Você está na página 1de 18

CAPÍTULO 06: DEGRADAÇÃO DE MATERIAIS

CORROSÃO DE METAIS (OXIDAÇÃO)

TRANSFORMAÇÃO “NÃO INTENCIONAL” DE UM METAL, A PARTIR DE


SUAS SUPERFÍCIES EXPOSTAS, EM COMPOSTOS NÃO ADERENTES,
SOLÚVEIS OU DISPERSÁVEIS NO AMBIENTE EM QUE O METAL SE
ENCONTRA

 RETORNO DO METAL À SUA FORMA MAIS ESTÁVEL EM


PRESENÇA DO OXIGÊNIO

Ex: FERRO  Fe2O3(H2O)n óxido férrico hidratado (ferrugem) que:


- Tem maior volume em relação ao ferro metálico
- Não apresenta grande adesão e coesão com o ferro original
- Se solta facilmente na forma de pó ou escamas

PROCESSO DA CORROSÃO

O metal dá elétrons a alguma substância oxidante existente no meio
ambiente (O, H, H2O, H2S, etc.) formando óxidos, hidróxidos, sais, etc.

TIPOS BÁSICOS DE CORROSÃO:

- CORROSÃO QUÍMICA: os elétrons perdidos pelo metal se combinam


no mesmo lugar onde são produzidos

- CORROSÃO ELETROQUÍMICA: elementos são liberados num local e


captados noutro; há FORMAÇÃO DE UM CIRCUITO GALVÂNICO.

1
CORROSÃO QUÍMICA

PROCESSO: AÇÃO DO OXIGÊNIO DO AR SOBRE UM METAL:

Metal dá elétrons segundo: M ® M2+ + 2e- cátion (anodo)

Oxigênio recebe elétrons segundo: O + 2e- ® O2- ânion (catodo)

M2+ + O2- ® MO (óxido)

VELOCIDADE DE OXIDAÇÃO vai depender:


- da velocidade de reação metal-oxigênio
- da temperatura,
- da espessura e estrutura da "pele" de óxido

- ÓXIDOS QUE OCUPAM MENOS VOLUME do que o metal que deu


origem e que são frágeis, vão fissurar e partir deixando exposto o metal
para outra ação do oxigênio

- ÓXIDOS QUE OCUPAM MAIS VOLUME do que o metal que deu origem
vão enrugar e afastar-se rapidamente, expondo o metal

Exemplo: Ferro (nos contornos, mas tb na superfície dos grãos)

2
- ÓXIDOS COM MESMO VOLUME do que o metal que deu origem podem
formar filmes que, se são aderentes, vão agir como barreira impedindo
o prosseguimento da oxidação

EXEMPLOS de metais com “camada de corrosão protetora”

CASO DA PRATA
Formação de oxido de prata

CASO DO COBRE
2Cu + O2(g) + H2O(g) + CO2(g)→ Cu2(OH)2CO3 (cor azul-verde)
Azinhavre ou Diidróxicarbonato de Cu

CASO DO ZINCO
Formação de hidroxi-carbonato de zinco – Znx(OH)yCOz

3
CASO DO ALUMÍNIO

ANODIZAÇÃO  Processo que permite aumentar a espessura da


camada natural de Al2O3 na superfície do alumínio que protege contra
corrosão

Controlando o eletrólito, a anodização pode ser fosca ou brilhante ou (e)


colorida usando sais (bronze, vinho, dourado, preto).

A espessura da camada anodizada depende do ambiente de emprego:


CLASSE AGRESSIVIDADE AMBIENTE CAMADA
A13 Média rural / urbano 11 a 15 m
A18 Alta marinho 16 a 20 m
A23 Altíssima industrial 21 a 25 m

4
CORROSÃO ELETROQUÍMICA (CORROSÃO ÚMIDA)
OCORRE EM AMBIENTES ÚMIDOS (vapor de água - adsorção)
PRINCIPAL AGENTE CAUSADOR: ELETRÓLITO
Líquido condutor de eletricidade
(íons: sais, ácidos, bases e gases dissolvidos em água)

