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Trabalho final da disciplina de Redes Elétricas

Inteligentes
José Eduardo Lemo Barbero Vinícius Carvalho Festozo
Faculdade de Engenharia Elétrica Faculdade de Engenharia Elétrica
Universidade Federal de Uberlândia Universidade Federal de Uberlândia
Uberlândia, Brazil Uberlândia, Brazil
Matrícula: 11911EEL017 Matrícula: 11811EEL018

Abstract— This final project in the smart grid discipline II. Contextualização
analyzes the impact of adding distributed electrical grids to a
3-bus medium-voltage and a 9-bus low-voltage system. The
OpenDSS software was used for the analyses and graphics.
A expansão da geração distribuída é uma tendência
Keywords — Smart grids, OpenDSS, electrical grids, importante no setor de energia, mas a falta de dados
medium-voltage system, low-voltage system. concretos sobre seu impacto dificulta a avaliação precisa
dessa abordagem.
A geração distribuída é a produção de energia elétrica
I. Introdução próxima ao local de consumo, muitas vezes por meio de
fontes renováveis. Essa abordagem tem o potencial de
promover a sustentabilidade e reduzir a dependência de fontes
Redes elétricas distribuídas (REDs) são sistemas que de energia tradicionais, mas sua implementação em larga
produzem, transmitem e distribuem energia elétrica próximas escala apresenta desafios técnicos complexos.
aos consumidores. Elas são compostas por uma variedade de
fontes, como a energia solar e eólica, o armazenamento de Um dos principais desafios é a falta de dados reais sobre
energia, os veículos elétricos e a microgeração. a geração distribuída. Isso dificulta a avaliação de como essa
abordagem afetará a estabilidade, confiabilidade e eficiência
Segundo [1], Geração distribuída refere-se à implantação da rede elétrica.
e operação de pequenas e médias unidades geradoras de
eletricidade conectadas diretamente à rede de distribuição e Para superar essa lacuna, os engenheiros e pesquisadores
sub-transmissão de energia. Nos últimos anos, diversos países utilizam softwares de simulação avançados, como o
passaram por uma reestruturação no setor de energia elétrica, OpenDSS. Esses softwares permitem modelar virtualmente
impulsionada pela necessidade de aproveitar diversas fontes os efeitos da geração distribuída em diferentes cenários.
primárias de energia para diversificar a matriz energética. No entanto, mesmo com essas simulações avançadas, os
Avanços tecnológicos na geração de energia elétrica, uma resultados ainda são baseados em dados teóricos e podem não
maior conscientização ambiental e a urgência em atender à capturar completamente a complexidade do mundo real.
crescente demanda por eletricidade têm gerado um aumento Portanto, à medida que mais sistemas de geração
significativo no interesse pela geração distribuída. distribuída são implantados e os dados reais se tornam mais
Além disso, em um ambiente desregulado, diversos disponíveis, será possível refinar e validar as simulações
motivos, especialmente a necessidade de suprir a demanda existentes, proporcionando uma compreensão mais precisa
futura de energia, também são fatores que incentivam o dos desafios e benefícios associados à expansão da geração
crescente interesse nessa modalidade de geração. distribuída.
Contudo, segundo [2], a implementação generalizada da Enquanto isso, softwares como o OpenDSS
Geração Distribuída (GD) tem o potencial de modificar a desempenham um papel crucial na preparação para um futuro
estabilidade do sistema, a qualidade da energia e influenciar energético mais sustentável e eficiente.
as proteções nas subestações, na rede de distribuição e no
desempenho dos equipamentos.
Assim, temos como alguns possíveis impactos na rede:

• Variação na tensão;

III. Simulação
• Harmônicos na rede;

• Demanda por reativo;


No trabalho proposto, foi analisado o impacto de 3 pontos
de geração distribuída em 12 barras tanto de média quanto de
• Descentralização da geração; alta tensão. O sistema simulado pode ser visualizado na figura
Fig. 3. Potência ativa do transformador ao longo do dia para um sistema sem
GD.

Fig. 1. Sistema analisado

Tendo em vista o período de vinte quatro horas


Dessa forma, escolheu-se as barras ”B” e ”F” para análise
mencionados anteriormente, percebe-se que o transformador
de tensão em todos os casos analisados. Também, foi
do sistema irá fornecer potência de acordo com a requisição
monitorado a potência ativa no transformador presente e a
da curva de carga, tendo seu pico durante as dezessete horas
tensão nos barramentos de 13,8kV.
(17 h) com valor pouco superior de 24 kW. O menor valor
obtido para potência ativa do transformador foi durante as seis
horas (6 h), com valor pouco acima de 18 kW.

A. Sem geração distribuída

Para o primeiro caso, deve-se analisar o circuito de


distribuição disponibilizado sem a inserção de RED’s em
nenhum barramento. Dessa maneira, conforme exposto
acima, as RED’s serão inseridas nos ramais de baixa tensão
para carga “B” e “F”. Além disso, uma RED será instalada
para um único consumidor em média tensão, conforme
mostra o diagrama unifilar acima. Logo, a tensão dos ramais
conectados as RED’s, potência do transformador e a curva de
carga serão verificados por medidores no software utilizado.
Fig. 4. Tensão para trecho 2 do barramento de média tensão sem GD.

