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Protection Study of a Microgrid Based on the 34-Bus

IEEE Distribution Feeder

Israel Resende A. Rodrigues Alberto De Conti


Omexom DEE – Departamento de Engenharia Elétrica
VINCI Energies do Brasil UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte, Brasil Belo Horizonte, Brasil
israel.rodrigues@omexom.com conti@cpdee.ufmg.br

Abstract — This paper proposes a protection scheme for a terão contribuições de corrente com magnitudes inadequadas
microgrid based on the 34-bus IEEE distribution feeder. The para os relés de sobrecorrente tradicionais. Com isso, o grau de
microgrid was modeled in the Alternative Transients Program coordenação e seletividade desejado no interior da microrrede
(ATP) and was adapted to include distributed generation and on- pode não ser alcançado caso outra filosofia de proteção não
grid and off-grid operation capability. Short-circuit simulations seja aplicada.
were carried out to assist the choice of a protection scheme that is
able to secure sensitivity, selectivity, and coordination for faults No intuito de solucionar as questões levantadas neste item,
inside and outside the microgrid in both on-grid and off-grid diversos pesquisadores têm proposto algoritmos e filosofias de
operation modes. proteção que atendam aos requisitos necessários para aplicação
em microrredes [4-8]. Alguns pontos de convergência merecem
Keywords - distributed generation, microgrid, digital protection. destaque, como a utilização da capacidade de comunicação dos
relés digitais modernos, o uso da proteção diferencial e a
I. INTRODUÇÃO aplicação de proteção adaptativa.
Microrredes podem ser definidas como sistemas elétricos
em média ou baixa tensão que contenham geração distribuída, De particular interesse é a proteção das linhas de
cargas elétricas e possuam a habilidade de se desconectar do distribuição que fazem parte da microrrede. A eliminação de
sistema elétrico da concessionária local, formando redes que faltas de forma seletiva, isolando apenas o trecho em defeito, é
trabalhem de forma isolada sem prejuízo a suas cargas [1]. primordial para garantir que a geração da microrrede não seja
toda desligada para um defeito interno e que a carga, ou pelo
Um dos aspectos necessários para a operação de uma menos parte dela, continue sendo atendida [9].
microrrede consiste no adequado projeto de sua proteção
elétrica, tanto para a condição em que a microrrede está Neste trabalho, pretende-se investigar possíveis critérios
conectada ao sistema de distribuição da concessionária, para a proteção de uma microrrede baseada no alimentador
chamada de operação on-grid, quanto para a condição em que padrão de 34 barras proposto pelo IEEE [10]. Para isso,
esta trabalha desconectada desse sistema, conhecida como considera-se a operação da microrrede nas situações on-grid e
operação off-grid. Para que isso seja possível, diversas questões off-grid e se analisa a ocorrência de faltas tanto no sistema de
de ordem técnica devem ser analisadas, dentre as quais: (a) distribuição da concessionária quanto no interior da
determinar em qual instante a microrrede deve ser separada do microrrede. A Seção II dedica-se a descrever a modelagem
sistema e passar a trabalhar isolada; (b) garantir, na condição dessa microrrede e, na Seção III, são apresentados resultados
off-grid, que a microrrede ainda seja capaz de desligar apenas a de simulação para faltas monofásicas e trifásicas em diferentes
parte do sistema sob falta; (c) assegurar velocidade de operação condições operativas. A partir dos resultados obtidos, são
suficiente para que o impacto nas cargas da microrrede seja o propostos os esquemas de proteção descritos na Seção IV. As
menor possível na ocorrência de distúrbios [2]. conclusões são apresentadas na Seção V.

