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ANÁLISE DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA PARA O CONTROLE DE

TENSÃO E POTÊNCIA REATIVA EM ALIMENTADORES DE


DISTRIBUIÇÃO

Ana Paula Carboni de Mello


Professor/Pesquisador do curso de Engenharia Elétrica – Universidade Federal do Pampa –
Campus Alegrete
anamello@unipampa.edu.br
Henrique Silveira Eichkoff
Acadêmico do curso de Engenharia Elétrica - Universidade Federal do Pampa – Campus
Alegrete
henriquekoff@gmail.com

Resumo. Este trabalho tem por objetivo Dentre algumas vantagens em que a
demonstrar a análise da geração distribuída geração distribuída pode fornecer, destacam-
(GD) como equipamento de controle de se, o baixo impacto ambiental, redução de
tensão e potência reativa em um sistema perdas, redução no carregamento de redes e
teste de distribuição. Para isso, utilizou-se menor tempo de implantação. Por outro
os inversores de frequência dos sistemas de lado, o sistema de geração distribuída
geração fotovoltaica como equipamentos de apresenta algumas desvantagens, como fluxo
controle em conjunto com equipamentos bidirecional de energia, tornando a operação
tradicionais que geralmente desempenham a da rede complexa e dificuldade para
função do controle de tensão. Para a controlar o nível de tensão da rede no
obtenção dos resultados, se fez o uso do período de carga leve [1].
software OpenDSS (Open Distribution Nesse trabalho, é demonstrada a análise
System Simulator), em um sistema teste dos inversores utilizados na interface de
padrão IEEE (Institute of Electrical and conexão da geração distribuída com a rede
Electronics Engineers) de 13 barras. elétrica como uma nova possibilidade de
equipamento de controle de tensão e
Palavras-chave: Geração Distribuída, potência reativa (controle volt/var), para a
Controle vol/var, OpenDss. operação adequada dos sistemas de
distribuição de energia.
1. INTRODUÇÃO No Brasil a geração distribuída ainda
não pode ser utilizada para a regulação de
Nos últimos anos, houve uma busca tensão e não há uma normatização para esta
crescente de novas formas de gerar energia, a função, apenas são regulamentados os
fim de amenizar o uso excessivo das fontes requisitos para conexão de acessantes
tradicionais de geração. Essa nova produtores de energia, em função da
alternativa de gerar energia é denominada Resolução Normativa nº 482 e dos
Geração Distribuída e caracteriza-se por Procedimentos de Distribuição de Energia
utilizar fontes renováveis para seu Elétrica no Sistema Elétrico Nacional
funcionamento, com grande destaque para (PRODIST).
Eólica, Solar e Pequenas Centrais Entretanto, em países como a
Hidroelétricas (PCHs). Alemanha, a Itália e o Japão com capacidade
expressiva de geração distribuída

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fotovoltaica, a injeção de potência reativa a inversor pode operar na faixa de 0,98
partir destes sistemas está bem consolidada, indutivo até 0,98 capacitivo, ou por controle
inclusive permite que em condições de falta da potência reativa [5], conforme a Fig. 1.
na rede de distribuição, estes, contribuam no
fornecimento de energia reativa dando
suporte à rede.

2. CONTROLE DE TENSÃO E
POTÊNCIA REATIVA (VOLT/VAR)

O controle de tensão e potência reativa Fig. 1 - Limites operacionais de injeção/demanda de


tem sido desenvolvido desde os anos 1980, potência reativas do inversor.
utilizando diversos dispositivos de controle,
como os reguladores de tensão, banco de Neste sentido, modelou-se o inversor de
capacitores e transformadores comutadores acordo com os limites apresentados na Fig.
de tap sobre carga (On-Load Tap changes 1.
(OLTC)). Esses equipamentos, são ajustados A escolha e o ajuste do controle do fator
para reduzir as perdas operacionais e o de potência e injeção/demanda de potência
melhorar o perfil de tensão, além de definir reativa, são definidos pelas condição de rede.
uma regulação de tensão e um fluxo de
potência adequados ao sistema de 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
distribuição.
De acordo com [3], no caso de inclusão Para a análise dos resultados utilizou-se
da geração distribuída no sistema, a mesma o sistema teste de 13 barras IEEE, conforme
pode uma transformar uma rede ativa em demonstra a Fig.2. Considerou-se um
uma rede passiva, ocasionando assim um sistema de geração fotovoltaica com
fluxo de potência reverso, podendo os potência nominal de 90 kWp na barra 634.
dispositivos comutadores de tap não
apresentarem simetria, comprometendo a
operação da GD.
Para a geração distribuída do tipo
fotovoltaica, o controle de tensão e potência
reativa é realizado através do inversor, que é
responsável por efetuar a interface entre a
GD e a rede elétrica.
Segundo [4], os inversores, possuem a
capacidade de absorver a potência reativa de
maneira distribuída, podendo o controle de
reativo, compensar o aumento da tensão nas
redes de distribuição. Além disso, para
manter os níveis de tensão dentro da faixa de Fig. 2. Sistema Teste IEEE 13 barras.
operação adequada, o inversor pode absorver
ou injetar potência reativa. A curva de geração fotovoltaica é
demonstrada na Fig.3. Observa-se que a
3. METODOLOGIA DE ANÁLISE geração fotovoltaica está em operação das 6
horas até as 20 horas, sendo o ponto máximo
No Brasil, para sistemas fotovoltaicos de potência atingido no intervalo das 13
com potência nominal superior à 6 kW, o horas até 15 horas.

