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Júlio César M. de Lima (*) José Vicente P. Duarte Izonel H. Pereira Jr. Alécio Melo Oliveira
RESUMO
Este artigo apresenta a filosofia de proteção para a conexão de acessantes ao sistema elétrico de
distribuição da CEMIG Distribuição, com ênfase na padronização das funções de proteção aplicadas. O
artigo visa demonstrar a importância dessa padronização para a segurança da operação do sistema
elétrico na presença de fontes de geração distribuída. São discutidos aspectos da filosofia e das funções
de proteção padronizadas para os terminais de conexão em SE da Cemig D e terminais de acessantes
conectados ao sistema elétrico considerando diversas topologias. Finalmente, o trabalho discute os
impactos que o incentivo à conexão de novas fontes de geração distribuída traz para o gerenciamento
dos patamares de carga alocados nos estágios do Esquema Regional de Alívio de Cargas (ERAC), de
modo especial na ocorrência de ilhamentos não intencionais e suas consequências para os indicadores
de qualidade e continuidade do fornecimento de energia elétrica.
PALAVRAS-CHAVE
1.0 - INTRODUÇÃO
O novo modelo do setor elétrico implantado no Brasil introduziu o livre acesso ao sistema elétrico pelos
agentes geradores e consumidores, respeitados os requisitos técnicos particulares de cada
concessionária. Mas o incentivo cada vez maior à conexão de novas plantas de geração ao sistema
elétrico tem representado um grande desafio para as empresas de distribuição. Essa nova realidade, que
se insere no conceito de geração distribuída e que é uma das características da rede elétrica do futuro
(Smart Grid), exige o estabelecimento de critérios técnicos adequados que garantam a operação do
sistema com a presença dessas fontes distribuídas conectadas em paralelo.
Um dos itens mais importantes para garantir a operação segura do sistema elétrico na presença da
geração distribuída é a especificação dos sistemas de proteção adequados para essas conexões. Na
CEMIG D, a área de Engenharia, ouvindo as demais áreas interessadas, publicou Normas que
estabelecem os requisitos de proteção para conexão de novos acessantes ao sistema elétrico de
distribuição de AT e MT.
(*) Rua Itambé, n˚ 114 – 5º. Andar – Floresta - CEP 31.150-160 - Belo Horizonte, MG – Brasil
Tel: (+55 31) 3307-2775 – Email: jclima@cemig.com.br
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A situação de novos acessantes com geração e contrato para injeção de potência no sistema elétrico está
bem coberta pelas Normas, do ponto de vista da prescrição das funções de proteção a serem
implementadas nos relés do terminal de entrada do acessante. Para conexão ao sistema elétrico da
CEMIG D, o novo acessante deve projetar transformador de acoplamento com a ligação dos
enrolamentos em estrela aterrada do lado da concessionária, possibilitando a aplicação das funções
convencionais de proteção baseadas em corrente e admitância. Porém, outras situações de conexão
podem exigir a aplicação de funções menos usuais, como por exemplo, no caso de consumidores
existentes que se tornam produtores de energia e passam a fornecer energia para o sistema ou de
consumidores com geração em suas plantas e sem contrato de fornecimento de energia, mas que
contribuem com correntes de curto para faltas no sistema elétrico da Cemig D ao qual estão conectados.
Os acessantes poderão ser interligados ao sistema elétrico de alta tensão da CEMIG D por uma das
formas a seguir, escolhida em função da análise de mínimo custo global e dos critérios técnicos de
conexão:
O acessante será conectado em alta tensão a uma subestação existente da CEMIG D, através de uma
linha de interligação, por meio de um bay de entrada com disjuntor. Essa forma de conexão é ilustrada na
Figura 1, onde estão também indicadas as funções de proteção exigidas pela CEMIG D e que serão
apresentadas mais à frente nesta seção.
A conexão é realizada em uma linha existente de 69 ou 138 kV, por meio de uma subestação de
integração próxima à linha de distribuição, ou mediante o secionamento da mesma e a construção da
subestação de integração próxima às instalações do acessante, dependendo da distância entre a
instalação do acessante e a linha.
Ainda que os arranjos ou padrões básicos para subestações de integração sofram variações conforme o
caso, as funções de proteção a serem implementadas no Ponto de Conexão e na SE do acessante são
exatamente as mesmas daquelas mostradas na Figura 1 para o caso de conexão a uma SE existente.
