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Uma visão geral de problemas muito interessantes do livro “Os

nove capítulos da arte matemática” de Liu Hui, do seculo II d.C.


Otilia T. Wiermann Paques – otilia@ime.unicamp.br
Adilson Pedro Roveran - aproveran@yahoo.it

Com a colaboração de integrantes do grupo de estudos em


História da matemática no ensino de matemática do LEM –
Laboratório de ensino de Matemática do IMECC/UNICAMP –
2017.

INTRODUÇÃO.

Para discutir os mestres não basta se assegurar na dinâmica do


pensamento científico, é necessário, também, ter ambiente social e
político favorável. Na Grécia antiga, a base cultural do nascimento
da ciência, foi também o nascimento da democracia. Conceber uma
estrutura política democrática supõe de fato em aceitar que as
melhores discussões emergem das discussões entre todos que de
uma só autoridade. Anaximandro (Filósofo e astrônomo grego),
nasceu em 610 a. C. em Mileto, onde também teria morrido, em 547
a.C. Sabe-se que foi discípulo de Tales. São-lhe atribuídas a
descoberta da obliquidade da elíptica, a introdução do quadrante
solar e a invenção de mapas geográficos. Ele trouxe para o terreno
do saber uma prática já corriqueira na Grécia: criticar a posição de
um mestre, não para faltar de respeito com ele, mas sim para dividir
uma melhor proposição. Com isso floresceu toda uma "civilização
ocidental", com seu conhecimento científico que até hoje
desenvolvemos.
Isso não durou muito no Ocidente. Séculos depois, o império
romano toma o poder para as mãos de uma só pessoa, depois os
cristãos substituem o saber para as mãos do Divino e seus
intermediários, os padres. De onde esse conhecimento se estagna

1
por um grande período no Ocidente. Ela é retomada no final da
Idade Média.
Por outro lado, uma revolução científica comparável à ocidental,
não ocorreu na civilização chinesa, mesmo sabendo que durante
séculos foi igual e mesmo em alguns casos superior, isso porque,
para os historiadores das ciências, os mestres chineses não foram
jamais criticados, jamais colocaram em discussão seus saberes. A
ciência chinesa se desenvolveu pelo enriquecimento e
aprofundamento das questões e nunca por colocar seus
conhecimentos em discussão (Luminet, 2013).
Se para a matemática ocidental os Elementos de Euclides (300
a.C.), constituem o pilar dessa matemática, para os chineses Os
nove capítulos da arte matemática, com as observações de Lui Hui
pode ser considerado o correspondente. Constitui de 246
problemas resolvidos e comentados por Liu Hui, na sua versão mais
conhecida de hoje. O que se conhece é que este livro já era citado
na Qin Dynasty (221-207 a.C.) e posteriormente recopiado por
Zhang Chang (? -152 a.C.) e Geng Shouchang (no 1º século a.C.)
e mais tarde na Former Han Dynasty (206aC - 8dC).

Lui Hui
Há poucas informações sobre o matemático chinês Liu Hui nascido
no ano de 225, em Wei, China e morrido no ano de 280. É sabido
que foi um oficial no Reino de Wei no século III d.C., após um
colapso da grande dinastia Han.

Liu Hui em 263 edita o livro com suas anotações suplementares


usando suas próprias aproximações baseadas em novas teorias e
ideias. É a tradução desse livro que foi analisada e estudada por
pesquisadores do LEM (Laboratório de Educação Matemática -
UNICAMP) na escrita desse texto.

2
A tradução dos Os nove Capítulos da Arte Matemática demorou
muito tempo a aparecer, enquanto os matemáticos ocidentais
buscavam o porquê de um problema, os orientais se interessavam
em como. Daí o não interesse pela matemática oriental. Houve
também, as duas grandes guerras, nas quais a ciência ocidental
contribuiu muito para dominação do Ocidente sobre o Oriente.
Somente no século XIX, que os historiadores das ciências iniciaram
um estudo mais detalhado sobre a ciência oriental. Os nove
capítulos da arte matemática aparece, pela primeira vez traduzido e
comentado em 1999, por Kangshen, Crossley e Lun editado pela
Science Press, Beijing, e logo em seguida pela Oxford University
Press de N.Y. Existe uma tradução para o francês de 2004 de
Chemla, K. e Shuchum, G. pela Editora de Savoir, que é dito "Pour
la première fois en Occident", que não corresponde à verdade, mas
tem seu valor .

Os Nove capítulos da Arte Matemática tratam dos seguintes temas:


Capítulo 1: Medidas de campos (Fang thien).
Capítulo 2: Cereais (Su mei).
Capítulo 3: Distribuição por proporções (Tshui fen).
Capítulo 4: Quanto mede? (Shao kuang).
Capítulo 5: Cálculos para construções (Shang kung)
Capítulo 6: Impostos justos (Chung shu).
Capítulo 7: Excesso e falta (Chun shu).
Capítulo 8: Arranjos retangulares (Fang cheng).
Capítulo 9: Triângulos retângulos (Gou gu).

Os últimos problemas dos Os Nove capítulos da Arte Matemática


exploram conteúdos elementares de agrimensura. Liu Hiu iniciou
um processo de inserir mais problemas sobre esse assunto e
acabou por criar uma outra obra denominada Haidao suanjing
(Manual Matemático da Ilha do Mar) no final do século III.

Os conteúdos dos capítulos são os seguintes:

Capítulo 1 – Discute medidas de áreas de figuras planas. Cálculo


com frações .

3
Capítulo 2 e Capítulo 3 – Contém uma variedade de problemas de
agricultura, comércio e indústria. São resolvidos pela regra
conhecida hoje como Regra de Três. Envolve também progressões
aritméticas e geométricas.
Capítulo 4 – São problemas que pedem as dimensões de uma
figura plana, dada a sua área. O texto trata da extração de raízes
quadradas e cúbicas. Também introduz algumas propriedades de
raízes irracionais.
Capítulo 5 – Este capítulo dá fórmulas de volumes de várias formas
de figuras.
Capítulo 6 – Trata de considerações sobre o cálculo de taxas, ou
impostos.
Capítulo 7 – Neste Capítulo os problemas seguem das regras da
falsa posição e da dupla falsa posição.
Capítulo 8 – O método de solução de sistemas lineares é
equivalente ao método de eliminação de Gauss (que data do século
XIX). Também dá regras para cálculos com números positivos e
negativos. Um problema super interessante é de um sistema
indeterminado de equações lineares de cinco equações com seis
incógnitas.
Capítulo 9 – Trata da regra Gougu, que hoje é chamada de teorema
de Pitágoras. Aparecem problemas sobre triplas pitagoreanas e
equações quadráticas.

Durante os séculos VII-X a obra Os nove capítulos da Arte


Matemática foi considerada uma enciclopédia matemática e depois
passou a ser adotada como um texto fundamental para as pessoas
que ingressavam no serviço do Estado e além de ser uma obra
clássica para pesquisa da comunidade científica.

A redação do Os nove capítulos da Arte Matemática é na forma de


formulação de problemas e o procedimento de sua solução, sem
nenhuma preocupação de uma generalização mais teórica. Sempre
foi visto mais como uma série de exercícios escolares. Era usado
principalmente pelos empregados governamentais. Daí a
consideração de que a matemática chinesa só se ocupou em como

4
resolver um problema e nunca em saber se existia uma teoria mais
geral que o validava.
Chemla K. (2013) propõe uma releitura diferente dos Os nove
Capítulos da Arte matemática, onde Liu Hui teria a noção de uma
teoria mais geral da Matemática, para explicar seus algoritmos na
solução dos problemas. Seu argumento é de que em vários
problemas Hui usa o mesmo algoritmo, mesmo sendo em contextos
completamente distintos. A autora usa vários exemplos no seu texto
para comprovar sua tese.
Usando ferramentas iguais em soluções de problemas de diferentes
enunciados, isso garante a existência de uma teoria mais geral da
Matemática que valida as soluções dos problemas, e não dar a
cada um tratamento específico? Isso foi que levou os gregos à
busca das teorias gerais da Matemática, e ainda é hoje o que
buscam os pesquisadores da Matemática.

Por Eduardo Sebastiani Ferreira – esebastiani@uol.com.br

O sistema de medidas na Qin e Han Dinastias eram os


seguintes:

1 - Medidas de comprimento:

No “Os nove capitulos da arte matemática”, somente ocorrem 3


unidades de medida, zhang, chi e cun. Se um comprimento era
menor que 1 cun, ele era expresso em frações, por exemplo,
problema 7.11, 4 chi 8 6/13 cun. Para medir campos, introduz
uma outra unidade de comprimento, o bu. Define, também, 1 li =
300 bu = 6 chi x 300 = 1800 chi. Podemos ver algumas
equivalências, 1 cun = 2,304 cm. Um chi = 23,04 cm. Um bu = 6 chi
= 1,3824m, 1 zhang = 2,304 m. 1li = 300 bu = 414,72 m; 1 zhang =
10 chi.

2 - Medidas de áreas:

A regra para campos retangulares do capítulo 1 diz o seguinte:


”multiplique o número de bu da largura pelo do comprimento para
obter o bu produto. Dividindo pelo fator de conversão 240, bu

5
(quadrados) em 1 mu dá o número de mu. 100 mu faz 1 qing”. Isto é
a regra popular da área do retângulo.

3 - Capacidade:
Somente três unidades de capacidade aparecem hu, dou e sheng.
(decrescendo no sistema decimal) (10 sheng = 1 dou, 1 hu = 100
shengs).

4 - Pesos:
São dan, jun, jin, liang e zhu. As regras de conversão são:

1 dan = 4 jun; 1 jun = 30 jin; 1 jin = 16 liang, 1 liang = 24 zhu

5 – Tempo:
O ano tinha 12 meses dos quais 6 tinham 30 dias e outros seis com
29 dias, dando um total de 354 dias. Na China Antiga o dia era
dividido em 12 partes iguais, cada parte (shichen) de 2 horas. Dia e
noite eram iguais, tinham 6 shichen cada .

Neste trabalho estudamos os problemas de todos os capítulos do


Os nove capitulos da Arte Matemática,organizados por Liu Hui,
procurando apresentar aos leitores os que achamos mais
interessantes, o que são muitos. Os problemas são de ordem
prática e podem facilmente serem estudados pelos nossos alunos
do ensino fundamental como pelos universitários. Mantivemos a
numeração original e apresentamos o “Método”, que foi a solução
dada pelos chineses. Muitas vezes apresentamos a interpretação
dada por Lui Hui seguida da nossa solução. Baseamos nossos
estudos principalmente no livro: KANGSHEN, S. - CROSSLEY, J. -
LUN, A, W, C, - (1999) The Nine Chapters on the Mathematical Art.
Companion and Commentary - Oxford Univ.Pre. UNK.

Convem ressaltar que a obra Os nove capitulos da arte matemática,


revela o poder da matemática chinesa na Antiguidade, contando-se
entre as suas inovações : (Sá C.C.. et al, 2003).

. uso de um sistema de frações .

. resolução de sistemas de equações lineares empregrando


técnicas matriciais.

6
. fórmulas exatas para calcular áreas e volumes complicados.

.uso sofisticado do teorema de Pitágoras ( Swetz, 1994).

BIBLIOGRAFIA

CHEMILA, K - (2013) Problèmes et démonstration de La correction


d´algorithmes en Chine ancienne. – Hal - achives ouvertes. Paris.

CHEMLA,K. e SHUCHUN,G. - (2004) Les Neuf Chapitres - La


classique mathématique de La Chine ancienne et ses commentaires
- Editeur de Savoir –Paris.

KANGSHEN, S. - CROSSLEY, J. - LUN, A, W, C, - (1999) The Nine


Chapters on the Mathematical Art. Companion and Commentary -
Oxford Univ.Pre. UNK.

KATZ, V. - (2009) História da Matemática, Editor Gulbenkian.

LUMINET, J. P. - (2013) La naissance de la science (1/3):


Anaximandre de Milet - Luminiesciences: le blog de Jean-Pierre
Luminet. Paris - acessado em 16 de dezembro de 2016.

YABUUTI, K. Une histoire des mathématiques chinoises – tradução


de C. Jami e K. Baba, Belin – Pour la science – 2000.

SÁ, C. C. et al. História da Matemática. Universidade Aberta. – 2003


- Lisboa.

STRAFFIN, P. D. Liu Hui and the First Golden Age of chinese


Mathematiques - (Beloit College) – Mathematics Magazine, Vol . 71,
No.3 (jun.1998), p. 163-181.

SWETZ, F. Learning Activities from the History of Mathematics,


Portland Weston Waltch Publisher.

YUN, Y. X. - Jiu Zhang Suan Shu and THE GAUSS ALGORITM


FOR LINEAR EQUATIONS - Documenta Mathematica – Extra
Volume ISMP (2012) p. 9-14.

7
8
CAPÍTULO 1 - MEDIÇÃO DE CAMPOS (FANG THIEN)

Este capítulo trata, essencialmente, do cálculo de áreas de campos e operações


com frações. Trabalha com campos na forma retangular, quadriláteros, círculos,
segmentos circulares e anéis.

O capítulo 1 tem 38 problemas que podem ser classificados em dois grupos:

1. Cálculo de áreas de figuras planas.

Denomina de “figuras retilíneas”, os retângulos (Problemas 1-4, 19-24), triângulos


(25-26) e trapézios (27-30) e calcula as suas áreas. De ”figuras curvilíneas”, que
são os círculos (33-34), segmentos circulares (35-36) e anéis (37-38).
As fórmulas para retângulos, triângulos, trapézios, anéis e círculos são exatas
enquanto que a fórmula para segmentos circulares é aproximada.
2- A teoria das frações.
Este grupo compreende redução de frações (Problema 5-6), adição (7-9), subtração
(10-14), divisão (17-18) e multiplicação (19-24). Introduz cálculos de áreas
envolvendo lados de comprimento racionais.

Fizemos a escolha de alguns problemas que julgamos interessantes e não


repetitivos.

Vamos conservar a numeração dos problemas como no livro.

Problema 1 - Dado um campo retangular de largura 15 bu e 16 bu de


comprimento, quanto mede sua área?
Resposta: 1 mu
Regra para a determinação da área de um campo retangular: Multiplique o
número de bu da largura pelo comprimento para obter bu (quadrado). Divida, então,
pelo fator de conversão de 240 bu (quadrados) em 1 mu dá o número de mu.
15 bu x 16 bu = 240 bu ( quadrados) = 1 mu.

Problema 25 - Dado um campo triangular com base 12 bu e altura 21 bu. Qual


é a área?
Resposta: 126 bu (quadrados).
Regra da área de um campo triangular: Multiplique a metade da base pela altura.
21
12 ∙ = 126 bu (quadrado)
2

Problema 27 – Dado um campo trapezoidal com dois ângulos retos e bases


medindo 30 bu e 42 bu, respectivamente, e altura 64 bu,encontre a sua área.

1
Reposta: 9 mu 144 bu (quadrado).
Regra da área do trapézio: multiplique metade da soma das bases superior e
inferior pela altura.
(30+42)
64 ∙ = 2304 = 9 ∙ 240 + 144 = 9 mu e 144 bu (quadrado).
2

Teoria das frações:


A regra da redução de frações. Se o denominador e o numerador podem ser
divididos por dois, então divida-os. Se não, escreva o denominador d e o
numerador n na forma (n,d). Compare d e n e subtraia o menor número do maior e
os coloque na forma acima. Repita o processo até obter (m,m) onde m é o máximo
divisor comum, teng. Simplifique a fração original dividindo ambos os números pelo
teng.
Trata-se, afinal, de aplicar o processo de subtração recíproca para a determinação
do máximo divisor comum de dois números, descrito por Euclides no Livro 7 de Os
Elementos.
𝟒𝟗
Problema 6 - Reduza a fração na sua forma irredutível.
𝟗𝟏
7
Resposta: .
13
Método: Escreve-se, sucessivamente, usando a regra acima.
(49 , 91); (49 , 42); (7 , 42); (7 , 35); (7 , 28); (7 , 21); (7 , 14); (7 , 7)
7 é o máximo divisor comum (teng) do numerador e denominador e resulta a fração
7
, equivalente à fração dada.
13

Observe que no Os nove capítulos da arte matemática, 160 dos 246 problemas
envolvem cálculos com frações. Neste livro não aparecem frações com numerador
maior que o denominador. Neste caso são reduzidas a frações mistas.
Para somar ou subtrair frações, os matemáticos chineses reduziam ao
denominador comum (mas sem a preocupação de ele ser o menor possível)
deixando para o final a simplificação da fração resultante.

𝟐 𝟒 𝟓
Problema 8 - Dadas as frações , 𝒆 . Somando-as quanto temos?
𝟑 𝟕 𝟗
𝟓𝟎
Resposta: 𝟏
𝟔𝟑
2
Solução:
2 4 5 2 ∙7 ∙9 4 ∙3 ∙9 5 ∙3 ∙7 126+108+105 339 150 50
+ + = + + = = =1 =1 .
3 7 9 3 ∙7 ∙9 3 ∙7∙9 3 ∙7 ∙9 189 189 189 63

Para multiplicar frações se procedia exatamente como hoje.


