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Capítulo 3

André Lucas Sena Durães de Souza


Fábio Marcio Lima de Sousa
Kátia Cristina Guimarães Loureiro
Renan Cavalcante Sá
Jefferson Raphael Gonzaga de Lemos

A fitoterapia é uma prá tica terapê utica milenar que utiliza as plantas medicinais
como forma de prevençã o, tratamento e cura de diversas doenças. A busca por alternativas
terapê uticas naturais tem ganhado cada vez mais importâ ncia, devido à crescente
preocupaçã o com os efeitos colaterais e à resistê ncia aos medicamentos convencionais. A
fitoterapia se destaca como uma abordagem promissora, pois, alé m de possuir uma
grande variedade de plantas medicinais, també m apresenta menor toxicidade e custo
reduzido em comparaçã o com os medicamentos sinté ticos (SAAD et al., 2021).
Dentre as plantas medicinais utilizadas na fitoterapia, a Mikania glomerata,
popularmente conhecida como guaco, tem sido amplamente estudada devido à s suas
propriedades terapê uticas no tratamento de doenças respirató rias. O guaco é conhecido
por suas propriedades broncodilatadoras, anti-inflamató rias e antitussı́genas, sendo
tradicionalmente utilizado no alı́vio de condiçõ es como asma, bronquite e tosse (COSTA et
al., 2019).
Alé m dos benefı́cios terapê uticos, essa planta també m apresenta um perfil quı́mico
interessante, com a presença de diversos metabó litos secundá rios. Estudos tê m
demonstrado a presença de compostos como cumarinas, flavonoides, terpenoides e
esteroides em sua composiçã o, que contribuem para as propriedades medicinais
atribuı́das à planta (SILVA, 2022).
No contexto do Sistema Unico de Saú de (SUS), a fitoterapia tem ganhado destaque
como uma estraté gia para a promoçã o da saú de e para o tratamento de doenças, inclusive
as respirató rias. O SUS reconhece a eficá cia, o baixo custo e a importâ ncia dos fitoterá picos
e indica o guaco como um dos medicamentos integrantes da Relaçã o Nacional de
Medicamentos Essenciais (RENAME) (FILHO; ZANCHETI, 2020).
Com a chegada da pandemia de COVID-19, a importâ ncia do uso de plantas
medicinais, como a Mikania glomerata, no tratamento alternativo de doenças
respirató rias, tornou-se ainda mais evidente. A busca por terapias complementares e
alternativas ganhou destaque, impulsionada pela necessidade de encontrar opçõ es
eficazes e acessı́veis para auxiliar no enfrentamento da doença. A utilizaçã o do Mikania
glomerata como parte da terapê utica alternativa no tratamento da COVID-19 tem
despertado o interesse de pesquisadores, que buscam investigar seus possı́veis efeitos
bené ficos e trazer contribuiçõ es no contexto do SUS (SANTOS et al., 2019).
Diante desse cená rio, este artigo teve como objetivo analisar o uso da fitoterapia
pelo SUS e como a Mikania glomerata (guaco) contribui no tratamento alternativo de
doenças respirató rias, com enfoque na COVID-19. Para isso, foram abordados aspectos
histó ricos do uso de plantas medicinais na cultura popular, a utilizaçã o de fitoterá picos no
SUS para o tratamento de doenças respirató rias e a importâ ncia do guaco no â mbito desse
sistema no tratamento dessas enfermidades.

O uso de plantas medicinais é uma prá tica tã o antiga quanto a civilizaçã o humana.
Desde entã o, conforme sinalizado por Saad et al. (2021), esforços tê m sido feitos para
aprimorar as plantas medicinais ou produzir seus produtos em grandes quantidades
mediante vá rias tecnologias. Nesse sentido, a natureza é uma fonte de compostos com

