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INFLUÊNCIA DA DISTORÇÃO HARMÔNICA NA CORREÇÃO DO FATOR DE

POTÊNCIA

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja
parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e
corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de
investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de violação aos direitos
autorais.

RESUMO – Considerando os atuais avanços frente a distribuição de energia elétrica, assim como o
avanço na eletrônica de potência e cargas não lineares, torna-se necessárias pesquisas a fim de
diagnosticar de que modo essas mudanças podem estar afetando os equipamentos instalados nas
redes de distribuição de energia. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho é apresentar de
maneira teórica a influencia da distorção harmonica tem sobre a uso eficiente da energia elétrica e na
correção do fator de potência. Uma breve conceituação sobre custo é apresentada para inicialmente
mostrar um dos impactos do uso de energia elétrica e o valor do produto final, neste aspecto a
energia elétrica pode ser tratada como insumo de produção. Ao longo do trabalho serão vistos
conceitos de energias ativa, reativa e distorção harmônica e sua relação com a compensação de fator
de potencia, com suas tratativas.

PALAVRAS-CHAVE: Fator de Potência. Energia Elétrica. Compensação de Energia.

1. INTRODUÇÃO

O sistema de energia elétrica vem passando por diversos processos de


mudanças, os quais influenciam diretamente na qualidade da energia elétrica
disponibilizada aos consumidores, compreendendo ao fornecimento de energia sem
ininterrupções, com frequência estável, com formas de ondas senoidais compatíveis
com as instalações elétricas e sistemas elétricos de distribuição. Com essas
modificações, os processos industriais e o aumento da utilização da eletrônica de
potência (conversores estáticos de energia elétrica) têm promovido alguns distúrbios
nas redes de energia, denominadas como distorções harmônicas.
As distorções harmônicas afetam o desempenho de inúmeros dispositivos
presentes no sistema de distribuição, como transformadores, bancos de capacitores,
dispositivos de proteção e manobra, e inclusive os sistemas de medição de energia
elétrica. Torna-se importante, então, a realização de trabalhos com o intuito de se
verificar os erros de registro destes medidores, evitando que consumidores e
concessionárias tenham prejuízos financeiros. Ao se analisar o fator de potência
para correções se faz necessário o conhecimento da instalação e os equipamentos
que a compõem, pois alguns equipamentos causam distúrbios que podem
influenciar no funcionamento adequado do banco de capacitores a ser aplicado. A
análise do comportamento da rede permite a detecção de componentes além da
frequência fundamental que podem causar danos ao capacitores e demais
equipamentos instalados, o que torna necessário um estudo mais detalhado acerca
do comportamento em função da presença de harmônicas visando a construção de
sistemas de compensação mais eficazes.
Realizando as devidas correções se obtem reduções significativas no
consumo de energia elétrica. Com o consumo reduzido é possivel ter mais
disponibilidade energética no sistema de geração e transmissão, assim como alivia a
carga aplicada aos circuitos da instalação onde residem os equipamentos.
Para o desenvolvimento deste trabalho foram consultados livros, artigos científicos e
sites relacionados ao assunto. Embora tenham sido encontradas várias referências,
foi necessário filtrar os tópicos pertinentes ao foco do artigo que se segue.
Este artigo tem o objetivo de apontar a influência das cargas instaladas com a
eficiência do consumo de energia e suas adequações para se obter um custo
reduzido relacionado ao insumo de energia elétrica. Através das pesquisas
realizadas mostra-se que o fator de potência influencia no valor da energia elétrica
consumida pela instalação. Diversos tipos de cargas causam alteração deste fator o
direcionando para valores abaixo das exigências normativas, o que ocasiona
pagamento dos excedentes energéticos.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Custos

Segundo Batalha (2008), o atual cenário mundial faz com que a concorrência
entre as empresas de diferentes ramos de produção fique cada vez mais forte,
provocando profundas mudanças em seus sistemas produtivos. O custo de
fabricação envolve o valor das matérias-primas usadas no processo de produção da
empresa, como materiais, trabalhos humanos, energia elétrica, máquina e
quipamentos. O uso eficiente da energia elétrica através do tratamento da reação
das cargas instaladas nos circuitos industrias pode ser um aliado nos custos de
produção.
2.2 Definições das cargas

Cotrim (2009) define as cargas quanto ao comportamento linear ou não-linear.