Ex.: dois eletrodos do mesmo metal

PILHAS GALVÂNICAS: 2 metais diferentes em contato

Aparece uma DIFERENÇA DE POTENCIAL:


Eletrodo de zinco: anodo - dissolução do metal (corrosão):
Zn ® Zn2+ + 2e-
Eletrodo de cobre: catodo - não será dissolvido (passivação):
Cu  Cu2+ + 2e- (ou 2H2O + 2e-  H2 + 2OH-)

5
POTENCIAIS DE ELETRODOS:

2 METAIS DIFERENTES EM CONTATO + ELETRÓLITO: O DE MAIOR


POTENCIAL (CATÓDICO) TENDE EM PROVOCAR A CORROSÃO DO
METAL DE MENOR POTENCIAL (ANÓDICO)

OBSERVAÇÕES:
 Velocidade de corrosão = f(diferença entre os potenciais)
 Potenciais de eletrodos = f(natureza do eletrólito)

(1) CÉLULAS DE COMPOSIÇÃO: É QUANDO TEM DOIS METAIS


DIFERENTES EM CONTATO

Chapa aço galvanizado com porca e parafuso de aço inoxidável 


Corrosão do aço galvanizado

Solda de chumbo-estanho em torno de arame de cobre


 Corrosão da solda

6
Tubo de cobre com tubo de aço galvanizado  Corrosão do aço

(2) CÉLULAS DE TENSÃO: SE FORMA ENTRE ZONAS DO MESMO


METAL QUE SOFRERAM TENSÕES MECÂNICAS DIFERENTES
ÂNODO (CORROSÃO): NAS ZONAS TENSIONADAS

Ex: zonas ao redor dos rebites, zonas fortemente amassadas, chapas


dobradas

Chapa de aço após um golpe Dobra tubo de latão

7
(3) CÉLULAS DE CONCENTRAÇÃO: OCORRE QUANDO HÁ UMA
DIFERENÇA DE COMPOSIÇÃO LOCALIZADA NO PRÓPRIO
ELETRÓLITO.
ÁREAS ONDE A CONCENTRAÇÃO SUPERFICIAL EM OXIGÊNIO É
MENOR SOFRERÃO CORROSÃO E DISSOLUÇÃO ANÓDICA:
Reação catódica: 2H2O + O2 + 4e-  4(OH)-
Reação anódica: M  Mn+ + ne-

Exemplos:

PROTEÇÃO CONTRA CORROSÃO

Eliminação da corrosão só será possível com a ausência do eletrólito

 Eliminar a umidade e oxigênio : complicado!

MAS É POSSÍVEL MINIMIZAR A CORROSÃO

IMPEDIMENTO DE PARES GALVÂNICAS

 Limitar os projetos a um só metal


 Isolar eletricamente metais de composições diferentes

8
REVESTIMENTOS PROTETORES

 Isolar o metal do eletrólito

 Camada protetora com materiais orgânicos (óleos, tintas, PVC, manta


etc.)

Limitação: comportamento e durabilidade da camada em serviço

 Camada protetora com metais: aplicada por imersão a quente ou por um


processo eletroquímico
- COBRE, ESTANHO, NÍQUEL, MAS atenção aos arranhões:

- ZINCO: é a galvanização

 Camada protetora com materiais cerâmicos (Ex.: esmaltes vítreos)

 Passivação: formação de uma camada protetora de óxido na


superfície do metal

Ex: Camada de Al2O3 sobre o alumínio (anodização)


Camada de Cr2O3 sobre o aço inoxidável

9
PROTEÇÃO GALVÂNICA
 Uso dos próprios mecanismos da corrosão com finalidades
protetoras
 Fornecer elétrons extras ao metal p/ torná-lo cátodo

(1) PROTEÇÃO POR ÂNODO DE SACRIFÍCIO (OU PROTEÇÃO


CATÓDICA)
 Criação de uma pilha “ligando” o metal que deve ser protegido com
um metal de potencial eletroquímico inferior.