potencial para tratar diversas doenças, muitos dos quais sã o transmitidos de geraçã o em
geraçã o, por meio da sabedoria e cultura popular (DE SOUZA et al., 2021). Diante disso, os
farmacê uticos estã o sempre procurando novas opçõ es terapê uticas para tratar as diversas
doenças que afetam os seres humanos (COSTA et al., 2019).
Os autores sinalizam que isso ocorre, pois a Amazô nia e a Mata Atlâ ntica sã o
exemplos de regiõ es que possuem diversidade de macro e microespé cies, tanto de
ambientes terrestres quanto aquá ticos, que produzem compostos estruturalmente ú nicos,
alé m de serem as principais fontes de medicamentos em muitos paı́ses, contando,
inclusive, com regiõ es ainda inexploradas (DE SOUZA et al., 2021).
A importâ ncia de compreender o uso das plantas medicinais decorre també m do
fato de que elas possuem princı́pios ativos que ajudam no tratamento das doenças e
podem levar até mesmo à cura, sendo utilizadas na forma de chá s ou infusõ es (SAAD et
al., 2021). Ademais, conforme apontam Santos et al. (2019), atualmente, há vá rios fatores
que tê m impulsionado a utilizaçã o das plantas como recurso medicinal, incluindo o
elevado custo dos medicamentos sinté ticos produzidos industrialmente, a dificuldade de
acesso da populaçã o aos cuidados mé dicos e a tendê ncia de recorrer a produtos de origem
natural.
Nesse sentido, necessá rio se faz compreender sobre a fitoterapia, que é a ciê ncia a
qual trata do uso terapê utico de plantas medicinais e fitoterá picos em pessoas doentes,
cujo termo foi introduzido pelo mé dico francê s Henry Leclerc (1870–1955), reconhecido
internacionalmente e que deve ser entendido como uma distinçã o clara da medicina
fitoterá pica nã o cientı́fica (COSTA et al., 2019).
Contudo, existem evidê ncias cientı́ficas da eficá cia das plantas medicinais
utilizadas na fitoterapia, muitas delas no â mbito do SUS, que podem ser encontradas em
á reas mé dicas, principalmente na farmá cia, onde se concentra essencialmente nos
compostos, em seus efeitos, nos benefı́cios e riscos (FILHO; ZANCHETT, 2020).
Conforme o estudo desenvolvido por Santos et al. (2019), que aborda o
conhecimento tradicional sobre plantas medicinais na conservaçã o da biodiversidade
amazô nica, por meio de uma pesquisa realizada a partir de entrevistas com ribeirinhos e
agricultores familiares na regiã o amazô nica do Brasil, os resultados mostraram que as
plantas medicinais sã o importantes na cultura e na subsistê ncia dessas comunidades,
alé m de serem utilizadas como alternativas terapê uticas em algumas situaçõ es.
Os autores destacam a importâ ncia de valorizar o conhecimento tradicional sobre
o uso das plantas medicinais e integrá -lo à s polı́ticas de conservaçã o da biodiversidade
(FILHO; ZANCHETI, 2020), ratificando o entendimento de Borges e Sales (2018) quanto à
importâ ncia da temá tica devido à notoriedade que esta vem ganhando como meio de
valorizaçã o da cultura e dos saberes tradicionais.
Assim, por se tratar de recurso tradicionalmente usado como remé dio popular
para tratar as doenças respirató rias, recentemente, deu-se inı́cio a algumas discussõ es
sobre o uso do extrato de M. glomerata para o tratamento da COVID-19 (pandemia
instaurada no Brasil e no mundo em março de 2020).

O guaco (Mikania glomerata) é conhecido na cultura popular brasileira,


notadamente das Regiõ es Sul, Sudeste e Nordeste, onde há muito tempo é utilizado para

o tratamento de doenças ligadas à s vias respirató rias, entre elas, tosse, asma, rouquidã o e
bronquite (BRASIL, 2018; 2021). A planta que lhe dá origem també m é conhecida como
erva-de-serpentes, cipó -catinga ou erva-de-cobra e se trata de uma trepadeira volú vel de
folhas simples de até 15 centı́metros de comprimento e 7 centı́metros de largura, cuja
composiçã o quı́mica é constituı́da de sesquiterpenos e diterpenos, estigmasterol,
flavonoides, cumarinas, resinas, taninos, saponinas, guacosı́deos e á cido clorogê nico,
sendo seu marcador quı́mico a cumarina (DE MELO; SAWAYA, 2015).
A atividade farmacoló gica da espé cie Mikania glomerata é realizada desde longa
data, mas existem poucos estudos visando preparar produtos padronizados que garantam
uma produçã o uniforme, doses eficazes e estabilidade (BRASIL, 2018). Os estudos
disponı́veis, a exemplo de Garcia (2017), sobre a avaliaçã o da atividade broncodilatadora
do xarope de guaco, e de Groeler (2020), acerca do processo de extraçã o da Mikania
glomerata, indicam que a principal forma farmacê utica utilizada, contendo derivado da
droga vegetal, é o xarope.
Nesse sentido, os estudos iniciais demonstraram que a Mikania glomerata pode ter
propriedades antivirais e anti-inflamató rias e que estas podem ser ú teis no tratamento de
algumas doenças respirató rias, incluindo a COVID-19. No entanto, esses estudos ainda sã o
limitados, sendo necessá rias mais pesquisas para confirmar a eficá cia da M. glomerata no
tratamento dessa doença.

