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FACULDADE METROPOLITANA SÃO CARLOS

CURSO DE DIREITO

GABRIEL FARAH PINTO DA CUNHA COTTS

A RESPONSABILIDADE CÍVIL DO INFLUENCIADOR DIGITAL NO INSTAGRAM.

Bom Jesus do Itabapoana


2023
GABRIEL FARAH PINTO DA CUNHA COTTS

A RESPONSABILIDADE CÍVIL DO INFLUENCIADOR DIGITAL NO INSTAGRAM.

Projeto de pesquisa apresentado como


requisito para aprovação na disciplina de
Projeto de Pesquisa na Faculdade
Metropolitana São Carlos, ministrada pelo Prof.

Bom Jesus do Itabapoana


2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................
2 TEMA............................................................................................................................
3 PROBLEMÁTICA.........................................................................................................
4 OBJETIVOS.................................................................................................................
4.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................................
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.....................................................................................
5 HIPÓTESES.................................................................................................................
6 JUSTIFICATIVA...........................................................................................................
7 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................
8 METODOLOGIA..........................................................................................................
9 REFERÊNCIAS............................................................................................................
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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, presenciamos um grande crescimento da influência digital


em nossas vidas. Com o advento das redes sociais, os influenciadores digitais têm
ganhado destaque como protagonistas na comunicação e na formação de opinião
de milhões de seguidores ao redor do mundo. No entanto, esse novo cenário traz
consigo uma série de desafios, especialmente no que diz respeito à
responsabilidade civil dos influenciadores digitais.
A responsabilidade civil é um conceito jurídico que visa regular as relações
interpessoais, atribuindo consequências jurídicas aos indivíduos que causam danos
a terceiros. No contexto dos influenciadores digitais, essa responsabilidade assume
uma dimensão especial, uma vez que suas atividades envolvem uma ampla
exposição e interação com o público, podendo influenciar comportamentos, opiniões
e até mesmo decisões de consumo.
Nesse sentido, surge a necessidade de compreender e analisar a
responsabilidade civil dos influenciadores digitais, tanto do ponto de vista teórico
quanto prático. O presente projeto tem como objetivo aprofundar-se nesse tema,
explorando seus aspectos legais, éticos e sociais.
Ao longo deste trabalho, serão abordados os conceitos fundamentais da
responsabilidade civil, como a teoria da culpa, o dano e o nexo causal, aplicando-os
ao contexto específico dos influenciadores digitais. Além disso, serão analisadas as
legislações e vigentes, a fim de compreender como os tribunais têm se posicionado
frente às demandas envolvendo influenciadores digitais. Para isso, serão utilizados
como referências estudos acadêmicos, artigos de especialistas na área, que
demonstram as complexidades e desafios enfrentados por influenciadores digitais e
seus impactos na sociedade.
Espera-se que este estudo contribua para o aprofundamento do conhecimento
sobre a responsabilidade civil dos influenciadores digitais, fornecendo subsídios para
a reflexão crítica e propositiva acerca do tema. Além disso, busca-se fornecer
recomendações e diretrizes para a adequação de práticas e normas que garantam
uma atuação responsável e ética dos influenciadores digitais, promovendo um
ambiente virtual mais seguro e transparente para os consumidores e a sociedade
como um todo.
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2 TEMA