A tensão do barramento de média tensão (Trecho-2)


apresenta valores bem próximos entre as três fases analisadas.
Percebe-se que, para o horário das dezoito horas (18 h),
este atinge seu maior valor na Fase-1 de, aproximadamente,
8333.00 V.

Fig. 2. Curva de carga para o caso 1

A curva de carga do caso de estudo foi monitorada para


um período de vinte e quatro horas (24 h), considerando
intervalos de uma hora (1 h) para tais, conforme mostra a
Figura-1. Desse modo, percebe-se que o sistema “requisita”
maior potência entre período das dezessete (17 h) e dezoito
horas (18 h), chegando a necessitar de potência total para
o primeiro horário. Por outro lado, há menor uso de carga
durante o período entre zero horas (0 h) e seis horas (6 h). Fig. 5. Tensão no barramento de baixa tensão na carga F sem GD.
Fig. 6. Tensão no barramento de baixa tensão na carga B sem GD.
Fig. 8. Tensão no barramento de média tensão em sistema com GD.

Nota-se que, para ambos os barramentos analisados, A tensão no trecho de média tensão analisado, para
apresentam valores de tensão semelhantes ao longo do sistema com geração distribuída, apresenta uma redução de
período analisado. Tendo a curva de carga como base para seus valores para período de máxima geração para as RED’s
análise, percebe-se uma queda de tensão nos barramentos de instaladas, tendo valor mínimo para Fase-3 próximos de
baixa tensão para quando há maior “necessidade de potência” 8320,00 V. Contudo, ao se analisar o circuito em geral,
do sistema. Contudo, tal queda não representa grandes percebe-se que esta variação na tensão é relativamente
variações para o sistema. pequena ao se considerar o valor de tensão nominal do
sistema, não impactando de maneira notória o uso da rede.

B. Com 100% da geração distribuída

No segundo caso a ser analisado, colocou-se RED’s com


100% de potência disponibilizada para o barramento de média
tensão (Trecho 2) e junto aos ramais da carga F e carga
B, conforme exposto anteriormente. As RED’s instaladas
no ramal da carga F e B apresentam potência de 25 kVA e
30 kVA, respectivamente. O RED para instalado em média
tensão apresenta potência de 10000 kVA.
Fig. 9. Tensão no ramal da carga B em sistema com GD.

Fig. 7. Potência Ativa do transformador ao longo do período analisado para


sistema com GD 100%.
Fig. 10. Tensão no ramal da carga F em sistema com GD em 100%..

Analisando o gráfico de potência ativa disponibilizada


pelo transformador durante o dia, nota-se que, durante o
intervalo entre quatorze horas (14 h) e dezessete horas (17 h),
esse apresente os menores valores de potência ativa, abaixo de
12 kW. Esta queda de potência está notavelmente interligada
ao período em que as GD’s apresentam maior geração de
energia devido a máximas condições de irradiações. Logo,
o sistema requisitará menor potência do gerador “padrão”,
por consequência, menor potência será disponibilizado pelo
transformador. Por outro lado, durante os períodos de
menor irradiação solar, em notáveis períodos noturnos, o
transformador apresenta valores de potência ativa próximos
aos analisados com sistema sem GD, conforme esperado. Fig. 11. Tensão no ramal da carga B em sistema com GD em 100%.
Analisando os gráficos de tensão acima (Figura-10, tensão constatou uma diminuição nesse. Tais valores de
Figura-11), nota-se que durante o período de máxima geração tensão para este caso se assemelharam muito aos obtidos no
dos sistemas fotovoltaicos (11 h – 17 h), a tensão dos caso anterior, com 100% de potência nas RED’s, tendo um
ramais onde esses foram instalados apresentaram um aumente valor mínimo para Fase-3 de, aproximadamente, 8320,00 V.
relativo em comparação com os mesmos dados para o Além disso, é possível identificar que, durante os períodos
sistema sem GD. O ramal da carga F apresentou uma tensão de máximas gerações fotovoltaicas, houve uma condição de
ultrapassando 138.00 V, e o ramal para carga B chegou ao queda de tensão geral do sistema, em especial para Fase-1.
seu valor máximo de, aproximadamente, 136.00 V. Todavia,
quando os RED’s estão em mínima geração de energia, a
tensão de ambos os sistemas decaiu, esses estabilizaram a
valores bem próximos à análise anterior.

C. Com 50% da geração distribuída

Por fim, para último caso a ser analisado, utilizando


os posicionamentos das RED’s do estudo anterior, deve-se
diminuir em 50% a potência de geração destes sistemas. Com
isso, a RED’s inseridas no ramal da carga F e carga B terão
potência de 12,5 kVA e 15 kVA, respectivamente. Para a Fig. 14. Tensão no ramal da carga F em sistema com GD em 50%.
RED em média tensão, seu valor nominal foi preservado, sem
alterações. Logo, tendo alterados esses parâmetros, deve-se
analisar os dados obtidos pelos medidores.

