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Introdução

A lógica matemática trata do estudo das sentenças declarativas também conhecidas como
proposições e tem por objetivo elaborar procedimentos que permitam obter um raciocínio correto
na investigação da verdade, distinguindo os argumentos válidos daqueles que não o são.

Durante todo esse trabalho irão aparecer com frequência duas palavras, a saber: verdadeiro e
falso. Sendo assim se faz necessário sabermos quais eram as concepções de verdade de alguns
filósofos precursores dessa ciência empírica da qual se ocupa esse texto.

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Lógica Matemática

É uma sub-área da matemática que explora as aplicações da lógica formal para a matemática.
Basicamente, tem ligações fortes com matemática, os fundamentos da matemática e ciência da
computação teórica. Os temas unificadores na lógica matemática incluem o estudo do poder
expressivo de sistemas formais e o poder dedutivo de sistemas de prova matemática formal.

A lógica matemática é muitas vezes dividida em campos da teoria dos conjuntos, teoria de
modelos, teoria da recursão e teoria da prova. Estas áreas compartilham resultados básicos sobre
lógica, particularmente lógica de primeira ordem, e definibilidade. Na ciência da computação,
especialmente na classificação ACM, onde ACM vem do inglês (Association for Computing
Machinery), lógica matemática engloba tópicos adicionais não descritos neste artigo; ver lógica
em ciência da computação para este tópico anterior.

Desde o seu surgimento, a lógica matemática tem contribuído e motivado pelo estudo
dos fundamentos da matemática. Este estudo foi iniciado no final do século XIX, com o
desenvolvimento de arcabouço axiomático para geometria, aritmética e análise. No início do
século XX a lógica matemática foi moldada pelo programa de David Hilbert para provar a
consistência das teorias fundamentais. Os resultados de Kurt Godel, Gerhard Gentzen, e outros,
desde resolução parcial do programa, e esclareceu as questões envolvidas em provar a
consistência. O trabalho na teoria dos conjuntos mostrou que quase toda a matemática ordinária
pode ser formalizada em termos de conjuntos, embora existam alguns teoremas que não podem
ser demonstrados em sistemas axiomáticos comuns para a teoria dos conjuntos. O trabalho
contemporâneo nos fundamentos da matemática, muitas vezes se concentra em estabelecer quais
as partes da matemática que podem ser formalizadas, em particular, sistemas formais (como
em matemática reversa) ao invés de tentar encontrar as teorias em que toda a matemática pode ser
desenvolvida.

O manual de lógica matemática divide a matemática contemporânea em quatro áreas:

 Teoria dos conjuntos;


 Teoria dos modelos;
 Teoria da recursão;
 Teoria da prova e da matemática construtiva consideradas partes de uma única área.

Cada área tem um foco distinto, apesar de ter várias técnicas e resultados comuns entre si. A
divisão das referidas áreas e os limites que separam a lógica matemática de outros campos de
estudo não são bem definidas. A teoria da incompletude de Gödel representa não só um marco na
teoria da recursão e teoria da prova, mas também contribuiu para o teorema de Löb da teoria dos
modelos. O método do forçamento ("forcing") é aplicada na teoria dos conjuntos, na teoria dos
modelos, na teoria da recursão, assim como no estudos da matemática intuiticionística.

O campo matemático conhecido como o da teoria das categorias usa muitos métodos axiomáticos
formais nos quais se inclui o estudo da lógica categórica, mas essa teoria não é comumente
considerada um sub-ramo da lógica. Por causa da sua aplicabilidade em diversos campos da
lógica, matemáticos como Saunders Mac Lane propuseram usar a teoria das categorias como

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fundamentos da matemática, independentemente da teoria dos conjuntos. Essas fundamentações
usam tópicos que em muito se parecem com modelos generalizados das teorias dos conjuntos, e
empregam lógica clássica ou não-clássica.

A lógica matemática surgiu em meados do século XIX como um sub-ramo da Matemática e


independente do estudo tradicional da lógica (Ferreirós 2001, p. 443). Antes do seu surgimento
independente, a lógica foi estudada com a retórica, através do silogismo e a filosofia. Na primeira
metade do século XX houve uma explosão de resultados fundamentais, acompanhados por
debates vigorosos sobre as bases da matemática.

