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C.E.C.

turma:1004

ProfessOR: GEORGE

AlunOS: Maria Eduarda Ferreira; ÁLVARO; Maria Eduarda


Santos; PEDRO DENIS; GABRIEL; NATHAN; estevãq; KEVIN e
Maria Eduarda Pereira

ROTEIRO DA PEÇA [GRUPO 1]

Um sábado a noite e eu me encontrava novamente me arrumando para sair com ele, eu não
aguentava mais tantas brigas e seus ciúmes descontrolados, tudo era motivo de briga, uma
roupa, uma foto, um comentário, até meus amigos foram vítimas de seus surtos.

Comecei a me afastar, a me isolar e tentar ao máximo não irritá-lo. Com o tempo eu me


acostumei com o seu jeito, entendi que ele fazia aquilo por me amar e sentir medo de me
perder.

{ALANA RICCI}

Chego na festa e já recebo o olhar intimidador de Felipe o que dizia “não ouse ficar perto de
alguém que não seja eu” ele apertava minha mão envolto a sua gelada mão e sua respiração
era descompassada.

Quanto mais o tempo passava mais nervosa eu ficava, sua sobriedade estava indo embora
junto com a minha vontade de ficar. Horas mais tarde eu me vi dentro de seu carro que
exalava álcool, sua voz embolada me trazia calafrios pois eu sabia o que me esperava em casa.
Seu olhar macabro sobre mim me fazia querer descer em qualquer lugar e gritar por ajuda.

Mais tarde naquela mesma noite tudo se repetiu, tudo voltou a ser realidade, e eu me
perguntava como aquilo tinha se tornado tão escuro? Como aquilo tinha acontecido, como eu
permiti isso chegar nesse ponto.

Na manhã seguinte ele seguiu sua vida, fez sua corrida matinal, comprou seu expresso duplo
na cafeteria da esquina, foi trabalhar normalmente e na hora do almoço pagou gorjeta extra
para o garçom.

Já eu, escondi todas as marcas com maquiagem, engoli meu choro e ignorei minha vontade de
parar a minha vida aos vinte e dois anos de idade; Sair da cama foi um desafio, ir para o
trabalho foi tão complicado, eu distribuía sorrisos enquanto escondia um pesadelo sob meu
suéter lilás. Após o serviço eu fui para a casa de minha irmã e desaguei, menti falando que era
sobre empresa. Eu a abracei com força, queria que tudo isso não passasse de um pesadelo.

[OFF]
A verdade era que isso não irá parar sozinho, toda essa história irá se repetir se você se calar.

Desde os primórdios da humanidade, há uma forte cultura patriarcal em varias sociedades que
privilegia os homens, colocando-os nos espaços de poder. Essa desigualdade de gênero
estrutural, essa cultura que trata com desigualdade, que subjuga as mulheres por seu gênero,
é a principal causa da violência contra a mulher. A cultura em questão não valoriza a mulher
como um sujeito de direitos, como um ser, mas trata-a como um objeto que pode ser usado
por homens.

Alana vai precisar ser forte e usar sua voz para conseguir sair desse pesadelo, aguentar a
pressão de ser desrespeitada em casa e no trabalho, e diversas situações em sua vida.

ALANA

- Amor, estou pronta, vamos? – digo com a voz mansa e espero sua reação.

Seu olhar imparcial me deixou nervosa.

- Acha mesmo que eu vou sair com você vestida que nem uma puta? – Suas palavras me
atingem como um projétil que perfura e atravessa todo o esqueleto em milésimos de
segundos.

Visto o moletom preto e saímos de casa em um silencio ensurdecedor, o caminho se estica


assim até chegarmos no local da suposta festa. Felipe cumprimenta um monte de pessoas e eu
só o sigo sem rumo, parecendo um filhotinho assustado.

- Alana fica aqui que eu vou pegar uma bebida- Balanço vagarosamente a cabeça assentindo.

Abraço meu corpo e olho envolta tentando me acostumar com o ambiente barulhento, avisto
Lucca vindo em minha direção e engulo em seco respirando fundo.

-Lana, quanto tempo – sorrio para o rapaz enquanto ele se senta ao meu lado.

- Ei Lucca, você sumiu – Murmuro para que ele possa ouvir e o mesmo coça a nuca sem jeito.

- Eu estive muito ocupado, estive fora do país esses últimos meses. – Mordo o canto da boca e
entrelaço minhas mãos.

- Como está o Felipe? Ele veio? – Sinto uma presença atrás de mim e prendo a respiração
quando sua voz rouca soa.

- Estou ótimo – Sua voz não era nem um pouco amigável ou calorosa.

- Alana levanta – Ele pega em meu braço e me levanta

-Qual foi cara? Estamos conversando – Felipe encara Lucca com um olhar mortal cujo o outro
homem não se intimidou.

-Lucca foi um prazer te rever, depois nos falamos – Dou um meio sorriso e puxo Felipe para
longe dali.
- Você tá’ de sacanagem comigo porra? – Ele grita atraindo olhares.