A Figura 2 apresenta um exemplo de consumidor que pretende se tornar autoprodutor e está ligado na
extremidade de uma linha da Cemig D. Além de todas as funções de proteção indicadas na Figura 1, o
acessante deverá instalar um esquema de transfer-trip entre a subestação da Cemig D e a sua instalação.
Este esquema tem por objetivo garantir a abertura do disjuntor do acessante no caso de falta na linha de
interligação com a subestação da Cemig D, uma vez que essa linha é de propriedade da Cemig-D.
O esquema de proteção instalado pelo acessante no bay de entrada da sua SE deverá garantir a
eliminação da contribuição de sua planta para todos os tipos de faltas na rede de interligação com o
Sistema da Cemig D, assim como a eliminação da contribuição do Sistema Cemig para faltas em sua
planta. Esse esquema de proteção deve desconectar o seu sistema de geração no caso de perda do
sistema Cemig D, de modo a permitir o religamento automático deste último.
As funções de proteção mínimas a serem implementadas nos 2 extremos (nas instalações do acessante e
no Ponto de Conexão) são praticamente as mesmas, com pequenas variações. As funções comuns aos
dois extremos e indicadas nas Figuras 1 e 2 estão listadas a seguir sendo destacadas ao final as funções
de proteção específicas para cada um dos extremos.
As funções mínimas de proteção exigidas pela Cemig D no Ponto de Conexão para acesso em Média
Tensão (MT) são praticamente as mesmas daquelas funções exigidas para acesso na Alta Tensão (AT) já
tratadas anteriormente.
Para o terminal do acessante de MT, as funções mínimas de proteção diferem das funções exigidas no
terminal do acessante de AT apenas pelo acréscimo das 2 funções seguintes:
4.0 - CRITÉRIOS EM USO PARA APLICAÇÃO DAS FUNÇÕES 59 E 59N NOS TERMINAIS DE
CONSUMIDORES DE AT COM GERAÇÃO
A situação de consumidores que possuem geradores em suas plantas, com paralelismo momentâneo ou
permanente com o nosso sistema e sem contrato de fornecimento de energia para a Cemig, exige a
aplicação de funções adicionais de proteção em relação à situação dos consumidores sem geração.
Enquanto estão conectados ao nosso sistema aterrado, as proteções convencionais de sobrecorrente
exigidas e eventualmente proteções de distância disponíveis são sensibilizadas pela contribuição das
máquinas do cliente para o curto. Porém, nos casos de faltas à terra em que as proteções do outro
terminal da linha de interligação em nossas SEs atuam antes das proteções do cliente, desconectando-o
do sistema aterrado, deixam de existir as correntes para a falta do lado do cliente surgindo sobretensões
de regime permanente perigosas para as isolações de equipamentos e da própria linha. Se outros
consumidores de AT ou alguma SE Cemig permanecerem conectados ao sistema provisoriamente
isolado do cliente com geração, a situação se torna ainda mais crítica.
Essas funções, com atuação instantânea a partir da condição de ilhamento, têm dois propósitos
principais: i) evitar sobretensões trifásicas perigosas para a isolação dos equipamentos no sistema
elétrico isolado que se configura após ilhamento e que foi projetado para a condição de sistema aterrado
e ii) detectar faltas à terra na linha de interligação desses clientes, sempre na condição ilhada. Havendo
disponibilidade de unidades de proteção de tensão nos relés, as funções 59 e 59N temporizadas podem
ser aplicadas também como retaguarda de funções de proteção (corrente, distância, etc.) do cliente ou da
própria Cemig.
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Para ilustração dos critérios de ajustes dessas funções, para alcance dos 2 propósitos citados, será
apresentado a seguir o caso de um cliente da Cemig D, conectado à malha Triângulo – ver Figura 3.
Em caso de ilhamento, deve haver funções de proteção de tensão que assegurem a manutenção das
amplitudes e durações das tensões em valores aceitáveis. Os valores dos ajustes em uso na Cemig D,
definidos com base na Norma ND-5.32 e recomendações do PRODIST, a serem implementados no
terminal do acessante, são apresentados na Tabela 1.
As tensões medidas e utilizadas pelos relés nessa aplicação devem ser tensões de linha (VL-L), que
geralmente serão afetadas igualmente por qualquer instabilidade do sistema operando em condição
ilhada. Se fossem tensões de fase (VL-G), poderia haver atuação dessa função em condição de falta em
linhas remotas do sistema ainda interligado e aterrado, antes do ilhamento (sobretensões nas fases sãs
para a terra podem ser superiores a 120% com duração dessas sobretensões ou das faltas maiores que
0,5 s, por exemplo), podendo causar descoordenações e desligamentos desnecessários do cliente.
