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Análise do filme: Vermelho como o céu.

Disciplina: Estágio Básico I


Docentes: Carmem Emanuela Santos Silva

Nataly Silva Brito de Almeida


Anna Beatriz Melo da Cruz

Nas últimas décadas tem se debatido bastante a respeito da educação inclusiva nas
escolas. A inclusão escolar focaliza o processo de ensino-aprendizagem dos alunos
público-alvo da Educação Especial e envolve tanto reflexões de temáticas referentes à
educação na diversidade, em uma perspectiva de direitos humanos, como discussões em
torno dos desdobramentos necessários para a sua efetivação, os quais incluem, para uma
aprendizagem bem-sucedida, a reestruturação do espaço educacional e a implicação de
todos os membros da comunidade escolar (FONSECA, FREITAS e MEIDEROS,
2018). A educação inclusiva consiste não somente na aceitação, mas, principalmente,
na valorização das diferenças.

É importante salientar que nem sempre essas diferenças foram uma preocupação. Após
vários anos de exclusão e abandono até antes dos anos 80, as atenções tomam corpo e
são abertos alguns institutos, porém o perfil dessas instituições era mais voltado para as
deficiências visuais e auditivas continuando a exclusão das deficiências físicas e
principalmente as intelectuais (BEZERRA e FARIAS).

No presente trabalho, será feito uma pequena análise do filme, vermelho como o céu, o
qual mostra que na década de 70, crianças com deficiência eram encaminhadas para
escolas de educação especial.

Mirco Balleri, personagem principal do filme, perdeu a visão após um acidente em sua
residência, tal deficiências obrigou os pais à matricula-lo em uma escola de educação
especial, local onde se passou toda trama do filme. Nesse internato o diretor, que
também perdeu a visão, é excessivamente rígido e amargurado e a escola funciona a
base de um regimento de rotina e controle o que torna difícil a adaptação de Mirco
levando o mesmo a ir de encontro as regras do internato, buscando construir a
aprendizagem e realizar as atividades de forma criativa, o que não agrada o diretor. Por
quebrar algumas regras, o garoto é punido pelo diretor, porém o professor, Don Giulio,
entra em sua defesa e dentre algumas de suas ações uma me chamou atenção e ela que
vou retratar no presente trabalho.

A cena acontece após a decisão do diretor de expulsar o garoto da escola e trata de um


diálogo entre o diretor e o professor Don. Desde o inicio do filme é possível perceber
que o professor tem uma visão diferente dos demais funcionários do internato, ele
enxerga além e baseado nisso, quando o diretor foi entrega-lo o gravador ele partiu em
defesa do aluno e fala o seguinte:

“... sei que ele as vezes exagera, mas ele tem um talento, um talento raro de enxergar as
coisas, descobrir e falar sobre elas, totalmente diferente dos outros e não há nada de
errado nisso.”

O diretor responde:

“...sabe que esta escola tem mais de 100 anos? Durante todo esse tempo, as coisas aqui
foram tranquilas, sem nenhum problema, e sabe porquê? Porque seguimos regras. Para
alguns, essas regras podem parecer estúpidas e antiquadas, mas elas dão a estas
crianças uma garantia de vida lá fora.”

Para o diretor, uma criança com deficiência visual se limita a regras e não pode ter uma
vide livre para se expressar, e quando o mesmo foge a regra deve ser punido.

Inconformado o professor responde com uma fala brilhante:

“Estas crianças não enxergam, é verdade, mas estão vivas!! São cheias de entusiasmo e
imaginação, não os ajudaremos se lhes negarmos a liberdade de se expressarem.”

Em seguida, o diretor que também é cego diz que liberdade é um luxo que os cegos não
podem ter, orém o professor lembra a ele que na infância ele não era cego e que teve
oportunidades que os meninos da escola não tiveram, o diretor responde:

“não tem porque são cegos”

E o professor finaliza:

“Não tem porque o senhor não dá essas oportunidades...”


Embora Don Giulio não vivencie na pele as limitações vivenciadas pelos garotos, ele
demonstra um entendimento da realidade e da subjetividade dos mesmos e entende que
a privação de uma capacidade não implica na provação das demais, muito pelo
contrário, ela amplia as capacidades que restam possibilitando uma liberdade para se
expressarem. Visão totalmente oposta à do diretor que priva os garotos de tudo.

Toda a trama do filme, desde a obrigatoriedade de colocar o aluno em uma escola


especial, à forma como os alunos são tratados na escola e a punições dada aos alunos,
foge totalmente ao que a LDB propõe nos dias atuais: todos devem ter iguais
oportunidades para aprender e desenvolver suas capacidades, habilidades e
potencialidades para assim alcançar a independência social e econômica bem como se
inserir totalmente na vida em sociedade e que a educação especial deve ser oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino e devem existir serviços de apoios
especializados. Muitas coisas já mudaram, porém, a educação inclusiva ainda é um
grande desafio tanto para gestores como para todos os profissionais que estão
envolvidos no processo de escolarização.

Bibliografia

BEZERRA, Lourayne Natiely Vanderlei; ANTERO, Katia Farias. Um breve histórico


da educação inclusiva no brasil. Alagoas: Congresso Nacional, 2020.

FONSECA, Thaisa da Silva; FREITAS, Camila Siqueira Cronemberger; NEGREIROS,


Fauston. Psicologia escolar e educação inclusiva: A Atuação junto Aos Professores.
Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, v.24, n.3, p.427-440, jul.-set., 2018.

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