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alterações previstas no artigo 3.o, continuando a vigorar sentante da Fazenda Pública têm a natureza de prazos
até à entrada em vigor daquele diploma as disposições peremptórios.
legais que actualmente regem aquelas matérias. 2 — Na falta de disposição especial, os prazos men-
2 — Até à definição do novo regime, continuam afec- cionados no n.o 1 são de 15 dias na 1.a instância e de
tos às secretarias dos tribunais tributários de 1.a instância 30 dias nos tribunais superiores.
os funcionários que aí actualmente prestam serviço, os
quais só poderão ser desafectados por despacho do Artigo 59.o
director-geral dos Impostos.
3 — O disposto nos artigos 4.o e 5.o entra em vigor [. . .]
90 dias após a publicação da presente lei. 1—..........................................
4 — Após a entrada em vigor do disposto nos arti- 2—..........................................
gos 4.o e 5.o, continuam a correr nos Tribunais Tri- 3 — Em caso de erro de facto ou de direito nas decla-
butários de 1.a Instância de Lisboa e do Porto as exe- rações dos contribuintes, estas podem ser substituídas:
cuções para cobrança coerciva de taxas, encargos de
mais-valias e outras receitas de natureza tributária a) Seja qual for a situação da declaração a subs-
cobradas pelas Câmaras Municipais de Lisboa e do Porto tituir, se ainda decorrer o prazo legal da res-
instauradas até essa data, devendo transitar para os pectiva entrega;
municípios correspondentes as que ainda estiverem pen- b) Sem prejuízo da responsabilidade contra-orde-
dentes à data de 1 de Janeiro de 2002. nacional que ao caso couber, nos seguintes
5 — Durante o período em que aí continuarem a tra- prazos:
mitar as execuções referidas no número anterior, a dis- I) Nos 30 dias seguintes ao termo do prazo
tribuição de processos ao 5.o Juízo do Tribunal Tri- legal, seja qual for a situação da decla-
butário de 1.a Instância de Lisboa e ao 3.o Juízo do ração a substituir;
Tribunal Tributário de 1.a Instância do Porto será II) Até ao termo do prazo legal de recla-
objecto de redução, em termos a definir pelo Conselho mação graciosa ou impugnação judicial
Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais. do acto de liquidação, para a correcção
de erros ou omissões imputáveis aos
sujeitos passivos de que resulte imposto
CAPÍTULO III
de montante inferior ao liquidado com
Do reforço das garantias do contribuinte base na declaração apresentada;
e da simplificação processual III) Até 60 dias antes do termo do prazo de
caducidade, para a correcção de erros
Artigo 7.o imputáveis aos sujeitos passivos de que
resulte imposto superior ao anterior-
Alterações ao Código de Procedimento e de Processo Tributário mente liquidado.
1 — Os artigos 10.o, 22.o, 59.o, 68.o, 73.o, 96.o, 103.o,
108.o, 110.o, 111.o, 112.o, 114.o, 116.o, 118.o, 119.o, 134.o, 4 — Para efeitos de aplicação do disposto na suba-
136.o, 137.o, 178.o, 202.o, 230.o, 231.o, 235.o, 245.o, 248.o, línea II) da alínea b) do número anterior, a declaração
249.o, 250.o, 251.o, 252.o, 255.o, 256.o e 258.o do Código de substituição deve ser apresentada no serviço local
de Procedimento e de Processo Tributário, aprovado da área do domicílio fiscal do sujeito passivo.
pelo Decreto-Lei n.o 433/99, de 26 de Outubro, passam 5 — Nos casos em que os erros ou omissões a corrigir
a ter a seguinte redacção: decorram de divergência entre o contribuinte e o serviço
na qualificação de actos, factos ou documentos invo-
cados, em declaração de substituição apresentada no
«Artigo 10.o prazo legal para a reclamação graciosa, com relevância
[. . .] para a liquidação do imposto ou de fundada dúvida
sobre a existência dos referidos actos, factos ou docu-
1 — Aos serviços da administração tributária cabe: mentos, o chefe de finanças deve convolar a declaração
............................................ de substituição em reclamação graciosa da liquidação,
e) Receber e enviar ao tribunal tributário com- notificando da decisão o sujeito passivo.
petente as petições iniciais nos processos de 6 — (Anterior n.o 5.)
impugnação judicial que neles sejam entregues 7 — (Anterior n.o 6.)
e dar cumprimento ao disposto nos artigos 111.o
e 112.o; Artigo 68.o
............................................
[. . .]
2— .......................................... 1 — (Anterior corpo do artigo.)
3— .......................................... 2 — Não pode ser deduzida reclamação graciosa
4— .......................................... quando tiver sido apresentada impugnação judicial com
5— .......................................... o mesmo fundamento.
questão a resolver for de manifesta simplicidade e dis- 3 — Na marcação da diligência, o juiz deve observar
puser dos elementos para o efeito necessários, pode o o disposto no artigo 155.o do Código de Processo Civil.
dirigente do órgão periférico local da administração tri- 4 — A falta de testemunha, de representante da
butária revogar, total ou parcialmente, dentro do prazo Fazenda Pública ou de advogado não é motivo de adia-
referido no n.o 1 do artigo anterior, o acto impugnado. mento da diligência.
2 — Se o valor do processo exceder o quíntuplo da 5 — O impugnante e o representante da Fazenda
alçada do tribunal tributário de 1.a instância, o dirigente Pública podem interrogar directamente as testemunhas.
do órgão periférico local, uma vez completa a instrução,
remete-o ao dirigente do órgão periférico regional, no
prazo previsto no n.o 1 do artigo anterior, podendo este, Artigo 119.o
caso se verifiquem os demais pressupostos referidos no
[. . .]
n.o 1, revogar o acto impugnado, nos mesmos termos
e prazo. 1 — As testemunhas residentes na área de jurisdição
3 — No caso de o acto impugnado ser revogado par- do tribunal tributário são notificadas por carta registada,
cialmente, o órgão que procede à revogação deve, nos sendo as restantes a apresentar pela parte que as ofe-
3 dias subsequentes, proceder à notificação do impug- receu, salvo se fundadamente se requerer a sua noti-
nante para, no prazo de 10 dias, se pronunciar, pros- ficação.
seguindo o processo se o impugnante nada disser ou
2 — A devolução de carta de notificação de teste-
declarar que mantém a impugnação.
munha é notificada à parte que a apresentou, mas não
4 — A revogação total do acto impugnado é noti-
dá lugar a nova notificação, salvo nos casos de erro
ficada ao representante da Fazenda Pública nos 3 dias
do tribunal, cabendo à parte a apresentação da tes-
subsequentes, cabendo a este promover a extinção do
processo. temunha.
5 — A revogação parcial do acto impugnado é noti- 3 — O impugnante e o representante da Fazenda
ficada ao representante da Fazenda Pública, com simul- Pública podem requerer que o depoimento das teste-
tânea remessa do processo administrativo, no prazo de munhas residentes fora da área de jurisdição do tribunal
três dias após a recepção da declaração do impugnante tributário seja feito nos termos do número seguinte.
referida no n.o 3 ou do termo do prazo aí previsto, 4 — As testemunhas a inquirir nos termos do número
sendo, nesse caso, o prazo para contestar de 30 dias anterior são apresentadas pela parte que as ofereceu
a contar da notificação. e são ouvidas por teleconferência gravada a partir do
6 — A competência referida no presente artigo pode tribunal tributário da área da sua residência, devendo
ser delegada pela entidade competente para a aprecia- ser identificadas perante funcionário judicial do tribunal
ção em funcionário qualificado. onde o depoimento é prestado.
5 — A inquirição das testemunhas prevista no n.o 3
deve ser efectuada durante a mesma diligência em que
Artigo 114.o são ouvidas as demais testemunhas, salvo quando exista
[. . .] motivo ponderoso que justifique que essa inquirição seja
marcada para outra data.
Não conhecendo logo do pedido, o juiz ordena as
diligências de produção de prova necessárias, as quais
são produzidas no respectivo tribunal. Artigo 134.o
[. . .]
Artigo 116.o
1—..........................................
[. . .] 2—..........................................
3—..........................................
1—..........................................
4 — À impugnação referida no número anterior apli-
2 — A realização da perícia é ordenada pelo juiz, ofi-
ca-se o disposto no n.o 3 do artigo 111.o
ciosamente ou a pedido do impugnante ou do repre-
5—..........................................
sentante da Fazenda Pública, formulado, respectiva-
6—..........................................
mente, na petição inicial e na contestação.
7—..........................................
3—..........................................
4—..........................................
5—.......................................... Artigo 136.o
6—..........................................
[. . .]
liação ou de um perito avaliador designado nos b) Não podem ser adquirentes entidades não resi-
termos da lei, não podendo ser inferior ao valor dentes submetidas a um regime fiscal clara-
patrimonial; mente mais favorável ou aquelas cujos regimes
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . jurídicos não permitam identificar os titulares
efectivos do capital;
2—.......................................... c) [Anterior alínea b).]
3 — (Revogado.) d) [Anterior alínea c).]
e) [Anterior alínea d).]
f) Nas aquisições de valor superior a 500 vezes
Artigo 251.o a unidade de conta, o prazo referido na alínea
[. . .] anterior pode ser prorrogado até seis meses,
mediante requerimento fundamentado do
1—.......................................... adquirente;
2 — (Revogado.) g) [Anterior alínea f).]
3—.......................................... h) [Anterior alínea g).]
4—.......................................... i) [Anterior alínea h).]
tiva, sociedade, ainda que irregularmente constituída, g) Publicação da sentença condenatória a expensas
ou outra entidade fiscalmente equiparada. do agente da infracção;
h) Dissolução da pessoa colectiva;
Artigo 13.o i) Perda de mercadorias, meios de transporte e
outros instrumentos do crime.
Determinação da medida da pena
anos contados do trânsito em julgado da decisão rados perdidos a favor da Fazenda Nacional, salvo se
condenatória. se provar que foi sem conhecimento e sem culpa dos
Artigo 18.o seus proprietários que tais armas e instrumentos foram
utilizados, caso em que o infractor pagará o respectivo
Perda de mercadorias objecto do crime valor.
1 — As mercadorias que forem objecto dos crimes 2 — É aplicável, com as necessárias adaptações, o dis-
previstos nos artigos 92.o, 93.o, 94.o, 95.o e 96.o desta posto no n.o 3 do artigo 18.o e, quanto aos instrumentos
lei serão declaradas perdidas a favor da Fazenda Nacio- que não sejam armas, é-lhes aplicável o disposto no
nal, salvo se pertencerem a pessoa a quem não possa n.o 5 do mesmo artigo.
ser atribuída responsabilidade na prática do crime. 3 — As armas, munições e outros instrumentos per-
2 — No caso previsto na parte final do número ante- didos a favor da Fazenda Nacional, nos termos do pre-
rior, o agente será condenado a pagar à Fazenda Nacio- sente artigo, serão afectos à Brigada Fiscal sempre que
nal uma importância igual ao valor das mercadorias, por despacho do comandante-geral da Guarda Nacional
sendo o seu proprietário responsável pelo pagamento Republicana for reconhecido o seu interesse para a acti-
dos direitos e demais imposições que forem devidos. vidade policial.
3 — Quando as mercadorias pertencerem a pessoa
desconhecida não deixarão de ser declaradas perdidas. Artigo 21.o
4 — Se as mercadorias não tiverem sido apreendidas, Prescrição, interrupção e suspensão do procedimento criminal
o agente responderá pelo quantitativo equivalente ao
seu valor de mercado, salvo quando o mesmo não se 1 — O procedimento criminal por crime tributário
possa determinar, caso em que o agente pagará uma extingue-se, por efeito de prescrição, logo que sobre
importância a fixar pelo tribunal entre E 15 e E 15 000. a sua prática sejam decorridos cinco anos.
5 — Sem prejuízo dos casos em que por lei é vedada, 2 — O disposto no número anterior não prejudica
os interessados poderão requerer a reversão das mer- os prazos de prescrição estabelecidos no Código Penal
cadorias sujeitas a perda a favor da Fazenda Nacional, quando o limite máximo da pena de prisão for igual
desde que, satisfeitas a multa e demais quantias em ou superior a cinco anos.
dívida no processo, paguem uma importância igual ao 3 — O prazo de prescrição do procedimento criminal
seu valor. é reduzido ao prazo de caducidade do direito à liqui-
6 — As mercadorias perdidas a favor da Fazenda dação da prestação tributária quando a infracção depen-
Nacional nos termos do presente artigo, quando se trate der daquela liquidação.
de equipamentos de telecomunicações e de informática 4 — O prazo de prescrição interrompe-se e suspen-
ou outros com interesse para a instituição que procedeu de-se nos termos estabelecidos no Código Penal, mas
à sua apreensão, ser-lhe-ão afectos sempre que esta a suspensão da prescrição verifica-se também por efeito
reconheça interesse na afectação. da suspensão do processo, nos termos previstos no n.o 2
do artigo 42.o e no artigo 47.o
Artigo 19.o
Perda dos meios de transporte Artigo 22.o
Dispensa e atenuação especial da pena
1 — Os meios de transporte utilizados para a prática
dos crimes previstos no n.o 1 do artigo anterior serão 1 — Se o agente repuser a verdade sobre a situação
declarados perdidos a favor da Fazenda Nacional, tributária e o crime for punível com pena de prisão
excepto se: igual ou inferior a três anos, a pena pode ser dispensada
a) For provado que foi sem conhecimento e sem se:
negligência dos seus proprietários que tais meios a) A ilicitude do facto e a culpa do agente não
foram utilizados, caso em que o infractor pagará forem muito graves;
o respectivo valor; b) A prestação tributária e demais acréscimos
b) O tribunal considerar a perda um efeito des- legais tiverem sido pagos, ou tiverem sido res-
proporcionado face à gravidade da infracção e, tituídos os benefícios injustificadamente obti-
nomeadamente, ao valor das mercadorias dos;
objecto da mesma, caso em que fixará a perda c) À dispensa da pena se não opuserem razões
da quantia que entender razoável. de prevenção.
2 — À perda de meios de transporte é aplicável, com 2 — A pena será especialmente atenuada se o agente
as necessárias adaptações, o disposto nos n.os 3 e 5 do repuser a verdade fiscal e pagar a prestação tributária
artigo anterior. e demais acréscimos legais até à decisão final ou no
3 — Os meios de transporte perdidos a favor da prazo nela fixado.
Fazenda Nacional nos termos do presente artigo serão
afectos à instituição que procedeu à sua apreensão, sem-
pre que esta reconheça o interesse na afectação. CAPÍTULO III
Disposições aplicáveis às contra-ordenações
Artigo 20.o
Perda de armas e outros instrumentos
Artigo 23.o
Classificação das contra-ordenações
1 — As armas e demais instrumentos utilizados para
a prática de quaisquer crimes aduaneiros, ou que esti- 1 — As contra-ordenações tributárias qualificam-se
verem destinadas a servir para esse efeito, serão decla- como simples ou graves.
N.o 130 — 5 de Junho de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3347
2 — São contra-ordenações simples as puníveis com como agravantes para efeitos da determinação do mon-
coima cujo limite máximo não exceda E 3750. tante da coima.
3 — São contra-ordenações graves as puníveis com 4 — Os limites mínimo e máximo da coima aplicável
coima cujo limite máximo seja superior a E 3750 e aque- à tentativa, só punível nos casos expressamente previstos
las que, independentemente da coima aplicável, a lei na lei, são reduzidos para metade.
expressamente qualifique como tais.
4 — Para efeitos do disposto nos números anteriores, Artigo 28.o
atende-se à coima cominada em abstracto no tipo legal.
Sanções acessórias
Artigo 31.o
PARTE II
Coima dependente de prestação tributária em falta
ou a liquidar e correcção das coimas pagas Do processo
1 — Sempre que a coima variar em função da pres- CAPÍTULO I
tação tributária, é considerado montante mínimo, para
efeitos das alíneas a) e b) do n.o 1 do artigo 29.o, 5% Processo penal tributário
ou 10 % da prestação tributária devida, conforme a
infracção tiver sido praticada, respectivamente, por pes- Artigo 35.o
soa singular ou colectiva.
Aquisição da notícia do crime
2 — Se o montante da coima depender de prestação
tributária a liquidar, a sua aplicação aguardará a liqui- 1 — A notícia de crime tributário adquire-se por
dação, sem prejuízo do benefício da redução, se for conhecimento próprio do Ministério Público ou dos
paga nos 15 dias posteriores à notificação. órgãos da administração tributária com competência
3 — No caso de se verificar a falta das condições esta- delegada para os actos de inquérito, por intermédio dos
belecidas para a redução das coimas, a liquidação destas órgãos de polícia criminal ou dos agentes tributários
é corrigida, levando-se em conta o montante já pago. e mediante denúncia.
N.o 130 — 5 de Junho de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3349
2 — A notícia do crime é sempre transmitida ao órgão 5 — Se a decisão final não decretar a perda, o produto
da administração tributária com competência delegada da venda será entregue ao proprietário dos objectos
para o inquérito. apreendidos.
3 — Qualquer autoridade judiciária que no decurso
de um processo por crime não tributário tome conhe- Artigo 39.o
cimento de indícios de crime tributário dá deles conhe- Outras formas de depósito
cimento ao órgão da administração tributária com-
petente. 1 — Quando não se torne possível o transporte ime-
4 — O agente da administração tributária que adquira diato dos objectos apreendidos para as estâncias adua-
notícia de crime tributário transmite-a ao órgão da admi- neiras ou depósitos públicos, ou aqueles os não puderem
nistração tributária competente. receber, serão os mesmos relacionados e descritos em
5 — A denúncia contém, na medida do possível, a atenção à sua qualidade, quantidade e valor e confiados
indicação dos elementos referidos nas alíneas do n.o 1 a depositário idóneo, com excepção das armas ou outros
do artigo 243.o do Código de Processo Penal. instrumentos da infracção, que ficarão sob a guarda de
6 — Os agentes da administração tributária, os órgãos agentes da autoridade, lavrando-se do depósito o res-
de polícia criminal e da marinha de guerra procedem pectivo termo, assinado pelos apreensores, testemunhas,
de acordo com o disposto no artigo 243.o do Código havendo-as, e depositário, ficando este com duplicado.
de Processo Penal sempre que presenciarem crime tri- 2 — Não havendo no local da apreensão depositário
butário, devendo o auto de notícia ser remetido, no idóneo, as mercadorias e demais bens apreendidos fica-
mais curto prazo, ao órgão da administração tributária rão sob guarda de agentes da autoridade.
competente para o inquérito.
7 — O disposto nos números anteriores é correspon- Artigo 40.o
dentemente aplicável aos órgãos e agentes da adminis-
tração da segurança social. Inquérito
i) A assinatura do autuante, que poderá ser efec- ou por causa do exercício das suas funções, de qualquer
tuada por chancela ou outro meio de repro- contra-ordenação, participá-la-á, por escrito ou verbal-
dução devidamente autorizado, podendo a mente, à autoridade competente para o seu proces-
autenticação ser efectuada por aposição de selo samento.
branco ou por qualquer forma idónea de assi- 2 — Qualquer pessoa pode denunciar contra-ordena-
natura e do serviço emitente. ção tributária junto dos serviços tributários competentes.