Os estudos sobre o raciocínio foram inicialmente desenvolvidos por filósofos


como Parménides e Platão, mas foi Aristóteles quem o elaborou mais detalhadamente e definiu a
lógica como se estuda hoje em dia (como se estudava até o século XIX).

Para mostrar que os sofistas (mestres da retórica e da oratória) podiam enganar os cidadãos
utilizando argumentos incorretos, Aristóteles estudou a estrutura lógica da argumentação.
Revelando, assim, que alguns argumentos podem ser convincentes, embora não sejam corretos. A
lógica, segundo Aristóteles, é um instrumento para atingir o conhecimento científico, baseando-se
no silogismo.

Fundamentos teóricos

Em lógica o termo aritmético se refere à teoria dos números naturais. Giuseppe Peano (1889)
publicou uma série de axiomas para serem usados pela aritmética que hoje carregam seu nome
(Axiomas de Peano), usando variações do sistema lógico de Boole e Schröder, porém
adicionando quantificadores. Peano não tinha conhecimento do trabalho de Frege.
Contemporaneamente Richard Dedekind mostrou que os números naturais são unicamente
caracterizados por suas propriedades da indução. Dedekind (1888) propôs a diferente
caracterização na qual não existia a essência da lógica formal dos axiomas de Peano. Todavia, o
trabalho de Dedekind's provou teoremas inacessíveis ao sistema desenvolvido por Peano, como
por exemplo a inclusão da individualidade dos conjuntos de números naturais (até o isomorfismo)
e as definições recursivas de adição e multiplicação da função sucessor e indução matemática.

No meio do século XIX, foram descobertas falhas nos axiomas de Euclides para geometria (Katz
1998, p. 774). Além da independência do postulado paralelo, estabelecido por Nikolai
Lobachevsky em 1826 (Lobachevsky 1840), matemáticos descobriram que certos teoremas
tomadas como certo por Euclides não eram de fato demonstrável a partir de seus axiomas. Entre
eles está o teorema que diz que uma linha contem pelo menos dois pontos, ou que círculos de
mesmo raio cujo centro é separado pelo raio devem intersectar. Hilbert (1899) desenvolveu um
conjunto completo dos axiomas para geometria, construindo nos [axiomas de Pasch] pelo Pasch
(1882). O sucesso axiomatização da geometria motivou Hilbert a encontrar axiomatições
completas de outras áreas da matemática, assim como os números naturais e da linha real. Isto
proveria a maior área de pesquisa na primeira metade do século XX.

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Linguagem da lógica matemática

A lógica proporciona à matemática enquanto linguagem o status de exatidão no que diz respeito
ao rigor de suas demonstrações e na maneira que são definidos os objetos matemáticos. Na
linguagem matemática não há lugar para ambiguidades, para figuras de linguagem ou para
metáfo- ras, que são tão comuns na linguagem coloquial ou literária

Mesmo não sendo possível, na comunicação cotidiana, substituir a linguagem natural pela
linguagem lógica, a compreensão da última fortale- cerá o domínio da primeira. Quem estudou
lógica será capaz de perceber alguns padrões onde é possível aplicar o rigor matemático, em
fragmentos da linguagem.

Verdade
Para Aristóteles, verdade é o acordo ou correspondência do pensamento com a realidade. Outras
duas definições de verdade adotadas a tomam como coerência e como processo. A primeira
dessas concepções afirma que na medida em que nossas opiniões, conforme re- veladas na nossa
comunicação com os outros, se mostram coerentes, podemos admitir que a mesma é em geral
verdadeira. A outra concepção diz que verdade é um processo contínuo, em que diversos aspectos
da verdade, por vezes contraditórios mas sempre necessariamente ligados entre si, se vão
manifestando, ou seja, é uma visão dinâmica da verdade.

Sentença
Para Aristóteles sentenças são “coisas que combinadas com outras têm uma significação”, essas
coisas as quais Aristóteles se refere, podemos entender como símbolos ou palavras. Uma palavra
pode ser considerada uma sentença uma vez que ela por si só tem um sig- nificado. Algumas
dessas sentenças são passíveis de um julgamento em verdadeiro ou falso, outras não. Por
exemplo: a sentença “Passe para a próxima página!” é uma sentença que não tem uma valoração,
já a célebre sentença “Sócrates é mortal” é uma sentença que possui essa propriedade de ser
verdadeira ou falsa.

