como cabeça da igreja e como cabeça do homem. Isso
é muito claro em todas as cartas da prisão.
Além disso, também temos a ideia musical. Um bom exemplo disso é o episódio
de Paulo e Silas na prisão em uma atitude de louvar e engrandecer a Jesus
Cristo e a Deus, apesar das dificuldades. Dessa forma, nas cartas da prisão nós
podemos ver esse mesmo movimento de adoração. Podemos encontrar
verdadeiros hinos cristológicos, verdadeiras canções, que são canções que você
canta, com melodias certamente baseadas nesses textos. Seguramente os mais
conhecidos desses hinos cristológicos nós vemos no livro de Filipenses 2:6-11: a
narrativa de Paulo (canção) de que Jesus se esvazia e abre mão da Sua glória,
assumindo forma de homem, obedecendo até a morte de Cruz.
Podemos ver isso em diversas canções, com a estrutura de um hino, de um de
um louvor. Da mesma forma também temos esse hino cristológico em
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Colossenses 1:15-20. Portanto, mesmo sendo cartas da prisão, o louvor é uma
questão muito significativa.
Temos ainda a tensão entre alegria da expansão do Evangelho e a tristeza de
um sofrimento pessoal. Todas as cartas da prisão vão transmitir essa mesma
ideia: a felicidade de Paulo por perceber que o Evangelho está florescendo, mas
ao mesmo tempo, de estar passando por circunstâncias difíceis estando preso,
vivendo limitações - que é, inclusive, quando ele chega a falar sobre as marcas
que ele carrega.
● Efésios
Embora existam teorias de que essas cartas tenham sido escritas em Roma, em
Cesaréia ou em Jerusalém, a maior probabilidade é que elas tenham sido
escritas em Éfeso.
● Filipenses
Temos no livro de Filipenses mais uma carta da prisão. Talvez uma das mais
conhecidas, onde que ele repete várias vezes a expressão: regozijai-vos. A ideia
da alegria é interessante, porque ele está encontrando alegria atrás das grades -
às vezes queremos encontrar alegria nos lugares que não são exatamente onde
a palavra de Deus nos demonstra.
Podemos ver então que Paulo pôde encontrar alegria depois de surras, de
prisões, de apedrejamento. E agora, mesmo atrás das grades, apesar da
dificuldade, do cansaço e de algumas angústias, ele encontra a felicidade. O livro
de Filipenses traz uma descoberta da felicidade: posso todas as coisas naquele
que me fortalece. Podemos identificar essa frase como um sorriso de um preso,
não a presunção de um falastrão, mas de alguém que passou por todos os tipos
de circunstâncias e que, mesmo na prisão, consegue se alegrar no Deus da sua
salvação.
Filipenses é uma cidade importante, havia várias minas de ouro e prata, era
uma cidade estrategicamente importante para questões militares, um ponto
comercial importante. Então nós vamos ver um paralelismo entre a carta aos
Filipenses e o Capítulo 16 de Atos. Compare:
Como já vimos, a igreja de Filipenses começa com Paulo e Timóteo orando,
depois encontram Lídia, uma senhora comerciante. Depois encontram uma
serva que está possuída por espírito de adivinhação, e depois têm um encontro
com um carcereiro romano.
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Então, dessas três famílias nasce uma igreja com um perfil simples: uma
senhora, uma escrava e um carcereiro romano. Essa é a identidade da igreja de
Filipenses, uma igreja que precisa ser ministrada por uma alegria, sendo
impactadas pela profunda obra que o Espírito Santo, que irá trazer uma
felicidade sobrenatural incomparável na vida do apóstolo Paulo. Podemos ver
humildade e gratidão, e então vemos que lágrimas podem andar juntas, de
mãos dadas com alegria; lágrimas não são empecilhos para alegria ou felicidade
cristã.
E então nós vemos o desenvolvimento desse tema de alegria e unidade que não
são destruídas por nenhum elemento humano.
Retomando, o objetivo de Paulo em Colossenses é combater as heresias.
Porque na cabeça de Colossenses eles pensam num Cristo ou um fantasma que
não tinha corpo ou numa outra versão de um Cristo que só realmente habitou
depois do batismo. Essas são duas heresias sobre quem é Cristo. Portanto,
podemos dizer que essas cartas da prisão reforçam a identidade de Jesus, para
que a igreja não caia nesses mitos e nessas falsas doutrinas sobre a pessoa de
Jesus Cristo.
l Cartas Pastorais
Depois então temos as cartas pastorais: I e II Timóteo e Tito. Nas cartas a
Timóteo, Paulo tem essa preocupação mais pessoal, a ênfase eclesiológica de
cuidar, e de como Timóteo vai estabelecer uma nova liderança. Paulo exorta
Timóteo a cuidar mais de si mesmo. A grande questão de Timóteo é que todo
esse sofrimento que o seu discipulador que Paulo sofre, isso funciona como um
grande dilema, como um desafio para o próprio Timóteo, uma vez que a pessoa
que o está ensinando está passando por diversas dificuldades. Então Paulo vai
desenvolver logo no início do livro de Timóteo, que o plano da Redenção, a obra
Redentora era propósito para trazer consolação nos corações.
Paulo se sentia privilegiado por ser alguém que pregava o Evangelho. E ele
então estimula a Timóteo a sofrer com ele como soldado de Jesus, para que
esses sofrimentos e essas dificuldades não começassem a tomar o coração de
Timóteo, a fim de esmorece-lo e causar fraqueza na fé. Ao contrário, a intenção
de Paulo era que Timóteo pudesse se sentir fortalecido, uma vez que seu
sofrimento não é vão. A preocupação de Paulo com Timóteo, portanto, é que ele
entenda o que existe por trás de toda a luta que está sendo travada em nome e
do Evangelho.
A mesma relação de encorajamento nós podemos ver em Tito, quando Paulo
está colocando as coisas em seu lugar a fim de que a igreja possa crescer de
uma forma equilibrada, conhecendo os verdadeiros ensinamentos do Senhor.
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Encerramos aqui as cartas Paulinas - as cartas missionárias, as cartas da prisão e
as cartas pastorais. Espero que elas possam te inspirar mais uma vez a se
dedicar a esse Evangelho maravilhosos de Jesus Cristo.
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