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2. Nível Físico

ü Meios físicos guiados: propagação direcionada. Cabos metálicos ou fibras


óticas;
ü Meios físicos não guiados: propagação em todas as direções. Ar, vácuo,
água.

2.1 Bases Teóricas


Os sinais transmitidos variam suas propriedades no tempo:

corrente (i) e/ou tensão (v) α f(t)

Amplitude: valor instantâneo da função, no tempo.

Frequência: variação cíclica de uma função no tempo, em Hz (ciclos/s);

Período: intervalo de tempo em que uma função não se repete, em s (T=1/f);

Fase: ângulo em que se encontra a oscilação, de caráter senoidal, quando


cruza o t=0 de referência.
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2.1.1. Análise de Fourier

Uma onda eletromagnética é constituída de uma frequência fundamental e


várias harmônicas, múltiplas da fundamental (análise de Fourier).
∞ ∞
1
g (t ) = c +
2 ∑ a sen(2πft) +∑ b
n =1
n
n =1
n cos(2πft )

T T T
2 2 2
an = g (t )sen(2πnft )dt , bn =
∫ g (t ) cos( 2πnft )dt , c =
∫ g (t )dt

T T T
0 0 0

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2.1.2 Largura de banda passante
Banda passante (bandwidth): Faixa de frequências capaz de ser transmitida
por um meio.
ü Todo meio degrada o sinal transmitido ⇒ perda de potência;
ü A perda do sinal não é igual em todas as componentes ⇒ distorção;
ü A frequência 0 não sofre atenuação e, frequências maiores sofrem
atenuações maiores até se alcançar a frequência de corte (propriedade
natural do meio ou dada por um filtro colocado na linha);

Ex: Sendo a frequência de corte para uma linha telefônica igual a 3.000 Hz
(3kHz), calcule a quantidade de harmônicas na transmissão em onda
quadrada (digital) de um caractere de 8 bits, a uma taxa de b bits/segundo:
taxa = b bits / s ⇒ taxa = b/8 bytes /s T = 8/b s ⇒ f1ª harmônica = b/8 Hz
#harm = fcorte / f1ª harmônica = 3kHz / (b/8) Hz ⇒ #harm = 24.000 / b Hz

conclusão:
ü Quanto maior a taxa de transmissão (bps), maior será a 1ª harmônica e,
conseqüentemente, menor o número de harmônicas transmitidas.
ü Isto significa que não se podem transmitir sinais digitais de alta
velocidade em linhas telefônicas convencionais devido ao baixo valor da
freqüência de corte (3 kHz).
ü Nesta circunstância, há a necessidade da conversão dos sinais digitais em
analógicos, utilizando-se um modem.
ü Isto não significa que não seja possível a transmissão de sinais digitais em
meios metálicos. Quando a largura de banda é suficiente, podem-se
transmitir sinais digitais diretamente sobre o condutor, a curtas distâncias
(ethernet).
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2.1.3 Máxima Transferência de Dados de um Canal
ü 1924 ⇒ Nyquist ⇒ existência de um limite de transmissão em canal sem
ruído: Um sinal que trafegue em um canal com banda passante H, poderá
ser recomposto por um máximo de 2H amostras por segundo. As
componentes superiores a 2H serão perdidas. Num canal de V níveis
discretos, tem-se:

taxa máxima = 2H log2 V bits /s

Ex: Num canal sem ruído de 3kHz, com transmissão binária (V=2), terá a
banda passante máxima de 6.000 bps.

Shannon ⇒1948 ⇒ estendeu o conceito para um canal com ruído.

Ruído: Interferências inseridas no canal por fenômenos térmicos.

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Relação sinal-ruído: Relação entre a potência do sinal (signal) e do ruído
(noise).
(S/N)dB = 10 log10 S/N [decibel]

⎛ ( S / N ) dB ⎞
⎜ ⎟
10
S/N = 10 ⎝ ⎠
[Linear]

Ex: 10dB ⇒ relação 10:1; 20dB ⇒ 100:1; 30dB ⇒ 1000:1

Lei de Shannon:
Taxa máxima bits/s = H log2(1 + S/N)

Taxa máxima independe da quantidade de símbolos do sinal e de sua taxa de


amostragem.

Ex.: Considere um canal de voz, sendo usado para transmissão de dados via
modem. Assuma a banda passante como 3.100 Hz e o valor de S/N típico de
30dB. Calcule a taxa máxima de transmissão neste canal.
⎛ 30 ⎞
⎜ ⎟
S/Ndb = 30 dB ⇒ S / N = 10 ⎝ 10 ⎠
⇒ S/N = 1.000

taxa = 3.100 log2 (1+ 1000) ⇒ taxa = 30.894 bps ≈ 30 kbps

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Banda Larga (Broadband) Banda Básica (Baseband)