Proposição
Na definição de Aristóteles, proposição é “o discurso que afirma ou nega alguma coisa”, isto quer
dizer que uma proposição é uma sentença que possa ser julgada em verdadeira ou falsa.

De maneira geral não são proposições:

 Sentenças imperativas
 Sentenças interrogativas
 Sentenças exclamativas

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Classificações e representações das proposições
Agora que temos bem definido o que é proposição, podemos classificá-las em simples ou
compostas.

Proposição simples
Uma proposição é dita simples quando ela não contém em sua estrutura nenhuma outra
proposição, sendo assim podemos considerar que as proposições simples constituem a unidade
mínima de análise do cálculo sentencial. Na linguagem lógica essas estruturas geralmente são
designadas pelas letras do alfabeto latino minúsculas (a, b, c, d, e, ...).

Proposição composta
Uma proposição é dita composta quando ela é formada por mais de uma proposição. Em outras
palavras, são todas as sentenças que possuem como parte integrante de si própria pelo menos uma
outra proposição. As proposições compostas serão designadas pelas letras maiúsculas do alfabeto
latino. (A, B, C, D, E, ...)

Proposição composta é a união de proposições simples por meio de um conector lógico. Este
conector irá ser decisivo para o valor lógico da expressão.

Precedência de operadores
Em expressões que utilizam vários operadores não é possível saber qual proposição deve-se
resolver primeiro.

Exemplo: P Λ Q V R.

Com isso, usar parênteses é fundamental. A expressão do exemplo poderia ficar assim: (P Λ Q) V
R ou P Λ (Q V R).

Conectivos Proposicionais
Como foi definido antes, a lógica não se preocupa em estudar se determinada afirmação é
verdadeira ou falsa (no que diz respeito ao conteúdo), mas com a validade ou não de um
argumento, prova disso é que no cálculo proposicional poderemos trocar qualquer que seja a
proposição simples ou composta por um símbolo, geralmente letras do alfabeto latino sem se
preocupar com o conteúdo de tais proposições. Na linguagem comum, usamos palavras explícitas
ou não para interligar frases dotadas de algum sentido(o que definimos como sendo sentenças),
essas palavras serão substituídas, na lógica matemática por símbolos denominados conectivos
lógicos.

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Tabela: Definição dos símbolos dos conectivos

Tabela
Símbolo, leitura Operação lógica
∧, e Conjunção
∨, ou Disjunção inclusiva
∨, ou Disjunção exclusiva
∼ ou ¬ , não Negação
→, se, então Condicional
↔, se, e somente se Bi-condicional

Os símbolos apresentados na Tabela: são comumente denominados conectivos sentenciais ou


proposicionais. Mas a proposta desse trabalho é mais ampla, sobrepõe o estudo do cálculo
proposicional e entra no cálculo de predicados, isto é, sairemos da lógica proposicional e
enveredaremos na lógica de primeira ordem.

Lógica Proposicional(ou Cálculo Proposicional)


É o mais elementar exemplo de lógica simbólica. Sua semântica tem como base os princípios da
identidade, do terceiro excluído e da não contradição, sendo assim, a primeira referência de
lógica clássica. A linguagem da lógica proposicional é formada por fórmulas atômicas
(representadas geralmente por letras do alfabeto latino), parênteses e conectivos (“e", “ou", “não",
“se, então", “se, e somente se"). Mas essa simplicidade faz com que ela não tenha força
expressiva para formalizar a matemática.

Lógica de Primeira Ordem(ou Cálculo de Predicados)


É a lógica usada para formalizar a matemática. Sua sintaxe também apresenta os conectivos da
lógica proposicional, mas acrescenta os quantificadores (“para todo"e “existe") e as variáveis,
além de outros símbolos específicos que dependem do assunto que a linguagem aborda.

A presença dos quantificadores torna substancialmente mais difícil a construção da sintaxe e da


semântica em relação à lógica proposicional, mas ganha muito em expressividade.

Existem muitas outras lógicas, por exemplo a Lógica de Segunda Ordem, a Lógica Modal, a Ló-
gica Descritiva, a Lógica Paraconsistente e a Lógica Fuzzy .