Para a detecção de faltas à terra no sistema ilhado sem conexão à terra, recomenda-se a habilitação de
uma unidade adicional da função 59 (além das outras duas para proteção contra sobretensões em regime
permanente) e de uma unidade da função 59N, medidas e ajustadas conforme discutido a seguir.
Em uma falta monofásica metálica no sistema interligado na fase A, por exemplo, se ocorre a abertura do
terminal da Cemig D antes do terminal do cliente configurando um sistema isolado, as tensões de fase
(VL-G) para as fases B e C sobem de um fator 1,73 ou √3 (ver Figura 4). A tensão 3V0 equivalente ao
somatório das 3 tensões (Va + Vb + Vc), ou tensão de delta-aberto, varia de um valor nulo na condição
normal de um sistema perfeitamente equilibrado para uma amplitude de 3,0 pu, conforme comprova a
soma vetorial dos valores das 3 tensões de fase mostrados na Figura 4, o que torna a medição dessa
grandeza altamente adequada para a identificação de faltas à terra em sistemas isolados pela função
59N.
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FIGURA 4 - Amplitude das tensões de fase e de linha em caso de falta à terra em um sistema isolado
Por outro lado, durante a mesma falta, as tensões de linha (VL-L) não variam no sistema isolado,
conforme mostrado também na Figura 4. Assim, as tensões medidas e utilizadas pelos relés na função 59
para detecção de faltas devem ser tensões de fase (VL-G), que são afetadas significativamente pela
condição de falta no sistema isolado, conforme já comentado.
A seguir, são apresentados os ajustes em uso na Cemig D para as funções 59N e 59 nessa aplicação
(detecção de faltas a terra em sistema isolado):
Justificativa: A filosofia de ajuste dessa função deve ser a de assegurar o máximo de sensibilidade e
atuação em caso de ilhamento para faltas a terra no sistema isolado e evitar atuação com o máximo de
robustez ou margem de segurança para faltas à terra nas condições do sistema interligado e aterrado. O
estudo ou análise a ser feita deve determinar, portanto, a faixa de ajustes da tensão 3V0 para assegurar
essas premissas.
Por definição, em um sistema elétrico solidamente aterrado, as máximas sobretensões esperadas nas
fases sãs durante uma falta monofásica são de 1,4 pu. Admitindo a condição para a qual se espera a
máxima tensão de deslocamento de neutro no relé, que consiste em falta monofásica metálica na saída
do vão onde o relé está aplicado, e para uma condição de aterramento ou configuração do sistema mais
precária (elevação de tensão no limite de 40% acima da nominal nas fases sãs), espera-se uma
amplitude de 3V0 igual a 2,2 pu, o que pode ser facilmente verificado por trigonometria aplicada à
representação vetorial do “triângulo das tensões”. Para o mesmo tipo de falta, em pontos mais afastados
da barra onde se conecta o relé, principalmente fora da linha de interligação do acessante, as amplitudes
de 3V0 medidas pelo relé estarão abaixo desse valor. Assim, para assegurar a não atuação da unidade
instantânea para faltas à terra em qualquer ponto externo à linha de interligação, no sistema solidamente
aterrado, o ajuste deve atender à condição: 3V0 > 2,2 pu.
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Por outro lado, e como já foi mostrado na Figura 4, a tensão 3V0 em uma falta monofásica, atinge o valor
de 3,0 pu (3,0 vezes a tensão de fase VL-G), após a desinterligação com o sistema aterrado da Cemig D.
Assim, para garantir atuação da unidade instantânea para faltas à terra em qualquer ponto do sistema
que permanecer isolado após desinterligação, o ajuste deve atender à condição: 3V0 < 3,0 pu.
Agrupando as duas condições, tem-se 2,2 pu < 3V0 < 3,0 pu, sendo que a seleção do valor de 2,5 pu
para o pick-up assegura uma margem em torno de 15% em relação aos dois extremos da faixa, para
acomodar eventuais erros de medição dos TPs. A temporização em 100 milisegundos previne atuações
intempestivas da função, assegurando atuação apenas na condição bem consolidada de ilhamento que
se pretende evitar.
