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Novembro/2005
1.Introdução
Este curso tem como objetivo o aprendizado das normas e métodos de cálculo
inerentes ao fator de potência e sua respectiva correção, quando necessária.
2.Definições
Para os fins e efeitos serão adotadas as seguintes definições mais usuais:
Energia elétrica ativa: Energia elétrica que pode ser convertida em outra forma de
energia, expressa em quilowatts-hora (kWh).
Energia elétrica reativa: Energia elétrica que circula continuamente entre os diversos
campos elétricos e magnéticos de um sistema de corrente alternada, sem produzir
trabalho, expressa em quilovolt-ampère-reativo-hora (kvarh).Esta energia é usada para
criar e manter os campos eletromagnéticos.
1
Estrutura tarifária convencional: Estrutura caracterizada pela aplicação de tarifas de
consumo de energia elétrica e/ou demanda de potência independentemente das horas de
utilização do dia e dos períodos do ano.
Demandamédia
FC Eq.(2.1)
Demandamáxima
2
Grupo “A”: Grupamento composto de unidades consumidoras com fornecimento em
tensão igual ou superior a 2,3 kV, ou, ainda, atendidas em tensão inferior a 2,3 kV a
partir de sistema subterrâneo de distribuição e faturadas neste Grupo e caracterizado
pela estruturação tarifária binômia e subdividido nos seguintes subgrupos:
a) Subgrupo A1 - tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV;
b) Subgrupo A2 - tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV;
c) Subgrupo A3 - tensão de fornecimento de 69 kV;
d) Subgrupo A3a - tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV;
e) Subgrupo A4 - tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV;
f) Subgrupo AS - tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, atendidas a partir de sistema
subterrâneo de distribuição e faturadas neste Grupo em caráter opcional.
3
Tensão secundária de distribuição: Tensão disponibilizada no sistema elétrico da
concessionária com valores padronizados inferiores a 2,3 kV.
Fase: Parte do circuito que permaneceria íntegra caso o circuito polifásico fosse
dividido nos circuitos monofásicos componentes.
Figura 2.1
E00 E1200
E j 0 E cos(1200 ) jEsen(1200 )
Vab ( E 0,5E ) j ( E 3 )
2
Vab E (1,5 j 3 )
2
Vab 3 E300 Eq.(2.2)
4
Obs: A tensão de linha está 30º adiantada em relação a tensão de fase e seu módulo é
3 vezes a tensão de fase.
Q Ssen Eq.(2.4)
S P2 Q2 Eq.(2.5)
ou
Q Q
P Eq.(2.6)
tan tan(cos1 )
5
P3 Van I a Vbn Ib Vcn I c Eq.(2.8)
V
P3 3 I Eq.(2.10)
3
e racionalizando, temos:
Fator de potência (f.p): Razão entre a energia elétrica ativa e a raiz quadrada da soma
dos quadrados das energias elétricas ativa e reativa, consumidas num mesmo período
especificado.É o fator que indica, o quanto de potência aparente está sendo
transformada em potência ativa.Esse fator é dado pelo cosseno do ângulo entre a
potência aparente(S) e a potência ativa(P).
Da fórmula P Sco s , temos:
P
cos Eq.(2.12)
S
ou
Q
tan Eq.(2.13)
P
6
3.1.Princípios que nortearam a elaboração da portaria sobre f.p :
Necessidade de liberação da capacidade do setor elétrico;
A legislação sobre f.p NÃO visa aumento de receita;
Promover o uso racional de energia elétrica;
O reativo indutivo sobrecarrega o sistema elétrico, principalmente nos períodos
do dia;
O reativo capacitivo é prejudicial nos períodos de carga leve;
Criar condições para que os custos de expansão do Sistema Elétrico sejam
distribuídos para a sociedade de forma mais justa.
7
Na falta deste valor, pode se obter através da tabela 3.1. Para se eliminar ou
reduzir este efeito, deve-se verificar na prática, a possibilidade de se desenergizar os
transformadores, ou a utilização de um transformador especifico (de menos potência)
para a alimentação das cargas nos períodos de baixo consumo.
O desligamento de transformadores só é possível quando existem
transformadores operando em paralelo, ou em vazio.