Na definição dada sobre lógica de primeira ordem aparecem dois quantificadores, um universal e
outro existencial. Esses quantificadores são utilizados quando queremos transformar uma
sentença aberta(aquelas que não são consideradas proposições), em uma sentença com valora-
ção. Segue tabela com os símbolos que os representam:

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Quantificadores
Tabela
Símbolo, leitura Operação lógica
∀, Para todo quantificador universal
∃, Existe quantificador existencial

Proposições
As proposições são determinadas por sentenças declarativas, pertencentes a uma certa linguagem,
que formam um conjunto de palavras ou símbolos e expressam uma ideia. As sentenças
declarativas são afirmações que podem receber apenas dois valores, Verdadeiro ou Falso. As
proposições devem seguir os seguintes princípios:

Princípio da identidade: garante que uma proposição é igual a ela mesma.

Princípio da não-contradição: uma proposição não pode ser verdadeira e falsa.

Princípio do terceiro excluído: uma proposição é verdadeira ou falsa.

Qualquer sentença que não puder receber a atribuição de verdadeira ou falsa não é uma
proposição. Sentenças interrogativas, exclamativas e imperativas não são proposições, pois não é
possível dizer se são verdadeiras ou falsas.

Exemplos de sentenças que não são proposições:

Como foi a aula?,Limpe a cozinha.

Esta sentença não é verdadeira.

Tabela Verdade
A tabela verdade é construída para determinar o valor lógico de uma proposição composta. Segue
uma excelente estratégia para a construção desta.

Exemplo de construção da tabela verdade da proposição composta: p Λ q

Primeiramente verifica-se quantas “variáveis”, ou proposições simples que temos na proposição


composta do exercício. Neste caso existem duas: p e q.

Em seguida elevamos 2 ao número de variáveis, ou seja, 2². Nossa base do expoente é 2 pelo fato
de possuir-se apenas 2 valores lógicos possíveis nas proposições (Verdadeiro ou Falso). O
resultado de 2² é 4. Então nossa tabela terá 4 linhas, nessas linhas estarão todos os valores lógicos
possíveis da nossa proposição composta.

Esta é a estrutura da tabela, agora para a preencher com os devidos valores lógicos utiliza-se a
seguinte técnica: até a metade da primeira coluna coloca-se Verdadeiro, na outra metade Falso. Já
na segunda coluna, intercala-se V e F.

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Desta forma adquira-se a seguinte tabela:

Tabela
p Q pΛq
V V Resultado
V F Resultado
F V Resultado
F F Resultado

Proposições podem ser ligadas entre si por meio de conectivos lógicos. Conectores que criam
novas sentenças mudando ou não seu valor lógico (Verdadeiro ou Falso). Tabela dos principais
conectores lógicos:

Tabela
Conectores
“¬” ou “~” (negação)
“Λ” (conectivo “e”)
“V” (conectivo “ou”)
“→” (conectivo “se, então”)
“↔” (conectivo “se, e somente se”)
“V” (conectivo “ou exclusivo”)
“↓” (conectivo “negação conjunta”)
“↑” (conectivo “negação disjunta”)

Conector de Negação (~)

O conectivo de negação (~), nega o valor lógico de uma proposição. Considera-se p como uma
proposição de valor lógico igual a verdadeiro, então sua negação é igual a falso. O mesmo seria
se a proposição tivesse valor lógico inicial igual a falso, sua negação seria igual a verdadeiro. De
acordo com esses conceitos podemos montar a seguinte tabela verdade:

Tabela
P ~p
V F
F V

Conector e (Λ)
O conectivo e, também conhecido como AND e representado pelo símbolo (Λ) junta proposições
as quais somente resultarão em Verdadeiro se todos os valores forem Verdadeiros. Exemplo:
Considere as proposições p e q (Conjunção).

Conjunção
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1. Tabela de Conjunção

P q pΛq

V V V

V F F

F V F

F F F

Conector ou (V)
O conectivo ou, também conhecido como OR e representado pelo símbolo “V” une proposições
que, apenas uma sendo Verdadeiro é suficiente que a expressão inteira também seja.
Exemplo:Considere as proposições p e q (Disjunção).

2. Tabela de Disjunção

P q pVq
V V V
V F V
F V V
F F F

Conector condicional (→)


O conectivo condicional, representado pelo símbolo “→” une proposições criando uma estrutura
condicional onde apenas uma das possibilidades resulta em F o valor lógico da expressão.