- Sinalização analógica; - Sinalização digital;
- Sinal de natureza linear, composto - Sinal não-linear, composto por uma
por apenas uma freqüência; freqüência fundamental e infinitas
- Transmissão de vários sinais ao harmônicas;
mesmo tempo, separados em - Transmissão de apenas um sinal
freqüência; por vez. Sinais de fontes diferentes
- Menor velocidade (Kpbs, poucos devem ser separados no tempo;
Mbps), longas distânicas; - Maior velocidade (Mbps, Gbps),
- Apenas 1 freq ⇒ não distorce pequenas distâncias;
- ex: Telefone, rádio, ADSL, cable - distorção (velocidade ∝ freq);
modem - ex: Ethernet, RS-232, USB
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2.2 Meio de Transmissão

2.2.2 Par Trançado (Twisted Pair)


ü É o meio de transmissão mais antigo e mais comum;
ü Par de fios trançados ⇒ evitar interferência eletromagnética mútua;
ü Categorias:
Categoria 3 10 Mbps 16 Mhz
Categoria 4 16 Mbps 20 Mhz
Categoria 5 100 Mbps 100 Mhz
Categoria 6 Gbps 250 MHz
Categoria 7 Gbps 600 MHz
ü Não blindado: UTP (unshielded Twisted Pair) – sem proteção contra
interferências externas (do meio);
ü Blindado: STP (Shielded Twisted Pair) – protegido contra interferências
do meio.

UTP cat 3 UTP cat 5

2.2.3 Coaxial (Coax)

ü Condutor de cobre central, envolto por material isolante, com uma malha
metálica envolvendo o conjunto. A malha é coberta por uma capa plástica
proterora;
ü Utilizado tanto em transmissões digitais (cabos de 50 Ω) como em
transmissões analógicas (notadamente TV e Internet a cabo, 75 Ω);
ü Boa combinação de alta largura de banda com imunidade à ruído;
ü Taxa de transmissão de 1 a 2 Gbps em distâncias de até 1 km (para
maiores distâncias, utiliza-se repetidores).

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2.2.4 Fibra Ótica

ü Transmissão na faixa dos 10 a


100 Gbps (50 Tpbs teóricos);
ü multi-modo: A luz é transmitida
através de sucessivas reflexões
totais sobre as paredes da fibra;
ü mono-modo: A luz é conduzida
ao longo da fibra, paralelamente
às paredes da mesma ⇒ fibras
de menores diâmetros ⇒
maiores distâncias (até 50 vezes
mais) ⇒ maior custo;

2.2.4.1 Comprimento de onda


Utiliza-se três faixas: 0,85µm,
1,30 µm e 1,55 µm. A primeira, embora com maiores atenuações, permite
que todos os componentes (lasers e foto-sensores) sejam feitos do mesmo
material.

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2.3 Modem
Devido às dificuldades da transmissão digital em linhas telefônicas, usa-se
um modem para transmissão analógica;
O modem (MOdulador / DEModulador) transforma um sinal digital em
analógico para transmissão (modulação) e vice-versa (demodulação);

Utilização de uma portadora senoidal (na faixa de 1000 a 2000 Hz), a qual
pode ser modulada em amplitude, frequência ou fase.

Baud (número de variações do sinal) ⇒ transmitindo-se mais de um bit por


baud ⇒ maiores taxas de bits para uma mesma taxa de bauds.

Numa linha telefônica convencional, a taxa máxima de bauds é 2.400.

Modems podem:
(a) Utilizar modulação de amplitude e fase;
(b) Dividir o canal em pequenas bandas de frequências diferentes.

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(a) QAM (Quadrature Amplitude Modulation)
Técnica que utiliza mais de uma modulação ao mesmo tempo, para que se
possam representar mais bits por baud transmitido.
Diagramas de Constelação
6 Simb. Bits
1 000
2
2 001
7 3 1 5 3 010
4 011
4 5 100
6 101
8
7 110
8 111

QPSK* QAM-16 QAM-64


* Quadrature Phase Shift Keying – chaveamento por deslocamento de fase de quadratura

bps
Rs
bps = Rs log2 Ns Ns = 2
Onde:
Rs: taxa de símbolos transmitidos (baud)
Ns: Número de pontos no diagrama de constelação

Exemplo: Quantos símbolos são necessários para se transmitir a 9.600 bps


numa linha de 2.400 bauds ? Cada símbolo representa quantos bits ?

9600
Ns = 2 2400
∴ Ns = 24 ∴ Ns = 16 símbolos
2bits = 16 ∴ log2 16 = 4 bits
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A velocidade máxima de transmissão em uma linha analógica

ü Shannon especifica um limite de 33.600 bps para a linha telefônica;


ü Este limite é uma função do comprimento médio dos loops locais e da
quantidade de linhas;
ü Cada loop local insere ruído. Se se elimina um dos loops locais, a
velocidade máxima duplica: 35kbps x 2 = 70 kpbs.
ü Entre dois usuários domésticos a velocidade sempre será 33,6 kpbs.

ü Num canal telefônico de 4.000 Hz, tem-se, por Nyquist, 8.000 amostras/s
ü Se cada amostra tem o tamanho de 1 byte, temos 8.000 x 8 = 64 kbps

ü Para se padronizar internacionalmente a velocidade, adotou-se 56 kpbs.

