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CORREÇÃO DE FATOR DE POTÊNCIA

Realização:

Professores:

MARCELO ROCHA NEVES


ALEXANDRE MORAIS

Novembro/2005
1.Introdução
Este curso tem como objetivo o aprendizado das normas e métodos de cálculo
inerentes ao fator de potência e sua respectiva correção, quando necessária.

2.Definições
Para os fins e efeitos serão adotadas as seguintes definições mais usuais:

Ciclo de faturamento: A concessionária efetuará as leituras, bem como os


faturamentos, em intervalos de aproximadamente 30 (trinta) dias, observados o mínimo
de 27 (vinte e sete) e o máximo de 33 (trinta e três) dias, de acordo com o calendário
respectivo, sendo que para o faturamento inicial o período não poderá ser inferior a 15
(quinze) nem superior a 47 (quarenta e sete) dias.

Demanda: Média das potências elétricas ativas ou reativas, solicitadas ao sistema


elétrico pela parcela da carga instalada em operação na unidade consumidora, durante
um intervalo de tempo especificado.

Demanda medida: Maior demanda de potência ativa, verificada por medição,


integralizada no intervalo de 15 (quinze) minutos durante o período de faturamento,
expressa em quilowatts (kW). Esta maior demanda equivale à maior potência média de
15 minutos registrada no período de faturamento.

Energia elétrica ativa: Energia elétrica que pode ser convertida em outra forma de
energia, expressa em quilowatts-hora (kWh).

Energia elétrica reativa: Energia elétrica que circula continuamente entre os diversos
campos elétricos e magnéticos de um sistema de corrente alternada, sem produzir
trabalho, expressa em quilovolt-ampère-reativo-hora (kvarh).Esta energia é usada para
criar e manter os campos eletromagnéticos.

Estrutura tarifária: Conjunto de tarifas aplicáveis às componentes de consumo de


energia elétrica e/ou demanda de potência ativas de acordo com a modalidade de
fornecimento.

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Estrutura tarifária convencional: Estrutura caracterizada pela aplicação de tarifas de
consumo de energia elétrica e/ou demanda de potência independentemente das horas de
utilização do dia e dos períodos do ano.

Estrutura tarifária horo-sazonal: Estrutura caracterizada pela aplicação de tarifas


diferenciadas de consumo de energia elétrica e de demanda de potência de acordo com
as horas de utilização do dia e dos períodos do ano, conforme especificação a seguir:
a) Tarifa Azul: modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferenciadas de
consumo de energia elétrica de acordo com as horas de utilização do dia e os períodos
do ano, bem como de tarifas diferenciadas de demanda de potência de acordo com as
horas de utilização do dia.
b) Tarifa Verde: modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferenciadas de
consumo de energia elétrica de acordo com as horas de utilização do dia e os períodos
do ano, bem como de uma única tarifa de demanda de potência.
c) Horário de ponta (P): período definido pela concessionária e composto por 3 (três)
horas diárias consecutivas, exceção feita aos sábados, domingos e feriados nacionais,
considerando as características do seu sistema elétrico.
d) Horário fora de ponta (F): período composto pelo conjunto das horas diárias
consecutivas e complementares àquelas definidas no horário de ponta.
e) Período úmido (U): período de 5 (cinco) meses consecutivos, compreendendo os
fornecimentos abrangidos pelas leituras de dezembro de um ano a abril do ano seguinte.
f) Período seco (S): período de 7 (sete) meses consecutivos, compreendendo os
fornecimentos abrangidos pelas leituras de maio a novembro.

Fator de carga: Razão entre a demanda média e a demanda máxima da unidade


consumidora, ocorridas no mesmo intervalo de tempo especificado.

Demandamédia
FC  Eq.(2.1)
Demandamáxima

Fator de demanda: Razão entre a demanda máxima num intervalo de tempo


especificado e a carga instalada na unidade consumidora.

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Grupo “A”: Grupamento composto de unidades consumidoras com fornecimento em
tensão igual ou superior a 2,3 kV, ou, ainda, atendidas em tensão inferior a 2,3 kV a
partir de sistema subterrâneo de distribuição e faturadas neste Grupo e caracterizado
pela estruturação tarifária binômia e subdividido nos seguintes subgrupos:
a) Subgrupo A1 - tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV;
b) Subgrupo A2 - tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV;
c) Subgrupo A3 - tensão de fornecimento de 69 kV;
d) Subgrupo A3a - tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV;
e) Subgrupo A4 - tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV;
f) Subgrupo AS - tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, atendidas a partir de sistema
subterrâneo de distribuição e faturadas neste Grupo em caráter opcional.

Grupo “B”: Grupamento composto de unidades consumidoras com fornecimento em


tensão inferior a 2,3 kV, ou, ainda, atendidas em tensão superior a 2,3 kV e faturadas
neste Grupo nos e caracterizado pela estruturação tarifária monômia e subdividido nos
seguintes subgrupos:
a) Subgrupo B1 - residencial;
b) Subgrupo B1 - residencial baixa renda;
c) Subgrupo B2 - rural;
d) Subgrupo B2 - cooperativa de eletrificação rural;
e) Subgrupo B2 - serviço público de irrigação;
f) Subgrupo B3 - demais classes;
g) Subgrupo B4 - iluminação pública.

Tarifa monômia: Tarifa de fornecimento de energia elétrica constituída por preços


aplicáveis unicamente ao consumo de energia elétrica ativa.

Tarifa binômia: Conjunto de tarifas de fornecimento constituído por preços aplicáveis


ao consumo de energia elétrica ativa e à demanda faturável.

Tarifa de ultrapassagem: Tarifa aplicável sobre a diferença positiva entre a demanda


medida e a contratada, quando exceder os limites estabelecidos.

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Tensão secundária de distribuição: Tensão disponibilizada no sistema elétrico da
concessionária com valores padronizados inferiores a 2,3 kV.

Tensão primária de distribuição: Tensão disponibilizada no sistema elétrico da


concessionária com valores padronizados iguais ou superiores a 2,3 kV.

Fase: Parte do circuito que permaneceria íntegra caso o circuito polifásico fosse
dividido nos circuitos monofásicos componentes.

Circuito monofásico equivalente: Num circuito trifásico equilibrado, o que ocorre


numa das fases ocorre nas outras, apenas defasado de 120º. Pode-se analisar o circuito
trifásico equilibrado através de um circuito monofásico equivalente.

Seqüência de fase: É a ordem que as fontes de tensão individuais atingem o mesmo


ponto dentro de sua variação senoidal. Existem 2 seqüências: ABC e ACB.