3 — A participação e a denúncia verbais só terão
Artigo 58.o seguimento depois de lavrado termo de identificação
do participante ou denunciante.
Infracção verificada no decurso da acção de inspecção 4 — A participação e a denúncia conterão, sempre
1 — No caso de a infracção ser verificada no decurso que possível, os elementos exigidos para o auto de
de procedimento de inspecção tributária e tiver sido notícia.
requerida a redução da coima nos termos da alínea c) 5 — O disposto neste artigo é também aplicável
do n.o 1 do artigo 29.o, deve fazer-se menção no relatório quando se trate de funcionário competente para levantar
da inspecção que o auto de notícia não é elaborado auto de notícia, desde que não tenha verificado pes-
ficando-se a aguardar o decurso do prazo de pagamento soalmente a contra-ordenação.
pelo contribuinte ou obrigado tributário com esse
direito. Artigo 61.o
2 — Após o decurso do prazo de pagamento sem que
Extinção do procedimento por contra-ordenação
o mesmo seja efectuado nos termos da alínea b) do
n.o 1 do artigo 30.o, deve ser instaurado, pelo serviço O procedimento por contra-ordenação extingue-se
tributário da área onde tiver sido cometida a infracção, nos seguintes casos:
um processo de contra-ordenação que tem por base a
declaração do contribuinte ou obrigado tributário a a) Morte do arguido;
pedir a regularização da situação tributária. b) Prescrição ou amnistia, se a coima ainda não
tiver sido paga;
c) Pagamento voluntário da coima no decurso do
Artigo 59.o processo de contra-ordenação tributária;
Competência para o levantamento do auto de notícia d) Acusação recebida em procedimento criminal.
Sem prejuízo do disposto em lei especial, são com-
petentes para o levantamento do auto de notícia, em Artigo 62.o
caso de contra-ordenação tributária, além dos órgãos Extinção da coima
de polícia criminal com competência para fiscalização
tributária, as seguintes entidades: A obrigação de pagamento da coima e de cumpri-
mento das sanções acessórias extingue-se com a morte
a) Director-geral e subdirectores-gerais da Direc- do infractor.
ção-Geral dos Impostos e da Direcção-Geral das
Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o
Consumo; Artigo 63.o
b) Directores de serviços da Direcção-Geral dos Nulidades no processo de contra-ordenação tributário
Impostos e da Direcção-Geral das Alfândegas
e dos Impostos Especiais sobre o Consumo; 1 — Constituem nulidades insupríveis no processo de
c) Directores de finanças; contra-ordenação tributário:
d) Directores de finanças-adjuntos; a) O levantamento do auto de notícia por funcio-
e) Directores das Direcções Regionais de Conten- nário sem competência;
cioso e Controlo Aduaneiro; b) A falta de assinatura do autuante e de menção
f) Directores de Alfândega; de algum elemento essencial da infracção;
g) Chefes das delegações aduaneiras; c) A falta de notificação do despacho para audição
h) Coordenadores de postos aduaneiros; e apresentação de defesa;
i) Chefes de finanças; d) A falta dos requisitos legais da decisão de apli-
j) Pessoal técnico superior e pessoal técnico da cação das coimas, incluindo a notificação do
área da inspecção tributária da Direcção-Geral arguido.
dos Impostos e da Direcção-Geral das Alfân-
degas e dos Impostos Especiais sobre o Con- 2 — Não constitui nulidade o facto de o auto ser
sumo; levantado contra um só agente e se verificar, no decurso
l) Outros funcionários da Direcção-Geral dos do processo, que outra ou outras pessoas participaram
Impostos e da Direcção-Geral das Alfândegas na contra-ordenação ou por ela respondem.
e dos Impostos Especiais sobre o Consumo que 3 — As nulidades dos actos referidos no n.o 1 têm
exerçam funções de inspecção, quer atribuídas por efeito a anulação dos termos subsequentes do pro-
por lei quer por determinação de superiores hie- cesso que deles dependam absolutamente, devendo,
rárquicos mencionados nas alíneas anteriores. porém, aproveitar-se as peças úteis ao apuramento dos
factos.
Artigo 60.o 4 — Verificadas as nulidades constantes das alíneas a)
Participação e denúncia
e b) do n.o 1, o auto de notícia vale como participação.
5 — As nulidades mencionadas são de conhecimento
1 — Se algum funcionário sem competência para oficioso e podem ser arguidas até a decisão se tornar
levantar auto de notícia tiver conhecimento, no exercício definitiva.
N.o 130 — 5 de Junho de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3353
1 — A decisão que aplica a coima contém: 1 — O Ministério Público deve estar presente na
audiência de julgamento.
a) A identificação do infractor e eventuais com- 2 — O representante da Fazenda Pública pode par-
participantes; ticipar na audiência.
b) A descrição sumária dos factos e indicação das 3 — O arguido não é obrigado a comparecer à audiên-
normas violadas e punitivas; cia, salvo se o juiz considerar a sua presença como neces-
c) A coima e sanções acessórias, com indicação sária ao esclarecimento dos factos, podendo sempre
dos elementos que contribuíram para a sua fazer-se representar por advogado.
fixação;
d) A indicação de que vigora o princípio da proi-
bição da reformatio in pejus, sem prejuízo da Artigo 83.o
possibilidade de agravamento da coima, sempre
Recurso da sentença
que a situação económica e financeira do infrac-
tor tiver entretanto melhorado de forma sen- 1 — O arguido e o Ministério Público podem recorrer
sível; da decisão do tribunal tributário de 1.a instância para
e) A indicação do destino das mercadorias apreen- o Tribunal Central Administrativo, excepto se o valor
didas; da coima aplicada não ultrapassar um quarto da alçada
f) A condenação em custas. fixada para os tribunais judiciais de 1.a instância e não
for aplicada sanção acessória.
2 — A notificação da decisão que aplicou a coima 2 — Se o fundamento exclusivo do recurso for matéria
contém, além dos termos da decisão e do montante de direito, é directamente interposto para a Secção de
das custas, a advertência expressa de que, no prazo de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Admi-
20 dias, o infractor deve efectuar o pagamento ou recor- nistrativo.
rer judicialmente, sob pena de se proceder à sua 3 — O recurso é interposto no prazo de 20 dias a
cobrança coerciva. contar da notificação do despacho, da audiência do jul-
3 — A notificação referida no número anterior é sem- gamento ou, caso o arguido não tenha comparecido,
pre da competência do serviço tributário referido no da notificação da sentença.
artigo 67.o
mente fiscalizados pela administração adua- lugar a prestação tributária, a mercadoria objecto da
neira; infracção for de valor aduaneiro superior a E 25 000.
c) Retirar do território nacional objectos de con- 2 — A tentativa é punível.
siderável interesse histórico ou artístico sem as
autorizações impostas por lei; Artigo 96.o
d) Obtiver, mediante falsas declarações ou qual-
quer outro meio fraudulento, o despacho adua- Introdução fraudulenta no consumo
neiro de quaisquer mercadorias ou um benefício 1 — Quem, com intenção de se subtrair ao pagamento
ou vantagem fiscal; dos impostos especiais sobre o álcool e as bebidas alcoó-
licas, produtos petrolíferos ou tabaco:
é punido com pena de prisão até três anos ou com
pena de multa até 360 dias, se o valor da prestação a) Introduzir no consumo produtos tributáveis sem
tributária em falta for superior a E 7500 ou, não havendo o cumprimento das formalidades legalmente
lugar a prestação tributária, a mercadoria objecto da exigidas;
infracção for de valor aduaneiro superior a E 25 000, b) Produzir, receber, armazenar, expedir, transpor-
se pena mais grave lhe não couber por força de outra tar, detiver ou consumir produtos tributáveis,
disposição legal. em regime suspensivo, sem o cumprimento das
2 — A tentativa é punível. formalidades legalmente exigidas;
c) Receber, armazenar, expedir, transportar, deti-
ver ou consumir produtos tributáveis, já intro-
Artigo 93.o duzidos no consumo noutro Estado membro,
Contrabando de circulação sem o cumprimento das formalidades legal-
mente exigidas;
1 — Quem, por qualquer meio, colocar ou detiver d) Introduzir no consumo, detiver ou consumir
em circulação, no interior do território nacional, mer- produtos tributáveis com violação das normas
cadorias em violação de leis aduaneiras relativas à cir- nacionais ou comunitárias aplicáveis em matéria
culação interna ou comunitária de mercadorias, sem o de marcação, coloração, desnaturação ou sela-
processamento das competentes guias ou outros docu- gem;
mentos legalmente exigíveis ou sem a aplicação de selos, e) Introduzir no consumo, detiver ou consumir
marcas ou outros sinais legalmente prescritos, é punido produtos tributáveis destinados a consumo nou-
com pena de prisão até três anos ou com pena de multa tra parcela do território nacional ou com fis-
até 360 dias, se o valor da prestação tributária em falta calidade diferenciada;
for superior a E 7500 ou, não havendo lugar a prestação
tributária, a mercadoria objecto da infracção for de valor é punido com pena de prisão até três anos ou com
aduaneiro superior a E 25 000. pena de multa até 360 dias, se o valor da prestação
2 — A tentativa é punível. tributária em falta for superior a E 7500 ou, não havendo
lugar a prestação tributária, se os produtos objecto da
infracção forem de valor líquido de imposto superior
Artigo 94.o a E 25 000.
Contrabando de mercadorias de circulação condicionada 2 — A tentativa é punível.
em embarcações
centes a ministérios diferentes são resolvidos pelo 2 — No exercício das suas competências, deve o
Primeiro-Ministro. representante da Fazenda Pública promover o rápido
4 — Os conflitos positivos ou negativos da compe- andamento dos processos, podendo requisitar às repar-
tência entre órgãos da administração tributária do tições públicas os elementos de que necessitar e solicitar,
governo central, dos governos regionais e das autarquias nos termos da lei, aos serviços da administração tri-
locais são resolvidos, nos termos do presente Código, butária as diligências necessárias.
pelos tribunais tributários. 3 — Quando a representação do credor tributário não
5 — São resolvidos oficiosamente os conflitos de com- for do representante da Fazenda Pública, as compe-
petência dentro do mesmo ministério, devendo os órgãos tências deste são exercidas pelo mandatário judicial que
que os suscitarem solicitar a sua resolução à entidade aquele designar.
competente no prazo de oito dias.
6 — Salvo disposição em contrário, o interessado deve
requerer a resolução do conflito de competência no Artigo 16.o
prazo de 30 dias após a notificação da decisão ou do Incompetência absoluta em processo judicial
conhecimento desta.
1 — A infracção das regras de competência em razão
o da hierarquia e da matéria determina a incompetência
Artigo 12. absoluta do tribunal.
Competência dos tribunais tributários 2 — A incompetência absoluta é de conhecimento ofi-
cioso e pode ser arguida pelos interessados ou suscitada
1 — Os processos da competência dos tribunais tri- pelo Ministério Público, ou pelo representante da
butários são julgados em 1.a instância pelo tribunal da Fazenda Pública até ao trânsito em julgado da decisão
área do serviço periférico local onde se praticou o acto final.
objecto da impugnação ou onde deva instaurar-se a
execução. Artigo 17.o
2 — No caso de actos tributários ou em matéria tri-
Incompetência territorial em processo judicial
butária praticados por outros serviços da administração
tributária, julgará em 1.a instância o tribunal da área 1 — A infracção das regras de competência territorial
do domicílio ou sede do contribuinte, da situação dos determina a incompetência relativa do tribunal ou ser-
bens ou da transmissão. viço periférico local ou regional onde correr o processo.
2 — A incompetência relativa só pode ser arguida:
Artigo 13.o a) No processo de impugnação, pelo representante
Poderes do juiz da Fazenda Pública, antes do início da produção
da prova;
1 — Aos juízes dos tribunais tributários incumbe a b) No processo de execução, pelo executado, até
direcção e julgamento dos processos da sua jurisdição, findar o prazo para a oposição.
devendo realizar ou ordenar todas as diligências que
considerem úteis ao apuramento da verdade relativa-
3 — Se a petição de impugnação for apresentada em
mente aos factos que lhes seja lícito conhecer.
serviço periférico local ou regional territorialmente
2 — As autoridades e repartições públicas são obri-
incompetente, o seu dirigente promoverá a sua remessa
gadas a prestar as informações que o juiz entender neces-
para o serviço considerado competente no prazo de qua-
sárias ao bom andamento dos processos.
renta e oito horas, disso notificando o impugnante.
Notificação ou citação das pessoas colectivas ou sociedades 1 — O procedimento tributário compreende, para
efeitos do presente Código:
1 — As pessoas colectivas e sociedades serão citadas
ou notificadas na pessoa de um dos seus administradores a) As acções preparatórias ou complementares da
ou gerentes, na sua sede, na residência destes ou em liquidação dos tributos, incluindo parafiscais, ou
qualquer lugar onde se encontrem. de confirmação dos factos tributários declarados
2 — Não podendo efectuar-se na pessoa do repre- pelos sujeitos passivos ou outros obrigados
sentante por este não ser encontrado pelo funcionário, tributários;
a citação ou notificação realiza-se na pessoa de qualquer b) A liquidação dos tributos, quando efectuada
empregado, capaz de transmitir os termos do acto, que pela administração tributária;
se encontre no local onde normalmente funcione a admi- c) A revisão, oficiosa ou por iniciativa dos inte-
nistração da pessoa colectiva ou sociedade. ressados, dos actos tributários;
3 — O disposto no número anterior não se aplica se d) A emissão, rectificação, revogação, ratificação,
a pessoa colectiva ou sociedade se encontrar em fase reforma ou conversão de quaisquer outros actos
de liquidação ou falência, caso em que a diligência será administrativos em matéria tributária, incluindo
efectuada na pessoa do liquidatário. sobre benefícios fiscais;
e) As reclamações e os recursos hierárquicos;
Artigo 42.o f) A avaliação directa ou indirecta dos rendimen-
tos ou valores patrimoniais;
Notificação ou citação do Estado, das autarquias locais
e dos serviços públicos
g) A cobrança das obrigações tributárias, na parte
que não tiver natureza judicial;
1 — As notificações e citações de autarquia local ou h) A contestação de carácter técnico relacionada
outra entidade de direito público serão feitas por carta com a classificação pautal, a origem ou o valor
registada com aviso de recepção, dirigida ao seu pre- das mercadorias objecto de uma declaração
sidente ou membro em que este tenha delegado essa aduaneira, sem prejuízo da legislação especial
competência. aplicável;
2 — Se o notificando ou citando for um serviço i) Todos os demais actos dirigidos à declaração
público do Estado, a notificação ou citação será feita dos direitos tributários.
na pessoa do seu presidente, director-geral ou funcio-
nário equiparado, salvo disposição legal em contrário. 2 — As acções de observação das realidades tributá-
rias, da verificação do cumprimento das obrigações tri-
Artigo 43.o butárias e de prevenção das infracções tributárias são
reguladas pelo Regime Complementar do Procedimento
Obrigação de participação de domicílio de Inspecção Tributária.
1 — Os interessados que intervenham ou possam
intervir em quaisquer procedimentos ou processos nos Artigo 45.o
serviços da administração tributária ou nos tribunais tri-
butários comunicarão, no prazo de 20 dias, qualquer Contraditório
alteração do seu domicílio ou sede.
2 — A falta de recebimento de qualquer aviso ou 1 — O procedimento tributário segue o princípio do
comunicação expedidos nos termos dos artigos anterio- contraditório, participando o contribuinte, nos termos
res, devido ao não cumprimento do disposto no n.o 1, da lei, na formação da decisão.
não é oponível à administração tributária, sem prejuízo 2 — O contribuinte é ouvido oralmente ou por escrito,
do que a lei dispõe quanto à obrigatoriedade da citação conforme o objectivo do procedimento.
e da notificação e dos termos por que devem ser 3 — No caso de audiência oral, as declarações do con-
efectuadas. tribuinte serão reduzidas a termo.
3370 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 130 — 5 de Junho de 2001
CAPÍTULO IV CAPÍTULO VI
Do reconhecimento dos benefícios fiscais Do procedimento de reclamação graciosa
plicidade, caso em que será reduzida a termo nos ser- Artigo 75.o
viços locais ou periféricos da administração tributária. Entidade competente para a decisão
os respectivos prazos serão divulgados pela comunicação butárias, emitida no prazo de cinco dias úteis após o
social. pedido.
SECÇÃO II Artigo 83.o
Das garantias da cobrança Sociedades inactivas
constantes das notas de cobrança, desde que se veri- competentes certidão de dívida com base nos elementos
fiquem cumulativamente as seguintes condições: que tiverem ao seu dispor.
2 — As certidões de dívida serão assinadas e auten-
a) Ter sido deduzida reclamação graciosa ou impug-
nação judicial da liquidação ou apresentado ticadas e conterão, sempre que possível e sem prejuízo
pedido de revisão oficiosa da liquidação do tri- do disposto no presente Código, os seguintes elementos:
buto com fundamento em erro imputável aos
a) Identificação do devedor, incluindo o número
serviços;
b) Abranger o pagamento por conta a parte da fiscal de contribuinte;
colecta que não for objecto de reclamação gra- b) Descrição sucinta, situações e artigos matriciais
ciosa ou impugnação judicial. dos prédios que originaram as colectas;
c) Estabelecimento, local e objecto da actividade
5 — O pagamento por conta deve ser solicitado à enti- tributada;
dade competente para a instauração de processo de exe- d) Número dos processos;
cução fiscal. e) Proveniência da dívida e seu montante;
6 — Aos pagamentos por conta previstos no presente f) Número do processo de liquidação do tributo
artigo aplica-se, com as necessárias adaptações, o dis- sobre a transmissão, identificação do transmi-
posto aos pagamentos por conta na execução fiscal. tente, número e data do termo da declaração
7 — No caso de recurso hierárquico com efeito sus- prestada para a liquidação;
pensivo da liquidação, o contribuinte deve proceder ao g) Rendimentos que serviram de base à liquidação,
pagamento da liquidação provisória, com base na maté- com indicação das fontes, nos termos das alíneas
ria tributável não contestada, no prazo do pagamento b) e c);
voluntário, passando, caso contrário, o recurso hierár- h) Nomes e moradas dos administradores ou geren-
quico a ter efeito meramente devolutivo. tes da empresa ou sociedade executada;
i) Nomes e moradas das entidades garantes da
Artigo 87.o dívida e tipo e montante da garantia prestada;
j) Nomes e moradas de outras pessoas solidária
Dação em pagamento antes da execução fiscal ou subsidiariamente responsáveis;
1 — A dação em pagamento antes da instauração do k) Quaisquer outras indicações úteis para o eficaz
processo de execução fiscal só é admissível no âmbito seguimento da execução.
de processo conducente à celebração de acordo de recu-
peração de créditos do Estado. 3 — A assinatura das certidões de dívida poderá ser
2 — O requerimento da dação em pagamento pode efectuada por chancela ou outro meio de reprodução
ser apresentado a partir do início do prazo do pagamento devidamente autorizado por quem as emitir, podendo
voluntário e é dirigido ao ministro ou órgão executivo a autenticação ser efectuada por aposição do selo branco
de que dependa a administração tributária, que decidirá, ou, mediante prévia autorização do membro do Governo
ouvidos os serviços competentes, designadamente sobre competente, por qualquer outra forma idónea de iden-
o montante da dívida e acrescido e os encargos que tificação da assinatura e do serviço emitente.
incidam sobre os bens. 4 — As certidões de dívida servirão de base à ins-
3 — A aceitação da dação, em caso de dívidas a dife-
tauração do processo de execução fiscal a promover
rentes administrações tributárias, poderá ser efectuada
pelos órgãos periféricos locais, nos termos do título IV.
por despacho conjunto dos ministros competentes e
órgãos executivos, que deverá discriminar o montante 5 — A extracção das certidões de dívidas poderá ser
aplicado no pagamento das dívidas existentes, sem pre- cometida, pelo órgão dirigente da administração tribu-
juízo do direito de o contribuinte solicitar a revisão dos tária, aos serviços que disponham dos elementos neces-
critérios utilizados. sários para essa actividade.