A metodologia adotada para o desenvolvimento deste estudo foi a revisã o de


literatura, utilizando o mé todo dedutivo e a abordagem qualitativa com objetivos
explorató rios (AQUINO, 2017; DINIZ-PEREIRA; ZEICHNER, 2017). Para tanto, foram
utilizados como fonte de dados: livros, teses, dissertaçõ es e artigos publicados nos ú ltimos
anos, nas plataformas SciELO, BVS, Pubmed e em outros sites institucionais ligados ao
tema, dentre os quais se destacam o Ministé rio da Saú de (MS) e a Agê ncia Nacional de
Vigilâ ncia Sanitá ria (Anvisa), publicados no idioma portuguê s, por meio do uso de
descritores e seleçã o em plataformas online de notó ria credibilidade ou de material
impresso.
A coleta de dados se deu como uma etapa fundamental da pesquisa, pois, por meio
dela, pretende-se obter informaçõ es que serã o utilizadas na aná lise e discussã o do tema
proposto. No caso desta pesquisa, os descritores em Ciê ncias da Saú de (DeCS): plantas
medicinais, fitoterá picos, Mikania glomerata, Polı́tica Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterá picos, SUS e COVID-19 foram utilizados de forma individual e inter-relacionada.
No caso deste estudo, os crité rios de inclusã o estã o relacionados ao perı́odo de
publicaçã o de 2017 a 2022, nas plataformas já descritas anteriormente, dando-se
preferê ncia por estudos relacionados ao uso de fitoterá picos e Mikania glomerata no
tratamento de doenças respirató rias. Crité rio de exclusã o aqueles que nã o abordavam a
temá tica, repetidos e incompletos.
Para a etapa da aná lise dos dados foi por meio da identificaçã o dos padrõ es,
tendê ncias e informaçõ es relevantes para a temá tica em estudo. A aná lise do conteú do se
deu como proposto por Aquino (2017), que sinaliza se tratar de uma abordagem ú til para
interpretar os dados coletados e compreender as informaçõ es obtidas.

