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FARMÁCIA

HOSPITALAR

Samuel Selbach Dries


Atribuições e
competências do serviço
de farmácia hospitalar
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar atribuições do serviço de farmácia hospitalar.


„„ Descrever competências do serviço de farmácia hospitalar.
„„ Explicar o papel do farmacêutico no serviço de farmácia hospitalar.

Introdução
A farmácia hospitalar passou por grande evolução ao longo da história.
Sua relativa importância na manipulação e dispensação de medicamentos
foi perdendo espaço com o crescimento da indústria farmacêutica e o
consequente afastamento desses profissionais. Porém, ganhou nova
significância com o surgimento dos antibióticos, momento em que se fez
necessária a presença, dentro da farmácia, de profissionais qualificados
com conhecimento específico para prover serviços adequados e melhor
aproveitamento dos novos insumos disponíveis (MAIA NETO, 2005).
Atualmente, a farmácia hospitalar faz parte da base fundamental
da prestação do serviço hospitalar de qualidade e, em razão da alta
complexidade de suas atividades, encontra na Sociedade Brasileira de
Farmácia Hospitalar os parâmetros mínimos para o seu estabelecimento
(SBRAFH, 2017).
Neste capítulo, você vai conhecer o serviço de farmácia hospitalar, seu
papel dentro da instituição hospitalar, por meio dos objetivos designados
a esse setor, suas definições e a implicância do seu cumprimento de forma
efetiva e eficaz. Além disso, serão abordadas as atribuições essenciais do
serviço de farmácia hospitalar, contemplando individualmente os itens de
caráter técnico-administrativo, com enfoque na assistência farmacêutica.
Por fim, você vai entender o papel do farmacêutico hospitalar dentro
2 Atribuições e competências do serviço de farmácia hospitalar

desse serviço e as diferentes possibilidades de atuação desse profissional


dentro do âmbito hospitalar.

Objetivos e atribuições essenciais do serviço


de farmácia hospitalar
Ao longo dos anos, com o surgimento das diversas especialidades farmacêu-
ticas, o papel da farmácia hospitalar evoluiu de ponto de armazenamento e
dispensação de materiais e medicamentos para atualmente representar ampla
participação, desde a gestão dos serviços e produtos até o envolvimento em
todas as etapas da prestação de cuidados à saúde, garantindo sua qualidade
por meio da assistência farmacêutica (SBRAFH, 2017; MAIA NETO, 2005).
O Conselho Federal de Farmácia define farmácia hospitalar como “[...] a
unidade clínica, administrativa e econômica, dirigida por farmacêutico,
ligada hierarquicamente à direção do hospital ou serviço de saúde e integrada
funcionalmente com as demais unidades administrativas e de assistência ao
paciente” (BRASIL, 2008).
Tendo em vista esse vasto espectro de atividades, a farmácia hospitalar é
guiada por uma série de objetivos, conforme o Quadro 1, cuja importância
é baseada mais no modo e na seriedade com que serão cumpridos do que
simplesmente no fato de atendê-los, observando seu alcance com eficiência e
eficácia, voltados para a assistência ao paciente de forma integrada às demais
atividades hospitalares (DANTAS, 2011; MAIA NETO, 2005; GOMES; REIS,
2000).

Quadro 1. Objetivos da farmácia hospitalar divididos pelas suas diferentes competências

Componente Objetivo da farmácia hospitalar

Gerenciamento Prover estrutura organizacional e infraestrutura


que viabilizem as ações da farmácia.

Seleção de Definir os medicamentos necessários para


medicamentos suprir as necessidades do hospital segundo
critérios de eficácia e segurança (seguidos por
qualidade, comodidade, posológica e custo).

(Continua)
Atribuições e competências do serviço de farmácia hospitalar 3

(Continuação)

Quadro 1. Objetivos da farmácia hospitalar divididos pelas suas diferentes competências

Componente Objetivo da farmácia hospitalar

Programação Definir especificações técnicas e quantidade dos


medicamentos a serem adquiridos, tendo em vista
o estoque, os recursos e os prazos disponíveis.

Aquisição Suprir a demanda do hospital, tendo


em vista a qualidade e o custo.

Armazenamento Assegurar a qualidade dos produtos em estoque e


fornecer informações sobre as movimentações realizadas

Distribuição Fornecer medicamentos em condições adequadas e


tempestivas com garantia de qualidade do processo.