Considere as proposições p e q (Condição). “Se p então q”

3. Tabela
p q p→q

V V V

V F F

F V V

F F V

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Relação de implicação ( => ): uma proposição p implica q quando em sua tabelas-verdade, não
pode ocorrer 1 e 0 nessa ordem.

4. Tabela
p q

V V

V F

F F

p não Implica q, pois, na segunda linha aparece

p = V e q = F.

Conector bi-condicional (↔)

O conectivo bi-condicional, é lido como “se, e somente se” e é representado pelo símbolo “↔”,
ele une proposições onde o resultado lógico da expressão é verdadeiro apenas se os valores
lógicos forem iguais.

Considere as proposições p e q (Bi-condicional). “Se p, e somente se q”

5. Tabela
p q p↔q

V V V

V F F

F V F

F F V

Disjunção exclusiva (V)

O conectivo ou exclusivo, chamado também de disjunção exclusiva, é representado pelo símbolo


“V”. Podemos dizer que ele significa: um ou outro, mas não ambos.

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Exemplo: Ou o gato é macho ou o gato é fêmea, mas não ambos. A tabela verdade do ou
exclusivo esta representada abaixo.

Tabela
p q pVq

V V F

V F V

F V V

F F F

Negação Conjunta e Negação Disjunta

A negação disjunta é representada pelo conector ↑, significa a negação de duas proposições


envolvendo o conector AND (NAND).

Exemplo: p ↑ q ⇔ ¬(p Λ q) ⇔ ¬p v ¬q.

A negação conjunta

É representada pelo conector ↓, significa a negação de duas proposições envolvendo o


conector OR (NOR).

Exemplo: p ↓ q ⇔ ¬(p v q) ⇔ ¬p Λ ¬q.

Abaixo estão representadas as tabelas verdades das duas negações.

Tabela Verdade equivalente ao circuito NAND

Tabela
p q p↑q
V V F
V F V
F V V
F F V

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Tabela Verdade equivalente ao circuito NOR

Tabela
p q p↓q
V V F
V F F
F V F
F F V

Tautologia, Contradição e Contingência


Ao montarmos uma tabela verdade contendo todos os valores lógicos possíveis de uma expressão
a poderíamos classificar em tautologia, contradição e contingência.

Tautologia

É uma proposição cujo resultado final é sempre verdadeiro.

Exemplo:p v ~p (p OU não p)

Veja que independente do valor de p a expressão sempre resulta em Verdadeiro, pois para o
conector OU possuir um verdadeiro já é suficiente para resultar em Verdadeiro, além disso
sempre teremos V em todas as combinações da expressão. Por isso a classificamos como uma
tautologia.

Vejamos outro exemplo:

F → p (F então p)

Tabela
Valor lógico constante p F→p

F F V

F V V

Neste outro caso também se obteve uma tautologia, devido ao fato da última coluna da tabela
(resultado da expressão) ter somente verdadeiro.

Contradição

É uma proposição que resulta somente em falso, em outras palavras, a última coluna da sua tabela
só possui o valor lógico falso.

Exemplo: p ^ ~p

Tabela

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P ~p p ^ ~p

V F F

F V F

Contingência

Determinamos uma proposição de contingente quando ela não é tautológica nem contraditória,
ou seja, ela é indeterminada.

p vq (p ou q)

6. Tabela
P q pVq
V V V
V F V
F V V
F F F

Percebe-se que a última coluna não possui apenas um valor lógico, por isso a determinamos uma
proposição contingente, ou indeterminada.

Implicação lógica ou Inferência


Sejam P e Q duas proposições. Diremos que P implica logicamente a proposição Q, se Q for
verdadeiro sempre que P for verdadeiro. Quando isso ocorre, dizemos que temos uma implicação
lógica ou inferência e denotamos: P => Q (lemos: “P implica Q”).

Exemplo: P Λ Q implica P V Q?

7. Tabela
p q pΛq pVq
V V V V
V F F V
F V F V
F F F F

Neste exemplo podemos dizer que P Λ Q => P V Q, pois onde P Λ Q é verdadeiro P V Q também
é.

Exemplo: P V Q implica P → Q?

8. Tabela

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p q pVq p→q

V V V V

V F V F

F V V V

F F F V

Neste exemplo não podemos dizer que P V Q => P → Q, pois temos na segunda linha que onde P
V Q é verdadeiro P → Q é falso.