Ao perceber a atenção que ganhava ele diminuiu seu o tom de voz, e em seguida pegou dois
copos de shot que continham álcool dentro e virou ambos em sua boca.

- Você é uma sonsa, uma putinha barata que gosta de ficar se esfregando em homens por ai –
Ele fala bem próximo ao meu rosto e eu consigo ficar inebriada com cheiro fortíssimo de
álcool.

- Felipe pelo amor de deus, eu não fiz nada ele é meu amigo de infância – Falo praticamente
desesperada e ele abre um sorrisinho lúgubre.

- Em casa nós conversamos – Seu sorriso continua ali; Ele deixa um beijo castro em meus lábios
o qual eu não retribuo e vira as costas, desaparecendo no meio daquelas pessoas

Horas se passaram e estávamos em casa, sentados um de frente para o outro, ele me obrigara
a permanecer ali sem direito a perguntas.

Felipe soltou uma risada e se levantou vindo próximo a mim pegando forte em meu queixo me
obrigando a encarar seus olhos.

- Acho que você nunca aprende Alana, você é burra e fraca – Sua voz sai arrastada pela
quantidade de álcool que tem em seu corpo.

- Você realmente acha que alguém além de mim vai te querer? Você é umazinha qualquer,
você não tem nada de interessante, nada de bonito, você é entediante e chata, uma garotinha
indefesa que não sabe fazer porra nenhuma – Ele falava aquelas palavras com tanta convicção
e frieza que me faziam acreditar fielmente.

Meu olhar transparecia medo, meu corpo tremia, minha respiração estava desregulada e o
meu coração faltava abrir um buraco no peito e pular para fora.

- Eu deveria te dar um pé na bunda e caçar uma mulher melhor, mas sabe por que ainda não
fiz isso Porque eu sou bom, piedoso com você, te dou mais do que você merece sua
vagabunda – Seu tapa faz com que meu rosto vire e meus olhos se encham de lágrimas.

Sua mão agarra meu cabelo me forçando a olhar em seus olhos sombrios, suas pupilas
estavam dilatadas e seu sorriso psicótico estava ali.

- Felipe por favor me solta – Peço com a voz baixa dentre soluços.

- Não começa com o seu teatrinho ridículo, você quem pediu por isso, não gosta de ser sonsa?
Só tá recebendo o que merece ‘Lana’ – Ele repetiu o apelido de forma irônica.

Felipe fecha sua mão direita em meu pescoço e grunhiu na minha cara.

- Eu só não te mato agora porque vai me gerar muita dor de cabeça – Prendo a respiração e
me sinto tomada pelo medo, meu corpo estava paralisado.

Semanas mais tarde desse ocorrido, me vejo sentada na sala de Otavia, minha melhor amiga
de infância e ela me falava sobre como eu não podia ficar aturando esses surtos de Felipe
sozinha, em silencio.

- Alana ele é um otario – A mulher em minha frente murmura e eu inspiro.


- Ele tem muitos problemas otavia, o pai dele é péssimo, ele só tá’ com a cabeça cheia – A de
olhos castanhos suspira e pega levemente em minha mão.

- Isso não é pretexto para descontar a raiva em você – Ela não sabia que ele havia me agredido
e eu pretendia que continuasse assim, ela não iria entender e só causaria mais dor de cabeça.

- Princesa, eu tô’ indo – Matt aparece na sala e deixa um beijo na cabeça de Otavia.

-Alana, oi... você sumiu, quanto tempo não te vejo – Matt sorri me dando um abraço caloroso.

- Por que não vem mais aqui em casa? – Questiona e eu coço a nuca.

- Porque o maluco do namorado dela acha que ela é uma das propriedades privadas dele. –
Repreendo a mesma com o olhar e ela rola os olhos.

-O Felipe? Mas ele é tão tranquilo, bom, parece pelo menos – Matt pergunta estranhando e eu
me sinto encurralada.

- Só parece, ele tá se fazendo de maluco agora. – Encaro ela com os olhos pidões implorando
que ela cale a droga da boca.

- Se você quiser eu tento convers... – Interrompo o rapaz que se assusta com o meu tom de
voz.

- Não! – Recupero meu folego e tento me recompor.

- Não precisa, muito obrigada Matt – Tento ser mais educada.

- Tá bom – Ele murmura tentando esboçar um meio sorriso confortante.

- Vou nessa meninas, até mais tarde princesa, se não quiser sair para jantar me manda
mensagem que eu trago comida – Otavia assente e o mesmo beija sua cabeça e vai embora.

Me pergunto se era culpa minha de não receber um amor saudável, ou se talvez aquele era o
amor que eu merecia.

A morena suspira e eu a encaro.

- Não é justo você sofrer isso sozinha! – Nego minimamente com um meio sorriso.

- Eu tô’ bem – Minto para nós duas.

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