* AÇO GALVANIZADO OU ZINCADO: aço revestido por camada de zinco


PROTEÇÃO FÍSICA + PROTEÇÃO ELETROQUÍMICA

* OUTROS EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DO CONCEITO DE ÂNODO DE


SACRIFÍCIO EM ENGENHARIA:

10
(2) PROTEÇÃO POR APLICAÇÃO DE UMA TENSÃO ELÉTRICA
 Fornecer elétrons no metal que se torna cátodo

Corrosão: M ® M2+ + 2e-


Passivação por fornecimento de elétrons: M ← M2+ + 2e-

AMBIENTE

AMBIENTE: RESPONSÁVEL PELA FORMAÇÃO E GRAU DE


AGRESSIVIDADE DO ELETRÓLITO

GRAU DE AGRESSIVIDADE AMBIENTE DE APLICAÇÃO


- AMBIENTES RURAIS E POUCO AGRESSIVOS (região pouca
industrializada): o ferro ao ar puro, mesmo úmido, terá uma baixa
velocidade de corrosão.

- AMBIENTES POLUÍDOS (áreas urbanas e industrializadas): anidrido


sulfuroso (SO2), ácidos e álcalis, poeira se dissolvem na água formando
os íons do eletrólito.

- AMBIENTES MARINHOS: sais dissolvidos (NaCl): eletrólitos fortes.

11
RELEMBRANDO: HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND

Clínquer:

+ gipsita

Clínquer + gipsita = Cimento Portland

Hidratação dos silicatos: C3S representa 60-70% do cimento

2C3S + 6H2O  C3S2H3 + 3Ca(OH)2

C3S2H3 ou C-S-H = cola (pedra) do cimento hidratado

Ca(OH)2 = dá condições alcalina (pH = 12-13)

CORROSÃO DO AÇO NO CONCRETO

12
CORROSÃO DO FERRO EM PRESENÇA DE UM ELETRÓLITO:

No ânodo: 2Fe  2Fe2+ + 4e-


No cátodo: 4e- + O2 + 2H2O  4(OH)-
Perto da superfície: 2Fe2+ + 4(OH)-  2Fe(OH)2
Hidróxido ferroso
Seguido por: 4Fe(OH)2 + O2  2Fe2O3.H2O + H2O
Hidróxido férrico (ferrugem)

PASSIVAÇÃO DO AÇO NO CONCRETO


Eletrólito (água dos poros): altamente alcalina (pH = 12-13)
Deposição de um filme fino e aderente de óxido Fe3O4
É uma camada passivadora  Proteção para o aço

CORROSÃO DO AÇO NO CONCRETO


Quando a camada passivante de Fe3O4 é destruída
 Diminuição da alcalinidade da água dos poros do concreto
 Carbonatação ou (e) por ataque dos cloretos

Mecanismo da carbonatação:

1) CO2 (atmosfera) + H2O → H2CO3 (ácido carbônico)

2) H2CO3 + Ca(OH)2 → CaCO3 + 2H2O


Carbonato de cálcio (pH neutro)
→ Destruição da camada passivadora de Fe3O4
com formação agora de Fe2O3 (ferrugem)

Mecanismo de ação dos cloretos:


1) Cl- (ambiente) + H2O → HCl + O2

2) 2HCl + Fe → FeCl2 + H2

3) FeCl2 + 2OH– → Fe(OH)2 + 2Cl–


4) 4Fe(OH)2 + O2  2Fe2O3.H2O + H2O
Hidróxido férrico (ferrugem)

Como ácido carbônico e cloretos chegam na armadura?

PROCESSO
13
Carbonatação e (ou) cloretos formam uma “frente” (diminuindo a
alcalinidade do cimento) que vai penetrando aos poucos o concreto
pela sua porosidade até atingir a armadura:

Criação das condições ideais para a corrosão do aço

Formação da ferrugem (Fe2O3) que ocupa um volume entre 2 e 3


vezes maior do que o aço original.

Criam-se tensões mecânicas de tração no concreto aliviadas pela


formação de fissuras e fragmentação do concreto em volta do aço;
estas fissuras vão aumentar a penetração de CO2 e dos cloretos e
acelerar a corrosão...