Leis de Morgan
Equivalência lógica
São proposições que apresentam a mesma tabela verdade, ou seja, são proposições que expressas
de um modo diferente possuem o mesmo valor lógico.
Ex:
Se Brasília é a Capital do Brasil então Santiago é a Capital do Chile (p → q)
Se Santiago não é a capital do Chile então Brasília não é a Capital do Brasil.( ~q → ~p)
Vejamos as tabelas verdade de ambas às proposições compostas:
Condicional: p → q
9. Tabela
P Q P→Q

V V V

V F F

F V V

F F V

Condicional: ~q → ~p

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10. Tabela
~Q ~P ~Q → ~P

F F V

V F F

F V V

V V V

Podemos verificar que as duas proposições possuem a mesma tabela verdade (valoração),
portanto são equivalentes.
P → Q <=> ~Q → ~P (Representação da “equivalência lógica”)
Agora passemos para negação das proposições compostas
Negação da operação da Conjunção. “p e q”
~ (P ^ Q ) <=> ~P v ~Q (lei de Morgan)
Para negarmos uma proposição composta ligada pelo conectivo operacional “E” , basta negarmos
ambas as proposições individuais(simples) e trocarmos o conectivo “e” pelo conectivo”ou”. Ou
seja, transformaremos uma conjunção em uma disjunção. Vejamos;
Ex:“Pedro é Mineiro e João é Capixaba”.
P= Pedro é Mineiro
Q= João é Capixaba
Negando-a, temos;
Pedro não é mineiro ou João não é capixaba.
Pela tabela verdade podemos” confirmar” a negação da proposição.
11. Tabela
P Q P^Q ~ (P ^ Q) ~P ~Q ~P v ~Q

V V V F F F F

V F F V F V V

F V F V V F V

F F F V V V V

Negação da operação da Disjunção Inclusiva. “p ou q”

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P v Q <=> ~P ^ ~Q (Lei de Morgan)
Para negarmos uma proposição composta ligada pelo conectivo operacional “OU”, basta
negarmos ambas as proposições individuais(simples) e trocarmos o conectivo “ou” pelo
conectivo”e”. Ou seja, “transformaremos” uma disjunção inclusiva em uma conjunção. Vejamos;
“Augusto é feio ou Maria é Bonita”.
P= Augusto é feio
Q= Maria é bonita
Negando-a, temos;
“Augusto não é feio e Maria não é bonita” .
Pela tabela verdade podemos” confirmar” a negação da proposição.
22 Tabela

P Q PvQ ¬(P v Q) ¬P ¬Q ¬P ^ ¬Q

V V V F F F F

V F V F F V F

F V V F V F F

F F F V V V V

Negação da operação da Disjunção Exclusiva. “ou p ou q”


~ (P v Q) <=> P ↔ Q(lei de Morgan)
Para negarmos uma proposição com a estrutura de uma disjunção exclusiva , transformá-la-emos
em uma estrutura bicondicional. Vejamos;
“Ou João é rico ou Pedro é Bonito”.
P= João é rico
Q= Pedro é Bonito
Negando-a temos;
“João é rico se e somente se Pedro é bonito”

Pela tabela verdade podemos” confirmar” a negação da proposição

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Tabela
P Q PvQ ~ (P v Q) P↔Q

V V F V V

V F V F F

F V V F F

F F F V V

Obviamente podemos perceber que a negação de uma estrutura bicondicional é também a


disjunção exclusiva
Negação da operação da condicional (ou implicação).
~ (p → q) <=> p^ ~q(lei de Morgan)
Para negarmos uma proposição condicional, repete-se a primeira parte troca-se o conectivo por
“e” e nega-se a segunda parte.Vejamos
Ex: Se sou inteligente então passarei de ano.
P= Sou inteligente
Q= Passarei de ano
Negando-a, temos;
“Sou inteligente e não passarei de ano”
Pela tabela verdade podemos” confirmar” a negação da proposição.
Tabela
P Q P→Q ¬(P → Q) ¬Q P ^ ¬Q

V V V F F F

V F F V V V

F V V F F F

F F V F V F

Diremos que P é equivalente a Q, se as duas tabelas verdade foram idênticas. Quando isso ocorre,
dizemos que temos uma equivalência lógica ou bi-implicação e denotamos P ⇔ Q (lemos: “P é
equivalente a Q”).

Exemplo: ~(P Λ Q) é equivalente a (~P V ~Q)?