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Fig. 3 – Curva de geração fotovoltaica.

A análise dos resultados foi realizada


em um período diário com perfil de carga
predominantemente residencial em todas as
cargas do sistema teste.
A Fig.4. apresenta o perfil de carga ativa
na saída da subestação para as condições
sem o sistema de GD (Fig.4 (a)), e após a Fig. 5 – Curvas de potência reativa no alimentador,
inserção do sistema de GD de 90 kWp na tipicamente residenciais (a) sem geração distribuída e
(b) com geração distribuída.
barra 634, Fig. 4. (b).
Observa-se uma pequena diferença nas
três fases da potência ativa com a conexão
da GD. Isso ocorre devido a emissão de um
fluxo de potência reverso pela GD, onde há
uma redução na potência ativa fornecida
para a subestação nas três fases, como pode
ser observado durante o intervalo que a GD
está em operação, das 9 às 18 horas.
Na Fig. 6. é demonstrado um
comparativos entre os níveis de tensão na
saída do alimentador, com e sem a presença
da GD para a fase mais crítica do sistema
(fase A).

Fig. 4 – Curvas de potência ativa no alimentador,


tipicamente residenciais (a) sem geração distribuída e
(b) com geração distribuída.

A Fig.5. apresenta o perfil de carga


reativa na saída da subestação para as Fig. 6 – Comparação nos níveis de tensão na fase A
mesmas condições apresentadas do alimentador.
anteriormente. Fig.5 (a) sem o sistema de
GD e a Fig.5 (b) após a inserção da GD. Como pode-se observar, houve uma
pequena elevação na tensão do alimentador
durante o período de operação da GD. Essa
elevação na tensão ocorre devido a direção

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do fluxo de potência, que sofre uma reversão [2] BREMERMANN, Leonardo. Controle
no momento em que a potência é entregue a Fuzzy Volt/Var em Sistemas de
rede. Mesmo com a inserção da GD, a tensão Distribuição. Porto Alegre, 2008.
não violou os limites operacionais (0,95 à
1,05 pu). [3] DOMINGUEZ, Ozy. Modelo
Na Tabela 1, serão comparados, o matemático para o controle ótimo de
número de comutações (alteração da posição Voltvar em Sistemas de Distribuição.
de TAP) que os elementos responsáveis por Ilha Solteira, 2015.
realizar o controle de tensão do sistema,
apresentaram antes e depois da inserção da [4] J. Janhagiri and D, C. Aliprantis, “
GD. Distributed Volt/VAr Control by PV
Inverter,” in IEEE Transaction on Power
Tabela 1-Comparações no número de comutações dos Systems, Vol 28, N° 3, 2013.
equipamentos de controle de tensão.
Número de Comutações [5] ABNT NBR 16149, Sistemas
Equipamentos
Sem GD Com GD Fotovoltaicos (FV) – Características de
RT Monofásico interface de conexão com a rede elétrica
– Fase A – 8 10 de distribuição.
Subestação
RT Monofásico CONSIDERAÇÕES FINAIS
– Fase B – 7 7
Subestação Esse trabalho apresentou, uma análise
RT Monofásico da geração distribuída para o controle de
– Fase C – 8 9 tensão e potência em um alimentador. Para
Subestação isso, foi utilizado o software Open DSS na
Inversor – Fase modelagem de um sistema teste de 13 barras
- 10 kvar
A– disponibilizado pela IEEE com a inserção de
Inversor – Fase uma geração fotovoltaica.
- 10 kvar
B– Analisando os resultados, tem-se que a
Inversor – Fase inserção da geração fotovoltaica apresentou
- 10 kvar
C– uma pequena elevação de tensão no
alimentador. Assim mesmo, não houve
O inversor de frequência participou violação nos limites operacionais. Para a
ativamente do controle volt/var, com a potência reativa do alimentador, o controle
inserção de potência reativa de  10 kvar. A do inversor reduziu os níveis de reativo,
necessidade de operação seguiu a curva de mantendo os resultados semelhantes ao do
carga do sistema. sistema sem a inserção da GD.
Para os reguladores de tensão, houve um
5. REFERÊNCIAS aumento no número de comutações devido a
elevação nos níveis de tensão com a
[1] ANEEL – Agência Nacional de Energia presença da GD.
Elétrica. Nota Técnica n° 0025/2011-
SRD-SRC-SRG-SCG-SEM-SRE-
SPE/ANEEL. Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/audie
ncia/arquivo/2011/042/documento/nota_tec
nica_0025_gd.pdf>. Acesso em: 21 set
2017.

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