As cargas lineares são descritas como corrente elétrica do circuito que as alimenta
não possui componentes harmônicas (frequências múltiplas da fundamental), assim
a potência aparente pode ser considerada a soma vetorial das potências ativa e
reativa, vide Equação 01 constituindo o triangulo de potências, visto na Figura 1.

Figura 1 - Triângulo de Potencia.

S² = P² + Q²
Onde:
S = potência aparente (kVA)
P = potência ativa (kW)
Q = potência reativa (kVAr)
Φ = ângulo

Fonte: Boylestad (2004)

Neste caso o fator de potência é calculado pelo cosseno do ângulo Φ,


formado por P e S, de acordo com as equações: FP = cos Φ, que aplicando
trigonometria resulta em: FP = P / S.
Já as cargas não lineares apresentam, além da componente fundamental,
outras correntes com frequências múltiplas da fundamental (harmônicas de
correntes). Tais correntes aumentam o valor da corrente eficaz do circuito, que por
consequência aumenta o valor da potência aparente. Com isso o valor eficaz de
corrente passa a ser calculado pela equação a seguir:

2.3 Tetraedro das potências:

Stephan (2013), expande os conceitos englobando a presença das


harmônicas, definindo potência harmônica como H ou D (distorção) em outras
literaturas, demonstrada na equação abaixo:

Assim, a potência aparente total S = Vrms.Irms, leva a seguinte equação:

O que se resume no tetraedro de potencias na figura 2.

Figura 2 - Tetraedro de Potência

Onde:
S = Potência Aparente
P = Potencia Ativa
Q = Potência Reativa
H ou D = Potência Harmônica ou de
Distorção

Fonte: Stephan (2013)

Com os dados apresentados por Stephan (2013), pode-se calcular o fator de


potência total utilizando a equação abaixo:

Assim, pode-se definir a distorção harmônica total de corrente como mostrado


equação abaixo:
A distorção harmônica total de tensão, quando a tensão também possui
conteúdo harmônico, representado pela seguinte equação:

Deste modo, o fator de potência total pode ser também estabelecido desta
maneira na equação abaixo:

2.4 Normas relacionadas ao fator de potência

As instalações elétricas industriais, em sua maioria, possuem cargas indutivas


(motores, transformadores). Esses equipamentos consomem energias reativa e
ativa, sendo a energia ativa a componente da energia útil. A relação entre energia
útil e energia total define o fator de potência (ALBUQUERQUE, 2007).
Segundo Resolução Normativa ANEEL 414/2010 no Artigo 76, o fator de
potência das unidades consumidoras, para fins de cobrança, deve ser verificado
pela distribuidora por meio de medição permanente, de forma obrigatória para o
grupo A e facultativa para consumidores do grupo B. O artigo 95 da mesma
resolução determina que o valor mínimo para fator de potência de referência “fR”,
indutivo ou capacitivo tem como limite mínimo permitido, para unidades
consumidoras do grupo A o valor de 0,92.
2.5 Grupos de consumidores

Os grupos de consumudores de dividem em dois perfis, sendo esses


demominados como grupos A e B. O grupo A é composto de unidades
consumidoras com fornecimento em tensão igual ou superior a 2,3 kV, ou atendidas
a partir de sistema subterrâneo de distribuição em tensão secundária, caracterizado
pela tarifa binômia e subdividido nos seguintes subgrupos:
 subgrupo A1 – tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV;

 subgrupo A2 – tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV;

 subgrupo A3 – tensão de fornecimento de 69 kV;

 subgrupo A3a – tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV;

 subgrupo A4 – tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV; e

 subgrupo AS – tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, a partir de sistema


subterrâneo de distribuição.