Relação modular e angular entre tensão de fase e linha:

Figura 2.1

Vab  Van  Vbn  Van  Vbn  E

E00  E1200 

E  j 0   E cos(1200 )  jEsen(1200 ) 

Vab  ( E  0,5E )  j ( E 3 )
2

Vab  E (1,5  j 3 )
2
Vab  3 E300 Eq.(2.2)

4
Obs: A tensão de linha está 30º adiantada em relação a tensão de fase e seu módulo é
3 vezes a tensão de fase.

Potência aparente: É a potência total gerada e transmitida. É medida em kVA e


geralmente representada por “S ou N”.

Triângulo das potências

Fig.2.2-Triângulo das potências

Relações entre as potências do triângulo


P  Sco s  Eq.(2.3)

Q  Ssen Eq.(2.4)

S  P2  Q2 Eq.(2.5)

ou

Q Q
P  Eq.(2.6)
tan  tan(cos1  )

Q  P tan   P tan(cos1  ) Eq.(2.7)

Potência trifásica: É dada pala soma das 3 potências monofásicas

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P3  Van I a  Vbn Ib  Vcn I c Eq.(2.8)

Se considerarmos um sistema equilibrado, as correntes I a  Ib  I c  I e as


tensões, em módulo valem V, temos:

P3  V n I  V n I  V n I  3V n I Eq.(2.9)

Passando as tensão de fase-neutro para tensão de linha(fase-fase)

V
P3  3 I Eq.(2.10)
3

e racionalizando, temos:

P3  3V I Eq.(2.11)

Fator de potência (f.p): Razão entre a energia elétrica ativa e a raiz quadrada da soma
dos quadrados das energias elétricas ativa e reativa, consumidas num mesmo período
especificado.É o fator que indica, o quanto de potência aparente está sendo
transformada em potência ativa.Esse fator é dado pelo cosseno do ângulo entre a
potência aparente(S) e a potência ativa(P).
Da fórmula P  Sco s  , temos:

P
cos   Eq.(2.12)
S
ou

Q
tan   Eq.(2.13)
P

3.Correção do fator de potência(f.p)

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3.1.Princípios que nortearam a elaboração da portaria sobre f.p :
 Necessidade de liberação da capacidade do setor elétrico;
 A legislação sobre f.p NÃO visa aumento de receita;
 Promover o uso racional de energia elétrica;
 O reativo indutivo sobrecarrega o sistema elétrico, principalmente nos períodos
do dia;
 O reativo capacitivo é prejudicial nos períodos de carga leve;
 Criar condições para que os custos de expansão do Sistema Elétrico sejam
distribuídos para a sociedade de forma mais justa.

3.2. Causas do baixo fator de potência


Antes de realizar investimentos para corrigir o fator de potência, o consumidor
deve procurar identificar as causas da sua origem para depois apontar as melhores
soluções para a sua correção.
Atentar para o problema que, nem sempre, o baixo fator de potência está
vinculado somente ao excesso de reativo indutivo.
A seguir, apresentamos as principais causas que dão origem aos baixos fatores
de potência.

3.2.1. Motores operando em vazio ou super-dimensionados.


Os motores elétricos do tipo indução consomem praticamente a mesma
quantidade de energia reativa quando operando em vazio ou a plena carga.
Na prática observa-se que para motores operando com cargas abaixo de 50% de
sua potência nominal o Fator de Potência cai bruscamente.
Nestes casos deve-se verificar a possibilidade, por exemplo, de se substituir os
motores por outros de menor potência, com torque de partida mais elevado e mais
eficiente.

3.2.2. Transformadores operando em vazio ou com pequenas cargas


É comum nos momentos de baixa carga se encontrar transformadores operando
em vazio ou alimentando poucas cargas. Nestas condições, ou quando super-
dimensionados, poderão consumir uma elevada quantidade de reativos.
O consumo de reativos dos transformadores pode ser obtido ou determinado por
cálculos.

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Na falta deste valor, pode se obter através da tabela 3.1. Para se eliminar ou
reduzir este efeito, deve-se verificar na prática, a possibilidade de se desenergizar os
transformadores, ou a utilização de um transformador especifico (de menos potência)
para a alimentação das cargas nos períodos de baixo consumo.
O desligamento de transformadores só é possível quando existem
transformadores operando em paralelo, ou em vazio.

Tab.3.1-Potência reativa média em vazio


Carga reativa de transformadores trifásicos
Potência (kVA) carga reativa a vazio(kVAr)
10,0 1,0
15,0 1,5
30,0 2,0
45,0 3,0
75,0 4,0
112,0 5,0
150,0 6,0
225,0 7,5
300,0 8,0
500,0 12,5
750,0 17,0
1000,0 19,5

3.2.3. Nível de tensão acima do normal


O nível de tensão tem influência negativa sobre o fator de potência das instalações, pois
como se sabe a potência reativa (kVAr) é aproximadamente, proporcional ao quadrado
da tensão.

3.2.4. Sistema de iluminação


Quando se emprega na iluminação lâmpadas de descarga (fluorescentes, vapor de
mercúrio, vapor de sódio, etc.) que necessitam de reatores para funcionar, deve-se
promover medições do fator de potência da instalação já que estes reatores em alguns
casos podem ser fornecidos sem capacitores de correção, apresentando neste caso Fator
de Potência da ordem de 30% ou até menos.

3.2.5. Outros tipos de cargas


Nas diversas instalações podem estar presentes diversos tipos de equipamentos
tais como: fornos a arco, máquinas de solda, equipamentos tiristorizados, etc., que

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juntamente com aparelhos de ar condicionado e com grande quantidade de motores
elétricos de pequena potência (geralmente super-dimensionados) podem ser a causa
principal dos baixos valores de fator de potência encontrados nas medições.

Baixos valores de fator de potência são decorrentes de quantidades elevadas de


energia reativa. Essa condição resulta em aumento na corrente total que circula nas
redes de distribuição de energia elétrica da concessionária e das unidades consumidoras,
podendo sobrecarregar, as linhas de transmissão e distribuição, prejudicando a
estabilidade e as condições de aproveitamento dos sistemas elétricos, trazendo
inconvenientes diversos, tais como:

4.Conseqüências devido ao baixo fator de potência


Baixos valores de fator de potência são decorrentes de quantidades elevadas de
energia reativa. Essa condição resulta em aumento na corrente total que circula nas
redes de distribuição de energia elétrica da concessionária e das unidades consumidoras,
podendo sobrecarregar, as linhas de transmissão e distribuição, prejudicando a
estabilidade e as condições de aproveitamento dos sistemas elétricos, trazendo
inconvenientes diversos, os quais serão apresentados a seguir:

4.1. Perdas na rede


As perdas de energia elétrica ocorrem em forma de calor e são proporcionais ao
quadrado da corrente total. Como essa corrente cresce com o excesso de energia reativa,
estabelece-se uma relação direta entre o incremento das perdas e o baixo fator de
potência, provocando o aumento do aquecimento de condutores e equipamentos.

 fpantigo 2 
REDUÇÃO DAS PERDAS (%) = 1  2 
*100 Eq.(4.1)
 fp 
 novo 

4.2. Quedas de tensão


O aumento da corrente devido ao excesso de reativo leva a quedas de tensão
acentuadas, podendo ocasionar a interrupção do fornecimento de energia elétrica e a
sobrecarga em certos elementos da rede. As quedas de tensão podem provocar, ainda,
diminuição da intensidade luminosa nas lâmpadas e aumento da corrente nos motores.