𝟖 𝟏
Problema 10 - De subtraia . Quanto resta?
𝟗 𝟓
𝟑𝟏
Resposta:
𝟒𝟓
Método: Cada numerador é multiplicado pelos denominadores das outras frações.
Então subtraia o menor (produto) do maior. O resto é o dividendo. Multiplique os
denominadores como o divisor. Divida.

Em linguagem moderna, esta regra pode ser descrita assim:


𝑏 𝑑 𝑏𝑐 − 𝑎𝑑
− =
𝑎 𝑐 𝑎𝑐
8 1 8 ∙5−9 ∙1 31
Então, temos: − = =
9 5 9 ∙5 45

𝟓 𝟏𝟔
Problema 12 - Qual é maior ou ?
𝟖 𝟐𝟓
16 3
Resposta: é a maior e o excesso é .
25 200
Método da comparação das frações: Cada numerador é multiplicado pelo
denominador da outra fração. Subtrai o menor produto do maior. O resto é o
dividendo; multiplique os denominadores como divisor. Divida para obter o excesso.

𝟓 𝟏𝟔
Solução: No caso, tome 5 ∙ 25 = 125 e 16 ∙ 8 = 128. Como 125 < 128, < .O
𝟖 𝟐𝟓
3
excesso é .
200

A regra para dividir frações (diferente de hoje).


𝟏
Problema 17 - Sete pessoas devem dividir 𝟖 de moedas. Quanto cabe a cada
𝟑
pessoa?
4
Resposta: Para cada uma 1 de moedas.
21
Método da divisão de frações: Tome o número de pessoas como divisor e o
número de moedas como dividendo. Divida. Se o dividendo ou o divisor for uma
fração mista, converta-a a uma fração imprópria. Se ambas são frações mistas,
converta-as a frações impróprias com denominador comum.

a) A regra diz o seguinte, cada numerador é multiplicado pelo denominador da outra


fração. Multiplique o denominador para uniformizar os denominadores. Ou seja:
3
𝑏 𝑑 𝑏𝑐 𝑑𝑎 𝑏𝑐
∶ = ∶ e isto é igual a .
𝑎 𝑐 𝑎𝑐 𝑎𝑐 𝑎𝑑
b) Se ambos o dividendo e divisor são frações mistas:
𝑐 𝑓
(𝑎 + ) ∶ (𝑑 + )
𝑏 𝑒
Então reduza-as a impróprias:
𝑎𝑏 + 𝑐 𝑑𝑒 + 𝑓

𝑏 𝑒
Dai como acima,
𝑒 ∙ (𝑎𝑏 + 𝑐) 𝑏 ∙ (𝑑𝑒 + 𝑓) 𝑒 ∙ (𝑎𝑏 + 𝑐)
∶ =
𝑒𝑏 𝑒𝑏 𝑏 ∙ (𝑑𝑒 + 𝑓)
𝟏 𝟐𝟓 𝟐𝟓 𝟕 ∙𝟑 𝟐𝟓 𝟒
Logo, no problema 17, temos 𝟖 : 𝟕 = ∶𝟕= ∶ = =𝟏 .
𝟑 𝟑 𝟑 𝟑 𝟐𝟏 𝟐𝟏

Oservação: Li (1987) chama a atenção para o fato de os Os Nove capitulos da arte


matemática ser o primeiro trabalho no mundo a discutir sistematicamente a
manipulação de frações, o que só no século VII vem a acontecer na Índia e, ainda
mais tarde, na Europa. O recurso ao mínimo múltiplo comum (Swetz ,1972) entre os
denominadores não foi utilizado antes do seculo XV.

Problema 31 - Dado um campo circular, com circunferência de 30 bu e


diâmetro 10 bu. Qual é a sua área?
Resposta: 75 bu (quadrado).
O método da área de campos circulares:
1ª regra: multiplique metade da circunferência pelo seu raio dá a área do círculo em
bu (quadrado).
2ª regra: um quarto do produto da circunferência e o diâmetro.
3ª regra: um quarto do produto de três vezes o diâmetro ao quadrado.
4ª regra: a circunferência ao quadrado dividido por 12.
A primeira e a segunda regras são corretas. Nos dias de hoje é o mesmo que dizer
que a área é 𝜋 ∙ 𝑟 2 . Na terceira e na quarta, está assumindo para o número é 𝜋 o
valor de 3
Para obter a resposta do problema 31 foi usada a 2ª regra, obtendo 75 bu
(quadrado).
Atualmente sabemos que este problema não tem solução, pois não existe um
círculo com circunferência medindo 30 e raio 5, pois a circunferência mede
2 ∙ 𝜋 ∙ 𝑟 = 10𝜋, que nunca será 30. Somente utilizando 𝜋 igual a 3 isto é possível.

Um problema com medidas racionais.

4
Problema 32 - Dado um campo circular, com circunferência medindo 181 bu e
𝟏
diâmetro 𝟔𝟎 bu , encontre a área deste campo.
𝟑
1
Resposta: 11 mu 90 bu (1 mu = 240 bu quadrado)
12
Método: Segue da primeira regra acima.
181 181 32761 1 1
∙ = = 2730 = 11 mu 90 bu (quadrado).
2 6 12 12 12

Problema 36 - Dado um campo, na forma de segmento circular, cuja corda é


𝟏 𝟕
𝟕𝟖 bu, e flecha 𝟏𝟑 bu encontre sua área.
𝟐 𝟗
56
Resposta: 2 mu 155 bu (quadrado).
81
Método: Tome a corda e multiplique pela flecha; tome o quadrado da flecha; some
e divida por dois.

Em outras palavras: Se a é a corda de um segmento e b sua flecha, a área igual a


1
∙ (𝑎𝑏 + 𝑏 2 ).
2

Sabemos que esta fórmula é falsa. Uma moderna fórmula aproximada de um


2
segmento circular é dada por 𝑎𝑏, (pg 127, K,S;C,J;L,A.). Fazendo os cálculos
3
verificamos que, com a fórmula dada no Os nove capitulos da arte matemática,
obtemos um valor aproximado de 635,69 para a área do segmento circular e
usando a fórmula moderna aproximada, obtemos o valor 721,03.
𝑟2
Atualmente encontramos a área por: Área = ∙ (𝛼 − sin 𝛼), onde r é o raio do
2
círculo e 𝛼 é o ângulo central em radianos. Neste caso, o valor encontrado é
738,28.

5
Problema 36 - Dado um campo em forma de anel circular, cujas
𝟑 𝟏
circunferências interna e externa medem 𝟔𝟐 bu e 𝟏𝟏𝟑 bu, respectivamente,
𝟒 𝟐
𝟐
e largura 𝟏𝟐 bu, qual é sua área?
𝟑
1
Resposta: 4 mu 156 bu (quadrado).
4
Método para campos anelares: Faça a soma das circunferências interna e
externa, tome sua metade, multiplique pela largura do anel. O produto obtido é a
área em bu (quadrado).
A regra dada pode ser interpretada da seguinte forma, de acordo coma linguagem
moderna. Sejam:
C1 a circunferência externa e R seu raio;
C2 a circunferência interna e r seu raio;
A1 a área do círculo externo e A2 a área do círculo interno.

A(anel) = 𝐴1 − 𝐴2
A(anel) = 𝜋𝑅2 − 𝜋𝑟 2
A(anel) = 𝜋(𝑅2 − 𝑟 2 )
A(anel) = 𝜋(𝑅 + 𝑟)(𝑅 − 𝑟)
2𝜋
A(anel) = (𝑅 + 𝑟)(𝑅 − 𝑟)
2
2𝜋𝑅 2𝜋𝑟
A(anel) = (
2
+
2
) (𝑅 − 𝑟)
𝐶1 + 𝐶2
A(anel) = (
2
) (𝑅 − 𝑟)
No problema 38 temos:
1 3 2
𝐴 = (113 + 62 ) ∶ 2 ∙ 12 =
2 4 3
227 251 38
𝐴= ( + )∶2 ∙ =
2 4 3
454 251 38
𝐴= ( + ) ∙
8 8 3
705 38 26790 13395 1
𝐴= ∙ = = = 1116 bu (quadrado).
8 3 24 12 4
1
𝐴 = 4 mu 156 bu (quadrado).
4

6
7
CAPÍTULO 2 – CEREAIS (SU MEI).

O capítulo 2 trata de taxas de conversão entre quantidades


apresentadas em capacidade ou massa e geralmente aplica regras
de proporção.
Os tipos de problemas apresentados são:
- Uso da regra Jinyou (regra de três) – problemas 1 até 24.
- Transformação entre diferentes tipos de grãos – problemas
25 a 31.
- Uso da regra Jinglu A (divisão entre inteiros) – problemas 32
e 33
- Uso da regra Jinglu B (divisão entre racionais) – problemas
34 a 37
- Regra Qilu – uma variação da regra Jinglu para o caso em
que se deseja saber quantas moedas são necessárias para
comprar um item. Normalmente não há respostas com frações –
problemas 38 a 43.
- Regra Qilu inversa – usada quando o número de itens é
maior que o número de moedas. Nesse caso a resposta é “quantos
itens compra uma moeda ao invés de quantas moedas são
necessárias para comprar um item” – problemas 44 a 46.

No capítulo 2 são usadas as seguintes unidades de medida:

CAPACIDADE

1 hu = 10 dou
1 dou = 10 sheng
1 sheng = 10 ge
1 ge = 2 yue

Pode-se considerar uma aproximação para 1 sheng = 200 ml

MASSA

1 dan = 4 jun
1 jun = 30 jin
1 jin = 16 liang
1 liang = 24 zhu

Pode-se considerar uma aproximação para 1 jun de 250 g.

Fizemos a escolha de alguns problemas que julgamos interessantes


e não repetitivos.
Vamos conservar a numeração dos problemas como no livro.
1
Para os problemas de 1 a 24 faz-se uso da tabela abaixo, que
apresenta as taxas de conversão entre diferentes tipos de grãos. A
resolução é feita com o uso da regra Jinyou (regra de três), cujo
enunciado é: “Tome o número dado e o multiplique pela taxa
procurada. O produto é o dividendo. A taxa dada é o divisor. Faça a
divisão”.

Problema 1- Dado 1 dou de grãos de milho, obter a quantidade


correspondente de milho descascado.
Resposta: 6 sheng de milho descascado
Método: Usar a tabela de conversão (regra Jinyou), multiplicar por
3 e dividir por 5. Note que a correspondência é de 30 para 50.
10 .30
Como 1 dou = 10 sheng, obtemos: = 6 𝑠ℎ𝑒𝑛𝑔.
50

𝟒
Problema 15 - Temos 7 dou e 5 sheng de grãos de milho para
𝟕
trocar por grãos de arroz com casca. Quanto obteremos em
grãos de arroz com casca?
24
Resposta: 9 𝑑𝑜𝑢 𝑠ℎ𝑒𝑛𝑔 de arroz com casca.
35
Método: (Regra Jinyou) multiplique o valor disponível por 6 e divida
por 5.
De fato, pela tabela de conversão temos grão de milho: 50 e arroz
com casca: 60.
𝟒 𝟒
Como 7 dou e 5 sheng = 75 sheng,
𝟕 𝟕
4
75 . 6 529 3174 24 24
7 = .6 = = 90 𝑠ℎ𝑒𝑛𝑔 = 9 𝑑𝑜𝑢 𝑠ℎ𝑒𝑛𝑔
5 35 35 35 35

Problema 31 - 1 dou de grãos de trigo corresponde a quanto de


trigo moído grosso?
Resposta: 1 dou e 2 sheng de trigo moído grosso.
Método: (Regra Jinyou) A taxa de transformação de trigo em trigo
moído grosso é de 45 para 54. Para simplificar a conta, usa-se o
máximo divisor comum entre 45 e 54, obtendo a razão 5 para 6,

2
logo divide-se 1 dou por 5 e multiplica-se o resultado por 6, obtendo
1,2 dou ou 1 dou e 2 sheng.

Regra Jinglu A.
Tome o número de itens comprados como divisor e o número de
moedas pago como dividendo. Divida.

De acordo com a regra Jinglu A, a quantidade de moedas é o


número dado. 1 item é a taxa procurada e o número de itens
comprados é a taxa dada. Usando a regra de três (Jinyou) obtém-se
o número procurado. O problema 32 é um exemplo da regra Jinglu
A, quando a divisão é feita entre inteiros.

Problema 32 - 160 moedas compram 18 tijolos. Quanto custa


cada tijolo?
8
Resposta: cada tijolo custa 8 moedas.
9
Método: Divida 160 por 18, obtendo a quantidade de moedas
procurada.
160 8 ∙ 18 + 16 8
= =8
18 18 9

Regra Jinglu B.
Tome a taxa procurada e multiplique pelo número de moedas como
dividendo, tome o número de itens comprados como divisor. Divida.

Observe que esta regra é exatamente a divisão de frações do


capítulo 1.
O problema 34 é resolvido com uso da regra Jinglu B.

Problema 34 - 5785 moedas são necessárias para comprar 1


𝟐
hu, 6 dou e 7 sheng de laca. Quanto custa 1 dou de laca?
𝟑
15
Resposta: 1 dou de laca custa 345 moedas.
503
Método: use a regra Jinglu B.
Primeiro transforme a medida em sheng:
2 503
1 hu, 6 dou e 7 sheng = sheng.
3 3
Então o preço unitário, isto é a taxa procurada é igual a
503 3 17355 173550
5785 ∙ 1 ∶ = 5785 ∙ 1 ∙ = sheng = dou =
3 503 503 503
15
345 dou .
503

Para os próximos problemas será necessário usar a REGRA QILU


e sua correspondente REGRA QILU INVERSA. Em notação
moderna é o seguinte :
3
Sejam: a uma quantidade de moedas e b a quantidade de itens que
a pode comprar,

Regra QILU: Se a > b, então o preço unitário de cada item é maior


que uma moeda. Se a/b não resulta em um número inteiro, e como
na China antiga não havia uma definição para valores menores do
que uma moeda, Os nove capitulos da arte matemática apresenta
uma forma de representar essa situação:
a = bq + r [*] (divisão euclidiana) (0 < r < b), então
𝑎 𝑟
=𝑞+ e, consequentemente, o valor unitário x, satisfaz
𝑏 𝑏

q<x<q+1

Fica implícito que devem existir itens de menor qualidade custando


uma moeda a menos que o item de qualidade superior e que o valor
médio situa-se entre esses dois valores. Se tomarmos r itens da
qualidade superior custando q + 1 moedas cada, e o resto, b – r,
(itens de qualidade inferior) custando q moedas cada, o total de
moedas a ser pago é exatamente:

r (q + 1) + (b – r) q = qb + r = a, sendo então r (q + 1) o valor pago


para a quantidade de itens de qualidade superior e (b – rq) de
inferior.

Problema 38 - 576 moedas são necessárias para comprar 78


bambus. Os bambus são classificados em grossos ou finos.
Quanto custa cada um em moedas?
Resposta: 7 moedas para cada um dos 48 bambus finos e 8
moedas para cada um dos 30 restantes.
Método: Usa-se aqui a regra QILU: a = 576 e b = 78, temos q = 7 e
r = 30.
Assim r = 30 bambus de qualidade superior custando (7+1) = 8
moedas cada um e (b - r) = 48 bambus de qualidade inferior,
custando 7 moedas cada um.

Problema 44 - 3970 moedas são necessárias para comprar 1


dan, 2 jun, 28 jin 3 liang e 5 zhu de seda. A seda é classificada
como de qualidade inferior e superior. Quanto custa cada tipo
em zhu?
Para a conversão deve-se usar:
1 dan = 46080 zhu
1 jun = 11520 zhu
1 jin = 384 zhu

4
1 liang = 24 zhu
Resposta: 6 zhu por moeda para pagar 60594 zhu de seda de
qualidade superior, o que resulta em 1 dan, 1 jun, 7 jin, 12 liang e
18 zhu.
5 zhu por moeda para pagar 19355 zhu de seda de qualidade
inferior, o que resulta em 1 jun, 20 jin, 6 liang e 11 zhu.

Método: Regra QILU inversa: Como a < b, então o valor unitário é


menor que uma moeda. Neste caso, a idéia é mudar o
questionamento para quantos itens podem ser comprados com uma
moeda, daí ser chamada de regra QILU inversa .
De [*] acima ,
𝑏 𝑠
= 𝑝 , sendo (0 < s < a) e, como supomos que uma moeda
𝑎 𝑎
compra y itens, p < y < p + 1

Assim como na regra QILU, está implícito que, simetricamente (em


relação à regra QILU), uma pessoa compra mais itens de inferior
qualidade por moeda que de qualidade superior. Assim, se usamos
s moedas do total a para os itens de qualidade inferior, custando p
+ 1 itens por moeda, o restante, a – s, moedas será usado para
comprar os itens de qualidade superior. O total de itens a serem
comprados é:

s (p + 1) + (a – s) p = pa + s = b , sendo então s (p + 1) a
quantidade de itens de qualidade inferior e a – sp é a quantidade de
itens de qualidade superior.
No problema, temos
1 dan, 2 jun, 28 jin 3 liang e 5 zhu = 79109 zhu, = b, a = 13970
79949 : 13970 = 5 (parte inteira) = p
Pela regra Qilu inversa,
s (p + 1) + (a – s) p = pa + s = b
s . 6 + (13970 – s) 5 = 79949
6s + 69850 – 5s = 79949
s = 10099 zhu
p=5
p+1=6
s (p + 1) = 6 . 10099 = 60594 zhu.