A responsabilidade civil do influenciador digital é um tema atual e de extrema


relevância, uma vez que, cada vez mais, a internet tem sido acessada pelas
pessoas, criando um leque de possibilidades a serem exploradas pelas empresas
que além de alavancar suas vendas, buscam um relacionamento, uma aproximação
com seus consumidores (POLITI, 2019).
Nessa toada, o influenciador digital tornou-se peça chave na estratégia de
marketing das empresas pela sua atuação nas redes sociais como: TikTok, Twitter,
Whatsapp, Facebook, dentre outros, com destaque no Instagram, uma vez que é a
rede social mais utilizada pelos influenciadores digitais, onde buscam direcionar e
influenciar seus seguidores a figurar nessa relação também como consumidores.
Como o poder do influenciador é cada vez maior nessa relação consumerista,
maiores se tornam suas responsabilidades, de forma que suas publicidades podem
vir a trazer algum tipo de prejuízo a seus seguidores, sendo assim é necessário que
o Direito acompanhe a evolução da relação de consumo por meio do influenciador
digital, pois nem sempre essas práticas serão líticas (GASPARATTO; FREITAS;
EFING, 2019).
O Direito do Consumidor tem como principal característica proteger a parte
mais vulnerável da relação de consumo, nesse caso, o seguidor. Sendo assim, se
faz pertinente a verificação de legislações que não só protejam os
consumidores/seguidores, como também venham a punir os influenciadores que
agem de má-fé (FRANCO, 2016). Por outro lado, a responsabilização do
Influenciador Digital por meio do Código Civil – Lei 10.406/02, que visa buscar a
reparação dos danos causados aos consumidores decorrentes de atos ilícitos
praticados pelos Influenciadores Digitais. Uma vez que aqueles que detêm lucros
com a divulgação de uma empresa, produto ou serviço, também devem ser
responsabilizados por suas condutas. Portanto, serem imputados a responsabilidade
civil (GONÇALVES, 2012). Diante disso, será analisado se o Influenciador Digital
integra essa relação consumerista, considerando se há uma vinculação desse
sujeito às empresas, produtos e serviços, e também reflexionar se esses atos
sucedem de responsabilização.
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Diante do exposto, alcança-se: A RESPONSABILIDADE CIVIL DO


INFLUENCIADOR DIGITAL NO INSTAGRAM.

3 PROBLEMÁTICA

À luz da legislação consumerista, seria possível estabelecer a responsabilidade


civil do Influenciador Digital por sua conduta no Instagram?

4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral

Discorrer sobre a possibilidade de responsabilização civil do Influenciador


Digital, por seu papel na relação de consumo, perante o Ordenamento Jurídico
Brasileiro.

4.2 Objetivos Específicos

 Revisar e analisar a biografia em Direito do Consumidor e Direito Civil


sobre a responsabilidade do Influenciador Digital perante o
Ordenamento Jurídico Brasileiro.
 Avaliar a conduta do influenciador digital na relação de consumo e as
consequências de suas condutas.
 Analisar e recolher jurisprudências, entendimentos doutrinários e artigos
sobre o tema.

5 HIPÓTESES

 Hipótese 01: A responsabilização do Influenciador Digital por suas


postagens no Instagram, através da Lei 8.078/90 – Código de Defesa
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do Consumidor, responsável por combater as publicidades ilícitas


vinda de tais práticas; e de outro lado a responsabilização do
Influenciador Digital por meio da Lei 10.406/02 – Código Civil, que
visa a reparação dos danos aos seus seguidores através do ato ilícito
cometido em sua conduta.

 Hipótese 02: A responsabilização aplicada pelo código de defesa do


consumidor, considerando a chamada teoria da responsabilidade
objetiva nas relações de consumo, que preceitua a responsabilização
independente de culpa, seja por vícios ou defeitos; e a
responsabilização civil, mediante o Código Civil que no que se diz
respeito a responsabilização pelos atos cometidos pelos
Influenciadores Digitais, que em geral é a responsabilidade objetiva,
por não se exigir a culpabilidade do agente, pois há um nexo de
casualidade que liga o agente ao dano a ser reparável por sua
conduta.