A aná lise dos dados foi realizada identificando padrõ es, tendê ncias e informaçõ es
relevantes para o tema em estudo, utilizando a aná lise de conteú do proposta por Aquino
(2017). No total, foram encontrados 214 artigos relacionados à temá tica geral: “Mikania
glomerata no tratamento fitoterá pico respirató rio oferecido pelo SUS”.
Apó s a aplicaçã o dos crité rios de exclusã o, chegou-se a 111 artigos. Ao considerar
o perı́odo de interesse de 2017 a 2022, reduziu-se para 57 e, ao se restringir aos estudos
que abordavam a eficá cia do guaco e o seu uso durante a pandemia da COVID-19, chegou-
se a um total de 16 artigos relevantes para a pesquisa.
A fitoterapia, que consiste no uso terapê utico de plantas medicinais para prevenir,
tratar e curar doenças, tem se tornado uma opçã o cada vez mais valorizada no contexto
da saú de pú blica. No Brasil, em especial no Sistema Unico de Saú de (SUS), tem havido um
crescente investimento na produçã o e utilizaçã o de fitoterá picos como alternativa aos
medicamentos industrializados (SANTOS et al., 2019).
No entanto, apesar dos benefı́cios potenciais dos fitoterá picos, vá rios desafios
ainda sã o enfrentados na sua utilizaçã o, conforme sinalizado por Costa e colaboradores
(2019) ao enfatizarem sobre a importâ ncia deles na atençã o primá ria à saú de, com
destaque para a sua potencial eficá cia e segurança para o tratamento de diversas doenças.
No entanto, a falta de padronizaçã o dos extratos vegetais e a ausê ncia de regulamentaçã o
na produçã o e comercializaçã o desses medicamentos sã o questõ es que precisam ser
abordadas (OLIVEIRA et al., 2017).
Outro ponto a ser considerado refere-se à necessidade de investimentos em
pesquisas para comprovar a eficá cia e segurança das terapias fitoterá picas, bem como a
importâ ncia da formaçã o de profissionais de saú de capacitados no uso dessas terapias,
com destaque para o papel do farmacê utico (GARCIA, 2017), considerados aspectos
fundamentais para embasar o planejamento terapê utico e o uso clı́nico de plantas e
fitoterá picos.
No contexto da pesquisa sobre o uso da fitoterapia pelo SUS e o papel da Mikania
glomerata (guaco) no tratamento alternativo de doenças respirató rias, estudos
especı́ficos tê m fornecido importantes contribuiçõ es, como o de Oliveira e colaboradores
(2017), em que os autores avaliaram a eficá cia da Mikania glomerata no tratamento
alternativo de doenças respirató rias no SUS, concluindo que o uso do guaco, na forma de
xarope fitoterá pico, pode ser uma alternativa eficaz e mais acessı́vel em comparaçã o aos
medicamentos convencionais.
No estudo realizado por Garcia (2017), em que o autor buscou avaliar a atividade
broncodilatadora do xarope de guaco por meio de ensaio clı́nico randomizado, controlado
e duplo-cego, os resultados demonstraram uma melhora significativa na funçã o pulmonar
dos participantes que receberam o xarope de guaco em comparaçã o ao grupo que recebeu
placebo e, alé m disso, o xarope de guaco foi bem tolerado, apresentando poucos efeitos
colaterais relatados.
Considerando tais informaçõ es, é evidente que a fitoterapia, particularmente o uso
da Mikania glomerata, possui um potencial terapê utico relevante no tratamento
alternativo de doenças respirató rias. A aná lise crı́tica das evidê ncias cientı́ficas existentes,
aliada à abordagem interdisciplinar envolvendo aspectos quı́micos, bioló gicos e
nutricionais das plantas medicinais, tem se mostrado fundamental para embasar a
eficá cia e segurança dessas terapias (FILHO; ZANCHETT, 2020)