5
CAPÍTULO 3 - DISTRIBUIÇÃO POR PROPORÇÃO (TSHUI FEN)

Os 20 problemas deste capítulo tratam de distribuições


proporcionais, incluindo proporções diretas, inversas e compostas.
Assim ele pode ser visto como uma continuação da regra de três do
capítulo 2.

O problema 1 trata de proporcionalidade direta.


Problema 1 - Existem 5 oficiais de diferentes escalões (posições
hierárquicas): Dafu, Bugeng, Zanniao, Shangzao e Gongshi.
Juntos caçaram 5 cervos. Se a divisão da caça deve ser feita de
acordo com sua posição hierárquica, quanto cada um deverá
receber?
2 1
Resposta: Dafu receberá 1 de cervo, Bugeng receberá 1 de
3 3
2
cervo, Zanniao receberá 1 cervo, Shangzao receberá de cervo e
3
1
Gongshi receberá de cervo.
3
Método: Mantenha o peso de cada posição como a razão da
distribuição. Tome sua soma como divisor. Multiplique 5 cervos por
cada razão como dividendo. Divida, dando o número de cervos para
cada oficial.
Liu: O peso para cada posição significa Dafu 5, Bugeng 4, Zanniao 3,
Shangzao 2 e Gongshi 1. Pelas regras vigentes, “conceder
recompensas de acordo com suas posições”, as razões de
distribuição são as razões buscadas, sua soma, as razões dadas e a
quantidade de cervos, os números dados. Aplicando a regra
obteremos a resposta.
Em linguagem moderna:
Seja x a quantidade de cervos que Gongshi deverá receber, 2x para
Shangzao, 3x para Zannio, 4x para Bugeng e 5x para Dafu.
5𝑥 + 4𝑥 + 3𝑥 + 2𝑥 + 𝑥 = 5 , 15𝑥 = 5.
1 2 1
𝑥 = 𝑐𝑒𝑟𝑣𝑜, 2𝑥 = 𝑐𝑒𝑟𝑣𝑜, 3𝑥 = 1 𝑐𝑒𝑟𝑣𝑜, 4𝑥 = 1 𝑐𝑒𝑟𝑣𝑜,
3 3 3
2
5𝑥 = 1 𝑐𝑒𝑟𝑣𝑜
3
O problema 2 trata de uma sequência geométrica.
Problema 2: Uma vaca, um cavalo e um carneiro comeram todas
as sementes de um campo. O dono do campo pediu 5 dou de
grãos de milho como compensação. O dono do carneiro disse:
meu carneiro come metade do que come um cavalo. O dono do
1
cavalo disse: meu cavalo come metade do que come uma vaca.
A compensação deve ser distribuída de acordo com as razões.
Quanto pagará cada um?
4
Resposta: O dono da vaca paga 2 dou 8 sheng, o dono do cavalo
7
2 1
paga 1 dou 4 sheng e o dono do carneiro paga 7 sheng.
7 7
Método : Mantenha as razões para distruibuição : vaca 4, cavalo 2 e
carneiro 1. Tome sua soma como divisor. Multiplique por 5 dou por
cada razão como dividendo. Divida dando o número de dou.
Método moderno:
𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑒 𝑜 𝑐𝑎𝑟𝑛𝑒𝑖𝑟𝑜 1
= ∶1
𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑒 𝑜 𝑐𝑎𝑣𝑎𝑙𝑜 2
𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑒 𝑜 𝑐𝑎𝑟𝑛𝑒𝑖𝑟𝑜 1
= ∶1
𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑒 𝑎 𝑣𝑎𝑐𝑎 4

1 1
∶ ∶1=1∶2∶4
4 2
𝑥 : quanto come o carneiro.
𝑥 + 2𝑥 + 4𝑥 = 5
7𝑥 = 5
5 50 1
𝑥 = dou = sheng = 7 sheng. ( para o carneiro).
7 7 7

O problema 8 trata de proporcionalidade inversa.


Problema 8 – Existem 5 oficiais de diferentes escalões (posições
hierárquicas): Dafu, Bugeng, Zangiao,Shangzao e Gongshi.
Juntos devem pagar o total de 100 moedas. Se este pagamento
deve ser partilhado de acordo com o escalão de cada um, o
mais importante paga menos e o de menor importância paga
mais. Quanto deverá pagar cada um?
109 123
Resposta: Gongshi paga 43 , Shangzao paga 21 moedas,
137 137
82 130
Zanniao paga 14 moedas, Bugeng paga 10 moedas e Dafu
137 137
104
paga 8 moedas.
137
Método: Mantenha os recíprocos das posições como razões para
compartilhar. Tome sua soma como divisor. Multiplicando 100
moedas por cada razão, temos cada dividendo. Divida dando o
número de moedas de cada posição.
Ou seja: Como a distribuição é inversamente proporcional à posição
hierárquica, o de menor escalão deverá pagar 1 cota, o segundo em
posição meia cota, o terceiro um terço da cota, o quarto um quarto

2
da cota e o mais graduado um quinto da cota. A soma das cotas é
100 moedas. Basta multiplicar o denominador da soma das cinco
cotas por 100 e dividir pelo numerador para encontrar o valor de uma
cota, que será atribuída ao de menor graduação (Gongshi). Os
outros oficiais terão seu pagamento calculado de acordo com a cota
que lhe cabe.

Proposta moderna de resolução: o primeiro (em importância) deve


1 1 1
pagar do rateio, denotado por x, o segundo , o terceiro , o quarto
5 4 3
1
e o quinto 1 unidade. Assim :
2

𝑥 𝑥 𝑥 𝑥 137𝑥
+ + + + 𝑥 = 100; = 100,
5 4 3 2 60
109 𝑥 123 𝑥 82 𝑥 130 𝑥 104
𝑥 = 43 , = 21 , = 14 , = 10 , = 8 .
137 2 137 3 137 4 137 5 137

Problema 20: Se alguém empresta 1000 moedas a um juro


mensal de 30 moedas, quanto de juro deverá ser pago se
emprestar 750 moedas por 9 dias?
3
Resposta: O juro deverá ser de 6 de moeda.
4
Método: Tome um mês com 30 dias e multiplique por 1000 moedas,
como divisor. Multiplique o juro 30 pelo número de moedas do
empréstimo, e ainda por 9 dias como dividendo. Divida, dando o
número de moedas.
Ou seja: considere um mês de 30 dias. O produto 30 ∙ 1000 será o
divisor. O empréstimo de 750 moedas por 9 dias deverá gerar um
juro de 750 ∙ 9 ∙ 30, se considerarmos a taxa para 30 dias. Dividindo-
3
o por 30000 obtém-se a taxa de 6,75 moedas, ou seja, 6 de moeda.
4
Outra forma de resolver o problema é por meio de uma tabela que
pode ser construida com os alunos do oitavo ano do Ensino
Fundamental:

Quantidade de
Dias (b) a.b Juro (a.b/1000)
moedas (a)
1000 30 30000 30
1000 3 3000 3
1000 9 9000 9
3000 9 27000 27
750 9 6750 6,75 ou 6 ¾
3
4
CAPITULO 4 – QUANTO MEDE? ( SHAO KUANG)

Este capítulo contém problemas envolvendo cálculos para encontrar


o lado ou o diâmetro etc, de áreas ou volumes dados. Ou seja,
envolve extração de raízes quadradas e cúbicas. Por exemplo, dada
a área de um quadrado, encontrar o seu lado. A inspiração original
para resolver numericamente equações algébricas de graus
elevados está fortemente ligada com os cálculos apresentados nele.

Os 24 problemas desse capítulo podem ser divididos em três grupos:


1. Medidas pequenas: regra para somas de inteiros com frações
unitárias. Problemas de 1 a 11.
2. A regra da extração de raízes quadradas. Problemas de 12 a
18.
3. A regra da extração de raízes cúbicas. Problemas de 19 a 24.

O primeiro grupo é uma extensão da teoria de frações do capítulo 1.


O algoritmo para encontrar o máximo divisor comum (mdc) de
naturais foi desenvolvido no capítulo 1, mas o mínimo múltiplo
comum (mmc) não foi introduzido. Assim os chineses não somam as
frações usando o mmc dos denominadores, mas de uma regra muito
simples e muito interessante, que é a regra das medidas pequenas.
No segundo e terceiro grupos, os algoritmos são completos e
corretos. Contudo Liu Hui nos mostra geometricamente porque eles
são corretos.

Observação importante: uma das mais significantes contribuições da


China Antiga é a solução numérica de equações polinomiais. A fonte
original de todos estes trabalhos é Os nove capitulos da arte
matemática, na extração de raízes quadradas e cúbicas. O processo
para determinar a raiz quadrada de um número, traduzido nos
tempos atuais, é muito próximo do “algoritmo da raiz quadrada”
(método da chave), que era ensinado no Brasil nas escolas, até há
pouco tempo. Para a raiz cúbica, é idêntico ao da raiz quadrada,
baseado no desenvolvimento do cubo de um binômio.
Fizemos a escolha de alguns problemas que julgamos interessantes
e não repetitivos.

Regra para a soma de inteiros e frações unitárias(regra das


medidas pequenas): mantenha a parte inteira e a parte fracionária
dos bu. Multiplique o inteiro e todos os numeradores pelo maior
denominador. Reduza as frações a inteiros sempre que possível.
Agora vai repetindo o processo até que todos os numeradores sejam
inteiros. Some-os como divisor. Multiplique o número dos bu
(quadrados) pelo denominador resultante como dividendo e divida
dando o número de bu como comprimento.
Veja esta regra comentada no problema 6.

Problema 1 - Dado um campo retangular, cuja largura é 1 ½ bu e


cuja área é 1 mu, encontrar o seu comprimento .
Resposta : 160 bu.
1 3
Método: A = 1 mu = 240 bu (quadrado). Largura l = 1 = .
2 2
2
Assim o comprimento é igual a 240 x = 160 bu.
3

Problema 2 - Dado um campo retangular, cuja largura é 1 ½ bu e


um terço, e área 1 mu, encontrar o seu comprimento .
10
Resposta : 130 bu.
11
1 1
Método: A = 1 mu = 240 bu (quadrado). Largura l = 1 + =
2 3
3 1 11
+ = .
2 3 6
6 10
Assim o comprimento é igual a 240 x = 130 bu.
11 11

Problema 3 - Dado um campo retangular, cuja largura é 1 ½ bu


mais um terço e um quarto e área 1 mu, encontrar o seu
comprimento .
1
Resposta: 115 bu.
5
1 1 1
Método: A = 1 mu = 240 bu (quadrado). Largura l = 1 + + +
2 3 4
4
4+2 + 3
+1 12 + 6 + 4 + 3 25
= = = .
4 4 ∙ 3 12
12 1
Assim o comprimento é igual a 240 x = 115 bu.
25 5
Problema 4 - Dado um campo retangular, cuja largura é 1 ½ bu
mais um terço, um quarto, e um quinto e área 1 mu, encontrar o
seu comprimento .
15
Resposta : 105 bu.
137
5 5 5
1 1 1 1 5+ + + +1
Método: Largura l = 1 + + + + = 2 3 4
=
2 3 4 5 5
20
20 + 10 + 3
+5+4 60 + 30 + 20 + 15 + 12 137
= = .
5∙4 5 ∙4 ∙ 3 60
60 15
Assim o comprimento é igual a 240 x = 105 bu .
137 137

Problema 5 - Dado um campo retangular, cuja largura é 1 ½ bu


mais um terço, um quarto, um quinto e um sexto e área 1 mu,
encontrar o seu comprimento .
47
Resposta: 97 bu.
49
6 6
1 1 1 1 1 6+3+ 2+ + 5 +1
Método: Largura l = 1 + + + + + = 4
=
2 3 4 5 6 6
30
30 + 15 + 10 + +6+5 120 + 60 + 40 + 30 + 24 + 20 294
4
= = .
6∙5 6 ∙5 ∙ 4 120
120 47
Assim o comprimento é igual a 240 x = 97 bu.
294 49

Problema 6 - Dado um campo retangular, cuja largura é 1 ½ bu


mais um terço, um quarto, um quinto, um sexto e um sétimo e
área 1 mu, encontrar o seu comprimento .
68
Resposta: 92 bu.
121
1 1 1 1 1 1
Método: Largura l = 1 + + + + + + . O maior
2 3 4 5 6 7
denominador é 7.
Multiplique o inteiro e todos os numeradores por este denominador e
divida cada numerador por este denominador, ou seja:
7 7 7 7 7
7+ + + + + +1
2 3 4 5 6
=
7
Faça o mesmo na próxima etapa, encontrando o maior denominador.
Neste caso é o 6.
21 42
42 + 21 + 14 + 2
+ 5 +7+6
= =
7∙6
Observe que não foi utilizada inteiramente a regra, pois foi feita uma
simplificação que não reduziu a inteiro.
A próxima etapa. O maior denominador é o 5.
105
210 + 105 + 70 + + 42 + 35 +30
2
= =
7∙6 ∙ 5
A próxima etapa. O maior denominador é o 2.
420 + 210 + 140 + 105 + 84 + 70 +60 1089
= = .
7∙6 ∙ 5 ∙2 420

420 68
Assim o comprimento é igual a 240 x = 92 bu .
1089 121

Problema 11 - Dado um campo retangular, cuja largura é 1 ½ bu


mais um terço, um quarto, um quinto, um sexto, um sétimo, um
oitavo, um nono, um décimo, um onze avos e um doze avos e
área 1 mu, encontrar o seu comprimento .
29183
Resposta : 77 bu.
86021
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Método: Largura l =1 + + + + + + + + + +
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
1
+ =
12
12 12 12 12 12 12
12 + 6 + 4 + 3 + +2+ 7 + 8 + 9 + + +1
= 5 10 11
=
12
132 132 132 132 132
132 + 66 + 44 + 33 + 5 + 22 + 7 + 8
+ 9 + 10
+ 12 + 11
= =
12 ∙11
1320 1320
1320 + 660 + 440 + 330 + 264 + 220 + 7
+ 165 + 9
+ 132 + 120 + 110
= =
12 ∙ 11 ∙ 10
11880
11880 + 5940 + 3960 + 2970 + 2376 + 1980 + + 1485 + 1320 + 1188 + 1080 + 990
7
=
12 ∙ 11 ∙ 10 ∙ 9
=
=
83160 + 41580 + 27720 + 20790 + 16632 + 13860 + 11880 + 10395 + 9240 + 8316 + 7560 + 6930
12 ∙ 11 ∙ 10 ∙ 9 ∙ 7
258063
=
83160
83160 29183
Assim o comprimento é igual a 240 x = 77 bu.
258063 86021

O método das Medidas Pequenas também vale para frações


ordinárias.
O Método da extração da raiz quadrada será explicado ao longo
do próximo problema .

Problema 12 - Dada a área de um quadrado de 55 225 bu


(quadrado), encontre o seu lado .
Resposta: 235 bu.
Método da raiz quadrada: Vamos encontrar a raiz quadrada do
número acima, usando uma notação moderna, mas de acordo com a
regra do Os nove capitulos da arte matemática.
Tome x como a solução. Logo S = x2 = 55225 .
1) Para estimar o primeiro dígito da raiz, transformamos a
equação acima diminuindo a raiz para x1 = x /100 e obtenha
10 000 x12 = 55225. (pois como 55225 está em dezenas de
milhares, o lado será em centenas).
2) Para estimar x1, encontre, [x1] ( onde [ ] significa a parte inteira
de x1), tal que
[x1]2 ≤ 5 < ([x1] +1)2 . Assim tome [x1] = 2.
3) Subtraia a raiz, y = x1 – [x1] = x1 – 2, e a equação se transforma
em 10 000 (y + 2)2 = 55225, ou seja, 10 000 y2 + 40 000y =
=15 225.
Pelo algoritmo “da chave”
55.225 200
- 40.000
15.225

Ou seja, geometricamente,
15225 é a área do gnômom restante, quando se retira a área
do quadrado (40000).

200 = 10[x1]

200 = 10[x1]
55225 = 40000
4) Aumente agora a raiz, y1 = 10 y, e temos 100 y12 + 4000y1 =
15225.
Estime [y1] tal que 4000[y1] ≤ 15225 < 4 000 ([y1]+1).
Assim tome [y1] = 3 e opere, obtendo 2325.
Pelo algoritmo “da chave”
55.225 200+30
- 40.000 2 . 200 = 400
15.225 (400 + 30) . 30 = 12900
- 12.900
2.325

Geometricamente: 30 = 10 [y1] 200 = 10[x1]

40000 200 = 10[x1]


55225 =

30 = 10 [y1]

5) Subtraia a raiz z = y1 – [y1] = y1 -3, dando 100 ( z + 3)2 + 4000


(z+3) = 15225.
Ou seja: 100 z2+ 4600 z = 2325.
6) Aumente a raiz, z1 = 10 z, dando z12 + 460 z1 = 2325. Neste
caso [z1] = 5. E finalmente temos x = 100 [x1] + 10 [y1] + [z1] =
235.
30 = 10 [y1]

5 200 = 10[x1]

40000 200 = 10[x1]


55225 =

30 = 10 [y1]
5
Pelo algoritmo “da chave”
55.225 200+30+5
- 40.000 2 . 200 = 400
15.225 (400 + 30) . 30 = 12900
- 12.900
2.325 2 . 230 = 460
- 2.325 (460 + 5) . 5 = 2325
0

No método do Os nove capitulos da arte matemática se, continuando


o processo sobrar um resto, o número S é chamado não extraível e o
lado do quadrado é igual à raiz quadrada de S.