A coordenação interna da microrrede na situação de II. MODELAGEM DA MICRORREDE


operação ilhada é fortemente influenciada pelo tipo de geração A. O alimentador padrão de 34 barras do IEEE
adotada. As microfontes associadas a energias renováveis mais
adequadas à aplicação em microrredes, como sistemas A Figura 1 ilustra o alimentador padrão de 34 barras do
fotovoltaicos, geradores eólicos, microturbinas e células de IEEE, que é frequentemente utilizado como referência para a
combustível, fazem uso de eletrônica de potência para garantir validação de programas computacionais de cálculo de fluxo de
níveis de tensão e frequência compatíveis com a rede de potência e de curto-circuito em redes de distribuição [10]. O
distribuição da concessionária. Característica importante da circuito possui tensão nominal de 24,9 kV e um transformador
interface em eletrônica de potência é a restrição imposta por delta-estrela de 2,5 MVA, 345/24,9 kV, ligado à barra 800. A
esse tipo de equipamento à corrente de curto-circuito fornecida, potência de curto-circuito trifásica é de 1800 MVA com ângulo
que é limitada a um valor próximo a duas vezes a corrente de 85º na barra de 345 kV. Para simular a ocorrência de faltas
nominal [3]. Desta forma, faltas no modo operativo off-grid em diferentes condições operativas, incluindo ou não a

Alberto De Conti gostaria de agradecer ao suporte financeiro do CNPq


(304117/2016-1) e da FAPEMIG (TEC-PPM-00280-17).

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presença de microrredes, este alimentador foi implementado na indicados os módulos dos fasores de tensão e corrente nas
plataforma ATP (Alternative Transients Program) conforme principais barras e linhas de distribuição da microrrede. As
descrito e validado em [11]. setas indicam o sentido do fluxo de corrente de curto-circuito.
A contribuição do sistema para a corrente de defeito é
representada na cor azul, enquanto a contribuição da geração
distribuída da microrrede é destacada nas setas de cor verde.
Para as simulações na condição operativa on-grid, indicadas
nas Figuras 3 a 8, o grupo motor-gerador conectado à barra 844
permaneceu desligado, não contribuindo desta forma para a
corrente de curto-circuito. Para as simulações indicadas nas
figuras 9 a 11, correspondentes à condição operativa off-grid, o
grupo motor-gerador foi mantido energizado para suprir a
carga nominal da microrrede. Por questões de limitação de
espaço, não foi possível incluir neste trabalho tabelas com os
fasores de tensão e corrente calculados em todas as barras do
sistema para as condições simuladas. Essas tabelas estão
disponíveis no apêndice A de [11]. Além disso, optou-se por
Figura 1 - Alimentador padronizado de 34 barras do IEEE [10]. apresentar os resultados em grandezas físicas e não em pu pela
B. Adaptações na rede original grande discrepância entre os valores-base mais adequados para
a representação dos sistemas fotovoltaico e de distribuição.
No presente trabalho, foi arbitrada a existência de uma
microrrede formada a partir da barra 858, conforme ilustrado Tabela I - Faltas simuladas na microrrede modelada
na Figura 2. Para suprir a microrrede na ausência do sistema Modo de
Local Tipo de Falta
elétrico de potência, foram incluídos dois tipos de geração Operação
distribuída: dois sistemas fotovoltaicos com interface de B800 Trifásica franca on-grid
eletrônica de potência ligados às barras 846 e 862, com B800 Monofásica franca on-grid
potência de 600 kWp cada, e um gerador síncrono de 75 kVA B800 Monofásica com resistência de 40  on-grid
movido a combustível fóssil, conectado à barra 844. A geração LT 844/846 Trifásica franca on-grid
distribuída é capaz de suprir toda a carga nominal da LT 844/846 Monofásica franca on-grid
microrrede, estimada em 1,15 MVA com fator de potência LT 844/846 Monofásica com resistência de 40  on-grid
0,85. Detalhes da modelagem completa da rede no programa LT 844/846 Trifásica franca off-grid
ATP, incluindo a geração distribuída, podem ser encontrados LT 844/846 Monofásica franca off-grid
em [11]. LT 844/846 Monofásica com resistência de 40  off-grid