4 — À dação em pagamento efectuada nos termos
do presente artigo aplicam-se os requisitos materiais ou
Artigo 89.o
processuais da dação em pagamento na execução fiscal,
com as necessárias adaptações. Compensação de dívidas de tributos por iniciativa
5 — Salvo se já tiver sido instaurado processo de exe- da administração tributária
cução fiscal em que se efectua por auto no processo,
a dação em pagamento efectua-se por auto no proce- 1 — Os créditos do executado resultantes de reem-
dimento previsto no presente artigo. bolso, revisão oficiosa, reclamação graciosa ou impug-
6 — O pedido de dação em pagamento não suspende nação judicial de qualquer acto tributário são obriga-
a cobrança da obrigação tributária. toriamente aplicados na compensação das suas dívidas
7 — As despesas de avaliação entram em regra de à mesma administração tributária, salvo se pender recla-
custas do procedimento de dação em pagamento, salvo mação graciosa, impugnação judicial, recurso judicial
se já tiver sido instaurado processo de execução fiscal, ou oposição à execução da dívida exequenda ou esta
caso em que serão consideradas custas deste processo.
esteja a ser paga em prestações, devendo a dívida exe-
quenda mostrar-se garantida nos termos deste Código.
Artigo 88.o 2 — Quando a importância do crédito for insuficiente
Extracção das certidões de dívida
para o pagamento da totalidade das dívidas e acrescido,
o crédito é aplicado sucessivamente no pagamento dos
1 — Findo o prazo de pagamento voluntário estabe- juros de mora, de outros encargos legais e do capital
lecido nas leis tributárias, será extraída pelos serviços da dívida, aplicando-se o disposto no n.o 3 do artigo 262.o
N.o 130 — 5 de Junho de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3377
4 — Em caso de erro na forma do processo, este será b) Notificação dos restantes actos tributários, mesmo
convolado na forma do processo adequada, nos termos quando não dêem origem a qualquer liquidação;
da lei. c) Citação dos responsáveis subsidiários em pro-
5 — Sem prejuízo dos demais casos de regularização cesso de execução fiscal;
da petição, esta pode ser corrigida a convite do tribunal d) Formação da presunção de indeferimento tácito;
em caso de errada identificação do autor do acto impug- e) Notificação dos restantes actos que possam ser
nado, salvo se o erro for manifestamente indesculpável. objecto de impugnação autónoma nos termos
deste Código;
f) Conhecimento dos actos lesivos dos interesses
CAPÍTULO II legalmente protegidos não abrangidos nas alí-
Do processo de impugnação neas anteriores.
3 — O Ministério Público pronunciar-se-á obrigato- 3 — Caso não seja possível a correcção referida no
riamente antes da decisão do incidente sobre a matéria número anterior, o substituto que quiser impugnar recla-
nele discutida. mará graciosamente para o órgão periférico regional
Artigo 128.o da administração tributária competente no prazo de dois
anos a contar do termo do prazo nele referido.
Processamento e julgamento dos incidentes
4 — O disposto no número anterior aplica-se à impug-
Os incidentes serão processados e julgados nos termos nação pelo substituído da retenção que lhe tiver sido
do Código de Processo Civil, em tudo que não seja efectuada, salvo quando a retenção tiver a mera natureza
estabelecido no presente Código. de pagamento por conta do imposto devido a final.
5 — Caso a reclamação graciosa seja expressa ou taci-
Artigo 129.o tamente indeferida, o contribuinte poderá impugnar, no
prazo de 30 dias, a entrega indevida nos mesmos termos
Incidente de assistência que do acto da liquidação.
1 — É admitido em processo de impugnação o inci- 6 — À impugnação em caso de retenção na fonte apli-
dente de assistência nos casos seguintes: ca-se o disposto no n.o 3 do artigo anterior.
a) Intervenção do substituto nas impugnações dedu-
zidas pelo substituído e vice-versa; Artigo 133.o
b) Intervenção do responsável subsidiário nas impug-
Impugnação em caso de pagamento por conta
nações deduzidas pelo contribuinte.
1 — O pagamento por conta é susceptível de impug-
2 — A sentença produzirá caso julgado face ao assis- nação judicial com fundamento em erro sobre os pres-
tente relativamente ao objecto da impugnação. supostos da sua existência ou do seu quantitativo quando
determinado pela administração tributária.
Artigo 130.o 2 — A impugnação do pagamento por conta depende
Admissão do incidente de habilitação de prévia reclamação graciosa para o órgão periférico
local da administração tributária competente, no prazo
É admitido o incidente de habilitação quando, no de 30 dias após o pagamento indevido.
decurso do processo judicial, falecer o impugnante e 3 — Caso a reclamação seja expressamente indefe-
o sucessor pretenda impor a sua posição processual. rida, o contribuinte poderá impugnar, no prazo de 30
dias, o acto nos mesmos termos que do acto de
SECÇÃO VIII liquidação.
4 — Decorridos 90 dias após a sua apresentação sem
Da impugnação dos actos de autoliquidação, substituição que tenha sido indeferida, considera-se a reclamação
tributária e pagamentos por conta tacitamente deferida.
Artigo 131.o
Impugnação em caso de autoliquidação
Artigo 134.o
Objecto da impugnação
1 — Em caso de erro na autoliquidação, a impug-
nação será obrigatoriamente precedida de reclamação 1 — Os actos de fixação dos valores patrimoniais
graciosa dirigida ao dirigente do órgão periférico regio- podem ser impugnados, no prazo de 90 dias após a
nal da administração tributária, no prazo de dois anos sua notificação ao contribuinte, com fundamento em
após a apresentação da declaração.
qualquer ilegalidade.
2 — Em caso de indeferimento expresso ou tácito da
reclamação, o contribuinte poderá impugnar, no prazo 2 — Constitui motivo de ilegalidade, além da prete-
de 30 dias, a liquidação que efectuou, contados, res- rição de formalidades legais, o erro de facto ou de direito
pectivamente, a partir da notificação do indeferimento na fixação.
ou da formação da presunção do indeferimento tácito. 3 — As incorrecções nas inscrições matriciais dos
3 — Sem prejuízo do disposto nos números anterio- valores patrimoniais podem ser objecto de impugnação
res, quando o seu fundamento for exclusivamente maté- judicial, no prazo de 30 dias, desde que o contribuinte
ria de direito e a autoliquidação tiver sido efectuada tenha solicitado previamente a correcção da inscrição
de acordo com orientações genéricas emitidas pela junto da entidade competente e esta a recuse ou não
administração tributária, o prazo para a impugnação se pronuncie no prazo de 90 dias a partir do pedido.
não depende de reclamação prévia, devendo a impug- 4 — À impugnação referida no número anterior apli-
nação ser apresentada no prazo do n.o 1 do artigo 102.o ca-se o disposto no n.o 3 do artigo 111.o
5 — O pedido de correcção da inscrição nos termos
Artigo 132.o do número anterior pode ser apresentado a todo o
tempo.
Impugnação em caso de retenção na fonte 6 — O prazo da impugnação referida no n.o 3 conta-se
1 — A retenção na fonte é susceptível de impugnação a partir da notificação da recusa ou do termo do prazo
por parte do substituto em caso de erro na entrega de para apreciação do pedido.
imposto superior ao retido. 7 — A impugnação referida neste artigo não tem
2 — O imposto entregue a mais será descontado nas efeito suspensivo e só poderá ter lugar depois de esgo-
entregas seguintes da mesma natureza a efectuar no tados os meios graciosos previstos no procedimento de
ano do pagamento indevido. avaliação.
3384 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 130 — 5 de Junho de 2001
3 — É competente para o conhecimento da impug- 3 — As acções apenas podem ser propostas sempre
nação o tribunal tributário de 1.a instância da área em que esse meio processual for o mais adequado para
que a apreensão tiver sido efectuada. assegurar uma tutela plena, eficaz e efectiva do direito
4 — Tem legitimidade para a impugnação prevista ou interesse legalmente protegido.
neste artigo o proprietário ou detentor dos bens apreen- 4 — As acções seguem os termos do processo de
didos. impugnação, considerando-se na posição de entidade
5 — Sempre que as leis tributárias exijam a notifi- que praticou o acto a que tiver competência para decidir
cação dos actos de apreensão às pessoas referidas no o pedido.
número anterior, o prazo da impugnação conta-se a par-
tir dessa notificação.
6 — Estando pendente processo contra-ordenacional, CAPÍTULO V
a decisão judicial da impugnação do acto de apreensão Dos meios processuais acessórios
faz caso julgado, considerando-se sempre definitiva a
libertação dos bens e meios de transporte, independen- Artigo 146.o
temente da decisão quanto às coimas.
7 — A regularização da situação tributária do arguido Meios processuais acessórios
na pendência do processo de impugnação extingue este. 1 — Para além do meio previsto no artigo seguinte,
são admitidos no processo judicial tributário os meios
SECÇÃO V processuais acessórios de intimação para a consulta de
documentos e passagem de certidões, de produção ante-
Da impugnação das providências cautelares adoptadas cipada de prova e de execução dos julgados, os quais
pela administração tributária
serão regulados pelo disposto nas normas sobre o pro-
Artigo 144.o cesso nos tribunais administrativos.
2 — O prazo de execução espontânea das sentenças
Impugnação das providências cautelares adoptadas e acórdãos dos tribunais tributários conta-se a partir
pela administração tributária
da data em que o processo tiver sido remetido ao órgão
1 — Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, as da administração tributária competente para a execução,
providências cautelares adoptadas pela administração podendo o interessado requerer a remessa no prazo
tributária são impugnáveis no prazo de 15 dias após de oito dias após o trânsito em julgado da decisão.
a sua realização ou o seu conhecimento efectivo pelo 3 — Cabe aos tribunais tributários de 1.a instância
interessado, quando posterior, com fundamento em a apreciação das questões referidas no presente artigo.
qualquer ilegalidade.
2 — A impugnação é apresentada no tribunal tribu- Artigo 146.o-A
tário de 1.a instância da área do serviço da administração
tributária que tiver adoptado a providência cautelar. Processo especial de derrogação do dever de sigilo bancário
3 — A impugnação das providências cautelares reves- 1 — O processo especial de derrogação do dever de
te-se sempre de carácter urgente, precedendo as dili- sigilo bancário aplica-se às situações legalmente pre-
gências respectivas a quaisquer outros actos judiciais vistas de acesso da administração tributária à informação
não urgentes. bancária para fins fiscais.
4 — No requerimento, deve o contribuinte invocar 2 — O processo especial previsto no número anterior
as razões de facto e de direito que justificam a anulação reveste as seguintes formas:
total ou parcial da providência cautelar.
5 — Antes da decisão, é obrigatoriamente ouvida a a) Recurso interposto pelo contribuinte;
administração tributária sobre a necessidade e legali- b) Pedido de autorização da administração tri-
dade da providência. butária.
6 — A impugnação das providências cautelares adop-
tadas pela administração tributária não tem efeitos sus- Artigo 146.o-B
pensivos, devendo, no entanto, até à decisão a admi-
nistração tributária abster-se da prática de actos que Tramitação do recurso interposto pelo contribuinte
possam comprometer os efeitos úteis do processo. 1 — O contribuinte que pretenda recorrer da decisão
da administração tributária que determina o acesso
CAPÍTULO IV directo à informação bancária que lhe diga respeito deve
justificar sumariamente as razões da sua discordância
Acção para o reconhecimento de um direito ou interesse em requerimento apresentado no tribunal tributário de
legítimo em matéria tributária 1.a instância da área do seu domicílio fiscal.
2 — A petição referida no número anterior deve ser
Artigo 145.o apresentada no prazo de 10 dias a contar da data em
que foi notificado da decisão, independentemente de
Reconhecimento de um direito ou interesse legítimo a lei atribuir à mesma efeito suspensivo ou devolutivo.
em matéria tributária
3 — A petição referida no número anterior não
1 — As acções para obter o reconhecimento de um obedece a formalidade especial, não tem de ser subscrita
direito ou interesse legalmente protegido em matéria por advogado e deve ser acompanhada dos respectivos
tributária podem ser propostas por quem invoque a titu- elementos de prova, que devem revestir natureza exclu-
laridade do direito ou interesse a reconhecer. sivamente documental.
2 — O prazo da instauração da acção é de quatro 4 — O director-geral dos Impostos ou o director-geral
anos após a constituição do direito ou o conhecimento das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Con-
da lesão do interessado. sumo são notificados para, querendo, deduzirem opo-
3386 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 130 — 5 de Junho de 2001
sição no prazo de 10 dias, a qual deve ser acompanhada favor do contribuinte ou demais obrigados tributários,
dos respectivos elementos de prova. devendo o requerente invocar e provar o fundado receio
5 — As regras dos números precedentes aplicam-se, de uma lesão irreparável do requerente a causar pela
com as necessárias adaptações, ao recurso previsto no actuação da administração tributária e a providência
artigo 89.o-A da lei geral tributária. requerida.
Artigo 146.o-C
TÍTULO IV
Tramitação do pedido de autorização da administração tributária
o funcionário ou outra pessoa que deva realizar a citação b) Certidão de decisão exequível proferida em pro-
informará quem foi o possuidor, fruidor ou proprietário cesso de aplicação das coimas;
dos bens durante o período a que respeita a dívida exe- c) Certidão do acto administrativo que determina
quenda, para que o órgão da execução fiscal o mande a dívida a ser paga;
citar, se for caso disso, segundo as leis tributárias. d) Qualquer outro título a que, por lei especial,
seja atribuída força executiva.
Artigo 159.o
Reversão no caso de substituição tributária Artigo 163.o
No caso de substituição tributária e na falta ou insu- Requisitos dos títulos executivos
ficiência de bens do devedor, a execução reverterá contra
os responsáveis subsidiários. 1 — Carece de força executiva, devendo ser devolvido
à entidade que o tiver extraído ou remetido, o título
Artigo 160.o a que falte algum dos seguintes requisitos:
Reversão no caso de pluralidade de responsáveis subsidiários a) Menção da entidade emissora ou promotora da
1 — Quando a execução reverta contra responsáveis execução e respectiva assinatura, que poderá ser
subsidiários, o órgão da execução fiscal mandá-los-á citar efectuada por chancela nos termos do presente
todos, depois de obtida informação no processo sobre Código;
as quantias por que respondem. b) Data em que foi emitido;
2 — A falta de citação de qualquer dos responsáveis c) Nome e domicílio do ou dos devedores;
não prejudica o andamento da execução contra os d) Natureza e proveniência da dívida e indicação,
restantes. por extenso, do seu montante.
3 — Se o pagamento não for efectuado dentro do
prazo ou decaírem na oposição deduzida, os respon- 2 — No título executivo deve ainda indicar-se a data
sáveis subsidiários suportarão, além das custas a que a partir da qual são devidos juros de mora e a impor-
tenham dado causa, as que forem devidas pelos ori-
tância sobre que incidem, devendo, na sua falta, esta
ginários devedores.
indicação ser solicitada à entidade competente.
Artigo 161.o
Reversão da execução contra funcionários
Artigo 164.o
1 — Os funcionários que intervierem no processo fica- Elementos que acompanham o título executivo
rão subsidiariamente responsáveis, pela importância das A entidade promotora da execução pode juntar ao
dívidas que não puderam ser cobradas, por qualquer
título executivo, se o entender necessário, uma nota de
dos seguintes actos, desde que dolosamente praticados:
que conste o resumo da situação que serviu de base
a) Quando, por terem dado causa à instauração à instauração do processo.
tardia da execução, por passarem mandado para
penhora fora do prazo legal ou por não o terem
cumprido atempadamente, não forem encontra- SECÇÃO V
dos bens suficientes ao executado ou aos res-
ponsáveis; Das nulidades processuais
b) Quando, sendo conhecidos bens penhoráveis,
lavrarem auto de diligência a testar a sua Artigo 165.o
inexistência;
c) Quando possibilitem um novo estado de insol- Nulidades. Regime
vência por não informarem nas execuções decla-
radas em falhas que os devedores ou respon- 1 — São nulidades insanáveis em processo de exe-
sáveis adquiriram posteriormente bens penho- cução fiscal:
ráveis.
a) A falta de citação, quando possa prejudicar a
2 — A responsabilidade subsidiária do funcionário só defesa do interessado;
poderá ser exercida após condenação em processo dis- b) A falta de requisitos essenciais do título exe-
ciplinar pelos factos referidos no número anterior. cutivo, quando não puder ser suprida por prova
documental.
SECÇÃO IV
2 — As nulidades dos actos têm por efeito a anulação
Dos títulos executivos dos termos subsequentes do processo que deles depen-
dam absolutamente, aproveitando-se as peças úteis ao
Artigo 162.o apuramento dos factos.
Espécies de títulos executivos 3 — Se o respectivo representante tiver sido citado,
a nulidade por falta de citação do inabilitado por pro-
Só podem servir de base à execução fiscal os seguintes digalidade só invalidará os actos posteriores à penhora.
títulos executivos: 4 — As nulidades mencionadas são de conhecimento
a) Certidão extraída do título de cobrança relativa oficioso e podem ser arguidas até ao trânsito em julgado
a tributos e outras receitas do Estado; da decisão final.
N.o 130 — 5 de Junho de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3389
2 — Nas execuções por coimas ou outras sanções falência, onde o Ministério Público reclamará o paga-
pecuniárias o processo executivo extingue-se também: mento dos respectivos créditos pelos meios aí previstos,
se não estiver constituído mandatário especial.
a) Por morte do infractor; 3 — Os processos de execução fiscal, antes de reme-
b) Por amnistia da contra-ordenação; tidos ao tribunal judicial, serão contados, fazendo-se
c) Pela prescrição das coimas e sanções acessórias; neles o cálculo dos juros de mora devidos.
d) Pela anulação da decisão condenatória em pro- 4 — Os processos de execução fiscal avocados serão
cesso de revisão. devolvidos no prazo de oito dias, quando cesse o pro-
cesso de recuperação ou logo que finde o de falência.