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1. Tabela
P Q ~P ~Q PΛQ ~(P Λ Q) ~P V ~Q

V V F F V F F

V F F V F V V

F V V F F V V

F F V V F V V

Neste exemplo podemos dizermos que ~(P Λ Q) ⇔ (~P V ~Q), pois o resultado da tabela
verdade das duas expressões é o mesmo.

Exemplo: P → Q é equivalente a Q → P?

2. Tabela
P Q P→Q Q→P

V V V V

V F F V

F V V F

F F V V

Neste exemplo não podemos dizer que P → Q ⇔ Q → P

Condições necessárias e suficientes

Temos uma condição suficiente se quando ela ocorrer temos a garantia de que a outra condição
ocorrerá. Por exemplo:

“Se o cavalo corre então ele está vivo.”

O cavalo correr é condição suficiente para ele estar vivo,ou seja, se o cavalo corre podemos
garantir que ele está vivo.

Por outro lado o cavalo estar vivo não garante que o cavalo corra, pois ele pode estar por exemplo
vivo mas descansando, a este tipo de condição dá se o nome de condição necessária. Uma
condição é necessária quanto não podemos garantir que a outra condição é valida.

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Esta relação entre condição suficiente e condição necessária é encontrada quando utilizamos um
conector condicional, ou seja, quando temos uma estrutura condicional. O primeiro
argumento(que vem antes do →), chamado de antecedente é uma condição suficiente. O segundo
argumento,chamado de consequente é uma condição necessária.

Entretanto em uma estrutura bi-condicional temos uma proposição necessária e suficiente,.

Proposições Associadas a uma Condicional


Pegamos uma condicional qualquer como p → q, existem três tipos de proposições associadas a
ela que são:

Recíproca: a proposição recíproca de p → q é a proposição q → p. Como podemos ver foi feito


uma troca entre a antecedente (p) e a consequente (q) para obter-se a recíproca cuja tabela esta
abaixo:

3. Tabela
P q p→q q→p

V V V V

V F F V

F V V F

F F V V

Exemplo: “Se a Maria é feia então todos são feios.”

A recíproca seria: “Se todos são feios então Maria é feia.”

Inversa: a proposição contrária de p → q é a proposição ~p → ~q. Basta negar a antecedente(p) e


a consequente(q) para obtermos a proposição inversa.

4. Tabela
p Q ~p ~q p→q ~p → ~q

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V V F F V V

V F F V F V

F V V F V F

F F V V V V

Exemplo: “Se a Maria é feia então todos são feios.”

A inversa seria: “Se Maria não é feia então todos não são feios.”

Contra Positiva: a contra positiva da preposição p → q é ~q → ~p. Para encontramos a contra


positiva basta juntar os passos da recíproca e da contrária,ou seja, deve se inverter os lugares do
antecedente e do consequente e negar ambos.

A proposição contra positiva tem o mesmo resultado que a proposição original.

5. Tabela
p q ~p ~q p→q ~q → ~p

V V F F V V

V F F V F F

F V V F V V

F F V V V V

6. Tabela: Resumo das tabelas-verdade

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Estrutura É V quando É F quando
lógica
p∧q p e q são, ambas, V Uma das duas for F
p∨q Uma das duas for V p e q são, F
p∨q p e q tiverem valores lógicos p e q tiverem valores lógicos
diferentes iguais
p→q nos demais casos péVeqéF
p↔q p e q tiverem valores lógicos p e q tiverem valores lógicos
iguais diferentes
∼p péF péV

Conclusão

Sabe-se que argumentos são raciocínios lógicos, que podem ser corretos ou incorretos. Todo
raciocínio dedutivo envolve pelo menos uma premissa e uma conclusão. Há argumentos

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formados por apenas uma premissa e uma conclusão. São as inferências. Inferência é um
processo pelo qual, através de determinados dados, chega-se a alguma conclusão. Outros
sinônimos de inferência são conclusão, implicação, ilação e consequência. Certas inferências são
imediatas, são diretas. Inferência imediata é aquela na qual a conclusão surge como consequência
necessária da premissa.

Refaencias

https://www.google.co.mz/

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Undergraduate texts include Boolos, Burgess, and Jeffrey (2002), Enderton (2001), and
Mendelson (1997). A classic graduate text by Shoenfield (2001) first appeared in 1967.

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