8
juntamente com aparelhos de ar condicionado e com grande quantidade de motores
elétricos de pequena potência (geralmente super-dimensionados) podem ser a causa
principal dos baixos valores de fator de potência encontrados nas medições.
fpantigo 2
REDUÇÃO DAS PERDAS (%) = 1 2
*100 Eq.(4.1)
fp
novo
9
4.3. Subutilização da capacidade instalada
A energia reativa, ao sobrecarregar uma instalação elétrica, inviabiliza sua plena
utilização, condicionando a instalação de novas cargas a investimentos que seriam
evitáveis se o fator de potência apresentasse valores mais altos. O "espaço" ocupado
pela energia reativa (Fig. 6.1) poderia ser então utilizado para o atendimento a novas
cargas.
Os investimentos em ampliação das instalações estão relacionados
principalmente aos transformadores e condutores necessários. O transformador a ser
instalado deve atender à potência ativa total dos equipamentos utilizados, mas, devido à
presença de potência reativa, a sua capacidade deve ser calculada com base na potência
aparente das instalações.
Também o custo dos sistemas de comando, proteção e controle dos
equipamentos crescem com o aumento da energia reativa. Da mesma forma, para
transportar a mesma potência ativa sem aumento de perdas, a seção dos condutores deve
aumentar à medida que o fator de potência diminui. A tabela 4.1 a seguir ilustra a
variação da seção necessária de um condutor em função do fator de potência.
A correção do fator de potência por si só já libera capacidade para instalação de
novos equipamentos, sem a necessidade de investimentos em transformador ou
substituição de condutores para esse fim especifico.
10
Uma forma econômica e racional de se obter a energia reativa necessária para a
operação adequada dos equipamentos é a instalação de capacitores próximos desses
equipamentos.
Com os capacitores funcionando como fontes de energia reativa, a circulação
dessa energia fica limitada aos pontos onde ela é efetivamente necessária, reduzindo
perdas, melhorando as condições operacionais e liberando capacidade em
transformadores e condutores para o atendimento de novas cargas nas instalações
consumidoras e no sistema elétrico da concessionária.
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6.Resolução vigente
n
fr
FER( p ) CAt 1 TCA( p ) Eq.(6.1)
t 1 ft
n
fr
FDR( p ) MAX DAt . DF( p ) TDA( p )
Eq.(6.2)
ft
t 1
onde:
FER(p) = valor do faturamento, por posto horário “p”, correspondente ao consumo de
energia reativa excedente à quantidade permitida pelo fator de potência de referência
“fr”, no período de faturamento;
CAt = consumo de energia ativa medida em cada intervalo de 1 (uma) hora “t”,
durante o período de faturamento;
fr = fator de potência de referência igual a 0,92;
ft = fator de potência da unidade consumidora, calculado em cada intervalo “t” de 1
(uma) hora, durante o período de faturamento, observadas as definições dispostas nas
alíneas “a” e “b”, § 1º, deste artigo;
TCA(p) = tarifa de energia ativa, aplicável ao fornecimento em cada posto horário “p”;
FDR(p) = valor do faturamento, por posto horário “p”, correspondente à demanda de
potência reativa excedente à quantidade permitida pelo fator de potência de referência
“fr” no período de faturamento;
DAt = demanda medida no intervalo de integralização de 1 (uma) hora “t”, durante o
período de faturamento;
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DF(p) = demanda faturável em cada posto horário “p” no período de faturamento;
TDA(p) = tarifa de demanda de potência ativa aplicável ao fornecimento em cada posto
horário “p”;
MAX = função que identifica o valor máximo da fórmula, dentro dos parênteses
correspondentes, em cada posto horário “p”;
t = indica intervalo de 1 (uma) hora, no período de faturamento;
p = indica posto horário, ponta ou fora de ponta, para as tarifas horo-sazonais ou
período de faturamento para a tarifa convencional; e n = número de intervalos de
integralização “t”, por posto horário “p”, no período de faturamento.
§ 1º Nas fórmulas FER(p) e FDR(p) serão considerados:
a) durante o período de 6 horas consecutivas, compreendido, a critério da
concessionária, entre 23 h e 30 min e 06h e 30 min, apenas os fatores de potência
“ft” inferiores a 0,92 capacitivo, verificados em cada intervalo de 1 (uma) hora “t”;
b) durante o período diário complementar ao definido na alínea anterior, apenas os
fatores de potência “ft” inferiores a 0,92 indutivo, verificados em cada intervalo de
1 (uma) hora “t”.