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4.3. Subutilização da capacidade instalada
A energia reativa, ao sobrecarregar uma instalação elétrica, inviabiliza sua plena
utilização, condicionando a instalação de novas cargas a investimentos que seriam
evitáveis se o fator de potência apresentasse valores mais altos. O "espaço" ocupado
pela energia reativa (Fig. 6.1) poderia ser então utilizado para o atendimento a novas
cargas.
Os investimentos em ampliação das instalações estão relacionados
principalmente aos transformadores e condutores necessários. O transformador a ser
instalado deve atender à potência ativa total dos equipamentos utilizados, mas, devido à
presença de potência reativa, a sua capacidade deve ser calculada com base na potência
aparente das instalações.
Também o custo dos sistemas de comando, proteção e controle dos
equipamentos crescem com o aumento da energia reativa. Da mesma forma, para
transportar a mesma potência ativa sem aumento de perdas, a seção dos condutores deve
aumentar à medida que o fator de potência diminui. A tabela 4.1 a seguir ilustra a
variação da seção necessária de um condutor em função do fator de potência.
A correção do fator de potência por si só já libera capacidade para instalação de
novos equipamentos, sem a necessidade de investimentos em transformador ou
substituição de condutores para esse fim especifico.

Tab. 4.1-Seção relativa de condutores


Seção relativa Fator de potência
1,00 1,00
1,23 0,90
1,56 0,80
2,04 0,70
2,78 0,60
4,00 0,50
6,25 0,40
11,10 0,30

5.Como corrigir o baixo fator de potência

5.1.Correção através de capacitores

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Uma forma econômica e racional de se obter a energia reativa necessária para a
operação adequada dos equipamentos é a instalação de capacitores próximos desses
equipamentos.
Com os capacitores funcionando como fontes de energia reativa, a circulação
dessa energia fica limitada aos pontos onde ela é efetivamente necessária, reduzindo
perdas, melhorando as condições operacionais e liberando capacidade em
transformadores e condutores para o atendimento de novas cargas nas instalações
consumidoras e no sistema elétrico da concessionária.

5.2. Correção através de motores síncronos


A correção pelo emprego de máquinas síncronas, tem se mostrado vantajosa em
instalações novas, de grande porte, onde além de ser de corrigir o fator de potência é
necessário acionar cargas de porte, ou seja, produzindo trabalho por um período de
tempo suficientemente grande para se viabilizar seu emprego.
Nos motores síncronos a energia reativa produzida, é função da excitação e da
carga do motor.
Além disto, devido ao fato de ser um equipamento bastante caro, nem sempre é
compensador sob o ponto de vista econômico, só sendo competitivo em potências
superiores a 200CV, e funcionando por períodos acima de 8 horas diárias.
Os tipos de motores síncronos comumente usados na indústria têm fator de
potência nominal de 0,8 (capacitivo) e 1,00.
A figura abaixo mostra que os valores de potência reativa fornecido por motores
síncronos aumentam para as condições de carga leve.

Fig.5.1-% de HP versus carga do motor

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6.Resolução vigente

6.1.Faturamento de energia e demanda reativas


Art. 64. O fator de potência de referência “fr”, indutivo ou capacitivo, terá como
limite mínimo permitido, para as instalações elétricas das unidades consumidoras, o
valor de fr = 0,92.
Art. 65. Para unidade consumidora faturada na estrutura tarifária horo-sazonal ou na
estrutura tarifária convencional com medição apropriada, o faturamento correspondente
ao consumo de energia elétrica e à demanda de potência reativas excedentes, será
calculado de acordo com as seguintes fórmulas:

n 
 fr  
FER( p )   CAt   1 TCA( p ) Eq.(6.1)
t 1   ft  

 n

 fr 
FDR( p )  MAX  DAt .  DF( p )  TDA( p )
 Eq.(6.2)
  ft  
 t 1 

onde:
FER(p) = valor do faturamento, por posto horário “p”, correspondente ao consumo de
energia reativa excedente à quantidade permitida pelo fator de potência de referência
“fr”, no período de faturamento;
CAt = consumo de energia ativa medida em cada intervalo de 1 (uma) hora “t”,
durante o período de faturamento;
fr = fator de potência de referência igual a 0,92;
ft = fator de potência da unidade consumidora, calculado em cada intervalo “t” de 1
(uma) hora, durante o período de faturamento, observadas as definições dispostas nas
alíneas “a” e “b”, § 1º, deste artigo;
TCA(p) = tarifa de energia ativa, aplicável ao fornecimento em cada posto horário “p”;
FDR(p) = valor do faturamento, por posto horário “p”, correspondente à demanda de
potência reativa excedente à quantidade permitida pelo fator de potência de referência
“fr” no período de faturamento;
DAt = demanda medida no intervalo de integralização de 1 (uma) hora “t”, durante o
período de faturamento;

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DF(p) = demanda faturável em cada posto horário “p” no período de faturamento;
TDA(p) = tarifa de demanda de potência ativa aplicável ao fornecimento em cada posto
horário “p”;
MAX = função que identifica o valor máximo da fórmula, dentro dos parênteses
correspondentes, em cada posto horário “p”;
t = indica intervalo de 1 (uma) hora, no período de faturamento;
p = indica posto horário, ponta ou fora de ponta, para as tarifas horo-sazonais ou
período de faturamento para a tarifa convencional; e n = número de intervalos de
integralização “t”, por posto horário “p”, no período de faturamento.
§ 1º Nas fórmulas FER(p) e FDR(p) serão considerados:
a) durante o período de 6 horas consecutivas, compreendido, a critério da
concessionária, entre 23 h e 30 min e 06h e 30 min, apenas os fatores de potência
“ft” inferiores a 0,92 capacitivo, verificados em cada intervalo de 1 (uma) hora “t”;
b) durante o período diário complementar ao definido na alínea anterior, apenas os
fatores de potência “ft” inferiores a 0,92 indutivo, verificados em cada intervalo de
1 (uma) hora “t”.
§ 2º O período de 6 (seis) horas definido na alínea “a” do parágrafo anterior deverá ser
informado pela concessionária aos respectivos consumidores com antecedência mínima
de 1 (um) ciclo completo de faturamento.
§ 3º Havendo montantes de energia elétrica estabelecidos em contrato, o faturamento
correspondente ao consumo de energia reativa, verificada por medição apropriada, que
exceder às quantidades permitidas pelo fator de potência de referência “fr”, será
calculado de acordo com a seguinte fórmula:

 n CA . fr  
FER( p )    t   CF( p )  TCA( p ) Eq.(6.3)
 t 1 ft  

onde:
FER(p) = valor do faturamento, por posto horário “p”, correspondente ao consumo de
energia reativa excedente à quantidade permitida pelo fator de potência de referência
“fr”, no período de faturamento;
CAt = consumo de energia ativa medida em cada intervalo de 1 (uma) hora “t”, durante
o período de faturamento;