VELOCIDADE DE CORROSÃO DO AÇO NO CONCRETO depende de:


14
- Grau de saturação do concreto
Quase não há ataque das armaduras quando:
- o concreto está seco
- o concreto está saturado (ex.: imerso)
- Porosidade e permeabilidade
= F(formulação (água/cimento baixo), cura, tipo de cimento)
- Taxa de CO2 no ambiente

VELOCIDADE DE CORROSÃO pode ser diminuída com:


- Cobrimento adequado
- Formulação e cura do concreto
- Adição de inibidores de corrosão (Ex: CaNO3 inibe a ação dos
cloretos)
- Aplicação de uma camada protetora no concreto (Ex: tinta, reboco)

Outros:
- Proteção por aplicação de uma tensão elétrica
- Proteção por eletrodo de sacrifício

DEGRADAÇÃO DO CONCRETO PELA FORMAÇÃO DE


PRODUTOS EXPANSIVOS

Reação Álcali-Agregado

Reações químicas entre álcalis e íons hidroxilas com certos minerais


silicosos reativos (presentes nos agregados) formando géis expansivos

Ataque por sulfatos


15
Sulfatos presentes na água (Na2SO4, CaSO4 e MgSO4) penetram no concreto
por capilaridade, permeabilidade ou difusão e podem reagir com o hidróxido
de cálcio (CH), Aluminatos (C3A) e C-S-H, formando etringita tardia ou gipsita
(expansivos).

Essa fissuração facilita ainda mais a entrada de cloretos e a


carbonatação despassivando a armadura e provocando sua corrosão

O que fazer?

Reação Álcali-Agregado: usar agregados não reativos......ensaios....

Ataque por sulfatos: quando contato com sulfatos, usar cimento RS


(resistente a sulfatos: baixo teor de aluminatos – C3A) ou pozolânicos

DURABILIDADE DOS PLÁSTICOS

16
Dilema dos plásticos: poucos duram tanto quanto a vida útil dos
edifícios onde eles são empregados; então são adicionados
estabilizantes para aumentar a durabilidade; mas isto pode gerar
problemas com o meio ambiente...

FATORES AMBIENTAIS DE DESGASTE

ð LUZ SOLAR (FOTODEGRADAÇÃO)


→ UV do espectro solar (alta energia) vão cortar ligações atômicas
→ Reação em cadeia acelerada pela temperatura, presença de O2.
ð OXIDAÇÃO
→ Reação em cadeia cortando ligações atômicas sob a ação de O2.

ð CALOR
→ Evolução lenta e irreversível da estrutura, composição e morfologia
do material quando exposto à temperatura
→ Corta ligações atômicas fracas sob a ação do calor
→ Ex.: um aumento de 10oC dobra a velocidade de degradação

CALOR + LUZ SOLAR (UV) + OXIDAÇÃO = TERMO-FOTO OXIDAÇÃO

17
ð EFEITO DA ORIENTAÇÃO E LOCALIZAÇÃO
- No hemisfério sul → Efeito menor da radiação solar (UV) e variações de
temperatura na exposição sul (→ menos termo-oxidação).

- Degradação mais rápida em áreas limpas e rurais do que em locais


poluídos: → Diminuição da intensidade da radiação UV devido à “camada
protetora” de sujeira...

- Plásticos em ambientes internos se degradam menos rapidamente que


plásticos ambientes externos (→ menos termo-foto oxidação – vidros
filtram 30-50% dos UV).

- Durabilidade é menor nas regiões tropicais do que nas regiões


temperadas: maiores períodos de ensolaramento e maiores temperaturas →
maior termo-foto oxidação

PREVENÇÃO DO ENVELHECIMENTO

Adição de um aditivo retarda ou inibe as reações produzindo as reações
de degradação

Geralmente um absorvente de UV

PATOLOGIA DOS PLÁSTICOS



A degradação dos plásticos se manifesta por uma deterioração
superficial evidenciada por:
- uma perda de cor, de brilho, mudança de tonalidade
- uma aparição de manchas amarelas (amarelamento)
- uma diminuição de transparência (para plásticos transparentes),
- uma superfície mais rugosa (com mais atrito quando passa o dedo)
- pequenas deformações
- aparecimento de fissuras
- uma maior fragilidade (menor resistência aos choques)

18

Você também pode gostar