Problema 15 - Dada a área de 564 752 ¼ bu quadrados,


encontrar o lado do quadrado.
Resposta: 751 ½ bu.
Método: é como anterior, só que envolve números racionais, então
basta fazer a raiz quadrada do numerador e do denominador e
dividir.

Regra de como encontrar a circunferência conhecendo a área:


dada uma área em bu quadrados de uma circunferência. Multiplique
por 12. Extraia a raiz quadrada do produto dando a circunferência.
Liu explica: No Os nove capitulos da arte matemática ,a razão entre
a circunferência e o seu diâmetro é igual a 3 ( número π = 3). (Para
este valor de π esta fórmula acima está correta). Contudo Liu dá a
seguinte fórmula: a área deve ser multiplicada por 3,14 e dividida por
25. Extraia a raiz quadrada deste resultado e obtenha a
circunferência. Ou seja, Liu considera π = 3,14.
Observação importante: ver página 106, tabela 1.6.(????o que é isto)

𝟑
Problema 17 - Se a área da circunferência é 1518 bu
𝟒
quadrados, qual é a sua circunferência?
Resposta: 135 bu .
Método: como acima a circunferência C = √12𝐴 , onde A é a área
dada.
6075 72900
Logo C = √12 ∙ = √ = 135 bu.
4 4
6075
3,14 ∙ 1
Para Liu, C = √ 4
que é aproximadamente igual a 138 bu.
25 10

Regra de extrair a raiz cúbica.


Problema 19 - Dado um volume de 1 860 867 chi cúbicos, qual o
lado do cubo?
Resposta: 123 chi.
Método da raiz cúbica: Vamos encontrar a raiz cúbica do número
acima, usando uma notação moderna, mas de acordo com a regra
do Os nove capitulos da arte matemática .
Tome x como a solução, logo V = x3 = 1860867.
1) Para estimar o primeiro dígito da raiz, transformamos a
equação acima diminuindo a raiz para x1 = x /100 e obtenha
1 000 000 x13 = 1 860 867. (pois como 1 860 867 está em
milhões, o lado será em centenas).
2) Para estimar x1, encontre, [x1] ( onde [ ] significa a parte inteira
de x1 ), tal que
[x1]3 ≤ 1 < ([x1] + 1)3 . Assim tome [x1] = 1.
3) Subtraia da raiz , y = x – [x1] = x – 1, obtendo 1 000 000y3 +
3 000 000 y2 + 3 000 000 y = 860 867.

Pelo método da chave:


3
1 860 867 100
- 1 000 000
860 867

4) Aumente a raiz, y 1 = 10 y , e obtenha 1 000 y13 + 30 000 y12 +


3 000 000y1 = 860 867.
5) Para estimar y1 encontre, [y1] (onde [ ] significa a parte inteira
de y1), tal que
300000 [y1] ≤ 860867 < 300000 ([y1] + 1). Assim [y1] = 2.
Pelo método da chave:
3
1 860 867 100+20
- 1 000 000 (30000 + 300 . 20 + 202) . 20 = 728000
0 860 867
728 000
132 867

6) Subtraia a raiz, z = y1- [y1] = y1 – 2, obtendo 1 000 z3 + 36 000z2


+ 432 000 z = 132 867.
7) Aumente a raiz, z1 = 10 z, assim z13 + 360 z12 + 432 000 z =
132 867.
8) Estime [z1] = 3 e finalmente obtenha x = 100 [x1] + 10 [y1] + [z1]
= 123.
Pelo método da chave:
3
1 860 867 100+20+3
- 1 000 000 (30000+ 300 . 20 + 202) . 20 = 728000
0 860 867 43200 + 360 . 3 + 32) . 3 =
- 728 000 29600 + 3240 + 27 = 132867
132 867
- 132 867
0
Liu explica geometricamente:

Regra para encontrar o diâmetro de uma esfera.

A regra é a seguinte: Dado o volume da esfera em chi cúbicos.


Multiplique-o por 16 e divida por 9. Extraia a raiz cúbica do resultado
e obtenha o diâmetro da esfera.
Ou seja , considera o volume V como sendo V = (9/16) d3, onde d é o
diâmetro da esfera. ( que está errada, mesmo considerando pi = 3).
1
A fórmula exata para o volume de uma esfera é V = 𝜋 𝑑 3.
6
A fórmula exata para o volume da esfera foi somente conhecida nos
séculos V ou VI com Zu Kengzhi.

Problema 23 - Dado o volume da esfera de 4 500 chi cúbicos.


Qual é o seu diâmetro?
Reposta: 20 chi .
3 16
Método: √4500 ∙ = 20
9
CAPÍTULO 5 - CÁLCULO PARA CONSTRUÇÕES (SHANG
KUNG).
Os 28 problemas deste capítulo se referem principalmente a
cálculos de volumes de terraplanagens, capacidade de celeiros de
diferentes formas e o trabalho dado pelos trabalhadores. São
classificados em três grupos:
1- Volumes de diferentes sólidos, sendo que alguns têm nomes
ocidentais e outros chineses: as fórmulas dadas são corretas
(tomando 𝜋 = 3 para as fórmulas de volumes de cilindros,
cones e troncos de cones). Existem 14 diferentes tipos de
sólidos discutidos. Os tipos são: cubóides (isto é,
paralelepípedos retangulares), (problemas 8, 27), prismas de
secção trapezoidal constante, (problemas 2-7), troncos de
pirâmides (problema 10) e pirâmides (problema 12), prisma
triangular reto (problema 14), yangma problema (15), bie’nao
(problema 16), xianchu (problema 17), chumeng (problema
18) , chutong (problema 19), panchi (problema 21) e minggu
(problema 22). Os outros três tipos são com algumas
superfícies curvas, como cilindros (problemas 9, 18), cone
(problemas 13-25), tronco de cone (problema 11) e quchu
(problema 20) que é como um vaso de plantas.
2- Para encontrar o lado, altura ou circunferência de um sólido
cujo volume é dado (26-28).
3- Para encontrar o número de trabalhadores se seu trabalho
diário per capita e o total do trabalho são conhecidos.
(problemas 4-7, 21-22).

As fórmulas dadas são corretas, mas não se tem idéia de como elas
foram deduzidas.
Liu Hui observa que as primeiras provas que conhecemos sobre os
volumes dos 14 sólidos são dadas no Os nove capitulos da arte
matemática . Comenta ainda que muitas deduções das fórmulas
aparecem de mais de uma maneira. Liu ainda comenta que muitas
destas fórmulas e suas aplicações são estudadas nas escolas e em
cálculos práticos atualmente na China. Muitos destes sólidos têm

1
dimensões dadas por números racionais e se referem à agricultura
na China Antiga. Este trabalho nos mostra com bons exemplos
aplicações da Matemática na vida real.

A maioria dos problemas deste capítulo são aplicações de fórmulas,


então fizemos a escolha de alguns problemas que julgamos
interessantes.

São usadas as seguintes unidades: zhang, chi e cun, 1 zhang = 10


chi = 100 cun e 1 chi = 10 cun.

Problema 7- Dado um canal com largura superior de 1 zhang e


8 chi, largura inferior de 3 chi e 6 cun , profundidade de 1 zhang
e 8 chi e comprimento de 51 824 chi. Qual é o seu volume?
Ainda mais, a cota do trabalho de um homem no outono sendo
de 300 chi cúbicos, quantos homens serão necessários?
Resposta : 10 074 585 chi (cúbicos) 5 cun (cúbicos). 33 582
trabalhadores.
Regra: A secção do canal é considerada constantemente
trapezoidal. Suas dimensões são dadas no problema. O volume V =
1
(𝑎 + 𝑏) ℎ𝑗, onde a e b são as larguras, h profundidade da secção
2
constante e j é o comprimento do canal. Veja a figura abaixo.
Tome o número de chi (cúbicos) do volume como dividendo, o
número de chi (cúbicos) para a cota do trabalho de um homem no
outono como divisor. Divida, dando o número de homens requerido.

a
h j

Observação: Para o inverno era cotado 444 chi (cúbicos) para cada
homem, na primavera 766 chi (cúbicos) e no verão, 871 chi
(cúbicos).

2
Problema 15 - (sobre um sólido que não temos o nome:
yangma. Atualmente um canto de um telhado de quatro águas
é chamado de um yangma). Dado um yangma, com largura de 5
chi, comprimento de 7 chi e altura de 8 chi, encontrar o seu
volume.
1
Resposta: 93 chi (cúbicos).
3
Regra: multiplique a largura por seu comprimento, e então pela
altura e divida por 3.
(isto porque 3 yangma constroem um cubo).

Ele está relacionado com cubos e qiandu, veja a figura abaixo:

Qiandu é um prisma triangular reto.

Problema 16: Dado um bie’nao com largura inferior de 5 chi,


sem comprimento, um comprimento superior de 4 chi, sem
largura, e uma altura de 7 chi. Encontre o seu volume.
1
Resposta: 23 chi (cúbicos).
3
Regra: multiplique a largura pelo comprimento e então multiplique
pela altura e divida por 6.
Veja as figuras. A segunda mostra o osso da tartaruga.

Liu diz o seguinte: na regra, bie é uma tartaruga e nao o osso da


sua perna dianteira. É dito que metade de um yangma é como a
perna dianteira de uma tartaruga, daí o seu nome. Cortando um
yangma no meio dão dois bie’nao. O volume de um bie’nao é
metade deste yangma. Dai a regra “divida por 6”.

3
CAPÍTULO 6 – TAXAS JUSTAS (JUNG SHU)

Neste capítulo foram apresentados problemas que tratam de


transportes de cereais depositados num entreposto, como taxas.
Estas taxas, ou impostos, são calculados de acordo com a distância
ao entreposto e o custo do trabalho. Tem também problemas que
dizem respeito à perseguição de caça. Este último tipo de problema
foi introduzido pelos árabes na Europa, onde veio a adquirir bastante
popularidade entre os seculos XII e XV.
Os 28 problemas deste capítulo proporcionam um desenvolvimento
posterior da teoria de proporção dos capitulos 2 e 3. São classificados
em 4 grupos.
1) proporções diretas e inversas .
a) Envolvendo adição e subtração como no capítulo 3
(problemas 15 e 17).
b) Problemas sobre relações entre distância, velocidade e tempo
(Problemas 12 - 14 e 16). O método usado é simples, mas
interessante.
2) Distribuição proporcional.
a) Somente os 4 primeiros problemas deste capítulo se referem
a taxas justas. (Problemas 1 - 4).
b) Problemas de trabalho cooperativo (problemas 9, 20 - 26).
c) Progressões aritméticas. Em alguns problemas são dados o
primeiro e o último termos, (problema 17), em outros a soma dos
primeiros ou dos últimos termos (problemas 18 e 19). Nestes casos os
problemas são reduzidos a distribuição proporcional.
3) Proporções compostas (problemas 7, 9) (incluindo o vigésimo do
capitulo 3, só existem 3 problemas deste tipo no Nine Chapters).
4) Proporções contínuas (problemas 10, 11, 27, 28) .

Fizemos uma escolha de alguns problemas que julgamos


interessantes. Nos problemas apresentamos a resposta e o método
ou regra, como no Nine Chapter. Em alguns problemas apresentamos
uma solução atual.
Unidades de medidas que ocorrem neste capítulo:

Medidas de comprimento: Somente ocorrem 3 unidades: zhang, chi e


cun , bu e li.
1 zhang = 10 chi e 1 chi = 10 cun, 1 li = 300 bu = 6 chi x 300 = 1800
chi. Podemos ver algumas equivalências destas medidas, no livro Une
histoire des matématiques chinoises Kiyosi Yabuuti, 1 cun = 2,304 cm.
1 chi = 23,04 cm. 1 bu = 6 chi = 1,3824 m, 1 zhang = 2,304 m. 1 li =
300 bu = 414,72 m.
Medidas de Capacidade: Somente três unidades: hu, dou e sheng.
10 sheng = 1 dou, 1 hu = 100 sheng.
Medidas de peso: dan, jun, jin, liang e zhu. 1 dan = 4 jun; 1 jun = 30
jin; 1 jin = 16 liang, 1 liang = 24 zhu.

Regra das taxas justas para regular as diferentes despesas para


distância e serviços, etc no transporte.

Problema 1 - A tarefa dada é transportar o painço do entreposto


às 4 cidades, A, B, C e D. A cidade A se encontra a 8 dias do
entreposto, e tem 10.000 casas; a cidade B se encontra a 10 dias
do entreposto e compreende 9.500 casas; a cidade C se encontra
a 13 dias do entreposto e comprende 12.350 casas; a cidade D se
encontra a 20 dias do entreposto e compreende 12.200 casas. Se
deve repartir entre as 4 cidades, 250.000 hu de painço em 10.000
carrinhos. É assumido que a divisão seja proporcional à
distância do entreposto e ao número de casas. Quais são as
quantidades de painço e o número de carrinhos?
Resposta: Cidade A transporta 83.100 hu de painço, empregando
3.324 carrinhos, a cidade B, 63.175 hu de painço, 2.527 carrinhos,
cidade C, 63.175 hu de painço, 2.527 carrinhos, cidade D, 40.550 hu
de painço, 1.622 carrinhos.
Regra das taxas justas (junshu): Divida o número de casas em cada
cidade pelo número de dias de viagem de cada cidade ao entreposto,
para ter a taxa de distribuição: A, 1.250, B, 950, C, 950 e D, 610.
Soma-as como divisor. Multiplique o total de número de carrinhos por
cada uma das razões como dividendo. Divida, dando o número de
carrinhos usados para cada cidade. Se existem frações, arredonde-as
(como abaixo) a inteiros. Multiplique o número de carrinhos por 25 hu
para ter a quantidade de painço transportado por cada cidade.
No caso, temos: o divisor é 1.250 + 950 + 950 + 610 = 3.760. O
total de carrinhos é 10.000.
Tome 10.000 𝑥 1.250 que será o dividendo. Então para a cidade A, o
número de carrinhos é 10.000 𝑥 1.250
3.760
176
= 3.324 376.
950 224
Da cidade B, 10.000 𝑥 = 2.526 ,
3.760 376
950 224
Da cidade C, 10.000 𝑥 = 2.526 ,
3.760 376
610 128
Da cidade D, 10.000 𝑥 = 1.622 .
3.760 376
A regra de Liu para arredondamento era a seguinte: (o número de
carrinhos não pode ser fracionário, assim eles devem ser
arredondados, e é razoável combinar a fração menor com a maior).
224 176
Tome a parte fracionária de B, que é a maior, e a de A, .
376 376
24 24
Some–as dando 1 . Some 1 a B e mantenha o resto . Assim A
376 376
fica com 3.324 e B com 2.527 carrinhos. Agora tome a menor fração,
128 24
que é a de D, e some com . E finalmente some com a maior
376 376
224
parte fracionária, que é a de C, , obtendo exatamente 1, que é
376
adicionado a C. Assim C fica com 2.527.
Ou seja, A com 3.324, B com 2.527, C com 2.527 e D com 1.622.
Para encontrar a quantidade de painço: para a cidade A, 3.324 𝑥 25 =
83.100 hu, para a B, 2.527 𝑥 25 = 63.175 , para C, 2.527 𝑥 25 =
63.175 e para a D, 1.622 𝑥 25 = 40.550 hu.

Observação de Liu Hui: Junshu significa a distribuição justa do serviço


de transporte. Para distribuir de acordo com o número de casas e o
número de dias para chegar ao entreposto é chamado de jun. O
serviço, transportar o painço é chamado de shu.

Problema 7 - Um trabalhador é contratado para carregar 𝟐 hu de


sal numa distância de 𝟏𝟎𝟎 li. Por esse serviço ele ganha 𝟒𝟎
𝟏
moedas. Supondo que ele carregou 𝟏 hu, 𝟕 dou 𝟑 sheng de sal
𝟑
por 𝟖𝟎 li, quanto ele deve receber?
11
Resposta: 27 moedas.
15
Método: Multiplique o número de sheng em 2 hu de sal, por 100 li,
como divisor. Multiplique 40 moedas pelo número de sheng da tarefa
presente e por 80 li, como dividendo. Divida dando o número de
moedas.
1 520
Solução atual: sabemos que 1 hu 7 dou 3 sheng = sheng.
3 3
Para resolver, usamos a regra de três composta, chamando de 𝑥 o
número de moedas a encontrar,
520
sheng --------- 80 li ------------ 𝑥 moedas
3
200 sheng ------------ 100 li ------------- 40 moedas.
520
40 ∙80 ∙ 11
𝑥= 3
= 27 .
200 ∙100 15
É a mesma solução dada pelo Método, contudo numa outra
linguagem.