6 JUSTIFICATIVA

O crescimento do número pessoas que acessam as redes sociais é

exponencial em todo do mundo e no Brasil não poderia ser diferente. O crescimento


do número pessoas que acessam as redes sociais é exponencial em todo do mundo
e no Brasil não poderia ser diferente. De acordo com um estudo da “Comscore”, o
Brasil ocupa a terceira posição global em termos de consumo de redes sociais,
sendo superado apenas pela Índia e Indonésia. O levantamento revela que os
brasileiros preferem essas plataformas em relação a outras categorias online,
colocando o país à frente de Estados Unidos, México e Argentina. De acordo com a
análise "Tendências de Social Media 2023", fica evidente que o número de usuários
conectados no Brasil, que chega a 131,5 milhões, tem dedicado um tempo cada vez
maior na internet, com destaque para as plataformas de mídia social. (PACETE,
2023). Quando se refere ao Instagram, o país é o terceiro que mais acessa, ficando
atrás de Índia e Estados Unidos, com mais de 105 milhões de acessos por mês
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(D’ANGELO, 2022).  Como esse fenômeno social tem impactado no modo de vida
no cotidiano do brasileiro, alterando sua maneira de agir, pensar e, nesse caso, de
consumir, a publicidade nas redes sociais surge então como uma ferramenta aliada
para que as marcas alcancem de forma eficaz seus consumidores. Em
contrapartida, vem também trazendo danos aos consumidores por ilicitudes
cometidas nessa relação consumerista presta a ser criada (MUNHOZ, 2022).
Nesse compasso, surge o Influenciador Digital, denominados “celebridades”
da internet, que utilizam a internet como profissão e que dentro dos objetivos, visam
acumular o maior número de seguidores possível, justamente para que sejam mais
atrativos aos olhos das empresas, que na hora de promover marcas, produtos e
serviços, vão optar pelo agente de informação, nesse caso o Influenciador Digital,
que mais pode influenciar os consumidores alvo (GALLUCCI, 2021).
A influência empregada pelo Influenciador Digital é uma técnica capaz de
modificar comportamentos sociais, mentalidades, gostos e opiniões, para tal, expõe
o seu cotidiano, o que estão fazendo, consumindo, suas preferências, gostos, etc.,
sendo assim, cria-se uma necessidade no seu seguidor, que tende a passar também
para papel de consumidor, uma vez que foi influenciado para tal (GALLUCCI, 2021).
E, nos dias atuais, o Brasil lidera o ranking mundial desse tipo de influência, ou seja,
se tornou que mais é impactado pelas postagens dos Influenciadores Digitais,
conforme o Statista Global Consumer Survey. Para se ter um parâmetro, o número
de usuário que adquiriu algum produto ou serviço, através da influencia utilizada
pelos Influenciadores Digitais, foi maior que 40% (CAPOMACCIO, 2021).
Atualmente, as redes sociais mais utilizadas para publicidade digital, são
Instagram, Facebook, YouTube e TikTok. Com isso, houve um crescimento
exponencial dos Influenciadores Digitais nessas plataformas e as empresas, se
aproveitando dessa tendência, passaram a investir na contratação dessa figura para
não só divulgar, mas para também criação de conteúdos. Dentro desse contexto, é
de suma importância que o Ordenamento Jurídico Brasileiro não fique alheio a esse
fenômeno social seus impactos, que tem agido diretamente na vida dos brasileiros,
sendo assim, por meio Código de Defesa do Consumidor e o Código Civil Brasileiro,
hei de se buscar uma proteção ao consumidor, parte mais frágil dessa relação
jurídica consumerista (MUNHOZ, 2022).
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Tratando-se do Código de Defesa do Consumidor, e a publicidade indevida, o