B. Análise para operação on-grid


Analisando-se inicialmente as Figuras 3 a 5, que
correspondem à simulação de faltas na barra 800 na condição
on-grid, verifica-se que a contribuição do sistema elétrico para
a corrente de curto-circuito, tanto para a falta trifásica quanto
para as faltas monofásicas, é maior que a parcela de corrente de
falta devida às microfontes. Isso ocorre porque a interface de
eletrônica de potência associada às microfontes limita a injeção
de corrente da geração distribuída. Além disso, percebe-se que
os módulos dos fasores de tensão nas barras que compõem a
microrrede, indicados em vermelho, possuem uma diferença
Figura 2 - Microrrede modelada a partir do alimentador de 34 barras muito pequena entre si. Esse comportamento da tensão
do IEEE [11]. dificulta a localização do defeito, se interno ou externo, caso se
III. SIMULAÇÕES DE CURTO-CIRCUITO utilize apenas essa grandeza como referência.
Analisando agora as Figuras 6 a 8, que ilustram a simulação
A. Descrição das faltas simuladas
de curtos-circuitos no centro da linha de distribuição entre as
No intuito de verificar o comportamento dos fasores de barras 844 e 846, que é interna à região da microrrede, também
corrente e tensão nas barras da rede modelada no ATP, foram para a condição on-grid, percebe-se uma vez mais que a
simulados diversos casos de curto-circuito do tipo trifásico, contribuição do sistema elétrico para as correntes de curto-
monofásico sem resistência de falta e monofásico com circuito resultantes é muito maior do que a contribuição das
resistência de falta de 40  em barras e linhas de distribuição microfontes. Além disso, como se vê nas figuras apresentadas,
para as condições operativas da microrrede on-grid e off-grid. os valores dos fasores de tensão nas barras no interior da
A Tabela I sintetiza as faltas simuladas. microrrede, assim como no caso anterior de falta externa, são
Uma síntese dos resultados obtidos a partir dos curtos- muito semelhantes, porém com um afundamento maior uma
circuitos simulados é apresentada nas Figuras 3 a 11, onde são vez que a falta é interna.

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Figura 3 - Módulos dos fasores de tensão e corrente para falta trifásica na
barra 800. Figura 6 - Módulos dos fasores de tensão e corrente para falta trifásica no
centro da linha entre as barras 844 e 846 na operação on-grid.

Figura 4 - Módulos dos fasores de tensão e corrente para falta monofásica sem
resistência de falta na barra 800. Figura 7 - Módulos dos fasores de tensão e corrente para falta monofásica sem
resistência de falta no centro da linha entre as barras 844 e 846 na operação
on-grid.

Figura 5 - Módulos dos fasores de tensão e corrente para falta monofásica


com resistência de falta de 40  na barra 800. Figura 8 - Módulos dos fasores de tensão e corrente para falta monofásica
com resistência de falta de 40 ohms no centro da linha entre as barras 844 e
C. Análise de Faltas para Operação Off-Grid 846 na operação on-grid.

As Figuras 9 a 11 sintetizam os resultados obtidos para a


Embora não ilustrado, foram realizadas análises adicionais
simulação de faltas na condição off-grid, no qual o ponto de
considerando-se outros pontos de falta no interior e no exterior
acoplamento comum, ou PCC (Point of Common Coupling),
da microrrede simulada. Os resultados obtidos são semelhantes
localizado na barra 858, permaneceu aberto. Verifica-se nas
àqueles ilustrados nas Figuras 3 a 11. Com isso, são avaliadas
figuras que a corrente de falta foi praticamente idêntica para os
na próxima seção estratégias de proteção que poderiam ser
três tipos de falta simulados. A limitação de injeção de corrente
adotadas para garantir a segurança operativa da microrrede nas
provocada pelos inversores ligados às microfontes da
condições on-grid e off-grid.
microrrede fez-se presente e cada fonte contribuiu com no
máximo 30 A. Os fasores de tensão mostrados nas mesmas IV. ESQUEMA DE PROTEÇÃO PROPOSTO
figuras demonstram que há uma diferença no perfil de tensão
nas barras no interior da microrrede, já que para a falta O esquema de proteção proposto para a microrrede deve ser
monofásica com impedância houve menor afundamento da capaz de identificar e isolar de forma seletiva as faltas que
tensão. ocorram internamente na microrrede, tanto na operação