Artigo 177.o 5 — Se a empresa, o falido ou os responsáveis sub-
sidiários vierem a adquirir bens em qualquer altura, o
Prazo de extinção da execução
processo de execução fiscal prossegue para cobrança
A extinção da execução verificar-se-á dentro de um do que se mostre em dívida à Fazenda Pública, sem
ano contado da instauração, salvo causas insuperáveis, prejuízo das obrigações contraídas por esta no âmbito
devidamente justificadas. do processo de recuperação, bem como sem prejuízo
da prescrição.
6 — O disposto neste artigo não se aplica aos créditos
CAPÍTULO II vencidos após a declaração de falência ou despacho de
prosseguimento da acção de recuperação da empresa,
Do processo que seguirão os termos normais até à extinção da
execução.
SECÇÃO I
Artigo 181.o
Disposições gerais
Deveres tributários do liquidatário judicial da falência
o
Artigo 178. 1 — Declarada a falência, o liquidatário judicial
Coligação de exequentes
requererá, no prazo de 10 dias a contar da notificação
da sentença, a citação pessoal dos dirigentes dos serviços
1 — A administração tributária pode coligar-se, em centrais da administração tributária que procedam à
processo de execução, às instituições do sistema de soli- liquidação de tributos e a do órgão periférico local do
dariedade e segurança social. domicílio do falido ou onde possua bens ou onde exista
2 — A coligação é decidida pelos membros do qualquer estabelecimento comercial ou industrial que
Governo competentes ou por aqueles em quem estes lhe pertença, para, no prazo de 15 dias, remeterem cer-
delegarem. tidão das dívidas do falido à Fazenda Pública, aplican-
3 — O processo de execução é instaurado e instruído do-se o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 80.o do presente
pelo maior credor. Código.
2 — No prazo de 10 dias, a contar da notificação da
sentença que tiver declarado a falência ou da citação
Artigo 179.o que lhe tenha sido feita em processo de execução fiscal,
Apensação de execuções requererá o liquidatário judicial, sob pena de incorrer
em responsabilidade subsidiária, a avocação dos pro-
1 — Correndo contra o mesmo executado várias exe- cessos em que o falido seja executado ou responsável
cuções, nos termos deste Código, serão apensadas, ofi- e que se encontrem pendentes nos órgãos da execução
ciosamente ou a requerimento dele, quando se encon- fiscal do seu domicílio, e daqueles onde tenha bens ou
trarem na mesma fase. exerça comércio ou indústria, a fim de serem apensados
2 — A apensação será feita à mais adiantada dessas ao processo de falência.
execuções.
3 — A apensação não se fará quando possa prejudicar Artigo 182.o
o cumprimento de formalidades especiais ou, por qual-
quer outro motivo, possa comprometer a eficácia da Impossibilidade da declaração de falência
execução. 1 — Em processo de execução fiscal não pode ser
4 — Proceder-se-á à desapensação sempre que, em declarada a falência ou insolvência do executado.
relação a qualquer das execuções apensadas, se veri- 2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior
fiquem circunstâncias de que possa resultar prejuízo e da prossecução da execução fiscal contra os respon-
para o andamento das restantes. sáveis solidários ou subsidiários, quando os houver, o
órgão da execução fiscal, em caso de concluir pela ine-
Artigo 180.o xistência ou fundada insuficiência dos bens penhoráveis
do devedor para o pagamento da dívida exequenda e
Efeito do processo de recuperação da empresa acrescido, comunicará o facto ao representante do
e de falência na execução fiscal
Ministério Público competente para que apresente o
1 — Proferido o despacho judicial de prosseguimento pedido da declaração da falência no tribunal compe-
da acção de recuperação da empresa ou declarada falên- tente, sem prejuízo da possibilidade de apresentação
cia, serão sustados os processos de execução fiscal que do pedido por mandatário especial.
se encontrem pendentes e todos os que de novo vierem
a ser instaurados contra a mesma empresa, logo após Artigo 183.o
a sua instauração. Garantia. Local da prestação. Levantamento
2 — O tribunal judicial competente avocará os pro-
cessos de execução fiscal pendentes, os quais serão apen- 1 — Se houver lugar a qualquer forma de garantia,
sados ao processo de recuperação ou ao processo de esta será prestada junto do tribunal tributário compe-
N.o 130 — 5 de Junho de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3391
tente ou do órgão da execução fiscal onde pender o do processo e averbamento de arquivo, tal como consta
processo respectivo, nos termos estabelecidos no pre- dos livros de registo.
sente Código. 4 — Os livros terão termo de abertura e de encer-
2 — A garantia poderá ser levantada oficiosamente ramento assinados pelo órgão da execução fiscal, que
ou a requerimento de quem a haja prestado logo que também rubricará todas as folhas depois de numeradas,
no processo que a determinou tenha transitado em jul- podendo fazê-lo por chancela.
gado decisão favorável ao garantido ou haja pagamento
da dívida. Artigo 185.o
3 — O levantamento pode ser total ou parcial con-
soante o conteúdo da decisão ou o pagamento efectuado. Formalidades das diligências
4 — Para o levantamento da garantia não é exigida No processo de execução fiscal, as diligências a soli-
prova de quitação com a Fazenda Pública. citar a outros tribunais ou autoridades sê-lo-ão por sim-
5 — Se o levantamento for requerido pelos sucessores ples ofício ou por outros meios simplificados previstos
de quem tenha prestado a caução, deverão estes provar na legislação processual civil, salvo nos seguintes casos,
essa qualidade e que se encontra pago ou assegurado em que se empregará carta precatória:
o imposto devido pela transmissão da quantia ou valores
a levantar. a) Para citação;
b) Para penhora, que não seja de dinheiro ou
Artigo 183.o-A outros valores depositados à ordem de qualquer
Caducidade da garantia autoridade nas instituições de crédito;
c) Para cada um dos aludidos actos e termos
1 — A garantia prestada para suspender a execução subsequentes;
em caso de reclamação graciosa, impugnação judicial, d) Para inquirição ou declarações.
recurso judicial ou oposição caduca se a reclamação
graciosa não estiver decidida no prazo de um ano a
contar da data da sua interposição ou se a impugnação Artigo 186.o
judicial, o recurso judicial ou a oposição não estiverem Carta precatória extraída de execução
julgadas em 1.a instância no prazo de dois anos a contar
da data da sua apresentação. 1 — Na carta precatória extraída de execução que
2 — Os prazos referidos no número anterior são possa ser paga no órgão da execução fiscal deprecado
acrescidos em seis meses quando houver recurso a prova indicar-se-á a proveniência e montante da dívida, a data
pericial. em que começaram a vencer-se juros de mora e a impor-
3 — O regime do n.o 1 não se aplica quando o atraso tância das custas contadas no órgão da execução fiscal
resulta de motivo imputável ao reclamante, impugnante, deprecante até à data da expedição, juntando-se, se for
recorrente ou executado. caso disso, cópia da nota referida no presente Código.
4 — A verificação da caducidade cabe ao tribunal tri- 2 — A carta só será devolvida depois de contadas as
butário de 1.a instância onde estiver pendente a impug- custas.
nação, recurso ou oposição ou, nas situações de recla- 3 — Poderá não ter lugar o envio de carta precatória
mação graciosa, ao órgão com competência para decidir se for mais vantajoso para a execução e o órgão da
a reclamação, devendo a decisão ser tomada no prazo execução fiscal a ser deprecado fizer parte da área do
de 30 dias após requerimento do interessado. órgão regional em que se integre o órgão da execução
5 — Não sendo proferida a decisão referida no fiscal deprecante.
número anterior no prazo aí previsto, considera-se taci- 4 — Nos casos referidos no n.o 3 as diligências serão
tamente deferido o requerido. efectuadas pelo próprio órgão da execução fiscal depre-
6 — Em caso de caducidade da garantia, o interessado cante ou pelo funcionário em quem este, com auto-
será indemnizado pelos encargos suportados com a sua rização do órgão periférico regional da administração
prestação, nos termos e com os limites previstos nos tributária, tenha delegado essa competência.
n.os 3 e 4 do artigo 53.o da lei geral tributária.
Artigo 187.o
Artigo 184.o Carta rogatória
Registo das execuções fiscais 1 — A carta rogatória será acompanhada de uma nota
em que se indique a natureza da dívida, o tempo a
1 — O registo dos processos será efectuado:
que respeita e o facto que a originou.
a) Nas relações que acompanham as certidões de 2 — Quando se levantem dúvidas sobre a expedição
dívidas ao Estado ou em livro de modelo a de carta rogatória, o órgão da execução fiscal consultará,
aprovar; nos termos da lei, os serviços competentes do Ministério
b) No livro, de modelo a aprovar, de outras exe- dos Negócios Estrangeiros.
cuções ou então nas relações que acompanham
as certidões;
SECÇÃO II
c) No livro, de modelo a aprovar, das cartas pre-
catórias recebidas. Da instauração e citação
6 — As despesas efectuadas com as avaliações refe- dos bens, pode o ministro ou órgão executivo compe-
ridas nos n.os 3 e 4 entram em regra de custas do processo tente determinar que a venda seja efectuada por nego-
de execução fiscal, devendo o devedor efectuar o res- ciação particular.
pectivo preparo no prazo de cinco dias a contar da data 3 — Pode também o ministro ou órgão executivo com-
da notificação, sob pena de não prosseguimento do petente autorizar os serviços sob a sua dependência a
pedido. locarem ou a onerarem, nos termos previstos na lei,
7 — Reunidos os elementos referidos nos números os bens dados em pagamento ou a com eles realizarem
anteriores, o processo será remetido para despacho ao capital ou outras prestações sociais.
ministro ou ao órgão executivo competente, que poderá, 4 — Os direitos emergentes da locação ou da one-
antes de decidir, determinar a junção de outros ele- ração referidas no n.o 3 só podem ser penhorados em
mentos no prazo de 10 dias, sob pena de o pedido não processo de execução fiscal.
ter seguimento, salvo se o atraso não for imputável ao
contribuinte.
SECÇÃO VI
8 — O despacho que autorizar a dação em pagamento
definirá os termos de entrega dos bens oferecidos, Da oposição
podendo seleccionar, entre os propostos, os bens a entre-
gar em cumprimento da dívida exequenda e acrescido. Artigo 203.o
9 — Em caso de aceitação da dação em pagamento Prazo de oposição à execução
de bens de valor superior à dívida exequenda e acrescido,
o despacho que a autoriza constitui, a favor do devedor, 1 — A oposição deve ser deduzida no prazo de 30
um crédito no montante desse excesso, a utilizar em dias a contar:
futuros pagamentos de impostos ou outras prestações
a) Da citação pessoal ou, não a tendo havido, da
tributárias, na aquisição de bens ou de serviços no prazo
primeira penhora;
de cinco anos ou no pagamento de rendas, desde que
b) Da data em que tiver ocorrido o facto super-
as receitas correspondentes estejam sob a administração
veniente ou do seu conhecimento pelo exe-
do ministério ou órgão executivo por onde corra o pro-
cutado.
cesso de dação.
10 — O crédito previsto no número anterior é intrans-
2 — Havendo vários executados, os prazos correrão
missível e impenhorável e a sua utilização depende da
independentemente para cada um deles.
prévia comunicação, no prazo de 30 dias, à entidade
3 — Para efeitos do disposto na alínea b) do n.o 1,
a quem deva ser efectuado o pagamento.
considera-se superveniente não só o facto que tiver ocor-
11 — Em caso de cessação de actividade, o devedor
rido posteriormente ao prazo da oposição, mas ainda
pode requerer à administração tributária, nos 60 dias
aquele que, embora ocorrido antes, só posteriormente
posteriores, o pagamento em numerário do montante
venha ao conhecimento do executado, caso em que
referido no n.o 9, que só lhe será concedido se fizer
deverá ser este a provar a superveniência.
prova da inexistência de dívidas tributárias àquela
4 — A oposição deve ser deduzida até à venda dos
entidade.
bens, sem prejuízo do disposto no n.o 3 do artigo 257.o
12 — A dação em pagamento operar-se-á através de
5 — O órgão da execução fiscal comunicará o paga-
auto lavrado no processo.
mento da dívida exequenda ao tribunal tributário de
13 — Na dação em pagamento de bens imóveis lavrar-
1.a instância onde pender a oposição, para efeitos da
-se-á um auto por cada prédio.
sua extinção.
14 — O auto referido nos números anteriores valerá,
para todos os efeitos, como título de transmissão.
15 — O executado poderá desistir da dação em paga- Artigo 204.o
mento até cinco dias após a notificação do despacho Fundamentos da oposição à execução
ministerial, mediante o integral pagamento da totalidade
da dívida exequenda e acrescido, incluindo as custas 1 — A oposição só poderá ter algum dos seguintes
das avaliações a que se referem os n.os 3 e 5 do presente fundamentos:
artigo. a) Inexistência do imposto, taxa ou contribuição
16 — Autorizada a dação em pagamento, seguir- nas leis em vigor à data dos factos a que respeita
-se-ão, na parte aplicável, as regras previstas nas alí- a obrigação ou, se for o caso, não estar auto-
neas c) e d) do artigo 255.o deste Código. rizada a sua cobrança à data em que tiver ocor-
17 — O terceiro a que se refere o n.o 1 só ficará rido a respectiva liquidação;
sub-rogado nos direitos da Fazenda Pública nos termos b) Ilegitimidade da pessoa citada por esta não ser
e condições definidos nos artigos 91.o e 92.o do presente o próprio devedor que figura no título ou seu
Código. sucessor ou, sendo o que nele figura, não ter
Artigo 202.o sido, durante o período a que respeita a dívida
Bens dados em pagamento
exequenda, o possuidor dos bens que a origi-
naram, ou por não figurar no título e não ser
1 — No despacho que autorizar a dação, pode o responsável pelo pagamento da dívida;
ministro ou órgão executivo competente determinar a c) Falsidade do título executivo, quando possa
venda, por proposta em carta fechada, dos bens dados influir nos termos da execução;
em pagamento, em prazo a fixar. d) Prescrição da dívida exequenda;
2 — Em caso de urgência na venda dos bens, desig- e) Falta da notificação da liquidação do tributo
nadamente pelo seu risco de desvalorização, ou de estes no prazo de caducidade;
serem de valor reduzido, ou quando seja essa a solução f) Pagamento ou anulação da dívida exequenda;
mais adequada à continuidade da utilização produtiva g) Duplicação de colecta;
3396 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 130 — 5 de Junho de 2001
h) Ilegalidade da liquidação da dívida exequenda, 2 — No referido prazo, salvo quando a lei atribua
sempre que a lei não assegure meio judicial de expressamente essa competência a outra entidade, o
impugnação ou recurso contra o acto de liqui- órgão da execução fiscal poderá pronunciar-se sobre o
dação; mérito da oposição e revogar o acto que lhe tenha dado
i) Quaisquer fundamentos não referidos nas alí- fundamento.
neas anteriores, a provar apenas por documento,
Artigo 209.o
desde que não envolvam apreciação da lega-
lidade da liquidação da dívida exequenda, nem Rejeição liminar da oposição
representem interferência em matéria de exclu-
siva competência da entidade que houver 1 — Recebido o processo, o juiz rejeitará logo a opo-
extraído o título. sição por um dos seguintes fundamentos:
a) Ter sido deduzida fora do prazo;
2 — A oposição nos termos da alínea h), que não b) Não ter sido alegado algum dos fundamentos
seja baseada em mera questão de direito, reger-se-á admitidos no n.o 1 do artigo 204.o;
pelas disposições relativas ao processo de impugnação. c) Ser manifesta a improcedência.
duas testemunhas, onde se registe o dia, a hora mento, depositará o crédito em operações de
e o local da diligência, se mencione o valor da tesouraria, à ordem do órgão da execução fiscal,
execução, se relacionem os bens por verbas no prazo de 30 dias a contar da penhora, e,
numeradas, se indique o seu estado de conser- se o não fizer, será executado pela importância
vação e o valor aproximado e se refiram as obri- respectiva, no próprio processo;
gações e responsabilidades a que fica sujeito c) Se reconhecer a obrigação de pagar, mas tiver
o depositário a quem será entregue uma cópia; a seu favor prazo de pagamento, aguardar-se-á
d) Se o executado estiver presente e se recuse a o seu termo, observando-se seguidamente o dis-
assinar, mencionar-se-á o facto. posto na alínea anterior;
d) O devedor será advertido na notificação de que
Artigo 222.o não se exonera pagando directamente ao credor;
e) Se negar a obrigação, no todo ou em parte, será
Formalidades da penhora de veículos automóveis de aluguer o crédito considerado litigioso, na parte não
1 — Quando a penhora recair sobre o veículo auto- reconhecida, e, como tal, será posto à venda
móvel licenciado para o exercício da indústria de trans- por três quartas partes do seu valor.
porte de aluguer, será também apreendida a respectiva
licença, desde que a sua transmissão seja permitida por 2 — No caso de litigiosidade do crédito penhorado,
lei especial, caducando aquela com a venda dos veículos. pode também a Fazenda Pública promover a acção
2 — O órgão da execução fiscal comunicará a venda declaratória, suspendendo-se entretanto a execução se
às autoridades competentes para efeito de eventual con- o executado não possuir outros bens penhoráveis.
cessão de nova licença.
Artigo 225.o
o
Artigo 223. Formalidades da penhora de partes sociais ou de quotas em sociedade
Formalidade da penhora de dinheiro ou de valores depositados
1 — A penhora de parte social ou de quota em socie-
1 — A penhora de dinheiro ou de outros valores depo- dade será feita mediante auto em que se especificará
sitados será precedida de informação do funcionário o objecto da penhora e o valor resultante do último
competente sobre a identidade do depositário, a quantia balanço, nomeando-se depositário um dos administra-
ou os objectos depositados e o valor presumível destes. dores, directores ou gerentes.
2 — A instituição detentora do depósito penhorado 2 — Se não for possível indicar no auto da penhora
deve comunicar ao órgão da execução fiscal o saldo o valor do último balanço, será esse valor fixado pelo
da conta ou contas objecto de penhora na data em que órgão da execução fiscal antes da venda.
esta se considere efectuada.