O grupo B é composto de unidades consumidoras com fornecimento em


tensão inferior a 2,3 kV, caracterizado pela tarifa monômia e subdividido nos
seguintes subgrupos:

 subgrupo B1 – residencial;

 subgrupo B2 – rural;

 subgrupo B3 – demais classes; e

 subgrupo B4 – Iluminação Pública

2.6 Razões para baixo fator de potência

Cotrim (2009) diz que os principais fatores de baixo fator de potência são os
seguintes:
 Motores de indução operando em vazio ou subcarregados: tanto à plena carga
quanto à vazio, essas máquinas operam com quase a mesma energia reativa.
Porém a energia ativa varia proporcionalmente a carga aplicada no eixo. Assim
sendo, a redução de carga ativa causa queda do fator de potência.

 Transformadores operando em vazio ou com pequenas cargas: assim como nos


motores, os transformadores, quando superdimensionados, consomem excesso de
energia reativa em relação ao consumo de energia ativa, causando redução do fator
de potência.

 Lâmpadas de descarga: os reatores magnéticos utilizados em funcionamento


contribuem para uma redução do fator de potência. Existem no mercado reatores de
alto fator de potência que auxiliam a correção nesse aspecto.

 Quantidade grande de motores de pouca potência: devido às dificuldades em


dimensionar esses motores em relação aos mecanismos acoplados a estes.

 Tensão acima da nominal: com a relação de proporcionalidade entre o quadrado


da tensão aplicada e a energia reativa, e nos motores a potência ativa depende
apenas da carga mecânica aplicada, tem-se a redução do fator de potência
conforme é aumentada a tensão aplicada aos motores.

2.7 Cargas causadoras de harmonicas

Segundo Pomilio et. al (1997), os principais causadores de harmonicas


incluem: Fornos à arco e máquinas de solda; Fornos de indução; Máquinas de solda
e pontiadeiras; Saturação de transformadores; Conversores de potência, etc. Com
exceção dos transformadores, cargas que trabalham com comutação de
semicondutores, são fontes de harmônicas. Atualmente as residências têm se
tornado sede de harmonicas devido ao de possuirem diversos equipamentos que
trabalham com conversores, como aparelhos de TV, fontes de notebook , entre
outros.

2.8 Correção do fator de potência

Para Cotrim (2009) a compensação de energia reativa das instalações


necessita de análise cuidadosa evitando resultados técnicos e/ou econômicos
ineficientes. Para uma compensação adequada é necessário avaliar cada caso pois
não há um método específico de tratamento. O fator de potência ideal para
consumidores e concessionárias deve atingir o valor unitário, embora seja
considerado satisfatório o valor 0,95, tal valor se encontra acima do que especificado
pela ANEEL (0,92), o que permite um funcionamento dentro dos limites normativos.
Ao se realizar a compensação de fator de potência deve ser levado em
consideração a linearidade ou não-linearidade da carga, pois a presença de
componentes harmônicas altera o resultado esperado pelo banco de capacitores.
Utilizando como referência os estudos de Cotrim (2009) é possível notar a
diferença do comportamento entre cargas lineares e cargas não-lineares quanto à
compensação de reativos. Na presença de cargas não-lineares os capacitores que
forem dimensionados com base no triangulo de potencias podem ser danificados
devido a interferência das distorções harmônicas.

2.9 Efeitos das componentes harmônicas sobre capacitores

Para obter o funcionamento na frequência fundamental, são utilizados valores


nominais de tensão de potencia de operação para dimensionar os capacitores. Com
o acréscimo de corrente, tensão e potência inseridos por este fenômeno, os circuitos
com a existência de harmônicos os valores de tolerância dos capacitores serão
danificados. Efeitos que desvantajosos causados pelas componentes harmônicas
podem ser representados da seguinte maneira:
 Tensão: com o isolamento entre placas, suporta a tensão fundamental e as
sobretensões influenciadas pelas correntes harmônicas que são atraídas para o
capacitor.

 Corrente: capacitores com combinações paralelas ou em séries de elementos


capacitivos tem a necessidade de fazer conexões elétricas, ligações que precisarão
ser reforçadas para que com o aumento de corrente não sobrecarregue as placas e
condutores.