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conectada ao sistema elétrico quanto na condição ilhada. Além nas Figuras 3 a 5. Contudo, o desacoplamento do sistema
disso, deve ser capaz de eliminar a contribuição de corrente elétrico não pode ser feito de forma espúria, já que a condição
para faltas no sistema de potência através da abertura do PCC operativa on-grid é mais segura do ponto de vista energético
localizado na barra 858. para a microrrede.
Uma primeira proposta para a abertura do PCC poderia
adotar como critério a medição da direcionalidade da corrente.
Fluxos de corrente superiores à menor contribuição de falta
esperada no sentido microrrede-sistema poderiam ser
interpretadas como falta externa. Entretanto, conforme visto na
Figura 5, são esperadas contribuições de pouco mais de 45 A
para a menor corrente de falta simulada. Por segurança, o
ajuste não pode ser feito para esse valor, uma vez que há a
possibilidade de erros na medição do valor de corrente e
também de faltas com impedância ainda maior que a simulada.
Por outro lado, o ajuste de sobrecorrente em valores baixos
impede o fornecimento de energia da microrrede para o sistema
na condição em que a microrrede possa gerar mais energia que
está sendo consumida internamente.
Figura 9 - Módulos dos fasores de tensão e corrente para falta trifásica no
centro da linha entre as barras 844 e 846 com a microrrede no modo off-grid.
Uma segunda proposição poderia verificar a ocorrência
simultânea de corrente reversa com afundamento de tensão, já
que a exportação de energia da microrrede para o sistema se
dará em condições normais de operação, e a tensão esperada
será próxima à nominal, com desvios menores que 0,1 pu.
Contudo, o afundamento de tensão é pequeno para faltas
monofásicas com impedância e o ajuste pode não ser
sensibilizado. Para esses casos, o monitoramento do
deslocamento da tensão de neutro pode ser mais confiável.
Desta forma, pode ser criada uma lógica no relé de proteção
que atue sobre o PCC para comandar a abertura somente em
caso de sobrecorrente (ANSI 50) direcional reversa (ANSI
32R), com afundamento da tensão de fase (ANSI 27) ou
sobretensão de neutro (ANSI 59N). A Figura 12 ilustra a lógica
a ser implementada. O temporizador no final da lógica é
opcional, e pode ser zerado para permitir a atuação instantânea
Figura 10 - Módulos dos fasores de tensão e corrente para falta monofásica
sem resistência de falta no centro da linha entre as barras 844 e 846 com a da proteção.
microrrede no modo off-grid.

Figura 12 - Lógica de proteção no PCC para falta no lado da concessionária.

A lógica representada na Figura 12 atua somente para faltas


Figura 11 - Módulos dos fasores de tensão e corrente para falta monofásica
externas à microrrede. Para faltas internas à microrrede,
com resistência de falta de 40  no centro da linha entre as barras 844 e 846 alguma outra unidade deve ser habilitada para garantir que a
com a microrrede no modo off-grid. contribuição de falta proveniente do sistema seja eliminada. O
simples ajuste de uma função de sobrecorrente instantânea
A. Proteção no ponto de acoplamento comum (PCC) (ANSI 50) seria suficiente para eliminar a contribuição da
A atuação do sistema de proteção no ponto de acoplamento concessionária. No entanto, um dos problemas da operação off-
comum (PCC) é de fundamental importância, uma vez que a grid de uma microrrede é exatamente a limitação de corrente
desconexão rápida para distúrbios na rede externa garante que para identificação da falta. A contribuição do sistema elétrico
as cargas sensíveis da microrrede não sejam afetadas pelo da concessionária pode desta forma ser útil no sentido de
afundamento de tensão resultante na rede interna, observado sensibilizar a proteção dentro da microrrede. A abertura

