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Assim, precisa-se fazer uma pequena adaptação do teste binomial para contemplar
estes casos, que será chamado de TESTE DOS QUANTIS.
1
2.2.2 – TESTE DOS QUANTIS
REQUISITOS NECESSÁRIOS
1) Seja X1,...,Xn uma amostra aleatória de uma variável aleatória X.
2) A variável aleatória X tem escala de mensuração, no mínimo, ordinal.
TESTE BILATERAL
H0: O quantil p* de X é x*, para 0 < p* < 1 × H1: O quantil p* de X não é igual a x*
Isto é equivalente a
H0: P{X ≤ x*} ≥ p* e P{X < x*} ≤ p* × H1: P{X ≤ x*} < p* ou P{X < x*} > p*
O teste para estas hipóteses terá a forma: rejeita-se H0 se, e somente se, t1 ≤ c1 ou
t2 > c2.
Como encontrar c1 e c2?
Para amostras pequenas (n ≤ 20)
Sob H0, T1 e T2 terão distribuição Binomial(n,p*). Assim, precisa-se usar a
distribuição exata para encontrar c1 e c2, conforme o α fixado. Neste caso, c1 será tal que
α α
P{T1 ≤ c1 } ≈ , sem ultrapassar e c2 será tal que P{T2 ≤ c2 } ≈ 1 − , chegando ao menor
2 2
α
inteiro tal que esta probabilidade ultrapasse ligeiramente 1 − .
2
2
Em casos onde a amostra é suficientemente grande, pode-se usar a aproximação
α
normal. Assim, seja z α o 1 − quantil da normal padrão. Então, para o teste bilateral,
1− 2
2
1−
( ) 1−
( )
c1 e c2 serão dados por c1 = np * − z α np * 1 − p * e c2 = np * + z α np * 1 − p * .
2 2
Como encontrar o p-valor?
O p-valor deste teste é obtido pela menor das seguintes probabilidades:
2P{T ≤ t1 }
p − valor =
2P{T > t2 }
onde T ~ Binomial(n,p*). Quando n ≤ 20, deve ser usada esta distribuição exata, mas se
n > 20, pode-se usar a aproximação normal com correção de continuidade, ou seja, o p-valor
será a menor das seguintes probabilidades:
*
2P{T ≤ t } ≈ 2PZ ≤ t1 − np + 0,5
( )
1
* *
np 1 − p
p − valor =
t2 − np * − 0,5
2P{T ≥ t2 } ≈ 2PZ ≥
( )
np *
1 − p *
Isto é equivalente a
3
onde T ~ Binomial(n,p*). Quando n ≤ 20, deve ser usada esta distribuição exata, mas se
n > 20, pode-se usar a aproximação normal com correção de continuidade, ou seja, o p-valor
t1 − np * + 0,5
será dado por p − valor = P{T ≤ t1 } ≈ P Z ≤
( )
.
* *
np 1 − p
Isto é equivalente a
O teste para estas hipóteses terá a forma: rejeita-se H0 se, e somente se, t2 > c2.
Como encontrar c2?
Para amostras pequenas (n ≤ 20)
Sob H0, T2 terá distribuição Binomial(n,p*). Assim, precisa-se usar a distribuição
exata para encontrar c2, conforme o α fixado. Neste caso, c2 será tal que
P{T2 ≤ c2 } ≈ 1 − α , chegando ao menor inteiro tal que esta probabilidade ultrapasse
ligeiramente 1 − α .
( )
dado por c2 = np * + z1 − α np * 1 − p * .
Como encontrar o p-valor?
O p-valor deste teste é obtido por p − valor = P{T > t2 }
onde T ~ Binomial(n,p*). Quando n ≤ 20, deve ser usada esta distribuição exata, mas se
n > 20, pode-se usar a aproximação normal com correção de continuidade, ou seja, o p-valor
t2 − np * − 0,5
será dado por p − valor = P{T ≥ t2 } ≈ PZ ≥
( )
* *
np 1 − p
EXEMPLOS
EXEMPLO 1:
Calouros têm sido submetidos a um determinado teste de aproveitamento do ensino
médio durante vários anos, e o quartil superior foi estabelecido como o escore 193.