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fr = fator de potência de referência igual a 0,92;
ft = fator de potência da unidade consumidora, calculado em cada intervalo “t” de 1
(uma) hora, durante o período de faturamento, observadas as definições dispostas nas
alíneas “a” e “b”, § 1º, deste artigo;
CF(p) = consumo de energia elétrica ativa faturável em cada posto horário “p” no
período de faturamento; e
TCA(p) = tarifa de energia ativa, aplicável ao fornecimento em cada posto horário “p”.
Art. 66. Para unidade consumidora faturada na estrutura tarifária convencional,
enquanto não forem instalados equipamentos de medição que permitam a
aplicação das fórmulas fixadas no art. 65, a concessionária poderá realizar o
faturamento de energia e demanda de potência reativas excedentes utilizando as
seguintes fórmulas:

 fr 
FER  CA   1 TCA Eq.(6.4)
 fm 

 fr 
FDR   DM  DF  TDA Eq.(6.5)
 fm 

onde:
FER = valor do faturamento total correspondente ao consumo de energia reativa
excedente à quantidade permitida pelo fator de potência de referência, no período de
faturamento;
CA = consumo de energia ativa medida durante o período de faturamento;
fr = fator de potência de referência igual a 0,92;
fm = fator de potência indutivo médio das instalações elétricas da unidade consumidora,
calculado para o período de faturamento;
TCA = tarifa de energia ativa, aplicável ao fornecimento;
FDR = valor do faturamento total correspondente à demanda de potência reativa
excedente à quantidade permitida pelo fator de potência de referência, no período de
faturamento;
DM = demanda medida durante o período de faturamento;
DF = demanda faturável no período de faturamento; e
TDA = tarifa de demanda de potência ativa aplicável ao fornecimento.

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Parágrafo único. Havendo montantes de energia elétrica estabelecidos em contrato, o
faturamento correspondente ao consumo de energia reativa, verificada por medição
apropriada, que exceder às quantidades permitidas pelo fator de potência de referência
“fr”, será calculado de acordo com a seguinte fórmula:

 fr 
FER   CA  CF  TCA Eq.(6.6)
 fm 

onde,
FER = valor do faturamento total correspondente ao consumo de energia reativa
excedente à quantidade permitida pelo fator de potência de referência, no período de
faturamento;
CA = consumo de energia ativa medida durante o período de faturamento;
fr = fator de potência de referência igual a 0,92;
fm = fator de potência indutivo médio das instalações elétricas da unidade consumidora,
calculado para o período de faturamento;
CF = consumo de energia elétrica ativa faturável no período de faturamento; e
TCA = tarifa de energia ativa, aplicável ao fornecimento.
Art. 67. Para fins de faturamento de energia e demanda de potência reativas excedentes
serão considerados somente os valores ou parcelas positivas das mesmas.
Parágrafo único. Nos faturamentos relativos a demanda de potência reativa excedente
não serão aplicadas as tarifas de ultrapassagem.
Art. 68. Para unidade consumidora do Grupo “B”, cujo fator de potência tenha sido
verificado por meio de medição transitória nos termos do inciso II, art. 34, o
faturamento correspondente ao consumo de energia elétrica reativa indutiva excedente
só poderá ser realizado de acordo com os seguintes procedimentos:
I - a concessionária deverá informar ao consumidor, via correspondência específica, o
valor do fator de potência encontrado, o prazo para a respectiva correção, a
possibilidade de faturamento relativo ao consumo excedente, bem como outras
orientações julgadas convenientes;
II - a partir do recebimento da correspondência, o consumidor disporá do prazo mínimo
de 90 (noventa) dias para providenciar a correção do fator de potência e
comunicar à concessionária;

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III - findo o prazo e não adotadas as providências, o fator de potência verificado poderá
ser utilizado nos faturamentos posteriores até que o consumidor comunique a correção
do mesmo; e
IV - a partir do recebimento da comunicação do consumidor, a concessionária terá o
prazo de 15 (quinze) dias para constatar a correção e suspender o faturamento relativo
ao consumo excedente.
Art. 69. A concessionária deverá conceder um período de ajustes, com duração
mínima de 3 (três) ciclos consecutivos e completos de faturamento, objetivando
permitir a adequação das instalações elétricas da unidade consumidora, durante o
qual o faturamento será realizado com base no valor médio do fator de potência,
conforme disposto no art. 66, quando ocorrer:
I - pedido de fornecimento novo passível de inclusão na estrutura tarifária horo-sazonal;
II - inclusão compulsória na estrutura tarifária horo-sazonal, conforme disposto no
inciso III, art. 53; ou
III - solicitação de inclusão na estrutura tarifária horo-sazonal decorrente de opção de
faturamento ou mudança de Grupo tarifário.
§ 1º A concessionária poderá dilatar o período de ajustes mediante solicitação
fundamentada do consumidor.
§ 2º Durante o período de ajustes referido neste artigo, a concessionária informará ao
consumidor os valores dos faturamentos que seriam efetivados e correspondentes ao
consumo de energia elétrica e a demanda de potência reativas excedentes calculados nos
termos do art. 65.

6.2.Cálculo do consumo reativo e demanda reativa excedente (forma simplificada)


De forma simplificada, podemos calcular o consumo reativo e a demanda reativa
excedente, da forma abaixo, respeitando os critérios estabelecidos no item 3.2

Fig.6.1
∆P=Potência reprimida

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S1  S2

P1 P  P
 1
cos 1 cos 2

 cos referência 
P  P1   1 Eq.(6.7)
 cos  
 instalação 

Em termos de energia reativa (ER) excedente, podemos escrever:

 cos referência 
ER  kWh   1 Eq.(6.8)
 cos  
 instalação 

O faturamento da energia reativa (FER) excedente será calculado:

 cos referencia 
FER  kWh   1 TCA Eq.(6.9)
 cos  
 instalação 

onde TCA é a tarifa de consumo ativo


A demanda reativa (DR) excedente será calculada:

 cos referência 
DR   DM  DF  Eq.(6.10)
 cos instalação 
 

onde:
DM:Demanda ativa máxima registrada no ciclo de faturamento
DF:Demanda faturável do ciclo de faturamento