§ 2º O período de 6 (seis) horas definido na alínea “a” do parágrafo anterior deverá ser
informado pela concessionária aos respectivos consumidores com antecedência mínima
de 1 (um) ciclo completo de faturamento.
§ 3º Havendo montantes de energia elétrica estabelecidos em contrato, o faturamento
correspondente ao consumo de energia reativa, verificada por medição apropriada, que
exceder às quantidades permitidas pelo fator de potência de referência “fr”, será
calculado de acordo com a seguinte fórmula:
n CA . fr
FER( p ) t CF( p ) TCA( p ) Eq.(6.3)
t 1 ft
onde:
FER(p) = valor do faturamento, por posto horário “p”, correspondente ao consumo de
energia reativa excedente à quantidade permitida pelo fator de potência de referência
“fr”, no período de faturamento;
CAt = consumo de energia ativa medida em cada intervalo de 1 (uma) hora “t”, durante
o período de faturamento;
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fr = fator de potência de referência igual a 0,92;
ft = fator de potência da unidade consumidora, calculado em cada intervalo “t” de 1
(uma) hora, durante o período de faturamento, observadas as definições dispostas nas
alíneas “a” e “b”, § 1º, deste artigo;
CF(p) = consumo de energia elétrica ativa faturável em cada posto horário “p” no
período de faturamento; e
TCA(p) = tarifa de energia ativa, aplicável ao fornecimento em cada posto horário “p”.
Art. 66. Para unidade consumidora faturada na estrutura tarifária convencional,
enquanto não forem instalados equipamentos de medição que permitam a
aplicação das fórmulas fixadas no art. 65, a concessionária poderá realizar o
faturamento de energia e demanda de potência reativas excedentes utilizando as
seguintes fórmulas:
fr
FER CA 1 TCA Eq.(6.4)
fm
fr
FDR DM DF TDA Eq.(6.5)
fm
onde:
FER = valor do faturamento total correspondente ao consumo de energia reativa
excedente à quantidade permitida pelo fator de potência de referência, no período de
faturamento;
CA = consumo de energia ativa medida durante o período de faturamento;
fr = fator de potência de referência igual a 0,92;
fm = fator de potência indutivo médio das instalações elétricas da unidade consumidora,
calculado para o período de faturamento;
TCA = tarifa de energia ativa, aplicável ao fornecimento;
FDR = valor do faturamento total correspondente à demanda de potência reativa
excedente à quantidade permitida pelo fator de potência de referência, no período de
faturamento;
DM = demanda medida durante o período de faturamento;
DF = demanda faturável no período de faturamento; e
TDA = tarifa de demanda de potência ativa aplicável ao fornecimento.
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Parágrafo único. Havendo montantes de energia elétrica estabelecidos em contrato, o
faturamento correspondente ao consumo de energia reativa, verificada por medição
apropriada, que exceder às quantidades permitidas pelo fator de potência de referência
“fr”, será calculado de acordo com a seguinte fórmula:
fr
FER CA CF TCA Eq.(6.6)
fm
onde,
FER = valor do faturamento total correspondente ao consumo de energia reativa
excedente à quantidade permitida pelo fator de potência de referência, no período de
faturamento;
CA = consumo de energia ativa medida durante o período de faturamento;
fr = fator de potência de referência igual a 0,92;
fm = fator de potência indutivo médio das instalações elétricas da unidade consumidora,
calculado para o período de faturamento;
CF = consumo de energia elétrica ativa faturável no período de faturamento; e
TCA = tarifa de energia ativa, aplicável ao fornecimento.
Art. 67. Para fins de faturamento de energia e demanda de potência reativas excedentes
serão considerados somente os valores ou parcelas positivas das mesmas.
Parágrafo único. Nos faturamentos relativos a demanda de potência reativa excedente
não serão aplicadas as tarifas de ultrapassagem.