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instantânea do PCC para uma falta interna pode não ser a parametrização inicial da unidade diferencial de corrente. Caso
melhor opção, uma vez que pode deixar a proteção interna as oscilografias geradas pelas atuações da proteção de linha
menos sensível, levando a uma atuação mais lenta e mostrem uma possível saturação dos TCs, deve-se ajustar o
eventualmente colocar a microrrede no modo de operação off- slope para acomodar esses erros, tornando a proteção mais
grid de forma prematura. restritiva. Valores de até 80% de inclinação para o slope podem
ser necessários em casos de forte saturação dos
A coordenação entre os equipamentos de proteção deve transformadores de corrente. A atuação da unidade é
garantir que o sistema de proteção da microrrede tenha tempo instantânea, e nenhum atraso de tempo intencional faz-se
suficiente para identificar o defeito e comandar a abertura do necessário para garantir coordenação com os demais
equipamento de interrupção mais próximo da falta antes da equipamentos.
abertura do PCC. Considerando que a proteção dentro da
microrrede seja ajustada para atuação instantânea, a proteção C. Proteção de backup
do PCC deve atuar com no mínimo 200 ms de atraso para É altamente aconselhável adotar alguma solução para
garantir a coordenação entre a proteção interna e a proteção do garantir a proteção elétrica da microrrede no caso de perda de
PCC. Desta forma, é sugerida a parametrização de uma curva comunicação entre os relés. Mesmo com o uso de canais
de sobrecorrente inversa (ANSI 51) direcional com atuação redundantes em meios físicos distintos, em algum momento
apenas para faltas internas à microrrede (ANSI 32F), sendo o pode ocorrer a perda na comunicação entre os relés
tempo de atuação mínimo de 200 ms, independentemente do diferenciais. Portanto, alguma unidade de proteção de backup
valor da contribuição de corrente. que seja capaz de tomar a decisão de trip/não trip utilizando
B. Proteção das linhas de distribuição apenas a medição de tensão e corrente local deve ser
parametrizada para aumentar a confiabilidade no esquema de
A proteção diferencial de corrente é um ponto de partida proteção.
interessante para a avaliação da proteção de uma microrrede.
Essa unidade de proteção tem como característica ser seletiva, Caso a microrrede a ser protegida não seja extensamente
sensível e rápida. ramificada, pode-se averiguar se uma pequena coordenação no
tempo entre unidades de sobrecorrente direcionais habilitadas
Para os casos simulados de curto-circuito, é possível por subtensão e/ou sobretensão de neutro garantiria um mínimo
calcular as correntes diferenciais aplicando-se a lei de de seletividade. Por exemplo, na microrrede simulada, cada
Kirchhoff das correntes em cada nó do circuito. Realizando relé localizado em uma barra teria um ajuste de tempo
esse procedimento para as faltas na linha de distribuição entre independente para cada direção de fluxo de potência (corrente
as barras 844 e 846, para a operação on-grid e off-grid, obtêm- entrando ou saindo da barra), caso a corrente esteja próxima do
se os valores apresentados na Tabela II. valor de curto-circuito mínimo esperado e a tensão sofra um
Tabela II- Correntes diferenciais para faltas na linha entre as barras 844 e 846. afundamento.
Modo de Corrente
Tipo de Falta A lógica da proteção de backup implementada em cada relé
Operação Diferencial
Trifásica 199,9 ∟-45° é ilustrada na Figura 13. A unidade trabalha com o mesmo
on-grid Monofásica franca 168,1 ∟70° pick-up de sobrecorrente para a unidade direcional reversa
Monofásica com resistência 141,4 ∟82° (ANSI 32R) e para frente (ANSI 32F). Ambos os relés devem
Trifásica 58,4 ∟147,8° verificar ainda o afundamento da tensão de fase (ANSI 27) ou
off-grid Monofásica franca 59,4 ∟-92,7° o deslocamento da tensão de neutro (ANSI 59N). Os
Monofásica com resistência 57,3∟-91°
temporizadores de cada unidade são parametrizados conforme
a Tabela III. Finalmente, é feita a verificação se a unidade
diferencial de corrente está bloqueada por falta de comunicação
Conforme observado na Tabela II, existe corrente entre os relés antes da emissão do sinal de trip.
diferencial para todas as condições de falta simuladas. O valor
de corrente é maior para a condição on-grid devido à elevada
contribuição do sistema, e supera a corrente nominal da
microrrede para a operação off-grid, onde a contribuição é
devida somente à geração distribuída interna.
A sensibilidade da unidade diferencial de corrente depende
do ajuste do pick-up e da escolha de um slope. O pick-up deve
ser o menor possível para que se acomodem os erros de
medição e saturação dos transformadores de corrente (TC) que
alimentam os relés. A faixa de medição dos TCs dedicados à
proteção varia entre 0,1 a 20 vezes a corrente nominal. Dentro
desta faixa de medição, o fabricante é obrigado a garantir, pela
norma ABNT NBR 6856 (ABNT, 1992), que o erro máximo Figura 13 - Lógica de proteção de backup nos relés de linha.
de medição seja inferior a 10%.
Diante do exposto, sugere-se um ajuste de pick-up de Como um exemplo qualitativo, uma falta na linha de
corrente diferencial de 10% e um slope de 25% como interligação entre as barras 844 e 846 que não seja eliminada