Em â mbito regulamentar, a Mikania glomerata está presente na Relaçã o Nacional


de Medicamentos Essenciais (RENAME), de interesse ao SUS, como uma das plantas
recomendadas para uso nesse sistema de saú de, cuja lista foi elaborada pelo Ministé rio da
Saú de com o objetivo de orientar a utilizaçã o de plantas medicinais de forma segura e
eficaz no contexto do SUS (BRASIL, 2018).
Em um estudo recente, Groeler (2020) buscou avaliar diferentes processos de
extraçã o de cumarina a partir da planta Mikania glomerata (guaco), por meio de
experimentos realizados com diferentes solventes e de té cnicas de extraçã o, incluindo
extraçã o assistida por ultrassom e extraçã o por Soxhlet, cujos resultados mostraram que
a extraçã o assistida por ultrassom com etanol 70% foi a té cnica mais eficiente para a
extraçã o de cumarina da planta, obtendo um rendimento de 1,05%, com destaque para a
influê ncia exercida por diferentes parâ metros, como tempo de extraçã o e a relaçã o
estabelecida entre planta e o melhor tipo de solvente, voltados a alcançar maior eficiê ncia
no processo de sua extraçã o e a garantir maior eficá cia no seu uso nos tratamentos
clı́nicos.
No que se refere à forma farmacê utica do guaco, de acordo com Coutinho,
Gonçalvez e Marcucci (2020), a mais comum é o xarope, que pode ser encontrado em
concentraçõ es variadas, tendo, como dosagem recomendada, para adultos, de 5 a 15
mililitros, de 2 a 4 vezes ao dia, e, para crianças acima de 2 anos, de 2,5 a 7,5 mililitros, de
2 a 4 vezes ao dia.
Quanto à s interaçõ es medicamentosas, devido à s suas propriedades
farmacoló gicas, alguns estudos, como o de De Souza et al. (2021), recomendam precauçã o
ao utilizar o guaco concomitantemente com medicamentos anticoagulantes,
antiagregantes plaquetá rios ou anti-inflamató rios nã o esteroides, pois podem
potencializar seus efeitos, ratificando a importâ ncia de sempre recorrer a um profissional
de saú de antes de iniciar o uso de qualquer medicamento.
Em relaçã o à s contraindicaçõ es, Coutinho, Gonçalvez e Marcucci (2020) alertam
para o fato de que o guaco é contraindicado para pessoas com hipersensibilidade
conhecida aos componentes da planta, merecendo cuidados especiais també m as
gestantes, lactantes e crianças com menos de 2 anos, que devem evitar o seu uso sem
orientaçã o mé dica ou farmacê utica.
Quanto à forma de preparaçã o, o guaco pode ser encontrado pronto para uso, na
forma de xarope, em farmá cias e drogarias, e, de acordo com a Anvisa, é importante seguir
as instruçõ es de uso presentes na embalagem do produto e, se necessá rio, buscar
orientaçã o de um profissional de saú de para obter informaçõ es mais detalhadas sobre o
modo de preparo e sua administraçã o em outras formas farmacê uticas, como chá s ou
cá psulas (BRASIL, 2021).
Destaca-se ainda, para alé m do até aqui abordado, que a utilizaçã o de fitoterá picos
no tratamento de doenças respirató rias pode trazer outros benefı́cios, como a reduçã o do
uso de medicamentos industrializados, a diminuiçã o dos efeitos colaterais e a melhoria da
qualidade de vida dos pacientes. Portanto, a utilizaçã o da Mikania glomerata, como
recurso terapê utico no tratamento de doenças respirató rias, tem se mostrado como uma
possibilidade viá vel e eficaz, que busca contribuir para a promoçã o da saú de e a reduçã o
dos custos com medicamentos no SUS pelos pacientes (FILHO; ZANCHETT, 2020).
Diante da pertinê ncia da temá tica, alguns estudos tê m sido divulgados no meio
acadê mico cientı́fico sobre o uso da fitoterapia como aliada no tratamento da COVID-19.

Nesse sentido, Oliveira e colaboradores (2020) apresentaram uma revisã o sobre o uso de
fitoterá picos no combate aos sintomas da COVID-19, abordando seus possı́veis
mecanismos de açã o, com destaque para algumas plantas que tê m sido utilizadas na
medicina tradicional e que possuem atividades antivirais, imunomodulató rias e anti-
inflamató rias. No entanto, ressaltaram a necessidade de estudos clı́nicos bem controlados
para comprovar a eficá cia desses fitoterá picos no tratamento da COVID-19.
També m merece atençã o o estudo realizado por De Souza et al. (2021) que abordou
sobre a utilizaçã o terapê utica da Mikania glomerata e o seu potencial no tratamento da
COVID-19, com base em estudos pré -clı́nicos, que mostraram a atividade antiviral e anti-
inflamató ria em outros coronavı́rus relacionados, destacando-se, no entanto, a
necessidade de maiores estudos clı́nicos para avaliar essa eficá cia e realizar um controle
de qualidade adequado para garantir a segurança e eficá cia desse e de outros fitoterá picos
derivados de plantas medicinais.
Outro trabalho que se propô s a realizar uma revisã o da literatura sobre o uso de
plantas medicinais, no contexto da pandemia de COVID-19, foi apresentado por Morais
(2021), no qual o autor levantou estudos que investigaram a atividade antiviral e
imunomoduladora de diversas plantas, alé m de pesquisas sobre o uso dessas plantas
como terapia complementar para sintomas da COVID-19, concluindo que o uso de plantas
medicinais pode ser uma opçã o complementar interessante para o manejo dos sintomas
da COVID-19.
Ainda em 2021, a Mikania glomerata constou do Formulário de Fitoterápicos da
Farmacopeia Brasileira, publicado pela ANVISA. A planta é indicada para o tratamento de
afecçõ es das vias respirató rias superiores, como tosse e resfriados, sendo utilizada
principalmente na forma de xarope. O formulá rio traz informaçõ es sobre a identificaçã o,
as açõ es terapê uticas, a posologia, as precauçõ es e outras informaçõ es relevantes sobre o
uso dessa e de outras plantas medicinais (BRASIL, 2021).
De acordo com a pesquisa de Campos, Do Nascimento e Da Silva (2021), foi
observado um aumento significativo na popularidade do medicamento fitoterá pico à base
de Mikania glomerata, durante o perı́odo de 2020 a 2021, amplamente utilizado no
tratamento de doenças respirató rias, como tosse, gripe e bronquite, devido à s suas
propriedades analgé sicas e anti-inflamató rias, uma vez que a sua eficá cia, no alı́vio dos
sintomas relacionados a essas condiçõ es, tem sido destacada no â mbito da saú de.
Quanto à necessidade de açõ es polı́ticas voltadas a resolver as questõ es
relacionadas à COVID-19, em especial no que se refere aos grupos vulnerá veis. Ferrante,
Duczmal e Steinmetzz (2021) debateram sobre a falta de acesso a serviços bá sicos de
saú de bem como de medidas de proteçã o especı́ficas para essas populaçõ es, destacando
que essa ausê ncia de atuaçã o do governo contribuiu para a disseminaçã o do vı́rus e para
o aumento do nú mero de mortes nas comunidades de vulnerá veis, com foco nos grupos
indı́genas e quilombolas.
As afirmaçõ es feitas pelos autores ratificam o sinalizado por Santos e
colaboradores (2019) de que, para alé m da necessidade de valorizar os saberes
tradicionais sobre plantas medicinais na regiã o amazô nica e de sua importâ ncia na
conservaçã o da biodiversidade local, fazem-se necessá rias a implementaçã o de polı́ticas
pú blicas que reconheçam e valorizem esses saberes e a preservaçã o da biodiversidade
amazô nica para a saú de humana.