3 — Salvo nos casos de quantias depositadas à ordem Artigo 226.o
de qualquer entidade em instituição de crédito com-
petente, em que se aplica o disposto no Código de Pro- Formalidades de penhora de títulos de crédito
cesso Civil, a penhora efectuar-se-á por meio de carta emitidos por entidades públicas
registada, com aviso de recepção, dirigida ao depositário, Quando haja de penhorar-se um título de crédito emi-
devendo a notificação conter ainda a indicação de que tido por entidade pública, observar-se-á o seguinte:
as quantias depositadas nas contas referidas nos núme-
ros anteriores ficam indisponíveis desde a data da a) Dar-se-á conhecimento aos serviços competen-
penhora, salvo nos casos previstos na lei. tes de que não devem autorizar nem efectuar
4 — Verificando-se novas entradas, o depositário o pagamento;
comunicá-las-á ao órgão da execução fiscal, para que b) No acto da penhora apreender-se-á o título;
este, imediatamente, ordene a penhora ou o informe c) Não sendo possível a apreensão, o órgão da exe-
da sua desnecessidade. cução fiscal providenciará no sentido de os ser-
5 — Quando, por culpa do depositário, não for pos- viços competentes lhe remeterem segunda via
sível cobrar a dívida exequenda e o acrescido, incorrerá do título e considerar nulo o seu original;
ele em responsabilidade subsidiária. d) Em seguida, o órgão da execução fiscal pro-
6 — Além das coisas que obrigatoriamente são depo- moverá a cobrança do título, fazendo entrar o
sitadas em instituição de crédito competente, poderão produto em conta da dívida exequenda e do
também ser ali guardadas outras, desde que isso se mos- acrescido, e, havendo sobras, depositar-se-ão em
tre conveniente. operações de tesouraria para serem entregues
ao executado.
Artigo 224.o
Formalidades da penhora de créditos
Artigo 227.o
1 — A penhora de créditos será feita por meio de Formalidades da penhora de quaisquer abonos ou vencimentos
auto, nomeando-se depositário o devedor ou o seu legí-
timo representante, e com observância das seguintes Se a penhora tiver de recair em quaisquer abonos
regras: ou vencimentos de funcionários públicos ou empregados
de pessoa colectiva de direito público ou em salário
a) Do auto constará se o devedor reconhece a obri-
de empregados de empresas privadas ou de pessoas par-
gação, a data em que se vence, as garantias que
ticulares, obedecerá às seguintes regras:
a acompanham e quaisquer outras circunstân-
cias que possam interessar à execução; a) Liquidada a dívida exequenda e o acrescido,
b) O devedor, se reconhecer a obrigação imediata solicitar-se-ão os descontos à entidade encar-
de pagar ou não houver prazo para o paga- regada de processar as folhas, por carta regis-
N.o 130 — 5 de Junho de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3399
pectivo tribunal e solicitar-lhe-á que oportuna- de bens ofender a posse ou qualquer outro direito
mente informe quais os bens adjudicados ao exe- incompatível com a realização ou o âmbito da diligência
cutado, podendo, neste caso, a execução ser sus- de que seja titular um terceiro, pode este fazê-lo valer
pensa por período não superior a um ano; por meio de embargos de terceiro.
d) A penhora transfere-se, sem mais, para os bens 2 — Os embargos são deduzidos junto do órgão da
que couberem ao executado na partilha. execução fiscal.
3 — O prazo para dedução de embargos de terceiro
Artigo 233.o é de 30 dias contados desde o dia em que foi praticado
Responsabilidade dos depositários
o acto ofensivo da posse ou direito, mas nunca depois
de os respectivos bens terem sido vendidos.
À responsabilidade dos depositários dos bens penho-
rados aplicar-se-ão as seguintes regras:
Artigo 238.o
a) Para os efeitos da responsabilização do depo-
sitário pelo incumprimento do dever de apre- Eficácia do caso julgado
sentação de bens, aquele será executado pela
importância respectiva, no próprio processo, A decisão de mérito proferida nos embargos de ter-
sem prejuízo do procedimento criminal; ceiro constitui caso julgado no processo de execução
b) O depositário poderá ser oficiosamente remo- fiscal quanto à existência e titularidade dos direitos invo-
vido pelo órgão da execução fiscal; cados por embargante e embargado.
c) Na prestação de contas, o órgão da execução
fiscal nomeará um perito, se for necessário, e
SECÇÃO VIII
decidirá segundo o seu independente arbítrio.
Da convocação dos credores e da verificação dos créditos
Artigo 234.o
Penhora de direitos Artigo 239.o
É subsidiariamente aplicável à penhora de direitos Citação dos credores preferentes e do cônjuge
o disposto na lei para a penhora das coisas móveis e
das coisas imóveis. 1 — Feita a penhora e junta a certidão de ónus, serão
citados os credores com garantia real, relativamente aos
Artigo 235.o bens penhorados, e o cônjuge do executado no caso
Levantamento da penhora previsto no artigo 220.o ou quando a penhora incida
sobre bens imóveis ou bens móveis sujeitos a registo,
1 — A penhora pode ser levantada verificados os pres- sem o que a execução não prosseguirá.
supostos previstos no artigo 183.o-A, aplicando-se os
2 — Os credores desconhecidos, bem como os suces-
termos aí estatuídos, com as necessárias adaptações.
sores dos credores preferentes, serão citados por anún-
2 — Quando a execução tiver sido paga por terceiro
sub-rogado e o processo, por motivo que lhe seja impu- cio e éditos de 20 dias.
tável, se encontre parado há mais de seis meses, a
penhora poderá ser levantada a requerimento do exe- Artigo 240.o
cutado ou de qualquer credor.
Convocação de credores
o
Artigo 236. 1 — Podem reclamar os seus créditos, no prazo de
Inexistência de bens penhoráveis 15 dias após a citação nos termos do artigo anterior,
os credores que gozem de garantia real sobre os bens
1 — Se ao executado não forem encontrados bens penhorados.
penhoráveis, o funcionário competente lavrará auto de 2 — O crédito exequendo não carece de ser recla-
diligência perante duas testemunhas idóneas que rati- mado.
fiquem o facto, devendo uma delas, sempre que possível,
3 — O órgão da execução fiscal poderá não proceder
ser o presidente da junta de freguesia.
2 — O auto será assinado pelas testemunhas, se sou- à convocação de credores quando a penhora incida ape-
berem e puderem fazê-lo, e pelo funcionário com- nas sobre abonos, vencimentos ou pensões ou quando,
petente. em caso de penhora de dinheiro ou bens móveis sujeitos
3 — O órgão da execução fiscal assegurar-se-á, por a registo, dos autos não constar qualquer direito real
todos os meios ao seu alcance, incluindo a consulta dos de garantia e a dívida seja inferior a 100 unidades de
arquivos informáticos da administração tributária, de conta.
que o executado não possui bens penhoráveis. 4 — O disposto no número anterior não obsta a que
o credor com garantia real reclame espontaneamente
o seu crédito na execução, até à transmissão dos bens
SUBSECÇÃO III penhorados.
Dos embargos de terceiro
Artigo 241.o
Artigo 237.o Citação do órgão da execução fiscal
Função do incidente dos embargos de terceiro. Disposições aplicáveis
1 — Se não se verificarem as circunstâncias do n.o 3
1 — Quando o arresto, a penhora ou qualquer outro do artigo anterior, serão citados os dirigentes dos ser-
acto judicialmente ordenado de apreensão ou entrega viços centrais do órgão periférico local da administração
N.o 130 — 5 de Junho de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3401
dos bens ao proponente, para poderem exercer o seu 3 — Quando tenha lugar a venda por negociação par-
direito no acto da adjudicação. ticular, são publicitados na Internet, nos termos defi-
8 — A publicitação através da Internet faz-se nos ter- nidos em portaria do Ministro das Finanças, o nome
mos definidos em portaria do Ministro das Finanças. ou firma do executado, o órgão por onde corre o pro-
9 — Nas execuções por dívidas até 60 vezes a unidade cesso, a identificação sumária dos bens, o local, prazo
de conta podem não se publicar anúncios para a venda, e horas em que estes podem ser examinados, o valor
quando o órgão da execução fiscal o entender dispen- base da venda e o nome ou firma do negociador, bem
sável, atento o reduzido valor dos bens, procedendo-se como a residência ou sede deste.
porém, sempre, à afixação de editais, à publicitação atra-
vés da Internet e às notificações.
Artigo 253.o
Artigo 250.o Adjudicação dos bens na venda por proposta em carta fechada
Valor base dos bens para a venda Na venda por meio de propostas em carta fechada
observar-se-á o seguinte:
1 — O valor base para venda é determinado da
seguinte forma: a) A abertura das propostas far-se-á no dia e hora
designados, na presença do órgão da execução
a) Os imóveis, inscritos ou omissos na matriz, pelo fiscal, podendo assistir à abertura os proponen-
valor que for fixado pelo órgão da execução tes, os reclamantes citados nos termos do
fiscal, podendo a fixação ser precedida de pare- artigo 239.o e quem puder exercer o direito de
cer técnico do presidente da comissão de ava-
preferência ou remissão;
liação ou de um perito avaliador designado nos
b) Se o preço mais elevado, com o limite mínimo
termos da lei, não podendo ser inferior ao valor
previsto no n.o 2 do artigo 250.o, for oferecido
patrimonial;
por mais de um proponente, abre-se logo lici-
b) Os móveis pelo valor que lhes tenha sido atri-
buído no auto de penhora, salvo se outro for tação entre eles, salvo se declararem que pre-
apurado pelo órgão da execução fiscal. tendem adquirir os bens em compropriedade;
c) Estando presente só um dos proponentes do
maior preço, pode esse cobrir a proposta dos
2 — O valor base a anunciar para a venda é igual
outros e, se nenhum deles estiver presente ou
a 70 % do determinado nos termos do número anterior.
nenhum quiser cobrir a proposta dos outros,
procede-se a sorteio para determinar a proposta
Artigo 251.o que deve prevalecer.
Local de entrega das propostas e de realização
da venda. Equiparação da concessão mineira a imóvel Artigo 254.o
1 — A entrega de propostas far-se-á no local do órgão (Revogado.)
da execução fiscal onde vai ser efectuada a venda.
2 — (Revogado.)
3 — A concessão mineira é equiparada a imóvel, Artigo 255.o
devendo, se abranger vários concelhos, a venda reali-
Inexistência de propostas
zar-se no órgão da execução fiscal da área onde se pro-
cessa a maior parte do processo de exploração. No caso da venda por proposta em carta fechada,
4 — A validade da venda da concessão mineira quando não houver propostas que satisfaçam os requi-
depende de autorização expressa do ministro compe- sitos do artigo 250.o, o órgão da execução fiscal poderá
tente, a requerimento do adquirente, a apresentar no adquirir os bens para a Fazenda Pública, com obser-
prazo de 60 dias após a sua realização. vância do seguinte:
a) Até ao valor da dívida exequenda e do acrescido,
Artigo 252.o
salvo se o valor real dos bens for inferior ao
Outras modalidades de venda total da dívida, caso em que o preço não deverá
exceder dois terços desse valor;
1 — A venda por uma das modalidades extrajudiciais b) No caso de se tratar de prédio ou outro bem
previstas no Código de Processo Civil só se efectuará que esteja onerado com encargos mais privi-
nos seguintes casos:
legiados do que as dívidas ao Estado, o direito
a) Quando a modalidade de venda for a de pro- referido no presente artigo será exercido pelo
postas em carta fechada e no dia designado para dirigente máximo do serviço, quando o mon-
a abertura de propostas se verificar a inexis- tante daqueles encargos for inferior a dois terços
tência de proponentes ou a existência apenas do valor real do prédio;
de propostas de valor inferior ao valor base c) Efectuada a aquisição para a Fazenda Pública,
anunciado; o funcionário competente, quando for caso
b) Quando os bens a vender forem valores mobi- disso, promove o registo na conservatória, apli-
liários admitidos à cotação em bolsa. cando-se o disposto no n.o 4 do artigo 195.o,
e envia todos os documentos ao imediato supe-
2 — Quando haja fundada urgência na venda de bens, rior hierárquico;
ou estes sejam de valor não superior a 40 unidades de d) O imediato superior hierárquico comunica a
conta, a venda é feita por negociação particular. aquisição à Direcção-Geral do Património.
N.o 130 — 5 de Junho de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3403
2 — O prazo contar-se-á da data da venda ou da que 1 — Sempre que seja ou possa ser reclamado no pro-
o requerente tome conhecimento do facto que servir cesso de execução fiscal um crédito tributário existente
de fundamento à anulação, competindo-lhe provar a e o produto da venda dos bens penhorados não seja
3404 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 130 — 5 de Junho de 2001
suficiente para o seu pagamento, o processo continuará 3 — Na execução fiscal são admitidos, sem excepção,
seus termos até integral execução dos bens do executado os meios de pagamento previstos na fase do pagamento
e responsáveis solidários ou subsidiários, sendo entre- voluntário das obrigações tributárias.
tanto sustados os processos de execução fiscal pendentes
com o mesmo objecto. Artigo 265.o
2 — Quando, em virtude de penhora ou de venda,
forem arrecadadas importâncias insuficientes para sol- Formalidades do pagamento voluntário
ver a dívida exequenda e o acrescido, serão sucessiva- 1 — O pagamento poderá ser requerido verbalmente,
mente aplicadas, em primeiro lugar, na amortização dos efectuar-se-á no mesmo dia, por meio de guia ou docu-
juros de mora, de outros encargos legais e da dívida mento de cobrança equivalente a aprovar, passada pelo
tributária mais antiga, incluindo juros compensatórios. funcionário competente.
3 — O montante aplicado no pagamento dos juros 2 — Além do exemplar da guia ou destacável do docu-
de mora não pode, em caso algum, ser superior ao de mento de cobrança equivalente, que deve ficar nos ser-
metade do capital da dívida a amortizar. viços de tesouraria, juntar-se-á outro ao processo, sendo
4 — Se a execução não for por tributos ou outros necessário, processar-se-á um terceiro exemplar para ser
rendimentos em dívida à Fazenda Pública, pagar-se-ão, entregue, como recibo, ao interessado.
sucessivamente, as custas, a dívida exequenda e os juros 3 — O pagamento não sustará o concurso de credores
de mora. se for requerido após a venda e só terá lugar, na parte
5 — Se a dívida exequenda abranger vários títulos de da dívida exequenda não paga, depois de aplicado o
cobrança e a quantia arrecadada perfizer a importância produto da venda ou o dinheiro penhorado no paga-
de um deles, será satisfeito esse documento, que se jun- mento dos créditos graduados.
tará ao processo.
6 — Se a quantia não chegar para pagar um título
de cobrança ou se, pago um por inteiro, sobrar qualquer Artigo 266.o
importância, dar-se-á pagamento por conta ao docu- Pagamento havendo carta precatória
mento mais antigo; se forem da mesma data, imputar-
-se-á no documento de menor valor e, em igualdade Quando tiver sido expedida carta precatória, o paga-
de circunstâncias, em qualquer deles. mento poderá ser feito no órgão de execução fiscal
7 — No pagamento por conta de um documento de deprecado ou no deprecante.
cobrança observar-se-á o seguinte:
a) No verso da certidão de dívida correspondente Artigo 267.o
averbar-se-á a importância paga, sendo a verba Pagamento no órgão da execução fiscal deprecante
datada e assinada pelo funcionário competente,
que passará a respectiva guia, onde mencionará 1 — Se o pagamento for requerido perante o órgão
a identificação do documento de cobrança, sua da execução fiscal deprecante, este mandará depositar
proveniência e ano a que respeita; à sua ordem, em operações de tesouraria, a quantia
b) O órgão da execução fiscal passará recibo. que repute suficiente para o pagamento da dívida e do
acrescido.
8 — Os juros de mora são devidos relativamente à 2 — Efectuado o depósito solicitar-se-á de imediato
parte que for paga até ao mês, inclusive, em que se a devolução da carta precatória no estado em que se
tiver concluído a venda dos bens se a penhora for de encontrar e, recebida esta, o funcionário, dentro de vinte
dinheiro, até ao mês em que esta se efectuou. e quatro horas, contará o processo e processará uma
guia de operações de tesouraria, que remeterá à Direc-
ção-Geral do Tesouro, com cópia para o processo.
Artigo 263.o
Guia para pagamento coercivo
Artigo 268.o
O pagamento coercivo será sempre feito mediante Pagamento no órgão da execução fiscal deprecada
guia ou título de cobrança equivalente de modelo a apro-
var, passada pelo funcionário. Quando o pagamento tiver sido requerido no órgão
da execução fiscal deprecado, após o pagamento integral
do débito, este juntará à carta precatória o documento
SUBSECÇÃO II
comprovativo do pagamento e devolvê-lo-á de imediato
Da extinção por pagamento voluntário ao órgão da execução fiscal deprecante.
2 — Quando a anulação tiver de efectivar-se por nota no processo afectem os direitos e interesses legítimos
de crédito, a extinção só se fará após a sua emissão. do executado são susceptíveis de reclamação para o tri-
bunal tributário de l.a instância.
Artigo 271.o
Levantamento da penhora e cancelamento do registo
Artigo 277.o
Prazo e apresentação da reclamação
Extinta a execução por anulação da dívida, ordenar-
-se-á o levantamento da penhora e o cancelamento do 1 — A reclamação será apresentada no prazo de
seu registo, quando houver lugar a ele. 10 dias após a notificação da decisão e indicará expres-
samente os fundamentos e conclusões.
2 — A reclamação é apresentada no órgão da exe-
SUBSECÇÃO III
cução fiscal, que, no prazo de 10 dias, poderá ou não
Da declaração em falhas revogar o acto reclamado.
b) Aos recursos dos actos jurisdicionais no pro- 4 — Na falta de declaração da intenção de alegar,
cesso de execução fiscal, designadamente as nos termos do n.o 1, ou na falta de alegações, nos termos
decisões sobre incidentes, oposição, pressupos- do n.o 3, o recurso será julgado logo deserto no tribunal
tos da responsabilidade subsidiária, verificação recorrido.
e graduação definitiva de créditos, anulação da 5 — Se as alegações não tiverem conclusões, convi-
venda e recursos dos demais actos praticados dar-se-á o recorrente a apresentá-las.
pelo órgão da execução fiscal. 6 — Se as conclusões apresentadas pelo recorrente
não reflectirem os fundamentos descritos nas alegações,
2 — Os recursos dos actos jurisdicionais sobre meios deverá o recorrente ser convidado para apresentar novas
processuais acessórios comuns à jurisdição administra- conclusões.
tiva e tributária são regulados pelas normas sobre pro- 7 — O disposto nos números anteriores aplica-se às
cesso nos tribunais administrativos. conclusões deficientes, obscuras ou complexas ou que
não obedeçam aos requisitos aplicáveis na legislação
processual ou quando o recurso versar sobre matéria
Artigo 280.o
de direito.
Recursos das decisões proferidas em processos judiciais Artigo 283.o
1 — Das decisões dos tribunais tributários de 1.a ins- Alegações apresentadas simultaneamente com
tância cabe recurso, no prazo de 10 dias, a interpor a interposição do recurso
pelo impugnante, recorrente, executado, oponente ou
embargante, pelo Ministério Público, pelo representante Os recursos jurisdicionais nos processos urgentes
da Fazenda Pública e por qualquer outro interveniente serão apresentados por meio de requerimento junta-
que no processo fique vencido, para o Tribunal Central mente com as alegações no prazo de 10 dias.