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pela unidade diferencial deverá ser extinta pela atuação das além do afundamento da tensão de fase ou o deslocamento da
unidades de retaguarda nas barras 844 e 846 de forma tensão de neutro, conferindo segurança para comandar a
independente. O relé na barra 844, após o pick-up da unidade, abertura do PCC. A proteção das linhas da microrrede foi
aguardaria 240 ms para atuar. Em contrapartida, o relé na barra avaliada utilizando-se a unidade diferencial de corrente. A
846 esperaria 840 ms. Vale notar que a corrente de falta solução proposta mostrou-se adequada para a microrrede
passante pelas demais barras, 842, 834, 860, e assim por diante, estudada, pois é sensível às faltas simuladas tanto na condição
sensibilizaria a unidade de backup. Porém, devido à on-grid quanto off-grid. Além disso, é seletiva, atuando
direcionalidade da corrente, os tempos de atuação seriam somente nos disjuntores associados aos elementos sob falta.
maiores que 240 ms. Desta forma, a seletividade seria Como proteção de backup, sugeriu-se a utilização de unidades
garantida em sacrifício do maior tempo de duração da falta. de sobrecorrente direcionais controladas por unidades de
tensão com temporização dependente da localização do relé
digital no interior da microrrede.
Tabela III – Temporização da proteção de backup.
Barra Direção da corrente Temporização (ms) Como o emprego de microrredes ainda não está plenamente
848 Direção à barra 848 0 difundido em sistemas de distribuição, ainda há uma carência
848 Direção à barra 846 960 de dados experimentais que permitam testar e validar as
846 Direção à barra 848 120 diferentes estratégias de proteção que vem sendo propostas na
846 Direção à barra 844 840 literatura. Uma vez que dados consolidados estejam
844 Direção à barra 846 240 disponíveis para análise, espera-se, em trabalhos futuros,
844 Direção à barra 842 720 avançar no sentido de se avaliar a efetividade da estratégia de
842 Direção à barra 844 360 proteção proposta neste trabalho em microrredes reais. Nesse
842 Direção à barra 834 600 contexto, pretende-se não somente estudar a capacidade do
834 Direção à barra 842 480 sistema de proteção garantir seletividade, coordenação e
834 Direção à barra 860 480 sensibilidade para a operação da microrrede nas condições on-
860 Direção à barra 834 600 grid e off-grid tendo como referência dados de medição, mas
860 Direção à barra 836 360 também comparar o desempenho de diferentes soluções, tanto
836 Direção à barra 860 720 do ponto de vista técnico quanto econômico.
836 Direção à barra 862 240
862 Direção à barra 836 840 REFERÊNCIAS
862 Direção à barra 838 120 [1] IEEE Std. 1547.4, “IEEE guide for design, operation, and integration of
838 Direção à barra 862 960 distributed resource island systems with electric power systems”, July
2011.
838 Direção à barra 838 0
[2] S. Chowdhury, S. P. Chowdhury, P. Crossley, “Microgrids and active
distribution networks”, The Institution of Engineering and Technology,
Londres, Reino Unido, 2009.
V. CONCLUSÕES