O faturamento da demanda reativa (FDR) excedente será calculado:

 cos referência 
FDR   DM  DF  TDA Eq.(6.11)
 cos instalação 
 

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onde TDA é a tarifa de demanda ativa.
A tabela 7.1 informa o acréscimo percentual no valor de kWh da conta de energia,
motivada pela cobrança do consumo reativo excedente. Para contas do grupo “A” além
deste acréscimo, poderá existir acréscimo referente à demanda reativa excedente.
Tab. 7.1-Acréscimo percentual na conta-item consumo reativo excedente
ACRÉSCIMO % NA CONTA

Fator de
Fator de potência
potência da referência
instalação

0,92
0,40 130,00%
0,41 124,39%
0,42 119,05%
0,43 113,95%
0,44 109,09%
0,45 104,44%
0,46 100,00%
0,47 95,74%
0,48 91,67%
0,49 87,76%
0,50 84,00%
0,51 80,39%
0,52 76,92%
0,53 73,58%
0,54 70,37%
0,55 67,27%
0,56 64,29%
0,57 61,40%
0,58 58,62%
0,59 55,93%
0,60 53,33%
0,61 50,82%
0,62 48,39%
0,63 46,03%
0,64 43,75%
0,65 41,54%
0,66 39,39%
0,67 37,31%
0,68 35,29%
0,69 33,33%
0,70 31,43%
0,71 29,58%
0,72 27,78%
0,73 26,03%
0,74 24,32%
0,75 22,67%
0,76 21,05%
0,77 19,48%
0,78 17,95%
0,79 16,46%
0,80 15,00%
0,81 13,58%
0,82 12,20%
0,83 10,84%
0,84 9,52%
0,85 8,24%
0,86 6,98%
0,87 5,75%
0,88 4,55%
0,89 3,37%
0,90 2,22%
0,91 1,10%
0,92 --
0,93 --
0,94 --
0,95 --
0,96 --
0,97 --
0,98 --
0,99 --
1,00 --

18
7.Cálculos

7.1.Dimensionamento do banco de capacitores

Fig.7.1-Cálculo da potência do banco de capacitores


índices:
1:Parâmetros referentes à instalação
2: Parâmetros referentes à referência

Para correção do baixo fator de potência no período indutivo, utilizamos a


instalação de capacitores.
A potência do banco de capacitores é calculada da seguinte forma:
Qinstalação
tan instalação   Qinstalação  P tan instalação
P
Qreferência
tan referência   Qreferência  P tan referência
P
QB  Qinstalação  Qreferência

QB  P *[tan instalação  tan referência ]

QB  P *[tan(cos 1 instalação )  tan(cos 1 referência )]


Eq.(7.1)

Onde:
QB: Potência do banco de capacitores em kVAr
P:Potência ativa ou demanda calculada, em kW

A tabela 7.2 pode ser consultada para determinação do fator que deve ser multiplicada a
demanda obtida, em kW, para obtenção do banco de capacitores em kVAr

19
Tab.7.2-Fatores de multiplicação

Fator de Fator de potência corrigido para:


potência da
instalação

0,92 0,93 0,94 0,95 0,96 0,97 0,98 0,99 1,00


0,40 1,8653 1,8961 1,9283 1,9626 1,9996 2,0407 2,0882 2,1488 2,2913
0,41 1,7986 1,8294 1,8616 1,8959 1,9329 1,9740 2,0215 2,0821 2,2246
0,42 1,7348 1,7655 1,7978 1,8321 1,8691 1,9101 1,9577 2,0183 2,1608
0,43 1,6736 1,7044 1,7367 1,7709 1,8079 1,8490 1,8965 1,9571 2,0996
0,44 1,6149 1,6457 1,6780 1,7122 1,7492 1,7903 1,8378 1,8984 2,0409
0,45 1,5585 1,5893 1,6216 1,6558 1,6928 1,7339 1,7814 1,8420 1,9845
0,46 1,5043 1,5350 1,5673 1,6016 1,6386 1,6796 1,7272 1,7878 1,9303
0,47 1,4520 1,4828 1,5151 1,5493 1,5863 1,6274 1,6750 1,7355 1,8780
0,48 1,4016 1,4324 1,4647 1,4990 1,5360 1,5770 1,6246 1,6852 1,8276
0,49 1,3530 1,3838 1,4161 1,4503 1,4874 1,5284 1,5760 1,6365 1,7790
0,50 1,3061 1,3368 1,3691 1,4034 1,4404 1,4814 1,5290 1,5896 1,7321
0,51 1,2606 1,2914 1,3237 1,3579 1,3949 1,4360 1,4836 1,5441 1,6866
0,52 1,2166 1,2474 1,2797 1,3139 1,3510 1,3920 1,4396 1,5001 1,6426
0,53 1,1740 1,2048 1,2370 1,2713 1,3083 1,3494 1,3969 1,4575 1,6000
0,54 1,1326 1,1634 1,1957 1,2300 1,2670 1,3080 1,3556 1,4161 1,5586
0,55 1,0925 1,1233 1,1555 1,1898 1,2268 1,2679 1,3154 1,3760 1,5185
0,56 1,0535 1,0842 1,1165 1,1508 1,1878 1,2288 1,2764 1,3370 1,4795
0,57 1,0155 1,0463 1,0785 1,1128 1,1498 1,1909 1,2384 1,2990 1,4415
0,58 0,9785 1,0093 1,0416 1,0758 1,1128 1,1539 1,2015 1,2620 1,4045
0,59 0,9425 0,9733 1,0055 1,0398 1,0768 1,1179 1,1654 1,2260 1,3685
0,60 0,9073 0,9381 0,9704 1,0046 1,0417 1,0827 1,1303 1,1908 1,3333
0,61 0,8730 0,9038 0,9361 0,9703 1,0074 1,0484 1,0960 1,1565 1,2990
0,62 0,8395 0,8703 0,9025 0,9368 0,9738 1,0149 1,0624 1,1230 1,2655
0,63 0,8067 0,8375 0,8697 0,9040 0,9410 0,9821 1,0296 1,0902 1,2327
0,64 0,7746 0,8054 0,8376 0,8719 0,9089 0,9500 0,9975 1,0581 1,2006
0,65 0,7431 0,7739 0,8062 0,8404 0,8775 0,9185 0,9661 1,0266 1,1691
0,66 0,7123 0,7431 0,7753 0,8096 0,8466 0,8877 0,9352 0,9958 1,1383
0,67 0,6820 0,7128 0,7451 0,7793 0,8163 0,8574 0,9049 0,9655 1,1080
0,68 0,6523 0,6830 0,7153 0,7496 0,7866 0,8276 0,8752 0,9358 1,0783
0,69 0,6230 0,6538 0,6860 0,7203 0,7573 0,7984 0,8459 0,9065 1,0490
0,70 0,5942 0,6250 0,6573 0,6915 0,7285 0,7696 0,8171 0,8777 1,0202
0,71 0,5658 0,5966 0,6289 0,6631 0,7002 0,7412 0,7888 0,8493 0,9918
0,72 0,5379 0,5686 0,6009 0,6352 0,6722 0,7132 0,7608 0,8214 0,9639
0,73 0,5102 0,5410 0,5733 0,6075 0,6446 0,6856 0,7332 0,7937 0,9362
0,74 0,4829 0,5137 0,5460 0,5802 0,6173 0,6583 0,7059 0,7664 0,9089
0,75 0,4559 0,4867 0,5190 0,5532 0,5903 0,6313 0,6789 0,7394 0,8819
0,76 0,4292 0,4599 0,4922 0,5265 0,5635 0,6045 0,6521 0,7127 0,8552
0,77 0,4026 0,4334 0,4657 0,4999 0,5370 0,5780 0,6256 0,6861 0,8286
0,78 0,3763 0,4071 0,4393 0,4736 0,5106 0,5517 0,5992 0,6598 0,8023
0,79 0,3501 0,3809 0,4131 0,4474 0,4844 0,5255 0,5730 0,6336 0,7761
0,80 0,3240 0,3548 0,3870 0,4213 0,4583 0,4994 0,5469 0,6075 0,7500
0,81 0,2980 0,3288 0,3610 0,3953 0,4323 0,4734 0,5209 0,5815 0,7240
0,82 0,2720 0,3028 0,3351 0,3693 0,4063 0,4474 0,4949 0,5555 0,6980
0,83 0,2460 0,2768 0,3091 0,3433 0,3803 0,4214 0,4689 0,5295 0,6720
0,84 0,2199 0,2507 0,2830 0,3173 0,3543 0,3953 0,4429 0,5034 0,6459
0,85 0,1937 0,2245 0,2568 0,2911 0,3281 0,3691 0,4167 0,4773 0,6197
0,86 0,1674 0,1981 0,2304 0,2647 0,3017 0,3427 0,3903 0,4509 0,5934
0,87 0,1407 0,1715 0,2038 0,2380 0,2751 0,3161 0,3637 0,4242 0,5667
0,88 0,1137 0,1445 0,1768 0,2111 0,2481 0,2891 0,3367 0,3973 0,5397
0,89 0,0863 0,1171 0,1494 0,1836 0,2206 0,2617 0,3093 0,3698 0,5123
0,90 0,0583 0,0891 0,1214 0,1556 0,1927 0,2337 0,2813 0,3418 0,4843
0,91 0,0296 0,0604 0,0927 0,1269 0,1639 0,2050 0,2526 0,3131 0,4556
0,92 -- 0,0308 0,0630 0,0973 0,1343 0,1754 0,2229 0,2835 0,4260
0,93 -- -- 0,0323 0,0665 0,1036 0,1446 0,1922 0,2527 0,3952
0,94 -- -- -- 0,0343 0,0713 0,1123 0,1599 0,2205 0,3630
0,95 -- -- -- -- 0,0370 0,0781 0,1256 0,1862 0,3287
0,96 -- -- -- -- -- 0,0410 0,0886 0,1492 0,2917
0,97 -- -- -- -- -- -- 0,0476 0,1081 0,2506
0,98 -- -- -- -- -- -- -- 0,0606 0,2031
0,99 -- -- -- -- -- -- -- -- 0,1425
1,00 -- -- -- -- -- -- -- -- --

