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FUNDAMENTOS DA MATEMÁTICA

Denomina-se fundamentos da matemática a uma área de estudo que abrange tanto problemas da filosofia da
matemática, como da lógica e da matemática. Ela teve a sua origem nas últimas décadas do século XIX e desenvolveu-se
durante as primeiras décadas do século XX, como uma resposta à crise dos fundamentos gerada pelos paradoxos.[1] Do
ponto de vista lógico, tem como questão fundamental as relações entre a lógica e a matemática. Do ponto de vista
matemático abrange pesquisas nas áreas de lógica matemática, teoria de conjuntos, teoria dos tipos, teoria de
modelos, teoria da prova, teoria da recursão e topologia.

Como ramo de estudo, está intimamente ligado com educação matemática que tenta descobrir quais são os axiomas e
as definições mais elementares da matemática, e que regras de inferência são aceitáveis ao se trabalhar com tais
axiomas. Suas principais vertentes são o Intuicionismo, o Formalismo e o Logicismo.

Fundamentos da matemática é uma expressão cujo significado consiste no estudo de conceitos básicos da matemática,
como números, figuras geométricas, conjuntos, funções, e como eles formam hierarquias de conceitos e estruturas mais
complexas, especialmente estruturas importantes da linguagem matemática (teorias como a dos modelos, propondo
um significado para fórmulas, definições, provas, algoritmos). Também chamado conceitos da metamatemática, com
um olhar para os aspectos filosóficos e da unidade matemática. A pesquisa por fundamentos da matemática é uma
questão central da filosofia da matemática; a abstração da natureza dos objetos da matemática presenteia
especialmente desafios filosóficos.

Os fundamentos da matemática são como um todo que não contém os fundamentos de todos os tópicos matemáticos.
Geralmente, os fundamentos de um campo de estudo se debruça mais ou menos em analisar sistematicamente os mais
básicos ou conceitos fundamentais, essa concepção unitária e a sua ordem natural de hierarquia de conceitos, que pode
ajudar a juntar com o resto do conhecimento humano. O desenvolvimento, aparição e esclarecimento de fundamentos
pode aparecer depois em um campo da história, e pode ser visto por qualquer um que esteja muito interessado nessa
parte.

A procura sistemática dos fundamentos da matemática começou no fim do século XIX e formou uma nova disciplina da
matemática chamada lógica matemática, que tem fortes ligações com a teoria da computação. Ela trouxe uma crise de
pensamentos sobre resultados paradoxos, até as descobertas serem estabilizadas durante o século XX como uma
grande e coerente vertente do conhecimento matemático com aspectos rígidos ou componentes (teoria dos conjuntos,
teoria dos modelos, teoria da prova...), que detalharam propriedades e possíveis variantes sendo ainda um ativo campo
de pesquisa. Seu alto nível de técnicas sofisticadas inspirou muitos filósofos a supor que ela pode servir como um
modelo ou exemplo de fundamentos de outras ciências.

História

Veja também: História da lógica e História da matemática.

Matemáticos gregos antigos

Enquanto a prática da matemática foi previamente desenvolvida em outras civilizações, interesses especiais em em sua
teoria e aspectos fundamentais realmente começaram com os gregos antigos. Inicialmente os filósofos gregos
discutiram para saber quem é mais básica, a aritmética ou a geometria. Zenão de Eleia (490 a.C - 430 a.C) produziu
quatro paradoxos que parecem mostrar a impossibilidade da mudança.

A Escola Pitagórica de matemática originalmente insistia que somente existiam números naturais e racionais. A
descoberta dos irracionalidade da √2, a relação da diagonal de um quadrado com seus lados (por volta do século V a.C),
foi um choque para eles que só aceitaram após muita relutância. A discrepância entre os racionais e os reais foi
finalmente resolvida por Eudoxo de Cnido (480-355 a.C), um estudante de Platão, que reduziu a comparação da relação
irracional para comparação de múltiplos (relação racional), antecipando, desse modo, a definição de números reais
por Richard Dedekind (1831-1916).
Em Analíticos posteriores, Aristóteles (384 a.C - 322 a.C) estabelece o método axiomático para organizar um campo do
conhecimento lógico de significados primitivos de conceitos, axiomas, postulados, definições, e teoremas. Aristóteles
pegou a maioria dos exemplos da aritmética e da geometria. Esse método atingiu seu maior ponto com
os Elementos de Euclides (300 a.C), um tratado monumental na estrutura geométrica com um elevado grau de rigidez:
Euclides justificou cada proposição de uma demonstração com uma forma de cadeia de silogismos (pense que ele nem
sempre se conformou estritamente com o modelo de Aristóteles). A lógica de silogismos de Aristóteles, junto com o
axiomático método exemplificado pelos Elementos de Euclides, são universalmente conhecidos como elevadas
conquistas científicas dos gregos antigos.

Platonismo como uma tradicional filosofia matemática

Começando do fim do século XIX, uma visão Platonista da matemática tornou-se comum entre as práticas matemáticas.