Padrão Upstream Downstream Características


V.90 33,6 kpbs 56 kpbs 1º padrão 56 kpbs
V.92 48 kpbs 56 kpbs Discagem mais rápida;
Tratamento de chamada em espera.
V.32 9600 bps 9600 bps
V.32 bis 14,4 kbps 14,4 kpbs
V.34 28,8 kpbs 28,8 kpbs
V.34 bis 33,6 kpbs 33,6 kpbs

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2.4 ADSL (Asymmetric Digital Subscriber Line)
ü Linha Digital do Assinante Assimétrica
ü Problema com a telefonia convencional: baixa largura de banda imposta
pelo filtro de 3.100 Hz, levando a um máximo de 56 kbps.
ü Solução ADSL: retirar o filtro padrão e substituir por uma swith,
permitindo assim que toda a largura de banda do cabo possa ser utilizada.

ü O padrão ADSL (ANSI T1.413 e ITU G.992.1) permite velocidades de


até 8 Mbps downstream e 1 Mbps upstream, embora a maioria dos ISP
ofereçam 512 kbps downstream e 64 kbps upstream.
ü É utilizada uma modulação V.34 com 4.000 bauds por canal
ü O modem ADSL é um processdor digital de sinais configurado para atuar
como 350 modems QAM operando em paralelo em freqüências
diferentes.

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2.5 Multiplexação
Utilização de um mesmo tronco (canal) por mais de um par de usuários
a. FDM - Multiplexação por Divisão na Freqüência
Aloca-se cada canal em uma freqüência diferente, permitindo a transmissão
em paralelo de vários canais ao mesmo tempo;
Os canais são deslocados uns em relação aos outros, evitando-se
interferência.
Exemplo: 12 canais telefônicos de 4kHz alocados de 60 a 108 kHz

b. WDM - Multiplexação por divisão de Comprimento de Onda


ü Wavelenght Division Multiplexing
ü Variação da FDM para fibra ótica: combinação de feixes numa única
fibra.

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c. TDM – Multiplexação por Divisão no Tempo
ü Time Division Multiplexing;
ü Possibilidade de multiplexar sinais digitais;
ü Necessidade da conversão dos sinais analógicos em digitais (codec);
ü Cada canal é colocado em uma janela de tempo e transmitido em
seqüência;
ü Em um dado momento, só há bits de um usuário trafegando no canal. Se a
taxa de amostragem for suficientemente alta, os usuários não percebem o
chaveamento no tempo.

exemplo: Portadora T1
T1 = 1,544 Mbps (24 x 8 = 192 bits + 1 bit sinal = 193 bits em cada 125 µs)
Bit de sincronização: alterna no padrão 01010101... O receptor checa esta
seqüência para garantir que não perdeu sincronismo

Multiplexação de fluxos T1 em portadoras de velocidade mais alta

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c.1 SONET (Syncronous Optical NETwork) / SDH (Synchronous Digital
Hierarchy)
SONET é um padrão de nível físico da Belcore para conexão de tráfego de
telefonia em longas distâncias (SDH, semelhante ao SONET, pelo CCITT);
Metas:
1. Tornar possível a conexão de sistemas diferentes numa rede (definição do
sinal: comprimento de onda, temporização, estrutura do frame, etc);
2. Compatibilização de tecnologias PCM diferentes;
3. Multiplexação de vários canais digitais além dos gigabis/s;
4. Suporte a operação, administração e manutenção do sistema (OAM);

ü É um sistema TDM tradicional, transmitindo em apenas um canal na fibra


ótica, sendo este subdivido em canais multiplexados ⇒ sistema síncrono;
ü É controlado por um único clock centralizado (precisão de 1 parte em
109);
ü Bits são enviados em sequência, em intervalos extremamente precisos e
controlados por um clock central;
ü É composto de switches, multiplexadores e repetidores, conectados por
fibra:

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2.6 PCM – Pulse Code Modulation – Digitalização de Sinais
Modulação por Código de Pulso
a. Amostragem
Leitura do valor instantâneo do sinal analógico na entrada do sistema.
Ex: telefonia
Taxa de amostragem=2H log2V=2 x 4kHz x log22 = 8.000 amostras/s
b. Quantização
Correspondência decimal ao valor amostrado, ajustando-se este valor à faixa
de valores permitida pelo codec.
c. Codificação
Transformação do valor quantizado em uma grandeza digital.
Ex: valor de 8 bits x 8.000 amostras/s = 64 kbps (sinal de voz digitalizado)

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2.7 Técnicas de chaveamento

Chavear é estabelecer um caminho entre dois pontos, através de


chaveadores.

O chaveamento pode ser:

a. Chaveamento de circuitos: estabelecimento de um canal físico dedicado à


conexão. Método tradicional de telefonia;

b. Chaveamento de pacotes: A mensagem é divida em pacotes. Cada qual


pode seguir um caminho distinto. Métodos modernos de telefonia.

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