Administrativo, salvo quando a matéria for exclusiva-
mente de direito, caso em que cabe recurso, dentro do Artigo 284.o
mesmo prazo, para a Secção do Contencioso Tributário Oposição de acórdãos
do Supremo Tribunal Administrativo.
2 — Das decisões do Tribunal Central Administrativo 1 — Caso o fundamento for a oposição de acórdãos,
cabe recurso, com base em oposição de acórdãos, nos o requerimento da interposição do recurso deve indicar
termos das normas sobre organização e funcionamento com a necessária individualização os acórdãos anteriores
dos tribunais administrativos e tributários, para o que estejam em oposição com o acórdão recorrido, bem
Supremo Tribunal Administrativo. com o lugar em que tenham sido publicados ou estejam
3 — Considera-se vencida, para efeitos da interpo- registados, sob pena de não ser admitido o recurso.
sição do recurso jurisdicional, a parte que não obteve 2 — O relator pode determinar que o recorrente seja
plena satisfação dos seus interesses na causa. notificado para apresentar certidão do ou dos acórdãos
4 — Não cabe recurso das decisões dos tribunais tri- anteriores para efeitos de seguimento do recurso.
butários de 1.a instância proferidas em processo de 3 — Dentro dos oito dias seguintes ao despacho de
impugnação judicial ou de execução fiscal quando o admissão do recurso o recorrente apresentará uma ale-
valor da causa não ultrapassar um quarto das alçadas gação tendente a demonstrar que entre os acórdãos
fixadas para os tribunais judiciais de 1.a instância. existe a oposição exigida.
5 — A existência de alçadas não prejudica o direito 4 — Caso a alegação não seja feita, o recurso será
ao recurso para o Supremo Tribunal Administrativo de julgado deserto, podendo, em caso contrário, o recorrido
decisões que perfilhem solução oposta relativamente ao responder, contando-se o prazo de resposta do recorrido
mesmo fundamento de direito e na ausência substancial a partir do termo do prazo da alegação do recorrente.
de regulamentação jurídica, com mais de três sentenças 5 — Caso o relator entenda não haver oposição, con-
do mesmo ou outro tribunal de igual grau ou com uma sidera o recurso findo, devendo, em caso contrário, noti-
decisão de tribunal de hierarquia superior. ficar o recorrente e recorrido para alegar nos termos
e no prazo referido no n.o 3 do artigo 282.o
Artigo 281.o
Artigo 285.o
Interposição, processamento e julgamento dos recursos
Recursos dos despachos interlocutórios na impugnação
Os recursos serão interpostos, processados e julgados
como os agravos em processo civil. 1 — Os despachos do juiz no processo judicial tri-
butário e no processo de execução fiscal podem ser
impugnados no prazo de 10 dias, mediante requerimento
Artigo 282.o contendo as respectivas alegações e conclusões, o qual
Forma de interposição do recurso. Regras gerais. Deserção subirá nos autos com o recurso interposto da decisão
final.
1 — A interposição do recurso faz-se por meio de 2 — O disposto no número anterior não se aplica se
requerimento em que se declare a intenção de recorrer. a não subida imediata do recurso comprometer o seu
2 — O despacho que admitir o recurso será notificado efeito útil e quando o recurso não respeitar ao objecto
ao recorrente, ao recorrido, não sendo revel, e ao Minis- do processo, incluindo o indeferimento de impedimen-
tério Público. tos opostos pelas partes, caso em que deve ser igual-
3 — O prazo para alegações a efectuar no tribunal mente apresentado no prazo de 10 dias, por meio de
recorrido é de 15 dias contados, para o recorrente, a requerimento contendo as respectivas alegações e con-
partir da notificação referida no número anterior e, para clusões.
o recorrido, a partir do termo do prazo para as alegações 3 — Em caso de cumulação de impugnação do des-
do recorrente. pacho interlocutório com fundamento em matéria de
N.o 130 — 5 de Junho de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3407
facto ou de facto e de direito e da impugnação judicial ciosamente ou a requerimento dos interessados, poderá
da decisão final com fundamento exclusivamente em dar prioridade a qualquer processo, havendo justo
matéria de direito, o recurso do despacho interlocutório motivo.
é processado em separado. Artigo 292.o
Elaboração da conta
Artigo 286.o
A conta será elaborada no final do processo pelo
Subida do recurso
tribunal que tiver julgado em 1.a instância.
1 — Seguidamente, o processo subirá ao tribunal
superior, mediante simples despacho do juiz ou, em caso Artigo 293.o
de o fundamento assentar em oposição de julgados, do
relator. Revisão da sentença
2 — Os recursos têm efeito meramente devolutivo, 1 — A decisão transitada em julgado pode ser objecto
salvo se for prestada garantia nos termos do presente de revisão no prazo de quatro anos, correndo o res-
Código ou o efeito devolutivo afectar o efeito útil dos pectivo processo por apenso ao processo em que a deci-
recursos. são foi proferida.
2 — Apenas é admitida a revisão em caso de decisão
Artigo 287.o judicial transitada em julgado declarando a falsidade
do documento, ou documento novo que o interessado
Distribuição do recurso
não tenha podido nem devia apresentar no processo
1 — Recebido o processo no tribunal de recurso, pro- e que seja suficiente para a destruição da prova feita,
ceder-se-á à sua distribuição, dentro de oito dias, por ou de falta ou nulidade da notificação do requerente
todos os juízes, salvo o presidente. quando tenha dado causa a que o processo corresse
2 — A distribuição será feita pelo presidente ou, na à sua revelia.
sua falta, pelo vice-presidente, o juiz mais antigo ou 3 — O requerimento da revisão é apresentado no tri-
o juiz de turno designado para o efeito, podendo assistir bunal que proferiu a decisão a rever, no prazo de 30
os outros membros do tribunal. dias a contar dos factos referidos no número anterior,
juntamente com a documentação necessária.
4 — Se a revisão for requerida pelo Ministério
Artigo 288.o
Público, o prazo de apresentação do requerimento refe-
Conclusão ao relator. Conhecimento de questões prévias rido no número anterior é de 90 dias.
5 — Salvo no que vem previsto no presente artigo,
1 — Feita a distribuição, serão os autos conclusos ao
a revisão segue os termos do processo em que foi pro-
relator, que poderá ordenar se proceda a qualquer dili-
ferida a decisão revidenda.
gência ou se colha informação do tribunal recorrido ou
de alguma autoridade.
2 — O relator não conhecerá do recurso se entender LEI GERAL TRIBUTÁRIA
que lhe faltam manifestamente os respectivos pressu-
postos processuais. TÍTULO I
3 — Do despacho do relator referido no número ante-
rior é admitida reclamação para a conferência. Da ordem tributária
CAPÍTULO I
Artigo 289.o
Princípios gerais
Vistos
butário, e os órgãos igualmente competentes dos Gover- b) A situação patrimonial, incluindo os legítimos
nos Regionais e das autarquias locais. encargos, do agregado familiar;
c) A doença, velhice ou outros casos de redução
Artigo 2.o da capacidade contributiva do sujeito passivo.
Legislação complementar 2 — A tributação indirecta favorece os bens e con-
De acordo com a natureza das matérias, às relações sumos de primeira necessidade.
jurídico-tributárias aplicam-se, sucessivamente: 3 — A tributação respeita a família e reconhece a
solidariedade e os encargos familiares, devendo orien-
a) A presente lei; tar-se no sentido de que o conjunto dos rendimentos
b) O Código de Processo Tributário e os demais do agregado familiar não esteja sujeito a impostos supe-
códigos e leis tributárias, incluindo a lei geral riores aos que resultariam da tributação autónoma das
sobre infracções tributárias e o Estatuto dos pessoas que o constituem.
Benefícios Fiscais;
c) O Código do Procedimento Administrativo e
Artigo 7.o
demais legislação administrativa;
d) O Código Civil e o Código de Processo Civil. Objectivos e limites da tributação
1 — A tributação favorecerá o emprego, a formação
Artigo 3.o do aforro e o investimento socialmente relevante.
Classificação dos tributos 2 — A tributação deverá ter em consideração a com-
petitividade e internacionalização da economia portu-
1 — Os tributos podem ser: guesa, no quadro de uma sã concorrência.
a) Fiscais e parafiscais; 3 — A tributação não discrimina qualquer profissão
b) Estaduais, regionais e locais. ou actividade nem prejudica a prática de actos legítimos
de carácter pessoal, sem prejuízo dos agravamentos ou
2 — Os tributos compreendem os impostos, incluindo benefícios excepcionais determinados por finalidades
os aduaneiros e especiais, e outras espécies tributárias económicas, sociais, ambientais ou outras.
criadas por lei, designadamente as taxas e demais con-
tribuições financeiras a favor de entidades públicas. Artigo 8.o
3 — O regime geral das taxas e das contribuições Princípio da legalidade tributária
financeiras referidas no número anterior consta de lei
especial. 1 — Estão sujeitos ao princípio da legalidade tribu-
Artigo 4.o tária a incidência, a taxa, os benefícios fiscais, as garan-
tias dos contribuintes, a definição dos crimes fiscais e
Pressupostos dos tributos o regime geral das contra-ordenações fiscais.
1 — Os impostos assentam essencialmente na capa- 2 — Estão ainda sujeitas ao princípio da legalidade
cidade contributiva, revelada, nos termos da lei, através tributária:
do rendimento ou da sua utilização e do património. a) A liquidação e cobrança dos tributos, incluindo
2 — As taxas assentam na prestação concreta de um os prazos de prescrição e caducidade;
serviço público, na utilização de um bem do domínio b) A regulamentação das figuras da substituição
público ou na remoção de um obstáculo jurídico ao com- e responsabilidade tributárias;
portamento dos particulares. c) A definição das obrigações acessórias;
3 — As contribuições especiais que assentam na d) A definição das sanções fiscais sem natureza
obtenção pelo sujeito passivo de benefícios ou aumentos criminal;
de valor dos seus bens em resultado de obras públicas e) As regras de procedimento e processo tribu-
ou da criação ou ampliação de serviços públicos ou no tário.
especial desgaste de bens públicos ocasionados pelo
exercício de uma actividade são consideradas impostos. Artigo 9.o
Acesso à justiça tributária
Artigo 5.o
Fins da tributação
1 — É garantido o acesso à justiça tributária para a
tutela plena e efectiva de todos os direitos ou interesses
1 — A tributação visa a satisfação das necessidades legalmente protegidos.
financeiras do Estado e de outras entidades públicas 2 — Todos os actos em matéria tributária que lesem
e promove a justiça social, a igualdade de oportunidades direitos ou interesses legalmente protegidos são impug-
e as necessárias correcções das desigualdades na dis- náveis ou recorríveis nos termos da lei.
tribuição da riqueza e do rendimento. 3 — O pagamento do imposto nos termos de lei que
2 — A tributação respeita os princípios da genera- atribua benefícios ou vantagens no conjunto de certos
lidade, da igualdade, da legalidade e da justiça material. encargos ou condições não preclude o direito de recla-
mação, impugnação ou recurso, não obstante a possi-
Artigo 6.o bilidade de renúncia expressa, nos termos da lei.
Características da tributação e situação familiar
1 — A tributação directa tem em conta: Artigo 10.o
Tributação de rendimentos ou actos ilícitos
a) A necessidade de a pessoa singular e o agregado
familiar a que pertença disporem de rendimen- O carácter ilícito da obtenção de rendimentos ou da
tos e bens necessários a uma existência digna; aquisição, titularidade ou transmissão dos bens não
N.o 130 — 5 de Junho de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3409
obsta à sua tributação quando esses actos preencham dimentos do beneficiário ou do seu agregado familiar
os pressupostos das normas de incidência aplicáveis. depende, nos termos da lei, do conhecimento da situação
tributária global do interessado.
3 — A criação de benefícios fiscais depende da clara
CAPÍTULO II definição dos seus objectivos e da prévia quantificação
Normas tributárias da despesa fiscal.
4 — Os titulares de benefícios fiscais de qualquer
Artigo 11.o natureza são sempre obrigados a revelar ou a autorizar
a revelação à administração tributária dos pressupostos
Interpretação da sua concessão, ou a cumprir outras obrigações pre-
1 — Na determinação do sentido das normas fiscais vistas na lei, sob pena de os referidos benefícios ficarem
e na qualificação dos factos a que as mesmas se aplicam sem efeito.
são observadas as regras e os princípios gerais de inter-
pretação e aplicação das leis. TÍTULO II
2 — Sempre que, nas normas fiscais, se empreguem Da relação jurídica tributária
termos próprios de outros ramos de direito, devem os
mesmos ser interpretados no mesmo sentido daquele CAPÍTULO I
que aí têm, salvo se outro decorrer directamente da
lei. Sujeitos da relação jurídica tributária
3 — Persistindo a dúvida sobre o sentido das normas
de incidência a aplicar, deve atender-se à substância Artigo 15.o
económica dos factos tributários. Personalidade tributária
4 — As lacunas resultantes de normas tributárias
abrangidas na reserva de lei da Assembleia da República A personalidade tributária consiste na susceptibili-
não são susceptíveis de integração analógica. dade de ser sujeito de relações jurídicas tributárias.
1 — As normas tributárias aplicam-se aos factos pos- 1 — Os actos em matéria tributária praticados pelo
teriores à sua entrada em vigor, não podendo ser criados representante em nome do representado produzem efei-
quaisquer impostos retroactivos. tos na esfera jurídica deste, nos limites dos poderes de
2 — Se o facto tributário for de formação sucessiva, representação que lhe forem conferidos por lei ou por
a lei nova só se aplica ao período decorrido a partir mandato.
da sua entrada em vigor. 2 — Salvo disposição legal em contrário, tem capa-
3 — As normas sobre procedimento e processo são cidade tributária quem tiver personalidade tributária.
3 — Os direitos e os deveres dos incapazes e das enti-
de aplicação imediata, sem prejuízo das garantias, direi-
dades sem personalidade jurídica são exercidos, respec-
tos e interesses legítimos anteriormente constituídos dos
tivamente, pelos seus representantes, designados de
contribuintes.
acordo com a lei civil, e pelas pessoas que administrem
4 — Não são abrangidas pelo disposto no número
os respectivos interesses.
anterior as normas que, embora integradas no processo
4 — O cumprimento dos deveres tributários pelos
de determinação da matéria tributável, tenham por fun-
incapazes não invalida o respectivo acto, sem prejuízo
ção o desenvolvimento das normas de incidência tri-
do direito de reclamação, recurso ou impugnação do
butária.
representante.
Artigo 13.o 5 — Qualquer dos cônjuges pode praticar todos os
Aplicação da lei tributária no espaço actos relativos à situação tributária do agregado familiar
e ainda os relativos aos bens ou interesses do outro
1 — Sem prejuízo de convenções internacionais de cônjuge, desde que este os conheça e não se lhes tenha
que Portugal seja parte e salvo disposição legal em sen- expressamente oposto.
tido contrário, as normas tributárias aplicam-se aos fac- 6 — O conhecimento e a ausência de oposição
tos que ocorram no território nacional. expressa referidos no número anterior presumem-se até
2 — A tributação pessoal abrange ainda todos os ren- prova em contrário.
dimentos obtidos pelo sujeito passivo com domicílio, Artigo 17.o
sede ou direcção efectiva em território português, inde-
pendentemente do local onde sejam obtidos. Gestão de negócios
1 — Os actos em matéria tributária que não sejam
Artigo 14.o de natureza puramente pessoal podem ser praticados
Benefícios fiscais
pelo gestor de negócios, produzindo efeitos em relação
ao dono do negócio nos termos da lei civil.
1 — Sem prejuízo dos direitos adquiridos, as normas 2 — Enquanto a gestão de negócios não for ratificada,
que prevêem benefícios fiscais vigoram durante um o gestor de negócios assume os direitos e deveres do
período de cinco anos, se não tiverem previsto outro, sujeito passivo da relação tributária.
salvo quando, por natureza, os benefícios fiscais tiverem 3 — Em caso de cumprimento de obrigações aces-
carácter estrutural. sórias ou de pagamento, a gestão de negócios presu-
2 — A atribuição de benefícios fiscais ou outras van- me-se ratificada após o termo do prazo legal do seu
tagens de natureza social concedidas em função dos ren- cumprimento.
3410 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 130 — 5 de Junho de 2001
c) O direito à dedução, reembolso ou restituição deste até à data do suprimento ou correcção da falta
do imposto; que o motivou.
d) O direito a juros compensatórios; 6 — Para efeitos do presente artigo, considera-se
e) O direito a juros indemnizatórios. haver sempre retardamento da liquidação quando as
declarações de imposto forem apresentadas fora dos
2 — O crédito tributário é indisponível, só podendo prazos legais.
fixar-se condições para a sua redução ou extinção com 7 — Os juros compensatórios só são devidos pelo
respeito pelo princípio da igualdade e da legalidade prazo máximo de 180 dias no caso de erro do sujeito
tributária. passivo evidenciado na declaração ou, em caso de falta
Artigo 31.o apurada em acção de fiscalização, até aos 90 dias pos-
teriores à sua conclusão.
Obrigações dos sujeitos passivos 8 — Os juros compensatórios integram-se na própria
1 — Constitui obrigação principal do sujeito passivo dívida do imposto, com a qual são conjuntamente
efectuar o pagamento da dívida tributária. liquidados.
2 — São obrigações acessórias do sujeito passivo as 9 — A liquidação deve sempre evidenciar claramente
que visam possibilitar o apuramento da obrigação de o montante principal da prestação e os juros compen-
imposto, nomeadamente a apresentação de declarações, satórios, explicando com clareza o respectivo cálculo
a exibição de documentos fiscalmente relevantes, e distinguindo os de outras prestações devidas.
incluindo a contabilidade ou escrita, e a prestação de 10 — A taxa dos juros compensatórios é equivalente
informações. à taxa dos juros legais fixados nos termos do n.o 1 do
artigo 559.o do Código Civil.