Influenciador Digital, pode ser considerado como fornecedor por equiparação. Com
isso, torna-se parte dessa relação de consumo, uma vez que agiu como
intermediário na compra de um produto ou até mesmo na contratação de um
serviço. Sendo assim, há uma possibilidade de trazer esse agente para a
responsabilidade que é inerente a quem o contratou, no que se refere a publicidade
de um produto ou serviço, ou quando se verifica a existência de um fato ou vício do
produto ou serviço (MUNHOZ, 2022).
O Código de Defesa do Consumidor estabelece a responsabilidade objetiva
do causador do dano, tendo como base o a teoria do risco, também presente no art.
927° do Código Civil, que diz que “aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo”. Não saindo do Código do Consumidor, é estabelecido no
art.7°, parágrafo único, que a responsabilidade é de ser considerada solidariamente,
a todos envolvida na publicidade da oferta, a possível reparação dos danos previstos
nas normas de consumo vigentes (MUNHOZ, 2022).
Indo além, Flávio Tartuce e Daniel Amorim Assumpção Neves (2017, p. 222),
apontam que quando se trata da responsabilidade civil das celebridades, nesse caso
os Influenciadores Digitais, é de se analisar a teoria da aparência, que trás ainda
mais a tona a importância do papel do Influenciador Digital nessa relação de
consumerista, uma vez que a boa fé objetiva se destaca por estarem obtendo lucro
para tal. Dessa forma, em casos de publicidade ilícita, o Influenciador Digital, pode
vir a ter responsabilidade objetiva e solidária, uma vez que se fez valer da confiança,
da persuasão e boa fé, para obter lucros na hora das postagens divulgando marcas,
produtos ou serviços (MUNHOZ, 2022).
Adiante a possiblidade de a responsabilidade civil ser alcançada em
detrimento dos casos de vícios ou defeitos do produto ou serviço (art. 18 e 20 do
CDC), que podem ser caracterizados como de qualidade, quando há uma
desconformidade com a informação prestada ou quantidade, quando o peso e/ou
medida são diferentes do anunciado. Nessa hipótese, o Código de Defesa do
Consumidor não estabelece uma diferença entre os fornecedores, tornando o
Influenciador Digital igualmente responsável, de forma objetiva, pois se considera o
poder de influencia que foi utilizado para ganhar a confiança do consumidor, por
meio da persuasão e convencimento, assim como o risco assumido ao ter lucro para
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fazer uma publicidade. Dessa forma, em casos de publicidade ilícita, o Influenciador


Digital, pode vir a ter responsabilidade objetiva e solidária, uma vez que se fez valer
da confiança, da persuasão e boa fé, para obter lucros na hora das postagens
divulgando marcas, produtos ou serviços (MUNHOZ, 2022).

7 REVISÃO DE LITERATURA

7.1 Surgimento do Influenciador Digital

Usar uma pessoa famosa para atrair a atenção do publico para divulgar uma
marca, produto ou serviço, embora pareça, não é uma estratégia nova. Essa técnica
é utilizada desde pelo menos 1760, quando a então rainha da Inglaterra, Rainha
Charlotte, promoveu a marca de porcelanas Wedgwood. Desde então muita coisa
mudou e foram inúmeros os casos de sucessos nesse seguimento que passou por
diversas fases até chegar a atual, com a chegada das redes sociais, momento esse
em que surgiu o influenciador digital (HARADA, 2021).
De acordo com Pedro D’Angelo   "O influenciador digital é uma pessoa
formadora de opinião que é capaz de influenciar milhares e milhões de pessoas por
meio de diferentes canais de comunicação digital, principalmente nas mídias
sociais."
Os Influenciadores Digitais são celebridades no meio digital que possuem
uma posição de prestígio nas redes sociais e tem a habilidade de influenciar seus
seguidores na tomada de decisão, seja no estilo de vida ou no consumo. Por isso
ser tornaram peça chave e uma ponte entre empresas, marcas e consumidores
(D’ANGELO, 2022).
No Instagram, quanto rede social, o marketing de influência ganhou outra
dimensão, por permitir uma aproximação entre seguidores e influenciadores digitais,
tornando-os mais atrativos ainda para as empresas. Para termos noção da
importância do Influenciador Digital atualmente, uma pesquisa feita pela Opinion
Box, com 1600 brasileiros, 71% dos usuários do Instagram seguem Influenciadores
Digitais, sendo que 16% desses afirmaram que na hora de comprar e consumir
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produtos são muito influenciados e 58% afirmam já terem comprado um produto que
estava sendo indicado por um influenciador digital (D’ANGELO, 2022).
De acordo com Marchezine (2022), como o Influenciador Digital conquistou
seu espaço, sendo cada vez mais relevante na relação consumerista, fez-se
necessário a regulamentação dessa profissão e em fevereiro o Brasil deu um
importante passo nessa direção, quando ela foi devidamente registrada na
Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) sob o nº 2534-10. Destaca-se que
apesar do reconhecimento como ocupação, ainda não foi regulamentada a
profissão. Embora a profissão não tenha sido regulamentada, o CBO não a limita
uma vez que “as diversas atividades profissionais existentes em todo o país, sem
diferenciação entre as profissões regulamentadas e as de livre exercício
profissional”. Para ter uma noção, apenas de 68 profissões, das 2.269 ocupações
reconhecidas, são regulamentadas por lei. O autor ainda aponta:

Muito embora a atividade de influencer não seja ainda


regulamentada por lei, o seu reconhecimento como profissão está
em total conformidade com o ordenamento jurídico brasileiro – que
se estabelece a partir da confluência hierárquica entre as normas, a
teor do conceito da pirâmide de Kelsen, que permeia leis, decretos,
portarias etc (MARCHEZINE, 2022).

7.2 A possível responsabilização civil do Influenciador Digital

Inicialmente se faz necessária à reflexão sobre a responsabilização das


celebridades que fazem a publicidade de produtos e serviços, devem-se indenizar o
consumidor por eventuais danos advindos da publicidade ilícita. Nesse momento,
duas hipóteses são levantadas, a da não responsabilização por não terem uma
relação direta com o bem foi anunciado, ou seja, só participando da peça publicitária
divulgando texto criado por outra pessoa (GUIMARÃES, 2001).
Em contraponto, a possibilidade da responsabilização, pois toda atividade
profissional é geradora de responsabilidade civil, sendo assim devem ser obrigadas
a indenizar os consumidores, nesse caso os seus seguidores. Atividade profissional
essa que fica evidenciada uma vez que as celebridades recebem um valor
considerável para participar dessa estratégia de marketing (GUIMARÃES, 2001).
Nessa toada, Gallucci entende:
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Esse tipo de publicidade desencadeia um comportamento no


consumidor, em nível consciente e inconsciente, gerando uma
resposta imediata devido ao conceito preexistente que se tem
daquela pessoa ou grupo que está testemunhando a favor do
produto, agregando-lhe valores como admiração, sucesso, riqueza,
beleza, juventude, alegria, internacionalidade, tradição, notoriedade,
etc (GALLUCCI, 2021)

Quando observada a violação dos direitos básicos do consumidor por meio da


propaganda enganosa e abusiva, o ordenamento jurídico brasileiro autoriza o uso de
mecanismos sancionatórios que possuem dois objetivos. O primeiro é punir o agente
e o segundo, reprimir o uso dos mesmos métodos utilizados por outros agentes
publicitários, levando em consideração o cumprimento do princípio da boa-fé, que
representa um regulamento de conduta para quaisquer partes envolvidas na relação
consumerista (EFING; BERGSTEIN; GIBRAN, 2012, p. 97)
Tendo em vista a recorrência da participação de pessoas famosas em
publicidade, o Código de Ética Publicitário dispõe que:

2.1. O anúncio que abrigar o depoimento de pessoa famosa deverá,


mais do que qualquer outro, observar rigorosamente as
recomendações do Código. 2.2. O anúncio apoiado em testemunhal
de pessoa famosa não deverá ser estruturado de forma a inibir o
senso crítico do consumidor em relação ao produto. 2.3. Não será
aceito o anúncio que atribuir o sucesso ou fama da testemunha ao
uso do produto, a menos que isso possa ser comprovado. 2.4. O
Anunciante que recorrer ao testemunhal de pessoa famosa deverá,
sob pena de ver-se privado da presunção de boa-fé, ter presente a
sua responsabilidade para com o público.