 Efeito tensão x corrente: sobrepondo tensão harmônica ocorrerá alterações na


forma original de onda, essas alterações dependem das fases , amplitudes e da
ordem das harmônicas.

2.10 Tratamento de harmônicas


Segundo Souza (2000), as componentes harmônicas podem ser tratadas com
filtros passivos e ativos. Os filtros passivos são vários os tipos de filtros e suas
estruturas, que são basicamente formados da estrutura LC serie, usualmente
aplicado como filtros que bloqueiam e criam caminhos de alta impedância entre o
alimentador e a carga, e filtros de confinamento, que possuem baixa impedância
para a circulação das harmônicas de corrente.
Os filtros com baixa impedância são posicionados paralelamente a carga,
com uma pequena impedância na sua frequência, que causa um curto-circuito para
a corrente harmônica. A utilização de uma determinada quantidade de filtros em
diferentes frequências e maneiras podem cancelar a mesma quantidade de
correntes harmônicas, onde ocorrem as ressonâncias em outras determinadas
frequências aumentando os níveis de harmônicas que não ocasionam confronto
antes da instalação. Como desvantagens dos filtros passivos podemos citar o seu
volume, e que suas particularidades dependem da impedância da rede.
Filtros ativos paralelos têm como função simular uma carga linear com um
caminho de baixa impedância para as harmônicas de corrente, que ao ser
monitorado de forma adequada, compensam a diferença da tensão e a corrente de
carga, de maneira que as cargas e filtro ativo dissipem da rede corrente senoidal e
em fase da rede. Considerando como vantagem que não há a necessidade de um
estudo precedente da planta antes da sua instalação.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como já visto a energia elétrica é considerada um insumo de entrada no


processo de produção industrial, o que consequentemente atua no custo do produto
final. Outro ponto relacionado ao uso da energia elétrica é ligado aos equipamentos
que estarão sujeitos a sofrer danos devido a oscilações da tensão de alimentação
causados por dimensionamento inadequado, com isso se tem o acréscimo do custo
de manutenção dos equipamentos. Uma devida analise dos equipamentos permite
conhecer as características dos mesmos durante seu funcionamento, tais resultados
são obtidos por medições realizadas pelo consumidor e concessionárias.

No que tange as correções necessárias para fator de potência, conhecer o


tipo de carga instalada, linear ou não, revelará seu comportamento em caso de
presença de distorções harmônicas o que resulta em fator de potência ainda mais
baixo, pois a potência aparente se torna ainda maior. No tocante ao uso eficiente da
energia elétrica, as compensações adequadas permitem uma redução do consumo
de energia pelos seus usuários, com isso se tem uma maior disponibilidade de
energia pelas geradoras de energia, colaborando para um alivio na necessidade
atual de eletricidade.

4. REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELETRICA ANEEL – Resolução Normativa Nº


414, 09 de setembro de 2010.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELETRICA ANEEL – Resolução Normativa Nº


456, 29 de novembro de 2000.

ALBUQUERQUE, R. O. Análise de circuitos em corrente alternada, 2 ed. São Paulo;


Érica; 2007.

BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos, 10 ed., Robert L. Boylestad;


tradução: José Lucimar do Nascimento, revisão técnica: Antônio Pertence Júnior;
São Paulo, Prentice Hall, 2004.

POMILIO, J.A., DEKMANN, S.M. Efeito flicker produzido pela Modulação


Harmônica. SBQEE 97 – Seminário Brasileiro de Qualidade da Energia Eletrica,
Nove. 1997, São Lourenço, MG

CONTRIM, A.A.M.B Instalações elétricas. Revisão e adaptações técnicas José


Aquiles Baesso Gromoni e Hilton Moreno, 5 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2009.

SOUZA, F. P. Correção de Potência Para Instalações de Baixa Potência


Empregando Filtros Ativos, Universidade Federal de Santa Catarina, 2000.

STEPHAN, R.M. Acionamento, Comando e Controle de Máquinas Elétricas, Editora


Ciência Moderna, Rio de Janeiro, 2013.

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