Artigo 32.o
Dever de boa prática tributária
CAPÍTULO III
Aos representantes de pessoas singulares e quaisquer
Constituição e alteração da relação jurídica tributária
pessoas que exerçam funções de administração em pes-
soas colectivas ou entes fiscalmente equiparados
incumbe, nessa qualidade, o cumprimento dos deveres Artigo 36.o
tributários das entidades por si representadas. Regras gerais
quer outros meios previstos na lei pelos sujeitos passivos g) O acesso, a título pessoal ou mediante repre-
ou quem tiver interesse legítimo. sentante, aos seus processos individuais ou, nos
2 — Não existe dever de decisão quando: termos da lei, àqueles em que tenham interesse
directo, pessoal e legítimo;
a) A administração tributária se tiver pronunciado
h) A criação, por lei, em casos justificados, de regi-
há menos de dois anos sobre pedido do mesmo
mes simplificados de tributação e a limitação
autor com idênticos objecto e fundamentos;
das obrigações acessórias às necessárias ao apu-
b) Tiver sido ultrapassado o prazo legal de revisão
ramento da situação tributária dos sujeitos
do acto tributário.
passivos;
i) A publicação, nos termos da lei, dos benefícios
Artigo 57.o ou outras vantagens fiscais, salvo quando a sua
Prazos concessão não comporte qualquer margem de
livre apreciação da administração tributária;
1 — O procedimento tributário deve ser concluído no j) O direito ao conhecimento pelos contribuintes
prazo de seis meses, devendo a administração tributária da identidade dos funcionários responsáveis
e os contribuintes abster-se da prática de actos inúteis pela direcção dos procedimentos que lhes res-
ou dilatórios. peitem;
2 — Os actos do procedimento tributário devem ser l) A comunicação antecipada do início da inspec-
praticados no prazo de 10 dias, salvo disposição legal ção da escrita, com a indicação do seu âmbito
em sentido contrário. e extensão e dos direitos e deveres que assistem
3 — No procedimento tributário, os prazos são con- ao sujeito passivo.
tínuos e contam-se nos termos do Código Civil.
4 — Os prazos referidos no presente artigo suspen- 4 — A colaboração dos contribuintes com a admi-
dem-se no caso de a dilação do procedimento ser impu- nistração tributária compreende o cumprimento das
tável ao sujeito passivo por incumprimento dos seus obrigações acessórias previstas na lei e a prestação dos
deveres de cooperação. esclarecimentos que esta lhes solicitar sobre a sua situa-
5 — Sem prejuízo do princípio da celeridade e dili- ção tributária, bem como sobre as relações económicas
gência, o incumprimento do prazo referido no n.o 1, que mantenham com terceiros.
contado a partir da entrada da petição do contribuinte 5 — A publicação dos elementos referidos nas alí-
no serviço competente da administração tributária, faz neas e), f) e i) do n.o 3 far-se-á no jornal oficial ou
presumir o seu indeferimento para efeitos de recurso nos termos a definir por despacho do Ministro das
hierárquico, recurso contencioso ou impugnação judi- Finanças.
cial. 6 — A administração tributária publica integral-
Artigo 58.o mente, até 31 de Março de cada ano, os códigos tri-
Princípio do inquisitório
butários devidamente actualizados.
5 — O prazo do exercício oralmente ou por escrito e) Requisitar documentos dos notários, conserva-
do direito de audição não pode ser inferior a 8 nem dores e outras entidades oficiais;
superior a 15 dias. f) Utilizar as suas instalações quando a utilização
6 — Os elementos novos suscitados na audição dos for necessária ao exercício da acção inspectiva.
contribuintes são tidos obrigatoriamente em conta na
fundamentação da decisão. 2 — O acesso à informação protegida pelo sigilo pro-
fissional, bancário ou qualquer outro dever de sigilo
legalmente regulado depende de autorização judicial,
CAPÍTULO II nos termos da legislação aplicável, excepto nos casos
Sujeitos em que a lei admite a derrogação do dever de sigilo
bancário pela administração tributária sem dependência
SECÇÃO I daquela autorização.
3 — O procedimento da inspecção e os deveres de
Administração tributária cooperação são os adequados e proporcionais aos objec-
tivos a prosseguir, só podendo haver mais de um pro-
Artigo 61.o cedimento externo de fiscalização respeitante ao mesmo
Competência tributária sujeito passivo ou obrigado tributário, imposto e período
de tributação mediante decisão, fundamentada com base
1 — A incompetência no procedimento deve ser em factos novos, do dirigente máximo do serviço, salvo
conhecida oficiosamente pela administração tributária se a fiscalização visar apenas a confirmação dos pres-
e pode ser arguida pelos interessados. supostos de direitos que o contribuinte invoque perante
2 — O órgão da administração tributária material ou a administração tributária e sem prejuízo do apuramento
territorialmente incompetente é obrigado a enviar as da situação tributária do sujeito passivo por meio de
peças do procedimento para o órgão da administração inspecção ou inspecções dirigidas a terceiros com quem
tributária competente no prazo de quarenta e oito horas mantenha relações económicas.
após a declaração de incompetência, considerando-se 4 — A falta de cooperação na realização das diligên-
o requerimento apresentado na data do primeiro registo cias previstas no n.o 1 só será legítima quando as mesmas
do processo. impliquem:
3 — O interessado será devidamente notificado da
remessa prevista no número anterior. a) O acesso à habitação do contribuinte;
4 — Em caso de dúvida, é competente para o pro- b) A consulta de elementos abrangidos pelo
cedimento o órgão da administração tributária do domi- segredo profissional, bancário ou qualquer
cílio fiscal do sujeito passivo ou interessado ou, no caso outro dever de sigilo legalmente regulado, salvo
de inexistência de domicílio, do seu representante legal. os casos de consentimento do titular ou de der-
rogação do dever de sigilo bancário pela admi-
Artigo 62.o nistração tributária legalmente admitidos;
Delegação de poderes c) O acesso a factos da vida íntima dos cidadãos;
d) A violação dos direitos de personalidade e
1 — Salvo nos casos previstos na lei, os órgãos da outros direitos, liberdades e garantias dos cida-
administração tributária podem delegar a competência dãos, nos termos e limites previstos na Cons-
do procedimento no seu imediato inferior hierárquico. tituição e na lei.
2 — A competência referida no número anterior pode
ser subdelegada, com autorização do delegante, salvo 5 — Em caso de oposição do contribuinte com fun-
nos casos em que a lei o proíba. damento nalgumas circunstâncias referidas no número
anterior, a diligência só poderá ser realizada mediante
Artigo 63.o autorização concedida pelo tribunal da comarca com-
Inspecção
petente com base em pedido fundamentado da admi-
nistração tributária.
1 — Os órgãos competentes podem, nos termos da 6 — A notificação das instituições de crédito e socie-
lei, desenvolver todas as diligências necessárias ao apu- dades financeiras, para efeitos de permitirem o acesso
ramento da situação tributária dos contribuintes, nomea- a elementos cobertos pelo sigilo bancário, nos casos em
damente: que exista a possibilidade legal de a administração tri-
butária exigir a sua derrogação, deve ser instruída com
a) Aceder livremente às instalações ou locais onde os seguintes elementos:
possam existir elementos relacionados com a sua
actividade ou com a dos demais obrigados a) Nos casos de acesso directo em que não é facul-
fiscais; tado ao contribuinte o direito a recurso com
b) Examinar e visar os seus livros e registos da efeito suspensivo, cópia da notificação que lhe
contabilidade ou escrituração, bem como todos foi dirigida para o efeito de assegurar a sua
os elementos susceptíveis de esclarecer a sua audição prévia;
situação tributária; b) Nos casos de acesso directo em que o contri-
c) Aceder, consultar e testar o seu sistema infor- buinte disponha do direito a recurso com efeito
mático, incluindo a documentação sobre a sua suspensivo, cópia da notificação referida na alí-
análise, programação e execução; nea anterior e certidão emitida pelo director-
d) Solicitar a colaboração de quaisquer entidades -geral dos Impostos ou pelo director-geral das
públicas necessária ao apuramento da sua situa- Alfândegas e Impostos Especiais sobre o Con-
ção tributária ou de terceiros com quem man- sumo que ateste que o contribuinte não interpôs
tenham relações económicas; recurso no prazo legal;
3418 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 130 — 5 de Junho de 2001
c) Nos casos em que o contribuinte tenha recorrido b) Quando os rendimentos declarados em sede
ao tribunal com efeito suspensivo e ainda nos de IRS se afastarem significativamente, para
casos de acesso aos documentos relativos a fami- menos, sem razão justificada, dos padrões de
liares ou a terceiros, certidão da decisão judicial rendimento que razoavelmente possam per-
transitada em julgado ou pendente de recurso mitir as manifestações de riqueza evidenciadas
com efeito devolutivo. pelo sujeito passivo, nos termos do
artigo 89.o-A;
7 — As instituições de crédito e sociedades financei- c) Quando existam indícios da prática de crime
ras devem cumprir as obrigações relativas ao acesso a doloso em matéria tributária, designadamente
elementos cobertos por sigilo bancário nos termos e nos casos de utilização de facturas falsas, e,
prazos previstos na legislação que regula o procedimento em geral, nas situações em que existam factos
de inspecção tributária. concretamente identificados gravemente indi-
ciadores da falta de veracidade do declarado;
Artigo 63.o-A d) Quando seja necessário, para fins fiscais, com-
provar a aplicação de subsídios públicos de
Informações relativas a operações financeiras qualquer natureza.
1 — As instituições de crédito e sociedades financei-
ras estão sujeitas a mecanismos de informação auto- 3 — As decisões da administração tributária referidas
mática quanto às transferências transfronteiras que não nos números anteriores devem ser fundamentadas com
sejam relativas a pagamentos de rendimentos sujeitos expressa menção dos motivos concretos que as jus-
a algum dos regimes de comunicação para efeitos fiscais tificam, pressupõem a audição prévia do contribuinte
já previstos na lei, a transacções comerciais ou efec- e são da competência do director-geral dos Impostos
tuadas por entidades públicas, nos termos a definir por ou do director-geral das Alfândegas e dos Impostos
portaria do Ministro das Finanças, ouvido o Banco de Especiais sobre o Consumo ou seus substitutos legais,
Portugal. sem possibilidade de delegação.
2 — As instituições de crédito e sociedades financei- 4 — Os actos praticados ao abrigo da competência
ras têm a obrigação de fornecer à administração tri- definida no número anterior são susceptíveis de recurso
butária, quando solicitado nos termos do número judicial, o qual terá efeito suspensivo nas situações
seguinte, o valor dos pagamentos com cartões de crédito previstas no n.o 2.
e de débito efectuados por seu intermédio a sujeitos 5 — Nos casos de deferimento do recurso previsto
passivos que aufiram rendimentos da categoria B de no número anterior, os elementos de prova entretanto
IRS e de IRC, sem por qualquer forma identificar os obtidos não podem ser utilizados para qualquer efeito
titulares dos referidos cartões. em desfavor do contribuinte.
3 — Os pedidos de informação a que se refere o 6 — As entidades que se encontrem numa relação
número anterior são da competência do director-geral de domínio com o contribuinte ficam sujeitas aos regi-
dos Impostos ou do director-geral das Alfândegas e dos mes de acesso à informação bancária referidos nos
Impostos Especiais sobre o Consumo ou seus substitutos n.os 1 e 2.
legais, sem possibilidade de delegação. 7 — O acesso da administração tributária a infor-
mação bancária relevante relativa a familiares ou ter-
Artigo 63.o-B ceiros que se encontrem numa relação especial com
o contribuinte depende de autorização judicial expressa,
Acesso a informações e documentos bancários
após audição do visado, obedecendo aos requisitos pre-
1 — A administração tributária tem o poder de aceder vistos no n.o 3.
directamente aos documentos bancários, nas situações 8 — O regime previsto nos números anteriores não
de recusa da sua exibição ou de autorização para a sua prejudica a legislação aplicável aos casos de investigação
consulta: por infracção penal e só pode ter por objecto operações
e movimentos bancários realizados após a sua entrada
a) Quando se trate de documentos de suporte de em vigor, sem prejuízo do regime vigente para as situa-
registos contabilísticos dos sujeitos passivos de ções anteriores.
IRS e IRC que se encontrem sujeitos a con- 9 — Os actos praticados ao abrigo da competência
tabilidade organizada; prevista no n.o 1 devem ser objecto de comunicação
b) Quando o contribuinte usufrua de benefícios fis- ao Defensor do Contribuinte.
cais ou de regimes fiscais privilegiados, havendo
10 — Para os efeitos desta lei, considera-se docu-
necessidade de controlar os respectivos pressu-
mento bancário qualquer documento ou registo, inde-
postos e apenas para esse efeito.
pendentemente do respectivo suporte, em que se titu-
lem, comprovem ou registem operações praticadas por
2 — A administração tributária tem o poder de aceder
instituições de crédito ou sociedades financeiras no
a todos os documentos bancários, excepto as informa-
âmbito da respectiva actividade, incluindo os referentes
ções prestadas para justificar o recurso ao crédito, nas
situações de recusa de exibição daqueles documentos a operações realizadas mediante utilização de cartões
ou de autorização para a sua consulta: de crédito.
dos contribuintes e os elementos de natureza pessoal 2 — A reclamação referida no número anterior não
que obtenham no procedimento, nomeadamente os suspende o procedimento, mas os interessados podem
decorrentes do sigilo profissional ou qualquer outro recorrer ou impugnar a decisão final com fundamento
dever de segredo legalmente regulado. em qualquer ilegalidade.
2 — O dever de sigilo cessa em caso de:
a) Autorização do contribuinte para a revelação Artigo 67.o
da sua situação tributária;
b) Cooperação legal da administração tributária Direito à informação
com outras entidades públicas, na medida dos
seus poderes; 1 — O contribuinte tem direito à informação sobre:
c) Assistência mútua e cooperação da administra- a) A fase em que se encontra o procedimento e
ção tributária com as administrações tributárias a data previsível da sua conclusão;
de outros países resultante de convenções inter- b) A existência e teor das denúncias dolosas não
nacionais a que o Estado Português esteja vin- confirmadas e a identificação do seu autor;
culado, sempre que estiver prevista recipro- c) A sua concreta situação tributária.
cidade;
d) Colaboração com a justiça nos termos do Código
de Processo Civil e do Código de Processo 2 — As informações referidas no número anterior,
Penal. quando requeridas por escrito, são prestadas no prazo
de 10 dias.
3 — O dever de confidencialidade comunica-se a Artigo 68.o
quem quer que, ao abrigo do número anterior, obtenha
elementos protegidos pelo segredo fiscal, nos mesmos Informações vinculativas
termos do sigilo da administração tributária.
4 — O dever de confidencialidade não prejudica o 1 — As informações vinculativas sobre a situação tri-
acesso do sujeito passivo aos dados sobre a situação butária dos sujeitos passivos e os pressupostos ainda
tributária de outros sujeitos passivos que sejam com- não concretizados dos benefícios fiscais são requeridas
provadamente necessários à fundamentação da recla- ao dirigente máximo do serviço, sendo o pedido acom-
mação, recurso ou impugnação judicial, desde que panhado da identificação dos factos cuja qualificação
expurgados de quaisquer elementos susceptíveis de iden- jurídico-tributária se pretenda.
tificar a pessoa ou pessoas a que dizem respeito. 2 — O pedido pode ser apresentado pelos sujeitos
5 — Não contende com o dever de confidencialidade passivos e outros interessados ou seus representantes
a publicação de rendimentos declarados ou apurados legais, não podendo a administração tributária proceder
por categorias de rendimentos, contribuintes, sectores posteriormente no caso concreto em sentido diverso da
de actividades ou outras, de acordo com listas que a informação prestada.
administração tributária deverá organizar anualmente 3 — As informações previstas no número anterior
a fim de assegurar a transparência e publicidade. podem ser prestadas a advogados ou outras entidades
legalmente habilitadas ao exercício da consultoria fiscal
Artigo 64.o-A acerca da situação tributária dos seus clientes devida-
mente identificados, mas serão obrigatoriamente comu-
Garantias especiais de confidencialidade nicadas a estes.
4 — A administração tributária está ainda vinculada:
Compete ao Ministro das Finanças definir regras
especiais de reserva da informação a observar pelos ser- a) Às informações escritas prestadas aos contri-
viços da administração tributária no âmbito dos pro- buintes sobre o cumprimento dos seus deveres
cessos de derrogação do dever de sigilo bancário. acessórios;
b) Às orientações genéricas constantes de circu-
lares, regulamentos ou instrumentos de idêntica
SECÇÃO II
natureza emitidas sobre a interpretação das nor-
Contribuintes e outros interessados mas tributárias que estiverem em vigor no
momento do facto tributário.
Artigo 65.o
5 — Não são invocáveis retroactivamente perante os
Legitimidade contribuintes que tenham agido com base numa inter-
pretação plausível e de boa fé da lei os actos admi-
Têm legitimidade no procedimento os sujeitos pas-
sivos da relação tributária e quaisquer pessoas que pro- nistrativos decorrentes de orientações genéricas emiti-
vem interesse legalmente protegido. das pela administração tributária.
6 — Presume-se a boa fé para efeitos do número ante-
rior quando o contribuinte solicitar à administração tri-
Artigo 66.o butária esclarecimento sobre a interpretação e aplicação
Actos interlocutórios
das normas em causa.
7 — A sujeição da administração tributária às infor-
1 — Os contribuintes e demais interessados podem, mações vinculativas previstas no presente artigo não
no decurso do procedimento, reclamar de quaisquer abrange os casos em que actue em cumprimento da
actos ou omissões da administração tributária. decisão judicial.
3420 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 130 — 5 de Junho de 2001
1 — A denúncia de infracção tributária pode dar ori- a) As declarações, contabilidade ou escrita reve-
gem ao procedimento, caso o denunciante se identifique larem omissões, erros, inexactidões ou indícios
e não seja manifesta a falta de fundamento da denúncia. fundados de que não reflectem ou impeçam o
2 — O denunciante não é considerado parte do pro- conhecimento da matéria tributável real do
cedimento, nem tem legitimidade para reclamar, recor- sujeito passivo;
rer ou impugnar a decisão. b) O contribuinte não cumprir os deveres que lhe
3 — O contribuinte tem direito a conhecer o teor e couberem de esclarecimento da sua situação tri-
autoria das denúncias dolosas não confirmadas sobre butária, salvo quando, nos termos da presente
a sua situação tributária. lei, for legítima a recusa da prestação de
informações;
c) A matéria tributável do sujeito passivo se afastar
Artigo 71.o significativamente para menos, sem razão jus-
Direcção da instrução tificada, dos indicadores objectivos da actividade
de base técnico-científica previstos na presente
1 — A direcção da instrução cabe, salvo disposição lei.
legal em sentido diferente, ao órgão da administração d) Os rendimentos declarados em sede de IRS se
tributária competente para a decisão. afastarem significativamente para menos, sem
2 — Sempre que, nos termos da lei, a instrução for razão justificativa, dos padrões de rendimento
realizada por órgão diferente do competente para a deci- que razoavelmente possam permitir as manifes-
são, cabe ao órgão instrutor a elaboração de um relatório tações de fortuna evidenciadas pelo sujeito pas-
definindo o conteúdo e objecto do procedimento ins- sivo nos termos do artigo 89.o-A.
trutório e contendo uma proposta de decisão, cujas con-
clusões são obrigatoriamente notificadas aos interessa- 3 — A força probatória dos dados informáticos dos
dos em conjunto com esta. contribuintes depende, salvo o disposto em lei especial,
do fornecimento da documentação relativa à sua análise,
Artigo 72.o programação e execução e da possibilidade de a admi-
nistração tributária os confirmar.