Embora o momento da elaboração do Código de Defesa do Consumidor não


seja o mesmo da ascensão da figura do Influenciador Digital e sua constante
utilização no meio publicitário, não fazendo sua menção direta, faz-se necessária a
atribuição da responsabilidade civil do mesmo, uma vez que tais figuras exercem um
grande poder de influência, além de usufruírem da confiança de seus seguidores.
(GASPARATTO, FREITAS e EFING, 2019, p. 79)

Quando um Influenciador Digital recomenda um produto ou serviço, sua


confiabilidade adiciona persuasão ao comportamento do consumidor, incutindo
confiança na qualidade do produto ou serviço recomendado. Assim, o influenciador
assume o papel de fiador diante dos produtos e serviços especificados. Se a
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qualidade atribuída aos produtos e serviços não corresponder à realidade, o


elemento persuasivo do influenciador apresenta-se ao consumidor de forma
negativa e prejudicial, conflitando assim com os princípios de integridade e
confiança. (FRANCO, 2016, p.10)
O CDC considera a vulnerabilidade dos consumidores, com base na teoria do
risco, adota-se a responsabilidade objetiva do causador do dano. Além da estrita
responsabilidade como regra, o CDC estabeleceu solidariedade entre todos os
envolvidos na citação, e o parágrafo único do Art. 7º diz que “tendo mais de um autor
a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas
normas de consumo”. (MACEDO JUNIOR, 2016).
O aborda a questão da responsabilidade solidária, a qual pode ser
aplicada aos influenciadores digitais. Isso ocorre porque esse artigo estabelece que
“O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de
seus prepostos ou representantes autônomos.”
Nessa toada, os Influenciadores Digitais, bem como outras celebridades, também

devem ser responsabilizados por quaisquer danos causados aos consumidores, pois

como mencionado anteriormente, os seguidores começam a comprar produtos e um

serviço baseado na confiança e boa-fé, princípios esses norteadores do direito

consumerista (MACEDO JUNIOR, 2016).

No mesmo sentido, há o entendimento que a responsabilidade é objetiva,


uma vez que a teoria do risco adotada pelo Código de Defesa do Consumidor
somada aos princípios da solidariedade e a obtenção de vantagem com econômicas
promovidas (MACEDO JUNIOR, 2016). Nessa toada, Tartuce e Nevez (2017)
entendem que:
Encerrando o presente item, cumprem trazer a lume questão de
debate relativa à responsabilidade civil das celebridades, artistas,
atletas e outras pessoas com notoriedade que atrelam o seu nome a
de produtos e serviços no meio de oferta ou publicidade, os
chamados garotos propaganda, ou melhor, garotos publicidade. A
tese de responsabilização de tais pessoas é defendida pelo
magistrado e professor Paulo Jorge Scartezzini Guimarães, contando
com o apoio de outros doutrinadores, caso de Herman Benjamin e
Fábio Henrique Podestá, especialmente quando tais celebridades
recebem porcentagem pelas vendas realizadas. A premissa teórica
igualmente conta com o apoio deste autor, pois a tese representa
outra importante aplicação da teoria da aparência, valorizando-se
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mais uma vez a boa-fé objetiva nas relações de consumo, em prol


dos consumidores. Não se olvide que, muitas vezes, os vulneráveis
adquirem produtos e serviços diante da confiança depositada em tais
artistas ou celebridades (TARTUCE; NEVES, 2017, p. 222).