Art. 68. Para unidade consumidora do Grupo “B”, cujo fator de potência tenha sido
verificado por meio de medição transitória nos termos do inciso II, art. 34, o
faturamento correspondente ao consumo de energia elétrica reativa indutiva excedente
só poderá ser realizado de acordo com os seguintes procedimentos:
I - a concessionária deverá informar ao consumidor, via correspondência específica, o
valor do fator de potência encontrado, o prazo para a respectiva correção, a
possibilidade de faturamento relativo ao consumo excedente, bem como outras
orientações julgadas convenientes;
II - a partir do recebimento da correspondência, o consumidor disporá do prazo mínimo
de 90 (noventa) dias para providenciar a correção do fator de potência e
comunicar à concessionária;
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III - findo o prazo e não adotadas as providências, o fator de potência verificado poderá
ser utilizado nos faturamentos posteriores até que o consumidor comunique a correção
do mesmo; e
IV - a partir do recebimento da comunicação do consumidor, a concessionária terá o
prazo de 15 (quinze) dias para constatar a correção e suspender o faturamento relativo
ao consumo excedente.
Art. 69. A concessionária deverá conceder um período de ajustes, com duração
mínima de 3 (três) ciclos consecutivos e completos de faturamento, objetivando
permitir a adequação das instalações elétricas da unidade consumidora, durante o
qual o faturamento será realizado com base no valor médio do fator de potência,
conforme disposto no art. 66, quando ocorrer:
I - pedido de fornecimento novo passível de inclusão na estrutura tarifária horo-sazonal;
II - inclusão compulsória na estrutura tarifária horo-sazonal, conforme disposto no
inciso III, art. 53; ou
III - solicitação de inclusão na estrutura tarifária horo-sazonal decorrente de opção de
faturamento ou mudança de Grupo tarifário.
§ 1º A concessionária poderá dilatar o período de ajustes mediante solicitação
fundamentada do consumidor.
§ 2º Durante o período de ajustes referido neste artigo, a concessionária informará ao
consumidor os valores dos faturamentos que seriam efetivados e correspondentes ao
consumo de energia elétrica e a demanda de potência reativas excedentes calculados nos
termos do art. 65.
Fig.6.1
∆P=Potência reprimida
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S1 S2
P1 P P
1
cos 1 cos 2
cos referência
P P1 1 Eq.(6.7)
cos
instalação
cos referência
ER kWh 1 Eq.(6.8)
cos
instalação
cos referencia
FER kWh 1 TCA Eq.(6.9)
cos
instalação
cos referência
DR DM DF Eq.(6.10)
cos instalação
onde:
DM:Demanda ativa máxima registrada no ciclo de faturamento
DF:Demanda faturável do ciclo de faturamento
cos referência
FDR DM DF TDA Eq.(6.11)
cos instalação
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onde TDA é a tarifa de demanda ativa.
A tabela 7.1 informa o acréscimo percentual no valor de kWh da conta de energia,
motivada pela cobrança do consumo reativo excedente. Para contas do grupo “A” além
deste acréscimo, poderá existir acréscimo referente à demanda reativa excedente.
Tab. 7.1-Acréscimo percentual na conta-item consumo reativo excedente
ACRÉSCIMO % NA CONTA
Fator de
Fator de potência
potência da referência
instalação
0,92
0,40 130,00%
0,41 124,39%
0,42 119,05%
0,43 113,95%
0,44 109,09%
0,45 104,44%
0,46 100,00%
0,47 95,74%
0,48 91,67%
0,49 87,76%
0,50 84,00%
0,51 80,39%
0,52 76,92%
0,53 73,58%
0,54 70,37%
0,55 67,27%
0,56 64,29%
0,57 61,40%
0,58 58,62%
0,59 55,93%
0,60 53,33%
0,61 50,82%
0,62 48,39%
0,63 46,03%
0,64 43,75%
0,65 41,54%
0,66 39,39%
0,67 37,31%
0,68 35,29%
0,69 33,33%
0,70 31,43%
0,71 29,58%
0,72 27,78%
0,73 26,03%
0,74 24,32%
0,75 22,67%
0,76 21,05%
0,77 19,48%
0,78 17,95%
0,79 16,46%
0,80 15,00%
0,81 13,58%
0,82 12,20%
0,83 10,84%
0,84 9,52%
0,85 8,24%
0,86 6,98%
0,87 5,75%
0,88 4,55%
0,89 3,37%
0,90 2,22%
0,91 1,10%
0,92 --
0,93 --
0,94 --
0,95 --
0,96 --
0,97 --
0,98 --
0,99 --
1,00 --
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7.Cálculos
Onde:
QB: Potência do banco de capacitores em kVAr
P:Potência ativa ou demanda calculada, em kW
A tabela 7.2 pode ser consultada para determinação do fator que deve ser multiplicada a
demanda obtida, em kW, para obtenção do banco de capacitores em kVAr
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Tab.7.2-Fatores de multiplicação
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Quando capacitores estão em operação num sistema elétrico, estes funcionam
como fonte de energia reativa, fornecendo corrente magnetizante para os motores,
transformadores, etc. , reduzindo assim a corrente da fonte geradora. Menor corrente
significa menos potência (kVA) ou carga nos transformadores, alimentadores ou
circuitos de distribuição, isto quer dizer que os capacitores podem ser utilizados para
reduzir a sobrecarga existente ou, caso não haja sobrecarga, permitir a instalação de
cargas adicionais.