Problema 10 - (de regra de três combinada). Um jin de seda crua


faz 12 liang de seda fervida, e um jin de seda fervida faz 1 jin 12
zhu de seda seca. Quanto de seda crua precisamos para fazer 1
jin de seda seca?
16
Resposta: 1 jin 4 liang 16 zhu.
33
Método: Multiplique 12 liang de seda fervida por 1 jin 12 zhu de seda
seca, como divisor. Multiplique o número de liang em 1 jin de seda
crua pelo número de zhu em 1 jin de seda fervida, então multiplique
por 1 jin de seda seca, como dividendo. Divida, dando o número
pedido de jin de seda crua.
Solução atual:
Seda crua Seda fervida Seda seca
1 jin = 16 liang = 16 ∙ 24 zhu 12 liang = 12 ∙ 24 zhu
33 33
1 jin = 16 liang = 16 ∙ 24 zhu 1 jin 12 zhu = 2 liang = 2 . 24 zhu
𝑦 𝑥 1 jin = 16 liang = 16 ∙ 24 zhu

16 .24 .16 .24 16 .24 . 𝑥


Logo 𝑥 = 33 e 𝑦= .
.24 12 .24
2
16 . 16 . 16 .24 2048 .24 16384
𝑦= 33 zhu = = zhu.
. 12 99 33
2
16 16 16
𝑦 = 496 zhu = 20 𝑙𝑖𝑎𝑛𝑔 16 zhu = = 1 𝑗𝑖𝑛 4 𝑙𝑖𝑎𝑛𝑔 16 zhu
33 33 33
Problema 14 - (de perseguição a caça). Uma lebre corre 𝟏𝟎𝟎 bu à
frente de um cão. O cão persegue a lebre durante 𝟐𝟓𝟎 bu, mas a
lebre ainda está a 𝟑𝟎 bu adiante dele. Quanto tem ainda o cão de
correr para apanhar a lebre?
1
Resposta: 107 bu.
7
Método: Tome 100 bu da lebre que está na frente e subtraia 30 bu
que o cão está atrás. O resto é o divisor. Multiplique 30 bu que o cão
está atrás pelo número de bu que o cão está perseguindo a lebre.
Divida e tenha o número de bu pedido.
250 ∙30 7500 1
Ou seja tome = = 107 bu.
100−30 70 7
Solução atual :
100 − 30 = 70 é a razão da lebre andar na frente e 250 é a razão
de perseguição do cão . Reduza a 7 e 25. De acordo com a regra de
25 𝑥 25 1
três, = . Logo 𝑥 = ∙ 30 = 107 bu.
7 30 7 7

Problema 16 - (foi considerado o problema mais difícil do


capítulo). Existem dois senhores, um possui uma hospedaria e o
outro é seu convidado. Certo dia o convidado vai embora a
𝟏
cavalo numa velocidade de 300 li por dia. Depois de de dia, o
𝟑
hospedeiro descobre que o convidado esqueceu sua mala na
hospedaria e sai para encontrá-lo. O hospedeiro encontra o
𝟑
convidado e retorna para a sua hospedaria em de dia. Qual foi a
𝟒
velocidade do hospedeiro?
Resposta: 780 li.
𝟑 𝟏
Método: Mantenha dia e subtraia dia. Divida ao meio e tome isto
𝟒 𝟑
𝟏
como divisor. Some este resultado a dia. Multiplique esta soma por
𝟑
300 li como dividendo. Divida e obtenha a distância que o hospedeiro
percorre num dia.
𝟑 𝟏
Solução atual: Subtraindo dia de dia temos o tempo do hospedeiro
𝟒 𝟑
para ir e voltar ao lugar onde encontrará o convidado. Dividindo por 2,
3 𝟏 𝟓 𝟓 5
temos o tempo de um percurso. Ou seja − = e ∶2= .
4 𝟑 𝟏𝟐 𝟏𝟐 24
Assim para o convidado temos
300 li-------------- 1 dia
𝟓
𝑥 li------------- dia
𝟏𝟐
ou seja x = 62,5 li. Assim o convidado está a 100 li + 62,5 li, = 162,5 li
quando se encontra com o hospedeiro. Logo a velocidade do
162,5
hospedeiro 𝑣 = 5 = 780 li ao dia.
24

Problema 18 – de progressão aritmética. (aqui é conhecido o


número de termos e a soma de alguns primeiros termos). Cinco
pessoas A, B, C, D e E, querem compartilhar cinco moedas
proporcionalmente. Suponhamos que A e B ganham mais, e que
a soma das suas moedas seja igual à soma dos outros três.
Quanto vai ganhar cada um?
2 1
Resposta: A ganha 1 de moedas, B, 1 de moedas, C, 1 moeda,
6 6
5 4
D, de moedas e E, de moedas.
6 6
Método: Mantenha as razões para compartilhar como 1, 2, 3, 4 e 5. A
soma das duas maiores é 9, enquanto que das três menores é 6. 6 é
menor que 9 de 3. Some 3 a cada uma das razões para a partilha,
obtendo 4, 5, 6, 7 e 8. Tome a soma como divisor, ou seja, 30.
Multiplique as moedas a serem compartilhadas por cada uma das
razões obtendo 20, 25, 30, 35 e 40. Considere-os como dividendos.
8 7
Divida dando as moedas pedidas para cada pessoa (ou seja, , , 1,
6 6
5 4
e ).
6 6
Solução atual: Sejam 𝑎, 𝑏, 𝑐, 𝑑, 𝑒 a quantidade de moedas de cada um.
Então, 𝑎 + 𝑏 = 𝑐 + 𝑑 + 𝑒.
5
E 𝑎 + 𝑏 + 𝑐 + 𝑑 + 𝑒 = 5. Então 𝑎 + 𝑏 = . Seja 𝑟 a razão da
2
Progressão aritmética e fixe 𝑐 = 1. Assim 𝑏 = 1 + 𝑟 e 𝑎 = 1 + 2𝑟.
5 1
De a + b = = 2 + 3𝑟, obtemos 𝑟 = . E temos a resposta.
2 6
Método atual:
O compartilhamento proporcional indica que temos uma PA de cinco
termos. Atribuindo ao termo médio o valor 1 (𝐶 = 1), podemos dizer:
𝐴 = 1 + 2𝑟, 𝐵 = 1 + 𝑟, 𝐷 = 1 – 𝑟 e 𝐸 = 1 – 2𝑟
5 5 3
Se 𝐴 + 𝐵 = e𝐶 + 𝐷 + 𝐸 = => 𝐷 + 𝐸 =
2 2 2
5
𝐶 + 2𝑟 + 𝐶 + 𝑟 = =>
2
5
2 + 3𝑟 = =>
2
1
𝑟 = , o que verifica a resposta acima.
6

Problema 20 - (de trabalho cooperado). Um pato selvagem voa do


mar do sul ao mar do norte em 7 dias, enquanto que um ganso
selvagem leva 9 dias para ir do mar do norte ao mar do sul.
Supondo que os dois pássaros começam no mesmo momento,
quando eles vão se encontrar?
15
Resposta: 3 dias.
16
Método: Some o número de dias como divisor, seu produto como
dividendo. Divida e obtenha o número de dias pedido.

1 1
Solução: O pato voa da jornada por dia, e o ganso, da jornada. Ou
7 9
9 7
homogeneizando os denominadores, o pato voa e o ganso . Em
63 63
outras palavras, se a distância entre os mares do sul e norte tem 63
partes, o pato voa 9 partes num dia e o ganso, 7 partes num dia.
Divida a distância entre o mar do sul ao mar do norte pela soma das
jornadas diárias dos dois pássaros dando o número de dias antes que
63 15
eles se encontrem. Ou seja, =3 = dias.
16 16
Solução atual:
1 1
Se o pato voa da jornada em um dia e o ganso, da jornada em um
7 9
dia, associando-se seus movimentos, teremos que a velocidade do
9 7
pato é dia e a do ganso, dia.
63 63
Considere a posição de cada um 𝑝 para o pato e 𝑔 para o ganso.
Quando 𝑝 = 𝑔 eles estarão no mesmo local. Assim, podemos
escrever suas funções horárias:
9 7
𝑝 = 0 + 𝑡 e 𝑔 = 1– 𝑡
63 63
9 7
𝑝 = 𝑔 => 𝑡 = 1– 𝑡 =>
63 63
16
𝑡 = 1 =>
63
63
𝑡 = dia que é o instante em que pato e ganso se encontram no
16
mesmo local.
15
Então 𝑡 = 3 dias
16
Problema 28 - (proporções contínuas). Uma pessoa está
transportando ouro através de 5 passagens. Na primeira
passagem ele paga uma taxa de uma parte em 2. Na segunda
passagem, uma parte em 3, na terceira, uma parte em 4, na quarta
uma parte em 5 e na quinta, uma parte em 6. Supondo que o total
das taxas nas cinco passagens é apenas 1 jin, quanto ouro ele
está carregando na saída?
4
Resposta: 1 jin 3 liang 4 zhu.
5
Método: mantenha 1 jin, multiplique pelas razões sucessivamente
como dividendo. Subtraia o primeiro pelo ultimo; o resto é o divisor.
Divida, dando o numero de jin.
Solução atual: seja 𝑥 o valor em ouro que ele tem na saida. Na
𝑥 𝑥
primeira passagem ele paga , de taxa, e resta . Na segunda ele
2 2
𝑥 1 𝑥 2𝑥 𝑥 𝑥 1 𝑥
paga ∙ = e resta = . Na terceira ele paga ∙ = e resta
2 3 6 6 3 3 4 12
3𝑥 3𝑥 1 𝑥 𝑥
. Na quarta ele paga ∙ = e resta . Na quinta ele paga
12 12 5 20 5
𝑥 1 𝑥 𝑥 5
∙ = e resta . O total dos impostos foi de 𝑥 = 1 jin. Assim
5 6 30 6 6
6 4
𝑥= jin = 1 jin 3 liang 4 zhu .
5 5
CAPÍTULO 7 - EXCESSO E FALTA (CHUN SHU).
Este capítulo contém 20 problemas que, com exceção de um deles,
o problema 16, conduzem a soluções de uma equação linear ou de
um sistema de duas equações lineares. As equações lineares são
resolvidas pela Regra da Dupla Falsa Posição e os sistemas de duas
equações lineares pela Regra do Excesso e Déficit. Mostraremos a
relação entre estas duas regras.
A Regra da Dupla Falsa Posição foi trazida à Europa pelos árabes na
Idade Média. Fibonacci, no seu livro Liber Abaci, reserva um
capítulo, o 13, para esta regra. Este método não exige nenhuma
álgebra, foi ensinado nos livros–textos de aritmética até
recentemente, no século XIX.

Regra da Dupla Falsa Posição.


Dada uma equação linear 𝑎𝑥 + 𝑏 = 𝑐, a regra consiste em fazer
duas suposições diferentes (e provavelmente falsas) para 𝑥, obtendo
(provavelmente) erros diferentes. Assim, assumindo 𝑥 = 𝑎1, obtém-
se um erro 𝑐1 , deste modo, 𝑎𝑎1 + 𝑏 = 𝑐 + 𝑐1 . Assumindo 𝑥 = 𝑎2 ,
obtém-se um erro 𝑐2 . Deste modo 𝑎𝑎2 + 𝑏 = 𝑐 + 𝑐2.
Agora multiplique cruzado 𝑎2 𝑐1 e 𝑎1 𝑐2 . Tome a diferença (𝑎2 𝑐1 −
𝑎1 𝑐2), e divida pela diferença dos erros, 𝑐1 − 𝑐2. Isto dá o valor de x.
(este método funciona mesmo, veja no livro do Fernando Gouvea,
Matemática através dos tempos, pg. 127).
Notação da multiplicação em cruz: 𝑐1 𝑐2
𝑎1 𝑎2
𝑎2 𝑐1 − 𝑎1 𝑐2
𝑥 =
𝑐1 − 𝑐2

𝑐1 −𝑐2 𝑎2 𝑐1 −𝑎1 𝑐2
𝑎= 𝑒 𝑐−𝑏 = e
𝑎1 −𝑎2 𝑎1 −𝑎2

𝑐−𝑏 𝑎2 𝑐1 −𝑎1 𝑐2
𝑥= = (1)
𝑎 𝑐1 −𝑐2

Regra do (um) excesso e (um) déficit.

1
Considere a regra do (um) Excesso e Déficit no caso onde 𝑥 pessoas
compram um item custando 𝑦 moedas. Se cada uma pagar a1, temos
um excesso de 𝑐1; se cada uma pagar 𝑎2 temos um déficit de −𝑐2. No
caso 𝑐1 e 𝑐2 são positivos. Supondo que 𝑎1 > 𝑎2 , então temos o
sistema
𝑎1 𝑥 − 𝑦 = 𝑐1
𝑦 – 𝑎2 𝑥 = 𝑐2

Homogeneizando o sistema, ou seja, multiplicando a primeira


equação por 𝑐2 e a segunda por 𝑐1, e subtraindo, obtemos 𝑥 (𝑎1 𝑐2 +
𝑎2 𝑐1) = 𝑦 (𝑐2 + 𝑐1), ou seja

𝑦 𝑎1 𝑐2 +𝑎2 𝑐1
= (2).
𝑥 𝑐1 +𝑐2

Esta fórmula é a mesma que (1) acima. Na primeira encontramos o


valor de 𝑥 e na segunda, que vem de um problema de duas
𝑦
variáveis, 𝑥 e 𝑦 , a razão , que é exatamente a parte que cada
𝑥
pessoa paga do objeto.
De (2) e das equações acima obtemos que

𝑐1 + 𝑐2 𝑎1 𝑐2 +𝑎2 𝑐1
𝑥= 𝑦=
𝑎1 − 𝑎2 𝑎1 − 𝑎2

O Capítulo 7 pode ser dividido em duas partes. Nos primeiros oito


problemas são discutidos todos os possíveis casos e suas soluções
sobre o problema do excesso e déficit.
Os Problemas de 1 a 4 possuem um excesso (ying (𝑐1)) e um déficit
(buzu (−𝑐2 )). Os Problemas 5 e 6, dois excessos ou dois déficits
( 𝑐1 ∙ 𝑐2 > 0 ). O problema 7 tem um excesso e um ajuste exato
(𝑐1 > 0 e 𝑐2 = 0 ou 𝑐1 = 0 e 𝑐2 > 0). O problema 8 tem um déficit e
um ajuste exato (𝑐2 < 0 e 𝑐1 = 0 ou 𝑐2 = 0 e 𝑐1 < 0).

Os doze problemas restantes, exceto o 16 são resolvidos pela Regra


da Dupla Falsa Posição e abrangem quatro temas: Problemas com
distâncias, velocidades e tempo para corpos em movimento
(Problemas 10, 11, 12 e 19) (no capítulo 6 as velocidades eram
constantes, neste capítulo envolvem velocidades variadas),
Problemas comerciais (Problemas 13, 17 e 20), Problemas variados
(Problemas 9, 14, 15 e 18). O problema 16 não é resolvido pela regra
2
da falsa posição, mas pela regra QILU (Regra de Três simples) do
capítulo 2, do Os nove capítulos da arte matemática.

Neste capítulo são usadas as seguintes unidades de medida:

CAPACIDADE: dou e sheng.

1 dou = 10 sheng.
Pode-se considerar uma aproximação para 1 sheng = 200 ml

COMPRIMENTO, li chi e cun.

1 li = 1800 chi
1 chi = 10 cun

MASSA, jin, liang e zhu

1 jin = 16 liang
1 liang = 24 zhu.

Fizemos a escolha de alguns problemas que julgamos interessantes


e não repetitivos.

Problema 1 - Várias pessoas compram em conjunto um objeto.


Se cada pessoa contribuir com 8 moedas, sobram (excesso) 3;
se cada pessoa pagar 7, faltam (déficit) 4. Quantas eram as
pessoas e qual era o preço do objeto?
Resposta: 7 pessoas, preço do objeto 53.

Método: Regra do (1) excesso e (1) déficit.


Disponha as razões de contribuição em uma linha. Acima desta linha
disponha o déficit e excesso correspondentes. Multiplique em cruz e
combine-os como dividendo. Combine o excesso e déficit como
divisor. Divida dividendo pelo divisor. Se forem frações, reduza-as
(combinar significa subtrair).
Para relacionar o excesso e o déficit para o objeto comprado junto:
conserve as razões de contribuição. Subtraia o menor do maior,
tome o resto para reduzir o divisor e o dividendo. O dividendo
reduzido é o preço de cada item. O divisor reduzido é o número de
pessoas.

3
Ou seja, sejam 𝑥 o número de pessoas comprando um objeto
custando 𝑦 moedas. Temos as equações que são geradas pelas
informações do problema:
8𝑥 – 𝑦 = 3 (sendo 3 o excesso de moedas), 𝑦 – 7𝑥 = 4 (sendo 4 o
déficit de moedas).
𝑦 53
O método garante que = e daí, como 8 – 7 = 1 , temos
𝑥 7
53 7
𝑦= =1 e 𝑥= = 7.
1 1

Problema 4 - Várias pessoas da comunidade compram gado. Se


cada grupo de 7 famílias da comunidade contribuir com 190, o
déficit é de 330. Se cada grupo de 9 famílias da comunidade
contribuir com 270, o excesso é de 30. Qual o número de
famílias da comunidade e o preço de cada gado?
Resposta: 126 famílias, preço do gado 3750.
Método: Sejam 𝑥 o número de famílias da comunidade e 𝑦 o preço
75000
𝑦 75000 360
do gado, logo = 7 , então 𝑥 = 20 e 𝑦 = 7
20 .
𝑥
360 7 7
Solução atual: Podemos modelar o problema com as equações:
190𝑥
= 𝑦 − 330
{ 7
270𝑥
= 𝑦 + 30
9
que dão as soluções acima.