Justificativa: Conforme já foi citado e mostrado na Figura 4, em uma falta monofásica no sistema
interligado, após ocorrer a abertura do terminal da Cemig D antes do terminal do cliente, as tensões nas
fases sãs (VL-G) sobem para 1,73 pu. Sabe-se também que faltas em linhas remotas no sistema ainda
interligado podem causar sobretensões nas fases sãs de até 1,4 pu. Assim, a unidade instantânea da
função 59 para detectar faltas na condição ilhada pode ser ajustada nessa faixa entre 1,4 e 1,73 pu,
optando-se pelo valor de 1,5 pu (sempre lembrando que se trata de tensões medidas entre fase e terra
nessa aplicação da função 59 para detecção de falta em sistema ilhado). Essa função é redundante e
atua como uma proteção suplementar da unidade 59N-1.
c) Proteção de retaguarda
É recomendável quer sejam habilitadas também unidades temporizadas das funções 59N e 59 como
proteção de retaguarda das demais funções de proteção do sistema interligado, para situações de falha
ou indisponibilidade (intervenções no sistema) das proteções de sobrecorrente, distância ou outras (nas
SEs e linhas da Cemig D ou do próprio terminal do cliente). Como é de se esperar que as faltas sejam
eliminadas no sistema com tempos máximos de 1,5 s, recomenda-se a temporização de 2,0 s para essas
unidades. Na seleção dos valores de pick-up dessas funções, por serem temporizadas, é possível
assegurar sensibilidade muito superior aquela das unidades instantâneas.
Um dos impactos mais relevantes que o incentivo à conexão de novas fontes de geração ao sistema
elétrico de distribuição traz para as empresas distribuidoras de energia relaciona-se ao gerenciamento
dos patamares de carga exigidos para o Sistema Regional de Alívio de Cargas (ERAC). Isso porque
algumas perturbações podem resultar em ilhamentos não intencionais, com a formação de pequenas
áreas separadas do restante do sistema, que permanecem alimentadas pelo gerador distribuído.
Dependo do equilíbrio carga-geração, essa pequena área do sistema elétrico, operando de forma isolada,
pode registrar valores de frequência que levem à operação indevida da função de frequência do ERAC,
promovendo o desligamento de cargas da distribuidora. Embora o desligamento do terminal da Cemig D
já fosse responsável pelo desligamento de cargas da distribuidora caso não houvesse a atuação do
ERAC, esse desligamento seria de apenas alguns segundos já que a maioria das faltas são de
característica transitória e o religamento automático restabeleceria a alimentação das cargas. A atuação
do ERAC causa o desligamento de parte das cargas e impede o seu restabelecimento quando do
religamento automático, uma vez que o fechamento dos disjuntores desligados só pode ser feito após a
análise das proteções atuadas. Essa ação normalmente demanda mais de 3 minutos e impacta o
indicador de continuidade de fornecimento da distribuidora.
A Figura 5 apresenta uma região do sistema elétrico de distribuição da CEMIG-D onde foi registrado
ilhamento momentâneo e atuação indevida da função ERAC. Na ocorrência em questão, a função ERAC
implementada em religadores de MT (13,8 kV) na SE Machado 2 operou quando da ocorrência de
religamento automático da LD 138 kV que interliga as SEs Botelhos e Machado 2. A análise da
perturbação indicou que a operação da função de subfreqüência deveu-se ao ilhamento momentâneo
durante o ciclo de religamento automático da LD.
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Observou-se que o número de atuações indevidas da função ERAC tem aumentado no sistema elétrico
da CEMIG-D em razão do aumento de fontes distribuídas conectadas ao sistema elétrico. Essas
operações indevidas aumentaram significativamente após a retirada da temporização intencional ajustada
até então em 250 milisegundos. Por determinação do ONS, foi retirada qualquer temporização intencional
na atuação da função de frequência do ERAC.
As interrupções no sistema elétrico de distribuição são apuradas e contabilizadas através dos indicadores
DEC (Duração Equivalente do Consumidor) e FEC (Frequência Equivalente do Consumidor). As
perturbações oriundas do Sistema Interligado Nacional (SIN) e que provocam a atuação do ERAC são
expurgadas do indicador. Porém, as atuações indevidas do ERAC que não tiveram origem em
perturbações do SIN, não tem o mesmo tratamento, impactando os índices de continuidade de
fornecimento pactuados pela distribuidora com a ANEEL.