Vejamos como cargas adicionais podem ser ligadas a circuitos já em sua plena
carga, uma vez que melhorado o Fator de Potência de cargas existentes. Veremos
também qual a carga em kVA que poderemos adicionar a um sistema, para uma
determinada correção de Fator de Potência. Essa liberação de capacidade é geralmente
conhecida pelo símbolo S L .
A determinação numérica da capacidade liberada do sistema, como
consequência da correção do Fator de Potência, é um processo árduo, já que as cargas
adicionais podem ter fatores diversos e diferentes do Fator de Potência da carga
original. Para maior facilidade de cálculo e com aproximação bastante razoável,
consideremos o Fator de Potência da carga a ser adicionada igual ao Fator de Potência
da carga original.
A figura abaixo mostra o diagrama básico que se aplica a todas as expressões de
S L , onde S L , é a capacidade liberada em kVA ou em percentual da carga total,
conforme o caso. O termo QB é a potência dos capacitores instalados.
onde:
cos φ1: Fator de potência original(instalação)
21
cos φ2:Fator de potência da carga original, já corrigido
cos φ3 :Fator de potência final, das cargas combinadas
Como os kVA totais não devem exceder a carga original OB, o arco BB
estabelecerá os limites. A expressão abaixo nos dá o valor de S L em kVA.
Q sen Q2
SL S B 1
1 1 (cos 1 ) 2 B Eq.(8.1)
S S
8.2.Melhoria de Tensão
As desvantagens de tensões abaixo da nominal em qualquer sistema elétrico
são bastante conhecidas. Embora os capacitores elevem os níveis de tensão é
raramente econômico instalá-los em estabelecimentos industriais apenas para esse fim.
A melhoria de tensão deve ser considerada como um beneficio adicional dos
capacitores.
A tensão em qualquer ponto do circuito elétrico é igual a da fonte
r geradora menos a queda de tensão até aquele ponto. Assim, se a tensão da fonte
geradora e as diversas quedas de tensão forem conhecidas, a tensão em qualquer ponto
pode ser facilmente determinada. Como a tensão na fonte é conhecida, o problema
consiste apenas na determinação das quedas de tensão.
A fim de simplificar o cálculo das quedas de tensão, e entender como o
capacitor atua para elevar a tensão, observemos a fórmula abaixo:
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Onde:
V = Queda de tensão [V]
R = Resistência [Ω]
I = Corrente total [A]
φ=Ângulo de fator de potência
X = Reatância [Ω]
(+) = Para cargas com fator de potência atrasado
(-) =Para cargas com fator de potência adiantado
Os valores de AV, R e X são valores por fase. A queda de tensão entre fases para
um sistema trifásico seria V 3
Exemplos de cálculos da elevação de tensão:
Vamos assumir, por exemplo, que a resistência de um circuito é de 1%, e a
reatância de 5%, e o Fator de Potência da carga igual a 0,70.
Assim, para uma queda total de 4,3%, nota-se que a maior parte 3,6% ocorre na
reatância e 0,7% na resistência.