Informação Disponibilizar informações independentes, objetivas


e apropriadas sobre medicamentos e seu uso racional
a pacientes, profissionais de saúde e gestores.

Seguimento Acompanhar o uso de medicamentos prescritos a cada


farmacoterapêutico paciente individualmente, assegurando o uso racional.

Farmacotécnica Elaborar preparações magistrais e oficinais,


disponíveis no mercado, e/ou fracionar especialidades
farmacêuticas para atender às necessidades
dos pacientes, resguardando a qualidade.

Ensino e pesquisa Formar recursos humanos para a farmácia e para


a assistência farmacêutica. Produzir informação e
conhecimento que subsidiem o aprimoramento
das condutas e práticas vigentes.

Fonte: Adaptado de Dantas (2011).

A definição desses objetivos visa à organização, ao fortalecimento e ao


aprimoramento das ações da assistência farmacêutica em hospitais, tendo como
eixos estruturais a segurança e a promoção do uso racional de medicamentos
e de outras tecnologias em saúde. As diretrizes, leis e estratégias que regem
as atividades hospitalares foram estabelecidas justamente para garantir que
tais eixos sejam considerados de forma plena e consciente, pois promovem
a melhoria das condições da assistência à saúde da população, otimizando
4 Atribuições e competências do serviço de farmácia hospitalar

resultados clínicos, econômicos e aqueles relacionados à qualidade de vida


dos usuários (BRASIL, 2010).
Quanto às competências administrativas desses objetivos, as práticas
gerenciais se focam na condução de processos mais seguros e de qualidade,
valorizando a gestão de pessoas e processos com abordagem de responsa-
bilidade social e ambiental. Essas competências devem seguir conceitos da
economia em saúde, técnicas de controle de custos e buscar constantemente
ações economicamente viáveis e soluções sustentáveis para a instituição
hospitalar. Por outro lado, quanto às competências clínicas, o foco da assis-
tência farmacêutica deve ser o atendimento das necessidades do paciente,
compreendendo medicamentos e demais produtos de saúde como instrumentos
para alcançar o atendimento de uma terapia de qualidade (SBRAFH, 2017).
O atendimento desses processos de forma segura e sem sobrecarga ocu-
pacional requer que a unidade de farmácia hospitalar conte com recursos hu-
manos, farmacêuticos e auxiliares, em quantidade suficiente para a realização
das atividades, que será definida pelos recursos financeiros disponíveis, pelas
ações desenvolvidas e suas complexidades e pelo grau de informatização e
mecanização da farmácia (DANTAS, 2011).
Para garantir o cumprimento dos objetivos e assegurar o acesso da popula-
ção a serviços farmacêuticos de qualidade, a Sociedade Brasileira de Farmácia
Hospitalar define grupos de atribuições essenciais a farmácia hospitalar, que
são os seguintes (SBRAFH, 2017):

„„ gestão;
„„ desenvolvimento de infraestrutura;
„„ logística farmacêutica e preparo de medicamentos;
„„ otimização da terapia medicamentosa;
„„ farmacovigilância e segurança do paciente;
„„ informações sobre medicamentos e produtos para saúde;
„„ ensino, educação permanente e pesquisa.

Competências do serviço de farmácia hospitalar


Um dos grandes desafios do serviço de farmácia é justamente planejar e
gerenciar a forma pela qual as diversas atribuições do setor serão cumpridas.
Obviamente, vários fatores que influenciam esse planejamento, tornando-o
diferente de farmácia à farmácia. No entanto, algumas dicas podem ser seguidas
para nortear o trabalho inicial. Acompanhe-as a seguir.
Atribuições e competências do serviço de farmácia hospitalar 5

Gestão
A direção técnica hospitalar, sob responsabilidade exclusiva do farmacêutico,
desenvolve a estrutura organizacional da unidade, conforme as normativas
vigentes. Essa estrutura inicia a partir da missão, dos valores e da visão de
futuro do serviço de saúde (hospital), que deverão servir de guia para as
atividades realizadas. Para o cumprimento e o acompanhamento da implan-
tação desses princípios, é estabelecido o planejamento estratégico, no qual,
utilizando o auxílio de indicadores, é possível avaliar o desenvolvimento e
a aplicação desse serviço. O monitoramento e o registro dessas atividades
são fundamentais para a avaliação contínua do seu desempenho e permite o
estabelecimento de ações preventivas ou de correção dos quesitos identificados
como não conformes ou insuficientes (SBRAFH, 2017).
A gestão também compreende o provimento do corpo funcional capacitado
para a execução dos serviços, cuja dimensão deve estar adequada às neces-
sidades do hospital, conforme porte e complexidade deste. A direção técnica
deve garantir que a equipe se submeta a contínuo aperfeiçoamento por meio
de treinamentos de capacitação e qualificação, além de garantir a assistência
farmacêutica em período integral de funcionamento da instituição e a elabora-
ção de planos de contingência para situações emergenciais (SBRAFH, 2017).

