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1. apurou-se que na data de 27 de agosto de 1979, entre 12:30 e 13:00 hs., na rua Barão de
Jundiaí, nesta cidade de Jundiaí, juntamente com terceiras pessoas não identificadas,
dolosamente, por motivo torpe, com emprego de asfixia, tortura e meio cruel, e mediante
recurso que impossibilitou a defesa do ofendido, o denunciado matou Sindicalino Revoltício
da Silva;
3. como Sindicalino se enquadrava no perfil de “inimigo interno”, uma vez que era membro
atuante do Partido Comunista, no dia dos fatos foi ele abordado na via pública pelo
denunciado e seus comparsas e obrigado a acompanhá-los até aquela nefasta instalação,
onde, a pretexto de fornecer a identidade e o paradeiro de seus colegas de partido, bem
como as datas das prováveis ações subversivas das quais ele participaria, o denunciado
ordenou, sem que à vítima fosse dada qualquer oportunidade de defesa, que seus
comparsas amarrassem Sindicalino nu, no chamado “pau-de-arara” (instrumento de tortura
que consiste numa barra de ferro que é atravessada entre os punhos amarrados e as dobras
dos joelhos, sendo o conjunto colocado entre dois apoios de forma que o corpo do torturado
fica pendurado) e ele pessoalmente passou a interrogá-lo mediante a imposição de vários
outros meios cruéis, tais como chutes nas costelas, tapas concomitantes no ouvido (o
chamado “telefone”), choques elétricos, golpes desferidos com uma barra de ferro na
cabeça, asfixia pela imersão da cabeça da vítima no interior de um saco plástico e de um
balde com água, e ao cabo de quase 5 (cinco) horas de suplício, a vítima suportou inúmeras
lesões internas (rupturas do baço, fígado, intestinos e traumatismo crâneo-encefálico), que
foram causa eficiente de sua morte;
4. a autoria delitiva acabou sendo desvendada, posto que como a vítima estava de carro
quando foi capturada, a entrega do seu automóvel a seus familiares foi determinada pelo
denunciado mediante recibo, documento este que ficou guardado com a família da vítima e
cuja existência só foi revelada na data de 13 de janeiro de 1994 quando o cadáver da vítima,
mumificado naturalmente, foi acidentalmente encontrado quando de escavações para
reforma daquele imóvel da União, onde a vítima havia sido enterrada por seus algozes,
demonstrando-se que a morte violenta da vítima se deu quando ela estava em poder do
denunciado e de seus comparsas.
Assim agindo o denunciado infringiu o disposto no art. 121, parágrafo 2º, incisos I, III e IV do
Código Penal, em cujas penas desde já este órgão do Ministério Público pede sua
pronúncia, para que ao final assim se veja julgado e condenado pelo Egrégio Tribunal do
Júri, bem como requer, após recebimento e autuação desta denúncia, seja o réu citado para
o devido processo legal.
I.P. 001/79.
MM. JUIZ.
Denúncia em separado.