Problema 6 - Várias pessoas compram ovelhas. Se cada uma


contribui com 5, o déficit é 45. Se cada uma contribui com 7, o
déficit é 3. Qual é o número de pessoas, e qual é o preço de
cada ovelha?
Resposta: 21 pessoas, preço da ovelha 150.
Método: Regra para dois déficits: Sejam 𝑥 a quantidade de
𝑦 −15+315 300
pessoas e 𝑦 o preço de cada ovelha, então = = . Logo
𝑥 −3+45 42
300 42
𝑦 = 𝑒 𝑥 = .
2 2
Solução atual: Podemos modelar o problema com as equações:
𝑦 − 5𝑥 = 45
{
𝑦 − 7𝑥 = 3
que dão as soluções acima.

Problema 7 - Algumas pessoas compraram porcos. Se todas as


pessoas contribuírem com 100, o excesso é 100, se

4
contribuírem com 90 é exatamente o suficiente. Qual o número
de pessoas e o preço de cada porco?
Resposta: 10 pessoas, preço do porco, 900.
Método: Regra para um excesso e um ajuste exato. Tome o
excesso ou déficit como dividendo. Mantenha as razões de
contribuição: subtraia a menor da maior, o resto é o divisor. Divida o
dividendo pelo divisor, obtendo o número de pessoas. Para encontrar
o preço do item multiplique o número de pessoas pela razão de
contribuição (do ajuste exato). Este é o preço do item.
𝑐
A regra significa que o número de pessoas é 1 , e o preço de cada
𝑎1− 𝑎2
𝑐1 𝑐2
item é 𝑎2 ∙ , se 𝑐1 é o excesso ou o número de pessoas é ,
𝑎1− 𝑎2 𝑎1− 𝑎2
𝑐2
e o preço de cada item é 𝑎1 ∙ , onde 𝑐2 é o déficit.
𝑎1− 𝑎2
Ou seja, sejam 𝑥 a quantidade de pessoas e 𝑦 o preço do porco.
Então:
100
𝑥 = = 10, e 𝑦 = 10 ∙ 90 = 900.
100−90

Solução atual: das informações do problema temos:


100𝑥 − 𝑦 = 100
{ ,
90𝑥 − 𝑦 = 0
Resolvendo por Cramer, obtemos 𝑥 = 10 e 𝑦 = 900.
Os próximos problemas são resolvidos com a regra da Dupla Falsa
Posição:
Problema 9 - Uma cuba com capacidade de 10 dou contém uma
certa quantidade de painço descascado (sem casca). São
adicionados grãos de painço (com casca) até encher a
cuba. Quando o painço é descascado descobre-se que a cuba
contém ao todo 7 dou de painço descascado.
Qual a quantidade de painço existente inicialmente na cuba?
Resposta: 2 dou e 5 sheng.
Método (dupla falsa posição): O método é supor originalmente que
existam 2 dou (20 sheng) de painço descascado, o déficit é 2 sheng.
Se a suposição for 3 dou, (30 sheng) o excesso é 2 sheng. Então,
−60−40 100
pela regra (1), a solução é = = 25 sheng que dá 2 dou e 5
−2−2 4
sheng.

Solução atual: seja 𝑥 a quantidade de painço que estava incialmente


na cuba. Sabendo-se que a razão do painço descascado obtido do
3
painço é (capítulo 2, pg 141 do livro de KANGSHEN, S. -
5

5
CROSSLEY, J. - LUN, A, W, C, - (1999) The Nine Chapters on the
3
Mathematical Art), temos a equação: (10 − 𝑥 ) + 𝑥 = 7, cuja solução
5
5
é𝑥 = dou ou seja, 2 dou e 5 sheng.
2

Problema 10 - Há um muro de 9 chi de altura. É plantada uma


trepadeira em cima do muro, e o seu caule cresce para baixo 7
cun por dia. É plantada uma outra trepadeira abaixo do muro e o
seu caule cresce para cima 1 chi por dia. Em quantos dias elas
se encontram e quanto é que cada uma das plantas cresce?
5 1
Resposta: 5 dias, a planta de cima cresce 3 chi 7 cun; a de
17 17
16
baixo cresce 5 chi 2 cun.
17
Método da dupla falsa posição. Se assumirmos 5 dias, o
crescimento conjunto será de 5 vezes 17 cun, ou seja 85 cun, o que
acarreta um déficit de 5 cun. Se forem 6 dias, o crescimento conjunto
será de 6 vezes 17 = 102 cun, o que gerará um excesso de 1 chi 2
cun que é igual a 12 cun. Usando o método da dupla falsa posição
obtemos:
5 −5
6 12
−30 − 12 . 5 90
=
−5 − 12 17
90 5
=5 dias.
17 17
Multiplicando esse tempo pela taxa de crescimento de cada planta,
90 630 1
chegaremos à resposta: 7 cun . = cun ou 3 chi 7 cun para a
17 17 17
90 900 16
planta de cima e 10 cun . = cun ou 5 chi 2 cun.
17 17 17

Solução atual: sejam 𝑐 a posição da planta que cresce para baixo, 𝑏


a posição da planta que cresce para cima e 𝑡 o tempo de
crescimento (para cima ou para baixo).Temos :
𝑐 = 90 – 7𝑡 e 𝑏 = 10𝑡 . Quando se encontram, 𝑐 = 𝑏 , ou
90 5
90 – 7𝑡 = 10𝑡, e 𝑡 = dias que é igual a (5 ). A planta de cima
17 17
90
cresce para baixo (nesse intervalo), 90 – 7 ∙ chi, ou seja, 3 chi 7
17
1 90
cun e a planta de baixo cresce para cima , 10 ∙ , ou seja, 5 chi
17 17
16
2 cun.
17

6
Problema 12 - Há uma parede com 5 chi de espessura, dois
ratos escavam em direções opostas, um túnel. No primeiro dia o
rato grande escava 1 chi e o pequeno, também, escava 1 chi. A
partir do segundo dia o rato grande duplica, diariamente, o que
escava e o pequeno reduz, diariamente, a metade do que
escava. Em quantos dias os dois ratos se encontram? Quais as
distâncias escavadas pelos dois?
2
Resposta: 2 dias. A distância escavada pelo rato grande é de
17
12 5
3 chi 4 cun e do rato pequeno 1 chi 5 cun .
17 17

Usando o método da dupla falsa posição,


−0,5 3,75
2 3

2 ∙3,75+3 ∙0,5 9
Obtemos o número de dias igual a = , que é igual a
3,75+0,5 4,25
2
2 dias.
17

No terceiro dia a velocidade do rato maior é 4 chi por dia e do rato


1 2
menor, chi por dia. Logo o rato grande cava, no terceiro dia, 4 ∙
4 17
8 1 2 1
que é igual a chi e o rato pequeno, . que é igual a chi.
17 4 17 34
Somando os resultados dos comprimentos, eles cavaram
respectivamente:

8 8 12
rato grande: 1 + 2 + = 3 chi = 3 chi 4 cun
17 17 17
1 1 9 5
rato pequeno: 1 + + = 1 chi = 1 chi 5 cun.
2 34 17 17

Solução atual: relação entre 𝑦𝑠 (distância percorrida pelo rato


pequeno em 𝑥 dias e 𝑣𝑠 (velocidade do rato pequeno).
𝑥 𝑣𝑠 𝑦𝑠
0≤ 𝑥 <1 1 1. 𝑥
1 1
1≤ 𝑥 <2 1 + . (𝑥 − 1)
2 2
1 1 1
2≤ 𝑥 <3 1 + + . (𝑥 − 2)
4 1 4
...

7
sejam yg (distância percorrida pelo rato grande em x dias) e vg
(velocidade do rato grande).

𝑥 𝑣𝑔 𝑦𝑔
0≤ 𝑥 <1 1 1. 𝑥
1≤ 𝑥 <2 2 1 + 2 . (𝑥 − 1)
1
2≤ 𝑥 <3 4 1 + 2 + 4 . (𝑥 − 2) + . (𝑥 − 2)
4
...

Os dois ratos devem se encontrar no intervalo (2 , 3) ,ou mais


precisamente em
1 1 2
1 + 2 + 4(𝑥 − 2) + 1 + + (𝑥 − 2) = 5 ,ou seja, 𝑥 = 2
2 4 17
dias.
Problema 18 – Sejam 9 moedas de ouro e 11 moedas de prata
pesando o mesmo. Uma peça é trocada; o original é 13 liang
mais leve. Qual é o peso de cada peça?
Resposta: uma peça de ouro pesa 2 jin 3 liang 18 zhu,e uma peça
de prata pesa 1 jin 13 liang 6 zhu
5 5
Método: Supondo 3 jin de ouro e 2 jin para a prata o déficit é 4 ;
11 11
coloque isto na coluna da esquerda (i). Supondo 2 jin para o ouro,
1 4
1 jin para a prata; o excesso é de 1 ; coloque na coluna da
11 11
direita (ii). Use o denominador para multiplicar os números que não
são inteiros (iii). Use o excesso e o déficit e multiplique em cruz as
razões. Tome a soma como dividendo. Tome o excesso mais o
déficit como divisor. Divida o dividendo pelo divisor para obter o peso
de uma peça de ouro (iv). Multiplique o denominador pelo divisor e
use o dividendo para dividir obtendo om peso da prata(v).
i ii iii
Ouro 3 2 3 2
5 7
Prata 2 1 27 18
11 11

8
5 4
Excesso/déficit 4 1 49 15
11 11
2 ∙ 49 + 3 ∙ 15 15
(iv) Uma peça de ouro pesa =2 jin
49 + 15 64
18 ∙ 49 + 27 ∙ 15 53
(v) Uma peça de prata pesa (49 + 15) ∙ 11
=1 jin
64

Liu: De acordo com o método, supondo 9 peças de ouro e 11 peças


de prata, ambas pesam 27 jin. Divida por 9 para o ouro, obtém 3 jin.
5
Divida por 11 para a prata, obtém 2 jin. Estas são,
11
respectivamente, o peso de uma peça de ouro ou de prata. De 27 jin
de ouro, subtraia o peso de uma peça de ouro e some o peso uma
peça de prata. De 27 jin de prata, subtraia uma peça de prata e some
5 5
uma peça de ouro. Assim o ouro pesa 26 jin e a prata pesa 26
11 11
5
jin. Subtraia o menor do maior. O total de ouro ficou mais leve 17
11
5
liang, que é 4 liang acima dos 13 liang. Depois de multiplicado
11
pelo denominador o numerador é 49 (déficit). Agora suponhamos 9
peças de ouro pesando 2 jin cada peça. Assim 9 peças pesam 18 jin.
11 peças de prata pesam um total de 18 jin também. Divida por 11 e
7
obtenha 1 jin uma peça. Este é o peso de uma peça de prata.
11
Agora de 18 jin de ouro subtraia uma peça de ouro e some uma de
prata. Também subtraia uma peça de prata (da prata) e adicione-a
7 4
ao ouro. Então o ouro pesa 17 jin e a prata pesa 18 jin. Subtraia
11 11
8
o menor do maior. Então o total do ouro é mais leve por , que
11
4
comparado com 13 liang é menor por 1 liang. Depois de
11
multiplicar pelo denominador o numerador é 15. Resolva pela regra
do excesso e falta. Divida o dividendo pelo divisor e obtenha o peso
de uma peça de ouro “multiplicar o denominador pelo divisor e use o
dividendo para dividir”, significa o denominador para prata.
Uniformize para obter o peso da prata.

Solução atual: sejam 𝑥 liang o peso de cada peça de ouro e 𝑦 liang o


peso de cada peça de prata, então temos:
9𝑥 = 11𝑦 e 10𝑦 + 𝑥 = 8𝑥 + 𝑦 + 13, resolvendo por Cramer 𝑥 =
143 117
liang = 2 jin 3 liang 18 zhu e 𝑦 = liang = 1 jin 13 liang 6 zhu.
4 4

9
Problema 19 - Dois cavalos, um bom e um mau, partem de
Chang'an para Qi. A distância entre Chang'an e Qi é de 3000 li. O
cavalo bom avança no primeiro dia 193 li, e nos dias seguintes,
aumenta por dia o seu percurso 13 li. O cavalo mau avança 97 li
no primeiro dia e diminui diariamente nos dias seguintes o seu
percurso em meio li por dia. O cavalo bom chega primeiro a Qi
depois volta pelo mesmo caminho e encontra o cavalo mau. Ao
fim de quantos dias os dois cavalos se reencontram e que
distância é que cada um deles percorreu?
135
Resposta: 15 dias até se encontrarem, o cavalo bom viajou
191
46 145
4534 li, e o cavalo mau viajou 1465 li.
191 191
1
Método da dupla falsa posição: assume 15 dias, déficit 337 li;
2
assume 16 dias, excesso 140 li Multiplique em cruz o excesso e o
déficit pelos números assumidos e soma-os como dividendo.
Excesso mais déficit como divisor. Divida o dividendo pelo divisor
para obter o número de dias. Simplifique o resto pelo máximo divisor
comum e expresse como uma fração, ou seja,
1
15 −337
2
16 140
1
15 ∙140+16 ∙3372 2100+5400 7500 2 ∙7500 15000 3000 135
1 = 1 = 955 = = = = 15
140 ∙3372 4772 955 955 191 191
2
dias.

Liu: A distância que o cavalo bom viajou foi


14 135 46
(193 + 13 ∙ ) ∙ 15 + (193 + 13 ∙ 15) ∙ = 4534 e a do
2 191 191
1 14 1 135 145
cavalo mau (97 – ∙ ) ∙ 15 + (97 – ∙ 15 ) ∙ = 1465
2 2 2 191 191

Solução atual: relação entre 𝑦𝑏 (distância percorrida pelo cavalo bom


em 𝑥 dias e 𝑣𝑏 (velocidade do cavalo bom).
𝑥 𝑣𝑏 𝑦𝑏
0≤ 𝑥 <1 193 por dia 193𝑥
1≤ 𝑥 <2 (193 + 13) por dia 193 + (193 + 13) (𝑥 − 1)
2≤ 𝑥 <3 (193 + 13 + 13) por dia 193 + (193 + 13) + (193 + 13 ∙ 2) (𝑥 − 2)

𝑛 ≤ 𝑥 <𝑛+1 ... 193 + (13 ∙ (𝑛 − 1))𝑛 + (193 + 13𝑛) (𝑥 − 𝑛)

sejam 𝑦𝑚 (distância percorrida pelo cavalo mau em 𝑥 dias) e 𝑣𝑚


(velocidade do cavalo mau).
𝑥 𝑣𝑚 𝑦𝑚

10
0≤ 𝑥 <1 97 por dia 97𝑥
1
(97 − 2) por dia 1
1≤ 𝑥 <2 97 + (97 − ) (𝑥 − 1)
2
(97 −
1 1
− ) por dia 1 1
2≤ 𝑥 <3 2 2 97 + (97 − ) + (97 − ∙ 2) (𝑥 − 2)
2 2
...
... 𝑛−1 𝑛
𝑛 ≤ 𝑥 <𝑛+1 97 + (97 − ) 𝑛 + (97 − ) (𝑥 − 𝑛)
4 2
Obtivemos usando o aplicativo Excel que a solução deve estar no
intervalo (15 , 16).
Assim tomamos a equação:
14 14
(193 + 13 ∙ ) ∙ 15 + (193 + 13 ∙ 15) (𝑥 − 15) + (97 − ) ∙ 15 +
2 4
15 3000
(97 − ) (𝑥 − 15) − 3000 = 3000 , cuja solução é 𝑥 = = 15 +
2 191
135
.
191

Problema 20 - Um homem de negócios investiu dinheiro em Shu.


Os juros eram 10:3 [ou seja, 30%]. Ele retirou 14000 da primeira
vez; 13000 da vez seguinte; 12000 da vez seguinte; 11000 da vez
seguinte; 10000 da última vez. Depois das 5 retiradas o saldo
zerou. Qual foi o capital e qual foi o juro?
84876 286417
Resposta: capital 30 468 moedas, juro 29531 moedas.
371293 371293

Método da dupla falsa posição: supondo o capital 30000, teve um


1
déficit de 1738 moedas, se o capital for de 40000, o excesso é de
2
35390 moedas e 8 fen.
1
(1 fen significa de moeda).
10
Pela regra da dupla falsa posição
1
−1738 35390,8
2
30000 40000
1131264000 84876
O capital inicial é de = 30468 moedas.
37129,3 371293
Liu explica o método. Se o capital for de 30000 moedas, somando
com o juro, temos 39000. Subtraindo a primeira retirada, que é de
14000, o resto mais juro dá 32500. Subtraia a segunda retirada, que
é de 13000 e o resto mais juro dá 25350. Subtraia a terceira retirada,
que é de 12000 o resto mais juro dá 17355 . Subtraia a quarta
1
retirada que é de 11000 , o resto mais juro dá 8261 moedas.
2
Subtraia a quinta retirada, que é de 10000, o resto mais juro dá um

11
1
déficit de 1738 moedas. Fazendo o mesmo, se o capital for de
2
40000, teremos um excesso de 35390 moedas e 8 fen.
Solução atual: se 𝑥 moedas é o capital inicial, temos

((((𝑥 ∙ 1,3 − 14000) ∙ 1,3 − 13000) ∙ 1,3 − 12000) ∙ 1,3 − 11000)


∙ 1,3 − 10000 = 0
84876
Logo 𝑥 = 30468 moedas.
371293
Somando todo o dinheiro e subtraindo do capital obtemos o juro.