Fig. 15. Tensão no ramal da carga B em sistema com GD em 50%.

Fig. 12. Potência ativa do transformador para sistema com RED’s em baixa
tensão em 50%.
Analisando os gráficos de tensão nos ramais de baixa
tensão das cargas F e B em 50% de produção de RED’s
O transformador, com sistema fotovoltaico em baixa (Figura-12, Figura-13), tem-se características semelhantes ao
tensão gerando apenas 50% de sua capacidade, apresentou longo do período estudado. Para a carga F, tem-se um pico de
uma queda de fornecimento de potência ativa durante os tensão pouco acima de 136.00 V, menor valor em comparação
períodos de maior geração de energia por esses (11h - 17h). com sistema com 100% de produção das RED’s. A tensão
No entanto, a redução se constatou menor em comparação no barramento da carga B, apresentou um valor de tensão
ao caso anterior de máxima produção de energia pelos acima de 134.00 V, menor em comparação desse no caso
RED’s. Neste caso, obteve-se o menor valor de potência de, anterior. Contudo, é importante notar que ambas as tensões
aproximadamente, 17 kW e, seu pico atingiu o valor de 24 apresentaram um aumento durante o período de máxima
kW nos horários de menor geração de energia solar. geração dos sistemas fotovoltaicos em comparação ao sistema
sem GD, constatando a influência desses no sistema.

IV. Conclusão

A utilização do software de simulação "OpenDSS",


alinhado com as análises técnicas e matemáticas
desenvolvidas ao longo deste relatório, tem como objetivo
demonstrar, de forma prática, os processos e conteúdo.
Dessa forma, o circuito a ser simulado apresentou resultados
satisfatórios para regime permanente e influência de RED’s
em um sistema de distribuição.
Fig. 13. Tensão no barramento de média tensão em sistema com GD
Em primeira análise, para o circuito de distribuição sem
influência de RED’s, constatou-se uma oscilação no valor
O monitoramento da tensão no barramento de média da tensão nominal nos barramentos de baixa e média tensão
durante os horários de maior demanda energética, com base
na curva de carga do sistema. Além disso, é evidente que
o transformador proporcionou maior potência ao sistema ao
longo do dia, visto que este tem sua maior utilização em
sistemas sem painéis fotovoltaicos instalados.
Em contrapartida, o circuito com a inserção dos sistemas
fotovoltaicos, com geração em 100%, tanto em média tensão
quanto nos ramais de carga B e F para baixa tensão,
apresentou uma notável alteração no comportamento do
sistema. Em primeiro lugar, ao analisar a tensão no
barramento em média, notou-se uma queda em seu valor
durante os horários de maior geração elétrica pelos painéis,
apesar de esta ocorrer em condições baixas. Em relação à
potência ativa do transformador, é evidente que esta teve uma
redução notável durante os períodos de máxima irradiação
solar, constatando a realocação do fornecimento de energia
para as cargas em baixa tensão através dos sistemas de
geração individuais. Por fim, ao analisar as tensões das cargas
F e B, notou-se que estas apresentaram um aumento relativo
em seus valores, indicando uma menor perda no sistema e,
consequentemente, o aumento desses valores de tensões.
Para o sistema com inserção das RED’s, com produção
em 50% de seu valor nominal, pode-se notar algumas
mudanças em relação ao caso anterior. Em primeiro lugar,
ao analisar a tensão do barramento de média, percebe-se que
este apresenta características semelhantes à produção com
100% de potência. Contudo, a queda de tensão neste foi
menor para este caso. Quanto ao fornecimento de potência
ativa do transformador, notou-se uma queda no fornecimento
durante os períodos de maior produção solar, porém, em
escalas menores de quedas. Ao analisar as tensões nos
barramentos das cargas F e B monitoradas, estas apresentaram
um aumento em comparação ao sistema sem RED’s e uma
redução mínima em relação ao caso com potência máxima
dos sistemas fotovoltaicos, evidenciando assim a interferência
que esses provocam no sistema de distribuição completo.
Dessa maneira, em uma análise geral, com noção das
atribuições e características de utilização de potência e carga
do sistema de distribuição, foi possível notar como o circuito
se comportará sob influência de uma geração distribuída,
tendo notáveis seus pontos negativos e positivos ao longo
de um período de análise, independente da capacidade de
produção energética destes. Ademais, apesar dos dados
satisfatórios obtidos neste estudo, algumas discrepâncias de
valores de tensões, potências e parâmetros do sistema podem
ser notadas.

References

[1] L. N. Padilha, “Análise comparativa de estratégias para


regulação de tensão em sistemas de distribuição de
energia elétrica na presença de geradores distribuídos,”
Universidade de São Paulo, Dissertação de Mestrado,
2010.
[2] A. F. C. Waenga and D. A. F. Pinto, “Impactos da geração
distribuída fotovoltaica no sistema de distribuição de
energia elétrica,” B.S. thesis, Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, 2016.

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