Ademais, sobre os serviços farmacê uticos e seu papel fundamental para o uso
racional do Guaco como medicamento fitoterá pico, De Souza e colaboradores (2021)
destacam que os serviços prestados por esses profissionais fornecem informaçõ es e
orientaçõ es sobre a forma farmacê utica, concentraçã o e dosagem adequada.
Com base nas sı́nteses dos estudos apresentados, podemos perceber que a
fitoterapia tem se mostrado uma alternativa interessante para o tratamento de diversas
doenças, incluindo as respirató rias. A Mikania glomerata vem sendo amplamente
estudada por suas propriedades medicinais, especialmente no tratamento de doenças
respirató rias, incluindo a COVID-19. Alé m disso, a fitoterapia tem se mostrado uma
abordagem promissora na primá ria à saú de, especialmente no SUS, em que a utilizaçã o de
plantas medicinais pode ser uma alternativa eficaz e acessı́vel para muitas pessoas,
devendo, dessa forma, compor o interesse dos farmacê uticos quanto aos seus processos e
à sua utilizaçã o.

A presente pesquisa evidenciou a relevâ ncia do uso adequado de fitoterá picos e da


orientaçã o por profissionais de saú de habilitados para evitar possı́veis danos à saú de.
Alé m disso, os resultados alcançados apontam a necessidade de elaboraçã o de polı́ticas
pú blicas que incentivem o uso de fitoterá picos no SUS e a regulamentaçã o da produçã o e
comercializaçã o desses produtos.
Esses achados contribuem ainda para o avanço do conhecimento cientı́fico sobre o
uso de fitoterá picos e da Mikania glomerata no tratamento de doenças respirató rias,
trazendo novas perspectivas e possibilidades de tratamento, inclusive em crises sanitá rias
como a vivenciada durante a pandemia da COVID-19.
Foi possı́vel apreender també m sobre a importâ ncia dos saberes tradicionais na
conservaçã o da biodiversidade e utilizaçã o sustentá vel de plantas medicinais, ressaltando
a necessidade contı́nua de estudos para aprimorar o uso terapê utico dessas plantas.
Nesse contexto, o papel do farmacê utico é fundamental na promoçã o do uso
adequado de fitoterá picos, na garantia da segurança e eficá cia desses produtos, na
produçã o de fitoterá picos de qualidade e na orientaçã o e educaçã o do pú blico sobre seu
uso correto, contribuindo para a promoçã o da saú de e bem-estar da sociedade.


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