Uma determinada escola de ensino médio enviou 15 de seus formandos a essa
faculdade, onde fizeram o exame. Os resultados estão a seguir:
4
189 233 195 160 212
176 231 185 199 213
202 193 166 174 248
EXEMPLO 2:
Foram registrados 112 intervalos de tempo entre erupções de um gêiser para se
analisar se o intervalo mediano é menor ou igual a 60 min ou se este intervalo é maior do
que 60 min. Dos 112 intervalos, 8 são menores ou iguais a 60 min.
Neste caso, queremos realizar o teste UNILATERAL INFERIOR, ou seja, queremos testar
H0: O quantil 0,5 de X é menor ou igual a 60, para 0 < p* < 1 × H1: O quantil 0,5 de
X é maior do que 60. Isto é equivalente a
MÉTODO A: PARA n ≤ 20
Sejam X(1), ..., X(n) as estatísticas de ordem de uma amostra aleatória X1,...,Xn da
função de distribuição FX(●). A distribuição marginal de X(i) é dada por:
6
{ } ∑ nj [FX (k )]j [1 − FX (k )]n−j
n
FX(i) (k ) = P X(i) ≤ k =
j=i
{ } { }
Gostaríamos de encontrar um intervalo de confiança (X(r);X(s)) tal que
P X(r ) ≤ X * ≤ X(s ) ≥ 1 − α e se a distribuição for contínua, P X(r ) ≤ X * ≤ X(s ) = 1 − α .
} {
p p
(s ) (r ) (s ) (r )
(s ) (s )
(r ) p* (s ) (s ) p* (r ) p*
( )
( )
n−j
( ) ( )
n n j n n j s −1 n r −1 n j
= ∑ p * 1 − p *
n−j j n−j n− j
= 1 − ∑ p * 1 − p * − 1 − ∑ p * 1 − p * − ∑ p * 1 − p *
j= s j
j= r j
j= 0 j =0 j
144424443 j1 44424443
α α
Fazer esta soma ser ≈ 1− Fazer esta soma ser ≈
2 2
α
Assim, s será tal que a Binomial(n,p*) acumulada até s-1 seja próxima de 1 − e r
2
α
será tal que a Binomial(n,p*) acumulada até r-1 seja próxima de
.
2
Pode-se encontrar estes valores usando a tabela A3 do Conover ou usando a função
de distribuição acumulada pbinom(k,n,p*) do R.
OBS: Repare que os valores de r e s encontrados são ordens. A estimativa do intervalo de
confiança de 100(1-α)% para o p*-quantil é dado por (x(r),x(s)).
s * = np * + z
1−
α (
np * 1 − p * )
2
α
onde z α é o 1 − quantil da normal padrão.
1−
2
2
OBS: De novo, os valores de r e s a serem encontrados serão ordens. Neste caso, eles
serão iguais aos inteiros mais próximos maiores do que r* e s* encontrados. A estimativa do
intervalo de confiança de 100(1-α)% para o p*-quantil é dado por (x(r),x(s)).
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EXEMPLOS
EXEMPLO 1:
Dezesseis transistores são selecionados aleatoriamente de um grande lote de
transistores, e foram testados. Foi registrado o número de horas até a falha de cada
transistor. Gostaríamos de obter um intervalo de confiança para o quartil superior, com um
coeficiente de confiança próximo a 90%.
46,9 47,2 49,1 56,5
56,8 59,2 59,9 63,2
63,3 63,4 63,7 64,1
67,1 67,7 73,3 78,5
Assim, s será tal que a Binomial(16,0,75) acumulada até s-1 seja próxima de 0,95 e r
será tal que a Binomial(16,0,75) acumulada até r-1 seja próxima de 0,05.