Com relação aos novos ajustes implementados no ERAC com a retirada de qualquer temporização
adicional, após acertos com o ONS, a CEMIG-D vai iniciar a implantação de um bloqueio por subtensão
para a função ERAC naqueles locais onde há a presença de geradores distribuídos. Esse bloqueio foi
autorizado pelo Operador Nacional limitado a até 70% da tensão nominal. A efetividade dessa ação para
evitar os desligamentos indevidos do ERAC será objeto de acompanhamento.
É muito importante avaliar o impacto da entrada de um acessante em um ponto do sistema elétrico onde
existe instalada e habilitada a função ERAC. Isso porque pode ser necessária a transferência desse
esquema para outro ponto do sistema elétrico de forma a evitar atuações indevidas caso ocorram
situações de ilhamento da geração distribuída. Em uma situação limite, decorrente da proliferação das
fontes de energia distribuída, as empresas podem encontrar dificuldades ou se ver impedidas de atender
os montantes de corte estabelecidos pelo ONS sem comprometer padrões de qualidade ou continuidade
aceitáveis para o fornecimento.
6.0 CONCLUSÕES
O incentivo cada vez maior à conexão de novas plantas de geração no sistema elétrico decorrente do
livre acesso de agentes geradores e consumidores ao sistema, introduzido pelo atual modelo do setor
elétrico, traz também no seu bojo um grande desafio para as empresas de distribuição que é o
estabelecimento de critérios técnicos adequados que garantam a operação do sistema com a presença
dessas fontes distribuídas conectadas em paralelo.
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Constitui um dos pontos mais importantes de todo o processo de conexão, do ponto de vista da
segurança da operação do sistema, as ações da concessionária voltadas para a padronização, análise e
aprovação dos ajustes das funções de proteção aplicadas tanto no bay de entrada da SE do acessante
quanto no Ponto de Conexão (bay de interligação a SE existente da concessionária ou de uma SE de
integração a ser construída pelo acessante). A especificação dos sistemas de proteção adequados para
essas conexões e a definição da filosofia de proteção a ser adotada devem levar em conta aspectos tais
como o arranjo escolhido para a conexão, as conexões do transformador de acoplamento da instalação
do acessante ao sistema elétrico de distribuição e a possibilidade de ocorrência de ilhamentos não
intencionais, entre outros aspectos.
Além da situação de novos acessantes com geração e contrato para injeção de potência no sistema
elétrico, em que as funções de proteção mais convencionais de sobrecorrente e distância são suficientes
e podem ser mais facilmente implantadas por se tratar de uma instalação nova, outras situações
possíveis exigem a negociação e aplicação de funções de proteção menos usuais, baseadas em tensão
como, por exemplo, no caso cada vez mais comum de consumidores que se tornam autoprodutores de
energia instalando geradores em suas plantas, com paralelismo momentâneo ou permanente com o
nosso sistema.
O impacto da presença da geração distribuída no desempenho do esquema ERAC deve ser objeto de
uma maior atenção por parte das empresas de distribuição e do Operador Nacional. Considerando a atual
política de incentivo à conexão de mais fontes de geração distribuída espera-se um aumento dos
problemas, obrigando, de modo geral, à transferência da função ERAC para outro ponto do sistema
elétrico. No limite, a reflexão que se deseja fazer é a seguinte: com o aumento da quantidade de fontes de
energia distribuídas conectadas em paralelo poderão as empresas de distribuição atender aos montantes
estabelecidos para o esquema sem prejuízos para a continuidade de fornecimento?
[1] Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST, Módulo 3
– Acesso ao Sistema de Distribuição, Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, Rev. 01/03/2016.
[2] ND-5.32 – “Requisitos Para a Conexão de Acessantes Produtores de Energia Elétrica ao Sistema de
Distribuição Cemig – Conexão em AltaTensão”, Cemig, dezembro/2012.
[3] ND-5.31 – “Requisitos Para a Conexão de Acessantes Produtores de Energia Elétrica ao Sistema de
Distribuição Cemig – Conexão em Média Tensão”, Cemig, julho/2011.
[4] Procedimentos de Rede do Operador Nacional do Sistema ONS, Submódulo 3.6 - Requisitos técnicos
mínimos para a conexão à rede básica -16/09/2009.
[6] Oliveira, A. M., Sant’Anna, B. V. S., Lima, J. C. M., Gomes, A. J. B. R., “Critérios para Conexão de
Novas Gerações ao Sistema Elétrico da CEMIG”, VIII STPC, Rio de Janeiro, julho de 2005.