12
CAPITULO 8 - ARRANJOS RETANGULARES (FANG SHENG).

Os 18 problemas deste capítulo tratam de sistemas de equações


lineares. Se m é o número de equações e n o de incógnitas,
existem dois tipos de tais sistemas tratados neste capítulo:

1) determinado, quando n = m. Para n = 2, problemas 2, 4, 7, 9 e


11.
2) indeterminado, onde m < n. Problema 13, o do poço (6
incógnitas e 5 equações).

A técnica empregada é remarcavelmente moderna. Os coeficientes


são colocados numa matriz, e então esta matriz é reduzida a uma
forma triangular, usando operações elementares de matrizes. Os
números negativos são operados de acordo com a regra dos sinais.

Liu explicita o método de triangular uma matriz (chamada de “Regra


da matriz”) exatamente o que chamamos hoje de método de
eliminação de Gauss. (C. F. Gauss publicou isto em 1826, 2000
anos depois).

Os vários métodos de resolução de equações lineares no Nove


capitulos da arte matemática com os comentários de Liu, são:

Método 1, da simples proporção, isto é regra de três, do capítulo 2.

Método 2, a regra de QILU, no capítulo 2, p.152 do livro


KANGSHEN,S.-CROSSLEY,J.-LUN,A,W,C,-(1999) The Nine
Chapters on the Mathematical Art. Companion and Commentary -
Oxford Univ.Pre. UNK.

Método 3, por determinantes, no capítulo 7.

Método 4, da Dupla falsa posição. Resolvendo os problemas 9 - 20


do capítulo 7, um par de números é assumido para criar excesso e
falta e assim o método 3 é aplicado.

Método 5, da eliminação, isto é a “Regra da matriz”.

Fizemos a escolha de dois problemas 8 e 13 que julgamos


interessantes.
Problema 8 – Foram vendidos 2 bois e 5 carneiros, para
comprar 13 porcos. Sobraram 1000 moedas. Venderam 3 bois e
3 porcos e compraram 9 carneiros. Eles têm exatamente o
dinheiro para isto. Venderam 6 carneiros e 8 porcos. Então
compraram 5 bois. (Existem 600 moedas em déficit). Pergunta:
Qual o preço de cada boi, carneiro e porco, respectivamente?
Resposta: O preço de cada boi, 1200, de cada carneiro, 500 e de
cada porco 300.
Método: Use a “regra da matriz”, coloque 2 bois, 5 carneiros,
positivo, 13 porcos, negativo, dando 1000 moedas, positivo, na
coluna da direita R; na coluna do meio (M) 3 bois, positivo, 9
carneiros, negativo, 3 porcos, positivo; na coluna da esquerda (L),
coloque 5 bois, negativo, 6 carneiros positivo, 8 porcos, positivo.
Déficit de moedas, negativo. Calcule usando a regra dos sinais. Na
matriz temos o seguinte: (como consta na p. 409 do livro
KANGSHEN,S.-CROSSLEY,J.-LUN,A,W,C,-(1999) The Nine
Chapters on the Mathematical Art. Companion and Commentary -
Oxford Univ.Pre. UNK).

L M R
(i) Gado
Carneiro
Porco
moedas
Assim temos 48 porcos custando 14 400 moedas, ou seja, um
porco custa 300 moedas. Os outros preços são encontrados por
substituição recíproca.
Hoje resolvemos da seguinte maneira: Chamando de x, y, p, o
número de bois, carneiros e porcos respectivamente, temos as
seguintes equações:
2x + 5y = 13p + 1000, 3x + 3p = 9y, 6y + 8p = 5x – 600.

Em geral resolvemos este sistema linear, pelo método de


eliminação de Gauss que é exatamente o que foi desenvolvido
acima. No Brasil usamos as informações dadas pelas equações, em
linhas numa matriz, de cima para baixo, e não como o acima em
colunas da direita para a esquerda.

Problema 13 - o problema do poço: Este é indiscutivelmente o


mais importante problema deste capítulo. São dadas 5 casas
que usam em comum um poço. As casas foram denominadas
por A, B, C, D, e E. Elas retiram a água do poço por canos. É
claro que cada cano atinge a superfície da água do poço. É
sabido que: duas vezes o cano de A somado com uma vez o
cano de B dá a profundidade do poço. Três vezes o cano de B
mais uma vez o cano de D é igual à profundidade do poço.
Quatro vezes o cano de C mais uma vez o cano de D é igual à
profundidade do poço. Cinco vezes o cano de D mais uma vez
o cano de E é igual à profundidade do poço. Seis vezes o cano
de E mais uma vez o cano de A é igual à profundidade do poço.
Pergunta-se quanto mede o poço e quanto mede cada cano de
cada casa?

Solução: poço: 7 zhang 2 chi 1 cun de profundidade. O cano de A


mede 2 zhang 6 chi 5 cun de comprimento. O cano de B mede 1
zhang 9 chi 1 cun. O cano da C mede 1 zhang 4 chi 8 cun. O cano
da D mede 1 zhang 2 chi 9 cun. Da E, mede 7 chi 6 cun.

Método: Resolver pela “Regra da matriz”. Calcular pela “regra


do sinal”.

a) Liu: primeiro colocar na matriz as condições enunciadas, em


colunas, da direita pra a esquerda. Subsequentemente tome
721 como divisor e 76 como dividendo. Isto vai dar que o
comprimento total de 721 de E é igual a 76 da profundidade
do poço. Logo a cano de E é da profundidade do poço.
Então o comprimento do cano de E será determinado se a
profundidade do poço for de 721. Assim a cano de E é 76.
Depois determine as outras.

5ª 4ª 3ª 2ª 1ª Colunas

Cano A
B
C
D
E
profundidade

Cano A
B
C 5ª vezes 2 – 1ª
D
E
profundidade

5ª vezes 3 + 2ª

5ª vezes 4 - 3ª

5ª vezes 5 + 4ª
Como resolver atualmente: este problema é de um sistema linear
com 6 incógnitas e 5 equações, tendo portanto um grau de
liberdade. Este sistema tem infinitas soluções que podem ser
escritas pelas equações 2x + y = t, 3y + z = t, 4z + u = t, 5u + v = t,
6v + x = t.

Foi considerada, na resolução acima, uma solução particular deste


sistema para t = 721.

Referencia

KANGSHEN,S.-CROSSLEY,J.-LUN,A,W,C,-(1999) The Nine


Chapters on the Mathematical Art. Companion and Commentary -
Oxford Univ.Pre. UNK.
CAPÍTULO 9 - TRIÂNGULOS RETÂNGULOS (GOUGU)

O nono capítulo deste livro trata de problemas relacionados com


triângulos retângulos e proporções entre triângulos retângulos
semelhantes, com muita proximidade do que se conhece no ocidente
como Teorema de Pitágoras.
Os 24 problemas podem ser divididos em três grupos.

I- Regra Gougu (teorema de Pitágoras)

Na figura abaixo, ABC denota um triângulo retângulo, sendo 𝐶̂ o ângulo


reto, 𝑎 = gou (normalmente o cateto menor), 𝑏 = gu (normalmente o
cateto maior) e 𝑐 = xian (a hipotenusa). Dois entre 𝑎, 𝑏, 𝑐, 𝑎 + 𝑏, 𝑏 + 𝑐,
𝑎 + 𝑐, 𝑏 − 𝑎, 𝑐 − 𝑎, 𝑐 − 𝑏 são dados, sendo solicitado que sejam
encontradas as variáveis desconhecidas 𝑎, 𝑏 ou 𝑐. Há 36 possibilidades,
mas quando eliminamos as redundantes, sobram 9 tipos. Os seis
principais estudados no “Os Nove Capítulos da Arte Matemática” são:

𝑎 𝑐

C A
𝑏
1- dados 𝑎 e 𝑏, encontrar c (problemas 1 e 5).
2- dados 𝑏 e 𝑐, encontrar a (problemas 2, 3 e 4).
3- dados 𝑎 e 𝑐 – 𝑏, encontrar 𝑏 e 𝑐 (problemas 6 a 10).
4- dados 𝑐 e 𝑏 – 𝑎, encontrar 𝑎 e 𝑏 (problema 11).
5- dados 𝑐 – 𝑎 e 𝑐 – 𝑏, encontrar 𝑎, 𝑏 e 𝑐 (problema 12).
6- dados 𝑎 e 𝑏 + 𝑐, encontrar 𝑏 e 𝑐 (problema 13).

Comentários de Liu Hui sobre a Regra Gougu:

a) O lado menor (entre os lados ortogonais) é chamado gou e o maior


lado é o gu. O lado oposto ao ângulo reto é chamado xian. Gou é
menor que gu. Gou é menor que xian.

b) Faça em vermelho o quadrado sobre gou e em azul, o quadrado


sobre gu. Faça as faltas e os excessos mutuamente substituídos
1
nas posições correspondentes, deixando as outras partes
inalteradas. Elas são combinadas para formar o quadrado sobre
xian. Extraia a raiz quadrada para obter xian. Na figura abaixo,
AFEC é o quadrado (vermelho) sobre gu de ΔABC e DCBG é o
quadrado (azul) sobre gou. Estas duas áreas são iguais à área do
quadrado ABIJ sobre xian, porque o ΔHGB (vermelho) é retirado e
adicionado a LKI, e o ΔFJA (azul) e o ΔJEL (azul) são movidos para
ΔKBI e ΔADH, respectivamente.

F A

E C B

ΔHGB para ΔLKI (vermelhos)


ΔFJA para ΔKBI (azuis)
ΔJEL para ΔADH (azuis)

II- Relações proporcionais entre lados de triângulos


retângulos semelhantes
1- Problemas relacionados a um quadrado inscrito (problema 15) ou a
um círculo inscrito (problema 16).
2- Problemas relacionados à agrimensura (problemas 17 a 20 e 22 a
24).
A Matemática tradicional chinesa deu enorme importância no estudo
dos dois tipos de problemas acima.

III- Números Gougu (ternas pitagóricas)


Constantes nos problemas 14 e 21, esses envolvem as ternas 𝑎, 𝑏, 𝑐,
onde 𝑐 2 = 𝑎2 + 𝑏 2 e 𝑎, 𝑏, 𝑐 são números naturais. Esses dois
problemas (14 e 21) especificamente usam as regras gerais das ternas
pitagóricas enquanto que outros problemas usam exemplos de ternas
pitagóricas.

Fizemos a escolha de alguns problemas que julgamos interessantes e


não repetitivos e mantivemos a numeração original.

2
Problema 4 - É dado um tronco circular de 2 chi e 5 cun de diâmetro.
Deve ser transformado em uma prancha retangular de espessura
igual a 7 cun. Qual é a largura da prancha?
Resposta: 2 chi 4 cun
Método: Eleve o diâmetro, 2 chi 5 cun ao quadrado, subtraia o quadrado
de 7 cun e extraia a raiz quadrada dessa diferença. Esta é a largura da
prancha.

c a

Ou seja, se a, b e c são como acima e sabendo que 1 chi = 10 cun, temos


c = 25 cun e a = 7 cun. Pelo teorema de Pitágoras b2 = 576 e assim, b =
24 cun ou 2 chi 4 cun.

Problema 6 - Dado um bambu no centro de uma lagoa de 1 zhang


quadrado, é sabido que 1 chi de seu comprimento está acima da
água. Quando o bambu é curvado para a margem, alcança-a com
sua extremidade. Qual é a profundidade da lagoa e qual o
comprimento do bambu?
Resposta: A profundidade da lagoa é 1 zhang e 2 chi e o bambu mede 1
zhang e 3 chi.
Método: Quadre metade do lado da lagoa. Disso subtraia o quadrado de
1 chi que é o comprimento acima da água. Divida o resto por duas vezes
o comprimento acima da água para obter a profundidade da lagoa. A
soma desse resultado e da altura acima da água é o comprimento do
bambu.
Ou, sejam a, a metade do lado da lagoa, b a profundidade da lagoa e c o
comprimento do bambu, como na figura abaixo:

3
c-b
a

c
b
c

Nesse caso, a e c – b são conhecidos. O método dá a altura da lagoa,


𝑎2 −(𝑐−𝑏)2
como na figura por 𝑏 = (*) e o comprimento do bambu por c = b
2(𝑐−𝑏)
+ (c – b).

c-b
a

c b

Representação tridimensional da lagoa.


Pela Regra Gougu 𝑐 2 = 𝑎2 + 𝑏 2 ou a2 = (c - b) (c + b)
Liu prova a fórmula acima (*) usando a equação

a2 – (c – b)2 = (c - b) (c + b) – (c – b)2 = 2b (c – b)

que foi interpretada geometricamente pela figura abaixo (segundo Os


Elementos de Euclides proposições 5 e 6 Livro II).

c-b = c-b

c-b

c+b c-b 2b

Atualmente podemos resolver o problema usando o teorema de


Pitágoras, como segue:
4
Para a = 5 chi, c - b = 1 chi
𝑐 2 = 𝑎2 + 𝑏 2
𝑐 2 = 52 + (𝑐 − 1)2
𝑐 = 13 𝑐ℎ𝑖
O bambu (𝑐) mede 13 chi = 1 zhang 3 chi e a profundidade da lagoa (𝑏)
é 12 chi = 1 zhang 2 chi.

Problema 11 - Dada uma porta cuja altura é 6 chi 8 cun maior que
sua largura. A diagonal é 1 zhang. Calcule sua altura e sua largura.
Resposta: a largura é 2 chi 8 cun e a altura é 9 chi 6 cun.
Método: Tome o quadrado de um zhang em cun (1 zhang ao quadrado =
100 cun ao quadrado = 10000 cun quadrados). Subtraia disso duas
vezes o quadrado da metade da diferença dada. Tome metade do resto e
extraia sua raiz quadrada. Disso subtraia metade da diferença dada para
obter a largura da porta. Somando metade da diferença dada à raiz
quadrada dá a altura da porta.
Ou: sejam a largura da porta a, a altura, b e a diagonal, c.
𝑎

c b

A largura da porta é:
1
𝑐 2−2 ( (𝑏−𝑎))2 1
𝑎= √ 2
− (𝑏 − 𝑎) e a altura da porta é:
2 2
1
𝑐 2 −2 ( (𝑏−𝑎))2 1
𝑏= √ 2
+ (𝑏 − 𝑎).
2 2

𝑐 = 1 zhang = 100 cun e (𝑏 – 𝑎) = 6 chi 8 cun = 68 cun.


Logo 𝑏 = 9 chi 6 cun e 𝑎 = 2 chi 8 cun.

Solução atual: pode-se resolver este problema usando o teorema de


Pitágoras
c = 100 cun e b – a = 68 cun, sendo 𝑐 2 = 𝑎2 + 𝑏 2
1002 = 𝑎2 + (𝑎 + 68)2
10000 = 𝑎2 + 𝑎2 + 136𝑎 + 4624

5
𝑎2 + 68𝑎 − 2688 = 0
a = 28 cun e b = 96 cun

Problema 12 - São dadas uma porta, de altura e largura


desconhecidas, e uma vara de bambu de comprimento
desconhecido. A vara de bambu é 4 chi maior que a largura da porta
e 2 chi maior do que a altura, e mede o mesmo que a diagonal. Quais
são a altura, largura e diagonal da porta?
Resposta: a largura é 6 chi, a altura é 8 chi e a diagonal 1 zhang.
Método: Dobre o produto dos dois excessos (da vara de bambu) e
extraia sua raiz quadrada. O resultado mais o excesso (da vara) sobre a
altura é a largura. O resultado mais o excesso (da vara) sobre a largura é
a altura. O resultado mais ambos excessos é a diagonal da porta.
Método de Liu Hui: Considere largura, altura e diagonal da porta
respectivamente como sendo gou, gu e xian de um triângulo retângulo.
Os quadrados sobre gou e gu podem ser postos dentro do quadrado do
xian. O quadrado sobre gou é parcialmente coberto pelo gnômom azul,
deixando um quadrado amarelo. A soma das áreas dos dois retângulos
sobrepostos entre os dois gnômons (o azul e o branco) é igual à área do
quadrado amarelo. Cada um dos retângulos apresenta comprimento igual
à diferença entre xian e gou. Então, o dobro do produto dessas duas
diferenças é a área do quadrado amarelo. Extraia a raiz quadrada para
obter o lado. A largura do gnômom azul externo é igual à diferença entre
xian e gu, a cada um adicionado (o lado do quadrado amarelo) para obter
gou.
Ou: a) São conhecidos 𝑐 – 𝑎 e 𝑐 – 𝑏 e devemos encontrar 𝑎, 𝑏 e 𝑐, sendo
gou (a), a altura, gu (b) e a diagonal, xian (c).
𝑎

𝑏
𝑐

Figura 1

Pelo Método e de acordo com a figura 1, temos:


𝑎 = √2(𝑐 − 𝑎)(𝑐 − 𝑏) + (𝑐 − 𝑏)
𝑏 = √2(𝑐 − 𝑎)(𝑐 − 𝑏) + (𝑐 − 𝑎)
𝑐 = √2(𝑐 − 𝑎)(𝑐 − 𝑏) + (𝑐 − 𝑎) + (𝑐 − 𝑏)
6
𝑐 − 𝑏 𝑏

𝑐 − 𝑎 U

𝑐
V

Figura 2
Diagrama para a fórmula 2U = V

b) Os dois gnômons (completos) ocupam área de 𝑎2 e 𝑏2,


respectivamente. No diagrama acima (Figura 2). De fato, Liu Hui
afirma que 2U = V, de fato,
2𝑈 = 2(𝑐 − 𝑏)(𝑐 − 𝑎) = (𝑎 − (𝑐 − 𝑏))2 = (𝑎 + 𝑏 − 𝑐)2 = 𝑉.
c) Então a largura da porta é
𝑎 = (𝑎 + 𝑏 − 𝑐) + (𝑐 − 𝑏) = √2(𝑐 − 𝑎)(𝑐 − 𝑏) + (𝑐 − 𝑏).