8.Vantagens da Correção do Fator de Potência

8.1. Liberação da capacidade instalada

20
Quando capacitores estão em operação num sistema elétrico, estes funcionam
como fonte de energia reativa, fornecendo corrente magnetizante para os motores,
transformadores, etc. , reduzindo assim a corrente da fonte geradora. Menor corrente
significa menos potência (kVA) ou carga nos transformadores, alimentadores ou
circuitos de distribuição, isto quer dizer que os capacitores podem ser utilizados para
reduzir a sobrecarga existente ou, caso não haja sobrecarga, permitir a instalação de
cargas adicionais.
Vejamos como cargas adicionais podem ser ligadas a circuitos já em sua plena
carga, uma vez que melhorado o Fator de Potência de cargas existentes. Veremos
também qual a carga em kVA que poderemos adicionar a um sistema, para uma
determinada correção de Fator de Potência. Essa liberação de capacidade é geralmente
conhecida pelo símbolo S L .
A determinação numérica da capacidade liberada do sistema, como
consequência da correção do Fator de Potência, é um processo árduo, já que as cargas
adicionais podem ter fatores diversos e diferentes do Fator de Potência da carga
original. Para maior facilidade de cálculo e com aproximação bastante razoável,
consideremos o Fator de Potência da carga a ser adicionada igual ao Fator de Potência
da carga original.
A figura abaixo mostra o diagrama básico que se aplica a todas as expressões de
S L , onde S L , é a capacidade liberada em kVA ou em percentual da carga total,
conforme o caso. O termo QB é a potência dos capacitores instalados.

Fig.8.1-Capacidade liberada em kVA

onde:
cos φ1: Fator de potência original(instalação)

21
cos φ2:Fator de potência da carga original, já corrigido
cos φ3 :Fator de potência final, das cargas combinadas

Como os kVA totais não devem exceder a carga original OB, o arco BB
estabelecerá os limites. A expressão abaixo nos dá o valor de S L em kVA.

 Q sen Q2 
SL  S  B 1
 1  1  (cos 1 ) 2 B  Eq.(8.1)
 S S 

Muitas vezes se torna mais conveniente, ao invés de usar a expressão acima,


trabalhar-se em termos dos fatores de potência, original e corrigido, sem empregar os
valores de QB. Usaríamos então a expressão:

%S L  100  sen1 ( tan) cos 1  1  1  (cos 1 )4 ( tan)2  Eq.(8.2)


 

Onde  tan  tan 1  tan 2 ou  tan  tan instalação  tan referência

8.2.Melhoria de Tensão
As desvantagens de tensões abaixo da nominal em qualquer sistema elétrico
são bastante conhecidas. Embora os capacitores elevem os níveis de tensão é
raramente econômico instalá-los em estabelecimentos industriais apenas para esse fim.
A melhoria de tensão deve ser considerada como um beneficio adicional dos
capacitores.
A tensão em qualquer ponto do circuito elétrico é igual a da fonte
r geradora menos a queda de tensão até aquele ponto. Assim, se a tensão da fonte
geradora e as diversas quedas de tensão forem conhecidas, a tensão em qualquer ponto
pode ser facilmente determinada. Como a tensão na fonte é conhecida, o problema
consiste apenas na determinação das quedas de tensão.
A fim de simplificar o cálculo das quedas de tensão, e entender como o
capacitor atua para elevar a tensão, observemos a fórmula abaixo:

V  RI cos   XI sin  Eq.(8.3)

22
Onde:
V = Queda de tensão [V]
R = Resistência [Ω]
I = Corrente total [A]
φ=Ângulo de fator de potência
X = Reatância [Ω]
(+) = Para cargas com fator de potência atrasado
(-) =Para cargas com fator de potência adiantado

Os valores de AV, R e X são valores por fase. A queda de tensão entre fases para
um sistema trifásico seria V 3
Exemplos de cálculos da elevação de tensão:
Vamos assumir, por exemplo, que a resistência de um circuito é de 1%, e a
reatância de 5%, e o Fator de Potência da carga igual a 0,70.