Desenvolvimento de infraestrutura
A infraestrutura implantada deve ser adequada para o cumprimento dos ser-
viços farmacêuticos, de acordo com a missão e os valores estabelecidos, com
a legislação sanitária, trabalhista e profissional. As instalações, os móveis e
os equipamentos devem ser compatíveis com o perfil do serviço farmacêutico
e atualmente é praticamente indispensável a implantação de um sistema de
gestão informatizado. Além disso, a estrutura física deve dispor de áreas
específicas para a segregação de produtos (como medicamentos vencidos,
por exemplo) e área para fracionamento. Outros itens contemplados pelo
desenvolvimento de infraestrutura adequada compreendem os itens tecnoló-
gicos, como computadores e impressoras, realização de calibração periódica
de equipamentos e instrumentos e manutenção preventiva e corretiva, tanto
das instalações físicas quanto dos instrumentos de medição (SBRAFH, 2017;
BRASIL, 2010). A infraestrutura costuma ser um ponto bastante frágil, dado
que envolve demandas financeiras nem sempre disponíveis a contento. Nesse
sentido, o papel do farmacêutico é o de garantir um ambiente seguro que atenda
às normativas sanitárias, ponderando a realidade do hospital onde se encontra.
6 Atribuições e competências do serviço de farmácia hospitalar

Logística farmacêutica e preparo de medicamentos


É de responsabilidade da farmácia o armazenamento, a distribuição, a dis-
pensação e o controle de todos os medicamentos utilizados no âmbito hos-
pitalar. Muitas vezes, conforme a organização da instituição, pode ainda ser
responsável pelo gerenciamento de produtos de saúde diversos. Cabe lembrar
que as políticas que regulamentam essas atividades são estabelecidas com a
participação de toda a equipe multiprofissional, que, como um todo, têm como
foco garantir a segurança do paciente (SBRAFH, 2017).
Para isso, todas as etapas da logística farmacêutica devem ser meticulosa-
mente observadas e monitoradas pelo farmacêutico e compreendem a análise
da prescrição médica, com o correto registro de intervenções e decisões
tomadas e dupla checagem no ato da dispensação. Os sistemas utilizados
devem possibilitar a rastreabilidade das informações ao longo de todo o fluxo
do processo (SBRAFH, 2017).

Otimização da terapia medicamentosa


O uso racional de medicamentos compreende a escolha da farmacoterapia
adequada, de qualidade garantida, cuja dose, forma farmacêutica e posologia
sejam as mais adequadas e convenientes para o paciente, selecionada a fim de
atingir seus efeitos benéficos e minimizar a ocorrência de eventos adversos.
Deve, ainda, contemplar o menor custo possível. Portanto, a otimização da
terapia medicamentosa consiste em uma série de ações relacionadas à inter-
venção terapêutica que visam a promover o uso racional de medicamentos e
garantir a qualidade de vida do paciente (SBRAFH, 2017; BRASIL, 2010).
A otimização da terapia medicamentosa consiste essencialmente na par-
ticipação ativa do farmacêutico no planejamento do plano terapêutico, na
avaliação da prescrição medicamentosa para verificação do atendimento de
todos os parâmetros, no acompanhamento farmacoterapêutico, na intervenção
em casos de identificação de problemas relacionados ao medicamento, no
monitoramento de grupos específicos de pacientes, como no caso de crianças
e idosos, e na realização da conciliação ou reconciliação medicamentosa do
paciente, desde o momento da internação até a alta hospitalar (SBRAFH, 2017).
Atribuições e competências do serviço de farmácia hospitalar 7