Solução atual:
Sejam 𝑥 (comprimento do bambu), 𝑎 (largura da porta), 𝑏 (altura da porta)
e 𝑐 (diagonal da porta).
𝑥 = 𝑐 , 𝑥 = 𝑏 + 2 e 𝑥 = 𝑎 + 4,
𝑎 = 𝑥– 4 e 𝑏 = 𝑥– 2
Pelo teorema de Pitágoras 𝑐 2 = 𝑎2 + 𝑏 2
𝑥 2 = (𝑥 − 4)2 + (𝑥 − 2)2
𝑥 2 = 𝑥 2 − 8𝑥 + 16 = 𝑥 2 − 4𝑥 + 4
𝑥 2 − 12𝑥 + 20 = 0
𝑥 = 10, uma vez que, se 𝑥 = 2, acarreta 𝑎 = −2, logo
𝑐 = 10 chi ou 1 zhang, 𝑏 = 8 chi e 𝑎 = 6 chi.

Problema 13 - É dado um bambu cuja altura é 1 zhang. Partindo-se


em um determinado ponto, sua extremidade mais alta toca o solo à
distância de 3 chi da base. Em que altura ele foi quebrado?
7
11
Resposta: 4 chi
20
Método: Quadre a distância da base e divida isto pela sua altura.
Subtraia o resultado da altura e divida por dois a diferença encontrada
para obter a altura da parte quebrada.
Método de Liu Hui:
a) Consideremos 3 chi, a distância entre o topo do bambu e a sua
base, como sendo o gou; a altura da parte remanescente do
bambu, como o gu e o comprimento da parte caída como xian.
Encontre o gu usando o gou e a soma entre o gu e xian. Daí calcule
o quadrado do gu para obter a área do gnômom que contém o
quadrado do gou.
b) A altura total do bambu, 1 zhang é a soma do gu com xian. Divida o
quadrado do gou por esta soma para obter a diferença entre gu e
xian.
Ou seja, conforme figura 3
𝑎2
=𝑐−𝑏
𝑐+𝑏
c) Eleve a altura ao quadrado, ou seja, a soma das áreas dos
quadrados sobre gu mais xian. Subtraia o quadrado da distância
entre o topo caído e a base do quadrado da altura. Considere o
resto como dividendo e o dobro da altura como divisor. O resultado
da divisão será a altura do bambu onde ocorreu a quebra.
(𝑐+𝑏)2 −𝑎2
Ou seja: 𝑏=
2(𝑐+𝑏)
102 −32 91 11
No caso como 1 zhang = 10 chi, 𝑏= 2.10
= 20
= 4 20 chi

8
𝑐 + 𝑏 𝑐

𝑏 𝑐

solo
a
Figura 3
Página 487 do livro KANGSHEN, S. - CROSSLEY, J. -
LUN, A, W, C, - (1999) The Nine Chapters on the
Mathematical Art
Solução atual:
Dados: 𝑏 + 𝑐 = 10 e 𝑎 = 3
c2 = a2 + b2
c2 = 32 + b2
𝑏 = √𝑐 2 − 9
𝑏 = √102 − 20𝑏 + 𝑏 2 − 9
b2 = 91 – 20b + b2
20b = 91
11
𝑏= 4 chi
20

Problema 14 - Dois homens estão no mesmo local. A e B caminham


à razão de 7 para 3, respectivamente. B caminha para leste. A
caminha 10 bu sul, e depois caminha na direção nordeste até
encontrar-se com B. Qual é a distância percorrida por cada um
deles?
1 1
Resposta: B caminha 10 bu na direção leste e A caminha 14 bu
2 2
diagonalmente para encontrá-lo.
Método: Divida pela metade a soma do quadrado de 7 e o quadrado de 3
que dá a razão de A caminhando diagonalmente. Subtraia isso do
quadrado de 7. O resto é a razão de A caminhando para o Sul. A razão
9
de B caminhando na direção Leste é 3 . 7. Mantenha o 10 bu na direção
Sul. Multiplique isso pela razão de A, caminhando diagonalmente e
novamente pela razão de B caminhando a Leste como dividendos. Divida
cada um pela razão de A caminhando para o Sul e obtenha as distâncias
pedidas.
Método Liu Hui: Use a distância caminhada ao sul como gou (𝑎), a
distância caminhada a leste como gu (𝑏) e a diagonal como xian (𝑐).
O 𝑏 E

𝑎
𝑐

No esquema O é a origem da caminhada dos dois homens,


E é o ponto a Leste alcançado e S é o ponto ao Sul, de
onde o segundo homem parte em diagonal.

A taxa para gu é 3. A taxa para a soma de gu com xian é 7. A fim de obter


a taxa para xian dividir o quadrado sobre gu pela soma de gou e xian
para obter a diferença entre gou e xian.
𝑏2
Ou seja: 𝑎+𝑐
=𝑐−𝑎
Adicione este resultado à soma (gou + xian) e divida por dois para
encontrar xian.
𝑏2
+𝑎+𝑐
Ou seja: 𝑎+𝑐
2
=𝑐
Subtraia a diferença entre xian e gou de xian para obter gou.
𝑏2
Ou seja: 𝑐 − 𝑎+𝑐 = 𝑎
Se resultar em frações, devem ser reduzidas a um denominador comum,
e simplificadas antes de as taxas exigidas serem determinadas.

Solução atual:
A e B caminham à razão de 7 para 3. A caminha 10 + 𝑐, enquanto B
caminha 𝑏.
10 + 𝑐 7
=
𝑏 3
30 + 3𝑐 = 7𝑏
30 + 3𝑐
𝑏=
7
Pelo teorema de Pitágoras:
10
2
2
3 (10 + 𝑐)
2
𝑐 = 10 + ( )
7
49𝑐 2 − 180𝑐 − 5800 = 0

2𝑐 2 − 9𝑐 − 290 = 0
𝑐 = 14,5 bu. Então, A caminha 24,5 bu enquanto que B caminha 10,5 bu,
o que coincide com a terna pitagórica 20, 21, 29, para os valores de 2𝑎, 2𝑏
e 2𝑐, respectivamente.

Problema 15 - É dado um quadrado inscrito em um triângulo


retângulo em que gou mede 5 bu e gu mede 12 bu. Qual é a medida
do lado do quadrado inscrito?
9
Resposta: o lado mede 3 bu
17

𝑥
𝑥

xian (𝑐)

Método: o produto de gou e gu é o dividendo e a soma de gou e gu é o


divisor. Divida dando o lado do quadrado.
Método Liu Hui: O produto entre gou e gu compreende três pares de
figuras: vermelha, azul e amarela (conforme a figura 2). Rearranjando
essas figuras obtemos a figura 3. A figura 3 é um retângulo de lados 𝑥 e
𝑎𝑏
(𝑎 + 𝑏), assim, 𝑥 (𝑎 + 𝑏) = 𝑎𝑏 ou 𝑥 = :
𝑎+𝑏
𝑥 ∶ 𝑏 = 𝑎 ∶ (𝑎 + 𝑏) e, também, 𝑥 ∶ 𝑎 = 𝑏 ∶ (𝑎 + 𝑏)

11
𝑥

Figura 2

Figura 3

Solução atual: por semelhança de triângulos temos:


12−𝑥 𝑥 60
= , cuja solução é 𝑥 = .
𝑥 5 −𝑥 17

Problema 16 - É dado um triângulo retângulo em que gou e gu são,


respectivamente 8 bu e 15 bu. Qual é o diâmetro do círculo inscrito?
Resposta: 6 bu
Método: 8 bu é o gou, 15 bu é o gu. Encontre xian. Some esses três
como divisor. Multiplique gou por gu. Tome duas vezes (o produto) como
dividendo. Divida dando o diâmetro.
Método Liu Hui: O produto gou x gu bu (quadrado) é o dobro da área do
triângulo retângulo. A segunda figura mostra esse triângulo recortado e
duplicado. Rearranjando as seis partes do triângulo quatro vezes,
aparece o retângulo, cuja altura é o diâmetro do círculo inscrito e a base
é a soma gou mais gu mais xian (perímetro do triângulo) como na figura
abaixo.
Logo 2 (𝑎𝑏) = 𝑑 (𝑎 + 𝑏 + 𝑐)

12
𝑐
𝑏

diâmetro = 𝑑

𝑎 + 𝑏 + 𝑐

Solução atual:
O triângulo retângulo dado tem catetos medindo 8 bu e 15 bu, o que
atende à terna pitagórica 8-15-17, então a hipotenusa é 17 bu.
O diâmetro de um círculo inscrito em um triângulo retângulo é igual à
diferença entre a soma dos catetos e a hipotenusa (também conhecida
por Liu Hui), conforme figura abaixo
(http://www.dinamatica.com.br/search/label/C%C3%ADrculos%20inscritos
%20no%20tri%C3%A2ngulo%20ret%C3%A2ngulo acesso em
01/02/2017) logo, 𝑑 = 15 + 8 – 17 = 6 bu.

𝑏 − 𝑟 𝑎
𝑟
𝑏
𝑟

𝑟 𝑟

𝑟 𝑐 − 𝑟

Problema 18 - Seja uma cidade que mede 7 li de leste a oeste, 9 li de


sul ao norte, com portões abrindo no meio de cada lado. Há uma
13
árvore que dista 15 li do portão leste. Quantos bu a partir do portão
sul uma pessoa pode enxergar a árvore?
Resposta: 315 bu.
Método: Tome a distância entre o portão leste e o canto sudeste e
multiplique pela distância entre a porta sul e o canto sudeste como
dividendo. A distância entre a árvore e a porta leste como divisor. Divida
obtendo a distância procurada.
Método Liu Hui: Tome a distância entre o portão leste e o canto sudeste,
que é 4 ½ li, como sendo a taxa gou, a distância, a partir do portão leste,
15 li, como a razão gu. A distância entre o portão sul e o canto sudeste, 3
½ li, é o gu, dado. Com esses dados, encontre gou, isto é, o número
pedido (em bu) a partir do portão sul.
N

K H (porta leste) E (árvore)

F (porta sul)
C (canto sudeste)
G
𝑔𝑢 𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑥 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑔𝑜𝑢
Ou seja: 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 =
𝑟𝑎𝑧ã𝑜 𝑔𝑢

𝑙𝑎𝑑𝑜 𝑙𝑒𝑠𝑡𝑒 𝑙𝑎𝑑𝑜 𝑠𝑢𝑙


𝑥
𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 = 2 2
𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑟 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑟𝑡ã𝑜 𝑙𝑒𝑠𝑡𝑒

7 9
𝑥
𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 = 2 2
15

𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 = 315 𝑏𝑢

Solução atual:
Pela figura nota-se a que Δ𝐻𝐶𝐸 e Δ𝐹𝐺𝐶 são retângulos e
semelhantes, logo, sabendo que: 1 𝑙𝑖 = 300 𝑏𝑢;
7 9
𝐻𝐶 = 𝑙𝑖 = 1050 𝑏𝑢; 𝐹𝐶 = 𝑙𝑖 = 1350 𝑏𝑢 𝑒 𝐻𝐸 = 15 𝑙𝑖 = 4500 𝑏𝑢
2 2
𝐹𝐺 𝐹𝐶
=
𝐻𝐶 𝐻𝐸
𝐹𝐶 ∙ 𝐻𝐶
𝐹𝐺 =
𝐻𝐸
14
7 9

𝐹𝐺 = 2 2
15
21 21
𝐹𝐺 = 𝑙𝑖 = . 300 𝑏𝑢
20 20
𝐹𝐺 = 315 𝑏𝑢

Problema 20 – É dada uma cidade em forma de quadrado cujo lado é


desconhecido e portões instalados no centro de cada lado. 𝟐𝟎 bu a
partir do portão norte há uma árvore, que fica visível quando se anda
𝟏𝟒 bu a partir do portão sul e 𝟏𝟕𝟕𝟓 bu na direção oeste. Qual é a
dimensão de cada lado?
Resposta: 250 bu.
Método: Tome a distância até o portão norte e multiplique pela distância
na direção oeste. Dobre o produto como o shi. Tome a soma da distância
até os portões norte e sul como o coeficiente linear (congfa). Extraia a
raiz para obter o lado da cidade.
Método Liu Hui: Tome a distância na direção oeste (1775 bu) como o gu,
a distância da árvore ao portal sul (14 bu) como o gou. Tome a distância
a partir do portão norte (20 bu) como a taxa gou, a distância a partir do
portão norte até o canto oeste como a taxa gu, isto é, metade do lado da
cidade. Tome, então, a taxa gou, a distância do portão norte e multiplique
por gu, a distância oeste. O produto é a área do retângulo cujos
comprimento e largura são a taxa gu (metade do lado da cidade) e o gou,
respectivamente.
N
20 bu

14 bu
1775 bu

Solução atual:
Os triângulos 𝐻𝐹𝐺 e 𝐴𝐹𝐸 são semelhantes.
𝑥
Se o lado do quadrado 𝐴𝐵𝐶𝐷 mede 𝑥, então 𝐴𝐸 (sua metade) mede .
2

15
𝐻𝐺 𝐴𝐸
=
𝐹𝐺 𝐹𝐸
𝑥
1775
= 2
𝑥 + 34 20
𝑥
20 ∙ 1775 = (𝑥 + 34)
2
2 ∙ 20 ∙ 1775 = 𝑥 2 + 34𝑥
71000 = 𝑥 2 + 34𝑥

𝑥 2 + 34𝑥 − 71000 = 0
𝑥 = 250 bu
(34 é o coeficiente linear e 71000 é o shi do método).

Problema 22 - Seja uma árvore situada a uma distância não


conhecida de uma pessoa. Fixar quatro postes, igualmente
espaçados de 𝟏 zhang, fazendo os dois da esquerda alinhados à
árvore. Considere que a linha de visão, a partir do poste traseiro
direito, intersecta a linha que liga os postes dianteiros 𝟑 cun à
esquerda do poste dianteiro direito. Qual é a distância entre a árvore
e a pessoa?
1
Resposta: 33 zhang, 3 chi 3 cun.
3
Método: Considere 1 zhang quadrado como o dividendo, 3 cun como o
divisor e divida.
Método Liu Hui: Tome 3 cun, o comprimento cortado pela linha de visão
à esquerda do poste dianteiro direito como a taxa gou;
a distância entre os dois postes direitos como a taxa gu = 100 cun;
a distância entre os postes esquerdo e direito como o gou dado.
gou dado = 1 zhang = 100 cun
Daí a distância entre a árvore e a pessoa é gu, correspondendo ao gou
dado. A taxa gu é multiplicada pelo gou dado, sendo ambos de medida 1
zhang, assim, o Método aponta um quadrado. Divida por 3 cun para obter
a quantidade de cun.
100 ∙100
Ou seja 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 = 𝑐𝑢𝑛
3
1
𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 = 33 𝑧ℎ𝑎𝑛𝑔, 3 𝑐ℎ𝑖 𝑒 3 𝑐𝑢𝑛
3

16
Solução atual:

Temos que 𝛥𝐵𝐶𝐹 ≡ 𝛥𝐺𝐹𝐶 e 𝛥𝐷𝐸𝐶 ~ 𝛥𝐺𝐹𝐶 ≡ 𝛥𝐵𝐶𝐹, assim:


𝐷𝐸 𝐷𝐶
=
𝐵𝐶 𝐵𝐹

𝐷𝐸 100
=
100 3
10000
𝐷𝐸 = 𝑐𝑢𝑛
3
1 1
𝐷𝐸 = 3333 𝑐𝑢𝑛 = 33 𝑧ℎ𝑎𝑛𝑔 3 𝑐ℎ𝑖 3 𝑐𝑢𝑛
3 3
que é a distância procurada.

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