A queda da tensão será:


e = 1% . 0,70. I + 5%. 0,71. I = (0,7 + 3,55). I%
e = 4,3 de I ou 4,3% para a carga plena

Assim, para uma queda total de 4,3%, nota-se que a maior parte 3,6% ocorre na
reatância e 0,7% na resistência.

8.2.1.Fórmulas para calcular a elevação de tensão devida aos capacitores

VC  IC X Eq.(8.4)

kVArc .% X B
%VC  Eq.(8.5)
kVAB

Onde:
VC =Elevação de tensão (fase-neutro) [V]

I C = Corrente do capacitor [A]

23
X = Reatãncia[Ω]
kVArc = kVAr dos capacitores

kVAB =Potência base em kVA do equipamento

% X B =Reatância base em %

Observa-se que a elevação tensão não depende da corrente elétrica do sistema


(carga), mais apenas da reatância.

Exemplo:

Calcular a elevação de tensão em % que ocorre devido a instalação de um banco


de 200 kVAr no secundário de um transformador de 500 kVA com impedância de 5%.
O nível de curto do sistema no primário é de 60.000 kVA.

200.5
%VC   2%
500

Neste caso foi desprezada a reatância no sistema (primário do transformador).

8.3. Redução das perdas


A redução das perdas em um sistema elétrico, decorrente da melhoria ou correção
de fator de potência é outro dos benefícios a ser considerado, e que pode resultar em
lucro financeiro anual da ordem de 15% do valor do investimento feito com a instalação
dos capacitores, reduzindo o tempo de retorno de capital.
Em um sistema de distribuição de energia elétrica, as perdas em kW são
calculadas pela expressão:

P  I 2R Eq.(8.6)

Na maioria dos sistemas de distribuição de energia elétrica de estabelecimentos


industriais, as perdas (RI2. t) variam de 2,5 a 7,5% dos kWh da carga, dependendo das
horas de trabalho a plena carga, bitola dos condutores, comprimento dos alimentadores
e circuitos de distribuição.

24
É errado pensar que a corrente dos kW que produz as perdas ativas, já que a
corrente I da fórmula é a corrente total cuja componente reativa ou corrente dos kVAr
produz uma perda cujo o valor percentual aumenta, na medida que o Fator de Potência
da instalação vá piorando ou vá se reduzindo.
Os capacitores instalados para corrigir o cos  , reduzem os reativos, diminuindo
na mesma proporção a corrente dos reativos ( I sin  ). Como as perdas são
proporcionais ao quadrado da corrente elétrica, e esta por sua vez tem a parcela
correspondente à corrente dos reativos variando proporcionalmente com a correção do
cos cp, pode se concluir afirmando que as perdas são inversamente proporcionais ao
quadrado por Fator de Potência e que a variação das perdas P será:
Os valores expressos por P será em variação percentual.

2
P  fp 
 1   instalação  Eq.(8.7)
100  fpreferência
 

Exemplo:
Para uma melhoria no f.p. de 0,80 para 1,00 a variação percentual das perdas
será:

2
P  0,80 
 1   P  36%
100  1, 0 

ou seja, para 25% de melhoria no cos  , tem-se 36% de redução nas perdas.

9. Levantamento de Dados

9.1. Instrumentos e medições para estudos do Fator de Potência


Para a execução de um estudo para melhoria do Fator de Potência são
necessários vários dados e informações, que quase sempre levam à levantamentos e
medições de campo.
As principais grandezas a serem obtidas são demandas, consumo, fator de
potência e tensões.
Assim, para se obter um levantamento do comportamento do consumo são

25
necessários instrumentos do tipo registradores ou gráficos.
São também necessárias fazer medições de corrente, tensão e de potência nos
diversos pontos do circuito secundário utilizando-se medidores de kW/kWh, kVArh,
cronômetros e medidores gráficos.
Assim, devem ser feitas medições de tensão nos secundários dos
transformadores para ser determinar os níveis de tensão em toda rede tanto nos períodos
de carga leves ou nos períodos de operação a plena carga ou carga máxima com e sem
capacitores estáticos.
Instrumentos indicadores tipo alicate são particularmente interessantes para se
fazer algumas verificações localizadas, como no caso dos alimentadores, podendo ainda
ser executada em intervalos regulares. Desta maneira eles podem substituir os
registradores barateando os custos e dando maio? Dinâmica ao levantamento.
Há vários tipos de medidores e instrumentos disponíveis no mercado, sendo que
os medidores do tipo portátil são geralmente os preferidos pela sua maior versatilidade e
conveniência. Eles se utilizam de transformadores de corrente tipo "alicate" para
conectar os medidores/registradores na rede elétrica de baixa tensão.
Existem também programas de análise que geram gráficos e relatórios a partir de
dados registrados pelos instrumentos medidores ou registradores.

9.2. Levantamento de dados


Para se realizar um estudo criterioso de correção de Fator de Potência é
necessário executar um levantamento completo contendo o maior número possível de
informações conforme se segue:
Dados sobre o consumo, obtidos das dozes últimas faturas (contas) de energia
elétrica, compreendendo o seguinte:
 Demandas de potência ativa registradas
 Demandas de potência ativa faturadas
 Fatores de Potência
 Fator de Carga
 Consumos de energia ativa e reativa
 Ajuste (multa) do Fator de Potência
 Valor das faturas

9.2.1.Dados da instalação:

26
 Diagramas unifilares
 Tensões de operação em diversos pontos
 Dados operacionais e do processo
 Horários de funcionamento
 Previsões de expansões
 Medições e Registros diversos

9.2.2.Dados sobre os equipamentos:


Devem ser obtidos dados, características nominais, (potência, tipo, rotação, etc.),
e valores medidos nas diversas condições de operação.
Deverão ser obtidas informações sofre o funcionamento como simultaneidade de
operação, horários de operação, tempo de operação em vazio, etc.