Adiante, Guimarães, ao falar da responsabilidade de celebridades por seu


papel na publicidade ilícita, reconhece que não podem ser comparadas com
trabalhadores autônomos, como se pode verificar:

As celebridades não poderiam ser conceituadas como profissionais


liberais, pois, além de, em regra, não serem contratadas para
participar das publicidades por causa de suas qualidades intelectuais
ou técnicas – mas sim por qualidades externas, como a beleza, o
prestígio, a fama- não são contratadas pelos consumidores intuito
personae, isto é, para cuja escolha foram relevantes os elementos
confiança e competência, mas sim impostas a esses pelos
anunciantes. (GUIMARÃES, 2001)

Nesse sentido, devido ao poder persuasivo dos influenciadores digitais por


meio de seus seguidores, a confiança que lhes é conferida e os benefícios
financeiros que recebem, é possível visualizar que a responsabilidade civil do
influenciador digital seja objetiva, considerando os princípios da boa-fé e da
solidariedade, também levando em consideração que se deve proteger a parte mais
vulnerável da relação de consumo, o consumidor (NEIVA, 2020).

8 METODOLOGIA

8.1 MÉTODO DE ABORDAGEM

A abordagem utilizada neste trabalho será dedutiva, a fim de analisar as


informações presentes na legislação consumerista e demonstrar como os
influenciadores digitais podem ser responsabilizados civilmente sob a perspectiva do
Código de Defesa do Consumidor e do Código Civil.
O método de procedimento adotado será o comparativo, com o objetivo de
destacar o aumento crescente do uso das redes sociais e a consequente cadeia de
consumo ampliada resultante desse aumento. Isso levou a um significativo aumento
na vulnerabilidade do consumidor, tornando necessária a análise comparativa da
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possibilidade de responsabilização dos grandes veiculadores de publicidade nas


mídias sociais, ou seja, os influenciadores digitais.

8.2 TÉCNICAS DE PESQUISA

A metodologia empregada será predominantemente qualitativa, baseada em


análises e consultas bibliográficas, doutrinárias e documentos encontrados em
revistas digitais, sites da internet, livros, artigos científicos.

9 CRONOGRAMA DA PESQUISA

jan mar mai mai mar jun ago out nov nov
Atividades
fev abr jun jun mai jul set nov dez dez

Definição dos

critérios da x x

pesquisa

Levantamento de
x x x
literatura
16

Pesquisas x x x x x x x

Constr. Cap. 1 x

Constr. Cap. 2 x x

Constr. Cap. 3 x x

Constr. Cap. 4 x

Conclusões x

Revisão final x
17

Entrega x

Pré-Apres./Defesa x

Rev. Final/Entr. x

10 REFERÊNCIAS

BRASIL, Exercício da Profissão de Publicitário e de Agenciador de


Propaganda, Lei nº 4.680, 18 de junho de 1965. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4680.htm Acesso em: 22 nov. 02. 2023.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.


Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm.
Acesso em: 03 de jun. 2023.

BRASIL. Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 22 nov. 02.
2023.

CAPOMACCIO, Sandra. Influenciador digital é o responsável por 40% das


compras feitas pelo consumidor brasileiro. Jornal da USP. Disponível em:
18

https://jornal.usp.br/atualidades/influenciador-digital-e-o-responsavel-por-40-das-
compras-feitas-pelo-consumidor-brasileiro/ Acesso em: 10 de mar. de 2023

D’Angelo, Pedro. Pesquisa sobre o Instagram no Brasil: dados de


comportamento dos usuários, hábitos e preferências no uso do Instagram.
Disponível em: https://blog.opinionbox.com/pesquisa-instagram/. Acesso em: 14 de
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EFING, Antônio Carlos; BERGSTEIN, Laís Gomes; GIBRAN, Fernanda Mara. “A


ilicitude da publicidade invisível sob a perspectiva da ordem jurídica de
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FRANCO, Denise Sirimarco. A publicidade no Instagram feita por digital


influencers à luz da boa-fé objetiva e do dever de informação. 2016. Dissertação
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu da Escola de Magistratura do Estado do Rio
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GALLUCCI, Bruno. A responsabilidade civil dos influenciadores digitais.


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