[3] H. Nikkhajoei, R. H. Lasseter, “Microgrid protection”, Power
No intuito de se avaliar um esquema de proteção aplicável a Enginnering Society General Meeting, Tampa, Florida, EUA, July 2007.
uma microrrede, foi realizado um estudo em que foi [4] E. Sortomme, M. Ventaka, J. Mitra, “Microgrid protection using
implementada no programa ATP uma microrrede baseada no communication-assisted digital relays”, Power and Energy Society
alimentador de distribuição de 34 barras proposto pelo IEEE. General Meeting, Providence, RI, EUA, Set. 2010.
[5] A. Prasai, Y. Du, A. Paquette, E. Buck, R. Harley, D. Divan, “Protection
Os resultados obtidos para a simulação de faltas na of meshed microgrids with communication overlay”, Energy Conversion
condição on-grid indicaram que a contribuição do sistema de Congress and Exposition (ECCE), Atlanta, Georgia, EUA, Nov. 2010.
distribuição da concessionária para a corrente de curto-circuito [6] T. S. Ustun, C. Ozansoy, A. Zayegh, “Fault current coefficient and time
é sempre muito maior que a contribuição oriunda das delay assignment for microgrid protection system with central protection
unit”, IEEE Transactions on Power Systems, vol. 28, no. 2, pp. 598-606,
microfontes. Além disso, identificou-se que as tensões May 2013.
resultantes no interior da microrrede apresentaram valores
[7] M. Dewadasa, A. Ghosh, G. Ledwich, “Protection of microgrids using
semelhantes na maioria das condições analisadas. Para a differencial relays”, Power Enginnering Conference (AUPEC),
operação off-grid, a limitação de injeção de corrente provocada Brisbane, QLD, Austrália, Dec. 2011.
pelos inversores ligados às microfontes da microrrede fez-se [8] D. M. Pandeji, H. S. Pandya, “Directional, differential and back-up
presente e a corrente de falta foi praticamente idêntica para os protection of microgrid”, International Conference on Electrical,
três tipos de falta simuladas, limitada em aproximadamente 2 Eletronics, Signals, Communication and Optimization (EESCO),
pu da corrente nominal, o que prejudica a sensibilidade, a Visakhapatnam, India, Sept. 2015.
seletividade e a coordenação entre equipamentos de proteção [9] I. R. A. Rodrigues, A. De Conti, “Desafios na proteção de microrredes”,
VI SBSE - Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos, Natal, Brasil,
baseados somente em curvas inversas de sobrecorrente. 2016.
Tendo como base os resultados de simulação, foi proposta [10] IEEE, “Radial distribution test feeders”, IEEE Transactions on power
uma estratégia de proteção com seletividade suficiente para systems, vol. 6, no. 3, pp. 975-985, Aug. 1991.
identificar a ocorrência de faltas no interior ou no exterior da [11] I. R. A Rodrigues, “Estudo de proteção elétrica de uma microrrede
baseada na rede de 34 barras do IEEE”, Dissertação de Mestrado,
microrrede. A filosofia sugerida para a proteção no ponto de Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE), UFMG –
acoplamento comum avalia a direção e o módulo da corrente, Universidade Federal de Minas Gerais, Junho, 2017.

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