10. Tipos de correção do fator de potência


O primeiro problema a ser resolvido é como distribuir a quantidade de energia
reativa obtida com a instalação de capacitores no sistema, de modo: a reduzir custos,
evitar problemas técnicos e atender a legislação.
O que interessa para a concessionária é a correção do Fator de Potência no
barramento de entrada do consumidor, ou seja, deve-se garantir neste barramento um
Fator de Potência de 0,92. Com base nas curvas de demanda ativa e reativa horária do
sistema determina-se facilmente a quantidade total de energia reativa necessária para se
fazer a correção do Fator de Potência.
Onde: FP = kW/kVA
A distribuição desta quantidade de energia reativa pode ser feita através de
correção individual, por grupo de cargas, geral, automática ou ainda correção mista.

10.1. Correção individual


É efetuada instalando os capacitores junto ao equipamento cujo o fator de
potência se pretende melhorar. Representa do ponto de vista técnico, a melhor solução,
apresentando as seguintes vantagens:
 Reduz as perdas energéticas em toda a instalação;
 Diminui a carga nos circuitos de alimentação dos equipamentos compensados;
 Melhora os níveis de tensão de toda a instalação;
 Pode-se utilizar um sistema único de acionamento para a carga e o capacitor,

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economizando-se em equipamentos de manobra;
 Gera reativos somente onde é necessário.

Existem, contudo, algumas desvantagens dessa forma de compensação com


relação às demais:

 Muitos capacitores de pequena potência têm custo maior que capacitores


concentrados de potência maior;
 Pouca utilização dos capacitores, no caso do equipamento compensado não ser
de uso constante;
 Para motores, deve-se compensar no máximo 90% da energia reativa
necessária.

Fig 10.1-Correção individual

10.2. Correção por grupos de cargas


O banco de capacitores é instalado de forma a compensar um setor ou um
conjunto de máquinas. É colocado junto ao quadro de distribuição que alimenta esses
equipamentos.
A potência necessária será menor que no caso da compensação individual, o que
torna a instalação mais econômica. Tem como desvantagem o fato de não haver
diminuição de corrente nos aumentadores de cada equipamento compensado.

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Fig.10.2-Correção por grupo de cargas

10.3. Correção geral


O banco de capacitores é instalado na saída do transformador ou do quadro de
distribuição geral, se a instalação for alimentada em baixa tensão.
Utiliza-se em instalações elétricas com número elevado de cargas com
potências diferentes e regimes de utilização pouco uniformes. Apresenta as seguintes
vantagens principais:

 Os capacitores instalados são mais utilizados;


 Fácil supervisão;
 Possibilidade de controle automático;
 Melhoria geral do nível de tensão;
 Instalações adicionais suplementares relativamente simples.

A principal desvantagem consiste em não haver aumento sensível dos


alimentadores de cada equipamento.

Fig.10.3-Correção geral

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10.4. Correção na entrada da energia em alta tensão (AT)
Não é muito freqüente a compensação no lado da alta tensão. Tal localização
não alivia nem mesmo os transformadores e exige dispositivos de comando e proteção
dos capacitores com isolação para a tensão primária.
Embora o preço por kVAr dos capacitores seja menor para tensões mais
elevadas, este tipo de compensação, em geral, só é encontrada nas unidades
consumidoras que recebem grandes quantidades de energia elétrica e dispõem de
subestações transformadoras. Neste caso, a diversidade da demanda entre as subestações
pode resultar em economia na quantidade de capacitores a instalar.

Fig.10.4-Correção na entrada da energia (AT)

10.5. Correção com regulação automática


Nas formas de correção geral e por grupos de equipamentos cargas, é usual
utilizar-se uma solução em que os capacitores são agrupados em estágios controláveis
individualmente. Um relé varimétrico, sensível às variações de energia reativa, comanda
automaticamente a operação dos capacitores necessários à obtenção do Fator de
Potência desejado.

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Fig.10.5-Correção com regulação automática

11. Manobra e Proteção de Capacitores


A interrupção de um circuito capacitivo é segura e simples. Por outro lado, a
operação de fechamento merece maior atenção por parte do projetista
O comportamento dos capacitores é o contrário do comportamento de cargas
indutivas. No instante da energização, o capacitor se apresenta como um curto-circuito
para rede, exigindo desta forma uma corrente elevada que é limitada apenas pela própria
rede. Por outro lado, desligar-se um capacitor é nitidamente mais fácil que desligar-se
um motor de mesma potência, uma vez que o capacitor (ao contrário do motor) não
procura conservar a sua corrente.
Assim sendo, o desligamento de um capacitor não apresenta normalmente a
formação de arco elétrico.
Assim, de acordo com a ABNT, os dispositivos de manobra devem ser
projetados para suportar permanentemente uma sobrecarga de até 30%, isto é, a corrente
máxima do capacitor pode chegar a 1,3 vezes a nominal (sob tensão e frequência
nominais).
A tolerância de fabricação de uma unidade capacitiva é normalmente de 5% a +
10% da capacitância nominal.
Face às considerações acima, a corrente de projeto que constitui o ponto de
partida para dimensionamento dos equipamentos de manobra será:

I eq.man  1,3.1,1.I N  1, 45I N Eq.(11.1)

Onde:
1,3 = Fator de sobrecarga

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1,1 = Tolerância de 10%

No caso de chaves seccionadoras para a operação em carga e contatores


blindados, recomenda-se que este percentual seja de 165%.
A proteção de capacitores de baixa tensão basicamente é feita por fusíveis do tipo
NH ou DIAZED de característica retardada. Preferencialmente deve-se utilizar fusíveis
individuais para dar proteção aos capacitores. Caso a proteção tenha que ser em grupo o
fabricante do capacitor deve ser consultado para recomendar o número máximo de
capacitores que podem ser colocados em paralelo.
Os fusíveis devem ser dimensionados para:

I f  1,65.I nc Eq.(11.2)

12. Harmônicos
Quando no sistema elétrico existirem cargas não lineares, ou seja, cargas que
quando ligadas ao sistema, provocam distorções nas formas de onda de tensão e/ou
corrente, devemos nos preocupar com a presença de harmônicas. Tais cargas
apresentam um comportamento não linear entre tensão e corrente (ondas não senoidais -
distorcidas), sendo, portanto também denominadas de cargas não lineares.

As cargas típicas geradoras de harmônicas são:


 Sistemas de conversão estática tais como retificadores, inversores, conversores
de frequência e etc;
 Compensadores estáticos de reativos, tais como reatores controlados a tiristor e
reatores a núcleo saturado;
 Fornos a arco e de indução;
 Máquinas de solda;
 Saturação de núcleos magnéticos.
Harmônicos são definidos como os componentes senoidais de uma onda
periódica, que possuem freqüências múltiplas da freqüência fundamental (60 Hz).
Qualquer onda periódica, ou seja, qualquer onda que se repita a intervalos regulares de
tempo pode ser decomposta em um somatório de ondas senoidais por meio da análise de
Fourier.

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