Farmacovigilância e segurança do paciente


A detecção precoce de riscos ligados à farmacoterapia pode ser crucial para a
prevenção de reações adversas e auxilia os profissionais da saúde a garantirem
a melhor relação risco-benefício no momento da seleção da terapêutica a ser
adotada. Para possibilitar essa detecção e minimizar os riscos, é necessária
a implantação da farmacovigilância, que abrange as atividades de detecção,
avaliação, compreensão e prevenção de problemas relacionados ao medica-
mento, cuja execução demanda a coleta de informações junto aos profissionais
envolvidos diretamente com o medicamento em âmbito hospitalar (DANTAS,
2011).
O surgimento de reações adversas e sua avaliação, o uso de medicamentos
de baixa qualidade, os erros de medicação, a perda de efetividade ou, ainda,
os casos de intoxicação e interações, além de abuso e uso de medicamentos
para fins não aprovados ou previstos em bases científicas (uso off label) são
algumas das questões que devem ser monitoradas e registradas pela farmácia
a fim de minimizar os riscos da farmacoterapia (SBRAFH, 2017).
As atividades de farmacovigilância estão diretamente ligadas à garantia
da segurança do paciente, pois, além de garantir a qualidade de vida dele e de
seus familiares, permite aos gestores e profissionais da saúde oferecer uma
assistência segura (SBRAFH, 2017).
Em 2004, a Organização Mundial de Saúde criou o Patient Safety Program
(Programa de Segurança do Paciente), com a finalidade de organizar conceitos
e definições e propor medidas para a redução de riscos e efeitos adversos.
No ano de 2013, os protocolos básicos então estabelecidos pela Organização
Mundial de Saúde foram adotados pelo Ministério da Saúde para a imple-
mentação em todos os estabelecimentos de saúde do Brasil. Veja-os a seguir
(BRASIL, 2013b, 2013c):

„„ Identificar corretamente o paciente.


„„ Melhorar a comunicação entre profissionais de saúde.
„„ Melhorar a segurança na prescrição, no uso e na administração de
medicamentos.
„„ Assegurar cirurgia em local de intervenção, procedimento e pacientes
corretos.
„„ Higienizar mãos para evitar infecções.
„„ Reduzir o risco de quedas e de úlceras por pressão.
8 Atribuições e competências do serviço de farmácia hospitalar

Medidas como a criação do Núcleo de Segurança do Paciente, a obri-


gatoriedade da notificação dos eventos adversos e a elaboração do Plano
de Segurança do Paciente, instituídas pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária por meio da Resolução nº 36, de 2013 (BRASIL, 2013a), promovem
a prevenção de incidentes e a articulação de processos minimizadores de
riscos, complementando os protocolos anteriormente citados (SBRAFH, 2017).

Informações sobre medicamentos e


produtos para saúde
Informações seguras referentes aos medicamentos e produtos de saúde, de
origem técnico-científica confiável e atualizada, garantirão que toda a cadeia
de indivíduos envolvidos no processo de cuidado do paciente contribua para
a promoção da qualidade dos serviços prestados e o melhor aproveitamento
da farmacoterapia selecionada. É de responsabilidade do farmacêutico asse-
gurar que as informações científicas prestadas sejam idôneas e baseadas em
evidências, sendo registradas e documentadas. A participação do profissional
nas comissões multiprofissionais institucionais é essencial para a divulgação
e a triagem dessas informações. As equipes de saúde, os estudantes, os pa-
cientes, os familiares, os cuidadores e a sociedade em geral recebem essas
informações de forma passiva, por meio da ocorrência de uma demanda,
ou de forma ativa, que ocorre por meio da elaboração de guias, boletins e
informativos (SBRAFH, 2017).

Ensino, educação permanente e pesquisa


Todas as atividades relacionadas aos serviços oferecidos pela farmácia hos-
pitalar devem ter sua qualidade preservada e sempre aprimorada. Para que
isso ocorra, o desenvolvimento de atividades voltadas ao ensino, à educação
continuada e à pesquisa desempenham papel fundamental. Essas atividades
podem compreender, por exemplo, processos de ensino e pesquisa relacio-
Atribuições e competências do serviço de farmácia hospitalar 9

nados a programas de graduação, visitas técnicas, capacitações, residências


e estágios, além da participação no cuidado direto com o paciente junto à
equipe multiprofissional (SBRAFH, 2017). A Comissão de Ética em Pesquisa
também conta com participação ativa do farmacêutico, investindo em estudos
clínicos farmacoepidemiológicos, farmacoeconômicos, de desenvolvimento e
de avaliação de produtos e processos hospitalares, para a otimização destes.