Vamos, então, ver a distribuição acumulada da Binomial(16,0,75):
k Prob.Acumul.
0 0,00000
1 0,00000
2 0,00000
3 0,00000
4 0,00004
5 0,00029
6 0,00164
7 0,00747
8 0,02713
9 0,07956
10 0,18965
11 0,36981
12 0,59501
13 0,80289
14 0,93652
15 0,98998
16 1,00000
Pode-se, então, observar que s-1 = 14 s = 15 e r-1 = 8 r = 9. Logo, a estimativa do
intervalo de confiança de 90% para o quartil superior é dado por (x(9),x(15)), ou seja,
.( 63,3,73,3 )
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EXERCÍCIOS DO TESTE DOS QUANTIS
CONOVER – SEÇÃO 3.2 – EXERCÍCIOS
1) Uma amostra aleatória de alunos de uma série resultou nos seguintes 20 pesos
observados:
142 134 98 119 131
103 154 122 93 137
86 119 161 144 158
165 81 117 128 103
Teste a hipótese de que a mediana dos pesos é 103.
2) No exercício 1, teste a hipótese de que o quartil superior é, no mínimo, 150.
3) No exercício 1, teste a hipótese de que o 3º decil não é maior do que 100.
4) No exercício 1, encontre um IC aproximado de 90% para a mediana. Qual é o
coeficiente de confiança exato? Compare também o resultado usando o método
exato com os resultados obtidos usando a aproximação para grandes amostras.
5) Deseja-se projetar um determinado automóvel para que se permita altura suficiente
para acomodar confortavelmente os 95% motoristas mais baixos da população (ou
seja, exceto os 5% mais altos). Estudos anteriores indicaram que o percentil 95 era
de 70,3 polegadas. Para comprovar se estes estudos ainda são válidos, selecionou-se
uma amostra aleatória de tamanho 100. Encontrou-se que as 12 pessoas mais altas
na amostra tinham as seguintes alturas: 72,6; 70,8; 71,1; 70,0; 76,0; 70,6; 71,3;
70,1; 71,9; 70,5; 72,5; 72,8. É razoável usar 70,3 como quantil 0,95?
6) No exercício 5, qual o IC de 95% para o percentil 95 de motoristas dos quais a
amostra foi selecionada?
7) O sargento recorda que “nos bons tempos”, o quartil superior para o tempo
necessário para se completar um circuito de obstáculos era de 42 minutos. Ele
suspeita que os novos recrutas não estão tão em forma como os recrutas de
antigamente, então ele mediu o tempo necessário para completarem o circuito de
obstáculos. O sargento observou que de 38 recrutas, apenas 10 completaram o
circuito dentro dos 42 minutos. Use o teste dos quantis para testar a hipótese de
que o quartil superior é de 42 minutos contra a alternativa unilateral apropriada.
8) Uma blindagem com espessura de 10 cm está sendo testada para ver quão
profundamente um dado projétil iria penetrar nesta blindagem. 50 projéteis foram
disparados na blindagem, e foi anotada a profundidade em que eles chegaram na
blindagem. 7 dos projéteis fizeram um buraco, logo a profundidade foi registrada
como 10+. Todos os 50 valores, do menor para o maior, são:
5,37 3,39 5,42 5,51 5,63 5,74 5,82 5,83 5,94 5,98
6,07 6,07 6,13 6,20 6,21 6,23 6,25 6,26 6,26 6,28
6,29 6,31 6,35 6,41 6,57 6,67 6,81 7,03 7,40 7,44
7,82 8,03 8,11 8,44 8,51 8,72 8,83 9,04 9,33 9,51
9,61 9,68 9,82 10+ 10+ 10+ 10+ 10+ 10+ 10+
Encontre um intervalo de confiança de 95% para a profundidade mediana dos projéteis
na blindagem.