Os conceitos ou, como os Platonistas teriam dito, os objetos da matemática são abstratos e remontam de um percentual
de experiências diárias: figuras geométricas são compreendem as ideias de serem distinguíveis de desenhos efetivos e
formas de objetos, e números não são confundidos com o contador de objetos concretos. A existência deles e o natural
presente especial de conquistas filosóficas: Como fazer objetos matemáticos deferirem de representações concretas?
Eles são localizados na representação, ou na nossa mente, ou em algum lugar também? Como nós podemos saber
deles?

Idade Contemporânea

O matemático Georg Cantor começou as suas pesquisas estudando séries trigonométricas, mas logo foi direcionado por
elas a elucidar o conceito de conjunto. Dessa maneira ele deu origem à teoria de conjuntos, desenvolvendo a primeira
teoria matemática dos números infinitos e o início da topologia dos conjuntos de pontos surgida a partir das questões
do Analysis Situs, agora colocadas no contexto da teoria de conjuntos.[2] Richard Dedekind, em constante contato com
Cantor, utiliza os desenvolvimentos da teoria de conjuntos na sua elucidação do conceito de continuidade e na
sua definição dos números reais. Como expressa Hilbert com referência a Dedekind:

"O matemático viu-se forçado a ser um filósofo, para poder seguir sendo matemático"[3]

Em outro sentido, Gottlob Frege afirma que a matemática deve fortalecer as suas bases lógicas, colocando claramente
sua posição no livro Fundamentos da aritmética[4] e depois nas Leis fundamentais da aritmética,[5] onde começa com um
desenvolvimento da lógica matemática para passar à matemática, como maneira de justificar a unidade de ambas.

Surgimento de Paradoxos

Ver artigo principal: Paradoxo

Como resposta à teoria de Cantor dos ordinais transfinitos, Burali-Forti anuncia que nessa teoria pode ser derivada uma
contradição, posteriormente denominada paradoxo de Burali-Forti.[6] Em 1902, Bertrand Russell escreve uma carta para
Frege.[7] na qual anuncia que no sistema das Leis fundamentais da aritmética pode ser derivada uma contradição, hoje
conhecida como paradoxo de Russell, mas certas fontes afirmam que já era conhecida com anterioridade por Ernst
Zermelo, pertencente ao círculo de Hilbert[8]

Esses paradoxos, mais outros enunciados posteriormente, geram uma crise de fundamentos (em


alemão: Grundlagenkrisis), na qual são questionados os métodos e a lógica utilizada pela matemática.

Respostas à crise e principais correntes da polêmica sobre fundamentos

As respostas à crise de fundamentos desenvolveram-se em diferentes direções, formando-se trés correntes principais
denominadas de logicismo, formalismo e intuicionismo.
Russell aderiu ao pressuposto de Frege da unidade de lógica e matemática e escreveu, junto com Whitehead, o
monumental texto dos Principia Mathematica, no qual são desenvolvida de uma maneira contínua a lógica e a
matemática. Esse aprofundamento das ideias de Frege como resposta à crise constitui a base da tendência logicista.

Hilbert não participa da ideia de unidade da lógica e a matemática, mas considera que a formalização da lógica que
culmina na obra de Frege é uma parte importante de uma outra resposta. Hilbert propõe a formalização e
axiomatização das diferentes áreas da matemática, para assim poder dar uma demonstração da consistência de essas
teorias, ou seja, de que não é possível a derivação de contradições nelas, constituindo a base do Programa de Hilbert e o
início da corrente formalista, continuada por figuras como Paul Bernays, Stephen Kleene, Haskell B. Curry, Ernst
Zermelo e John von Neumann.

Em desacordo com as posições anteriores, L. E. J. Brouwer afirma que a matemática chegou a paradoxos por ter-se
afastado das intuições claras e dos métodos construtivos bem definidos, de modo que os métodos da lógica clássica que
pode ser aplicada sem problemas a objetos concretos e em situações empíricas são extrapolados de maneira abusiva
quando aplicados na matemática. Em particular, rejeita o princípio de terceiro excluído e as demonstrações de
existência de um objeto matemático que não são construtivas.[9] Assim, Brouwer deu origem à corrente intuicionista, às
vezes denominada construtivista, tendo depois em Arend Heyting um importante defensor.

Teoria de conjuntos

Ver artigo principal: Teoria dos conjuntos

Seguindo a proposta de Hilbert, Zermelo propõe em 1908 um sistema de axiomas para fundamentar a teoria de
conjuntos,[10] evitando os paradoxos conhecidos, como os de Cantor, Burali-Forti e Russell. Com contribuições
posteriores, essa teoria deu lugar à Teoria de Conjuntos de Zermelo-Fraenkel com Escolha, ZFC, na qual pode ser
formalizada a maior parte da matemática atual.

Essa teoria é geralmente formalizada na lógica de primeira ordem com igualdade e tem como único símbolo não lógico
não definido a relação de pertinência.

Publicações

Muitos importantes trabalhos iniciais na área apareceram em Fundamenta Mathematicae, Journal of Symbolic Logic e
no Zeitschrift für mahematische Logik und Grundlagen de Mathematik (hoje Mathematic Logic Quaterly). A
editora North Holland dedica uma série denominada Studies in Logic and Foundations of Mathematic. Hoje a produção
dessa área está mais especializada em diversas publicações periódicas de lógica matemática e filosofia da matemática.

Ver também

 Filosofia da matemática

 Lógica matemática

 Paradoxo

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