Meios de prova
2 — Em caso de regime simplificado de tributação, por base o acordo obtido no processo de revisão da
o sujeito passivo pode optar pela avaliação directa, nas matéria tributável regulado no presente capítulo.
condições que a lei definir. 5 — Em caso de erro na quantificação ou nos pres-
supostos da determinação indirecta da matéria tribu-
Artigo 82.o tável, a impugnação judicial da liquidação ou, se esta
não tiver lugar, da avaliação indirecta depende da prévia
Competência reclamação nos termos da presente lei.
1 — A competência para a avaliação directa é da
administração tributária e, nos casos de autoliquidação, SECÇÃO II
do sujeito passivo.
2 — A competência para a avaliação indirecta é da Avaliação indirecta
administração tributária.
3 — O sujeito passivo participa na avaliação indirecta
nos termos da presente lei. SUBSECÇÃO I
4 — O sujeito passivo pode ainda participar, nos ter- Pressupostos
mos da lei, na revisão da avaliação indirecta efectuada
pela administração tributária. Artigo 87.o
Realização da avaliação indirecta
Artigo 83.o
Fins
A avaliação indirecta só pode efectuar-se em caso
de:
1 — A avaliação directa visa a determinação do valor a) Regime simplificado de tributação, nos casos
real dos rendimentos ou bens sujeitos a tributação. e condições previstos na lei;
2 — A avaliação indirecta visa a determinação do b) Impossibilidade de comprovação e quantifica-
valor dos rendimentos ou bens tributáveis a partir de ção directa e exacta dos elementos indispen-
indícios, presunções ou outros elementos de que a admi- sáveis à correcta determinação da matéria tri-
nistração tributária disponha. butável de qualquer imposto;
c) A matéria tributável do sujeito passivo se afas-
Artigo 84.o tar, sem razão justificada, mais de 30 % para
Critérios técnicos
menos ou, durante três anos seguidos, mais de
15 % para menos da que resultaria da aplicação
1 — A avaliação dos rendimentos ou valores sujeitos dos indicadores objectivos da actividade de base
a tributação baseia-se em critérios objectivos. técnico-científica referidos na presente lei;
2 — O sujeito passivo que proceda à autoliquidação d) Os rendimentos declarados em sede de IRS se
deve esclarecer, quando solicitado pela administração afastarem significativamente para menos, sem
tributária, os critérios utilizados e a sua aplicação na razão justificada, dos padrões de rendimento
determinação dos valores que declarou. que razoavelmente possam permitir as manifes-
3 — A fundamentação da avaliação contém obriga- tações de fortuna evidenciadas pelo sujeito pas-
toriamente a indicação dos critérios utilizados e a pon- sivo nos termos do artigo 89.o-A;
deração dos factores que influenciaram a determinação e) Os sujeitos passivos apresentarem, sem razão
do seu resultado. justificada, resultados tributáveis nulos ou pre-
Artigo 85.o juízos fiscais durante três anos consecutivos,
salvo nos casos de início de actividade, em que
Avaliação indirecta a contagem deste prazo se faz do termo do ter-
1 — A avaliação indirecta é subsidiária da avaliação ceiro ano, ou em três anos durante um período
directa. de cinco.
2 — À avaliação indirecta aplicam-se, sempre que Artigo 88.o
possível e a lei não prescrever em sentido diferente,
Impossibilidade de determinação directa e exacta
as regras da avaliação directa. da matéria tributável
sua ocultação, destruição, inutilização, falsifica- não esteja obrigado a declarar, utilização do seu capital
ção ou viciação; ou recurso ao crédito.
c) Existência de diversas contabilidades ou grupos 4 — Quando o sujeito passivo não faça a prova refe-
de livros com o propósito de simulação da rea- rida no número anterior, considera-se como rendimento
lidade perante a administração tributária e erros tributável em sede de IRS, a enquadrar na categoria G,
e inexactidões na contabilidade das operações quando não existam indícios fundados, de acordo com
não supridos no prazo legal; os critérios previstos no artigo 90.o, que permitam à
d) Existência de manifesta discrepância entre o administração tributária fixar rendimento superior, o
valor declarado e o valor de mercado de bens rendimento padrão apurado nos termos da tabela
ou serviços, bem como de factos concretamente seguinte:
identificados através dos quais seja patenteada
uma capacidade contributiva significativamente Manifestações de fortuna Rendimento padrão
maior do que a declarada.
1 — Imóveis de valor de aquisição 20 % do valor de aquisição.
Artigo 89.o igual ou superior a 50 000 con-
tos.
Indicadores de actividade inferiores aos normais
1 — A aplicação de métodos indirectos com funda- 2 — Automóveis ligeiros de pas- 50 % do valor no ano de matrícula
mentos em a matéria tributável ser significativamente sageiros de valor igual ou supe- com o abatimento de 10 % por
rior a 10 000 contos e motoci- cada um dos anos seguintes.
inferior à que resultaria da aplicação de indicadores clos de valor igual ou superior
objectivos de actividade de base técnico-científica só a 2000 contos.
pode efectuar-se, para efeitos da alínea c) do artigo 87.o,
em caso de o sujeito passivo não apresentar na decla- 3 — Barcos de recreio de valor Valor no ano de registo com o
ração em que a liquidação se baseia razões justificativas igual ou superior a 5000 contos. abatimento de 20 % por cada
desse afastamento, desde que tenham decorrido mais um dos anos seguintes.
de três anos sobre o início da sua actividade.
2 — Os indicadores objectivos de base técnico-cien- 4 — Aeronaves de turismo . . . . . . Valor no ano de registo com o
tífica referidos no número anterior são definidos anual- abatimento de 20 % por cada
mente, nos termos da lei, pelo Ministro das Finanças, um dos anos seguintes.
após audição das associações empresariais e profissio-
nais, e podem consistir em margens de lucro ou ren- 5 — A decisão de avaliação da matéria colectável pelo
tabilidade que, tendo em conta a localização e dimensão método indirecto constante deste artigo é da exclusiva
da actividade, sejam manifestamente inferiores às nor- competência do director-geral dos Impostos, ou seu subs-
mais do exercício da actividade e possam, por isso, cons- tituto legal, sem possibilidade de delegação.
tituir factores distorsivos da concorrência. 6 — Da decisão de avaliação da matéria colectável
pelo método indirecto constante deste artigo cabe
Artigo 89.o-A recurso para o tribunal tributário, com efeito suspensivo,
a tramitar como processo urgente, não sendo aplicável
Manifestações de fortuna o procedimento constante dos artigos 91.o e seguintes.
7 — Ao recurso referido no número anterior apli-
1 — Há lugar a avaliação indirecta da matéria colec- ca-se, com as necessárias adaptações, a tramitação pre-
tável quando falte a declaração de rendimentos e o con- vista no artigo 146.o-B do Código de Procedimento e
tribuinte evidencie as manifestações de fortuna cons- de Processo Tributário.
tantes da tabela prevista no n.o 4 ou quando declare 8 — Para a aplicação dos n.os 3 a 4 da tabela, atende-se
rendimentos que mostrem uma desproporção superior ao valor médio de mercado, considerando, sempre que
a 50 %, para menos, em relação ao rendimento padrão exista, o indicado pelas associações dos sectores em
resultante da referida tabela. causa.
2 — Na aplicação da tabela prevista no n.o 4 tomam-se
em consideração: SUBSECÇÃO II
a) Os bens adquiridos no ano em causa ou nos Critérios
três anos anteriores pelo sujeito passivo ou qual-
quer elemento do respectivo agregado familiar; Artigo 90.o
b) Os bens de que frua no ano em causa o sujeito
passivo ou qualquer elemento do respectivo Determinação da matéria tributável por métodos indirectos
agregado familiar, adquiridos, nesse ano ou nos
três anos anteriores, por sociedade na qual dete- 1 — Em caso de impossibilidade de comprovação e
nham, directa ou indirectamente, participação quantificação directa e exacta da matéria tributável, a
maioritária, ou por entidade sediada em ter- determinação da matéria tributável por métodos indi-
ritório de fiscalidade privilegiada ou cujo regime rectos poderá ter em conta os seguintes elementos:
não permita identificar o titular respectivo. a) As margens médias do lucro líquido sobre as
vendas e prestações de serviços ou compras e
3 — Verificadas as situações previstas no n.o 1, cabe fornecimentos de serviços de terceiros;
ao sujeito passivo a prova de que correspondem à rea- b) As taxas médias de rentabilidade de capital
lidade os rendimentos declarados e de que é outra a investido;
fonte das manifestações de fortuna evidenciadas, c) O coeficiente técnico de consumos ou utilização
nomeadamente herança ou doação, rendimentos que de matérias-primas e outros custos directos;
3424 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 130 — 5 de Junho de 2001
d) Os elementos e informações declaradas à admi- 8 — O sujeito passivo que apresente pedido de revisão
nistração tributária, incluindo os relativos a da matéria tributável não está sujeito a qualquer encargo
outros impostos e, bem assim, os relativos a em caso de indeferimento do pedido, sem prejuízo do
empresas ou entidades que tenham relações disposto no número seguinte.
económicas com o contribuinte; 9 — Poderá ser aplicado ao sujeito passivo um agra-
e) A localização e dimensão da actividade exercida; vamento até 5 % da colecta reclamada quando se veri-
f) Os custos presumidos em função das condições ficarem cumulativamente as seguintes circunstâncias:
concretas do exercício da actividade;
g) A matéria tributável do ano ou anos mais pró- a) Provar-se que lhe é imputável a aplicação de
ximos que se encontre determinada pela admi- métodos indirectos;
nistração tributária; b) A reclamação ser destituída de qualquer fun-
h) O valor de mercado dos bens ou serviços damento;
tributados; c) Tendo sido deduzida impugnação judicial, esta
i) Uma relação congruente e justificada entre os ser considerada improcedente.
factos apurados e a situação concreta do con-
tribuinte. 10 — O agravamento referido no número anterior
será aplicado pelo órgão da administração tributária
2 — No caso de a matéria tributável se afastar sig- referido no n.o 1 e exigido adicionalmente ao tributo
nificativamente para menos, sem razão justificada, dos a título de custas.
indicadores objectivos de actividade de base técnico- 11 — Os peritos da Fazenda Pública constarão da lista
-científica, a sua determinação efectua-se de acordo com de âmbito distrital a aprovar anualmente pelo Ministro
esses indicadores. das Finanças até 31 de Março.
12 — As listas poderão estar organizadas, por sectores
SUBSECÇÃO III de actividade económica, de acordo com a qualificação
dos peritos.
Procedimentos 13 — Os processos de revisão serão distribuídos pelos
peritos de acordo com a data de entrada e a ordem
Artigo 91.o das listas referidas no n.o 11, salvo impedimento ou outra
Pedido de revisão da matéria tributável circunstância devidamente fundamentada pela entidade
referida no n.o 1.
1 — O sujeito passivo pode, salvo nos casos de apli- 14 — As correcções meramente aritméticas da maté-
cação do regime simplificado de tributação em que não ria tributável resultantes de imposição legal ou que pos-
sejam efectuadas correcções com base noutro método sam ser objecto, de acordo com as leis tributárias, de
indirecto, solicitar a revisão da matéria tributável fixada recurso hierárquico com efeito suspensivo da liquidação
por métodos indirectos em requerimento fundamentado e as questões de direito, salvo quando referidas aos pres-
dirigido ao órgão da administração tributária da área supostos da determinação indirecta da matéria colec-
do seu domicílio fiscal, a apresentar no prazo de 30 dias tável, não estão abrangidas pelo disposto neste artigo.
contados a partir da data da notificação da decisão e 15 — É autuado um único procedimento de revisão
contendo a indicação do perito que o representa. em caso de reclamação de matéria tributável apurada
2 — O pedido referido no número anterior tem efeito na mesma acção de inspecção, ainda que respeitante
suspensivo da liquidação do tributo. a mais de um exercício ou tributo.
3 — Recebido o pedido de revisão e se estiverem reu-
nidos os requisitos legais da sua admissão, o órgão da
administração tributária referido no n.o 1 designará no Artigo 92.o
prazo de oito dias um perito da administração tributária Procedimento de revisão
que preferencialmente não deve ter tido qualquer inter-
venção anterior no processo e marcará uma reunião 1 — O procedimento de revisão da matéria colectável
entre este e o perito indicado pelo contribuinte a realizar assenta num debate contraditório entre o perito indicado
no prazo máximo de 15 dias. pelo contribuinte e o perito da administração tributária,
4 — No requerimento referido no n.o 1, pode o sujeito com a participação do perito independente, quando hou-
passivo requerer a nomeação de perito independente, ver, e visa o estabelecimento de um acordo, nos termos
igual faculdade cabendo ao órgão da administração tri- da lei, quanto ao valor da matéria tributável a considerar
butária até à marcação da reunião referida no n.o 3. para efeitos de liquidação.
5 — A convocação é efectuada com antecedência não 2 — O procedimento é conduzido pelo perito da
inferior a oito dias por carta registada e vale como desis- administração tributária e deve ser concluído no prazo
tência do pedido a não comparência injustificada do de 30 dias contados do seu início, dispondo o perito
perito designado pelo contribuinte. do contribuinte de direito de acesso a todos os elementos
6 — Em caso de falta do perito do contribuinte, o que tenham fundamentado o pedido de revisão.
órgão da administração tributária marcará nova reunião 3 — Havendo acordo entre os peritos nos termos da
para o 5.o dia subsequente, advertindo simultaneamente presente subsecção, o tributo será liquidado com base
o perito do contribuinte que deverá justificar a falta na matéria tributável acordada.
à primeira reunião e que a não justificação da falta 4 — O acordo deverá, em caso de alteração da maté-
ou a não comparência à segunda reunião valem como ria inicialmente fixada, fundamentar a nova matéria tri-
desistência da reclamação. butável encontrada.
7 — A falta do perito independente não obsta à rea- 5 — Em caso de acordo, a administração tributária
lização das reuniões sem prejuízo de este poder apre- não pode alterar a matéria tributável acordada, salvo
sentar por escrito as suas observações no prazo de cinco em caso de trânsito em julgado de crime de fraude fiscal
dias a seguir à reunião em que devia ter comparecido. envolvendo os elementos que serviram de base à sua
N.o 130 — 5 de Junho de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3425
quantificação, considerando-se então suspenso o prazo 4 — A Comissão Nacional, no exercício das compe-
de caducidade no período entre o acordo e a decisão tências referidas no n.o 1, pode apresentar recomen-
judicial. dações à administração tributária e proceder a correcção
6 — Na falta de acordo no prazo estabelecido no n.o 2, à composição das listas, designadamente afastando
o órgão competente para a fixação da matéria tributável aquelas que se revelarem inidóneas para o adequado
resolverá, de acordo com o seu prudente juízo, tendo exercício das funções, por infracção aos deveres de zelo
em conta as posições de ambos os peritos. e imparcialidade que lhes cabem ou por falta injusti-
7 — Se intervier perito independente, a decisão deve ficada às reuniões marcadas para apreciação do pedido
obrigatoriamente fundamentar a adesão ou rejeição, de revisão da matéria colectável, fundamentando sempre
total ou parcial, do seu parecer. o respectivo acto.
8 — No caso de o parecer do perito independente 5 — O funcionamento da Comissão e o estatuto e
ser conforme ao do perito do contribuinte e a admi- remuneração dos seus membros são regulados por por-
nistração tributária resolver em sentido diferente, a taria do Ministro das Finanças.
reclamação graciosa ou impugnação judicial têm efeito
suspensivo, independentemente da prestação de garan-
tia quanto à parte da liquidação controvertida em que TÍTULO IV
aqueles peritos estiveram de acordo.
Do processo tributário
Artigo 93.o
CAPÍTULO I
Perito independente
Acesso à justiça tributária
1 — O perito independente referido no artigo ante-
rior é sorteado entre as personalidades constantes de
listas distritais, que serão organizadas pela Comissão Artigo 95.o
Nacional, nos termos do artigo 94.o Direito de impugnação ou recurso
2 — Os peritos independentes não podem desempe-
nhar, ou ter desempenhado nos últimos três anos, qual- 1 — O interessado tem o direito de impugnar ou
quer função ou cargo público na administração finan- recorrer de todo o acto lesivo dos seus direitos e inte-
ceira do Estado e seus organismos autónomos, Regiões resses legalmente protegidos, segundo as formas de pro-
Autónomas e autarquias locais, devem ser especialmente cesso prescritas na lei.
qualificados no domínio da economia, gestão ou audi- 2 — Podem ser lesivos, nomeadamente:
toria de empresas e exercer actividade há mais de
10 anos. a) A liquidação de tributos, considerando-se tam-
3 — Sob pena de exclusão das listas distritais a deter- bém como tal para efeitos da presente lei os
minar pelo presidente da Comissão Nacional, os peritos actos de autoliquidação, retenção na fonte e
independentes não podem intervir nos processos de revi- pagamento por conta;
são de matéria tributária dos sujeitos passivos a quem, b) A fixação de valores patrimoniais;
há menos de três anos, tenham prestado serviços a qual- c) A determinação da matéria tributável por méto-
quer título. dos indirectos quando não dê lugar a liquidação
4 — A remuneração dos peritos independentes é do tributo;
regulada por portaria do Ministro das Finanças. d) O indeferimento, expresso ou tácito e total ou
parcial, de reclamações, recursos ou pedidos de
revisão ou reforma da liquidação;
Artigo 94.o e) O agravamento à colecta resultante do inde-
Comissão Nacional ferimento de reclamação;
f) O indeferimento de pedidos de isenção ou de
1 — Compete à Comissão Nacional de Revisão a ela- benefícios fiscais sempre que a sua concessão
boração trienal das listas distritais de peritos indepen- esteja dependente de procedimento autónomo;
dentes a que se refere o artigo anterior e contribuir g) A fixação de contrapartidas ou compensações
para a uniformidade dos critérios técnicos utilizados na autoritariamente impostas em quaisquer proce-
determinação da matéria tributável por métodos indi- dimentos de licenciamento ou autorização;
rectos. h) Outros actos administrativos em matéria tri-
2 — No desempenho das competências referidas no butária;
número anterior, deve a Comissão Nacional elaborar i) A aplicação de coimas e sanções acessórias;
um relatório anual. j) Os actos praticados na execução fiscal;
3 — A Comissão Nacional é constituída por repre- l) A apreensão de bens ou outras providências
sentantes da Direcção-Geral dos Impostos, da Direc- cautelares da competência da administração
ção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais tributária.
sobre o Consumo e da Inspecção-Geral de Finanças
e por cinco fiscalistas de mérito que não façam parte Artigo 96.o
da administração tributária, nem o tenham feito nos Renúncia ao direito de impugnação ou recurso
últimos cinco anos, a nomear por despacho do Ministro
das Finanças, ouvido o Conselho Nacional de Fisca- 1 — O direito de impugnação ou recurso não é renun-
lidade e desde que a maioria dos representantes dos ciável, salvo nos casos previstos na lei.
contribuintes e de entidades e organizações que repre- 2 — A renúncia ao exercício do direito de impugnação
sentem categorias de interesses económicos, sociais e ou recurso só é válida se constar de declaração ou outro
culturais que o integram se pronuncie favoravelmente. instrumento formal.
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