VC IC X Eq.(8.4)
kVArc .% X B
%VC Eq.(8.5)
kVAB
Onde:
VC =Elevação de tensão (fase-neutro) [V]
23
X = Reatãncia[Ω]
kVArc = kVAr dos capacitores
% X B =Reatância base em %
Exemplo:
200.5
%VC 2%
500
P I 2R Eq.(8.6)
24
É errado pensar que a corrente dos kW que produz as perdas ativas, já que a
corrente I da fórmula é a corrente total cuja componente reativa ou corrente dos kVAr
produz uma perda cujo o valor percentual aumenta, na medida que o Fator de Potência
da instalação vá piorando ou vá se reduzindo.
Os capacitores instalados para corrigir o cos , reduzem os reativos, diminuindo
na mesma proporção a corrente dos reativos ( I sin ). Como as perdas são
proporcionais ao quadrado da corrente elétrica, e esta por sua vez tem a parcela
correspondente à corrente dos reativos variando proporcionalmente com a correção do
cos cp, pode se concluir afirmando que as perdas são inversamente proporcionais ao
quadrado por Fator de Potência e que a variação das perdas P será:
Os valores expressos por P será em variação percentual.
2
P fp
1 instalação Eq.(8.7)
100 fpreferência
Exemplo:
Para uma melhoria no f.p. de 0,80 para 1,00 a variação percentual das perdas
será:
2
P 0,80
1 P 36%
100 1, 0
ou seja, para 25% de melhoria no cos , tem-se 36% de redução nas perdas.
9. Levantamento de Dados
25
necessários instrumentos do tipo registradores ou gráficos.
São também necessárias fazer medições de corrente, tensão e de potência nos
diversos pontos do circuito secundário utilizando-se medidores de kW/kWh, kVArh,
cronômetros e medidores gráficos.
Assim, devem ser feitas medições de tensão nos secundários dos
transformadores para ser determinar os níveis de tensão em toda rede tanto nos períodos
de carga leves ou nos períodos de operação a plena carga ou carga máxima com e sem
capacitores estáticos.
Instrumentos indicadores tipo alicate são particularmente interessantes para se
fazer algumas verificações localizadas, como no caso dos alimentadores, podendo ainda
ser executada em intervalos regulares. Desta maneira eles podem substituir os
registradores barateando os custos e dando maio? Dinâmica ao levantamento.
Há vários tipos de medidores e instrumentos disponíveis no mercado, sendo que
os medidores do tipo portátil são geralmente os preferidos pela sua maior versatilidade e
conveniência. Eles se utilizam de transformadores de corrente tipo "alicate" para
conectar os medidores/registradores na rede elétrica de baixa tensão.
Existem também programas de análise que geram gráficos e relatórios a partir de
dados registrados pelos instrumentos medidores ou registradores.
9.2.1.Dados da instalação:
26
Diagramas unifilares
Tensões de operação em diversos pontos
Dados operacionais e do processo
Horários de funcionamento
Previsões de expansões
Medições e Registros diversos
27
economizando-se em equipamentos de manobra;
Gera reativos somente onde é necessário.
28
Fig.10.2-Correção por grupo de cargas
Fig.10.3-Correção geral
29
10.4. Correção na entrada da energia em alta tensão (AT)
Não é muito freqüente a compensação no lado da alta tensão. Tal localização
não alivia nem mesmo os transformadores e exige dispositivos de comando e proteção
dos capacitores com isolação para a tensão primária.
Embora o preço por kVAr dos capacitores seja menor para tensões mais
elevadas, este tipo de compensação, em geral, só é encontrada nas unidades
consumidoras que recebem grandes quantidades de energia elétrica e dispõem de
subestações transformadoras. Neste caso, a diversidade da demanda entre as subestações
pode resultar em economia na quantidade de capacitores a instalar.
30
Fig.10.5-Correção com regulação automática
Onde:
1,3 = Fator de sobrecarga
31
1,1 = Tolerância de 10%
I f 1,65.I nc Eq.(11.2)
12. Harmônicos
Quando no sistema elétrico existirem cargas não lineares, ou seja, cargas que
quando ligadas ao sistema, provocam distorções nas formas de onda de tensão e/ou
corrente, devemos nos preocupar com a presença de harmônicas. Tais cargas
apresentam um comportamento não linear entre tensão e corrente (ondas não senoidais -
distorcidas), sendo, portanto também denominadas de cargas não lineares.
32