Papel do farmacêutico no serviço


de farmácia hospitalar
O farmacêutico hospitalar é o profissional responsável por atividades clínicas,
administrativas e consultivas com o objetivo de promover a racionalização
de custos, o uso racional de medicamentos e a orientação aos pacientes, além
de atuar na gestão da logística farmacêutica e participar das comissões hos-
pitalares, sendo referência na promoção da saúde por meio da assistência
farmacoterapêutica (DANTAS, 2011). Esse profissional tem uma conduta
interdisciplinar, integrando a farmácia hospitalar com os demais serviços e
unidades clínicas (SBRAFH, 2017).
A assistência farmacêutica, conforme Lei nº 13.021/2014, é definida pelo
conjunto de ações aplicadas a fim de promover, proteger e recuperar a saúde
individual e/ou coletiva, desde atividades como pesquisa e produção, até a
seleção, a distribuição, a dispensação e a garantia de qualidade dos produtos e
serviços, tendo o medicamento e os insumos farmacêuticos como ponto central
de sua atenção, seguidos do acompanhamento e da supervisão dos resultados
alcançados, utilizando a documentação e o registro de todo o processo para
a avaliação do impacto dessas ações no benefício da qualidade de vida do
paciente e de seus familiares (BRASIL, 2014; GOMES; REIS, 2000).
De acordo com a Resolução nº 492, de 26 de novembro de 2008, que
regulamenta o exercício profissional no setor público e privado, as principais
atribuições do farmacêutico foram agrupadas em cinco grandes áreas, descritas
na Figura 1.
10 Atribuições e competências do serviço de farmácia hospitalar

Figura 1. Atividades do farmacêutico hospitalar.


Fonte: Dantas (2011, documento on-line).

Atividades logísticas
Compete ao farmacêutico a responsabilidade sobre as atividades de logística
hospitalar referentes a planejamento, implementação, controle, fluxo e arma-
zenagem de materiais médico-hospitalares, medicamentos e outros materiais,
bem como a aplicação adequada de custos e a elaboração de normas e controles
para a sua regulamentação (DANTAS, 2011; BRASIL, 2008).

Atividades de manipulação/produção
Para a manipulação de fármacos, a legislação vigente preconiza o atendi-
mento às boas práticas de manipulação em farmácia, conforme Resolução da
Diretoria Colegiada da Anvisa nº 67/2007, que prevê as condições mínimas
necessárias para a sua realização. Por conta dos itens exigidos, tal atividade
se torna inviável para hospitais de menor porte, porém, para aqueles que
atendem às exigências, sua implantação possibilita a adaptação de fórmulas
magistrais, oficinais e parenterais à necessidade da população atendida e pode,
ainda, trazer vantagens de interesse estratégico e econômico (DANTAS, 2011;
BRASIL, 2007).
Atribuições e competências do serviço de farmácia hospitalar 11

Atividades focadas no paciente


O conceito de farmácia clínica é definido pelo Comitê de Farmácia Clínica
da Associação Americana de Farmacêuticos Hospitalares como a ciência da
saúde que visa a garantir, mediante aplicação de conhecimentos e funções, o
uso seguro e apropriado dos medicamentos, necessitando, portanto, de edu-
cação especializada e interpretação de dados que otimizem a farmacoterapia,
promovam saúde e bem-estar e previnam o surgimento de doenças.
Essa prática compreende um grupo de cuidados farmacêuticos baseados em
valores éticos, envolvendo de forma integrada à equipe de saúde e também as
especificidades biopsicossociais do paciente. Tais cuidados abrangem educação
em saúde, orientação farmacêutica, dispensação, atendimento farmacêutico,
acompanhamento farmacoterapêutico, registro sistemático das atividades e
mensuração e avaliação dos resultados (DANTAS, 2011).

Com o objetivo de estimular e apoiar a expansão da atuação clínica do farmacêutico


no país, em 2016 o Conselho Federal de Farmácia lançou o Programa de Suporte ao
Cuidado Farmacêutico na Atenção à Saúde, acompanhado da publicação de uma série
de diretrizes, dentre elas a contextualização e o arcabouço conceitual relacionados
aos serviços e procedimentos farmacêuticos diretamente destinados ao paciente, à
família e à comunidade. Acesse o link a seguir para ter acesso às diretrizes.

https://qrgo.page.link/i9WFB

Atividades intersetoriais
A alta complexidade do ambiente hospitalar permite a exploração da ação
conjunta de profissionais com diferentes formações no objetivo comum de
garantir a melhora da saúde dos pacientes atendidos. Dessa forma, o far-
macêutico hospitalar pode atuar desenvolvendo atividades intersetoriais,
como programas de pesquisas clínicas e capacitações de ensino, abrangendo
estágios curriculares do ensino superior, palestras e cursos para a equipe
multidisciplinar, pacientes e público externo. Além disso, o farmacêutico tem
a possibilidade de participar das diversas comissões hospitalares e do Centro
de Informações de Medicamentos, responsável pela seleção e sistematização
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de informações atualizadas sobre medicamentos, de maneira a responder a


demandas dos membros da equipe de saúde e da comunidade (DANTAS, 2011).

Controle de qualidade
A preocupação com a preservação da vida e a melhoria permanente da quali-
dade dos serviços oferecidos pela instituição hospitalar movimenta esforços
constantes em direção ao aprimoramento da gestão e da assistência, visando
à integração harmônica das áreas médica, tecnológica, administrativa, eco-
nômica, assistencial e de docência e pesquisa, quando houver. O controle de
qualidade é o serviço que garante a cultura de qualidade da instituição. Por
meio dele, o hospital pode se submeter a acreditações referentes ao padrão
dos serviços oferecidos, tornando-se um diferencial para a instituição. Dentro
desse contexto, o papel do serviço de farmácia hospitalar é o de garantir a
satisfação de clientes externos (pacientes) e internos (médicos, enfermeiros
e demais profissionais da saúde (DANTAS, 2011).

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 67, de 8 de outubro de 2007.


Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para
Uso Humano em farmácias. Brasília, DF, 2007. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.
br/bvs/saudelegis/anvisa/2007/rdc0067_08_10_2007.html. Acesso em: 15 dez. 2019.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 36, de 25 de julho de 2013.
Institui Ações para a Segurança do Paciente em Serviços de Saúde e dá outras provi-
dências. Brasília, DF, 2013a. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
anvisa/2013/rdc0036_25_07_2013.html. Acesso em: 15 dez. 2019.
BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 492, de 26 de novembro de 2008.
Regulamenta o exercício profissional nos serviços de atendimento pré-hospitalar, na
farmácia hospitalar e em outros serviços de saúde, de natureza pública ou privada.
Brasília, DF, 2008. Disponível em: http://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/492.
pdf. Acesso em: 15 dez. 2019.
BRASIL. Lei nº 13.021, de 8 de agosto de 2014. Dispõe sobre o exercício e a fiscalização das
atividades farmacêuticas. Brasília, DF, 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13021.htm. Acesso em: 15 dez. 2019.
Atribuições e competências do serviço de farmácia hospitalar 13

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 4.283, de 30 de dezembro de 2010. Aprova as


diretrizes e estratégias para organização, fortalecimento e aprimoramento das ações
e serviços de farmácia no âmbito dos hospitais. Brasília, DF, 2010. Disponível em: http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt4283_30_12_2010.html. Acesso em:
15 dez. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.377, de 9 de julho de 2013. Aprova os Protoco-
los de Segurança do Paciente. Brasília, DF, 2013b. Disponível em: http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt1377_09_07_2013.html. Acesso em: 15 dez. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.095, de 24 de setembro de 2013. Aprova os
Protocolos Básicos de Segurança do Paciente. Brasília, DF, 2013c. Disponível em: http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2095_24_09_2013.html. Acesso em:
15 dez. 2019.
DANTAS, S. C. C. Farmácia e controle das infecções hospitalares. Pharmacia Brasileira, n.
80, p. 3–20, fev./mar. 2011. Disponível em: http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/
pdf/130/encarte_farmacia_hospitalar.pdf. Acesso em: 15 dez. 2019.
GOMES, M. J. V. de M.; REIS, A. M. M. Ciências farmacêuticas: uma abordagem em farmácia
hospitalar. São Paulo: Atheneu, 2000.
MAIA NETO, J. F. Farmácia Hospitalar e suas interfaces com a saúde. São Paulo: Rx, 2005.
SBRAFH. Padrões mínimos para farmácia hospitalar e serviços de saúde. 3. ed. Goiânia:
SBRAFH, 2017. Disponível em: http://www.sbrafh.org.br/site/public/docs/padroes.pdf.
Acesso em: 15 dez. 2019.

Leitura recomendada
WORLD ALLIANCE FOR PATIENT SAFETY. WHO draft guidelines for adverse event reporting
and learning systems: from information to action. Geneva: World Health Organization,
2005.

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